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1 DIREITO EMPRESARIAL I - O QUE É COMÉRCIO? Econômico: é a atividade humana que visa colocar em circulação a riqueza produzida; Jurídico: conjunto de atos de mediação entre o produtor e o consumidor, com intuito de lucro. II - FASES DO DIREITO COMERCIAL: Destaca-se, inicialmente que não se pode confundir o surgimento do Direito Comercial com o surgimento das normas de regulação comercial, visto que estas surgiram em um período bem anterior, haviam normas disciplinadoras do comércio no Código de Hammurabi, no direito grego e no direito Romano, todavia sem formar um ramo autônomo; somente na Idade Média há esta construção, primeiramente com uma fase subjetiva, depois objetiva e, por último, considerada fase subjetiva moderna; 1ª – Subjetiva: É na Idade Média que se encontra as raízes do Direito Comercial, é neste período da história que o comércio passa ser parte integrante de praticamente de todas as nações, decorrência da ascensão dos burgos e do comércio marítimo. (RAMOS, 2012, p. 3) Neste período, nota-se que o momento ainda é marcado pela concentração dos feudos, da nobreza e o repúdio ao lucro por parte da Igreja, necessitando assim, um esforço enorme dos mercadores da época a fim de realizarem suas atividades, bem como a própria criação de regulamentos da atividade. (RAMOS, 2012, 3) Esse desenvolvimento da atividade comercial trouxe à tona a insuficiência do direito civil para disciplinar os novos fatos jurídicos que se apresentavam. A disciplina estatal era baseada na prevalência da propriedade imobiliária, estática e cheia de obstáculos para sua circulação. E função disso, impõe-se o surgimento de uma nova disciplina especial, de um novo direito destinado a regular estes novos fatos que se apresentam. Só nesse período começa a se desenvolver um direito comercial, essencialmente baseado em costumes, com a formação das corporações de mercadores (Gênova, Florença, Veneza), surgidas em virtude das condições avessas ao desenvolvimento do comércio. (TOMAZETE, 2018, 36) Diante desse movimento, há o surgimento das corporações de ofício, que limitam o exercício do comércio tão-somente aqueles que estavam ligados a ela, independentemente da atividade que exerciam. 2 ―A primeira fase é caracterizada pelo fato de ser um direito de classe, um direito profissional, ligado aos comerciantes, a eles dirigido e por eles mesmos aplicado, por meio da figura do cônsul nas corporações de ofício.‖ (NEGRÃO, 2017, 30) Trata-se de um direito subjetivista, visto que somente se estendia aos membros das corporações de ofício. Com a própria evolução do comércio, as corporações de ofício passam a regular as atividades de seus membros, inicialmente de acordo com os próprios costumes da época, destaca-se ainda, a inexistência do Estado nessa regulação, visto que a nobreza feudal repudiava o trabalho, não acreditando em qualquer possibilidade de ascensão dessa nova classe que surge. Por fim, é interessante notar a verdadeira revolução que o direito comercial, nessa primeira fase evolutiva, provocou na doutrina contratualista, rompendo com a teoria contratual cristalizada pelo direito romano. Em Roma, os ideais de segurança e estabilidade da classe dominante ―prenderam‖o contrato, atrelando-o o instituto da propriedade. Era o contrato, grosso modo, apenas o instrumento por meio do qual se adquiria ou transferia uma coisa. (...) Neste sentido, perde espaço a solenidade na celebração das avencas, e surge, triunfante, o princípio da liberdade na forma de celebração dos contratos. (RAMOS, 2012, 4) Com o aumento do poder econômico da burguesia comercial e, consequentemente, com a difusão das relações com não comerciantes, a jurisdição corporativa estendeu-se e passou a valer também para demandas entre comerciantes e não comerciantes. Nesse momento, a corporação mercantil estende seus poderes para fora de sua esfera corporativa, desenvolvendo o papel do governo na sociedade urbana. Posteriormente, tal direito passa a ser um direito estatal e não mais corporativo, aplicado inicialmente por tribunais especiais e posteriormente pelos tribunais comuns. (TOMAZETE, 2018, 37) 2ª FASE – Objetiva: No final do século XVI teve a ascensão do mercantilismo e a unificação dos Estados da Inglaterra e da França, surgimento dos estados monárquicos, centralizadores, havendo a perda de força gradativa das corporações com a criação da jurisdição por parte do Estado. Apesar de o Estado assumir um papel que antes não exercia, não tinha mais como ignorar a ascensão e relevância da classe burguesa. Neste contexto, havia a necessidade de coadunar o interesse da nobreza e dos burgueses, surgindo assim, na França Napoleônica, dois institutos jurídicos estanques, cada um com uma órbita de atuação, de um lado, o Código Civil, pautado na defesa da propriedade, de outro lado, o Código Comercial, tendo como base, a teoria dos atos de comércio. O Código Napoleônico de 1807 marca o início dessa nova fase do direito comercial, na medida em que acolheu a teoria dos atos de comércio, passando a disciplinar uma série de atos da vida econômica e jurídica, que não eram 3 exclusivos dos comerciantes, mas que necessitavam das mesmas características do direito mercantil: facilidade de prova, prescrição breve, rapidez processual e competência técnica dos juízes. Mas não é a mera disciplina desses atos que permite falar numa segunda fase do direito mercantil, mas a extensão da jurisdição comercial a quaisquer pessoas que praticassem tais atos, independentemente da sua qualificação pessoal. (TOMAZETE, 2018, 38) Assim, com a codificação napoleônica passa haver a objetivação do direito comercial, a lei passa a definir as atividades do direito comercial, teoria que fora denominada como ―Teoria dos Atos de Comércio‖, a qual passou a permitir que qualquer cidadão exercesse o comércio e usufruísse de seus privilégios, anteriormente só concedidos aos associados das corporações; É o denominado Sistema Francês (1808); O direito comercial regularia, portanto, as relações jurídicas que envolvessem a pratica de alguns atos definidos em lei como atos de comércio. Não envolvendo a relação a prática destes atos, seria ela regida pelas normas do Código Civil. (...) Nessa segunda fase do direito comercial, podemos perceber uma importante mudança: a mercantilidade, antes definida pela qualidade do sujeito (o direito comercial era o direito aplicável aos membros das Corporações de Ofício), passa a ser definida pelo objeto (os atos de comércio). (...) Não é difícil imaginar, todavia, as deficiências do sistema francês. Afinal, ele se resume ao estabelecimento de uma relação de atividades econômicas, sem que haja entre elas nenhum elemento interno de ligação, gerando indefinições no tocante à natureza mercantil de algumas delas. (RAMOS, 2012, 5-6) 3ª FASE – Empresa: Mesmo com as imperfeições detectadas na teoria dos atos de comércio, a mesma perdurou por mais de um século, visto que somente em 1942, com a edição do Código Civil Italiano, nova teoria fora implantada para regular o direito comercial, a chamada Teoria da Empresa. (RAMOS, 2012, 9) Passa reconhecer como atividade comercial (empresária) qualquer atividade organizada para a produção ou circulação de bens e serviços, exceto as intelectuais – nota-se, que não importa qual pessoa a desempenha e muita menos o tipo de atividade, importando apensa que seja organizada e com intuito de lucro; Sistema Italiano (1942): o modelo italiano de regular o exercício da atividade econômica encontra sua sínteses na Teoria da Empresa – conceitua-se empresa como sendo a atividade, cuja marca essencial é a obtenção de lucros com oferecimento ao mercado de bens e serviços, gerados estes mediante a organização dos fatores de produção; 4 (...) O Código Civil italiano promoveu a unificação formal do direito privado, disciplinandoas relações civis e comerciais num único diploma legislativo. (...) Assim, se é que a unificação foi conseguida de forma plena, ela o foi apenas de âmbito formal, pois ainda continuam a existir o direito comercial e o civil como disciplinas autônomas e independentes. (RAMOS, 2012, p. 10) III - DIREITO COMERCIAL NO BRASIL CÓDIGO COMERCIAL DE 1850 No Brasil-colônia as questões envolvendo comércio eram reguladas pela legislação portuguesa, as Ordenações Filipinas; A história do direito comercial brasileiro se inicia com a abertura dos portos às nações amigas, decretada com a Carta Régia de 28/01/1800; Código Comercial fora proclamado em 1850, adotando o sistema francês (atos de comércio); Possuía duas figuras: o Comerciante (pessoa física) o Sociedade comercial (pessoa jurídica) Regulamento 737/1850 definiu as atividades sujeitas à jurisdição dos tribunais do comércio; Tanto o comerciante como a sociedade comercial, para serem considerados como tal, deveriam desempenhar ATOS DE COMÉRCIO, os quais eram regulados pelo Regulamento n. 737 de 1850; Atos de Comércio: o Compra e venda de bens móveis e semoventes; o Atividades de câmbio; o Transporte de mercadorias; o Fabricação, consignação e depósito de mercadorias; o Espetáculos artísticos; o Contratos marítimos o Fretamento; o Títulos de Crédito; Diante de tal situação, por exemplo, as imobiliárias e os prestadores de serviços não eram considerados comerciantes ou sociedades comerciais, situação que os impediam de receber os benefícios comerciais, como a concordada, a atual recuperação empresarial. 5 1875 ocorre há extinção dos tribunais de comércio, contudo, manteve-se a teoria dos atos de comércio; Após a edição e difusão dos ideais da Teoria da Empresa, a doutrina e jurisprudência brasileira passaram, aos poucos, coadunar com a ideia. CÓDIGO CIVIL DE 2002 A partir de 1960 visualiza-se um declínio da teoria dos atos de comércio, a jurisprudência em vários julgados estendia o rol dos atos de comércio; Traz um novo conceito para o comerciante, denominando agora como empresário, expresso no art. 966 do diploma civil; tem-se agora a figura do empresário individual e da sociedade empresária; Não é apenas mudança de nomenclatura, o CC de 2002 passa a ser muito mais abrangente, mais subjetivo, não mais somente aqueles que desempenhavam as atividades descritas no Regulamento 737 de 1850; O CC de 2002 incorporou uma nova teoria, denominada de Teoria da Empresa; Ocorre também a unificação do Código Comercial ao Código Civil; O Código Civil de 2002 revogou o Código Comercial de 1850? Nota-se que o Código Civil de 2002 não revogou totalmente o Código Comercial, apenas a 1ª parte que versava sobre o comércio em geral; A 2ª parte do Código Comercial continua em vigor, ela trata do Comércio Marítimo; A 3ª parte do Código Comercial que versava sobre as Quebras também fora revogada, primeiro pelo Decreto-Lei 7661/45 e, posteriormente pela Lei 11.101/05; IV – PRINCÍPIOS DO DIREITO EMPRESARIAL a) Princípio da Livre Iniciativa b) Princípio da Livre Concorrência c) Princípio de garantia à propriedade privada d) Princípio da Preservação da Empresa 6 V - ATIVIDADE EMPRESARIAL - ART. 966 DO CC (...) a empresa é um organismo econômico, isto é, assenta-se sobre uma organização fundada em princípios técnicos e leis econômicas. Objetivamente considerada, apresenta-se como uma combinação de elementos pessoais e reais, colocados em função de um resultado econômico, e realizada em vista de um intento especulativo de uma pessoa, que se chama empresário. (...) É preciso compreender, ainda segundo ensinamentos de Ferri, que a disciplina jurídica da empresa é a disciplina da atividade do empresário, e a tutela jurídica da empresa é a tutela jurídica dessa atividade. Essas considerações levam-nos a compreender que, no ângulo do direito comercial, empresa, na acepção jurídica, significa uma atividade exercida pelo empresário (FERRI apud REQUIÃO, p, 76-77, 2013). Conceito de empresa A elaboração de um conceito de empresa, desde o tempo da criação do direito comercial fora uma atividade bastante nebulosa e de difícil caracterização, primeiramente em decorrência da própria Teoria dos Atos de Comércio, que simplesmente enumerava as atividades próprias do comércio. Cesare Vivante trouxe um grande avanço no que tange a elaboração de um conceito, já sendo possível vislumbrar os elementos da empresa e do capital, presentes no conceito abraçado pelo Código Civil de 2002, nota-se: ―empresa é um organismo econômico que sob o seu próprio risco recolhe e põe em atuação sistematicamente os elementos necessários para obter um produto destinado à troca.‖ (VIVANTE apud REQUIÃO, p. 79, 2013). Já Rocco identificou a necessidade do elemento trabalho com indispensável a existência de uma empresa, ―apenas temos empresa e, consequentemente, ato comercial, quando a produção é obtida mediante trabalho de outros, ou, por outras palavras, quando o empresário recruta o trabalho, organiza, fiscaliza e retribui e o dirige para fins da produção‖. (ROCCO apud REQUIÃO, p. 80, 2013). O professor Asquini teceu grande contribuição à identificação do conceito de empresário, quando verificou a impossibilidade de um conceito unitário. ―Vislumbra então, Asquini a empresa sob quatro diferentes perfis: a) perfil subjetivo, que vê a empresa como empresário; b) o perfil funcional, que vê a empresa como atividade empreendedora; c) o perfil patrimonial ou objetivo, que vê a empresa como estabelecimento; d) o perfil corporativo, que vê a empresa como instituição‖. (ASQUINI apud REQUIÃO, o. 81, 2013). 7 Sob a égide do Código Civil Italiano de 1942, Giuseppe Valeri aborda a necessidade de 4 elementos: ―a) a organização; b) atividade econômica; c) o fim lucrativo; d) a profissionalidade.‖ (VALDERI, apud REQUIÃO, p. 81, 2013) No que tange à legislação pátria, Rubens Requião afirma: (...) a comissão de professores que elaborou o Projeto de Código Civil se deixou dominar pela timidez e perplexidade dos juristas italianos de 1942 e evitou definir a empresa. Adotou o mesmo critério do Código Italiano, conceituando apenas o empresário. E empresário, para o Projeto e agora também pelo novo Código, art. 966, é quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. (REQUIÃO, p. 84, 2013) Quem exerce atividade empresarial? Observação: Quando falamos empresário, o mesmo engloba o empresário individual e o empresário coletivo (sociedades); ―Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.‖ O empresário é o sujeito de direito, ele possui personalidade. Pode ele ser tanto uma pessoa física, na condição de empresário individual, quanto uma pessoa jurídica, na condição de sociedade empresária, de modo que as sociedades empresárias não são empresas, como afirmado na linguagem corrente, as empresários. (TOMAZETE, 2018, 72) Elementos do empresário: a) AQUELE QUE PROFISSIONALMENTE Habitualidade/continuidade b) EXERCE ATIVIDADE ECONÔMICA Atividade que visa lucro; ―A economicidade da atividade exige que ela seja capaz de criar novas riquezas, afastando-se as atividades de mero gozo‖. (TOMAZETE, 2018, 68) c) ATIVIDADE ORGANIZADA Na empresa, essa organização dos fatores de produção é um dos fatores diferenciadores de outras atividades, pois o fim produtivo da empresa 8 pressupõem atos coordenados e programados para se atingir tal fim. Vale destacar que não é qualquer organização que vai diferenciar a empresa de outras atividades, mas apenas a organização que assuma um caráter relevante dentro da atividade. (TOMAZETE, 2018, 68) É aquela que reúne os quatrofatores de produção: mão-de-obra; matéria-prima; capital; tecnologia; Para Fábio Ulhoa a ausência de um dos fatores de produção, não se tem mais organização, consequentemente não pode ser considerado empresário; sendo assim, uma sociedade simples; Quem exerce atividade organizada preocupa-se com a gestão (gerir); d) PARA PRODUÇAO OU CIRCULAÇAO DE BENS E SERVIÇOS Montadora de veículos produz bens (carros); Banco produz serviços; Loja de roupas circula bens; Agência de turismo circula serviços; Natureza jurídica da empresa A empresa entendida como atividade organizada, não se confunde nem com o sujeito exercente da atividade, nem com o complexo de bens por meio dos quais se exerce a atividade, que representam outras realidades distintas. (...) A empresa não possui personalidade jurídica, e nem pode possuí-la e, consequentemente, não pode ser entendida como sujeito de direito, (...) Rubens Requião, Marcelo Bertoldi e José Edwaldo Tavares Borba qualificam a empresa como objeto de direito. (...) Ora, não se pode conceber uma atividade como objeto de direito, não se pode vislumbrar a empresa como matéria dos direitos subjetivos, principalmente dos direitos reais. (...) Assim, a empresa deve ser enquadrada como um terceiro gênero, uma nova categoria jurídica, pois não se trata nem de sujeito e nem de objeto de direito, enquadrando-se na noção de fato jurídico e sentido amplo. Tal noção se mostra a ais adequada que a de ato jurídico, pois falamos de atividade, do conjunto de atos, e não de cada ato isolado, que poderia ser enquadrado na condição de ato jurídico. (TOMAZETE, 2018, 70-71) Quem não é empresário? – ART. 966, PARÁGRAFO ÚNICO ―Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.‖ 9 Essa exclusão decorre do papel secundário que a organização assue nessas atividades e não apenas de um caráter histórico e sociológico. Neles o essencial é a atividade pessoal, o que não se coaduna com o conceito de empresário. As atividades intelectuais são prestadas de fora pessoal e, mesmo com a concorrência de auxiliares, há uma relação de confiança com que exerce a atividade. Não há como negar a organização que hoje permeia as atividades intelectuais, as é certo que essa organização não assume papel preponderante - ainda que se recorra ao uso de auxiliares, o personalismo prevalece, no sentido da assunção pessoal do resultado da atividade. (TOMAZETE, 2018, 76) Traz aquilo que não é considerado empresário: a) Aqueles que exercem profissão intelectual de natureza científica, literária e artística – exemplo: médico, contador, advogado (científico); escritor, jornalista (literária); desenhista, artista plástico, ator, dançarino (artística); b) Ainda que com a ajuda de colaboradores – exemplo: contrata funcionários c) Salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa – exemplo: a. Sociedade Médica é uma sociedade empresária? Em regra não; b. Montam uma clínica, é uma sociedade empresária? Não, pois continuam a desempenhar sua atividade intelectual; c. Criam um nome empresarial, é uma sociedade empresária? Não; d. Contratam secretária, faxineira e segurança, é uma sociedade empresária? Não, pois a lei é bastante clara ao dispor ―ainda que com o auxílio de colaboradores‖; e. Montam uma UTI e uma cafeteria, é uma sociedade empresária? Agora sim, porque a atividade intelectual científica passa a ser só mais um elemento de empresa; Resumo: o profissional intelectual não é empresário, salvo se constituir elemento de empresa. Esta regra não se aplica aos advogados no exercício de sua atividade, visto que nunca constituem atividade empresarial. Advogado que possui uma padaria é empresário? Sim. Questão 1 - XVII EXAME OAB Assinale a alternativa correta em relação aos conceitos de empresa e empresário no Direito Empresarial. A) Empresa é a sociedade com ou sem personalidade jurídica; empresário é o sócio da empresa, pessoa natural ou jurídica com responsabilidade limitada ao valor das quotas integralizadas. B) Empresa é qualquer atividade econômica destinada à produção de bens; empresário é a pessoa natural que exerce profissionalmente a empresa e tenha receita bruta anual de até R$ 100.000,00 (cem mil reais). C) Empresa é a atividade econômica organizada para a produção e/ou a circulação de bens e de serviços; empresário é o titular da empresa, quem a exerce em caráter profissional. D) Empresa é a repetição profissional dos atos de comércio ou mercancia; empresário é a pessoa natural ou jurídica que pratica de modo habitual tais atos de comércio. Questão 2 - XV EXAME OAB 10 Alfredo Chaves exerce, em caráter profissional, atividade intelectual de natureza literária, com a colaboração de auxiliares. O exercício da profissão constitui elemento de empresa. Não há registro da atividade por parte de Alfredo Chaves em nenhum órgão público.Com base nessas informações e nas disposições do Código Civil, assinale a afirmativa correta. A) Alfredo Chaves não é empresário, porque exerce atividade intelectual de natureza literária. B) Alfredo Chaves não é empresário, porque não possui registro em nenhum órgão público. C) Alfredo Chaves é empresário, independentemente da falta de inscrição na Junta Comercial. D) Alfredo Chaves é empresário, porque exerce atividade não organizada em caráter profissional. Questão 3 - XXVII EXAME OAB Roberto desligou-se de seu emprego e decidiu investir na construção de uma hospedagem do tipo pousada no terreno que possuía em Matinhos. Roberto contratou um arquiteto para mobiliar a pousada, fez cursos de hotelaria e, com os ensinamentos recebidos, contratou empregados e os treinou. Ele também contratou um desenvolvedor de sites de Internet e um profissional de marketing para divulgar sua pousada. Desde então, Roberto dedica-se exclusivamente à pousada, e os resultados são promissores. A pousada está sempre cheia de hóspedes, renovando suas estratégias de fidelização; em breve, será ampliada em sua capacidade. Considerando a descrição da atividade econômica explorada por Roberto, assinale a afirmativa correta. A) A atividade não pode ser considerada empresa em razão da falta tanto de profissionalismo de seu titular quanto de produção de bens. B) A atividade não pode ser considerada empresa em razão de a prestação de serviços não ser um ato de empresa. C) A atividade pode ser considerada empresa, mas seu titular somente será empresário a partir do registro na Junta Comercial. D) A atividade pode ser considerada empresa e seu titular, empresário, independentemente de registro na Junta Comercial. VI - TIPOS DE EMPRESÁRIOS a) Empresário Individual b) Empresário Individual com Responsabilidade Limitada c) Sociedade Empresária Observação: Sócio é empresário? Não, empresário é aquele que sozinho desenvolve uma atividade econômica organizada, não confundir sócio com empresário; VII - EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 11 O empresário é o sujeito que exercita a atividade empresarial. É ainda, como observa Ferri, no todo ou em parte, o capitalista; desenvolve ele uma atividade organizada e técnica. É um servidor da organização de categoria mais elevada, à qual imprime o selo de sua liderança, assegurando a eficiência e o sucesso do funcionamento dos fatores organizados. (REQUIÃO, p. 110, 2013) É a pessoa física que exerce atividade empresarial, independentemente de registro, o simples fato de exercer a atividade (ex: fazer bolo para venda) já torna a pessoa em empresário; Registro é ato declaratório; Ao fazer o registro o empresário adquire personalidade jurídica? o Não adquire personalidade jurídica, continua exercendo a atividade empresarial em nome próprio, possuindo um único patrimônio,seja o pessoal e o de exercício da atividade da empresa; este único patrimônio responderá pelas dívidas pessoais e empresariais; O empresário individual possui responsabilidade integral pelos riscos da atividade; Somente o empresário individual pode adotar a forma de micro empresário individual, cujos requisitos são: i) possuírem receita bruta de até R$ 60.000,00; ii) possuírem somente um funcionário com salário mínimo. Art. 18-A da Lei Complementar 123/06; Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). (...) Art. 18-A.O Microempreendedor Individual - MEI poderá optar pelo recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos mensais, independentemente da receita bruta por ele auferida no mês, na forma prevista neste artigo. § 1o Para os efeitos desta Lei Complementar, considera-se MEI o empresário individual que se enquadre na definição do art. 966 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, ou o empreendedor que exerça as atividades de industrialização, comercialização e prestação de serviços no âmbito rural, que tenha auferido receita bruta, no ano- calendário anterior, de até R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais), que seja optante pelo Simples Nacional e que não esteja impedido de optar pela sistemática prevista neste artigo. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm#art966 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm#art966 12 Empresário Individual pode ter Cnpj? o Sim, tal permissão visa apenas conceder o mesmo tratamento tributário dado as sociedades; OBRIGAÇÕES DO EMPRESÁRIO a) Registro (Art. 967) Desde cedo, no comércio, sentiu-se a necessidade de memorizarem-se acontecimentos da vida mercantil, através de registros nas corporações dos mercadores. O registro primitivo tinha o efeito, sobretudo, de publicidade, a fim de proteger tanto o público como o sujeito da inscrição. (...) Modernamente, o registro público tornou-se peça importante da vida social, tanto no setor civil como no comercial. Assim como se exige que o indivíduo seja registrado ao nascer, e inscreva no Registro Civil os atos marcantes de sua vida até a morte, pelo mesmo motivo de disciplina jurídica se facultam ao comerciante certos registros. Entretanto, tais são os efeitos negativos e perniciosos para o empresário decorrentes da falta de registro – por exemplo, a impossibilidade de manter contabilidade legal, tratamento tributário mais rigoroso – que se vai tornando exceção a abstenção do registro. (REQUIÃO, p. 150, 2013) ―Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.‖ 13 O registro Público de Empresas Mercantis é exercido em todo o território nacional, de forma sistêmica, por órgãos federais e estaduais, com a finalidade de: dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das empresas mercantis, submetidos a registro. (REQUIÃO, p. 154, 2013) Onde? Na Junta Comercial do Estado em que for sediada a empresa; Inscrição faz-se mediante requerimento contendo as informações do Art. 968; Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha: I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa que poderá ser substituída pela assinatura autenticada com certificação digital ou meio equivalente que comprove a sua autenticidade, ressalvado o disposto no inciso I do § 1o do art. 4o da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006; III - o capital; IV - o objeto e a sede da empresa. § 1o Com as indicações estabelecidas neste artigo, a inscrição será tomada por termo no livro próprio do Registro Público de Empresas Mercantis, e obedecerá a número de ordem contínuo para todos os empresários inscritos. § 2o À margem da inscrição, e com as mesmas formalidades, serão averbadas quaisquer modificações nela ocorrentes. § 3º Caso venha a admitir sócios, o empresário individual poderá solicitar ao Registro Público de Empresas Mercantis a transformação de seu registro de empresário para registro de sociedade empresária, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código § 4o O processo de abertura, registro, alteração e baixa do microempreendedor individual de que trata o art. 18-A da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, bem como qualquer exigência para o início de seu funcionamento deverão ter trâmite especial e simplificado, preferentemente eletrônico, opcional para o empreendedor, na forma a ser disciplinada pelo Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios - CGSIM, de que trata o inciso III do art. 2º da mesma Lei § 5o Para fins do disposto no § 4o, poderão ser dispensados o uso da firma, com a respectiva assinatura autógrafa, o capital, requerimentos, demais assinaturas, informações relativas à nacionalidade, estado civil e regime de bens, bem como remessa de documentos, na forma estabelecida pelo CGSIM. Filial? Também deve registrá-la no local de sua sede, provando a inscrição originária (art. 969); ―Art. 969. O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscrição originária.‖ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp123.htm#art4%C2%A71i http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp123.htm#art4%C2%A71i http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1113 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1113 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp123.htm#art18a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp123.htm#art18a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp123.htm#art2iii 14 Falta de registro: o Sociedade irregular o Responsabilidade é ilimitada; o Não pode pedir falência de outro empresário, nem a sua recuperação judicial; o Sujeito a sanções administrativas e fiscais; o Não pode participar de licitações; Exceção: Quem não é obrigado a se registrar? o O empresário rural, contudo se o fizer, estará sujeito as mesmas obrigações de um empresário comum (art. 971, CC); Logo, quem desempenha atividade rural tem a faculdade de se tornar empresário; Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes. Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. O registro mercantil é público: O Registro Mercantil é público e qualquer pessoa tem o direito de consultar os seus assentamentos, sem necessidade de alegarou provar interesse, na forma que for determinada pelo regimento interno da Junta Comercial. As certidões do registro serão fornecidas sem embaraços, mediante o pagamento das respectivas taxas, denominadas emolumentos. (REQUIÃO, p. 166, 2013) QUESTÃO 4 – EXAME OAB FGV Leia com atenção o texto a seguir. Na área rural do município X, a atividade preponderante exercida pelos habitantes é o cultivo da mandioca. Numa micropropriedade, o casal Paulo Afonso e Glória planta mandioca com a ajuda dos filhos e dos pais. Não há maquinário para a lavoura e a cultura é de subsistência, sendo o excedente, quando existente, vendido para uma indústria de beneficiamento. Os poucos animais que o casal possui servem para o fornecimento de leite e carne e ao arado da terra. Há, também, na área rural, uma indústria de beneficiamento da mandioca, com mais de cem empregados, máquinas, amplas construções e contínuo treinamento dos colaboradores. A forma jurídica para a exploração da atividade é de sociedade limitada, sendo titular de 3/4 do capital social e da maioria das quotas o Sr. Wenceslau Guimarães. A partir do texto, responda aos itens a seguir. A) A atividade realizada pelo casal Paulo Afonso e Glória é considerada uma empresa? B) O Sr. Wenceslau Guimarães é considerado empresário? http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art968 15 QUESTÃO 5 - XXII EXAME OAB Fagundes e Pilar são noivos e pretendem se casar adotando o regime de separação de bens mediante celebração de pacto antenupcial. Fagundes é empresário individual e titular do estabelecimento Borracharia Dona Inês Ltda. ME. Celebrado o pacto antenupcial entre os nubentes, o advogado contratado por Fagundes providenciará o arquivamento e a averbação do documento A) no Registro Público de Empresas Mercantis e a publicação na imprensa oficial. B) no Registro Público de Empresas Mercantis e no Registro Civil de Pessoas Naturais. C) no Registro Civil de Pessoas Naturais e a publicação na imprensa oficial. D) no Registro Público de Empresas Mercantis e no Registro Civil de Títulos e Documentos. REQUISITOS PARA EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL ―Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.‖ a) Pleno gozo da capacidade civil Os maiores de 18 anos ou emancipados; não interditados; Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Observação: se exercerem atividade empresária qual será a consequência? Os atos são válidos e responderão com seu patrimônio pelas obrigações contraídas, além de praticarem contravenção penal e no caso de servidores públicos estarão sujeito a exoneração; ―Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas.‖ Importante: Incapaz pode ser empresário individual? o Em regra não, pois não podem iniciar a atividade, mas podem dar continuidade, isso ocorre quando receberem a empresa por objeto de herança ou ocorrer incapacidade 16 superveniente, necessário autorização judicial e será devidamente assistido ou representado e com; (Art. 974 do CC); o Incapaz também terá risco integral, entretanto os bens do incapaz que não tinham relação com a atividade empresarial não serão atingidos pelas dívidas empresariais – Cuidado: não confundir com responsabilidade limitada; Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. § 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. § 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização. § 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade II – o capital social deve ser totalmente integralizado; III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais. Importante: Incapazes podem ser sócios de sociedade empresária? o Sim, desde que atendidos os seguintes requisitos de forma conjunta: i) não pode exercer a administração; ii) o capital deve estar totalmente integralizado; iii) devidamente assistido ou representado; Questão 6 - EXAME OAB - MODIFICADO Três pessoas, uma com 14 anos, outra com 16 e outra com 29 anos, criam uma sociedade limitada com 100% do capital social integralizado. Posteriormente, o sócio com maior idade é interditado e declarado incapaz, mediante sentença judicial transitada em julgado. Os demais sócios pretendem aumentar o capital social da sociedade. Neste sentido, responda: A) o sócio interditado poderá permanecer na sociedade? Justifique? B) Para o aumento do capital social a Junta Comercial deve observar quais critérios? Questão 7 – EXAME DA OAB FGV- MODIFICADO MANOEL possui registro como microempresário. Seu irmão, por causa transitória, não pode exprimir sua vontade, foi submetido preventiva e extraordinariamente à curatela. MANOEL foi nomeado curador do irmão. Desejoso de ajudar seu irmão a superar os problemas que motivaram a instituição da curatela, MANOEL procura você, na condição de advogado(a), para esclarecer as dúvidas a seguir: A) O irmão de Manoel pode iniciar o exercício individual de empresa, em nome próprio, mediante autorização judicial? 17 B) Caso Manoel queira admitir seu irmão como sócio, poderá manter a condição de empresário individual? Gabarito comentado Observação: Quem perde emancipação poderá continuar sendo empresário individual. b) Quem não estiver impedido por lei para ser empresário individual e administrador de sociedade (livre de impedimentos – proibições) Servidores Públicos (Art. 117, X, da Lei 8.112/90) o Membros do MP e juízes (Art. 95, parágrafo único, inciso I, da CF); o Militares da Ativa (Art. 29 da Lei 6.880/80);[Leiloeiros e corretores (Lei 6.530/78) o Médicos em exercício simultâneo com o de farmácia (Lei 5.991/73) o Falidos não reabilitados (Lei 11.101/05) o Estrangeiros no caso de empresa de pesquisa de lavra e recursos minerais, rádio, TV, jornal; o Devedores do INSS (Art. 95, §2º, ―d‖, Lei 8.212/91); o Cônsules e embaixadores; o Deputados e Senadores: Questão 8 – EXAME OAB FGV Maria, empresária individual, teve sua interdição decretada pelo juiz a pedido de seu pai, José, em razão de causa permanente que a impede de exprimir sua vontade para os atos da vida civil. Sabendo-se que José, servidor público federal na ativa, foi nomeado curador de Maria, assinale a afirmativa correta. A) É possível aconcessão de autorização judicial para o prosseguimento da empresa de Maria; porém, diante do impedimento de José para exercer atividade de empresário, este nomeará, com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes. B) A interdição de Maria por incapacidade traz como efeito imediato a extinção da empresa, cabendo a José, na condição de pai e curador, promover a liquidação do estabelecimento. C) É possível a concessão de autorização judicial para o prosseguimento da empresa de Maria antes exercida por ela enquanto capaz, devendo seu pai, José, como curador e representante, assumir o exercício da empresa. D) Poderá ser concedida autorização judicial para o prosseguimento da empresa de Maria, porém ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que Maria já possuía ao tempo da interdição, tanto os afetados quanto os estranhos ao acervo daquela. Importante: Empresário casado pode vender bem imóvel da empresa sem autorização da esposa? Sim, conforme Art. 978 do CC o cônjuge casado pode alienar bens, gravar com ônus real sem autorização do outro cônjuge. 18 Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória. Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade. Art. 980. A sentença que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e o ato de reconciliação não podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas Mercantis. Questão 9 - XVII EXAME OAB FGV Paulo, casado no regime de comunhão parcial com Jacobina, é empresário enquadrado como microempreendedor individual(MEI). O varão pretende gravar com hipoteca o imóvel onde está situado seu estabelecimento, que serve exclusivamente aos fins da empresa. De acordo com o Código Civil, assinale a opção correta. A) Paulo pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, gravar com hipoteca os imóveis que integram o seu estabelecimento. B) Paulo não pode, sem a outorga conjugal, gravar com hipoteca os imóveis que integram o seu estabelecimento, salvo no regime de separação de bens. C) Paulo, qualquer que seja o regime de bens, depende de outorga conjugal para gravar com hipoteca os imóveis que integram o seu estabelecimento. D) Paulo pode, sem necessidade de outorga conjugal, gravar com hipoteca os imóveis que integram o seu estabelecimento, salvo no regime da comunhão universal. VIII - EMPRESÁRIO INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA – EIRELI (ART. 98-A DO CC – Lei 12.441/2011) A EIRELI atuará no mundo concreto e terá uma série de direitos e obrigações próprios que não se confundem com os direitos e obrigações do seu titular. A condição de personalidade jurídica lhe dá uma autonomia patrimonial e obrigacional que permite a separação entre o que diz respeito à atividade empresarial e o que diz respeito a outras atividades do titular. Essa separação é o grande motivo da sua criação e, embora já tenha sido criticada, é perfeitamente justificável, nos mesmos moldes que se tem hoje para uma sociedade limitada. (TOMAZETE, 2018, 86) Alguns autores afirmam tratar-se de uma sociedade unipessoal, pois se trataria de uma pessoa jurídica tendo como substrato uma pessoa para o exercício de atividade econômica. Outrossim, se indica a aplicação de regras da sociedade limitada como um sinal de adoção desse entendimento. Outros autores afirmam tratar-se de um patrimônio de afetação, pois haveria uma separação do patrimônio da pessoa física. Por fim, há que afirme que se trata de nova pessoa jurídica, como o Enunciado 469 da V Jornada de Direito Civil. (...) Portanto, o sistema adotado no Brasil foi o sistema da personificação da 19 empresa que, apesar das acertadas críticas, é um sistema legítimo de limitação da responsabilidade no exercício individual da empresa. (TOMAZETE, 2018, 90) Trata-se da possibilidade do exercício de uma atividade empresarial pela pessoa natural com responsabilidade limitada; Neste caso, o registro é indispensável para constituição da EIRELI, diferentemente do empresário individual comum em que o registro tem natureza declaratória; O registro da EIRELI implica na constituição de uma pessoa jurídica (art. 44 CC); O patrimônio do titular da EIRELI não se confunde com o patrimônio da EIRELI, assim o credor de uma EIRELI, em regra, não poderá atingir o patrimônio pessoal, mesmo se for insuficiente; somente poderá atingir o patrimônio do titular no caso de desconsideração da personalidade jurídica (art. 50 CC): patrimônio insuficiente + ocorrência de abuso da pessoa jurídica, esta ocorre no caso de confusão patrimonial ou desvio de finalidade (ex: usa a empresa para lesar credor); Para criação de uma EIRELI é necessário capital social mínimo de 100 vezes o salário mínimo vigente à época de sua criação, deverá ser composto por dinheiro ou bens, o qual é verificado pela Junta Comercial; A EIRELI é a única com limitação de capital social; Uma pessoa física pode ter no máximo uma EIRELI; Aplicam-se de forma subsidiária as regras da sociedade limitada; Pode usar firma ou denominação, seguido da expressão EIRELI; A administração de uma Eireli deve ser realizada por qualquer pessoa física, normalmente seu próprio titular; Incapaz pode abrir uma EIRELI? Pessoa jurídica pode constituir EIRELI? Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. § 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após a firma ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada. § 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade. 20 § 3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração. § 4º ( VETADO). § 5º Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional. § 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas para as sociedades limitadas. Questão 10 – XIX EXAME Xerxes constituiu uma Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) com sede na zona rural do município de Vale Real para fabricação de laticínios, cuja matéria prima será adquirida de produtores rurais da região ou de cooperativas de produtores rurais. A pessoa jurídica será administrada por sua cunhada Ceres e seu instituidor pretende adotar como nome empresarial a espéciedenominação.Com base nessas informações e na disciplina legal da EIRELI, assinale a afirmativa correta. A) A administração da EIRELI deverá ser exercida em caráter privativo por Xerxes, que poderá designar mandatário em ato separado. B) Para a constituição da EIRELI não há capital mínimo, no entanto esse deve estar previamente integralizado.C) A EIRELI em questão adquire personalidade jurídica com a inscrição do ato de constituição no Registro Público de Empresas Mercantis, a cargo das Juntas Comerciais. D) A EIRELI deverá adotar firma como espécie de nome empresarial, formada pelo patronímico do titular, acrescido do objeto da empresa e da expressão ―EIRELI‖. Questão 11 - XV EXAME Almino José consultou seu advogado com o intuito de constituir uma Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI.Com base na legislação aplicável à EIRELI, assinale a opção que apresenta a resposta correta dada pelo advogado. A) O administrador da EIRELI deverá ser nomeado no ato constitutivo e será apenas o sócio, seu cônjuge ou parente até o 3º grau dessas pessoas. B) O ato constitutivo da EIRELI deverá ser arquivado no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, independentemente do objeto. C) As deliberações infringentes da lei que Almino José vier a tomar acarretarão sua responsabilidade ilimitada pelas obrigações da pessoa jurídica. D) Caso a receita bruta anual da EIRELI seja inferior a R$100.000,00 (cem mil reais), será possível enquadrá-la microempreendedor individual (MEI). Questão 12 - VIII EXAME OAB 21 José decidiu constituir uma Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) para atuar no município―X‖ e consultou um advogado para obter esclarecimentos sobre a administração da EIRELI. Assinale a alternativa que apresenta a informação correta dada pelo advogado. A) A designação de administrador não sócio depende do voto favorável de 2/3 (dois terços) do capital social, se este não estiver integralizado. B) A administração atribuída pelo contrato a qualquer dos sócios da EIRELI não se estende de pleno direito aos que posteriormente adquirirem essa qualidade. C) O administrador da EIRELI, seja o próprio instituidor ou terceiro, responde por culpa no desempenho de suas atribuições perante terceiros prejudicados. D) O titular da EIRELI poderá usar a firma ou denominação, sendo vedado seu uso pelo terceiro, ainda que seja designado administrador. Questão 13 - X EXAME OAB José da Silva constituiu uma Empresa Individual de Responsabilidade Limitada com a seguinte denominação – Solução Rápida Informática EIRELI. No ato de constituição foi nomeada como única administradora sua irmã, Maria Rosa. A pessoa jurídica celebrou um contrato de prestação de serviços e nesse documento José da Silva assinou como administrador e representante da EIRELI. Com base na situação hipotética apresentada, responda aos itens a seguir. A) Foi correto o uso do nome empresarial por Jose na situação descrita no enunciado? Justifique e dê amparo legal. B) Na omissão do ato constitutivo, Maria Rosa, na condição de administradora, poderia outorgar procuração em nome da pessoa jurídica a José da Silva? Por quê? Justifique e dê amparo legal. QUESTÃO 14 – IX EXAME OAB Maria, cozinheira, tem como fonte de renda a produção e venda de refeições para os moradores de seu bairro. Para a produção das refeições, Maria precisa comprar grande quantidade de alimentos e, por vezes, para tanto, necessita contrair empréstimos. Com o dinheiro que economizou ao longo de anos de trabalho, Maria montou uma cozinha industrial em um galpão que comprou em seu nome, avaliada em R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). Maria também acabou de adquirir sua casa própria e está preocupada em separar a sua atividade empresarial, exercida no galpão, de seu patrimônio pessoal. Nesse sentido, com base na legislação pertinente, responda, de forma fundamentada, aos itens a seguir. A) Qual seria o instituto jurídico mais adequado a ser constituído por Maria para o exercício de sua atividade empresarial de modo a garantir a separação patrimonial sem, no entanto, associar-se a ninguém? B) Como Maria poderia realizar a referida divisão? Questão 15 - XIX EXAME OAB Ricardo constituiu uma Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) com o capital mínimo legal e procedeu ao arquivamento do ato constitutivo na Junta Comercial. Nove meses após a constituição, o instituidor decidiu dobrar o valor do capital para atender às exigências de um edital de licitação. Para tanto, fez uma declaração de aumento do capital e deu publicidade no registro de títulos e documentos. O ato constitutivo da EIRELI não foi alterado porque, segundo Ricardo, tal procedimento é obrigatório apenas para contratos plurilaterais e, como a EIRELI não tem contrato e sim ato unilateral de constituição, a forma por ele adotada foi correta. Ricardo 22 também pretende associar seu irmão Hélio à sua quota única, estabelecendo um condomínio entre eles, já que a quota é indivisa. Com base no caso apresentado, responda aos itens a seguir. A) O aumento do capital social da EIRELI pode ser realizado independentemente de alteração do ato de constituição? (Valor: 0,50) B) É possível acatar a solução proposta por Ricardo de associar Hélio à sua quota? (Valor: 0,75) IX – SOCIEDADES Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. CONCEITO ―Celebram sociedade comercial as pessoas que mutuamente se obrigam a combinar seus esforços ou recursos, para lograr fins comuns de natureza comercial‖. Acreditamos que o conceito legal não merecer censura, podendo-se, pois, destacar na formação de qualquer conceito de sociedade alguns elementos , quais sejam: (a) a existência de duas ou mais pessoas; (b) reunião de capital e trabalho (fatores de produção); (c) atividade econômica (em oposição a atividades de mero gozo, ou filantrópicas); (d) fins comuns (inerentes ao exercício da atividade por várias pessoas em conjunto); (e) partilha dos resultados (decorrência do exercício comum). Não incluímos a personificação da sociedade, por acreditarmos que não se trata de um elemento necessário a todas as sociedades, haja vista a existência de sociedades de fato, ora chamadas sociedades em comum. (TOMAZETE, 2018, 230) NATUREZA CONTRATUAL O contrato é o elemento principal para a formação de uma sociedade, onde as pessoas se obrigam reciprocamente a contribuir com bens ou serviços para o exercício da atividade econômica. Contrato significa o acordo de duas ou mais partes para constituir, regular ou extinguir entre elas uma relação jurídica de direito patrimonial; destaca-se que excepcionalmente é permitido a unipessoalidade no direito societário brasileiro; Há sociedades personalizadas e as não-personalizadas; 23 Observação: Rubens Requião adota a ideia de que as sociedades não possuem natureza contratual, mas sim, de pessoa jurídica (REQUIÃO, 2013, p. 449-468); TERMINOLOGIA As pessoas jurídicas de direito privado constituídas exclusivamente com recursos particulares podem assumir três formas diferentes: fundação, associação ou sociedade. O traço característico destas duas últimas é a união de esforços para realização de fins comuns. Se esses fins são econômicos, a pessoa jurídica é uma sociedade. A fundação se diferencia das duas outras formas porque não é resultante da união de esforços pessoais para realização de fins comuns, mas da afetação de um patrimônio a determinadas finalidades, reputadas relevantes pelo instituidor. (COELHO, 2011, 31) Associação: ―ao contrário de alguns juristas pátrios, pensamos que dos textos da lei se pode estabelecer uma exata nomenclatura, destinando o uso da palavra associação para entidades de fins não econômicos [...]‖ (REQUIÃO, 2013, p. 438); Sociedade: ―nessa ordem de pensamento destinaríamos a palavra sociedade para designar a entidade constituída por várias pessoas, com objetivos econômicos‖ (REQUIÃO,2013, p. 439); X – PERSONALIDADE JURÍDICA Personalidade jurídica é a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações. Não é a simples condição de sujeito de direito que caracteriza a personalidade, mas a aptidão genérica para tanto, uma vez que os entes despersonalizados também podem praticar atos jurídicos, também são sujeitos de direitos, mas só podem fazer o essencial ao cumprimento de sua função ou o expressamente autorizado. (...) Ao se exercer a atividade empresarial por meio de uma pessoa jurídica, cria-se um centro autônomo de interesses em relação às pessoas que lhe deram origem, de modo que a estas não são imputados as conduta, os direitos e os deveres da pessoa jurídica. (TOMAZETE, 2018, 250-251) INÍCIO DA PESSOA JURÍDICA 24 Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150). TEORIAS SOBRE A NATUREZA DA PERSONALIDADE JURÍDICA o Teoria Individualista (Rudolf von Ihering) o Teoria da Ficção (Savigny) o Teoria da Vontade o Teoria do patrimônio de afetação o Teoria da Instituição (Maurice Hauriou) o Teoria da Realidade Objetiva ou Orgânica A par das teorias que negavam a existência da pessoa jurídica, ou a consideravam uma ficção, desenvolve-se uma teoria que considera a pessoa jurídica uma realidade, realidade esta que preexiste à lei. Nas pessoas jurídicas, haveria uma vontade individualizada, própria, e onde há vontade há direito, e onde há direito há u sujeito de direitos. (...) Tal concepção representou u passo fundamental no desenvolvimento da pessoa jurídica, ao reconhecer a realidade inerente a tais entes. Todavia, tal concepção é falha, quando identifica a vontade da pessoa moral com a da pessoa física. Há se dúvida uma realidade, mas não uma realidade orgânica que é inerente exclusivamente aos seres humanos. (TOMAZETE, 2018, 256) o Teoria da Realidade Técnica Com efeito, as pessoas jurídicas são realidades reconhecidas pelo direito, este não cria a pessoas jurídicas do nada, mas a partir de uma realidade que não se confunde com a realidade das pessoas humanas. O direito não considera apenas a realidade vulgar, levando e conta outros fatores, tanto que reconhece a personalidade independente de um suporte biológico. (TOMAZETE, 2018, 257) ―A pessoa jurídica é uma realidade, mas uma realidade do mundo jurídico, não da vida sensível‖ (FERRARA apud TOMAZETE, 2018, 256). A sociedade é um fictício , no sentido de não possuir uma existência tangível, e por isso depende da interveniência de seres humanos para praticar atos da vida concreta. (...) Tratando-se de um ente personificado, a sociedade é dotada da chamada capacidade de direito, entendida coo aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações, a par dos direitos e obrigações dos seus membros. Para exercer seus direitos e obrigações a sociedade deve praticar os mesmos atos que um ser humano praticaria, e para tanto necessita dos chamados órgãos. (...) A expressão órgão é preferível, uma vez que este recebe seus poderes do http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art45 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1150 25 próprio estatuto da pessoa jurídica e nela está integrado. Quando o órgão age, que age é a pessoa jurídica. Por meio do órgão se faz presente a vontade da pessoa jurídica, daí se falar que o órgão é o presentante da pessoa jurídica, e não seu representante. (TOMAZETE, 2018, 258) São as sociedades que possuem personalidade jurídica própria; Pessoa jurídica é pessoa só no universo jurídico. Resulta de uma ficção pragmática necessária que atribui personalidade e regime jurídicos próprios a entes coletivos, tendo em vista a persecução de determinados fins. [...] A sociedade empresária como pessoa jurídica é sujeito de direito e poderá, em virtude dessa atribuição legal, praticar atos jurídicos não vedados por lei. Seus sócios manterão relações jurídicas entre si e com a nova pessoa que produziram. Perante terceiros é a sociedade que, com capacidade própria, negociará. Responderá, com seu patrimônio próprio, pelos encargos que contrair, e poderá estar em juízo. A sociedade é núcleo de atribuições jurídicas com regime de existência próprio. Tem vida própria e vontade real. (FAZZIO JUNIOR, 2011, p. 113) Adquire-se a personalidade jurídica com o registro no seu órgão competente: Sociedade empresária? Sociedade Simples? OAB? Cooperativa? Consequências da obtenção da personalidade jurídica: Titularidade negocial: ―quando um sócio atua no mundo dos negócios, representando uma sociedade empresária, é esta quem celebra os negócios jurídicos, já que o sujeito de direito autônomo, em relação ao sócio, quer dizer, pessoa.‖ (FAZZIO JUNIOR, 2011, p. 114) Titularidade processual: ―a pessoa jurídica é capaz de titularizar, ativa e passivamente, ações em juízo; pode ser parte em sentido processual;‖ (FAZZIO JUNIOR, 2011, p. 114) Autonomia patrimonial: ―dotada de patrimônio próprio e inconfundível com os dos sócios, a sociedade responde, com ele, pelas obrigações que assumir ou que os sócios assumirem em nome dela; ‖ (FAZZIO JUNIOR, 2011, p. 114) DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 26 A desconsideração é, pois, a forma de adequar a pessoa jurídica aos fins para os quais ela foi criada, vale dizer, é a forma de limitar e coibir o uso indevido deste privilégio que é a pessoa jurídica, vale dizer, é uma forma de reconhecer a relatividade da personalidade jurídica das sociedades. Este privilégio só se justifica quando a pessoa jurídica é usada adequadamente, o desvio de função faz com que deixe de existir razão para separação patrimonial. (...) Assim, os sócios ficam inibidos de praticar atos que desvirtue a função da pessoa jurídica, pois caso o façam não estarão sob o amparo da autonomia patrimonial. Há de se ressaltar que não se destrói a pessoa jurídica, que continua a existir, sendo desconsiderada apenas no caso concreto. Trata-se, porém, de medida excepcionalíssima, vale dizer, a regra é que prevaleça a autonomia patrimonial, sendo uma exceção a desconsideração. (TOMAZETE, 2018, 266) o TEORIA MAIOR DA DESCONSIDERAÇÃO ―Para a chamada teoria maior da desconsideração, não basta o descumprimento de uma obrigação por parte da pessoa jurídica, é necessário que tal descumprimento decorra do desvirtuamento da sua função‖. (TOMAZETE, 2018, 272) Teoria Maior Subjetiva ―(...) o pressuposto fundamental da desconsideração é o desvio da função da pessoa jurídica, que se constata na fraude e no abuso de direitos relativos à autonomia patrimonial (...)‖(TOMAZETE, 2018, 273) Teoria Maior Objetiva ―(...) entendendo que é a confusão patrimonial o requisito primordial da desconsideração (...)‖ (TOMAZETE, 2018, 273) o TEORIA MENOR DA DESCONSIDERAÇÃO Fabio Ulhoa Coelho ressalta a existência de uma linha de entendimento, que afirma que não há requisitos específicos para a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica. Essa teoria, chamada de teoria menor, afirma que basta o não pagamento de um crédito para se aplicar a desconsideração da personalidade jurídica. (COELHO apud TOMAZETE, 2018, 274). 27 O STJ já afirmou que a teoria menor da desconsideração, acolhida em nosso ordenamento jurídico excepcionalmente no Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. (STJ apud TOMAZETE, 2018, 274) o HIPÓTESES DE DESCONSIDERAÇÃO Código Civil (art. 50) Defesa do Consumidor (art. 28 do CDC) Direito do Trabalho Direito Tributário (Art. 124, I, CTN) Direito Econômico(Lei 12.529/2011) Direito Ambiental (Lei 9.605/98) Sistema de Distribuição de Combustível (Lei 9.847/99) Licitações o RESPONSABILIZAÇÃO Sócio e/ou gestor Salvo melhor juízo, entendemos que meras participações societárias, pouco representativas em relação ao capital social, sem poder de controle, sem poder de administração e sem que tenham participado dos atos considerados excessivos ou abusivos como fator determinante da desconsideração da personalidade jurídica, seus detentores, meros investidores, não podem ser alcançados e muito menos responsabilizados pelos atos de outrem. (BRUSCHI apud TOMAZETE, 2018, 303) STJ já se posicionou dessa forma e no sentido de responsabilizar o sócio independentemente de sua participação; o ASPECTOS PROCESSUAIS Petição própria por via do incidente de desconsideração da personalidade jurídica ou na própria ação de conhecimento (arts. 133 a 137 do CPC); Possibilidade das tutelas de urgência; XI - CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES 28 Quanto ao objeto: Sociedade Empresária Sociedade Simples Duas são as espécies de sociedade no direito brasileiro, a simples e a empresária. A sociedade simples explora atividades econômicas sem empresarialidade (um escritório dedicado à prestação de serviços de arquitetura, por exemplo) e a sua disciplina jurídica se aplica subsidiariamente à das sociedades empresárias contratuais e às cooperativas. A sociedade empresária, por sua vez, é a que explora empresa, ou seja, desenvolve atividade econômica de produção ou circulação de bens ou serviços, normalmente sob a forma de sociedade limitada ou anônima. (COELHO, 2011, p. 31-32) Identifica-se como sociedade empresária a pessoa jurídica de direito privado, implementada por um contrato, cujo objeto social é a exploração de atividade empresarial, ou que, independentemente de seu objeto, adota a forma societária por ações. (FAZZIO JÚNIOR, 2011, P. 110) Como definir se é sociedade empresária ou sociedade simples? Primeiro critério: definido pelo legislador, não importa qual o tipo de atividade desempenhada – exemplo: cooperativa sempre será sociedade simples; sociedades por ações serão sempre empresárias; Segundo critério: analisar o objeto social: O art. 982, parágrafo único menciona que as sociedades por ações somente poderão ser empresárias e que as cooperativas serão sociedades simples; O art. 983 dispõe que as sociedades simples poderão adotar qualquer uma das formas previstas no Código Civil, desde que não proibidas, ou ainda, não utilizar nenhuma das formas disciplinadas, caso em que serão reguladas pelas disposições gerais das sociedades simples; São cinco os tipos de sociedades empresárias: nome coletivo, comandita simples, comandita por ações, anônima e limitada (o Código Civil de 2002 29 aboliu a ―sociedade de capital e indústria‖ como um tipo de sociedade empresária). No direito brasileiro, os empreendedores não podem associar-se sob a forma de sociedade a não ser por meio de um destes tipos, descritos em lei. (COELHO, 2011, P. 41) Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias. Parágrafo único. Ressalvam-se as disposições concernentes à sociedade em conta de participação e à cooperativa, bem como as constantes de leis especiais que, para o exercício de certas atividades, imponham a constituição da sociedade segundo determinado tipo. Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresária, pode, com as formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária. Parágrafo único. Embora já constituída a sociedade segundo um daqueles tipos, o pedido de inscrição se subordinará, no que for aplicável, às normas que regem a transformação. Quanto ao tipo de responsabilidade dos sócios Responsabilidade Ilimitada: são as sociedades irregulares e as sociedades em nome coletivo; Responsabilidade Limitada: sociedade limitada e sociedade anônima; Mistas: sociedade em comandita; sociedade em conta de participação; Quanto ao regime de constituição Contratuais Institucionais Quanto à forma de constituição ou estrutura econômica (REQUIÃO, 2013, p. 444) De pessoas: ―constituídas em função da qualidade pessoal dos sócios‖; De capital: ―constituídas tendo atenção preponderante o capital social‖; Mistas Quanto à nacionalidade Nacionais (ART. 1126 e ss) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1.039 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art968 30 Estrangeiras (arts. 134 e ss.) XII - SOCIEDADES NÃO-PERSONIFICADAS São as que não possuem personalidade jurídica; Podem ter registros, mas os mesmos não ocorrem na Junta Comercial, nem no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas e nem na OAB, os registros podem ocorrer no Cartório de Títulos e Documentos ou Cartório de Imóveis; Não possuem nome empresarial; Tipos de sociedades não-personalizadas: a) Sociedade em Comum (art. 986 a 990) É aquela enquanto os atos constitutivos não forem registrados na Junta Comercial ou no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas; salvo as sociedades por ações que sempre serão regidas pela Lei 6404/76; O traço fundamental de uma sociedade comum é a ausência de personalidade jurídica, pelo não cumprimento das solenidades legais exigidas para sua aquisição. E função disso, não se reconhece a sociedade em comum como um sujeito autônomo de direitos e obrigações, a quem possa ser imputa a atividade exercida, não se reconhecendo, por conseguinte, os atributos inerentes à personificação. (TOMAZETE, 2018, 325) É a sociedade irregular ou de fato; A consequência é a responsabilidade ilimitada (responde pelo valor da dívida) e solidária (respondem ―igual‖) dos sócios (art. 990); Patrimônio Especial (art. 988): bens dos sócios destinados para o exercício da atividade empresária; Assim, por não se tratar de uma pessoa, não há que se cogitar de autonomia patrimonial, isto é, a sociedade em comum não possui patrimônio. Desse modo, o conjunto de bens organizados posto à disposição do exercício da atividade empresarial é um patrimônio especial que pertence aos sócios em condomínio (art. 988). (TOMAZETE, 2018, 325) A solidariedade dos sócios só é aplicada após acionado o patrimônio especial; Exclusão do benefício de ordem (art. 1024): quando um sócio contrata com terceiro, este responderá de forma direta, concorrentemente com o patrimônio especial; 31 Sociedade em Comum pode sofrer falência, mas não pode pedir recuperação de empresas (registro imprescindível); Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples. Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo. Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qualos sócios são titulares em comum. Art. 989. Os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer dos sócios, salvo pacto expresso limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra o terceiro que o conheça ou deva conhecer. Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade. b) Sociedade em Conta de Participação (art. 991-996, CC) É uma sociedade que não possui personalidade jurídica, existindo uma sociedade apenas entre os sócios, mas não perante terceiros; O contrato entre as partes pode ser registrado, mas não será na Junta Comercial e no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas; Independente de registro estas sociedades não adquirem personalidade jurídica; Possui duas categorias de sócios: Sócio ostensivo = é o único que exerce o objeto social, que administra, que responde perante terceiros, que tem responsabilidade exclusiva e ilimitada e age em seu nome próprio: Sócio participante (oculto) = é aquele que não realiza o objeto social, apenas participa dos resultados da sociedade; não pode administrar, não responde perante terceiros; É curiosa a sociedade em conta de participação. Não tem razão social ou firma; não se revela publicamente, em face de terceiros; não terá patrimônio, pois os fundos do sócio oculto são entregues, fiduciariamente, ao sócio ostensivo que os aplica como seus, pois passam a integrar o seu patrimônio. O Código Civil considera a contribuição do sócio participante, bem como a do sócio ostensivo, um patrimônio especial, sendo que essa especialização patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios (art. 994). A sociedade não é irregular, mas regular, por força de lei, embora não possua personalidade jurídica. Não será clandestina ou secreta, podendo os sócios divulgar sua existência se não forem impedidos pelo contrato. (REQUIÃO, 2013, p. 513) 32 Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes. Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão-somente o sócio ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social. Art. 992. A constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito. Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade. Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigações em que intervier. Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa aos negócios sociais. § 1o A especialização patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios. § 2o A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário. § 3o Falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito às normas que regulam os efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido. Art. 995. Salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode admitir novo sócio sem o consentimento expresso dos demais. Art. 996. Aplica-se à sociedade em conta de participação, subsidiariamente e no que com ela for compatível, o disposto para a sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelas normas relativas à prestação de contas, na forma da lei processual. Parágrafo único. Havendo mais de um sócio ostensivo, as respectivas contas serão prestadas e julgadas no mesmo processo. QUESTÃO 16 - XIV EXAME OAB Mariana, Januária e Cristina decidiram constituir uma sociedade em conta de participação, sendo a primeira sócia ostensiva e as demais sócias participantes. Sobre o caso apresentado, de acordo com as disposições do Código Civil, assinale a opção correta. A) É vedada a participação de mais de um sócio ostensivo na sociedade em conta de participação; logo, as demais sócias não poderão ter a qualidade de sócio ostensivo. B) As sócias participantes Januária e Cristina poderão fiscalizar a gestão dos negócios sociais pela sócia ostensiva Mariana. C) A sociedade em conta de participação deverá adotar como nome empresarial firma social, da qual deverá fazer parte a sócia ostensiva. D) A sociedade somente poderá existir se o contrato não estiver inscrito em qualquer registro, pois é uma sociedade não personificada. QUESTÃO 17 - VIII EXAME OAB A respeito do sócio ostensivo da sociedade em conta de participação, assinale a afirmativa correta. A) É também chamado de sócio oculto. 33 B) É o único responsável pela atividade constitutiva do objeto social. C) É o novo sócio admitido, mesmo que sem o consentimento dos demais, quando a sociedade necessitar de um aporte de capital. D) É o único sócio ostensivo da sociedade, vedada a pluralidade de sócios dessa natureza. QUESTÃO 18 - VII EXAME OAB Em relação à Sociedade em Conta de Participação NÃO é correto afirmar que A) é uma sociedade empresária personificada e de pessoas. B) a atividade constitutiva do objeto social deve ser exercida unicamente pelo sócio ostensivo. C) o contrato social produz efeito somente entre os sócios. D) as contribuições dos sócios participante e ostensivo constituem patrimônio especial. XII - SOCIEDADES PERSONIFICADAS A) SOCIEDADE SIMPLES PURA (TEORIA GERAL DAS SOCIEDADES) São as disposições expressas no Título que se referem às sociedades simples, visto sua aplicação subsidiária aos demais tipos societários contratuais; o CONSTITUIÇÃO DA SOCIEDADE CONTRATUAL 1 – REQUISITOS DE VALIDADE a) Agente capaz Menor pode ser sócio? A participação de menor em sociedade empresaria, desde a edição do Código Comercial (1850), foi tema muito controvertido na doutrina e na jurisprudência. A questão foi levada ao STF, em 1976, com o julgamento do RE n.º 82.433-SP cujo relator foi o min. Xavier de Albuquerque, assim ementado: ―Sociedade por quotas de responsabilidade limitada. Participação de menores, com capital integralizado e sem poderes de gerencia e administração com cotistas. Admissibilidade reconhecida, sem ofensa ao art. 1 do Código Comercial. Recurso Extraordinário não conhecido‖. (RE 82433/SP. Rel: Min. Xavier de Albuquerque — Tribunal Pleno — Julg: 26/05/1976 — DJ 08-07- 1976). Tal decisão deu origem a possibilidade de arquivamento do contrato social da sociedade que tem como sócio um menor, motivando o DNRC a expedir o Oficio-circular n.º 22 em 1976, e, posteriormente a edição da Instrução Normativa n.º 29 em 1991. 1 http://direitorio.fgv.br/sites/direitorio.fgv.br/files/Teoria%20Geral%20da%20Empresa%202013.1.pdf 1 http://direitorio.fgv.br/sites/direitorio.fgv.br/files/Teoria%20Geral%20da%20Empresa%202013.1.pdf 34 A Lei 12.399, de 1˚ de abril de 2011, regulamenta a matéria: Art. 974.(...) § 3º O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: I — o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; II — o capital social deve ser totalmente integralizado; III — o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes
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