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01 Introdução a filosofia

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01 - INTRODUÇÃO À FILOSOFIA GERAL E DO DIREITO 
 
1.1 - Surgimento Histórico da Filosofia do Direito 
1.2 - Filosofia do Direito como parte da Filosofia 
1.3 - Ciências Jurídicas como ciências humanas 
 
O Ato de Pensar 
 
— Homem. 
└ Capacidade de pensar/inteligir/perceber/compreender ↔ Criar/Fazer/Realizar ↔ 
Recriar/Refazer/Reformular/Reinventar ↔ Ampliar potencialidades ↔ Construir Conhecimento ↔ Fazer 
história ↔ Registrar-se; 
└ Ser Biológico + indivíduo ou sujeito social (“O homem é um ser biológico ao mesmo tempo que um 
indivíduo social. Entre as respostas que dá as excitações exteriores ou interiores, algumas dependem 
inteiramente de sua natureza, outras de sua condição”. 
— As ações e atitudes do homem são resultado da soma de dois fatores: de sua natureza e de sua condição 
social; 
— O Ato de pensar impulsiona todo o processo da edificação humana. 
└ Excetuando o Homem, os outros animais não pensam, apenas agem movidos por instinto de 
sobrevivência de sua espécie. 
— A capacidade de pensar conduz à indagação ® a indagação conduz ao ato de filosofar; 
— Não é possível ensinar a pensar e nem a filosofar, apenas é possível estimular. 
— Ato de pensar → Só pensamos naquilo que é possível ser nomeado e que nosso modelo mental é capaz 
de absorver (Penso, logo existo – “Cogito, ergo sunt”, Descartes); 
— Pensar é perigoso: poder ser libertador, mas também pode ser uma “prisão”. 
— Pensar requer cuidado → “Se olhares demasiado tempo dentro de um abismo, o abismo acabará por 
olhar dentro de ti." Nietzsche. 
— Todo o processo evolutivo deu-se a partir do ato de pensar. 
 
Filosofia: reflexão; urgência de pensar e a figura do filósofo 
— A necessidade de promover uma reflexão na esfera das Ciências Jurídicas é urgente. 
└ Tendo em vista a profunda alienação dos operadores do Direito que tratam o Direito como mera 
técnica de aplicar leis e interpretar doutrinas. 
— Estruturas sociais e Direito andam juntos, daí a constante necessidade da reflexão acerca dos 
fundamentos das práticas jurídicas ® contribuindo para formação de novas gerações de juristas e para a 
crítica dos conhecimentos adquiridos por eles. 
— A reflexão sistemática acerca das Ciências Jurídicas é o fio condutor que, ao mesmo tempo em que 
informa, prepara os operadores do Direito, os estudantes e os bacharéis para a crítica e para a liberdade do 
pensamento reflexivo. 
— A faculdade humana de pensar é que vai conduzir o sujeito ao campo da reflexão e da indagação, 
extraindo daí, a atividade filosófica. 
— Da dicotomia entre ação e pensamento é que se chega a uma discussão a respeito dos meandros 
filosóficos e do papel da especulação reflexiva. 
— O homem é sujeito composto de ação e de pensamento: práxis e theoría ↔ actio e contemplatio. 
└ Quando se age, as atividades e forças envolvidas na ação, comprometem o raciocínio e as 
atividades corpóreas e os estímulos sensoriais para responder a uma dada ação e acervo reflexivo são 
direcionados para a concretude das ações; 
└ Quando se reflete ocorre um distanciamento que afasta o homem das ações e da operosidade 
mecânica, afim de que ele possa observar e analisar algo propiciando, assim, um processo reflexivo que 
busca entender ou explicar as causas do fenômeno investigado; 
— Todo esse processo investigativo é que resulta no sentido do termo filosofia; 
└ O termo filosofia, em seu surgimento traz consigo a dicotomia ação ↔ pensamento; 
└ O termo filosofia (philosophia) é atribuído a Pitágoras com o objetivo de designar aquele que ainda 
não alcançou a sabedoria, mas que é amigo da sabedoria, por que em sua busca se encontra; 
└ Aquele que age, pratica ou exerce uma atividade não é capaz de alcançar a percepção profunda 
das coisas. Essa percepção é dada àquele que enxerga com distanciamento, que tem a visão completa do 
horizonte e que consegue penetrar em todos os quadrantes daquilo que é observado; 
— A contemplação conduz à filosofia, enquanto a ação conduz à prática passível de meios, fins e resultados; 
— Exemplo da dualidade ação ↔ observação: apresentação de uma peça de teatro, uma partida de futebol: 
há os que representam/jogam (ação) e plateia que assiste (observa); 
└ O FILÓSOFO, segundo Pitágoras, é aquele que participa da vida como espectador dos 
acontecimentos, o filósofo desenvolve a theoría (= observação); 
— A acomodação do homem diante de determinadas situações reclama tomada de decisão, que é uma 
tomada de posição a fim de solucionar ou alcançar um objetivo; 
— O grande problema da condição humana não está em agir e nem em decidir, mas em repensar 
constantemente a capacidade humana de decidir; 
└ Repensar implica no porquê, o como, o para que → revisionismo perene; 
— Agir é responder por atos, condutas e estímulos positivos e negativos, daí falar em estímulo moral, em 
ação afetiva, em ação jurídica... sendo que todas reclamam tomadas de decisões e respostas; 
— Ater-se apenas a ação jurídica é contentar-se apenas com a resposta, com o resultado. 
◦ Ex.: uma ação movida por vingança, ódio ou briga resulta num assassinato ↔ ação (assassinar) 
impulsionada por uma decisão (tirar a vida de alguém por alguma razão); 
— É preciso investigar as causas, buscar fundamentos, postular acerca dos fatos e fenômenos ↔ parti da 
superfície em direção à profundidade; e aí se abre o campo para a filosofia; 
— Sair do campo da ação e da decisão e adentrar-se no campo da especulação e da busca por respostas 
é atitude tipicamente filosófica; 
— A filosofia desdobra-se para além do campo da ação e da decisão e penetra no campo da indagação; 
— A filosofia não é inimiga da ação, nem desconsidera a ação (a filosofia é também ação intelectual ↔ 
filosofia da práxis), ela ilumina, investiga busca o avesso das aparências; 
— Daí a filosofia estar vinculada a inúmeras capacidades e ações humanas: ação científica, religiosa, moral, 
lógica, política, jurídica etc. 
— Promover essa indagação acerca das ações e decisões humanas conduz à busca de compreensão do 
próprio Ser Humano em suas condições intrínsecas e em sua projeção social; 
— Para quê? Para buscar o sentido da existência, para compreender os ditames da vida e a insaciável 
busca pela descoberta ↔ Todos os homens desejam por natureza o conhecimento (Aristóteles); 
— A filosofia pode representar o potencial de libertação racional do homem por meio do pensamento, e não 
da ação concreta. A capacidade crítica conduz o homem a uma dimensão que vai além das ações cotidianas, 
removendo o véu das quimeras e miudezas; 
— A filosofia revela novos horizontes, acena com novas possibilidades, estremece bases aparentemente 
sólidas, demole conceitos e preconceitos... 
 
A URGÊNCIA DO PENSAR: A INSERÇÃO DA FILOSOFIA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA 
 
— A sociedade contemporânea vive uma anestesia reflexiva, uma apatia diante dos desafios futuros, uma 
inércia paralisante e uma aceitação do status quo imposto pelo sistema e ao consumo compensador; 
└ Prevalece o controle da razão instrumental (Escola de Frankfurt) = razão orientada para fins 
imediatistas, reduzindo o espaço para a reflexão; 
└ A sociedade contemporânea encontra-se anestesiada pela forte presença do poder econômico e 
pelo imperativo dos comportamentos determinados pela moda e pelas influências midiáticas, que impedem 
a capacidade de reflexão. 
— A filosofia é vista com indiferença e estranheza, sendo que alguns intelectuais, na era da razão técnica 
gerada pelo positivismo mecanicista se tornaram meros especialistas em assuntos rasos e superficiais: 
filosofia, para que isso? 
— O Iluminismo introduziu a ideia de que só é possível formar indivíduos autônomos se houver espaço para 
o desenvolvimento da razão emancipatória, para a reflexão e para a crítica; sendo que razão e crítica 
significa liberdade. 
— Fora da razão se está à mercê do determinismo natural (forças da natureza), ou à mercê da promessa 
teológica (manifestação da vontade divina); 
— Oindivíduo autônomo é aquele que guarda o distanciamento necessário para se tornar o autor de si 
mesmo, e, por isso, legislador pela sua racionalidade pela sua própria condição; 
└ Não há autonomia sem capacidade de reflexão, daí, se observa na pós-modernidade, a profunda 
apatia intelectual, a anestesia da consciência coletiva, a indiferença ideológico-política, a falência das 
estruturas institucionais e a ruína dos paradigmas do direito e da justiça; 
— Na Pós-modernidade, em tudo predomina a força do mercado e tudo é pensado a partir do mercado; 
— A sociedade treina as consciências e tudo é diluído em um caldo muito ralo temperado pelo imediatismo, 
pela sucessão de imagens televisivas, pelo bombardeiro de informações provenientes dos meios de 
comunicação de massa, pelo excesso de ofertas de objetos que estimulam o desejo pelo consumo, pela 
superficialidade das relações humanas e pela mecanização da vida. 
— No âmbito da formação profissional ocorre a depreciação da formação humana em face das exigências 
práticas e de qualificação exclusivamente técnica ou tecnocrática; 
— O ato de pensar é vetado porque o pensamento significa autonomia, ele incomoda, provoca, modifica, 
desestabiliza, causa distúrbios e produz a perda de hegemonias edificadas pelo sistema vigente; 
— Onde está o pensar também está o princípio da renovação e da mudança, sendo que nem sempre 
mudança e renovação são bem-vindas; 
— Apesar da impressão do aumento de liberdade, o homem pós-moderno vive o adensamento da opressão 
e da fragilidade pessoal; vivendo em uma sociedade de controle, de massa ou sociedade big brother; 
— Há um acervo infinito de informações à disposição e pouco interesse em acessá-lo; 
— Ser crítico hoje significa, no máximo, ser possuidor de uma consciência fragmentária e jornalística 
extraída da dispersão de fatos e episódios e do oceano de informações que é disseminado diariamente 
pelas mídias; 
— Adorno afirma que hoje o indivíduo só sobrevive enquanto núcleo formador da resistência; 
— O gérmen da mudança só é possível a partir da criação de uma ética da resistência como forma de 
enfrentamento da microfísica do poder; 
— Nesse cenário, a filosofia possui “alguma utilidade” contextual por ser a forma mais completa de 
expressão da razão humana, capaz de resgatar o ser humano de dentro do nevoeiro em que se encontra. 
 
Podem os Filósofos Modificar o Mundo? (p. 27) 
— Seria muito pretensioso afirmar que os filósofos podem modificar o mundo; todavia, suas ideias não são 
lançadas ao mundo sem motivo, sem objetivos e sem finalidade; 
— As ideias disseminadas pelos filósofos podem ser acolhidas e adotadas como forma de comportamento 
provocando, assim, modificações no mundo; 
— Então, o filósofo modifica indiretamente o mundo, pois deixa sua marca impressa sobre as coisas e 
pessoas, à medida que suas ideias são recepcionadas, dispersas, absorvidas e divulgadas pelas 
comunidades a que se destinam; 
— O filósofo age por meio do pensamento; seu modo de ação dá-se por meio de palavras, de ideias, de 
discursos, de escritos... que são formas sutis de interferir na realidade; 
— Cada filósofo mantém uma estreita relação com seu momento histórico; o que pensar da filosofia e da 
política do século 20 sem a existência de Karl Marx e Friedrich Engels? 
— Qual o poder das palavras do filósofo? Talvez, a filosofia esteja mais enraizada na vida cotidiana de cada 
um do que se possa imaginar; talvez esteja ela impregnada de usos e costumes sociais, de hábitos e crenças 
populares, de sentenças e citações, que se torna difícil diferenciar o que é filosófico do que é folclórico ou 
cultural. 
 
Os Conhecimentos Humanos (p. 30) 
— A filosofia é uma forma de saber que se apresenta em meio a uma larga teia de outros conhecimentos, 
sendo considerada a matriz de todas as ciências, pois remonta o princípio fundador da cultura do saber, do 
perguntar e do questionar, que deu origem às especializações científicas; 
— O senso comum, a religião, a técnica, a arte, a ciência e a filosofia são as principais formas de projeções 
do homem compondo as mais evidentes e destacadas categorias culturais humanas; 
 
Partes da Filosofia (p. 33) 
— Para melhor compreender o percurso da filosofia e o acúmulo das experiências filosóficas, da antiguidade 
aos dias atuais, operam-se as subdivisões do saberes filosóficos; 
— As ramificações teóricas mais comuns em que se dividem o conhecimento filosófico são: ética, lógica, 
estética, epistemologia, filosofia política, metafísica, história da filosofia, filosofia da história, filosofia da 
linguagem; 
 
Método, Ciência, Filosofia e Senso Comum (p. 39) 
— A ciência não se prende às incertezas do senso comum, que é um conjunto assistemático de 
conhecimentos e várias naturezas; 
└ É o conhecimento sistematizado, especializado, testado, organizado, metódico e geralmente 
divulgado e publicado em revistas canais especializados; 
└ Possui rigor que resulta em maior grau de certezas que o senso comum; 
└ Volta-se para um grau de conhecimento universal e de eficácia definitiva (sólida); 
└ É um produto de todos para todos; 
└ É atividade dubitativa, questionadora, postulatória que visa a prover, testar, analisar e concluir; 
└ Possui função social ao dispensar o conhecimento, ao propor inovações e avanços. 
└ É um produto social que companha a evolução do homem e produz mudanças na sociedade. (Ex.; 
a eletricidade, os meios de transporte e de comunicação); 
└ Do ponto de vista ideológico, ora representa a dominação, ora representa a crítica, a revolução e 
a mudança, provocando a crise saudável e necessária para o progresso; 
─ O pensamento científico surgiu da atividade de indagação filosófica; o primeiro uivo do homem; 
— Hoje a ciência é dividida em diversos ramos: ciências da vida, ciências de terra, ciências exatas, ciências 
jurídicas, ciências sociais; 
└ A ciência promove saltos na história; 
└ A ciência é produto das necessidades do homem e permite uma melhor interação entre o meio e 
o homem; 
└ As ciências são frutos das contribuições de teóricos, sábios, sacerdotes, pesquisadores, filósofos 
etc. 
─ Grande contribuição à ciência foi dada pelos filósofos pré-socráticos em suas especulações sobre a 
natureza e o cosmos; 
— Aristóteles propôs a primeira classificação das ciências (ciências práticas, teóricas, produtivas); 
─ O Renascimento e o Iluminismo propiciaram conquistas fabulosas no campo da ciência ↔ Da Vinci, 
Descartes (Cogito, ergo sunt); 
— Todo o percurso da história da ciência culminou com o espírito cientificista e positivista do séc. XIX; 
— No início a filosofia agregava todos os saberes, mas com a expansão do conhecimento, os saberes foram 
sendo compartimentados em partes da CIÊNCIA com suas especialidades e objetos e estudo; 
— A ciência requer métodos para realizar seus propósitos. Os dois métodos mais comuns são: Método 
Dedutivo: parte do argumento/constatação geral para o particular/da premissa maior para a premissa menor. 
Método Indutivo: parte do argumento/constatação particular para o argumento/constatação geral. 
— Método: Indagação/Proposta/Levantamento do problema → Objeto de estudo/Corpus → Justificativa → 
Objetivo geral e objetivos específicos → Pesquisa (Introdução, Desenvolvimento e Conclusão) → 
Divulgação/Apresentação → Aplicação; 
— Método: Tese → Antítese → Síntese. 
 
Filosofia, Ciência e Senso Comum (p. 42) 
— Tanto a ciência quanto a filosofia buscam superar as incertezas e fragilidades do senso comum; 
— A ciência, frequentemente, se distancia do senso comum, impossibilitando o diálogo e a interação entre 
as linguagens do cientista, do filósofo e do homem comum; que só taxado de ignorante; 
— É a distância entre ciência e erudição e o popular; 
— As práticas eruditas realizadas por cientistas, filósofos e demais letrados distanciam-se das práticas 
populares atinentesàqueles cidadãos tidos como iletrados, ignorantes ou incultos; 
— Desse distanciamento, a filosofia afastou-se do senso comum, revestindo-se de uma erudição suprema, 
que se tornou inacessível às pessoas não especializadas ou fora dos círculos eruditos; 
— O conhecimento e a educação elitistas, preconceituosamente, desconsideram o fato de que todo 
aperfeiçoamento cientifico ou filosófico surge de evidências banais, experiências frustrantes e testes 
malogrados; 
— Atualmente, vive-se um separatismo intolerante entre cultos e incultos, eruditos e ignorantes, elite e povo; 
— Se a toga e suas conquistas representam uma evolução da humanidade, que se libertou de antigas 
deficiências, não se faça dela um novo símbolo de opressão da humanidade; 
— Quando o homem usa de seu poder criativo racional, científico ou filosófico para se fazer deus, ele volta-
se contra si próprio recorrendo a um poder que não possui; o de controlar variáveis; 
— Ciência e filosofia são úteis, mas são feitas por humanos e para humanos, devendo assim, contribuir para 
a melhoria e crescimento da humanidade; não podendo jamais ser usada como instrumento para promover 
discriminação e apartheid intelectual e cultural; 
— Quando o saber vulgar é visto como uma etapa superada da humanidade, ou como um saber de segunda 
categoria, com relação aos saberes científico e filosófico, há uma grande perda; 
— O distanciamento do saber vulgar com relação aos saberes científico e filosófico demonstra uma 
mentalidade elitista, preconceituosa e antidemocrática que cria mitos e fetiches onde não existem; 
— O saber vulgar e os saberes científico e filosófico deveriam compor um somatório, ao invés de dividirem-
se e excluírem-se; 
— A supremacia, a arrogância e a vaidade de certos cientistas e filósofos fazem com que os discursos 
científico e filosófico se tornem cada vez mais rebuscados, fechados e inacessíveis; afastando-se, portanto, 
de seu compromisso para com a sociedade em geral; 
— Deve-se propor que a experiência dos saberes científico e filosófico e a experiência do senso comum 
convivam harmonicamente, abolindo-se os preconceitos que impede o diálogo contínuo e informativo entre 
esses saberes; formando um circuito possível de intercâmbio e de relações; 
 — O empecilho da linguagem não pode constituir-se em barreira para o cumprimento da função social dos 
saberes. 
 
Os “ismos” e a Filosofia (p. 46) 
— Há uma visão corrente de que o que é filosófico é tido com erudito, misterioso, inacessível, de linguagem 
complexa e intransponível; 
— O Hermetismo da filosofia afastou-a de sua verdadeira missão: a discussão e transmissão de ideias; 
— O nefasto e crescente processo de erudição da filosofia afastou-se de sua verdadeira missão: a 
transmissão de seus enunciados para o maior número de pessoas possível; 
— A imensidão de escolas, de linhas de pensamento, autores, doutrinas, correntes de ideias e a torrente de 
ismos (realismo, idealismo, empirismo, gnosticismo, ontologismo etc.) confundem e atordoam, intimida e 
amedronta, afasta e apavora o leigo e o neófito; 
— A filosofia deveria ser sempre um exercício de compreensão de dimensão profunda que os significados 
filosóficos possuem (valores éticos, ordem social, exercício da liberdade, senso de justiça etc.) e não um 
mero exercício de detenção e de memorização de informações eruditas sobre correntes filosóficas, suas 
sutilezas e de seus ismos; 
— Filosofia estagnada como conhecimento retórico, charme de palavras, conjunto de máximas para 
impressionar é mero exercício de arrogância; 
— A filosofia demanda sua prática e sua tradução em ações no sentido de provocar transformações no 
mundo; que vai muito além de uma mera coleção de ismos; 
— Deve-se evitar que a filosofia se converta num discurso fechado em si mesmo, no qual filósofos falam 
para filósofos de coisas que somente filósofos entendem; servindo de ostentação para uns e senso odiada 
por outros; 
— Definitivamente, a filosofia afastou-se de sua real tarefa, a de promover um saber compartilhado pelas 
massas, na medida em que sua real função é a criação de um esclarecimento que se converte, na mente 
coletiva, em bom-senso. 
 
 
 
Ciências jurídicas, como ciências humanas (p.48) 
— A reflexão jurídica, por longo período foi dominada pela névoa positivista, que defendia uma relação 
estreita entre o método das ciências naturais e o das ciências humanas, onde se incluem as ciências 
jurídicas; 
— Aprisionar o raciocínio e a lógica jurídica ao método das ciências naturais é algo extremamente prejudicial; 
pois, submete as ciências jurídicas ao mesmo grau das certezas dos saberes naturais, que se estrutura a 
partir das categorias da causa e do efeito, retirando assim das ciências jurídicas o seu caráter de ciência 
valorativa; 
— As ciências jurídicas têm caráter de ciência valorativa cuja principal característica é a de estar 
constantemente assolada pela possibilidade de revisão de suas conclusões, a de ser dependente da 
moralidade social e dos hábitos costumeiros de uma sociedade e a de oscilar conforme as peculiaridades 
de casos concretos imprevisíveis a priori; 
— As ciências humanas, da qual faz parte as ciências jurídicas, não podem abandonar seu compromisso 
com a diversidade dos fenômenos socioculturais; 
— Onde há cultura há valor, e onde há valor abre-se uma dimensão incontornável de perspectivas 
axiológicas para o cientista, que não toleram a ideia do imponderável, do impreciso, do inexato; 
— O juízo de valor tem papel relevante nas ciências humanas ou sociais que consideram e adotam o valor, 
sendo este estudado, comentado, criticado, valorado e valorizado; 
— As ciências humanas não se comprometem com os interesses universais, exatos e calculados das 
ciências exatas ou naturais; 
— A neutralidade, nas ciências humana é uma utopia, mesmo que o pesquisador ou estudioso procure-se 
manter distante do tema, do fato ou do caso em questão; 
— As ciências humanas ao tratar sobre direitos, deveres, poderes, vontades, instituições, práticas 
burocráticas, está lidando diretamente com questões de interesse humano, e até mesmo com os valores 
humanos; 
— No campo das ciências humanas, a ciência jurídica tem uma peculiaridade por ser ciência normativa e 
aplicada: como as demais ciências sociais tem o saber voltado para questões valorativas e o que está em 
jogo é o comportamento humano, sendo que o cerne do problema jurídico é o problema do valor; 
— A filosofia do direito é a proposta de investigação que valoriza a abstração conceitual, servindo de reflexão 
crítica, engajada e dialética sobre as construções jurídicas, sobre os discursos jurídicos, sobre as práticas 
jurídicas e sobre os fatos e normas jurídicas; 
— A filosofia do direito contém uma proposta mais aberta, livre das amarras da doutrinação jurídica, do 
negativismo legalista, dos pré-conceitos contidos na legislação positiva, funcionando, portanto, como uma 
escora reflexiva das ciências jurídicas; 
— Contribuindo com seu papel crítico, a filosofia do direito desgarra-se da proposta das demais ciências 
jurídicas ligadas a produção de saberes claramente vinculados a solução jurídica de conflitos, com a 
aplicação e a interpretação das normas jurídicas em vigor, com a sistematicidade do direito e com a orgânica 
e com a tônica do ordenamento jurídico vigente. 
— No Brasil, o ensino de Direito tem o seu início como a Faculdade de Direito de Olinda, fundada em 11 de 
agosto de 1827 por lei do imperador Dom Pedro I. Nessa data foram criados, simultaneamente, dois cursos 
de ciências jurídicas e sociais, um na cidade de Olinda e outro na cidade de São Paulo (Faculdade de Direito 
de São Paulo/ Faculdade de Direito do Largo de São Francisco/Arcadas), sendo assim a mais antiga 
faculdade de Direito do Brasil ao lado do curso paulistano. Em 1854 foi transferida para o Recife, quando foi 
renomeada Faculdade de Direito do Recife. 
 
 
 
Filosofia dodireito como parte a filosofia? (p. 51) 
— A filosofia do direito é uma parte da filosofia, por isso é indispensável conferir os pressupostos gerais da 
filosofia do direito, buscando assim, compreender as finalidades e propostas da jusfilosofia; 
— Até o século XIX, quando Hegel publicou em 1821 a obra Fundamentos da filosofia do direito, toda a 
história das ideias sobre o direito encontra-se mesclada a sistemas e pensamentos de filósofos (dos sofistas 
a Emmanuel Kant), que eram, ao mesmo tempo, pensadores que abordavam os mais diversos temas, 
inclusive, aqueles relacionados ao direito e à justiça; 
— Antes da publicação da obra de Hegel, considerada historicamente, a primeira obra a compreender 
filosoficamente o direito, já se pode notar certa preocupação de alguns aplicadores do direito em analisar e 
pensar acerca de seu próprio objeto de atuação (Savigny e Puchta); 
— E no decorrer do século XIX, paralelo a Hegel, outra corrente de especialistas na filosofia do direito, que, 
mesmo não sendo filósofos de formação e sim juristas, dedicaram-se a ao estudo do direito a partir de uma 
abordagem filosófica (Ihering, Windscheid, Stammler, Kelsen); 
— A filosofia do direito é aquele ramo da filosofia que trata especificamente de questões e temas 
concernentes ao direito; 
— Miguel Reale afirma que existe uma Filosofia Jurídica implícita onde o direito está inserido no pensamento 
filosófico geral, dos pré-socráticos até Kant; e uma Filosofia Jurídica explícita, que é um ramo autônomo da 
filosofia com seu próprio objeto de estudo; 
— O saber jusfilosófico não é exclusividade do jurista, mas o filósofo que se propõe a pensar o direito não 
pode menosprezar o conhecimento acerca das ciências jurídicas; 
— O pensador do direito deve conhecer o ramo ao qual se dedica e estar preparado para pensar filosófica 
e adequadamente os problemas e questões atinentes ao direto; 
— Por sua especificidade a Filosofia do Direito tornou-se, historicamente, um conjunto de saberes 
acumulados sobre o direito (objeto específico), distanciando, assim, da Filosofia geral; 
— Não se pode desprezar o fato de que o saber filosófico geral continua influenciando a história das ideias 
filosóficas; sendo que as metodologias jusfilosóficas podem se aperfeiçoar independentemente do 
pensamento filosófico geral, resultando assim em categorias de pensamentos independentes; 
— É do convívio e do diálogo constantes entre filosofia geral e a filosofia do direito que se obterão melhores 
e mais densos conteúdos nessa área do saber humano. 
 
O surgimento histórico da filosofia do direito (p. 53) 
— A filosofia do direito surge a partir do pensamento filosófico geral, tal como a espécie que se revela a 
partir do gênero em meio à efervescência em busca do aprofundamento do conhecimento e especialização 
dos saberes na modernidade (séc. XVI); 
— Os primeiros indícios da construção de uma filosofia do direito encontram-se em Francisco de Vitoria 
(1483 – 1546), Francisco Suárez (1548 – 1617), Hugo Grocio (1583 – 1645) e (Samuel Pufendorf (1632 – 
1694); 
— A história anterior do conhecimento filosófico sobre o direito decorre da reflexão generalizada da própria 
filosofia, como se observa em Platão, Aristóteles, Santo Agostinho, Locke, etc.; ficando. Assim comprovado 
que o conhecimento sobre o Direito não é exclusividade dos juristas; 
— A partir do Renascimento, marco da chamada modernidade, ocorre um processo de divisão e 
segmentação do conhecimento, dos saberes e dos conteúdos que alcança, naturalmente, alcança a esfera 
do Direito (Direito canônico; Direito civil); 
— É também fruto da modernidade a busca de autonomia do pensamento que possibilita uma reflexão e 
uma investigação mais profunda acerca dos elementos que compõem a esfera do Direito (Justiça, liberdade, 
soberania, lei); 
— Surge no bojo da modernidade a busca por uma compreensão filosófica sistematizada de questões e 
temas atinentes ao Direito, resultando daí, as bases para a Filosofia do Direito; que vai se identificar com 
problemas fundamentais de ordem reflexiva (natureza humana, sociabilidade, extensão dos direitos); 
— No princípio, os estudos filosóficos no campo do Direito confundem-se com os estudos da escola 
jusnaturalista, que procura fundamentar o direito no bom senso, na racionalidade, na equidade, da 
igualdade, da justiça e no pragmatismo; 
— Todas essas reflexões filosóficas que alcançam a esfera do Direito expandem-se consideravelmente após 
a descoberta das Américas, uma vez que esse fato envolve novos desafios envolvendo noções de espaço, 
cultura, raça, direito de dominação; 
— A filosofia do Direito é fruto da modernidade e de todas as implicações carreadas pela modernidade com 
a transição do teocentrismo para o antropocentrismo e os anseios pela definição racional do saber humano 
em detrimento dos desígnios divinos; 
— Em seu nascedouro, as reflexões e postulados filosóficos acerca do Direito, ora eram denominados Direito 
Natural, Direito Racional, Teoria do Direito Natural; 
— Após longo percurso, que vai de Descartes a Hegel, é que a Filosofia do Direito conquistará maior 
respeitabilidade até receber autonomia plena e nomenclatura; 
— O marco da autonomia da Filosofa do Direito é atribuído à obra de Hegel Fundamentos da Filosofia do 
Direito (também denominada Direito Natural ou Ciência do Estado), publicada em 1821; 
— Durante o Século XIX a disciplina sofreu resistência e passou por reformulações até de nomenclatura, 
que foi substituída por Teoria Geral do Direito, e só vem se consolidar como disciplina autônoma no decorrer 
do século XX; 
— Ainda no século XIX, a recém-nascida expressão Filosofia do Direito passa a encontrar resistência sendo 
substituída, por influência da cultura e do pensamento positivista, pelo termo Teoria Geral do Direito; 
passando a funcionar como uma Teoria Geral da Ciência do Direito; 
— Percebe-se no final do século XIX um verdadeiro eclipse da Filosofia do Direito provocado pelo 
positivismo que desvia a disciplina de suas metas e distorce as concepções que orientavam a cultura jurídica 
da época, fazendo da disciplina uma vassala das dimensões positivistas vigentes à época da ascensão da 
modernidade jurídica; 
— O reerguimento da Filosofia do Direito deveu-se ao declínio das ideias positivistas e ao conjunto de 
discussões e reflexões e ao processo de exposição humana desencadeados pelas atrocidades cometidas 
pelos conflitos e guerras declarados no início do século XX; 
— Ao longo do século XX, a disciplina ganha cada vez mais reconhecimento e recebe forte impulso com o 
desenvolvimento de diversas correntes teóricas contemporâneas, tornando-se uma espécie de 
conhecimento indispensável em meio às práticas de formação e de reflexão acerca do Direito ao lado das 
demais ciências jurídicas; 
— As práticas acadêmicas reconhecem a necessidade da disciplina no currículo acadêmico como importante 
instrumento de reflexão e formação do bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais; 
— Trata-se, portanto, de uma disciplina que está em constante processo de ebulição, uma vez que sua 
essência e sua força motriz são concentrados em inter-agir com os problemas sociais, com as crises cíclicas, 
com as diversas mudanças econômicas, políticas, culturais, comportamentais e de valores, ocorridas no 
decorrer da história; 
— A Filosofia do Direito não se reduz a discutir as ideias sobre justiça, mas faz brotar a partir de suas 
formulações a própria ideia de justiça inserida na tessitura da história e contextualizada no tempo e no 
espaço; 
— Na pós-modernidade novos questionamentos, novos problemas e novas reflexões surgiram na esfera da 
filosofia geral e também da jusfilosofia; 
— Vivem-se tempos favoráveis à anestesia do pensamento, da reflexão e do senso crítico, em função do 
convite à dispersão, à apatia, à indiferença, ao vício, aos meios de comunicação de massa, à sedução pelo 
consumo, à busca incessantepelo status, que são compõem rico material de discussão para as mais 
diversas áreas do conhecimento, alçando, portanto, a esfera da filosofia do direito; 
— Em um contexto de profundas transformações de todas as naturezas, a atividade do pensar filosófico 
resulta numa prática de saber profundamente comprometida com as aflições humanas; 
— No mundo pós-moderno, pensar já é agir no combate à simples aceitação do fato; 
— A Filosofia do Direito na pós-modernidade deve se guiar pela preocupação com a essência do direito; isto 
é, a preocupação com o homem, e mais além: a preocupação com toda a vida em toda a sua amplitude, 
diversidade e formas. 
— A Filosofia do Direito mergulha nos verdadeiros e decisivos fatores da humanidade: paz, preconceito, 
segurança, violência, biotecnologia, energia nuclear, manipulação genética, questões ambientais, alimento 
suficiente para todos... 
 
A Afirmação da Filosofia do Direito na História do Ensino Jurídico no Brasil 
— As bases do direito que se tem no Brasil foram determinadas historicamente pelo direito português e pela 
dependência a outros modelos europeus; 
— A influência ultramar é determinante na cultura jurídica e jusfilosófica brasileira, fundamentada na secular 
tradição dos bacharéis brasileiros formados na Faculdade de Direito de Coimbra; 
— Somente em 11-08-1827 ocorre, no Brasil, a fundação da Faculdade de Direito de Olinda e da Academia 
de Direito de São Paulo/Faculdade de Direito de São Paulo/Faculdade de Direito da Universidade de São 
Paulo/ Faculdade de Direito do Largo de São Francisco/ Faculdade de Direito das Arcadas; 
— A fundação dos cursos jurídicos do Brasil permite à cultura brasileira afastar-se das influências 
ideológicas, filosóficas e doutrinárias advindas da tradição portuguesa; 
— No início do século XX já desponta com clareza, nos cursos de direito em Portugal e no Brasil, a 
necessidade de um estudo jurídico que vá além de seu aspecto puramente doutrinário e técnico, 
promovendo a reflexão e o debate de ideias, permitindo ao bacharel adentrar-se às dúvidas e discussões 
sobre o papel do homem em sociedade, de questões políticas e ideológicas; 
— A nova formatação dos cursos de direito implica em uma necessária mudança de atitude no sentido de 
ampliar seus currículos para englobar disciplinas de formação geral, tais como: história do direito, sociologia 
do direito, filosofia do direito etc.; 
— No Brasil os primeiros sinais indicativos da autonomia da disciplina filosofia do direito acontecem, ainda 
no século XIX; registrando, assim, uma preocupação em distinguir claramente os objetivos dessa disciplina 
no contexto da faculdade de direito; 
— A consolidação de um pensamento jusfilosófico nacional só vai ocorrer ao longo do século XX; 
— O conteúdo inicial do conhecimento jusfilosófico que se propaga no Brasil é extraído de matrizes 
eurocêntricas jusnaturalistas e juspositivistas; 
— A primeira aula jurídica proferida pelo professor, José Maria de Avellar Brotero (conselheiro Brotero), 
formado em Coimbra, na faculdade do Largo São Francisco, no dia 01-03-1928, versava sobre o Direito 
divino do povo; 
— Mesmo com todas as dificuldades decorrentes da falta de acesso a publicações importantes, da ausência 
de material bibliográfico e do conservadorismo que privilegiava a tradição clássica em conhecimento 
filosófico, é possível localizar no Brasil esforços crescentes para criação de uma doutrina própria, com rumos 
próprios para a jusreflexão; 
— Quatro professores que ensinaram filosofia do direito no período de 1890 a 1925 no Largo de São 
Francisco (Dr. Brasílio Augusto Machado d’Oliveira, Dr. Pedro Augusto Carneiro Lessa, Dr. João Pedro da 
Veiga Filho e Dr. João Braz de Oliveira Arruda) muito contribuíram para o engrandecimento da disciplina, de 
seu ensino, de sua propagação, da criação de seus propósitos, de sua importância e significação no 
contexto da formação bacharelada no Brasil; 
— No decorrer do século XX, ocorre um crescente movimento para a formação de pensadores 
genuinamente brasileiros como: Silvo Romero, João Mendes de Almeida Junior, Pedro Lessa, Jônatas 
Serrano, João Arruda; 
— No Brasil, a resistência à disciplina é vencida quando os professores conseguem envolver os alunos nos 
temas e discussões que a disciplina permite abordar em seu conteúdo programático; 
— Jusfilósofos brasileiros como: Pontes de Miranda, Miguel Reale, Tercio Sampaio Ferraz Junior e Goffredo 
Telles Junior contribuíram ativamente para que a produção jusfilosófica nacional alcançasse reconhecimento 
e destaque mundial. 
 
Filosofia do Direito: conceito, atribuições e funções 
— A sabedoria e o conhecimento filosóficos carregam um conjunto de especificidades que distanciam a 
filosofia da mitologia, da religião e do conhecimento vulgar; 
— A filosofia é, em princípio, saber racional, saber sistemático, saber metódico, saber causal e lógico; 
— Para alguns autores, a Filosofia do Direito deveria ocupar-se do justo e do injusto como seu objeto de 
estudo. Para outros autores, a Filosofia do Direito deveria ser um estudo combativo, uma vez que é inata a 
sua função de lutar contra a tirania. Ainda existem outras propostas defendendo que a tarefa filosófica 
consistiria na escavação conceitual do direito; outros autores atribuem a Filosofia do Direito a tarefa de fazer 
derivar da razão pura a estrutura do próprio direito. E, finalmente, há aqueles que defendem a especulação 
filosófica como uma necessidade critico-valorativa das instituições jurídicas; 
— Muitas vezes a Filosofia do direito é dividida em partes, sendo que Miguel Reale categoriza a Filosofia do 
Direito nas seguintes partes: Ontognoseologia (compreensão conceitual do Direito); Epistemologia (lógica e 
ciência jurídicas); Deontologia (valores éticos); Culturologia (história e eficácia jurídicas); 
— As ciências jurídicas partem da norma para seus resultados aplicativos; enquanto a especulação filosófica 
movimenta-se da norma para seus princípios, suas causas, sua utilidade social, sua necessidade, suas 
deficiências...; 
— A filosofia do direito possui comprometimento com a história, com a ideologia, com a sociedade, com a 
política..., destacando-se por suas preocupações universais. 
— A filosofia do direito é um saber crítico a respeito das construções jurídicas erigidas pela Ciência do Direito 
e pela própria práxis do direito 
— A reflexão filosófica sobre o direito tem por compromisso permanecer atenta às modificações cotidianas 
do direito, à evolução ou involução dos institutos jurídicos e das instituições jurídico-sociais, às práticas do 
discurso do Direito, às realizações político-jurídicas, ao tratamento jurídico que se dá a pessoa humana...; 
— A filosofia do direito é sempre atual e de vanguarda, pois reserva o direito-dever de estar sempre 
impregnada da preocupação de investigar as realizações práticas e teóricas; 
— A filosofia é o constante exercício do pensamento que tem por finalidade o próprio exercício do 
pensamento, não visando resultados práticos e nem materiais, consistindo, portanto, na interpretação pela 
interpretação; 
— É no próprio caminho de reflexão, indagação e investigação que reside a ratio essendi (razão essencial) 
da filosofia, sendo que a ênfase na investigação é uma forma de abrir os horizontes para outras 
possibilidades de sentido e alternativas, para outras propostas e entendimento; 
— A Filosofia do Direito possui metas e tarefas que estão compreendidas em suas perspectivas de 
investigação (ver pág. 66-67)

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