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ANA BEATRIZ CAMPOS 1 NEFROLOGIA – 4ª EI BL 1 Glomerulopatias secundárias • Como o nome já fala, é secundária a alguma patologia. Não vai discutir sobre doenças e sim, sobre a consequência da doença no rim. Dentro dessas patologias listadas, ainda acrescento hipertensão e diabetes. A principal reação tanto da diabetes, quanto da hipertensão, é proteinúria. São formas que afetam o rim por que aumenta a excreção de proteínas. A diabetes com a hiperfiltração glomerular causa a passagem desordenada de proteínas e o aumento da pressão intraglomerular causada pela hipertensão também aumenta proteína. Uma das patologias de colegenases é o lúpus, atinge vários órgãos, dentre eles o rim. Outra, são as vasculites, principalmente de pequenos vasos. Lembrando que o paciente já chega com a patologia e a gente vai ver o comprometimento renal. LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO Junto com a hipertensão e diabetes, o lúpus é uma doença que a gente deve ter uma extrema atenção, pois o aparecimento do lúpus é sempre crescente. O lúpus é uma doença inflamatória autoimune que o seu próprio sistema imunológico desenvolve e vai afetar vários órgãos e sistemas e que acomete principalmente mulheres. O lúpus tanto cursa com hematúria ou com proteinúria, também pode aparecer os 2, síndrome nefrítica e nefrótica associada ou ambas isoladas. Existem 11 critérios onde o lúpus atua, coração, fígado, cérebro, rim, articulações e etc. Existem 2 critérios renais que dá o diagnóstico de nefrite lúpica. O paciente chega com o diagnóstico de lúpus e o meu próximo passo é saber se o lúpus está acometendo o rim, se está acontecendo a nefrite lúpica ou a nefropatia lúpica. Os 2 critérios que usamos é a proteinúria > 500mg/24h ou 3 cruzes no EAS ou a presença de alguns cilindros celulares. Eu digo que o lúpus está acometendo o rim quando o paciente tem uma proteinúria positiva e/ou hematúria. O paciente tem o diagnóstico de lúpus e apresenta proteinúria e/ou hematúria, eu digo que o paciente tem uma nefropatia lúpica. O segundo passo para saber o acometimento renal do lúpus, é saber qual é o eu tipo histológico e eu descubro através do exame de biópsia. Todo paciente com nefrite lúpica eu peço biópsia, pois precisa saber a classificação. Tem que conhecer alguns critérios clínicos e laboratoriais para fazer uma hipótese diagnóstica de qual classe o lúpus é até a confirmação com o resultado da biópsia. ANA BEATRIZ CAMPOS 2 NEFROLOGIA – 4ª EI BL 1 O paciente chega com o diagnóstico de lúpus, a gente ver se ele tem a nefrite lúpica, faz a hipótese diagnóstica pelos critérios clínicos, mas já solicita a biópsia para confirmar. O paciente com uma bióspia normal, é aquele que apresenta uma hematúria leve, uma proteinúria de 500mg ou 1g/24h, presença de colesterol, triglicerídeos e função renal normais, ou seja, está no inicio de uma nefropatia lúpica. Na classe II, é também uma proteinúria de 1g/24h, apresenta uma alteração renal leve, hematúria também leve. A proteinúria pode ser um pouco maior do que a classe I. Dislipidemia levemente alterada. As classes III e IV são as mais graves, principalmente a classe IV que é a chamada glomerulopatia difusa, é aquela que tem pior prognóstico, tem uma importante alteração da função renal. Muitas vezes nessa classe IV acontece distúrbio eletrolítico, acidose metabólica, tem uma hematúria importante, proteinúria elevadíssima > 3g/24h, hipertensão descontrolada, ou seja, é uma nefropatia altamente progressiva, muitas vezes o paciente vai necessitar de fazer diálise. A classe III é um pouco mais branda do que a classe IV, tem uma proteinúria também elevada, mas tem uma hipertensão moderada, alteração renal também estará moderada, o paciente pode apresentar ou não sinais e sintomas de uremia, hematúria também moderada. A classe V é justamente a glomerulonefrite membranosa e geralmente cursa com uma protenúria não nefrótica, leve alteração da função renal, hematúria moderada e uma hipertensão de leve a moderada. O fator prognóstico da nefrite membranosa é o colesterol, quanto maior a dislipidemia, pior o prognóstico. Quanto maior o colesterol, tenho que entrar com imunossupressão pesada para evitar a destruição do rim. A classe VI é a classe esclerozante, onde apresenta mais de 50% de fibrose dos glomérulos e nesse caso não adianta fazer nada. Nesse caso, faz só as medidas gerais para o paciente. A imunossupressão nessa classe vai trazer mais malefícios do que benefícios. A biópsia é importante para que não aja uma progressão, por exemplo, o paciente chega até você na classe II, daqui á ¾ meses pode está na classe IV. Eu vejo que o lúpus está em atividade através do ANTI-DNA e do C4. O diagnóstico de biópsia da classe I, pode evoluir para uma III ou IV, mas nunca da classe VI para menor, pois nesta classe já está esclerosado. A gente tem que avaliar os critérios de atividade e cronicidade até do ponto de vista de prognóstico, porque se ele tiver mais critérios de atividade do que cronicidade, não vai adiantar entrar com a imunossupressão, pelo risco de trazer mais malefícios do que benefícios para o paciente. Vai avaliar esse índice de atividade e cronicidade pela biópsia. A classe III e IV são os piores prognósticos, principalmente a classe IV. Na classe III, a gente tem que agir de forma rápida, fazer o corticoide, imunossupressão, pois é uma forma de conter a evolução, para evitar que aconteça uma agressão renal e o paciente perca o rim, ou seja, para que não evolua para a classe IV e o paciente perca o rim, ter que ir para diálise. ANA BEATRIZ CAMPOS 3 NEFROLOGIA – 4ª EI BL 1 O tratamento da nefrite lúpica vai depender do tipo histológico. Classe II, só medidas gerais; classe III e IV já entra com imunossupressão, faz curso de corticoide, depois mantem com o corticoide oral e ciclofosfamida, até inativar a atividade lúpica. Na classe V, geralmente se faz medidas gerais e, o que vai decidir se entra com imunossupressão ou não é a parte metabólica do paciente. VASCULITES SISTÊMICAS NECROTIZANTES Principalmente no rim, as vasculites acometem os pequenos vasos. É imunomediada por imunocomplexos, principalmente o anticorpo ANCA. Na clínica das vasculites, o paciente apresenta várias petéquias pelo corpo, as vezes é até confundida com dengue. Quando o paciente já chega com o diagnóstico de vasculite, a primeira coisa que a gente faz é dosar o anticorpo ANCA, pede o ANCA C e o ANCA P. Se você solicita um ANCA C e ele vem positivo, a patologia mais frequente é a granulomatose de Wegener e, se você pede o ANCA P, é mais comum para poliangeite microscópica. A clínica da vasculite é síndrome nefrítica, uma hematúria bem positiva com uma proteinúria sub- nefrótica < 3,5mg/24h, lesão renal de leve a moderada e uma hipertensão moderada. Nos casos mais graves de vasculites, pode apresentar uma proteinúria nefrótica, albumina consumida, alteração de colesterol e, são nesses casos que elas evoluem para uma doença altamente progressiva, porém, depende da gravidade da vasculite. Para saber do acometimento renal, vai ser através dos sinais e sintomas clínicos e vai dosar o ANCA. A biópsia vai ser pedida mais para saber como está o acometimento renal, saber os critérios de atividade e cronicidade, pois se tiver mais critérios de cronicidade, não vai adiantar entrar com corticoide. PARAPROTEINEMIAS E DISPROTEINEMIAS O Mieloma é mais comum em idoso. Suspeitamos de mieloma em pacientes idosos que aparecem com uma anemia normo/normo (de forma abrupta), muitas vezes exclui até causas renais e apresenta várias dores ósseas. O mieloma causa lesões líticas. Uma grande característica do mieloma é a hipercalcemia e a hipercalciúria. O mieloma destrói os ossos. Ao suspeitar de mieloma, pede o cálcio, poisocorre a destruição dos ossos causando o aumento de cálcio no sangue e, consequentemente, uma hipercalciúria. A nefrocalcinose medular é uma das causas do mieloma, pelo fato do acúmulo de cálcio. ANA BEATRIZ CAMPOS 4 NEFROLOGIA – 4ª EI BL 1 O mieloma é o acúmulo de cadeia leve no rim, produz tanto que não consegue excretar. Quando tem o acúmulo de cadeia Kappa, tem o diagnóstico de mieloma e, quando tem o acúmulo de cadeia Lâmbda, você tem o diagnóstico de amiloidose. A consequência de mieloma no rim, pode causar tanto lesão crônica, como também, lesão aguda. A lesão crônica é chamada “rim do mieloma”. Quando o plasmócito está produzindo desenfreadamente a cadeia kappa, o rim não consegue excretar e a proteína do plasmócito junto com a proteína da cadeia kappa e começa a se acumular no rim, obstrutindo o tubo, pois é tanta imunoglobulina que o rim não dá conta de excretar. O diagnóstico de rim de mieloma é através da biópsia e se vê rim de mieloma ou nefropatia do cilindro, é justamente do acúmulo de cadeia Kappa. É possível medir a quantidade de cadeia Kappa na urina, através da proteína de Bence- Jones. Se eu tiver proteína de Bence-Jones aumentada na urina é porque a produção de cadeia kappa está bem elevada. O envolvimento renal do mieloma é multifatorial e vai depender da cadeia que é excretada, que geralmente é a cadeia Kappa, aliado a isso, tem que ver a presença de hipercalcemia, hipercalciúria, a própria hiperglicemia pode está presente. Lembrando que quando a gente for pedir a biópsia, sempre pedir imunofluorescência, porque geralmente o mieloma e amiloidose podem ser confundidas, só que, a cadeia que a amiloidose excreta é a cadeia lâmbida e na maioria das vezes o diagnóstico diferencial é feito pela imunofluorescência. Quando a imunofluorescência é corada pelo corante chamado vermelho do congo e quando o epatologista diz que a birrefringência foi negativa, estou diante de cadeia Kappa, ou seja, mieloma. Mas, caso a birrefringência seja positiva, estou diante de amiloidose. NEFROPATIA DO HIV A nefropatia do HIV complica o rim de várias formas, onde a gente sabe que a nefropatia mais comum é a GESF de forma colpsante. A nefropatia do HIV pode fechar com uma síndrome nefrótica e insuficiência renal. O tratamento é feito com medidas gerais e terapia antirretroviral. Jamais faz imunossupressão em quem já é imunossuprimido. O nosso alvo é a remissão da proteinuria. DOENÇAS VIRAIS ANA BEATRIZ CAMPOS 5 NEFROLOGIA – 4ª EI BL 1 É raro a evolução da doença para renal crônica. Evita o uso de corticoides em pacientes com doenças virais, porque ele aumenta a replicação viral. Sempre utiliza a terapia com Interferon, que é a mais indicada para o controle da hepatite. A principal lesão é a membranoploriferativa, tendo como manifestações síndrome nefrotica e hematúria, como doença secundária. Nesse caso, vê o consumo de complemento. O tratamento é um pouco controverso, quando tem hepatite C de forma inativa, não se pode usar o corticoide, o tratamento é mais medidas gerais e, nos casos de hepatite C ativa, utiliza o Interferon. SÓ UTILIZA INTERFERON NO CASO DE HEPATITE C EM ATIVIDADE!!!
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