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ALBERTO JORGE FARIAS FALCÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO Campus Belo Jardim-PE 2 SUMÁRIO 1. Introdução ..................................................................................................................... 03 2. Breve história da compostagem ................................................................................... 04 3. O que é compostagem .................................................................................................. 05 4. Razões para fazer a compostagem .............................................................................. 10 5. Vantagens da compostagem ........................................................................................ 12 6. Etapas da compostagem e tipos de compostor ........................................................... 13 6.1. Construção de um compostor .................................................................................. 13 a) Construção da pilha ............................................................................................. 14 b) Buraco na terra .................................................................................................... 18 c) Compostor de madeira, caixote e cercado ......................................................... 19 d) Galão ou tambor rotacional ................................................................................ 21 e) Composteira em tambor plástico ........................................................................ 21 f) Composteira em leiras ........................................................................................ 23 g) Compostor de arame ou rede metálica .............................................................. 24 7. Materiais empregados e colocados no compostor para o preparo do adubo ........... 25 8. Dimensionamento de uma unidade de compostagem ................................................. 26 9. Importância da temperatura, arejamento e umidade ................................................ 27 a) Temperatura .......................................................................................................... 27 b) Umidade ............................................................................................................... 29 c) Aeração ................................................................................................................. 29 10. Tempo de compostagem ............................................................................................... 30 11. Aplicação do composto ................................................................................................. 31 12. A relação C/N (Carbono/Nitrogênio) .......................................................................... 33 13. Decomposição e mineralização da matéria orgânica ................................................. 34 14. Adição ou reposição de matéria orgânica no solo ...................................................... 34 15. O que pode dar errado na compostagem? .................................................................. 41 16. Composição de alguns materiais empregados no preparo do composto .................. 42 17. Bibliografia ..................................................................................................................... 43 3 1. INTRODUÇÃO Atualmente, na maioria dos municípios do país, a quantidade de resíduos sólidos urbanos produzidos nas milhares de casas tem tendência de aumentar cada vez mais, constituindo assim um dos maiores problemas ambientais o destino a dar a todos estes resíduos. O quadro de geração e processamento de resíduos orgânicos no Brasil é preocupante, tanto pelas dimensões envolvidas como pela qualidade do processamento. Atualmente, o Brasil gera em torno de 228 mil toneladas de lixo por dia, sendo 125 mil toneladas de resíduos domiciliares. Cerca de 61% dos municípios mandam os resíduos sólidos para os lixões, córregos e fontes de água ou terrenos baldios. Por outro lado, os americanos geram aproximadamente 210 milhões de toneladas de lixo ou resíduos sólidos por ano, sendo que a maior parte desse lixo, cerca de 57%, é colocada em depósitos de lixo municipais. Aproximadamente 56 milhões de toneladas (27%) são recuperadas através da reciclagem, no caso de vidros, produtos de papel, plástico ou metais ou através da compostagem, no caso do lixo doméstico. A decomposição dos resíduos orgânicos nos aterros sanitários é uma grande fonte de emissão de gases poluentes, principalmente o metano, que é 20 vezes mais poluente que o gás carbônico, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental Americana-EPA. Os resíduos orgânicos colocados em aterros, empilhados de forma precária e aleatória, sem controle ou monitoramento, formam material putrefato resultando em líquidos responsáveis pela contaminação dos lençóis freáticos e cursos d’água, além de causarem prejuízos à saúde pública, contaminando mananciais que abastecem as cidades. Mesmo em aterros controlados, a solução é inadequada, tendo em vista sua vida útil tender a esgotar-se cada vez mais rápido, frente a quantidades sempre crescentes de lixo. Através do processo da compostagem, pode-se aproveitar todos os resíduos orgânicos, como o lixo doméstico e os restos de culturas (folhas, ramos, casca de frutos, restos de alimentos, etc.), evitando que sejam depositados em aterro sanitário, e produzir um fertilizante natural para o solo, denominado de composto. Produzir este adubo na propriedade rural é uma prática fácil porque a matéria-prima a ser usada é obtida de resíduos orgânicos, como o lixo doméstico, e os restos de culturas. Assim, toda a matéria que se joga fora (descarta) devem ser utilizadas para a compostagem. Portanto, a compostagem produz o adubo que é essencial para o solo, na melhoria de sua estrutura física e fertilidade, além de proporcionar às culturas cultivadas um vigor extraordinário, com aumento na sua produtividade. Isto pode ser observado na satisfação do produtor rural que realiza esta atividade. O objetivo principal deste trabalho é apresentar uma ferramenta de apoio, indicando caminhos práticos que possam proporcionar uma aprendizagem sobre a compostagem e as hortas biológicas que venham a ser desenvolvidas por toda e qualquer comunidade (rural, urbana, escolar) através de uma participação de todos (agricultores e suas famílias, professores, alunos, pessoas de diversas classes e categorias) para que, de tal forma, possam aprender, através de processos simples, os ciclos da matéria orgânica. 4 2. BREVE HISTÓRIA DA COMPOSTAGEM Assim como a agricultura, a compostagem é uma prática milenar de fertilidade orgânica duradoura, tendo sido praticada por diversos povos, permitindo a produção sustentada de diversos cultivos ao longo de séculos, como por exemplo o arroz irrigado do extremo oriente. Pelo seu processo na evolução humana, o homem observou na natureza a identificação e formação nas grandes florestas, pequenas matas em formação ou mesmo um jardim em equilíbrio, a integração dos reinos animal e vegetal, e observando o exemplo vivo do processo de compostagem que acontece diariamente. Como todos os elementos que a compõem se integram a cada ciclo, o que o homem fez foi imitar com o processo de compostagem. Desta maneira, o composto faz parte dos ciclos da vida do planeta Terra: alimento colhido é processado – usado na alimentação – os resíduos são separados – estes resíduos são reprocessados nas pilhas do composto – o processo de compostagem os transforma e os estabiliza – o composto pronto é usado como adubo orgânico na produção de alimentos e novamente o alimento é colhido. A compostagem,como método de reciclagem do lixo doméstico para obtenção de fertilizante orgânico, é conhecida pelos agricultores desde longa data, cujos registros de operações de compostagem em pilhas remontam a mais de 2000 anos na China, existindo várias referências bíblicas sobre as práticas de correção do solo, cujo agricultor cientista romano Marcus Cato tenha feito referências a mesma. Práticas semelhantes foram detalhadamente descritas há cerca de 1000 anos atrás, para o período de 3000 anos precedentes, em um manuscrito de “El Doctor Excellente Abu Zacharia Iahia de Sevilha”, o qual foi, posteriormente, traduzido do árabe para o espanhol por ordem do rei Carlos V, e publicado no ano de 1802 como “El Libro de Agricultura” Durante o século XVIII e XIX, os agricultores da Europa transportavam os seus produtos colhidos para as cidades em crescimento e, em troca, regressavam às suas terras com os resíduos sólidos urbanos das cidades para utilizá-los como corretivos orgânicos do solo. Desta maneira, os resíduos sólidos urbanos eram quase completamente reciclados através da agricultura para sustentar a produção vegetal. Até aos finais da década de 1960, a compostagem foi considerada como um processo atrativo para estabilizar a fração orgânica dos resíduos sólidos urbanos, cujo interesse neste processo resultava na esperança de vender o produto acabado, como corretivo orgânico do solo, com algum lucro. Entretanto, na década de 1970 e 1980, a compostagem nos países desenvolvidos perdeu a sua popularidade como método de gestão dos resíduos urbanos, principalmente porque a qualidade dos resíduos se tornou cada vez mais inadequada para o processo de compostagem, tendo em vista a diversificação dos produtos, em combinação com a proliferação e sofisticação dos materiais de embalagem, como também devido à inexistência de mercado para o produto acabado. Durante a década de 1990 até aos dias atuais, a pressão exercida para a utilização de métodos com menor impacto ambiental, conduz a um novo interesse no processo de compostagem, particularmente em relação à reciclagem dos resíduos e dos esgotos urbanos e industriais. 5 3. O QUE É A COMPOSTAGEM A compostagem é um processo biológico natural de transformação e decomposição biológica de resíduos sólidos orgânicos, originando um produto estabilizado, chamado composto, ou fertilizante natural, semelhante ao solo, graças à atividade de seres vivos, ou seja, pela ação de microrganismos na presença de oxigênio até o ponto em que poderá ser armazenado e manuseado com segurança e aplicado ao meio ambiente. De um modo mais simples, a compostagem é a produção do composto (adubo natural) orgânico, ou húmus, formado por matéria orgânica (MO) humidificada, obtida a partir da transformação (decomposição biológica) de restos orgânicos (sobras de culturas, frutas, verduras, restos de alimentos, dejetos de animais, etc.) pela ação microbiana do solo. Desta maneira, o composto orgânico nada mais é do que o material obtido da compostagem, possuindo cor escura, rico em húmus e contendo certa de 50% a 70% de matéria orgânica. Ele é classificado como adubo orgânico tendo em vista que é preparado a partir de estercos de animais e/ou restos de vegetais os quais, em seu estado natural, não possuem nenhum valor agrícola comercial. Este composto, que é o produto final, possui muitos nutrientes e é facilmente assimilado pelas plantas, sendo útil na agricultura, jardinagem, hortas, parques públicos, etc. No final da decomposição, o composto apresenta estrutura fofa, cheiro agradável e característico, temperatura ambiente, pH próximo de 7, livre de agentes patogênicos e de sementes de ervas daninhas. Fig. 1. Processo biológico natural de produtos em compostagem. 6 Definindo de uma maneira científica, o composto é o resultado da degradação biológica da matéria orgânica, em presença de oxigênio do ar, sob condições controladas pelo homem, cujos produtos do processo de decomposição são: gás carbônico, calor, água e a matéria orgânica “compostada”. O composto possui nutrientes minerais, tais como: nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, que são assimilados em maior quantidade pelas raízes, além de ferro, zinco, cobre, manganês, boro e outros que são absorvidos em quantidades menores e, por isto, denominados de micronutrientes. Quanto mais diversificados os materiais com os quais o composto será feito, maior será a variedade de nutrientes que poderá suprir. Ao contrário do que ocorre com os adubos sintéticos, ou químicos, os nutrientes do composto são liberados lentamente, realizando assim a tão desejada “adubação de disponibilidade controlada”. Isto, em outras palavras, significa que fornecer composto ás plantas é permitir que elas retirem os nutrientes que precisam de acordo com suas necessidades ao longo de um tempo maior do que teriam para aproveitar um adubo sintético e altamente solúvel, o qual é arrastado pelas águas das chuvas. Fig. 2. Materiais e processos naturais de decomposição. 7 A compostagem é uma forma prática de eliminar metade do problema do acúmulo dos Resíduos Sólidos Humanos, dando um destino útil aos resíduos orgânicos, evitando a sua acumulação em aterros, transformando um problema em uma solução, melhorando a estrutura física e química do solo, devolvendo os nutrientes de que ele necessita, aumentando a sua capacidade de retenção de água, uma vez que a matéria orgânica compostada se liga às partículas de areia, limo e argila, formando pequenos grânulos que ajudam na retenção e drenagem da água e melhoram a aeração, permitindo o controle da erosão e evitando o uso de fertilizantes sintéticos ou adubos químicos. Por outro lado, a presença de matéria orgânica no solo, aumenta o número de minhocas, insetos e microrganismos desejáveis, o que reduz a incidência de doenças de plantas. O processo de compostagem é desenvolvido por uma população diversificada de seres vivos – os microrganismos -, cuja seqüencia de ações desses microrganismos sobre a matéria orgânica que a “digerem” desde o início até a maturação do composto, envolve necessariamente três fases distintas: a primeira de degradação ativa, a segunda de maturação ou cura e a terceira de amadurecimento. Na fase de degradação ativa (mesófila e termófila), atuam principalmente fungos, bactérias, actinomicetos, protozoários e miriápodes, onde se destaca o “cozimento” e a decomposição da celulose e hemicelulose. A lignina continua sendo decomposta e será modificada mais lentamente. Na fase mesófila há uma elevação progressiva da temperatura, devido à atividade microbiana, transformando a energia contida nos compostos solúveis em calor, com temperatura variando de 30º a 40ºC. A duração dessa fase é curta, de 3 a 4 dias, ocorrendo apenas a degradação de resíduos simples (verdes). Na fase termófila a temperatura alcança valores máximos de 40º a 60ºC, constituindo na fase de degradação, observando-se nos primeiros dias uma diminuição do volume da pilha devido, principalmente, à evaporação da água. A temperatura deve ser controlada na faixa de 45 a 65ºC. Por outro lado, na fase de maturação ou cura (transformação), na qual ocorre a humidificação da matéria orgânica previamente estabilizada na primeira fase, atuam principalmente protozoários e minhocas, termina a decomposição de celulose, continua a de lignina e principia a síntese de ácidos húmicos. Nesta fase, a temperatura do processo deve permanecer menor que 45ºC. Na terceira fase (amadurecimento), além de microrganismos resistentes, começam a proliferar e atuar os macrorganismos, como besouros, lacraias, centopéias, aranhas e formigas, na qual a síntese e a ressíntese de húmus é concluída e estabilizada. Esses macrorganimos são responsáveispela transformação dos compostos mais resistentes (os polímeros), em partículas menores, e ainda seus excrementos servem para o desenvolvimento de outros organismos. Esta última fase tem uma duração média de 30 dias, fase em que o composto propriamente dito adquire as desejáveis propriedades físicas, químicas, físico-químicas e biológicas. Para uma boa atuação, deve-se ter equilíbrio, de ar e umidade, suficiente calor e um pH propício. Com relação à esta última fase, não se deve confundir maturidade com qualidade do composto, pois um composto pode estar totalmente maduro ou maturado, humidificado, mas no entanto ser de baixa qualidade. Uma diminuição da temperatura é indicadora de um abrandamento na biodegradação, significando que existe falta de arejamento, ou de deficiência de água ou de elementos nutritivos. Por outro lado, um aumento da temperatura significa progresso do processo aeróbio. 8 Existem poucos microrganismos que sobrevivem a temperaturas superiores a 60ºC, e mesmo que sobrevivam não permaneçam na forma esporulada (endósporos). Desta maneira, uma fase termófila que ultrapasse os 60ºC pode ser útil pra eliminar os patógenos, entretanto não dever ser mantida durante um tempo muito prolongado. Quando não forem mais reconhecidos os componentes iniciais da compostagem, o que sobra é uma substância com cheiro e aspectos semelhantes à terra preta, significando que o processo de maturação chegou ao fim, já que depois de maturado o composto não se degrada mais, e está pronto para sua utilização. A compostagem de baixo custo, ideal para pequenos agricultores, envolve processos simples, em pequena escala, feita em pátios, jardins, onde todo o material a ser compostado é disposto em pilhas ou em leiras de compostagem, desde que para isso, estejam garantidas todas as condições necessárias Fig. 3. Condições ambientais favoráveis para a compostagem. Os materiais biodegradáveis são classificados de castanhos ou verdes. Os castanhos são os resíduos de jardins já secos, como aparas de madeira, relva e folhas castanhas, palha, feno, serragem e plantas mortas. Estes materiais são ricos em carbono, o constituinte mais abundante na madeira, e pobres em azoto (ou nitrogênio) o constituinte mais importante das proteínas. Os verdes são os restos de comida, vegetais e frutas, folhas verdes, etc., que são muito mais ricos em azoto do que os castanhos. Em um compostor devem-se alternar as camadas de material castanho e verde, sucessivamente. Entretanto, na última camada tem de ser sempre de material castanho, para 9 minimizar os maus cheiros durante todo o processo, o qual tem de ter um acompanhamento contínuo, porque a falta ou excesso de água podem atrasar e interferir com os métodos metabólicos que conduzem à compostagem. Por isso é conveniente regar e revirar a pilha com alguma regularidade. Quando o material do compostor apresentar um aspecto de terra escura, sem odor e à temperatura ambiente, o produto final – o composto – estará formado. Este processo pode demorar entre 3 e 10 meses. O composto, antes de ser retirado para seu uso, deverá ser peneirado para remover qualquer elemento que não tenha sido convenientemente transformado. Mesmo depois de o composto estar totalmente finalizado, poderá ficar armazenado umas semanas – até diminuir de volume – para assegurar a obtenção de um produto totalmente estável, permitindo assim a formação do húmus no solo. Fig. 4. Materiais biodegradáveis para formação do composto orgânico. 10 Fig. 5. Ciclo dos resíduos verdes. 4. RAZÕES PARA FAZER A COMPOSTAGEM Ao fazer a compostagem, evita-se que os resíduos orgânicos que vão ser colocados no compostor, sejam depositados em aterro sanitário. Assim, o produto final que é obtido da compostagem – o composto – é um excelente fertilizante orgânico que melhora a textura do solo, combate a erosão, aumenta a capacidade de armazenamento de água utilizável pelas plantas, diminui a incidência de doenças e, consequentemente, reduz o uso de herbicidas e pesticidas. 11 Fig. 6. Ciclo da matéria orgânica. Atualmente, cada habitante produz em média 1,6 kg de lixo por dia, quando há cerca de vinte anos só produzia metade desta quantidade. Com o aumento sempre acelerado de produção de lixo, torna-se importante valorizar a compostagem como forma de tratamento e redução da quantidade de resíduos gerados nos domicílios residenciais e industriais e encaminhados para o aterro sanitário ou para a incineração. Para muitos, é comum acreditarem que um bom composto é difícil de ser feito ou exige um grande espaço para ser produzido; por outro lado, outros acreditam que o composto é sujo e pode atrair animais indesejáveis. Nada disto é verdadeiro se a compostagem for bem feita, cujo produto final pode ser produzido com pouco esforço e custos mínimos, trazendo grandes benefícios para o solo e as plantas. Até mesmo em um pequeno quintal ou varanda é possível preparar o composto e, desta forma, reduzir a produção de resíduos domésticos, principalmente nas grandes cidades. Exemplificando, com restos das podas de parques e jardins se produz um excelente composto para ser utilizado em hortas, na produção de mudas, ou para ser comercializado como adubo para plantas ornamentais. Assim, serão obtidos dois ganhos ao mesmo tempo: com a produção do 12 composto propriamente dito e um benefício indireto que é a redução de gastos de transporte e destinação do lixo orgânico produzido pela comunidade local. Outro erro muito comum é mandar para a lata de lixo todas as partes dos alimentos que poderiam muito bem serem consumidos: folhas de muitas hortaliças (como as da cenoura e da beterraba), talos, cascas e sementes são ricas fontes de fibra e de vitaminas e minerais fundamentais para o bom funcionamento do organismo humano. Todos os restos de alimentos, estercos animais, aparas de grama, folhas, galhos, restos de culturas agrícolas, enfim, todo o material de origem animal ou vegetal pode entrar na produção do composto. Fig. 7. Formação da leira com resíduos e outros materiais. 5. VANTAGENS DA COMPOSTAGEM - O composto resultante da compostagem melhora a fertilidade dos solos; - Serve para enriquecer solos pobres com nutrientes, melhorando sua estrutura física e química e permitindo uma boa fertilidade; - Ajuda a evitar doenças, pragas e ervas daninhas das plantas; - Aumenta a capacidade do solo em termos de absorção de ar e água, facilitando a aeração, retendo a água e reduzindo a erosão provocada pelas chuvas; - Reduz o uso de herbicidas e pesticidas; - Melhora a textura do solo, reduzindo as perdas de nutrientes, disponíveis em resíduos subaproveitados; 13 - Aumenta a capacidade das plantas na absorção de nutrientes (macro e micro), fornecendo substâncias que estimulam seu crescimento, podendo-se citar os macronutrientes N, P, K, Ca e Mg e os micronutrientes Bo, Cl, Cu, Co, Na (Fig. 8); - Funciona como inoculante para o solo, acumulando os macro e microrganismos (fungos, actinomicetos, bactérias, minhocas e protozoários) que são formadores naturais do solo; - Permite o melhor aproveitamento de restos orgânicos com relação C/N desbalanceada, que juntos aproximam-se de uma C/N desejada (de 25/1); - É a melhor solução para reciclar quase todos os restos de comida, de jardim e da horta, produzidos em uma casa, escola ou empresa, sem recorrer a grandes custos de manutenção. Fig. 8. Nutrientes disponíveis para absorção das plantas. 6. ETAPAS DA COMPOSTAGEM E TIPOS DE COMPOSTOR 6.1. Construçãode um compostor Caso a opção seja pela construção e não pela compra do compostor, a área escolhida deverá apresentar pouca declividade, proteção de vento e insolação direta, ser de fácil acesso, permitindo o reviramento da mistura e a passagem de veículos para transporte de material, e ter 14 água disponível para molhar as medas (pilhas), estar diretamente sobre a terra para facilitar a entrada dos decompositores (microrganismos, minhocas, etc.) e a absorção de escorrências. Por outro lado, o agricultor precisará de espaço na envolvente do compostor para depositar ramos de árvores, folhas ou outro material, antes que possa colocar dentro do compostor. a) Construção da pilha Deve-se preparar a área para a construção da pilha efetuando-se uma capina e limpeza do terreno. O local apropriado deverá ser protegido do vento, do sol e da chuva, tendo como exemplo na sombra de uma árvore, a qual apresenta estas condições e ainda pode-se deixar o resíduo da pilha para a própria árvore. O pomar é um ótimo local para se fazer uma rotação com as pilhas. A pilha construída e exposta diretamente ao sou ou ao vento tende a ficar seca demais e, por outro lado, exposta à chuva poderá ficar sujeita à lixiviação de nutrientes. O local escolhido para a compostagem deverá ser, de preferência, próximo daquele em que o composto irá ser utilizado, sendo necessário também ter água nas proximidades uma vez que a chuva poderá não ser suficiente para umedecer convenientemente a pilha. Fig. 9. Limpeza da área para construção da pilha de compostagem. Em local totalmente coberto e com piso firme, tem-se as condições ideais que minimizam as perdas, uma vez que, quando exposto diretamente ao sol e chuva, o composto pode perder até metade de sua qualidade, devido à perda de nutrientes. Em regiões muito úmidas, fazer a pilha ao nível do chão, protegendo o local com um sulco escoador e escolhendo leve inclinação. Em regiões muito secas, a pilha pode ser enterrada a um terço (50 a 70 cm.). 15 Fig. 10. Tipos de solo para a construção da pilha. Após o terreno estar totalmente limpo, demarcar o local em torno da área a ser utilizada para a construção da pilha, e fazer canaletas ao redor para protegê-la das enxurradas e facilitar as regas (Fig. 11). Fig. 11. Demarcação do terreno e abertura de canaletas. A pilha deve ter de 1 a 2 metros de largura e de 1,5 a 1,8 metros de altura. Quanto ao comprimento, este dependerá da quantidade e de uma maior diversidade possível de resíduos disponíveis, numa proporção semelhante de materiais Carbono e materiais Nitrogênio. 16 A forma e o tamanho da pilha também influenciam na velocidade da compostagem, notadamente pelo efeito que têm sobre o arejamento e a dissipação do calor na pilha. O tamanho ideal da pilha pode ser variável, entretanto, o volume de 1,5m x 1,5m x 1,5m poderá ser considerado bom para a generalidade dos materiais. No entanto, o volume deve depender também do sistema e das tecnologias de compostagem utilizadas. Uma pilha muito baixa não composta muito bem e não aquece rapidamente. Por isso, nos locais muito frios pode ser preferível pilhas mais altas que 1,5 metros. Pelo contrário, as pilhas demasiadamente altas, com 2,5m a 3,0m podem tornar-se quentes demais e matar os microrganismos responsáveis pela compostagem e podem ficar muito compactas, diminuindo assim o arejamento no seu interior. Todos os materiais, após serem colhidos e separados, devem ser triturados ou cortados em pequenos pedaços, para uma melhor uniformidade e decomposição dos mesmos. A construção da pilha deve ser como um sanduíche, espalhando inicialmente na área uma camada de restos de culturas com material pobre em nitrogênio (milho, feijão, gramíneas) até a altura de 20cm, e em seguida molhar bem a camada, devendo-se evitar o encharcamento, de modo que umidade ideal esteja em torno de 45% a 50%. Fig. 12. Construção da pilha e irrigação das camadas. 17 Uma vez efetuada a primeira camada, espalhar sobre ela uma segunda camada com material rico em nitrogênio (esterco), a uma altura de 10cm, tornando a molhar novamente. Repetir esta operação de modo que a pilha atinja a altura recomendada, sendo que a última camada seja com material pobre em nitrogênio. Construir a pilha com várias camadas, usando todos os ingredientes que encontrar, alternando camadas “verdes” de material fresco de verduras e legumes com camadas “secas” de material envelhecido, camada absorvente com camada úmida, material rico em carbono com material rico em nitrogênio. Material muito lenhoso (galhos, ramos, etc.) não devem passar de 10% em volume, pois, caso contrário resultará em uma pilha hiper-arejada e assim muito seca. Por outro lado, material muito fino (borra de açude ou plantas aquáticas) devem ser pré-secas para não empastar a pilha, que ficará muito úmida. Fig. 13. Formação das camadas na pilha de compostagem. Depois de totalmente pronta, a pilha deve ser coberta com folhas de bananeira, coqueiro ou palmeira, com objetivo de proteger das intempéries (chuvas, vento, insolação, etc.), e reduzir a evaporação. A pilha deve ter a parte superior quase totalmente plana para evitar a perda de calor e umidade, tomando-se o cuidado para evitar a formação de “poços de acumulação” das águas das chuvas. Como opção, pode-se enriquecer as camadas com fosfato de rocha e calcário dolomítico ou ainda com cascas (carapaças) moídas de carangueijos, mexilhão e ostras, servindo para neutralizar a massa em decomposição. A pilha deve ser virada a cada 15 dias, para que, dependendo das condições climáticas, o composto fique pronto em e ou 4 meses. Caso a pilha seja virada raramente, o composto poderá ficar pronto em um período maior, de seis meses a um ano. No momento da virada, deve-se ter o cuidado de inverter as camadas (a inferior passa para cima e vice-versa) O composto estará pronto quando não se degrada mais, mesmo sendo revirado, tem um aspecto relativamente homogêneo e granuloso, onde os componentes originais não são reconhecíveis, tem cor escura e cheiro de terra rica em matéria orgânica. 18 Fig. 14. Pilha pronta. Caso o composto tenha um cheiro desagradável, a podre, isto pode ter origem no excesso de umidade (o composto não deve estar escorrendo água, e está alagado). Caso isto aconteça, basta revirar a pilha e adicionar materiais secos e porosos como folhas secas, serradura, aparas de madeira ou palha. Outra causa possível para o cheiro a podre é o excesso de compactação e, neste caso, deve-se revirar a pilha ou diminuir o seu tamanho. O cheiro forte de amônia pode ser origem normalmente no excesso de materiais Nitrogênio. Caso aconteça isto, deve-se adicionar mais materiais Carbono. b) Buraco na terra Uma outra forma de reciclar os resíduos biodegradáveis sem usar um compostor, consiste em cavar um buraco no solo, com cerca de 60cm de diâmetro e 25/40cm de profundidade e colocar os resíduos biodegradáveis, cobrindo-os em seguida com uma camada de terra ou folhas secas (Fig. 15). Fig. 15. Compostor usando uma cova no solo. 19 c) Compostor de madeira, caixote e cercado Se o agricultor optar pelo uso de um compostor mais estético, pode muito bem construí-lo com ripas ou tábuas de madeiras, tipo caixa de fruta com tampa e com dimensões de 1,0m x 1,0m x 1,0m em cada cuba (podendo-se fazer com uma, duas ou três cubas), o suficiente para resíduos de cozinha e jardim. Para facilitar o manuseamento dos resíduos, as tábuas da frente podem ser removíveis, bastando para isto fazer um encaixe com ranhura. Fig. 16. Composteira em caixote.Ao construir a cuba, ou “caixa”, de compostagem (biodigestor), deixar bastante espaço aberto para que o ar alcance a pilha no interior da mesma. Para evitar a entrada de roedores pode-se colocar uma rede ou uma tela na base do compostor. Um lado removível da caixa facilita o manuseamento da pilha com uma pá. Um compostor para uma família com três a cinco pessoas deve ter uma capacidade de cerca de um metro cúbico: duas caixas com um metro quadrado cada, permitindo fazer a viragem de uma para a outra e manter o composto em uma delas por uns dias enquanto se começa a encher a outra. Fig. 17. Cuba ou biodigestor para compostagem de lixo doméstico. Caixa dupla com 1m3 em cada compartimento. 20 O compostor deve ser colocado diretamente sobre a terra para facilitar a entrada dos decompositores (microrganismos, minhocas, etc.) e a absorção de escorrências. Sempre que possível, o mesmo deve ser colocado em um local de fácil acesso, com disponibilidade de água e protegido do excesso de vento, de sol de chuva. Os compostores precisam, no mínimo, de 0,5m3 (500 litros) de capacidade, ideal para compostar durante todo o ano. Atualmente existe uma boa seleção, com grande variedade de escolha que pode ser encontrada em algumas lojas ou centros de jardinagem, e muitas vezes disponíveis por encomenda postal. Em um compostor é importante verificar a facilidade de uso e a durabilidade. No primeiro caso, facilidade de uso, verificar a facilidade de colocar, virar e remover os materiais. Compostores com grandes aberturas são ideais, uma vez que aberturas pequenas na base têm um acesso mais difícil e são mais facilmente danificadas. No segundo caso, durabilidade, verificar a espessura das paredes, se são aparafusadas ou pregadas e como é fixada a tampa. Algumas madeiras não apodrecem em 15 anos. Compostores de metal tendem a enferrujarem em poucos anos. Portanto, dar sempre preferência a compostores feitos de materiais reciclados. Fig. 18. As estruturas para compostagem se apresentam em vários formatos. Fig. 19. Composteira tipo cercado. 21 d) Galão ou tambor rotacional Este tipo de composteira é capaz de armazenar uma grande quantidade de resíduos. É possível adaptar um tambor de metal caso não se encontre já pronto no comércio ou casas específicas de jardinagem. O revolvimento do material residual é fácil e rápido, podendo compostar resíduos de cozinha (restos de comida) e jardim. Se bem cuidada, esse compostor pode ter uma durabilidade por muito tempo. Para facilitar o manejo, sua instalação deve ter uma altura média de 1,50m do chão (Fig. 20). Fig. 20. Compostor tipo tambor de metal ou galão rotacional. e) Composteira em tambor plástico Indicada para apartamentos ou pequenas residências, esta composteira caseira tem formato de tambor, possuindo uma capacidade volumétrica suficiente para 3 a 4 pessoas, necessitando somente delimitar um espaço para sua localização e conseguir circular o ar. Para iniciar sua atividade é necessário abrir pequenos furos (com aproximadamente 1,0cm de diâmetro) ao redor do tambor para permitir a passagem de oxigênio no seu interior. Este tipo de composteira necessita de um cuidado maior, principalmente se sua localização for nas proximidades da cozinha ou área de serviço, sendo que o aparecimento de qualquer odor de azoto pode incomodar as pessoas que se aproximem. Para evitar o aparecimento de qualquer odor desagradável, além dos restos da cozinha (composto verde), é necessário adicionar um volume superior de compostos castanhos (a serragem é a mais indicada por apresentar uma relação C/N bastante alta) para suavizar os odores desagradáveis, embora com isso o processo de decomposição de torna um pouco mais lento, podendo durar além dos 3 meses. Para evitar possível vazamento de compostos é aconselhável envolver o tambor com uma tela de malha fina de “nylon” ou tipo “mosqueteiro”, cujo objetivo é preventivo na geração de moscas ou outros insetos. Encontradas em casas de jardinagem, suas dimensões pode variar, com cerca de 0,6m de altura x 0,4m de diâmetro. 22 Foto cedida por Karim Nice Fig. 21. A compostagem caseira é o modo ideal para reduzir resíduos sólidos. Foto cedida por Karim Nice Fig. 23. Unidade caseira para compostagem disponível comercialmente. Foto cedida por Karim Nice Fig. 22. Onde você quer colocar sua pilha de compostagem? Fig. 24. Composteira caseira em tambor plástico, envolta com tela de “nylon”. 23 Foto cedida por Karim Nice Fig. 25. Resíduos de cozinha e do quintal em um recipiente para compostagem. f) Composteira em leiras Havendo muito material e bastante espaço disponível, como sítios, granjas, escolas ou instituições de ensino, a composteira em leiras (Fig. 26 e 27) é ideal e pode ser dimensionada de acordo com o volume e diversidade de resíduos disponíveis. Para evitar a compactação do material, recomenda-se que cada leira tenha até 1,50m de altura e comprimento variável. Como as leiras ficarão em local aberto, fechado ou não, este tipo de composteira favorece a operação de reviramento do material. Fig. 26. Composteira em leiras em ambiente aberto e coberto. Fig. 27. Composteira em leiras em ambiente aberto. 24 g) Compostor de arame ou rede metálica Os compostores de rede metálica ou plástica com malha de 2 a 3 cm também podem ser utilizados para pequenos espaços e muito fáceis de construir. A rede é colocada em forma de cilindro com 1,0m de altura e 0,80m de diâmetro (Fig. 30), utilizando-se estacas de madeira para manter a rede de pé. Este compostor só deve ser utilizado para resíduos de quintal ou jardim tendo em vista possuir uma tendência de perder mais calor do que as caixas com partes laterais mais sólidas, tornando deste modo a decomposição mais lenta. Fig. 28. Composteira em leiras de alvenaria, em ambiente aberto e coberto. Fig. 29. Composteira em leiras em ambiente aberto. Fig. 30. Compostor de arame/rede metálica. 25 7. MATERIAIS EMPREGADOS E COLOCADOS NO COMPOSTOR PARA O PREPARO DO ADUBO - Dejetos de animais (esterco de galinha, gado, porco, cabra, etc.); - Restos da cozinha (comida cozinhada e restos de vegetais da preparação); - Cascas, bagaços de frutas; - Resíduos de culturas (cascas de arroz, palha de milho, vagem seca de feijão, casca seca de café, etc.); - Folhas e ramos de árvores frutíferas ou não (sem doenças); - Serragem; - Restos de capim (colonião, elefante, brachiaria, etc.); - Borras e restos de filtros de café e de chá; - Legumes, vegetais e frutas; - Cascas de ovos esmagadas; - Aparas de relvas e ervas daninhas sem sementes; - Guardanapos de papel; - Palha, feno e aparas de madeira e serradura. Por outro lado, alguns resíduos podem causar problemas no compostor, tais como: - Madeiras tratadas quimicamente; - Excrementos humanos e de animais domésticos (cães e gatos, principalmente), pois podem conter microrganismos patogênicos passíveis de sobreviver ao processo de compostagem, bem como carregarem doenças e parasitas, além de causarem odor desagradável; - Carvão, cinzas de carvão e de madeira, pois são tóxicas para os microrganismos da terra; - Plantas doentes, pois podem infectar a pilha de compostagem e influenciar no produto final; - Restos de carne, peixe e lacticínios (podem atrair animais indesejáveis); - Ossos e espinhas; 26 - Resíduos de jardim ou plantas tratados com pesticidas ou herbicidas, pois são perigosas para os organismos da cadeiade alimentação do composto e os pesticidas podem sobreviver dentro do produto final; - Gordura e óleo vegetal; - Ramos muito grandes e tábuas inteiras; - Resíduos inorgânicos (vidro, plástico, metal, pilhas, medicamentos, produtos químicos, produtos têxteis e tintas). 8. DIMENSIONAMENTO DE UMA UNIDADE DE COMPOSTAGEM O tamanho de uma composteira, ou unidade de compostagem, varia muito em função da mesma, se em pequenos ou grandes espaços, para utilização do composto em jardins, granjas ou comercialização em grandes quantidades. Para tanto, precisa-se de alguns parâmetros para que se possa chegar ao objetivo principal da atividade. Naturalmente, se o espaço for pequeno, a quantidade de materiais para formação das leiras for pouca, não há necessidade de efetuar os cálculos para dimensionar o espaço físico a ser ocupado. Entretanto, para exemplificar, supondo-se que a quantidade de resíduos orgânicos de um determinado estabelecimento agrícola, unidade escolar, comunidade de agricultores familiares, condomínios residenciais, dentre outros, seja de 2.000 kg/mês e supondo-se também que a densidade da mistura desses materiais residuais seja de 450 kg/m3, e que sejam utilizadas leiras com seção reta retangular com 1,5m de altura e 3,0m de largura, efetuam-se os seguintes cálculos: a) Cálculo do comprimento da leira (L): - Área de seção reta: AS = 3,0 x 1,5 / 2 = 2,25m2 - densidade de massa do composto (d): d = 450 kg/m3 (dado do problema) b) Volume da leira de compostagem (V): - V = 2.000 kg / 450 kg/mês = 4,4m3 c) Comprimento da leira (L): - L = V / AS = 4,4m3 / 2,25m2 = 1,97m - Comprimento adotado: L = 2,0m Desta maneira, as dimensões da leira serão: 1,5 x 3,0 x 2,0m 27 d) Cálculo da área do pátio de compostagem: - Área da base da leira (Ab): Ab = 3,0 x 2,0 = 6,0m2 - Área de folga para reviramento da leira = Af = 6,0m2 Assim, cada leira ocupará: Ab + Af = 12,0m2 Supondo-se que o material utilizado possua fase ativa e fase de maturação (período total de compostagem) com duração de 120 dias, e que seja formada, ou montada, uma leira por mês, a área útil (Au) do pátio de compostagem será: Au = 6,0m2 x 120 = 720m2. Após a execução dos cálculos, a Tabela 1 demonstra as dimensões da unidade de compostagem. Tabela 1. Dimensões de uma unidade de compostagem. Comprimento (L) Volume (V) Comprimento (L – V / AS) Área do Pátio (Ab) Área de Folga (AF) AS = 2,25m2 4,4m3 1,97m 6,0m2 6,0m2 9. IMPORTÂNCIA DA TEMPERATURA, AREJAMENTO E UMIDADE Para que o procedimento durante o processo de compostagem decorra com normalidade, deve-se efetuar a manutenção do compostor, alternando sempre os resíduos secos (folhas secas e ramos) com os resíduos úmidos (folhas verdes e restos de alimentos). Portanto, durante o processo de compostagem, é importante verificar os seguintes parâmetros: temperatura, reviramento (arejamento ou oxigenação) e umidade. a) Temperatura A temperatura é o fator mais importante para determinar se a operação de compostagem se processa de maneira desejável, uma vez que a produção de calor de um determinado material é a forma indicativa da atividade biológica desse material e, por isso, indiretamente, do seu grau de decomposição. A produção de calor depende da velocidade a que a decomposição se processa (ou da velocidade a que os microrganismos crescem e atual), e esta, depende do teor de umidade, arejamento e relação C/N da mistura dos materiais, da forma e do tamanho da pilha de compostagem (que afeta o arejamento e a dissipação do calor da pilha) e da temperatura exterior à pilha. Quando a pilha está estática, os mecanismos de dissipação do calor, do interior da pilha para o exterior, incluem a condução, a convecção e a radiação. 28 A temperatura ideal para que se obtenha com sucesso o produto final (adubo orgânico) deve ser mantida entre 60ºC a 70ºC (não suportável ao tato), pois se ocorrer a variação desses limites para cima ou para baixo, poderá ocasionar a queima ou apodrecimento do material, perdendo com isso o seu valor nutritivo para as plantas. Esses valores irão revelar o desempenho ou performance do processo e a necessidade de qualquer medida corretiva caso a temperatura esteja excessivamente alta (> 65ºC) ou relativamente baixa (< 35ºC) na fase ativa de degradação. As temperatura altas são controladas pelo reviramento e/ou pela mudança de configuração geométrica da leira (diminuição da altura e aumento da área superficial). Por outro lado, as temperaturas baixas registradas durante a fase ativa sugerem baixos teores de umidade (< 35ºC) ou outro problema que esteja afetando a atividade microbiológica do processo. Ao longo do processo de compostagem, o corpo da pilha, ou melhor seu centro, passa pelas seguintes etapas, caracterizadas pela variação da temperatura: FASE 1: médias e altas temperaturas, decomposição de celulose de amido e açúcares. FASE 2: altas temperaturas, decrescendo, decomposição de celulose. FASE 3: temperaturas baixas, estabilização, ressíntese. O valor médio ideal da temperatura nos processos de compostagem é de 50ºC. Durante um período de 12 a 24 horas após a montagem, as leiras devem registrar temperaturas entre 50ºC a 65ºC, as quais deverão permanecer durante toda a primeira fase do processo, atingindo valores menores que 45ºC somente no fim dessa fase. Em um dimensionamento errado da pilha do composto, a temperatura pode ficar aquém ou além do desejável: ● largura da pilha < 1,0m x altura < 1,0m = pilha não se aquece e precisa de cobertura especial para acumular calor. ● largura da pilha > 2,5m x altura > 1,5m = pilha aquece muito e predominam microrganismos termofílicos, resultando em um produto inferior. O controle da temperatura é conseguida fazendo-se o reviramento periódico das pilhas a cada 15 dias, até que a temperatura atinja ao ideal. A medida da temperatura pode ser obtida através de um termômetro apropriado ou uma barra de ferro de 1,5 metros, introduzida até o centro da pilha durante cerca de 30 minutos. Ao retirar a barra de ferro, fazer a medição da temperatura pelo tato. De uma maneira geral, pode-se registrar a temperatura de vários pontos da pilha, no interior e no exterior, ou em diferentes camadas. A temperatura deve alcançar os 40ºC a 50ºC em dois ou três dias e, quanto mais depressa o material for decomposto, mais cedo a temperatura começará a descer. A decomposição do material ocorre mais rapidamente na fase termofílica (40-60ºC), podendo demorar semanas ou mesmo meses, dependendo do tamanho e da composição da pilha de 29 compostagem. Durante a fase termofílica, as temperaturas elevadas aceleram a hidrólise das principais moléculas estruturantes dos materiais em compostagem, designadamente, proteínas, gorduras e hidratos de carbono complexos, como as celuloses e hemiceluloses. Durante este período devem ser destruídos os organismos patogênicos e as sementes de plantas daninhas ou infestantes. É recomendável impedir que a temperatura da pilha ultrapasse em muito os 65ºC, pois os microrganismos benéficos são eliminados. Nestes casos, o volteio ou reviramento da pilha e consequentemente arejamento diminui as temperaturas porque o calor se dissipa. Quando se revira a pilha, semanalmente ou mesmo mensalmente, a temperatura deverá descer e, posteriormente, poderá voltar a crescer por recomeçarem as reações aeróbias na matéria orgânica ainda incompletamente decomposta que se encontrava em zonas de anaerobiose no interior da pilha antes desta ser revirada. b) Umidade Para se ter uma boa atividade microbiana, além de controlar a temperatura, deve-se ter cuidado na preparação das camadas quanto àumidade, evitando o encharcamento ao molhá-las, pois o encharcamento provocará uma decomposição lenta devido a falta de aeração, uma vez que a água obstrui o espaço poroso entre as partículas, dificultando a circulação do ar, e o empobrecimento do esterco em substâncias nutritivas. Assim, a umidade é necessária ao compostor, para que os microrganismos possam se movimentarem e para decomporem o material. Um teor de umidade de 50 a 60% é considerado ideal para a compostagem. Abaixo de 35-40% de umidade a decomposição da matéria orgânica é fortemente reduzida e umidade abaixo de 30% praticamente a decomposição é interrompida. Por outro lado, o limite superior depende do material e do tamanho das partículas, sendo freqüentemente considerado entre valores de 55 e 60% de umidade. Uma umidade superior a 65% retarda a decomposição, produzindo-se maus odores em zonas de anaerobiose localizadas no interior da pilha de compostagem, além de permitir a lixiviação de nutrientes. O teste da esponja é um teste prático e expedito, consistindo em colocar na mão uma porção de composto e apertar e não devendo escorrer água (podendo pingar algumas gotas), mas devendo ficar umidade na mão. Para manter a umidade ideal, deve-se cobrir a pilha com folhas ou qualquer tipo de palha. Portanto, na questão da umidade, tornar-se importantíssima a escolha de um bom local para a composteira. c) Aeração A aeração é antagônica à umidade, devendo ser bem controlada, garantindo o bom suprimento de todos os seres decompositores com oxigênio, eliminando ainda o gás carbônico produzido. A maior ou menor aeração se consegue através do tamanho da matéria prima: ● pedaços > 5cm = macroporosidade = aeróbia ● pedaços < 5cm = microporosidade = anaeróbia (condições de redução = silagem) 30 Para obter a macroporosidae, com suficiente circulação de ar, deve-se: - iniciar a pilha sobre um colchão de galhos e palhas; - furar todas as paredes, se o composto doméstico for feito em caixas; - ao montar a pilha, o ideal é misturar bem ou intercalar em camadas as partículas grossas e finas; - nunca pisar ou socar a pilha; - pode-se improvisar canas de aeração, montando a pilha com bambu ou galhos atravessados que são mexidos em um certo intervalo de tempo. A aeração ou arejamento da pilha favorece a oxigenação, a secagem e o arrefecimento no seu interior. Em outras palavras, fornece o oxigênio para a atividade biológica, remove umidade da massa em compostagem e remove o calor diminuindo a temperatura da massa em compostagem. O reviramento das leiras de compostagem pode ser manual ou mecânico, com o auxílio de uma pá, enxada ou de um trator específico para essa finalidade. Durante o processo de arejamento ou reviramento, o calor é liberado para o meio ambiente na forma de vapor de água. Nesse momento, faz-se a correção da umidade por meio da distribuição uniforme de água na massa de compostagem, com objetivo de repor a perda de água no sistema. Entretanto, durante a molhagem da massa, deve ser tomados cuidados para evitar o excesso de umidade, o que poderá causar anaerobiose (odores e atração de vetores), além da lixiviação do excesso de água na leira. O elemento oxigênio é necessário para os microrganismos obterem energia resultante da oxidação do carbono orgânico, o qual, posteriormente, liberta-se como carbono inorgânico, na forma de dióxido de carbono. A falta de oxigênio causa o ambiente redutor, resultando compostos incompletamente oxidados. Apesar de 21% da atmosfera ser oxigênio, os micróbios aeróbios conseguem sobreviver em atmosferas com 5% de oxigênio. Entretanto, abaixo de 10% de oxigênio este elemento poderá ser limitante. Quando o oxigênio desce dos 5% criam-se zonas de anaerobiose. No entanto, se a atividade anaeróbia não for excessiva a pilha de compostagem funcionará como um filtro que impedirá a liberação dos gases com maus odores que posteriormente serão degradados no seu interior. Se a atividade anaeróbia for intensa, resultarão cheiros desagradáveis que não devem acontecer se o processo de compostagem for bem conduzido. Portanto, se o composto começar a cheirar mal é provável que esteja muito molhado e que necessite de arejamento ou de um material poroso. 10. TEMPO DE COMPOSTAGEM O tempo para a matéria orgânica se compostar, ou se decompor, depende de vários fatores. Se as necessidades nutricionais do material forem atendidas, se os materiais forem adicionados em pequenas dimensões, alternando camadas de materiais verdes e restos de cozinha com materiais secos, mantendo o nível ótimo de umidade e revirando o material uma a duas vezes por semana, o composto poderá estar pronto cerca de 2 a 3 meses. Por outro lado, caso o material seja adicionado continuamente, revirado ocasionalmente e a umidade controlada, o composto estará pronto ao final de 3 a 6 meses. 31 De uma maneira geral, se o material colocado na pilha estiver dentro das proporções corretas, se as demais condições de umidade, temperatura e aeração forem atendidas, havendo também os revolvimentos periódicos da pilha, o composto estará pronto para uso no prazo anteriormente mencionado, ou seja, de 60 a 90 dias. Uma vez completamente pronto, ou seja, quando o composto estiver “maduro”, ele não deverá ficar exposto à ação do tempo. Enquanto não for utilizado, o mesmo deverá permanecer umedecido e protegido do sol e da chuva. Quando o composto for destinado para enchimento de covas de árvores, vasos de flores ou no preparo de canteiros para hortas, deve-se ter a certeza de que o material está realmente curtido, maduro, ou seja, pronto para o uso. O composto maduro tem um cheiro agradável de terra vegetal úmida (terra de mata, floresta) e os materiais usados formam uma massa escura na qual não se diferencia um material do outro. Em uma pilha, quando a temperatura no interior da mesma fica próxima ao da temperatura ambiente (composto “frio” por dentro, em um período de 60 a 90 dias após o início do processo), pode-se considerar que o composto está maduro. Uma forma bastante simples de se verificar a maturação do composto é misturando uma porção dele em um copo de água. Assim, irá ocorrer um dos seguintes fenômenos: - o líquido, após revolvido, fica escuro como se fosse uma tinta preta e tem partículas em suspensão, mostrando que o composto está curado, pronto para uso; - a água não ficou colorida pelo material colocado e ele se depositou no fundo do copo, indicando que o processo de compostagem ainda não terminou e deve-se esperar mais para se utilizar o composto. 11. APLICAÇÃO DO COMPOSTO Quando o composto estiver pronto, retirá-lo do compostor, podendo-se usar um ancinho para separar o material que ainda não foi degradado. Em seguida, deixar o composto repousar por duas a três semanas antes da sua aplicação, colocando-o em local protegido do sol e da chuva. A utilização do composto, ou adubo orgânico, é efetuada através da sua incorporação no solo, em cobertura ou em covas entre as linhas de plantio da cultura. A devida aplicação deve ser de 15 a 30 dias antes do plantio, nas covas ou nas entrelinhas dos cultivos permanentes, duas vezes por ano. Dependendo do total de adubo orgânico preparado e produzido, a quantidade aplicada varia de 10 a 15 toneladas por hectare/ano. No produto final ocorre um equilíbrio entre tudo que foi usado na pilha de compostagem, resultando em um material puro, sem moscas ou outros insetos, levemente úmido e com cheiro de terra fértil. Assim, a qualidade do composto depende da forma como ele é tratado, lembrando-se que este material é um dinamizador natural, podendo ter várias formas de potencializá-lo no campo. Como exemplo, pode-se citar o aprofundamento do solo quando o composto é aplicado neste solo, ampliando esta atuação para o tratamento daspragas e doenças que surgem nas plantas, principalmente nos citros e nas bananeiras. 32 Fig. 31. Formas de aplicação do composto. Fig. 32. Uso do composto em sementeira ou entrelinhas da cultura. Fig. 33. Uso do composto em sementeira, plantio tipo mandala. 33 12. A RELAÇÃO C/N (CARBONO/NITROGÊNIO) Além do carbono, o principal elemento que caracteriza a matéria prima é o nitrogênio. Sua presença em certo grau é uma garantia de que os outros elementos importantes, como enxofre (S), fósforo (P), cálcio (Ca) e magnésio (Mg), potássio (K) e micro-nutrientes (Fe, Zn, Cu, Mo, B, Mn e Cl) também estão presentes em um grau proporcional. Desta maneira, ao invés de se fazer uma análise dos teores de todos esses elementos mencionados, na prática só interessa o teor de nitrogênio em relação ao teor de carbono (relação C/N). Materiais ricos em N terão C/N baixa; materiais pobres em N terão C/N alta. ♦ C/N ideal/média (25 a 30:1). Nesta proporção os organismos decompositores têm o alimento balanceado, não tendo que se desfazer de nenhum elemento para criar um equilíbrio. ♦ C/N baixa (< 20:1). Nesta proporção a decomposição equivale à podridão de um cadáver animal. O mau cheiro da podridão nada mais é do que a perda do excesso de N e S (cheiro amoniacal e sulfúreo). Para reduzir perdas, pode-se adicionar folhas e galhos secos, palhas ou serragem. ♦ C/N muito alta (> 35:1). Nesta proporção constitui um obstáculo à franca atividade dos decompositores pela falta de N. O processo será lento e frio enquanto o excesso de C for dissipado. Para acelerar o processo basta acrescentar um fonte rica em N (esterco, cascas de frutas, folhas verdes). ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA AVALIAR A QUANTIDADE DE NITROGÊNIO DE UM MATERIAL. Composição da Matéria Prima: MATERIAIS COM MAIOR QUANTIDADE DE NITROGÊNIO MATERIAIS COM MENOR QUANTIDADE DE NITROGÊNIO Plantas cultivadas Plantas nativas, de mata, campo ou cerrado Plantas verdes Plantas secas Plantas herbáceas Plantas arbustivas e arbóreas Folha, broto, flor e fruto (sementes) Haste, caule, ramo, galho, tronco e cascas Leguminosas e plantas aquáticas Demais famílias OBS.: quando só se tem material com menor quantidade de N pode-se compensar essa falta plantando bancos de leguminosas para servir de fonte de N. Desde que os animais aceitem o material com menor quantidade de N, ele também pode ser usado como cama do gado, cavalo ou ovelhas para absorver a urina, rica fonte em N. Durante o processo de compostagem, metade ou mais da metade do volume da pilha será perdido com a decomposição dos materiais utilizados. O carbono é perdido mais rapidamente do que o nitrogênio (azoto) e, por isso, a relação C/N diminui bastante durante a compostagem, podendo diminuir de valores superiores a 30 para valores inferiores a 15. Para uma melhor compreensão, a relação C/N da matéria orgânica a ser compostada é um importante fator para a velocidade do processo de compostagem. O resíduo orgânico doméstico (restos de alimentos) é rico em nitrogênio (N) e restos de grama, folhas, galhos são ricos em carbono (C). A proporção C/N é que regula a ação dos microrganismos na transformação dos resíduos em adubo, sendo necessária a mistura destes resíduos. A proporção C/N recomendada está 34 na faixa de 25/1 a 35/1. Exemplificando, precisa-se de 25 partes de carbono para cada parte de nitrogênio. Outro fator que influencia na compostagem é o pH. Como a compostagem é um processo aeróbio, provoca o aumento do pH. No início do processo de decomposição dos materiais o pH é caracteristicamente ácido, variando entre 5 a 6 dias. No decorrer do processo de decomposição o pH torna-se alcalino, com valores maiores que 8,0. 13. DECOMPOSIÇÃO E MINERALIZAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA A decomposição do composto é o processo de quebra da matéria orgânica em partes menores, realizada pelos microrganismos decompositores presentes no solo. Como estes microrganismos utilizam a matéria orgânica como alimento para sua sobrevivência, eles precisam quebrá-la em pequenas partes. Já a mineralização é o resultado do processo de decomposição microbiana. Durante a decomposição, os elementos químicos que antes se encontravam na forma orgânica são convertidos para a forma mineral. Desta maneira, os nutrientes, que são elementos químicos essenciais ao crescimento e desenvolvimento das culturas, só são absorvidos pelas raízes das plantas quando se encontram totalmente na forma mineral. Desta maneira, dos processos de decomposição e mineralização é que surgem os principais efeitos benéficos da matéria orgânica sobre a fertilidade do solo. 14. ADIÇÃO OU REPOSIÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA NO SOLO Existe uma pequena fração da matéria orgânica, já bem decomposta, que pode durar muito tempo no solo, chegando a até mais de 1.000 anos. E isto ocorre porque os microrganismos decompõem primeiro as moléculas menores, ou seja, aquela parte mais fácil de ser quebrada e, nesse processo, a parte mais difícil, mais “dura”, de se decompor, vai ficando ou “sobrando” no solo. Porém, a maior parte da matéria orgânica adicionada ao solo é decomposta de forma relativamente rápida (durante de alguns meses até alguns anos), principalmente em regiões onde a temperatura e a precipitação pluviométrica são altas. O preparo intensivo do solo, por meio do revolvimento, aração, gradeação, também acelera a decomposição da matéria orgânica, uma vez que favorece a ruptura dos materiais agregados do solo, com uma maior exposição ao ataque dos microrganismos. Infelizmente, durante todo o processo de uso sempre constante do solo, é muito mais fácil e rápido “perder” matéria orgânica do que “ganhar”. Portanto, para manter o solo sempre produtivo ao logo do tempo necessário se faz que se adicione/reponha a matéria orgânica com uma certa freqüência. Notadamente, a recomendação ideal é que a cada cultivo se adicione/reponha matéria orgânica no solo. Entretanto, a freqüência da adição ou da reposição vai depender do ciclo da cultura em questão e do sistema de cultivo. De qualquer forma, existem inúmeras maneiras de se manter e aumentar o teor de matéria orgânica no solo e, com certeza, uma delas será adequada para cada caso. É bom lembrar que, embora seja necessário adicionar ou repor a matéria orgânica como forma de adubação, existem suas limitações, como vantagens e desvantagens. Desta maneira, as vantagens e benefícios da adubação orgânica nas propriedades do solo podem ser: 35 ♦ Principais efeitos dos adubos orgânicos sobre as propriedades físicas do solo: melhoria da estrutura, aeração, armazenamento de água e drenagem interna do solo, favorecendo a diminuição das variações bruscas de temperatura do solo que interferem nos processos biológicos do mesmo e na absorção de nutrientes pelos vegetais; ♦ Principais efeitos dos fertilizantes orgânicos sobre as propriedades químicas do solo: enriquecimento gradual do solo com macro e micronutrientes essenciais às plantas e o aumento gradativo do teor de matéria orgânica do solo; ♦ Principais efeitos dos adubos orgânicos sobre as propriedades físico-químicas do solo: melhoria na absorção de nutrientes, que é a retenção físico-química dos cátions, diminuindo, em consequência, a lixiviação de nutrientes causada pela chuva ou pela irrigação; aumento gradativo da capacidade de troca de cátions (CTC ou T) do solo, melhorando indiretamente sua fertilidade; ♦ Principais efeitos dos fertilizantes orgânicos sobre as propriedades biológicas do solo: aumento na biodiversidade de microrganismos essenciais e úteis que agem na solubilização de diversos fertilizantes, de maneira a liberar nutrientes para as plantas; aumento na quantidade de microrganismos queauxiliam no controle de nematóides, que são as pragas que atacam as raízes dos vegetais. Como desvantagens e limitações da adubação orgânica no solo pode-se enumerar as seguintes: ♦ Alguns materiais orgânicos mal decompostos ou de origem não controlada e desconhecida podem introduzir ou aumentar o número de microrganismos de solo que são nocivos às plantas (Ex.: Verticilium, Fusarium, Rizoctonia, etc.), como também introduzir sementes de plantas ou ervas daninhas; ♦ Resíduos, como composto de lixo urbano e lodo de esgoto tratado e não monitorados, podem acarretar sérios danos com a introdução de metais pesados ao solo e microrganismos patogênicos nocivos ao homem; ♦ Os custos de produção, como transporte e aplicação dos adubos orgânicos em grande escala, freqüentemente são mais elevados em relação aos fertilizantes minerais. Entretanto, estes custos podem ser minimizado com a utilização de fertilizantes organominerais; ♦ Nem sempre a proporção dos nutrientes contidos nos fertilizantes ou adubos orgânicos atende as necessidades das plantas Com relação à sua composição, os adubos orgânicos possuem composição variável de acordo com sua origem, teor de umidade e processamento (compostagem) antes de sua aplicação. A mineralização no solo de nutrientes como o nitrogênio e o fósforo depende principalmente da relação Carbono/Nitrogênio (C/N) do material orgânico. Como exemplo, os compostos com C/N menor que 25 e relação Carbono/Fósforo (C/P) menor que 200 liberam a maior parte do N e do P no primeiro ano da aplicação. 36 Geralmente, os produtos de origem animal sofrem um processo de minieralização mais acelerado do que os produtos de origem vegetal, quando submetidos às mesmas condições de temperatura ambiente e umidade do solo. Para um melhor conhecimento e utilização dos materiais orgânicos na formação de um composto orgânico a Tabela 2 apresenta a composição de vários materiais orgânicos de origem animal, vegetal e agroindustrial. Tabela 2. Composição dos fertilizantes e resíduos orgânicos de origem animal, vegetal e agroindustrial (elementos na matéria seca). Materiais Orgânicos C / N Umidade C N P2O5 K2O Ca % % --------- % matéria seca --------- Esterco bovino fresco 16 62 26 1,6 1,6 1,8 0,5 Esterco bovino curtido 21 34 48 2,3 4,1 3,8 3,0 Esterco (cama) de frango de corte 22 28 48 2,2 2,4 2,7 2,3 Esterco de galinha 11 54 34 3,0 4,8 2,4 5,1 Esterco suíno 10 78 27 2,8 4,1 2,9 3,5 Esterco eqüino 25 61 35 1,4 1,3 1,7 1,1 Casca de café 28 11 50 1,8 0,3 3,6 0,4 Farinha de ossos 4 6 16 4,1 27,3 4,3 23,2 Farinha de casco e chifres bovino 3 6 44 14,4 0,9 4,2 0,3 Ensilado de peixes 5 10 35 7,3 6,4 0,8 10,0 Composto de lixo1 27 41 27 1,0 0,8 0,7 1,9 Lodo de esgoto1 11 50 34 3,2 3,6 0,4 3,2 Vinhaça in natura 17 95 20 1,2 0,4 8,0 2,0 Torta de filtro 21 65 32 1,5 1,7 0,3 4,6 Torta de mamona 9 9 49 5,2 1,8 1,6 2,0 Mucuna SP 20 87 46 2,3 1,1 3,1 1,5 Crotolária júncea 25 86 50 2,0 0,6 2,9 1,4 Milho 46 88 50 1,1 0,4 3,3 0,4 Fonte: Trani e Trani (2011). (1)Resíduos urbanos (composto de lixo e lodo de esgoto) são proibidos seu uso em hortaliças, raízes e tubérculos, conforme Resolução CONAMA 375/2006. Obs.: P2O5 / 2,29 = P; K2O / 1,20 = K; CaO / 1,4 = Ca; MgO / 1,66 = Mg; SO4 2- / 3 = S; MO% / 1,8 = C%. 37 Tabela 2 (continuação). Composição dos fertilizantes e resíduos orgânicos de origem animal, vegetal e agroindustrial (elementos na matéria seca). Materiais Orgânicos Mg S B Cu Fe Mn Zn % matéria seca ----------- mg kg-1 matéria seca ----------- Esterco bovino fresco 0,3 0,3 15 16 2.100 276 87 Esterco bovino curtido 0,9 0,3 24 38 3.512 335 329 Esterco (cama) de frango de corte 0,6 0,4 36 93 1.300 302 228 Esterco de galinha 1,1 0,4 27 230 3.200 547 494 Esterco suíno 1,3 0,6 16 937 3.700 484 673 Esterco eqüino 0,5 0,2 10 22 2.732 226 85 Casca de café 0,1 0,1 33 18 150 30 70 Farinha de ossos 0,4 - 0,4 2 11 2 18 Farinha de casco e chifres bovino 0,1 2,4 0,9 12 731 23 115 Ensilado de peixes 0,2 - - 45 552 400 51 Composto de lixo1 0,2 0,2 3 181 8.300 - 432 Lodo de esgoto1 1,2 0,4 37 870 36.000 408 1.800 Vinhaça in natura 0,8 1,0 - 100 144 13 60 Torta de filtro 0,5 0,6 11 119 22.189 576 143 Torta de mamona 0,9 0,2 30 80 1.423 55 141 Mucuna SP 0,3 0,3 30 23 370 103 66 Crotolária júncea 0,3 0,2 20 7 281 60 14 Milho 0,2 0,2 16 10 120 110 25 Fonte: Trani e Trani (2011). (1)Resíduos urbanos (composto de lixo e lodo de esgoto) são proibidos seu uso em hortaliças, raízes e tubérculos, conforme Resolução CONAMA 375/2006. Obs.: P2O5 / 2,29 = P; K2O / 1,20 = K; CaO / 1,4 = Ca; MgO / 1,66 = Mg; SO4 2- / 3 = S; MO% / 1,8 = C%. Levando-se ainda a necessidade de adição ou reposição de adubação orgânico no solo, a Tabela 3 apresenta as recomendações de adubação orgânica para hortaliças, e constituem-se em valores médios obtidos de resultados obtidos através de pesquisas agrícolas realizadas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), lembrando que para definição exata de doses mais precisas são necessárias mais informações como a análise do solo e o histórico do local a ser adubado e posteriormente plantado. As informações contidas na tabela são válidas para ambos os sistemas de produção de hortaliças, agroecológico e convencional. Como prática recomendada, a distribuição dos adubos orgânicos pode ser feita em área total, no sulco de plantio ou na cova, dependendo da espécie de hortaliça a ser cultivada. A aplicação deste adubo deve ser realizada cerca de 30 dias antes do plantio das hortaliças, evitando a possibilidade de “queima” de sementes ou das mudas instaladas (transplantadas) no local definitivo. 38 Tabela 3. Recomendação de fertilizantes orgânicos para o plantio de hortaliças, em quilo do adubo por metro quadrado de canteiro. Hortaliças Espaçamento (entrelinhas x entreplantas) (m) Adubação de plantio* (kg / m2) Esterco bovino curtido ou composto orgânico Estercos de frango, eqüino, suíno ou caprino Torta de mamona pré- fermentada Abobrinha italiana 1,0-1,50 x 0,70-1,0 2 a 4 0,5 a 1,0 0,2 a 0,4 Abobrinha brasileira 2,0 x 2,0 2 a 4 0,5 a 1,0 0,2 a 0,4 Abóboras e morangas 4,0 x 3,0 a 3,0 x 2,0 2 a 4 0,5 a 1,0 0,2 a 0,4 Acelga 0,40-0,50 x 0,40-0,50 1 a 2 0,25 a 0,5 0,1 a 0,2 Agrião (água e terra) 0,20-0,30 x 0,20-0,30 2 a 4 0,5 a 1,0 0,2 a 0,4 Aipo (salsão) 0,90 x 0,30-0,40 4 a 5 1,0 a 1,2 0,4 a 0,5 Alcachofra 2,0-2,50 x 1,0-1,50 4 a 5 1,0 x 1,2 0,4 a 0,5 Alface 0,25-0,30 x 0,25-0,30 4 a 6 1,0 a 1,5 0,4 a 0,6 Alho 0,25 x 0,10 1 a 2 0,25 a 0,5 0,1 a 0,2 Alho poro 0,40 x 0,20 4 a 5 1,0 a 1,2 0,4 a 0,5 Almeirão 0,20 x 0,05 4 a 6 1,0 a 1,5 0,4 a 0,6 Aspargo 2,0 x 0,30 4 a 6 1,0 a 1,5 0,4 a 0,6 Batata doce 0,90 x 0,30 1 a 2 0,25 a 0,5 0,1 a 0,2 Berinjela 1,0-1,20 x 0,60-0,80 1 a 2 0,25 a 0,5 0,1 a 0,2 Beterraba 0,25-0,30 x 0,10 3 a 5 0,75 a 1,2 0,3 a 0,5 Brôcoli 0,80 x 0,40-0,60 4 a 6 1,0 a 1,5 0,4 a 0,5 Cará (Inhame)** 0,80 x 0,40 1 a 2 0,25 a 0,5 0,1 a 0,2 Cebola 0,30-0,40 x 0,05-0,10 1 a 2 0,25 a 0,5 0,1 a 0,2 Cebolinha 0,20-0,25 x 0,15-0,20 3 a 5 0,75 a 1,2 0,3 a 0,5 Cenoura 0,25 x 0,05-0,10 2 a 4 1,0 a 2,0 0,2 a 0,4 Chicória 0,30 x 0,30 4 a 6 1,0 a 1,5 0,4 a 0,6 Chuchu 4,0-6,0 x 3,0-6,0 1 a 2 0,25 a 0,5 0,1 a 0,2 Coentro 0,20-0,30 x 0,10-0,20 2 a 4 0,5 a 1,0 0,2 a 0,4 Couve-de-folha 0,70-0,80 x 0,40-0,60 4 a 5 1,0 a 1,2 0,4 a 0,5 Couve chinesa 0,60-0,80 x 0,30-0,40 3 a 5 0,75 a 1,2 0,3 a 0,5 Couve-flor 0,80 x 0,50 4 a 6 1,0 a 1,5 0,4 a 0,6 Ervilha-de-vagem 0,90-1,0 x 0,50 2 a 4 0,5 a 1,0 0,2 a 0,4 Feijão-vagem 0,80-1,0 x 0,40-0,50 2 a 4 0,5 a 1,0 0,2 a 0,4 Inhame (Taro)** 0,80x 0,40 1 a 2 0,25 a 0,5 0,1 a 0,2 Jiló 1,20 x 0,80 1 a 2 0,25 a 0,5 0,1 a 0,2 Mandioca 1,0 x 1,0 1 a 2 0,25 a 0,5 0,1 a 0,2 Mandioquinha-salsa 0,70 x 0,30 2 a 4 1,0 a 2,0 0,2 a 0,4 Maxixe 1,0-1,5 x 0,30-0,40 1 a 2 0,25 a 0,5 0,1 a 0,2 Melancia 2,50-4,0 x 1,50-2,0 2 a 4 0,5 a 1,0 0,2 a 0,4 Melão 2,0 x 1,50 2 a 4 0,5 a 1,0 0,2 a 0,4 Mostarda 0,30 x 0,20 4 a 5 1,0 a 1,2 0,4 a 0,5 Morango 0,35-0,40 x 0,35 1,50 x 3,0 0,40 a 0,75 0,15 a 0,3 Nabo 0,30-0,40 x 0,10-0,20 3 a 5 0,75 a 1,2 0,3 a 0,5 Pepino 1,0 x 0,50 2 a 4 0,5 a 1,0 0,2 a 0,4 Pimenta-hortícola 1,0-1,20 x 0,50-0,60 1 a 2 0,25 a 0,5 0,1 a 0,2 Pimentão 1,0-1,20 x 0,40-0,60 1 a 3 0,25 a 0,75 0,1 a 0,3 Quiabo 1,0 x 0,30 1 a 2 0,25 a 0,5 0,1 a 0,2 Rabanete 0,20 x 0,05 2 a 4 0,5 a 1,0 0,2 a 0,4 Repolho 0,80 x 0,40 4 a 6 1,0 a 1,5 0,4 a 0,6 Rúcula 0,20-0,25 x 0,05-0,10 4 a 6 1,0 a 1,5 0,4 a 0,6 Salsa 0,20-0,25 x 0,10 3 a 5 0 75 a 1,2 0,3 a 0,5 Taioba 0,70 x 0,20-0,40 1 a 2 0,25 a 0,5 0,1 a 0,2 Tomate 1,0-1,20 x 0,50-0,70 2 a 3 0,5 a 0,75 0,2 a 0,3 (*) Incorporar o fertilizante orgânico 30 dias antes do plantio da hortaliça. (**) No Norte e Nordeste, o cará é conhecido como inhame e o inhame é conhecido como taro. 39 Para as culturas perenes, como as fruteiras de um modo geral, recomenda-se que, além da adubação orgânica em pré-plantio (fundação), também que seja efetuada a adubação orgânica para as plantas em formação e em produção (cobertura e manutenção). Nestes casos, as Tabelas 4 e 5 representam esta recomendação. Tabela 4. Recomendação de fertilizantes orgânicos para o plantio de hortaliças, em quilo do adubo por metro quadrado de canteiro. Fruteiras Espaçamento* (entrelinhas x entreplantas) (m) Adubação de plantio (kg / planta) Plantas/ha Esterco bovino curtido ou composto orgânico Estercos de frango, eqüino, suíno ou caprino Torta de mamona pré- fermentada Frutíferas de Clima Temperado Ameixa e Damasco japonês 6,0 x 5,0 330 10-15 3-4 1 Nêspera 6,0 x 5,0 416 10-15 3-4 1 Pêssego e Nectarina – tendência atual 5,0 x 3,0 660 10-15 3-4 1 Pêssego e Nectarina – básico 7,0 x 5,0 285 10-15 3-4 1 Pêssego sobre Pessegueiro Oknawa 6,0 x 2,0 833 8-10 2-3 1 Figo 3,50 x 2,0 1.400 10-15 3-4 1 Maçã enxertada cavalo aninicante 4,0 x 2,0 1.250 8-10 2-3 1 Macã enxertada cavalo semi-vigoroso 6,0 x 4,0 410 10-15 3-4 1 Marmelo 5,0 x 3,0 650 10-15 3-4 1 Pêra enxertada sobre Marmeleiro 4,0 x 2,0 1.250 8-10 2-3 1 Pêra enxertada sobre Pereira 7,0 x 5,0 285 10-15 3-4 1 Pecã 14,0 x 12,0 60 10-15 3-4 1 Fruteiras de Clima Tropical e Subtropical Abacate 10,0 x 10,0 100 15-20 3-4 2 Acerola 4,0 x 4,0 650 15-20 3 1 Banana** 2,0 x 2,0 a 3,0 x 3,0 1.111 a 2.500 10-15 2,5-4 1-1,5 Caqui 7,0 x 5,0 285 10-15 3-4 1 Citros 7,0 x 3,5 a 6,0 x 3,5 400 a 500 10-15 3-4 1-1,5 Goiaba 5,0 x 6,0 330 15-20 3 1 Macadamia 8,0 x 8,0 156 10-15 3-4 1 Mamão 3,0 x 2,0 1.660 5-10 2 1 Manga 10,0 x 8,0 125 15-20 3 2 Uvas Uva fina para e mesa e passa 4,0 x 3,0 ou 4,0 x 4,0 ou 5,0 x 3,0 833; 625 ou 666 20-28 5-7 2 Uva comum para mesa, vinho e suco 2,0 x 1,0 5.000 7 2 0,5 (*) As doses devem ser ajustadas em função do espaçamento adotado no pomar. (**) Para banana, fornecer N e K na proporção 1:2. Se necessário, suplementar o potássio. 40 Tabela 5. Recomendação de adubação orgânica para pomares em produção (manutenção). Fruteiras Espaçamento* (entrelinhas x entreplantas) (m) Adubação de plantio (kg / planta) Plantas/ha Esterco bovino curtido ou composto orgânico Estercos de frango, eqüino, suíno ou caprino Torta de mamona pré- fermentada Frutíferas de Clima Temperado Ameixa e Damasco japonês 6,0 x 5,0 330 15-25 3-4 2-3 Nêspera 6,0 x 5,0 416 15-25 3-4 2-3 Pêssego e Nectarina – tendência atual 5,0 x 3,0 660 15-25 3-4 2-3 Pêssego e Nectarina – básico 7,0 x 5,0 285 15-25 3-4 2-3 Pêssego sobre Pessegueiro Oknawa 6,0 x 2,0 833 8-10 2-3 1 Figo 3,50 x 2,0 1.400 15-25 3-4 2-3 Maçã enxertada cavalo aninicante 4,0 x 2,0 1.250 8-10 2-3 1 Macã enxertada cavalo semi-vigoroso 6,0 x 4,0 410 15-25 3-4 2-3 Marmelo 5,0 x 3,0 650 15-25 3-4 2-3 Pêra enxertada sobre Marmeleiro 4,0 x 2,0 1.250 8-10 2-3 1 Pêra enxertada sobre Pereira 7,0 x 5,0 285 15-25 3-4 2-3 Pecã 14,0 x 12,0 60 25-40 4-5 4-5 Abacate 10,0 x 10,0 100 15-25 3-4 2-3 Acerola 4,0 x 4,0 650 15-25 3 2 Banana** 2,0 x 2,0 a 3,0 x 3,0 1.111 a 2.500 10-15 2,5-4 1-1,5 Caqui 7,0 x 5,0 285 15-25 3-4 2-3 Citros 7,0 x 3,5 a 6,0 x 3,5 400 a 500 10-15 3-4 1-1,5 Goiaba 5,0 x 6,0 330 15-25 3 2 Macadamia 8,0 x 8,0 156 25-40 4-5 4-5 Mamão 3,0 x 2,0 1.660 10-15 2 1 Manga 10,0 x 8,0 125 15-25 3 2 Uva fina para e mesa e passa 4,0 x 3,0 ou 4,0 x 4,0 ou 5,0 x 3,0 833; 625 ou 666 20-30 5-8 1 Uva comum para mesa, vinho e suco 2,0 x 1,0 5.000 5-7 2 0,4 (*) As doses devem ser ajustadas em função do espaçamento adotado no pomar. (**) Para banana, fornecer N e K na proporção 1:2. Se necessário, suplementar o potássio. 41 15. O QUE PODE DAR ERRADO NA COMPOSTAGEM? Alguns problemas na pilha de compostagem poderão surgir. Desta maneira, eis algumas causas possíveis e suas soluções: PROBLEMA CAUSA POSSÍVEL SOLUÇÃO Processo lento Materiais adicionados demasiados castanhos ou demasiados grandes. Adicionar materiais verdes, cortando-os em pedaços mais pequenos e revirar a pilha. Cheiro a podre Umidade em excesso (demasiados materiais verdes). Revirar a pilha regularmente, adicionar materiais secos e porosos como folhas secas, serradura ou palhas. Compactação. Revirar a pilha ou diminuir o seu tamanho. Cheiro a amônia Demasiados materiais verdes (excesso de azoto). Adicionar materiais castanhos (carbono), como folhas, aparas de madeira ou palhas. Temperatura muito baixa Pilha demasiado pequena (pouco material no compostor). Aumentar o tamanho da pilha, colocando mais materiais. Umidade insuficiente. Adicionar água quando revirar ou cobrir a parte superior da pilha. Arejamento insuficiente. Revirar a pilha. Falta de materiais verdes (falta de azoto). Adicionar materiais verdes, como aparas de relva, esterco ou restos de comida. Clima frio. Aumentar o tamanho da pilha ou isolá-la com um material (palha, por exemplo). Temperatura muito alta Muito material no compostor (pilha demasiado grande). Diminuir o tamanho da pilha, retirando alguns materiais. Arejamento insuficiente. Revirar os materiais da pilha. Pragas Presença de restos de carne, peixes, ossos, molhos ou gorduras. Retirar estes tipos de alimentos e cobrir a pilha com uma camada de solo, folhas ou serradura e revirar os materiais para aumentar a temperatura. Se houver formigas, o composto está muito seco e deverá ser regado. 42 16. COMPOSIÇÃO DE ALGUNS MATERIAIS EMPREGADOS NO PREPARO DO COMPOSTO MATERIAL M. O. C/N N% P2O5 K2O Amoreira/folhas 86,08 13/1 3,77 1,07 - Arroz/palha 54,34 39/1 0,78 0,58 0,41 Banana/folhas 88,99 19/1 2,58 0,19 - Banana/talos de cacho 85,28 61/1 0,77 0,15 7,36 Barbatimão/cascas esgotadas 91,32 35/1 1,54 0,17 0,30 Café/palha 93,99 38/1 1,65 0,26 1,96 Cana-de-açúcar/bagaço 71,44 37/1 1,49 0,28 0,99 Capim colonião 91,03 27/1 1,87 0,53 - Capim gordura – catingueiro 92,38 81/1 0,63 0,17 - Capim limão (cidreira) 91,52 62/1 0,82 0,27 - Casca de arroz 54,55 39/1 0,78 0,58 0,49 Casca de semente de algodão 95,98 78/1 0,68 0,06 1,20 Crotolária juncea 91,42 26/1 1,95 0,40 1,81 Esterco de carneiro/ovelhas 65,22 32/1 2,13 1,28 3,67 Esterco de cavalo 46,00 18/1 1,44 0,53
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