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PROCEDIMENTOS ESPECIAIS – Processo penal I – PROCEDIMENTO ESPECIAL DA LEI DE DROGAS (LEI 11.343/06) Se o crime da lei de drogas for de menor potencial ofensivo, aplica-se o procedimento sumaríssimo da Lei 9.099/95. 1 – FLAGRANTE Para que seja lavrado o auto de prisão em flagrante, é necessário que a materialidade seja demonstrada por um lado de constatação da natureza e da quantidade de drogas, elaborado por um perito oficial ou, na sua falta, por uma pessoa idônea. O STJ já entendeu que é dispensável a elaboração de um laudo definitivo para a comprovação da materialidade (AgRg no AREsp 1.578.818). 2 – PRAZO DO INQUÉRITO – ARTIGO 51 É de 30 dias para o réu preso e 90 dias para o solto, prazos esses que podem ser duplicados pelo juiz, a pedido da autoridade policial, ouvindo o MP. OBS: Diferença em relação ao artigo 10, do CPP. 3 – PRAZO PARA A DENÚNCIA É de 10 dias, a partir do recebimento do inquérito finalizado. OBS: Diferença em relação ao artigo 46, do CPP. 4 – TESTEMUNHAS O número máximo de testemunhas neste procedimento especial é de 05. Diferente do procedimento comum ordinário que são até 08 – sumário tem o máximo de 05 também. 5 – DEFESA PRÉVIA OU PRELIMINAR – ART. 55 Oferecida a denúncia, antes de fazer o juízo de recebimento, o juiz manda notificar o denunciado/denunciada para apresentar essa resposta. O prazo é de 10 dias. Segundo o artigo 56, da Lei de Drogas, entende-se que, nesse procedimento especial, não teria cabimento a resposta à acusação, já que a previsão é de que, recebida a denúncia, deve ser designada a audiência. Todavia, há entendimento, também, no sentido de que, nos termos do artigo 394, §4º, do CPP, a fase de resposta à acusação e absolvição sumária deveria ser aplicada igualmente nesse procedimento especial. O STJ entende que, possibilitada a defesa, seja no momento preliminar, seja como resposta à acusação, está garantida a ampla defesa, não havendo nulidade no processo, sendo possível, ainda, que se assegure a defesa em ambos os momentos. 6 – INTERROGATÓRIO – ART. 57 Segundo a previsão da lei especial, entende-se que o interrogatório seria o ato inicial da instrução. No entanto, o STF decidiu que, em respeito à ampla defesa, o interrogatório deve ser o último ato da instrução, mesmo que haja previsão em sentido diverso em lei especial. II – PROCEDIMENTO ESPECIAL DOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO – ARTIGOS 513 A 518, DO CPP Aplica-se aos crimes dos artigos 312 a 326, do CP – são crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral. Se não for mais funcionário público, não se aplica o procedimento especial (STJ, RHC 63624). Existe o entendimento de que, no caso de concurso de agentes envolvendo um particular, o procedimento especial só se aplica ao funcionário público. OBS: Se o crime for de menor potencial ofensivo, não se aplica o procedimento especial, diante da prevalência do procedimento sumaríssimo perante o JECRIM (Lei 9099/95). 1 – DEFESA PRELIMINAR – ART. 514, DO CPP Todos os crimes em questão são, atualmente, afiançáveis. Oferecida a denúncia, antes de fazer o juízo de recebimento, o juiz determina a notificação do denunciado/ denunciada para apresentar essa defesa preliminar. O prazo é de 15 dias. Os entendimentos sobre a defesa preliminar vs resposta à acusação são similares aos da Lei de Drogas. Súmula 330, do STJ – essa defesa preliminar é dispensável se a denúncia tiver por base um inquérito policial. Para o STF, a ausência dessa defesa gera nulidade, mesmo no caso em que houver inquérito policial (RHC 159.674). III – PROCEDIMENTO ESPECIAL DOS CRIMES CONTRA A HONRA – ARTIGOS 519 A 523 DO CPP É aplicável para os crimes de calúnia, difamação e injúria (artigos 138 a 140, do CP). Se forem crimes de menor potencial ofensivo, índice o procedimento sumaríssimo perante o JECRIM da Lei 9.099/95. 1 – AUDIÊNCIA PRELIMINAR DE CONCILIAÇÃO Nos termos do artigo 520, do CPP, antes de realizar o juízo de recebimento da queixa, o juiz deve designar essa audiência – segundo o artigo, o juiz ouve as partes separadamente e, depois, entendendo ser o caso, promove o entendimento entre elas (artigo 521, do CPP). Havendo conciliação, ocorre a desistência da ação penal por parte da vítima, acarretando a extinção da punibilidade, com o arquivamento do feito. Se não houver acordo, o juiz segue com o juízo de recebimento da queixa. OBS: no caso de ausência do autor dos fatos, há entendimento de que ele poderia ser conduzido coercitivamente para a audiência; de outro lado, há, também, entendimento de que o processo seguiria normalmente, sem a possibilidade de conciliação. Se a vítima não comparece, há entendimento de que ocorre a perempção (entendimento criticado, pois ainda não há processo). O STJ entende que o juiz pode deixar de designar a audiência se verificar, desde logo, que é o caso de rejeição da queixa (AgRg no AREsp 484371). O STJ entende também pela constitucionalidade da oitiva das partes sem advogado (REsp 631596). 2 – EXCEÇÃO DA VERDADE – ART. 523, DO CPP Como regra, é cabível no crime de calúnia - (exceções no §3º, do artigo 138, do CP). Na difamação, como regra, não é cabível, exceto no caso do artigo 139, parágrafo único, do CP, se envolver funcionário público no exercício da função. Na injúria não se admite exceção da verdade. Apresentada a exceção da verdade, o querelante terá 02 dias para manifestar-se a respeito. Como regra, o julgamento da ação e da exceção é conjunto, iniciando-se pela exceção. III – PROCEDIMENTO ESPECIAL DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL – ARTIGOS 524 A 530, INCISO I, DO CPP É cabível para os crimes do artigo 184, do CP e artigos 183 a 195 da Lei de Propriedade Industrial (Lei 9279/96). 1 – PARA OS CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA Deve ser requerida uma medida prévia de busca e apreensão, com a elaboração de laudo pericial, por dois peritos. O laudo deve ser homologado pelo juiz para acompanhar a queixa-crime. Os artigos 529 e 530, do CPP trazem o prazo para oferecimento da queixa a partir da homologação do laudo. 2 – PARA OS CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA A própria autoridade policial pode apreender os bens envolvidos e, sob os quais será realizada a perícia por um perito oficia. Neste caso, de ação penal pública, não se exige a homologação do laudo pelo juiz. Súmula 574, do STJ – a perícia pode ser feita por amostragem, a despeito do que prevê o artigo 530-D, do CPP. As associações de direitos autorais poderão atuar como assistente de acusação nos casos de violação a direitos de um de seus associados (artigo 530-H, do CPP).
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