Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Biologia Celular Estrutura da membrana (Bruna Botelho) A membrana plasmática circunda a célula, define seus limites e mantém as diferenças essenciais entre o citosol e o ambiente extracelular. É uma estrutura dinâmica, fluida e a maioria de suas moléculas move-se no plano da membrana. Nas células eucarióticas, circunda organelas internas como núcleo, retículo endoplasmático, aparelho de Golgi e mitocôndria, mantendo as diferenças características entre o conteúdo de cada organela e o citosol. Todas as membranas biológicas possuem uma estrutura geral comum, uma fina película de moléculas de lipídeos e proteínas unidas por interações não covalentes e tais moléculas lipídicas são organizadas em uma dupla camada contínua de cera de 5nm de espessura conhecida como bicamada lipídica. Bicamada lipídica A bicamada lipídica forma a estrutura básica de todas as membranas celulares e é facilmente observada por microscopia eletrônica. 1. Principais lipídeos das membranas celulares. Os lipídeos mais abundantes a membrana são os FOSFOLIPÍDEOS. Possuem um grupamento da cabeça polar contendo um grupo fosfato e duas caudas hidrocarbonadas hidrofóbicas. As caudas normalmente são ácidos graxos e podem diferir em cumprimento, contêm entre 14 e 24 átomos de carbono. Geralmente, uma cauda possui uma ou mais ligações duplas cis-atuantes (insaturada), enquanto a outra cauda não possui essa ligação (saturada). Cada ligação dupla cis-atuante cria uma pequena dobra. As diferenças no comprimento e na saturação das caudas e dos ácidos graxos influenciam na fluidez da membrana. Os principais fosfolipídeos da maioria das membranas das células animais são FOSFOGLICERÍDEOS. Possuem uma cadeia principal de glicerol de três carbonos. Duas cadeias de ácidos graxos são unidas por pontes ésteres aos átomos de carbono adjacentes ao glicerol. O terceiro átomo de carbono do glicerol está ligado a um grupo fosfato que é ligado a um entre vários tipos de grupamento de cabeças. A FOSFATIDILETANOLAMINA, a FOSFATILDISERINA e a FOSFATILDILCOLINA são os mais abundantes fosfoglicerídeos das membranas das células de mamíferos. Outra classe de fosfolipídeos são os ESFINGOLIPÍDEOS. São constituídos por ESFINGOSINA no lugar do glicerol. Na ESFINGOMIELINA, uma cauda de ácido graxo é ligada ao grupo amino e um grupo fosfocolina é ligado ao grupo hidroxila terminal. Além dos fosfolipídeos, a bicamada lipídica contém glicolipídeos e colesterol. As moléculas de colesterol orientam- se na bicamada com seu grupo hidroxila próximo aos grupamentos de cabeças polares das moléculas de fosfolipídeos adjacentes. 2. Os fosfolipídeos formam bicamadas espontaneamente A forma e a natureza anfifílica das moléculas de fosfolipídeos causam a formação de bicamadas de forma espontânea em ambientes aquosos. As moléculas hidrofóbicas são insolúveis em água porque todos, ou quase todos, os seus átomos são apolares e não carregados (-), portanto, não podem formar interações energeticamente favoráveis com as moléculas de água como as moléculas hidrofílicas. Com isso, se moléculas hidrofóbicas forem dispersas em água, irão forçar as moléculas de H2O adjacentes a se reorganizarem em estruturas semelhantes a gelo que envolvam as moléculas hidrofóbicas (óleo caindo na água e ela circundando o óleo), e estas irão se agregar espontaneamente escondendo sua cauda hidrofóbica no interior expondo apenas a cabeça hidrofílica para a água. Caso a molécula tenha forma de cone, ao se reagrupar forma micelas esféricas comas caudas para dentro, ou se tenha forma de cilindro forma folhas de camadas duplas (bicamadas) com as caudas para o interior. Propriedade de autosselamento: devido ao fato de serem energeticamente desfavoráveis, os lipídeos tendem a se rearranjarem espontaneamente para eliminar a borda livre (caso tenha fenda). A estrutura torna-se estável por ser fechada evitando a exposição da cauda. 3. Fluido bidimensional A membrana se comporta como um líquido bidimensional permitindo que as moléculas se movam e troquem de lugar umas com as outras no plano da bicamada. As moléculas de fosfolipídeos raramente migram de um lado para outro na monocamada, esse processo é denominado de flip-flop. Moléculas de lipídeos podem trocar de lugar continuamente com seus vizinhos dentro de uma monocamada quando há agitação térmica. Moléculas lipídicas giram rapidamente ao redor de seu eixo maior e suas cadeias de hidrocarbonos são flexíveis. 4. A fluidez de uma bicamada lipídica depende de sua composição A fluidez da bicamada lipídica depende de sua composição e de sua temperatura. Uma cadeia curta reduz a tendência das caudas hidrocarbonadas de interagirem umas com as outras na mesma monocamada ou em camadas opostas. As ligações duplas cis-atuantes produzem torções nas cadeias que as tornam mais difíceis de se agruparem (a membrana se torna mais fluida a baixas temperaturas). O colesterol, quando misturado com fosfolipídeos, aumenta a propriedade de barreira permeável da bicamada lipídica. Insere-se na bicamada com o grupo hidroxila próximo as cabeças polares dos fosfoliípdeos, de modo que seus rígidos anéis esteroides interajam e parcialmente imobilizem aquelas regiões de hidrocarbonos próximas aos agrupamentos de cabeças polares. 5. As bicamadas podem formar domínios de composições distintas Embora, geralmente, a bicamada seja distribuída de maneira uniforme, raramente é observado a segregação da fase lipídica em domínios especializados denominados balsas lipídicas. Concentração de colesterol, esfingolipídeos, proteínas transmembranas, glicolipídeos e proteínas ancoradas glicosilfosfatidilinositol. 6. Gotas lipídicas Gotas lipídicas são excesso de lipídeos armazenados pelas células para serem usados como matéria-prima para a síntese membranas ou como uma fonte de alimento, armazenam lipídeos neutros como triacilglicerídeos e ésteres de colesterol (sintetizados de ácidos graxos e colesterol por enzimas na membrana do RE), são circundadas por uma única camada de fosfolipídeos, a qual contém uma grande variedade de proteínas, e se formam rapidamente quando as células são expostas a altas concentrações de ácidos graxos. Preenchem quase todo o citoplasma dos adipócitos e possuem grupamentos de cabeças hidrofílicas. 7. Assimetria da bicamada lipídica As composições de lipídeos nas duas monocamadas da bicamada lipídica de muitas membranas são surpreendentemente distintas e funcionalmente importantes, em especial na conversão de sinais extracelulares em sinais intracelulares. Ex.: na membrana dos eritrócitos quase todas as moléculas de fosfolipídeos que possuem colina em seu grupamento de cabeça (fosfatidilcolina e esfingoimielina) estão na monocamada externa, enquanto quase todas que contêm um grupo amino terminal (fosfatidiletanolamina e fosfatidilserina) estão na monocamada interna. Há uma significativa diferença nas cargas entre as duas metades da bicamada, porque a fosfatidilserina, negativamente carregada (-), está localizada na monocamada interna. A enzima PROTEÍNA-CINASE C (PKC), que é ativada em respostas a vários sinais extracelulares, liga-se à porção citoplasmática onde a fosfatidilserina está concentrada e requer esse fosfolipídeo negativamente carregado para realizar as suas atividades. Grupamentos de cabeças lipídicas primeiramente devem ser modificados para criar sítios de ligação de proteínas em regiões e em momentos determinados. Ex.: FOSFOTIDILINOSITOL (PI), fosfolipídeo secundário que está na monocamada citosólica. Várias cinases lipídicas podem adicionar grupos fosfatos em posições distintas no anel inositol, criandosítios de ligação que recrutam proteínas específicas do citosol para a membrana. Ex.: A FOSFOINOSITÍDEO 3-CINASE (PI 3-CINASE) é ativada em resposta a sinais extracelulares e auxilia no recrutamento de proteínas sinalizadoras intracelulares para a porção citosólica da membrana. Os fosfolipídeos da membrana também são usados para converter sinais extracelulares em intracelulares. As FOSFOLIPASES (enzimas), contidas na membrana, são ativadas por sinais extracelulares para clivar moléculas fosfolipídicas específicas, gerando fragmentos dessas moléculas que atuam como mediadores celulares de vida curta. Ex.: a FOSFOLIPASE C cliva o fosfolipídeo inositol da monocamada citosólica para gerar dois fragmentos, um dos quais permanece da membrana e auxilia a ativação da PKC, enquanto o outro é liberado para o citosol e estimula a liberação da CA²+ do RE. Ex.: os fosfolipídeos das membranas também servem para distinguir entre células vivas e células mortas. Quando uma célula sofre apoptose a fosfatidilserina rapidamente se transloca para a monocamada extracelular, sinalizando para as células vizinhas, como os macrófagos, para fagocitar e digerir a célula morta. -> Essa translocação pode ocorrer por conta da inativação do translocador do fosfolipídeo ou pela ativação da SCRAMBLASE. 8. Glicolipídeos São as moléculas lipídicas que contém açúcar, seja na membrana plasmática ou nas membranas intracelulares, são encontradas exclusivamente na monocamada mais distante do citosol. Nas células animais, elas são constituídas de esfingosina. A distribuição assimétrica na bicamada é resultado da dição de grupos de açúcares às moléculas lipídicas no lúmen do aparelho de Golgi. Assim que são liberados na membrana, os grupos de açúcares são expostos na superfície celular onde desempenham importantes papéis nas interações da célula com suas vizinhas. Os GANGLIOSÍDEOS (o mais complexo dos glicolipídeos) contém oligossacarídeos com uma ou mais porção de ácido siálico, que confere uma carga negativa aos gangliosídeos. A função dos glicolipídeos provém de sua localização. Na membrana das células epiteliais, os glicolipídeos estão confinados na superfície apical exposta onde podem auxiliar a proteger a membrana contra as graves condições ali encontradas (baixo pH e altas concentrações de enzimas degradantes). Os glicolipídeos carregados, como os gangliosídeos, podem ser importantes devido aos seus efeitos elétricos. Sua presença altera o campo elétrico através da membrana e a concentração de íons na superfície da membrana. Também atuam nos processos de reconhecimento celular, nos quais as proteínas ligadoras de carboidratos ligadas à membrana (LECTINAS) se ligam aos grupos de glicolipídeos e glicoproteínas no processo de adesão célula-célula. Algumas são a porta de entrada para determinadas toxinas bacteriana e vírus. Ex.: o gangliosídeo Gm1 atua como um receptor de superfície celular para a toxina bacteriana da cólera. Proteínas de membrana As proteínas de membrana desempenham a maioria das funções específicas da membrana, fornecem a cada tipo de membrana suas características e propriedades funcionais e variam amplamente em estrutura e no modo como se associam com a bicamada lipídica, refletindo suas funções distintas. 1. Associação à bicamada lipídica As proteínas de membrana são anfifílicas. Muitas proteínas de membrana atravessam a bicamada lipídica e, portanto, são denominadas proteínas transmembrana. Suas regiões hidrofóbicas passam pela membrana e interagem com as caudas hidrofóbicas das moléculas lipídicas e suas regiões hidrofílicas são expostas à água nos dois lados membrana. Algumas estão localizadas inteiramente no citosol e estão anexadas a monocamada citosólica da bicamada, tanto por uma α-hélice anfifílica exposta na superfície da proteína quanto por uma ou mais cadeias lipídicas covalentemente ligadas. Outras estão totalmente expostas na superfície externa da célula, ligada à bicamada somente por uma ligação covalente (por meio de um oligossacarídeo específico) a um lipídeo de ancoragem na monocamada externa. As proteínas associadas à membrana (proteínas periféricas de membrana) não se estendem para o interior hidrofóbico da bicamada, elas ficam ligadas a uma das faces da membrana por meio de interações não covalentes com outras proteínas de membrana, podem ser liberadas da membrana por procedimentos de extração suaves. 2. As âncoras lipídicas controlam a localização de algumas proteínas de sinalização na membrana O modo como às proteínas de membrana estão associadas à bicamada lipídica reflete a função da proteína. Somente as proteínas transmembranas podem atuar nos dois lados da bicamada ou transportar moléculas através dela. Ex.: os receptores de superfície celular que ligam moléculas sinalizadoras do espaço extracelular e geram sinais intracelulares diferentes do lado oposto da membrana. Proteínas que atuam em um único lado da bicamada com frequência estão associadas exclusivamente a um dos lados da monocamada lipídica ou a um domínio da proteína daquele lado. Ex.: proteínas de sinalização intracelular. Muitas proteínas se ligam temporariamente à membrana, são as clássicas proteínas periféricas de membrana que se associam às membranas por meio de interações reguladas proteína-proteína. Outras passam por uma transição de proteína solúvel para proteína de membrana por meio de uma alteração conformacional que expõe um peptídeo hidrofóbico ou lipídeo de ancoragem covalentemente ligado. 3. A cadeia polipeptídica cruza a bicamada em uma conformação de α-hélice. As cadeias polipeptídicas atravessam a bicamada, comunicando com o ambiente hidrofóbico da membrana, e são compostos principalmente por aminoácidos com cadeias laterais apolares. As ligações de hidrogênio entre as ligações peptídicas são maximizadas se a cadeia polipeptídica formar uma α-hélice irregular na região que cruza a bicamada (assim que essas cadeias conseguem atravessar a bicamada). Nas proteínas transmembrana de passagem única, a cadeia polipeptídica cruza apenas uma vez, enquanto nas transmembranas de passagem múltipla, a cadeia cruza a membrana várias vezes. As transmembranas de passagem múltipla possuem regiões que não entram em contato com as regiões hidrofóbicas da membrana, o que permite a passagem de água. 4. Interação entre as α-hélices. As α-hélices não servem apenas para ancorar a proteína à bicamada, elas também formam mono ou heterodímero, contém informação para coordenar a interação proteína- proteína durante o enovelamento e as hélices transmembranas protegem as hélices transmembranas vizinhas dos lipídeos durante o enovelamento. 5. Barris β São proteínas de passagem múltipla pela membrana que formam uma estrutura rígida possuindo entre 8 e 22 fitas. Nem todas as proteínas de barril β são proteínas de transporte, podendo atuar como receptores ou enzimas, onde o barril atua como uma âncora rígida. São abundantes na membrana externa das bactérias, mitocôndrias e cloroplastos. Algumas são proteína formadoras de poros, os quais criam canais cheios de água permitindo que pequenas moléculas hidrofílicas selecionadas atravessem a membrana. As cadeias laterais de aminoácidos polares revestem o canal aquoso na região interna, enquanto as cadeias laterais apolares projetam-se para o exterior do barril para interagirem com o centro hidrofóbico da bicamada. Algumas porinas são altamente seletivas. Ex.: a MALTOPORINA, preferencialmente, permite que a maltose ou os oligômeros de maltose atravessem a membrana externa da E. coli. Ex. De proteína de transporte de barrilβ: PROTEÍNA FepA , transporta íons de ferro através da membrana externa bacteriana, é formada por 22 fitas β. 6. Proteínas de membrana glicosiladas. A camada de carboidratos é formada pelas cadeias laterais dos oligossacarídeos dos glicolipídeos e das glicoproteínas de membrana e das cadeias de polissacarídeos dos proteoglicanos da membrana, estão sempre na parte externa da membrana porque assim como nos glicolipídeos, os resíduos de açúcar são adicionados no lúmen do RE e no aparelho de Golgi. São covalentemente ligadas às proteínas da membrana (glicoproteínas), aos lipídeos (glicolipídeos) e também ocorrem como cadeias de polissacarídeos das moléculas de proteoglicanos integrais de membrana. A zona da superfície celular rica em carboidratos pode ser descrita pelos termos glicocálice ou revestimento celular. Uma das muitas funções da camada de carboidrato é proteger a célula contra danos químicos ou mecânicos e manter outras células a distância, prevenindo interações indesejáveis célula-célula. Embora normalmente as cadeias laterais contenham menos de 15 açúcares, as cadeias são frequentemente ramificadas, e os açúcares podem ser unidos por vários tipos de ligações covalentes, essa diversidade e posição dos oligossacarídeos expostos na superfície celular os tronam adequados para atuar no processo de reconhecimento celular. As lectinas ligadas à membrana medeiam diversos processos temporários de adesão célula-célula, incluindo aqueles que ocorrem nas repostas inflamatórias e recirculação dos linfócitos. 7. Relação entre proteínas de membrana e detergente. Somente os agentes que rompem as associações hidrofóbicas e destroem a bicamada lipídica podem solubilizar proteínas de membrana, os agentes mais úteis entre eles são os detergentes. O detergente rompe a bicamada e solubiliza as proteínas como complexos detergente-lipídeo- proteína. Os fosfolipídeos também são solubilizados pelo detergente, como as micelas detergente-lipídeo. Muitas proteínas de membrana podem ser solubilizadas e então purificadas em uma forma ativa pelo uso de detergentes brandos. Esses detergentes cobrem as regiões hidrofóbicas nos segmentos que atravessam a membrana que se tornam expostos após a remoção dos lipídeos, mas não desenovelam as proteínas. As proteínas de membrana também podem ser reconstituídas a partir de detergentes em solução em nanodiscos. 8. Bacteriorrodopsina. A BACTERIORRODOPSINA foi a primeira proteína de transporte de membrana cuja estrutura foi determinada. Está presente na membrana da arqueia Halobacterium salinarum. A proteína atua como uma bomba de H+ ativada pela luz que transfere H+ para fora da célula da arqueia. A transferência de prótons estimulada pela luz estabelece um gradiente H+ através da membrana plasmática que, por sua vez, estimula a produção de ATP por uma segunda proteína da membrana plasmática da célula. Assim, a bacteriorrodopsina converte a energia solar em um gradiente de prótons, o qual fornece energia para a arqueia. Cada molécula de bacteriorrodopsina é enovelada em sete α-hélice transmembranas bastante próximas e contém um único grupo de absorção de luz, ou cromóforo (neste caso o retinal), que confere a cor púrpura à proteína. Se organizam em grandes cristais bidimensionais nos quais as moléculas de proteínas individuais estão relativamente fixas umas às outras. 9. Muitas proteínas de membrana difundem-se no plano da membrana. As proteínas de membrana não saltam, como os lipídeos, através da bicamada lipídica, mas giram sobre um eixo perpendicular ao plano da bicamada (difusão lateral). Também são capazes de se mover lateralmente dentro da membrana (difusão lateral). As taxas de difusão lateral das proteínas de membrana podem ser medidas utilizando-se a técnica de recuperação da fluorescência após fotoclareamento (marcação da proteína de membrana de interesse com um grupamento fluorescente específico). 10. As células podem confinar proteínas e lipídeos em domínios específicos em uma membrana. A maioria das células confinam as proteínas de membrana em regiões específicas na bicamada lipídica contínua. Ex.: em células epiteliais, como aquelas que revestem o intestino ou os túbulos renais, determinadas enzimas e proteínas de transporte da membrana estão confinadas na superfície apical da célula, enquanto outras estão confinadas na superfície lateral e basal. As células epiteliais também podem impedir a difusão de lipídeos e de moléculas de proteínas entre os domínios. Uma célula pode criar domínios de membrana sem usar junções intercelulares ou formar barreiras por algum tipo de junção (como a junção compacta). Há quatro maneiras de restringir a mobilidade lateral de proteínas específicas da membrana: as proteínas podem se auto organizar em grandes agregados, elas podem ser presas por interações com grupos de macromoléculas de dentro ou de fora, ou podem interagir com as proteínas de superfície celular de outra célula. Ex.: a membrana plasmática das células nervosas contém um domínio que circunda o corpo celular e os dendritos, e outro que circunda o axônio. Ex.: a membrana contínua do espermatozoide é dividida em três domínios distintos. 11. O citoesqueleto cortical proporciona força mecânica e restringe a difusão das proteínas de membrana. Uma maneira comum pela qual a célula restringe a mobilidade lateral de proteínas de membrana é prendê- las a grupos de moléculas dos dois lados da membrana. Ex.: a forma bicôncava característica dos eritrócitos é resultante das interações entre as proteínas da membrana plasmática com o citoesqueleto adjacente, o qual consiste, principalmente, em uma rede de proteína filamentosa, a ESPECTRINA. O citoesqueleto de espectrina é fixado na membrana através de várias proteínas de membrana, o resultado é uma malha flexível em forma de rede que cobre toda a superfície da membrana do eritrócito. Esse citoesqueleto, composto basicamente por espectrina, permite que os eritrócitos suportem a pressão sobre a sua membrana quando passam através de capilares muitos finos e a gravidade da anemia aumenta com o grau de deficiência dessa proteína. Ex.: o córtex da célula (uma rede encontrada abaixo da membrana da maioria das células), é rica em filamentos de actina, os quais estão ligados à membrana plasmática de várias maneiras e a remodelagem da rede de actina cortical permite que a célula desempenhe muitas funções essenciais. Como os filamentos do citoesqueletos estão frequentemente localizados próximos à porção citoplasmática da membrana, eles podem formar barreiras mecânicas que obstruem a livre difusão das proteínas na membrana. Essas barreiras divide a membrana em pequenos domínios ou currais, os quais podem ser permanentes (como nos espermatozoides) ou transitórios. O grau de restrição da proteína transmembrana a um curral depende de sua associação com outras proteínas e do tamanho de seu domínio citoplasmático. 12. Forma da membrana A forma da membrana é controlada de modo dinâmico. As proteínas de curvatura de membrana são cruciais na produção dessas deformações que controlam a curvatura local da membrana. A associação dinâmica das proteínas de curvatura da membrana com o citoesqueleto conferem suas características e formas tridimensionais.
Compartilhar