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Volume 12 Biologia 23 24 Sumário Desequilíbrios ecológicos e conservação ambiental ................................................. 4 Poluição do ar ................................................................................................ 5 Poluição da água e do solo ............................................................................. 13 Biologia da Conservação ................................................................................ 19 Evolução biológica .................................... 30 Pensamento evolucionista ............................................................................. 31 Seleção natural e adaptação .......................................................................... 37 Evidências do processo evolutivo ................................................................... 46 Genética populacional ................................................................................... 55 O projeto gráfico atende aos objetivos da coleção de diversas formas. As ilustrações, os diagramas e as figuras contribuem para a construção correta dos conceitos e estimulam o envolvimento com os temas de estudo. Assim, fique atento aos seguintes ícones: Fora de escala numéricaFormas em proporçãoColoração artificial Imagem ampliadaImagem microscópicaColoração semelhante ao natural Representação artísticaEscala numéricaFora de proporção Acesse o livro digital e conheça os objetos digitais e slides deste volume. Desequilíbrios ecoló gicos e conservação amb iental Ponto de partida 23 Os seres humanos interagem continuamente com o ambiente, a fim de garantir sua sobrevivência. Contudo, essa interação tem se mostrado desafiadora, uma vez que é necessário utilizar os recursos naturais de forma racional, promovendo a qualidade de vida e o desenvolvimento econômico e garantindo a preservação do ambiente. 1. De que maneira as atividades humanas podem impactar no equilíbrio ecológico dos ecossistemas e na disponi- bilidade de recursos naturais? 2. Quais seriam as formas de garantir o desenvolvimento das atividades humanas reduzindo ao máximo os impac- tos ao ambiente? ©iStockphoto.com/Smithore 4 Objetivos da unidade: identificar as causas da poluição do ar, da água e do solo e as consequên- cias disso para a biosfera; reconhecer por que a conservação da biodi- versidade é imprescin- dível para a manutenção da vida na Terra; compreender as princi- pais formas de desen- volvimento sustentável e uso racional dos recur- sos naturais. Objetivos da unidade: Poluição do ar Considera-se que o ar é poluído quando apresenta, além de seus componentes normais, que são principalmente nitrogênio (N2) e oxi- gênio (O2), grande quantidade de outras substâncias, como monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx), óxidos de enxofre (SOx), hidrocarbonetos (CxHy) e partículas sólidas (carvão, amianto e metais). Essas substâncias responsáveis pela poluição atmosférica provêm, principalmente, de fontes energéticas não renováveis, sendo os com- bustíveis fósseis (petróleo e carvão mineral) os mais utilizados. Tais po- luentes são liberados na atmosfera sobretudo pela atividade de certas indústrias (como as siderúrgicas, petroquímicas, de cimento e papel), usinas termelétricas abastecidas com carvão, motores de explosão (principalmente diesel e gasolina), sistemas de aquecimento doméstico e queimadas. Além das diversas alterações ambientais, como as climá- ticas, a poluição atmosférica pode provocar danos à saúde humana e dos demais seres vivos. Com o objetivo de reduzir a quantidade de gases poluentes na atmosfera, di- versas indústrias e laboratórios vêm realizando pesquisas para o aperfeiçoamento de motores menos poluentes. Esses estudos visam, principalmente, aos sistemas de “queima” de combustíveis, buscando a melhor mistura ar-combustível e a tem- peratura ideal de combustão para que esta ocorra da forma mais completa possí- vel. Além disso, procura-se fazer com que os gases liberados passem por filtros com catalisadores, substâncias que provocam reações químicas para reduzir a presença de gases poluentes. Principais consequências da poluição do ar Entre os principais efeitos causados pelo aumento da poluição atmosférica, estão chuva ácida, branqueamento dos corais, aumento na incidência de doenças respiratórias, diminuição da diversidade vegetal e redução da quantidade de gelo nas calotas polares. • Chuva ácida: o excesso de enxofre (S) e óxido nitroso (N2O) presen- te na atmosfera combina-se com a água (H2O) formando ácidos, que aumentam a acidez da chuva. Ao precipitar-se, a água da chuva pode danificar as folhas dos vegetais e aumentar a acidez de solos e lagos, afetando os organismos que vivem nesses ambientes. • Branqueamento dos corais: a elevação da temperatura atmosférica, que pode provocar a elevação da temperatura dos oceanos, e o au- mento da acidez da água ameaçam diversas espécies que formam os recifes de corais, sobretudo as algas que vivem associadas a eles e são responsáveis por grande parte de sua co- loração. Sem as algas, os corais tornam-se claros (branqueamento dos corais), ficam sem alimento e morrem. Inclusive, algu- mas espécies de corais que só existem no litoral brasileiro estão bastante ameaça- das por esse processo. Como constituem locais de alimentação e reprodução de diversas espécies oceânicas, sua morte tem impacto negativo para outras espécies. © Sh ut te rs to ck /A lf Ri be iro © Sh ut te rs to ck /a cr o_ ph uk et Nas grandes cidades, os carros são os principais agentes lançadores de gases poluentes na atmosfera. Recife de coral com algumas espécies apresentando o processo de branqueamento Considera-se poluição toda alteração da natureza provocada por agentes físicos, químicos ou biológicos, deno- minados poluentes. 5 • Aumento na incidência de doenças respiratórias: a poluição atmosférica pode causar bronquite, rinite alérgica, asma e ou- tros problemas de saúde, tais como: irritação na pele, lacrima- ção exagerada, infecção nos olhos e ardência na mucosa da garganta. • Diminuição da diversidade vegetal: as plantas são extrema- mente sensíveis à poluição atmosférica. • Redução da quantidade de gelo nas calotas polares: a intensi- ficação do efeito estufa causada por gases poluentes pode pro- vocar o degelo das calotas polares, o que tem como principal consequência a elevação dos níveis de oceanos e mares. Isso pode causar extinção de espécies em decorrência da inunda- ção de hábitats específicos e de extensas regiões povoadas. ConexõesConexões Mesmo distantes das calotas polares, países tropicais como o Brasil têm sentido na fauna e na flora os impactos negativos do degelo no Atlântico Norte, consequência do aquecimento global. [...] No Brasil, o exemplo mais emblemático são os recifes de corais. “Em áreas tropicais, o aumento da temperatura do oceano afeta os corais e priva muitos outros habitantes de sua fonte de alimentos” [...]. As tartarugas, por exemplo, têm sua reprodução ameaçada pela variação na temperatura da areia. “Elas dependem da temperatura adequada para o processo de choca dos ovos. Isso interfere na quantidade de filhotes que conseguem nascer”, explica o biólogo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS) Denilson Cardoso. [...] O papagaio-de-cara-roxa, espécie endêmica do litoral sul do Brasil, está sob risco de extinção. Uma das causas do declínio da população da ave no Paraná se deve ao aumento do nível do mar, onde a espécie se concentra na Ilha Rasa, facilmente coberta na maré alta. “As águas internas da ilha já estão se tornando salobras, o que afeta as árvores que servem de ninhos naturais”, diz Cardoso. O papagaio faz seus ninhos em ocos de árvores. Para tentar preservar a espécie, a SPVS tem implantado ninhos artificiais na ilha. [...] Outros fenômenos provocados pelas mudanças climáticas podem provocar alterações no hábitat e ameaçar a sobrevivência deanimais. Tormentas e tornados, por exemplo, podem destruir hábitats e ni- nhos e interferir no sistema hídrico, impedindo gradativamente a reprodução das espécies. GONÇALVES, Juliana. Degelo polar penaliza fauna e flora mundial. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/degelo- polar-penaliza-fauna-e-flora-mundial-76s9kw1xht4lu2kukgt1zbx3i>. Acesso em: 31 ago. 2015. Intensificação do efeito estufa O efeito estufa garante uma temperatura atmosférica adequada para a manutenção da vida na Terra, evitando que toda a radiação solar retorne ao espaço. No entanto, o aumento da concentração de gases estufa (CO2, CH4, NO2 e CFCs) vem causando uma intensificação desse fenômeno, o que pode provocar maior retenção de calor na atmosfera, levando ao aquecimento global. © NA SA /G od da rd S ci en tif ic V isu al iza tio n St ud io 1980 2012 © N Imagens comparativas demonstrando a redução da área de cobertura de gelo no Oceano Ártico em 1980 e 2012 6 Volume 12 An ge la G ise li e D ivo . 2 01 2. D ig ita l. A maior concentração desses gases na atmosfera resulta, principalmente, da queima de combustíveis fósseis e da eliminação de metano (CH4) pelos rebanhos bovinos em todo o mundo – o Brasil apresenta o maior rebanho comercial de gado. O rebanho bovino representa a principal fonte de emissão de me- tano na atmosfera. Isso se deve ao fato de o alimento consumido pelos bois formar um caldo no rú- men (primeira parte do estômago desses animais), sendo digerido com o auxílio de micro-organis- mos. Esse processo gera gás me- tano, que é eliminado na atmosfera por meio da eructação (arroto), da eliminação de gases intestinais ou com a respiração. Cada animal pode liberar, aproximadamente, 60 kg de metano por ano. O grande problema é que, se comparado ao gás carbônico, o metano retém até 25 vezes mais calor na atmosfera, contribuindo para o efeito estufa. O processo de sequestro de carbono caracteriza-se pela remoção, de maneira natural, do gás carbônico da atmosfera. Essa remoção é realizada principalmente pelas florestas, que retêm o carbono em suas estruturas – sobretudo na madeira, na forma de celulose. O aquecimento global associado à excessiva retenção de calor gerada pela intensificação do efeito estufa não é um consenso entre os cientistas. Muitos defendem que esse aquecimento sempre existiu, sendo uma ocorrência natural, e não provocada pelo ser humano. Outros alegam que, durante toda a sua existência, o planeta Terra passou por pe- ríodos de aquecimento e de posterior resfriamento, e um dos fatores que influenciam nesse processo são os períodos glaciais e interglaciais. Para esses pesquisadores, a Terra estaria passando atualmente por um período interglacial, ou seja, de aquecimento natural. Contudo, sendo um fenômeno natural ou antrópico, sabe-se que a poluição do ar, da água e do solo deve ser reduzida para que se consiga manter a qualidade de vida em um planeta tão populoso. Assim, em 1997, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada no Japão, foi criado o Protocolo de Kyoto, que propôs medidas para a redução da emissão de gases de efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono. Por meio desse acordo, os países-membros, principalmente os desenvolvidos, teriam a obrigação de reduzir a emissão desses gases em, pelo menos, 5,2% (em relação aos níveis de 1990) até o ano de 2012. Uma das alternativas levantadas pelo Protocolo de Kyoto para diminuir a excessiva concentração de gases estufa consistia no aumento do sequestro de carbono da atmosfera. Para que isso fosse possível, os desmatamentos e as queimadas deveriam ser evitados e o consumo de combustíveis fósseis para a geração de energia teria de ser reduzido. Como estabelecia metas para a redu- ção da emissão de gases que intensificam o efeito estufa, com destaque para o CO2, a ratificação do Protocolo de Kyoto pelos países esbarrou na necessida- de de mudanças em suas matrizes energéticas. Os elevados custos recairiam, principalmente, sobre os países desenvolvidos, em especial os Estados Unidos, que não o ratificaram. Sem a adesão dos Estados Unidos e não conseguindo atingir as metas estabelecidas, o Protocolo de Kyoto foi pror- rogado durante a Conferência do Clima, realizada na cidade de Durban, na África do Sul, em dezembro de 2011. Desse modo, o texto conta com novo período de comprometimento, com prazo de 2013 a 2020. Na verdade, os países não conseguiram chegar a um acordo e adiaram a decisão sobre a definição das datas para atingir as metas de redução de gases de efeito estufa. afutse sesaG arefso mtA Mais gases estufa Mais calor escapa para o espaço Menos calor escapa para o espaço rolaC Calor irradiado Calor irradiadoultravioleta Radiação Pouco calor irradiado de volta para o planeta Muito calor irradiado de volta para o planeta Efeito estufa natural Efeito estufa intensificado Esquema ilustrativo da comparação entre o efeito estufa natural (à esquerda) e sua intensificação (à direita) provocada pelo aumento da concentração de gases estufa na atmosfera Biologia 7 Monóxido de carbono Gás inodoro e incolor produzido pela queima incompleta de combustíveis que, além de problemas ambientais, ocasiona efeitos nocivos à saúde humana quando inalado. Os sintomas provocados pelo monóxido de carbono (CO) variam muito de pessoa para pessoa, conforme a idade, o estado de saúde, a concentração e o tempo de exposição. Dependendo da quantidade de gás inalado, a pessoa pode apresentar perda de consciência e, em casos mais graves, pode ocorrer a morte por asfixia. Isso ocorre porque o CO combina-se, de maneira irreversível, com as moléculas de hemoglobina presentes no interior das hemácias, formando um composto estável denominado carboxiemoglobina. Assim, ao inspirar esse gás, a quantidade de hemoglobinas disponíveis para o transporte de O2 (oxiemoglobinas) sofre intensa redução e, conse- quentemente, menos O2 é transportado às células, que não conseguem realizar a respiração celular e produzir energia. Por isso, deve-se evitar permanecer em garagens ou estacionamentos com carros ligados, assim como instalar aquecedores a gás ou ficar próximo a fogareiros ou lareiras em ambientes sem ventilação, pois esses locais aprisionam o monóxido de carbono, fazendo com que atinja rapidamente níveis letais. Redução da camada de ozônio A camada atmosférica de ozônio situa-se entre 15 e 50 km de altitude, entre a troposfera e a estratosfera, e sua espessura é variável. A principal pro- priedade dessa camada é filtrar as radiações ultravioleta (UV) provenientes do Sol. Ao absorver as radiações ultravioleta, as moléculas de oxigênio (O2) libe- ram os dois átomos de oxigênio (O), que sofrem colisão com outras molécu- las de oxigênio, formando o gás ozônio (O3). Como é muito instável, o O3 é facilmente dissociado pela radiação ultravioleta em novas moléculas de O2 e átomos livres de oxigênio (O). Com essas reações, a camada de ozônio absor- ve grande parte da radiação UV, evitando que atinja a superfície do planeta e prejudique os seres vivos. Raios ultravioleta Ozônio O 3 Molécula de oxigênio Átomo de oxigênio livre Ozônio + + Molécula de oxigênio Átomo de oxigênio livre Ozônio Uma das mais importantes alterações ambientais ocorridas nas últimas décadas tem sido a redução da espessura da camada de ozônio. Diversas pesquisas, realizadas a partir de 1973, indicaram sua redução em vários países, como Suíça, Alemanha, Canadá, Chile e Brasil. No entanto, a maior redução foi observada em 1977, quando cientistas identi- ficaram a diminuição da espessura do ozônio sobre a Antártica, conhecida como “buraco” na camada de ozônio. A grande causa da diminuição dessa camada é a liberação de um grupo de compostos gasosos denominados clorofluorcarbonos (CFCs). Essas subs- tâncias eram intensamente utilizadas na fabricação de diversos produtos in- dustriais, comorefrigeradores, extintores de incêndio, condicionadores de ar, espumas polimétricas, propelentes de aerossóis e compressores de ar. Por isso, a utilização de gases à base de CFCs na fabricação desses produtos foi proibida. Representação esquemática da formação do gás ozônio na atmosfera terrestre Próximo ao solo, o ozônio perde sua função protetora e se transforma em um gás po- luente, podendo causar irritação nos olhos e, se inalado, reações inflamatórias. Por envolver moléculas de oxigênio presen- tes na atmosfera, a formação do gás ozônio e sua conversão novamente em O2 e oxigê- nio livre fazem parte do ciclo do oxigênio. Mais de 180 países assinaram o Protocolo de Montreal, acordo que institui a redução e a eliminação por completo do uso industrial de produtos que liberam CFCs. Ja ck A rt. 2 01 2. D ig ita l. 8 Volume 12 Ação dos CFCs Quando chegam à estratosfera, os gases à base de CFCs são desintegrados pelas radiações ultravioleta, libe- rando átomos de cloro. Observe, a seguir, a sequência de reações que ocorrem a partir de um clorofluorcarbono, cuja fórmula molecular é CF2Cℓ2. Raios UVCF2Cℓ2 ⎯⎯→ CF2Cℓ + Cℓ· Ao mesmo tempo, as radiações ultravioleta também realizam a degradação do ozônio formando O2 e O·, que se combinam novamente, reconstituindo o O3. Raios UVO3(g) ⎯⎯→ O2(g) + O· Raios UVO2(g) + O· ⎯⎯→ O3(g) O cloro livre, por sua vez, reage com o ozônio forman- do monóxido de cloro (CℓO·) e moléculas de oxigênio (O2). No entanto, o oxigênio molecular (O2) não apresenta a mesma propriedade do ozônio na proteção da superfí- cie terrestre contra os raios ultravioleta. Cℓ· + O3(g) → CℓO·(g) + O2(g) Em seguida, o monóxido de cloro reage com os áto- mos de oxigênio produzindo moléculas de O2 e átomos de cloro, que reiniciam o ciclo de degradação do ozônio. CℓO·(g) + O· → Cℓ· + O2(g) Com a proibição do uso dos CFCs, a tendência é que sua concentração na atmosfera diminua cada vez mais. Entre- tanto, esses gases ainda continuam presentes na atmosfera, provocando a redução da espessura da camada de ozônio e, consequentemente, a passagem de grande quantidade de radiações ultravioleta, o que causa graves consequên- cias aos seres vivos e aos ecossistemas, tais como: • queimaduras solares que podem gerar danos ao DNA, como mutações, ocasionando o câncer de pele em humanos e outros animais; • diminuição do fitoplâncton, alterando as teias ali- mentares marinhas; • alterações nos ciclos reprodutivos de diversas cul- turas agrícolas; • intensificação do efeito estufa, pois os gases constituídos de CFCs também contribuem para o aquecimento global. Chuvas ácidas Chuva ácida ou deposição ácida é a denominação dada à chuva, ou qualquer outra forma de precipitação atmosférica, cuja acidez seja abaixo de 5,5. Em decor- rência de sua grande capacidade de dissolução, a água que evapora dissolve gases presentes na atmosfera. Caso esses gases sejam dióxido de enxofre (SO2) ou monóxi- do de nitrogênio (NO), ocorre a formação de ácidos, que caem sobre a superfície terrestre com a chuva. Desse modo, a formação da chuva ácida pode ocorrer, principalmente, de duas maneiras. 1. O dióxido de enxofre lançado por usinas (termelé- tricas e refinarias de petróleo, por exemplo) reage com o oxigênio atmosférico, formando trióxido de enxofre. SO2(g) + 1/2 O2(g) → SO3(g) O trióxido de enxofre, por sua vez, reage com os vapores-d’água presentes na atmosfera, formando ácido sulfúrico (causador da chuva ácida). SO3(g) + H2O(v) → H2SO4(aq) 2. O monóxido de nitrogênio liberado por motores de combustão associa-se ao oxigênio atmosférico, for- mando dióxido de nitrogênio. 2 NO(g) + O2(g) → 2 NO2(g) O dióxido de nitrogênio reage com os vapores- -d’água presentes na atmosfera, formando ácido nítrico (causador da chuva ácida) e óxido nítrico. 3 NO2(g) + H2O(v) → 2 HNO3(aq) + NO Em virtude de o ar poluído contendo compostos de enxofre e nitrogênio ser transportado pelo vento, co- brindo distâncias entre 100 e 2 000 km, a chuva ácida é considerada uma forma de poluição que atravessa fron- teiras. Por exemplo, a causa mais provável da deposição ácida na Escandinávia foram ventos carregando nuvens com compostos de enxofre vindos da Alemanha e da Inglaterra; o Canadá recebe deposição ácida dos Estados Unidos; o Uruguai é afetado pela chuva ácida formada no Brasil pelo óxido de enxofre lançado na atmosfera por termelétricas. Biologia 9 A chuva ácida pode provocar graves impactos ao ambiente, tais como: • danificar as folhas das plantas, formando manchas ama- reladas e reduzindo sua capacidade de realizar fotossín- tese, o que faz com que produzam menos alimento e cresçam mais lentamente; • aumentar a acidez do solo, dificultando a absorção de nutrientes e água pelas raízes. A água ácida também dis- solve os principais nutrientes do solo, podendo desen- cadear reações químicas que liberam alumínio e outras substâncias tóxicas para as plantas; • contaminar lagos que recebem sua enxurrada, o que altera as características do ambiente e afeta a vida de peixes e outros organismos aquáticos; • dissolver estátuas, paredes externas de prédios e monumentos históricos em decorrência de sua ação corrosiva. A chuva ácida não é um processo natural e interfere diretamente no ciclo da água. Isso ocorre porque, ao se concentrar e precipitar-se, o vapor-d’água presente na atmosfera deve chegar ao solo livre de substâncias tóxicas dissolvidas, e a água da chuva pode ser utilizada pelos seres vivos sem lhes causar danos. Inversão térmica Depois que as radiações ultravioleta são absorvidas pela superfície terrestre, ocorre a liberação de raios infraverme- lhos na forma de ondas de calor, aquecendo o ar superficial. Como é menos denso, esse ar sobe e o ar das camadas atmosféricas superiores, que é mais frio e denso, desce. Com isso, formam-se as correntes de convecção, contínuo fluxo de ar que auxilia na dissipação de poluentes. No entanto, especialmente no inverno, quando há menos ventos e chuvas e o aquecimento das camadas de ar próximas à superfície é mais lento, pode ocorrer o aprisionamento de uma camada de ar quente entre duas de ar frio. Com as massas de ar mais estáticas, os poluentes demoram mais tempo para serem dissipados, podendo acumular diversas substâncias, que formam uma névoa densa ou neblina, caracterizando o fenômeno meteorológico denomi- nado inversão térmica. O agravamento da inversão térmica pode provocar problemas car- diorrespiratórios e alérgi- cos na população. Além disso, esse processo con- tribui para a formação de chuvas ácidas. © Sh ut te rs to ck /M ar y T er rib er ry Esquemas ilustrativos demonstrando situação normal de dispersão dos gases na atmosfera (A) e ocorrência de inversão térmica (B) Floresta danificada pela ocorrência contínua de chuva ácida Dispersão dos poluentes Massa de ar frio Ar quente Ar frio Ar mais frio Ar frio Ar quente Poluição acumulada A B Situação normal Inversão térmica © Sh ut te rs to ck /G rm ar c 10 Volume 12 Na tentativa de reduzir os impactos provocados pela poluição atmosférica e tendo como referência o Protocolo de Kyoto, foi criado o mercado de créditos de carbono. Nele, as empresas ou os países que promovem a emissão de gases poluentes abaixo das metas estabelecidas pelo Protocolo de Kyoto têm direito à certificação de créditos de carbono e podem comercializá-los com os países que têm metas a cumprir. Para o cálculo dos créditos, a redução das emissões dos gases de efeito estufa é medida em toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e) – cada tonelada equivale a 1 crédito de carbono. Assim, cada tCO2e não emitida ou retirada da atmosfera pode ser negociada no mercado mundial por meio de Certificados de Emissões Reduzidas (CERs). Os países que não conseguem (ou não desejam) reduzir suas emissões podem comprar os CERs de outros paísese usá-los para cumprir suas obrigações. É um tipo de moeda trocado por diversos setores da economia mundial por meio da adoção de medidas alternativas, como reflorestamento, troca de energias fósseis por energias renováveis, controle de poluição e projetos de desenvolvimento sustentável. Atividades 1. (IFPE) A poluição ambiental pode ser definida como o acréscimo de materiais e/ou energia ao ambiente, em quantidades que causem uma alteração indesejável e que possam ameaçar a sobrevivência ou as atividades humanas e dos demais organismos. O fator causador da poluição recebe o nome de poluente e pode ter ori- gem natural ou antrópica. Sobre os poluentes ambientais, foram feitas as seguin- tes afirmativas: I. O dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2) é um subproduto das combustões e da respiração dos seres vivos. Embora importante como matéria-pri- ma para a fotossíntese, a concentração atmosférica desse gás está aumentando e contribuindo de ma- neira significativa para o efeito estufa. II. Os óxidos de nitrogênio e de enxofre são conver- tidos respectivamente em ácido nítrico e ácido sulfúrico que, quando combinados com o vapor- -d’água atmosférico, são responsáveis diretos pela chuva ácida. III. Embora importante quando presente nas camadas superiores da atmosfera, pois filtra os raios ultravio- leta, o ozônio (O3) é altamente tóxico para animais e vegetais. IV. O monóxido de carbono (CO) é um importante po- luente, liberado na atmosfera pela queima de com- bustíveis fósseis, e seus efeitos no organismo se dão em nível do sistema nervoso central, provocan- do distúrbios neurológicos graves. Estão corretas, apenas: a) I, II e III. b) I, II e IV. c) II, III e IV. d) II e III. e) I, II, III e IV. 2. (UFG – GO) Leia o texto a seguir. A “colaboração” do aquecimento global Estudos publicados na revista científica Science demonstraram que nos ovos do lagarto-barbado incubados em temperaturas entre 22 °C e 32 °C, a proporção de nascimentos entre machos e fêmeas foi em torno de 50% para cada sexo. Entretanto, acima de 34 °C havia uma distorção progressiva nessa proporção a favor das fêmeas, chegando ao extremo de, em uma das ninhadas, nascerem 94% de fêmeas e apenas 6% de machos. PLANETA. São Paulo, ano 37, edição 437, 2009, p. 20. [Adaptado]. Levando-se em consideração o exposto no texto e as várias formas de interferência humana nos ecossiste- mas naturais, descreva: Biologia 11 a) duas causas que promovem diretamente a elevação da temperatura média global. b) o cenário futuro para a população desses lagartos. 3. Sobre o monóxido de carbono, marque a alternativa correta. a) Além de contribuir para o agravamento do efeito estufa, esse gás pode levar à morte se inalado em pouquíssima quantidade. b) Depois de inalado, o monóxido de carbono liga-se à hemoglobina de maneira irreversível, formando carboxiemoglobina. c) Trata-se de um gás inodoro, incolor e produzido pela queima completa de combustíveis, o que dificulta sua identificação no ambiente. d) A molécula desse gás é formada por dois átomos de oxigênio e um átomo de carbono. Por isso, ele consegue tomar o lugar da molécula de oxigênio nas hemácias. 4. (FATEC – SP) Novo e maior inimigo do ozônio O óxido nitroso (N2O) se tornou, entre todas as substâncias emitidas por atividades humanas, a que mais danos provoca à camada de ozônio, que é responsável pela proteção das plantas, ani- mais e pessoas contra o excesso de radiação ultra- violeta emitida pelo Sol. O óxido nitroso superou os clorofluorcar- bonetos (CFCs), cuja emissão na atmosfera tem diminuído seguidamente por causa de acordos internacionais conduzidos com essa finalida- de. Hoje, de acordo com pesquisas, as emissões de N2O já são duas vezes maiores do que as de CFCs. O óxido nitroso é emitido por fontes naturais (bactérias do solo e dos oceanos, por exemplo) e como um subproduto dos métodos de fertiliza- ção na agricultura; de combustão; de tratamen- to de esgoto e de diversos processos industriais. Atualmente, um terço da emissão do gás deriva de atividades humanas. Segundo os pesquisadores, como o óxido ni- troso também é um gás de efeito estufa, a redução de suas emissões por atividades humanas seria uma boa medida tanto para a camada de ozônio como para o clima. Adaptado de Agência Fapesp, 28.08.2009. Considere as afirmações feitas sobre o texto. I. Atividades humanas, como a agricultura, e diversos processos industriais emitem a maior parte do óxido nitroso hoje presente na atmosfera. II. Uma das principais medidas para a preservação da camada de ozônio é a redução da quantidade de bactérias do solo e dos oceanos. III. A redução das emissões de CFCs e do óxido nitroso é importante para a preservação da camada de ozô- nio e para a diminuição do aquecimento global. Está correto o contido em a) III, apenas. b) I e II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 5. (FUVEST – SP) Observe a imagem, que apresenta uma situação de intensa poluição do ar que danifica veí- culos, edifícios, monumentos, vegetação e acarreta transtornos ainda maiores para a população. Trata-se de chuvas com poluentes ácidos ou corrosivos produ- zidos por reações químicas na atmosfera. Atlas do meio ambiente do Brasil: Embrapa, 1996. Adaptado. 12 Volume 12 Com base na figura e em seus conhecimentos, a) identifique, em A, dois óxidos que se destacam e, em B, os ácidos que geram a chuva ácida, origina- dos na transformação química desses óxidos. Res- ponda [nas linhas a seguir]. b) explique duas medidas adotadas pelo poder público para minimizar o problema da poluição atmosférica na cidade de São Paulo. 6. A imagem a seguir retrata a cidade de São Paulo, em um dia de inverno, com uma espessa e nítida camada de poluição próximo ao solo. a) Qual é o fenômeno ambiental responsável por esse acúmulo de poluição? b) Explique como esse fenômeno ocorre. c) Quais são as consequências desse fenômeno am- biental para a população? Poluição da água e do solo A poluição da água e do solo acompanha os seres humanos desde o início da organização dos primeiros povoados em virtude da necessidade de eliminar esgoto e resíduos sólidos. Nas sociedades atuais, as proporções desse descarte são ainda maiores em decorrência da grande quantidade de pessoas, do maior volume de embalagens e produtos plásticos, do uso de agrotóxicos em extensas áreas de plantações, entre outros fatores, o que compromete o ambiente, interferindo nos ciclos de nutrientes, nos há- bitats, nas cadeias alimentares e no desenvolvimento de plantas e animais e, principalmente, esgotando esses recursos naturais imprescindíveis à vida. Eutrofização Quando os ecossistemas aquáticos, especialmente lagoas, lagos, repre- sas, pântanos e charcos, recebem uma grande quantidade de nutrientes nitrogenados e fosforados, considerados fatores limitantes para o desenvol- vimento de algas, ocorre o fenômeno de eutrofização (do grego eu, verda- deiro, bem; trophé, alimento). Trata-se de um processo em que os nutrientes originados de fertilizantes agrícolas, esgotos domésticos ou resíduos indus- triais são levados pela enxurrada e se acumulam nos corpos de água. Também chamado de efluente, o esgoto doméstico, se liberado sem tratamento, pode causar sérios danos ao ambiente. Por isso, ele deve ser encaminhado para Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) a fim de que retorne aos rios sem resíduos prejudiciais ao ambiente. Nas indústrias, dependendo da quantidade e do tipo de efluente produzido, é necessário que se construam ETEs próprias para o tratamento do esgoto. © iS to ck ph ot o. co m /jo se m or ae s Biologia 13 A princípio, é possível pensar que tais nutrientes são benéficos às populações. No entanto, verifica-se um cresci- mento explosivo de micro-organismos aeróbios (consumidores primários), que consomem rapidamente o oxigênio dissolvido na água, aumentando a demanda biológicade oxigênio. Isso causa a intensa mortalidade de espécies aeróbias, como os peixes. Em muitos ecossistemas eutrofizados, ocorre, primeiramente, a explosão populacional de algas e cianobactérias, formando uma camada superficial geralmente esverdeada (floração das algas). A situação torna-se problemática por- que o oxigênio produzido por essas algas é, em sua maior parte, li- berado na atmosfera, não sendo dissolvido na água para ser utilizado pelos seres aeróbios. Além disso, elas impedem a penetração de luz, prejudicando as algas localizadas nas regiões mais profundas. A ausência de luz e oxigênio provoca a morte de algas, peixes e outros seres aquáticos, desestabilizando as cadeias alimentares e pro- duzindo grande quantidade de matéria orgânica em decomposição, o que agrava o problema da eutrofização. Além disso, algumas es- pécies de cianobactérias produzem toxinas que, no caso de represas ou corpos de água para abastecimento de cidades, podem ocasionar problemas de saúde imediatos ou a longo prazo, intoxicações e, até mesmo, a morte de espécies de animais, como mamíferos e aves. As principais consequências da eutrofização ao ambiente são: • multiplicação acentuada de algas e bactérias aeróbias; • intensa redução do gás oxigênio (O2) dissolvido na água; • diminuição da população de organismos aeróbicos autótrofos e heterótrofos; • multiplicação de bactérias anaeróbias e mau cheiro na água. Para que não aconteça a eutrofização de lagos, lagoas e represas, onde a presença de oxigênio é menor que a das águas correntes dos rios, é fundamental a instalação de estações de tratamento de esgotos e a fiscalização mais intensa de despejos clandestinos. Bioacumulação A bioacumulação ou magnificação trófica ocorre quando determinadas substâncias não biodegradáveis, como os metais pesados (mercúrio, chumbo, cobre, zinco, cromo, cádmio) e os agrotóxicos (inseticidas, herbicidas, fungici- das), acumulam-se no interior dos organismos ao longo das cadeias alimentares. Isso acontece porque os seres vivos não conseguem metabolizar tais substâncias, que permanecem no corpo e se acumulam em tecidos e órgãos. Por isso, os organismos que mais sofrem são aqueles que fazem parte dos últimos níveis tróficos. A saúde humana também está sujeita a diversos efeitos da bioacumulação, porque muitas das substâncias tóxicas não biodegradáveis são solúveis em gordura e podem se acumular no tecido adiposo, como nas glândulas mamárias, contaminando o leite materno. Além disso, essas substâncias podem afetar o fígado, órgão que tem como uma de suas funções metabolizar toxinas presentes no organismo, e causar vários tipos de câncer e lesões nos órgãos. Entre alguns efeitos da bioacumulação, estão: • esterilidade; • danos aos sistemas nervoso e locomotor e à medula óssea; • problemas de pele; • disfunções renais; • malformações congênitas, além de ocasionar a morte. © Sh ut te rs to ck /L od im up Lago eutrofizado com coloração verde característica da grande quantidade de algas A bioacumulação impacta diretamente a biodi- versidade. Assim como nos seres humanos, em outros animais, como grandes mamíferos, répteis e aves, os efeitos da bioacumulação podem levar a esterilidade, disfunções renais e malformações congênitas nas espécies. 14 Volume 12 Observe o exemplo do mercúrio, substância liberada no ambiente, sobretudo pelas atividades do garimpo, que polui os grandes rios, afetando a flora e a fauna, as quais são contaminadas pelo metal. Cabelo humano 47 mg/kg Macrófitas enraizadas 0,03 mg/kg 0,07 mg/kg 30 kg (total) Solo inundado (0,5 cm) 0,071 mg/kg 8,800 kg (total) Sedimento (0,5 cm) 0,067 mg/kg 3,500 kg (total) Peixe predador 1,3 mg/kg outros 0,21 mg/kg Jacaré carne 1,9 mg/kg fígado 1,9 mg/kg Folhiço inundado 0,084 mg/kg 80 kg (total) Ra qs on u. 2 01 3. D ig ita l. Fonte: ROSA, Rogério da Silva; MESSIAS, Rossine Amorim; AMBROZINI, Beatriz. Importância da compreensão dos ciclos biogeoquímicos para o desenvolvimento sustentável. Disponível em: <http://www.iqsc.usp.br/iqsc/servidores/docentes/pessoal/mrezende/arquivos/EDUC-AMB-Ciclos- Biogeoquimicos.pdf>. Acesso em: 7 dez. 2015. Como o mercúrio sofre o processo de bioacumulação, a população que consome esses peixes fica exposta aos ris- cos de contaminação. Esses animais podem estar contaminados pelo mercúrio que foi eliminado a vários quilômetros de distância. Derramamento de petróleo A poluição causada pelo derramamento de petróleo gera um impacto ambiental de difícil controle e com prejuízos significativos ao ambiente. Aci- dentes desse tipo podem ocorrer com o petróleo no estado bruto ou com seus produtos refinados, que podem vazar de navios petroleiros, plataformas de extração ou oleodutos de distribuição danificados no ambiente terrestre. Um dos efeitos nocivos do derramamento de petróleo é a formação de uma película que dificulta as trocas gasosas entre a água e a atmosfera. Além disso, como é escuro, o petróleo bloqueia a passagem de luz, impedindo a realização da fotossíntese pelas algas, o que provoca a morte de inúmeras populações de organismos aeróbicos. Entre outros efeitos, têm-se: • impregnação de petróleo nas brânquias dos peixes, causando asfixia e morte, e nas penas das aves marinhas, que perdem a capacidade de regular a temperatura corporal, ocasionando morte por hipotermia; • prejuízos à biodiversidade dos manguezais, com a morte de carangue- jos e diversas plantas; O maior derramamento de petróleo documentado ocorreu, em 2010, no Golfo do México. Nesse desastre ambiental, aproximadamente 75 milhões de barris de petróleo (cada barril equivale a cerca de 160 litros) vazaram, espalhando-se ao longo de 110 km na costa norte-ameri- cana. Muito desse petróleo nem chegou à superfície marinha, mas seus impactos são sentidos até os dias atuais. Entre eles, destacam-se a ameaça aos ecossistemas marinhos, a interrupção da pesca e do tu- rismo nas regiões afetadas e as alterações genéticas em diferentes espécies. Representação esquemática de contaminação por mercúrio em áreas de garimpo no norte do Brasil. Em determinadas regiões, observam-se índices três vezes superiores ao permitido por lei. Biologia 15 • alteração nas atividades de moradores locais, pois, muitas vezes, o petróleo derramado em alto-mar chega às praias, tornando a água imprópria para a pesca e o banho. © Sh ut te rs to ck /k aj or ny ot © iS to ck ph ot o. co m /N ei lB ra df ie ld Desmatamento Caracteriza-se pela retirada da vegetação nativa dos diferentes ecossistemas, como florestas e savanas, que são substituídas por monoculturas, atividades agropecuárias, expansão de cidades, entre outros. No Brasil, as principais atividades humanas que contribuem para o desmatamento estão relacionadas à indús- tria madeireira, à especulação imobiliária para o crescimento das cidades e à obtenção de áreas para a agropecuária. Contudo, a retirada da cobertura vegetal nativa acarreta inúmeras consequências, principalmente para o solo, como erosão, assoreamento de rios e lagos, desertificação, alterações no ciclo da água e perda da biodiversidade. • Erosão: sem a cobertura vegetal nativa, o solo, pela ação do vento e da chuva, perde suas camadas superficiais mais férteis, ficando sem nutrientes. Além disso, com o decorrer do tempo, formam-se valas em virtude da ação de enxurra- das, deixando os terrenos acidentados. Se o processo ero- sivo ocorrer em encostas, a infiltração da água das chuvas pode levar a deslizamentos de terra. • Assoreamento de rios e lagos: o solo removido dos ter- renos pela chuva é levado até rios e lagos e se acumula em seus leitos, fazendo com que se tornem cada vez mais rasos. • Desertificação: a retirada da mata nativa e o manejo inadequado do solo o expõem à ação da chuva, do vento e de outros fenômenos, levando ao processo de desertificação, em que o solo se torna infértil pela perda de suas camadas superficiaisricas em matéria orgânica. • Alterações no ciclo da água: as plantas retiram água do solo e, pela transpiração, a eliminam na atmosfera. Com o desmatamento, esse ciclo se quebra e, consequentemente, o regime de chuvas fica comprometido e a umidade relativa do ar é reduzida. Além disso, o desmatamento de áreas próximas a nascentes pode secá-las, alterando cursos de rios e formação de lagos e lagoas. • Perda da biodiversidade: além da perda decorrente da retirada de espécies vegetais de um ambiente, há a perda de espécies animais, uma vez que elas dependem dos vegetais para sobreviver. Resíduos e o solo O consumo cada vez maior de alimentos industrializados, cosméticos, produtos de limpeza, eletrônicos, entre ou- tros, leva à produção de resíduos compostos principalmente de embalagens, que, com os resíduos orgânicos, formam o que chamamos de “lixo”. Quando não é devidamente destinado, o lixo pode contaminar o solo, os rios e os oceanos. Um dos problemas gerados pelo lixo é a formação do chorume, líquido altamente poluente produzido pela de- composição dos resíduos e que pode se infiltrar no solo, contaminando os lençóis de água subterrânea. Além disso, em seu processo de decomposição, o lixo gera gás metano, que atua na atmosfera agravando o efeito estufa. Processo de controle de derramamento de petróleo em uma praia da Tailândia em 2013 Terreno em processo acentuado de erosão 16 Volume 12 Para evitar esses problemas, é importante realizar a reciclagem dos resíduos e o encaminhamento adequado para os aterros sanitários daqueles que não são recicláveis. A reciclagem envolve o reaproveitamento de materiais que já foram beneficiados e utilizados – embalagens de plástico, alumínio, vidro, entre outras – como matéria-prima na pro- dução de novos produtos. Com a realização desse processo, têm-se uma economia de recursos naturais não renováveis e uma redução do volume de resíduos descartados em aterros sanitários ou incinerados. Depois que o lixo é selecionado e os materiais recicláveis são separados, o restante é destinado aos aterros sanitá- rios, onde são tomados todos os cuidados necessários para que não ocorra a poluição do solo, da água e do ar. Observe como funciona um aterro sanitário. Um grande problema da atualidade é o descarte de artigos eletrônicos, como computadores, celulares, câmeras di- gitais, televisores e eletrodomésticos, que compõem o e-lixo ou lixo eletrônico. Esses aparelhos apresentam diferentes metais em sua composição (mercúrio, cádmio, berílio, chumbo), que, se descartados de maneira incorreta, contami- nam o solo e a água. Assim, é preciso que esse tipo de aparelho seja encaminhado a usinas específicas de reciclagem para que seja cuidadosamente desmontado e seus resíduos sejam encaminhados de forma correta. Várias atitudes podem reduzir o impacto das atividades humanas nos ecossistemas. Reduzir o consumo, reciclar e reutilizar materiais, economizar água e energia, usar formas menos poluentes de transporte, reduzir as embalagens e dar destino adequado aos resíduos são apenas algumas das ações que podem ser adotadas como hábitos nas atividades diárias. Representação de um aterro sanitário O terreno em que ficará o aterro é preparado; e o solo, compactado. O solo é coberto por uma manta impermeabilizante que impede a infiltração do chorume, o qual poderia chegar às águas subterrâneas. O gás metano formado durante a decomposição dos resíduos é recolhido por meio de encanamentos. Esse gás é poluente e precisa ser tratado, podendo ser utilizado para a geração de energia elétrica. Resíduos depositados Camadas de argila compactada são colocadas para a proteção do solo original do terreno. O chorume é drenado por meio de encanamentos. Após ter sua capacidade de armazenamento de resíduos esgotada, o terreno é coberto por camadas de solo e a vegetação é restabelecida. Como a decomposição dos resíduos não é interrompida, o gás metano e o chorume produzidos continuam sendo tratados para serem liberados no ambiente. Os resíduos são depositados no terreno em camadas compactadas e intercaladas com argila e manta protetora, evitando a contaminação do solo e das águas subterrâneas. O chorume é armazenado em tanques e tratado para, então, ser liberado no ambiente. 1 2 3 4 M ar co s G om es . 2 01 2. D ig ita l. Biologia 17 Atividades 1. (UNISC – RS) A poluição de corpos-d’água doce por esgoto doméstico pode provocar mortandade em massa de peixes, a exemplo do que houve no Rio dos Sinos, RS. Esse tipo de evento ocorre devido à a) falta de oxigênio na água, causada pela decomposi- ção da matéria orgânica. b) proliferação de macrófitos, causada pela eutrofização. c) competição dos peixes pelo alimento, causada pela piracema. d) proliferação de animais no zooplâncton, causada pelo aumento de nutrientes na água. e) intolerância de peixes a baixas temperaturas. 2. (UNIMONTES – MG) A constante utilização de substân- cias não biodegradáveis nas mais variadas atividades humanas tem gerado graves problemas aos ecossiste- mas. Leia o alerta abaixo. “Em 1962, Rachel Carson sugeriu em seu livro Primavera silenciosa, que o amplo uso do DDT (dicloro difenil tricloroetano) poderia ser a principal causa da redução populacional de diversas aves; muitas delas seriam as do topo da cadeia alimentar, como o falcão peregrino e a águia calva (‘baldeagle’ – Haliaeetus leucocephalus), animal símbolo dos EUA. Esse livro é considerado a primeira manifestação ecológica contra o uso indiscriminado do DDT”. Com base no assunto abordado e nos conhecimentos a ele associados, é correto afirmar. a) Os seres considerados produtores têm maior quan- tidade de energia disponível, entretanto apresentam também maior concentração tecidual de DDT que os seres de outros níveis tróficos. b) Ao longo da cadeia alimentar, geralmente, consu- midores terciários tendem a ser mais afetados pelo DDT que os consumidores primários. c) Não há diferença entre as concentrações de DDT nos seres que compõem cada nível trófico. d) O nível de energia disponível garante aos produtores proteção total contra os efeitos do DDT. 3. Leia o texto e responda às questões. O município de Lucas do Rio Verde, no norte do Mato Grosso, chama a atenção por ser o se- gundo maior produtor de grãos do estado. [...] Uma pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso, de autoria da bióloga Danielly Palma, detectou a presença de agrotóxicos no leite materno de 62 mulheres que moram na ci- dade, que tem 45 mil habitantes. Dez substâncias foram determinadas e todas as amostras de leite apresentaram pelo menos um tipo de agrotóxico analisado. [...] “Os resultados podem ser oriundos da exposição ocupacional, ambiental, alimentar do processo produtivo da agricultura que expôs a população a 114,37 litros de agrotóxicos por ha- bitante na safra agrícola de 2009/2010”, afirma Danielly. AGROTÓXICO utilizado na agricultura contamina leite materno no MT. Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/politica/ agrotoxico-usado-na-agricultura-contamina-leite-materno-no- mt>. Acesso em: 3 set. 2015. a) Como é possível justificar a presença de agrotóxicos no leite materno? b) Outras pessoas ou animais que venham a se ali- mentar de grãos produzidos com o uso de agro- tóxicos também podem ser afetados por essas substâncias? Justifique sua resposta. 18 Volume 12 4. (UEG – GO) A contaminação do mar por grandes quan- tidades de petróleo acarreta a morte de muitos seres marinhos, além de aves que buscam alimento no mar. Em adição aos efeitos tóxicos dos poluentes, o petró- leo compromete a concentração de oxigênio na água. Sobre os desastres ecológicos envolvendo manchas de óleo, responda ao que se pede. a) Como as manchas de petróleo comprometem a concentração de oxigênio no mar? b) Cite duas maneiras pelas quais os vazamentos de petróleo, bem como outros poluentes marinhos, po- dem comprometer a vida de aves que buscamali- mentos no mar. 5. (UERN) A desertificação é um processo que torna es- téreis as terras agrícolas e férteis de regiões secas, como as terras semiáridas do Nordeste brasileiro. É o resultado de um mau uso da terra. A destruição do solo pelo processo erosivo é equilibrada pela degradação natural das rochas, mas quando o ser humano interfe- re, essa compensação deixa de existir e o processo é acelerado. São ações que aceleram o processo erosivo, exceto: a) irrigação do solo. b) destruição da mata ciliar. c) substituição da mata original. d) desmatamento por queimadas. 6. (UEA – AM) Em relação à concentração de mercúrio (Hg) nos ecossistemas aquáticos, é correto afirmar que: a) o mercúrio é um metal, assim sendo, afunda na água e sua maior concentração na forma metilizada (MeHg) está no sedimento dos rios e lagos, e não nos organismos aquáticos. b) o mercúrio não é bioacumulativo, logo não repre- senta nenhuma ameaça aos seres vivos aquáticos e terrestres. c) os peixes que se alimentam de fitoplâncton tendem a ter maior concentração de mercúrio em seus teci- dos do que os peixes carnívoros. d) os peixes que se alimentam de fitoplâncton tendem a ter menor concentração de mercúrio em seus te- cidos do que os peixes carnívoros. e) o consumo de peixes com elevada concentração de mercúrio em seus tecidos não representa mal algum para a saúde de seus consumidores. Biologia da Conservação A transformação dos ambientes terrestres por diversas atividades antrópicas interfere no equilíbrio ambiental, provo- cando impactos no desenvolvimento e na sobrevivência das espécies de seres vivos, inclusive dos próprios seres humanos. Esses impactos ocorrem nas cadeias alimentares e nos ciclos biogeoquímicos e provocam mudanças climáticas que interferem nos ecossistemas. Com isso, a biodiversidade, que corresponde à variedade de seres vivos que habitam a Terra e às interações que estabelecem entre si e com o ambiente, é afetada, podendo ocorrer reduções nas popula- ções de seres vivos e extinções de espécies. A Biologia da Conservação reúne conhecimentos de diversas áreas, como Ecologia, Biologia de Populações, Antro- pologia, Genética, Evolução e Biogeografia, para desenvolver ações que contribuam para a conservação da biodiver- sidade. Assim, o objetivo principal dessa área de conhecimento é a pesquisa das principais tendências e processos de redução da biodiversidade, evitando a extinção de espécies e minimizando os efeitos negativos desses processos para a manutenção da vida no planeta Terra. Biologia 19 O desaparecimento de uma espécie de determinado ecossistema caracteriza o pro- cesso de extinção. Por exemplo, muitas espécies de animais, plantas, fungos ou bacté- rias que habitaram o planeta Terra há milhões de anos já não existem mais. A extinção pode ser um evento natural ou artificial. O processo de extinção natural de espécies normalmente acontece de forma lenta e gradual, ocasionado por inúmeras alterações nos ambientes terrestres, como terremotos, erupções vulcânicas, glaciações e alterações de relevo. Os seres humanos vêm acelerando o processo de extinção das espécies, provocando a chamada extinção artificial, em virtude de atividades que interferem na disponibilidade de recursos naturais e nas áreas onde os seres vivos se desenvolvem. Entre as conse- quências dessas atividades, estão o aquecimento global, mudanças climáticas, desma- tamentos e poluição dos ecossistemas. Manutenção da biodiversidade A necessidade de manutenção da biodiversidade estimula novas pesquisas nas diferentes áreas que compõem os estudos da Biologia da Conservação. Com base nesses estudos, são delimitadas algumas medidas visando à preserva- ção da biodiversidade. Entre elas, destacam-se: • prevenir a extinção de espécies; • determinar as causas de ameaça de extinção de espécies; • prever as taxas atuais de extinção de espécies; • estabelecer prioridades para os esforços de conservação; • restaurar ecossistemas degradados. Entre as medidas para a preservação da biodiversidade, a principal é a manutenção de áreas conservadas nos diferentes ecossistemas, garantindo o hábitat ideal para que as espécies tenham alimento, abrigo e condições para a reprodução. Essas áreas ajudam a manter o equilíbrio climático do planeta, beneficiando os ecossistemas e as espécies como um todo, além de garantir que populações tradicionais, como ribeirinhos e indígenas, desenvolvam suas ativi- dades de maneira sustentável. Unidades de Conservação Com o objetivo de garantir recursos naturais necessários para o desen- volvimento dos seres vivos e conservar a diversidade biológica e os diferen- tes ecossistemas, foram criadas as Unidades de Conservação (UCs). Essas áreas são determinadas pelo poder público municipal, estadual ou federal por meio de legislação específica, que institui o Sistema Nacional de Unida- des de Conservação (Snuc). A primeira Unidade de Conservação criada no Brasil foi o Parque Nacional de Itatiaia, no Rio de Janeiro, em junho de 1937. Nos anos seguintes, prin- cipalmente nas décadas de 1960 e 1970, foram realizados grandes avanços quantitativos na criação de novas UCs e iniciaram-se os primeiros esforços para a criação de um sistema nacional de áreas protegidas sob o critério de representatividade ecológica. Atualmente, as Unidades de Conservação são classificadas em dois gru- pos: de proteção integral e de uso sustentável. A Lei n. o 9.985, de 18 de julho de 2000, de- termina as ações referentes à instituição de Unidades de Conservação no Brasil. Em seu Art. 2.º, ela define essas áreas como “es- paço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com ca- racterísticas naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob re- gime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”. © iS to ck ph ot o. co m /P jm al sb ur y O rinoceronte-negro foi declarado extinto em 2013. Sua extinção se deve à caça ilegal. 20 Volume 12 • Unidades de Conservação de proteção integral: áreas que não podem ser habitadas por seres humanos e onde é permitido fazer apenas uso indireto de seus recursos naturais em pesquisa científica, turismo ecológico e educação. Entre elas, estão estações ecológicas, reservas biológicas, parques nacionais, monumentos naturais e refú- gios da vida silvestre. © iS to ck ph ot o. co m /A gu st av op Pu lsa r I m ag en s/ Pa lê Z up pa ni © iS to ck ph ot o. co m /B ra sil 2 • Unidades de Conservação de uso sustentável: áreas em que é permitida a presença de moradores e cujo objetivo é desenvolver a conservação da natureza as- sociada ao uso sustentável dos recursos naturais. Entre elas, estão Áreas de Proteção Ambiental (APAs), Áreas de Relevante Interesse Ecológico (Aries), florestas nacio- nais, reservas extrativistas, reservas de fauna, reservas de desenvolvimento sustentável e reservas particulares do patrimônio natural. As diferentes categorias de UCs visam à conservação da biodiversidade respeitando as populações locais e seu modo de sobrevivência. Para isso, são necessários investimentos, ações educacionais, fiscalização e suporte, sobretudo para que, com o ambiente, seja possível conservar também as culturas locais e as formas de subsistência de maneira sustentável. Principais ameaças à biodiversidade Com o objetivo de estabelecer prioridades para a conservação da biodiversidade e, até mesmo, criar Unidades de Conservação e classificá-las, é importante que se conheçam as principais ameaças às diferentes espécies. Dessa forma, alguns dos fatores responsáveis pela extinção de espécies são perda de hábitat, espécies exóticas e invasoras e sobre-exploração. Perda de hábitat É ocasionada pelo desmatamento de áreas para agricultura e pecuária, pelo aumento de áreas urba- nas, pela extração de recursos naturais e pela poluição. Esses fatores provocama perda de hábitat e, indireta- mente, mudanças no clima, que também interferem no ciclo natural das espécies, como aquecimento glo- bal, inversão térmica e chuva ácida. Com a destruição dos hábitats, muitas espécies não conseguem alimen- to, abrigo ou, ainda, são impedidas de se reproduzi- rem, sendo ameaçadas de extinção. Parque Nacional de Aparados da Serra, no Rio Grande do Sul, que apresenta diversas atividades de turismo ecológico Nas reservas extrativistas, podem ser realizadas a agricultura familiar e a coleta de maneira sustentável, como é o caso do açaí, fruto amazônico. O macaco muriqui (Brachyteles arachnoides) está ameaçado de extinção pelo desmatamento e pela fragmentação de seu hábitat: a Mata Atlântica. Biologia 21 Espécies exóticas e invasoras Uma espécie encontrada em um ecossistema que não é seu ambiente natural caracteriza-se como uma espécie exótica. Por exemplo, as árvores de eucalipto encontradas no Brasil são exóticas, pois são provenientes da Austrália. A introdução de seres vivos em ecossistemas diferentes pode ser prejudicial, pois sua presença pode reduzir o número de espécies nativas, colocando em risco a diversidade de seres vivos da região. Algumas espécies exóticas apresentam potencial para serem invasoras, ou seja, adaptam-se às condições do ambiente no qual foram introduzidas, repro- duzem-se e dispersam-se por áreas maiores, competindo com as espécies nati- vas ou se alimentando delas, as quais podem se extinguir. A carpa-capim (Ctenopharyngodon idellus), por exemplo, foi introduzida no Brasil para ser utilizada na piscicultura. Atualmente, ela é encontrada em rios e lagos, onde passou a competir com espécies nativas e a destruir a vegetação aquática. © W ik im ed ia C om m on s/ Pe te r H al as z Sobre-exploração Compreende a captura de organismos de diferentes espécies silvestres em quantidades superiores à capacidade deles de se reproduzirem. Como exemplo, pode-se mencionar a pesca em escala industrial do atum em alto-mar, a qual está reduzindo consideravelmente as populações dessa espécie. Esse tipo de sobre- -exploração interfere diretamente nas cadeias alimentares oceânicas, ocasionan- do a redução de espécies que se alimentam dos atuns. © iS to ck ph ot o. co m /D ae ha nx Uso racional de recursos naturais e sustentabilidade O intenso desenvolvimento econômico, associado ao grande número de pessoas, tem levado o ser humano a utilizar mais recursos do que a natureza é capaz de repor. O resultado disso é o aumento dos problemas ambientais. Para que esse quadro não se agrave ainda mais, é preciso proteger os recursos naturais e utilizá-los de maneira que não se comprometa sua existência para as gerações futuras. Para tanto, são necessárias algumas mudanças de comportamento, tais como: • evitar o desperdício de água; • reduzir o consumo reutilizando materiais, usando embalagens retornáveis e reciclando eletroeletrônicos, em- balagens e outros produtos; • promover o uso de energia renovável, como a solar e a eólica; • reduzir a emissão de gases poluentes; • considerar os impactos ambientais na tomada de decisões econômicas. As soluções para as questões ambientais preveem um novo tipo de desenvolvimento, que seja capaz de manter o progresso e ainda garantir um ambiente preservado para as futuras gerações. A sustentabilidade visa à existência de harmonia entre a exploração de recursos, os investimentos e o desenvolvimento tecnológico. Um importante passo para alcançar esse objetivo é a criação de legislações ambientais, tratados internacionais e políticas públicas, além da busca por tecnologias que auxiliem na reparação de danos ambientais ou que os evitem. A carpa-capim, natural da Ásia, é um exemplo de espécie invasora nos rios brasileiros. O atum é um exemplo de espécie silvestre capturada em escala industrial. 22 Volume 12 Ki no .co m .b r/ Isa Pegada ecológica Do mesmo modo que deixamos pegadas quando caminhamos na areia, nossa “caminhada” pela Terra também deixa “rastros” de várias proporções nos diferentes ecossistemas. Esses “rastros” podem ser medidos pela pegada ecológica, metodologia que avalia o impacto do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais e é expressa em hectares globais (gha). O cálculo da pegada ecológica revela se nosso estilo de vida está ou não de acordo com a oferta de recursos do planeta. Considera-se que a média para evitar um colapso ambiental seja de, aproximadamente, 1,8 hectare per capita (por pessoa). Se a pegada ecológica de um país for maior que esse valor, diz-se que existe um déficit eco- lógico. Nesse caso, o país está vivendo de maneira insustentável. Se ocorrer o inverso, tem-se um crédito ecológico, indicando que o país apresenta vida sustentável. No Brasil, os dados sobre o orçamento familiar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) têm servido de base para o cálculo da pegada ecológica ao considerar despesas, poder de compra e rendimentos de uma família. Em 2012, a pegada ecológica brasileira foi de 2,93 hectares per capita, demonstrando que o país está caminhando para a insustentabilidade. Ecologia da Restauração Na restauração natural, uma área degradada passa pelo processo de sucessão ecológica. Nesse caso, por meio de lentos e gradativos eventos de desenvolvimento de organismos, a composição das comunidades vai se alterando até o estabelecimento da comunidade clímax, o que pode demorar várias décadas. A Ecologia da Restauração surgiu, na década de 1980, como uma ciência que visava promover estudos e planos de recuperação de áreas de- gradadas. O objetivo era proporcionar ao ambiente degradado condições favoráveis ao restabelecimento da vida em um período de tempo menor, auxiliando no processo de sucessão ecológica. Para isso, existem algumas técnicas de restauração de áreas degradadas, como a biorremediação e o incremento biológico. A biorremediação é um processo em que bactérias, fungos e plantas são utilizados na recuperação de áreas contaminadas. Esses organismos têm a capacidade de metabolizar a substância contaminante, como metais pe- sados, petróleo, esgoto e substâncias tóxicas, e transformá-la em uma subs- tância que não ofereça riscos ao ambiente e aos seres vivos. No incremento biológico, seres vivos são utilizados para introduzir nu- trientes essenciais em uma área degradada, promovendo o restabelecimento de espécies vegetais, animais, fungos e micro-organismos. No caso do ni- trogênio, elemento essencial para o crescimento vegetal, micro-organismos fixadores ou plantas que apresentam em suas raízes associações com micro- -organismos fixadores, como as leguminosas, são introduzidos na área de- gradada para que o nitrogênio seja reincorporado ao solo e novas espécies possam se desenvolver. Um hectare global equivale a um hectare de produtividade média mundial para terras e águas produtivas em um ano. Esse modelo possibilita a comparação entre padrões de consumo distintos, estimados por país ou região, os quais são analisados para verificar se estão ou não de acordo com a capacidade ecológica do planeta. hectare: unidade de medida agrária que corresponde a 10 000 m2. © Sh ut te rs to ck /D r. M or le yR ea d Área de solo contaminada por óleo sendo recuperada por biorremediação Árvore de ingá (Inga sp.) utilizada na recuperação de áreas degradadas, restabelecendo o nitrogênio do solo Biologia 23 1. Explique a relação entre a criação de Unidades de Con- servação e a manutenção da biodiversidade. 2. (UFT – TO) Atualmente, são consideradas em perigo de extinção mais de 16 mil espécies de seres vivos em todo o mundo. A atual taxa de extinção de es- pécies devido às ações humanas é estimada como 1 000 a 10 000 vezes maior do que a taxa natural de extinção. Fonte: <http://eco.ib.usp.br/lepac/conservacao/ensino/conserva_ extincao.htm>. Acesso em: 30-01-2014. São consideradas ações humanas que podem levaras espécies à extinção, exceto: a) desmatamento. b) competição. c) poluição. d) caça e pesca predatória. e) destruição dos hábitats. 3. (UEFS – BA) O aumento constante do impacto dos seres humanos sobre as demais espécies, sobre a at- mosfera, os mares e a superfície da Terra requer novos padrões de adaptação e novos tipos de per- cepção, pois o rumo natural de uma espécie que destrói seu ambiente é a extinção. Precisamos olhar mais à frente no futuro, usar mais ciência de boa qualidade e aprender a pensar com mais clareza sobre nossa interdependência com outras formas de vida. Ao fazer isso, estaremos seguindo a nossa natureza de espécie que sobrevive pelo aprendizado. (BATESON, 1997, p. 29). Atividades A respeito da importância do estabelecimento de uma sustentabilidade ecológica para a preservação da vida que habita o planeta, é correto afirmar. a) A sustentabilidade ecológica consiste no aumento das áreas de preservação ecológica livres de qual- quer tipo de ação humana. b) O primeiro passo na construção de comunidades sustentáveis deve ser a compreensão dos princípios de organização que os ecossistemas naturais de- senvolveram ao longo do tempo para manter a vida. c) O uso adequado da tecnologia é o principal fator res- ponsável por uma mudança de comportamento vi- sando anular os impactos negativos da ação humana. d) O estudo da ecologia no nível ecológico de popula- ções é o fator fundamental para o entendimento da biosfera como sistema vivo integrado. e) O aprendizado ecológico visa formar as futuras ge- rações para que tomem a iniciativa de implementar medidas conservacionistas para salvar a natureza. 4. (UNICAMP – SP) Cerca de 70% da superfície da Terra é coberta por água do mar e abaixo dessa superfície a água atinge uma profundidade média de 3,8 quilôme- tros. Os ecossistemas marinhos abrigam grande biodi- versidade, mas parte dela vem sendo ameaçada pela pesca predatória. Na tentativa de controlar o problema, medidas governamentais têm sido adotadas, como a proibição da pesca em período reprodutivo e a restrição do uso de redes de malhas finas. a) Como a proibição da pesca em período reprodutivo e como a restrição a redes de malhas finas minimi- zariam o problema da pesca predatória, contribuin- do para a sustentabilidade da pesca? Explique. b) Monte uma cadeia alimentar típica dos oceanos, considerando a presença de quatro níveis tróficos. 24 Volume 12 Mudanças climáticas [...] O clima está mudando – mais rápido do que nunca. Desde o início dos tempos, ele passa por altera- ções. Ao longo de períodos mais quentes e outros frios, a vida teve de se adaptar e evoluir. Mas agora as atividades humanas afetam a dinâmica do próprio planeta. E o mais alarmante, o ritmo da mudança foi dramaticamente alterado, ameaçando levar muitas plantas e espécies animais à extinção. [...] Em 2007, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) publicou seu último relatório científico, mostrando que a temperatura média global aumentou 0,74 °C ao longo do século passado. Na região ártica, a temperatura média das partes emersas aumentou em até 5 °C durante o mesmo período [...]. As geleiras estão derretendo mais rapidamente do que o esperado, acelerando a elevação do nível do mar [...] Já podemos ver com o que um aumento de 1 °C na temperatura global acima dos níveis preindustriais se parece. E podemos antecipar o que um aumento de 2 °C na temperatura (o limite máximo aceitável de elevação, de acordo com o IPCC) traria: mudanças na maneira pela qual as plantas crescem, para onde os animais migram e na forma como os ecossistemas funcionam. [...] A explosão da vida moderna tem sido construída em torno de suprimentos aparentemente ilimitados de carvão, petróleo e gás, fontes de energia para atender a uma demanda que cresce implacavelmente. O pressuposto de todo o processo tem sido que nosso ambiente natural é capaz de fornecer suprimentos infinitos de combustíveis e de acolher cada vez mais os subprodutos da produção de energia. [...] Mudar para um novo paradigma de geração e utilização de energia, baseado em fontes renováveis e eficiência energética, nos permitiria evitar muitos dos problemas de um mundo mais quente. Atualmente, tanto as indústrias como as residências desperdiçam muito da energia que produzimos. [...] Assim, as ações para diminuir a demanda de energia são, obviamente, cruciais, porque têm um efeito imediato sobre as emissões de gases estufa de usinas. [...] Alcançar as mudanças necessárias nas formas de gerar e utilizar a energia exigirá, obviamente, esforços de toda a sociedade. As decisões das empresas e dos consumidores vão, em última instância, determinar o destino do nosso ambiente. Mas os governos têm um papel particularmente importante na criação de incentivos que orientem essas decisões. [...] Portanto, a mensagem é simples: é preciso agir agora. MCGLADE, Jacqueline M. Mudanças climáticas. Disponível em: <http://revistaplaneta.terra.com.br/secao/unesco-planeta/mudancas- climaticas>. Acesso em: 4 set. 2015. Discuta com os colegas e o professor as medidas que cada um de nós pode adotar para reduzir o consumo de energia, a utilização de combustíveis fósseis e a produção de lixo. De que maneira essas atitudes podem garantir a continuidade da vida na Terra? Biologia em foco Biologia 25 Hora de estudo 1. (IFMT) Sobre a temática abordada na imagem abaixo, marque a alternativa correta. a) Aquecimento global é um problema exclusivo de na- ções desenvolvidas como os EUA e os países do oes- te europeu, já que são eles os grandes poluidores. b) O único gás implicado no aquecimento global é o CO2, advindo da queima do carvão mineral e deriva- dos de petróleo. c) Reduzir a emissão de gases do efeito estufa, investir no sequestro de carbono, seja biológico (caso do au- mento de área de florestas), seja geológico (armazena- gem de gás carbônico no subsolo e nas profundezas dos oceanos), são medidas plausíveis na intenção de diminuir a progressão do aquecimento global. d) Segundo cientistas, o aquecimento pelo qual o pla- neta está passando é um processo absolutamente natural que caracteriza o tempo entre duas eras gla- ciais, denominado período interglacial, nada tendo a ver com a ação do homem. e) No Brasil, a preocupação com o ambiente tem le- vado o governo a investir grandes quantidades de recursos financeiros nas energias limpas, como pai- nel solar, energia eólica e biocombustíveis, como o etanol e o biodiesel. 2. (ENEM) De acordo com o relatório “A grande som- bra da pecuária” (Livestock’s long shadow), feito pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, o gado é respon- sável por cerca de 18% do aquecimento glo- bal, uma contribuição maior que a do setor de transportes. Disponível em: <www.conpet.gov.br>. Acesso em: 22 jun. 2010. A criação de gado em larga escala contribui para o aquecimento global por meio da emissão de a) metano durante o processo de digestão. b) óxido nitroso durante o processo de ruminação. c) clorofluorcarbono durante o transporte de carne. d) óxido nitroso durante o processo respiratório. e) dióxido de enxofre durante o consumo de pastagens. 3. (ENEM) Sabe-se que o aumento da concentração de gases como CO2, CH4 e N2O na atmosfera é um dos fatores responsáveis pelo agravamento do efeito estufa. A agricultura é uma das ativida- des humanas que pode contribuir tanto para a emissão quanto para o sequestro desses gases, dependendo do manejo da matéria orgânica do solo. ROSA, A. H.; COELHO, J. C. R. Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola, São Paulo, n. 5, nov. 2003 (adaptado). De que maneira as práticas agrícolas podem ajudar a minimizar o agravamento do efeito estufa? a) Evitando a rotação de culturas. b) Liberando o CO2 presente no solo. c) Aumentando a quantidade de matéria orgânica do solo. d) Queimando a matéria orgânica que se deposita no solo. e)Atenuando a concentração de resíduos vegetais do solo. 26 Volume 12 4. (FUVEST – SP) O metano (CH4), o gás carbônico (CO2) e os clorofluorcarbonetos (CFCs) estão relacionados, direta ou indiretamente, à intensificação do efeito estufa e à destruição da camada de ozônio. a) Qual (quais) desses gases pode(m) resultar de processos biológicos? b) A camada de ozônio filtra raios ultravioleta (UV) que atingem a atmosfera terrestre. A diminuição dessa camada aumenta a exposição dos seres vivos a esses raios, que podem induzir mutações no DNA. Considere que os raios UV não penetram em nosso corpo além da pele. 1. Como a exposição aos raios UV pode, a longo prazo, afetar nossa saúde? Justifique. 2. Qual é a consequência de nossa exposição aos raios UV para a geração seguinte? Por quê? 5. Sobre a inversão térmica, marque V para as afirmações verdadeiras e F para as falsas. a) ( ) A dissipação de poluentes na atmosfera ocorre naturalmente por correntes de convecção, que possibilitam um fluxo contínuo de ar. b) ( ) Nas grandes cidades, principalmente no inverno, as correntes de convecção são interrompidas quando ocorre o aprisionamento de uma camada de ar quente entre duas de ar frio, acumulando os poluentes e prejudicando a qualidade do ar. c) ( ) A inversão térmica é causada pelo acúmulo de raios ultravioleta nas partículas de poluição atmosférica. d) ( ) A inversão térmica é um fenômeno meteorológico em que os poluentes demoram mais tempo para serem dispersos na atmosfera, formando uma névoa densa. e) ( ) A população geralmente não é afetada pela inversão térmica, pois ela ocorre nas camadas superiores da atmosfera, sendo prejudicial apenas quando há formação de chuva ácida. 6. (ENEM) As florestas tropicais úmidas contribuem muito para a manutenção da vida no planeta, por meio do chama- do sequestro de carbono atmosférico. Resultados de observações sucessivas, nas últimas décadas, indicam que a Floresta Amazônica é capaz de absorver até 300 milhões de toneladas de carbono por ano. Conclui-se, portanto, que as florestas exercem importante papel no controle a) das chuvas ácidas, que decorrem da liberação, na atmosfera, do dióxido de carbono resultante dos desmatamentos por queimadas. b) das inversões térmicas, causadas pelo acúmulo de dióxido de carbono resultante da não dispersão dos poluen- tes para as regiões mais altas da atmosfera. c) da destruição da camada de ozônio, causada pela liberação, na atmosfera, do dióxido de carbono contido nos gases do grupo dos clorofluorcarbonos. d) do efeito estufa provocado pelo acúmulo de carbono na atmosfera, resultante da queima de combustíveis fósseis, como carvão mineral e petróleo. e) da eutrofização das águas, decorrente da dissolução, nos rios, do excesso de dióxido de carbono presente na atmosfera. 7. (ENEM) Uma região industrial lança ao ar gases como o dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio, causadores da chuva ácida. A figura mostra a dispersão desses gases poluentes. 27Biologia 28 Volume 12 Considerando o ciclo da água e a dispersão dos gases, analise as seguintes possibilidades. I. As águas de escoamento superficial e de precipita- ção que atingem o manancial poderiam causar au- mento de acidez da água do manancial e provocar a morte de peixes. II. A precipitação na região rural poderia causar au- mento de acidez do solo e exigir procedimentos cor- retivos, como a calagem. III. A precipitação na região rural, embora ácida, não afetaria o ecossistema, pois a transpiração dos ve- getais neutralizaria o excesso de ácido. Dessas possibilidades, a) pode ocorrer apenas a I. b) pode ocorrer apenas a II. c) podem ocorrer tanto a I quanto a II. d) podem ocorrer tanto a I quanto a III. e) podem ocorrer tanto a II quanto a III. 8. (UFPel – RS) O lançamento de dejetos humanos nos rios, lagos e mares – principalmente nos grandes centros urbanos – é a forma mais comum de poluição da água. Com base em seus conhecimentos e nos textos, é cor- reto afirmar que ocorre um comprometimento da vida aquática quando os dejetos são lançados na água, pois estes promovem a) um aumento da quantidade de nutrientes nesses ambientes (eutrofização), tendo como consequên- cia a proliferação de micro-organismos aeróbicos, os quais consomem o oxigênio dissolvido na água, comprometendo a vida aquática. b) uma diminuição da quantidade de nutrientes nesses ambientes (eutrofização), tendo como consequência a proliferação de micro-organismos anaeróbicos, os quais consomem o oxigênio dissolvido na água, comprometendo a vida aquática. c) um aumento da quantidade de nutrientes nesses ambientes, tendo como consequência a proliferação inicial de micro-organismos anaeróbicos, os quais consomem o oxigênio dissolvido na água, compro- metendo a vida aquática. d) um aumento da quantidade de gás carbônico nes- ses ambientes, tendo como consequência a proli- feração de micro-organismos aeróbicos, os quais consomem os nutrientes dissolvidos na água, com- prometendo a vida aquática. e) uma diminuição da quantidade de nutrientes nesses ambientes (eutrofização), tendo como consequên- cia a redução da quantidade de micro-organismos aeróbicos responsáveis pela oxigenação da água, comprometendo a vida aquática. 9. A magnificação trófica ou bioacumulação é um fe- nômeno que provoca o acúmulo de produtos tóxicos (metais, inseticidas) em níveis superiores aos das teias alimentares. Por meio da análise da concentração de DDT (inseticida) em organismos marinhos, um biólogo obteve os seguintes resultados. Organismo Quantidade de DDT* Aves marinhas 26,5 Pescadas 2,36 Manjubas 0,72 Microcrustáceos 0,08 * unidade arbitrária De acordo com os índices de DDT apresentados no quadro, esquematize a provável cadeia alimentar cons- tituída por esses organismos e, em seguida, justifique sua resposta. 10. (MACKENZIE – SP) No mês de setembro, notícias vei- culadas na mídia mostraram a situação problemática da USP-Leste, situada em Ermelino Matarazzo. Se- gundo os relatos, a universidade foi construída sobre uma área contaminada por lixo extraído do Rio Tietê. A preocupação maior é o perigo decorrente da produção a) do CO (monóxido de carbono), gás que provoca as- fixia quando inalado. b) do CN (gás cianídrico) que, absorvido, provoca a morte. c) do CH4 (gás metano) que é bastante inflamável, po- dendo provocar explosões. <http://www.usp.br/ espacoaberto/arquivo/2002/ espaco25nov/print/ptnotas.htm> d) de contaminantes da água utilizada na universidade. e) de gases como o CO2 (gás carbônico) e o O3 (gás ozônio) que podem provocar o efeito estufa. 11. A Biologia da Conservação reúne conhecimentos das áreas de Ecologia, Biologia de Populações, Antropo- logia, Genética, Evolução e Biogeografia para desen- volver ações que contribuam para a conservação da biodiversidade, prevenindo a extinção de espécies. Qual é a importância da Biologia da Conservação para a manutenção da vida humana? 12. (UNICAMP – SP) A preservação da biodiversidade ocupa hoje um lugar importante na agenda ambiental de diver- sos países. Qual das afirmações abaixo é correta? a) A diversidade de espécies diminui com o aumento da produtividade do ecossistema. b) A diversidade de espécies diminui com o aumento da heterogeneidade espacial do ecossistema. c) A diversidade de espécies diminui com o aumento da latitude. d) A diversidade de espécies em recifes de corais é a menor entre os ecossistemas marinhos. 13. (UFRGS – RS) Considere as afirmações abaixo sobre a introdução de espécies exóticas em um ecossistema, como a dos javalis na região da fronteira oeste do Rio Grande do Sul. I. A disseminação dos javalis causa problemas pela escassez de predadores naturais que controlem a população desses animais. II. A degradação dos ambientes naturais favorece as espécies exóticas a ocupar ambientes anteriormen- te usados pelas espécies nativas. III. As espécies exóticas invasoras são consideradas
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