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Resumão - Sucessões

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@Rafamapeaai 
 
 
 
Direito Civil - Sucessões 
O Direito Civil é o direito do dinheiro. Dinheiro tem uma importância grande na 
nossa vida, especialmente na velhice quando estamos mais vulneráveis. Dinheiro 
também garante conforto material e permite ajudar mais os necessitados, por isso 
é importante estudar e trabalhar para formar um patrimônio ao longo da vida. 
É justamente desta arrecadação do patrimônio que cuida o Direito Civil. No Direito 
das Obrigações estudamos que as pessoas se relacionam com outras pessoas e 
celebram contratos em busca de trocas úteis (art 421). No Direito Real estudamos 
que as pessoas se relacionam com as coisas, ocupando-as para adquirir 
propriedade. A propriedade (ou domínio) é o principal Direito Real. O contrato 
maior fonte de obrigação. Pois bem, ao longo das décadas celebrando contratos e 
adquirindo propriedade as pessoas formam um patrimônio, essa é nossa rotina, 
concordam? 
E para onde vai esse patrimônio quando as pessoas morrem? Para seus sucessores. 
É da transmissão desse patrimônio que cuida o Direito das Sucessões, assunto 
deste semestre. 
Vocês conhecem o princípio jurídico “mors omnia solvit” (a morte acaba com 
tudo)? Pois bem, esse princípio se aplica ao Direito Eleitoral, Penal e de Família, de 
modo que os direitos políticos, a punibilidade, o casamento e o poder familiar se 
extinguem com a morte. Já no Direito das Sucessões é com a morte que tudo 
começa, pois a vida terminou, mas o patrimônio do extinto subsiste e será 
transferido a seus herdeiros. 
Conceito Direito das Sucessões é o ramo do Direito Civil 
cujas normas regulam a transferência do patrimônio do morto ao 
herdeiro, em virtude de lei ou de testamento. A palavra sucessão significa 
substituir uma pessoa por outra, que vai assumir suas obrigações e adquirir seus 
direitos. 
CF O direito de herança é garantido constitucionalmente no art. 5º, XXX, 
bem como o direito de propriedade no art. 5º, XXII. Estes dois direitos estão 
intimamente ligados, pois se a propriedade de bens nos fosse negada, não teríamos 
o que deixar de herança a nossos sucessores. E se só houvesse propriedade sem 
herança, as pessoas deixaram de trabalhar quando estivessem confortáveis. Para 
que trabalhar tanto para quando morrer deixar meus bens ao Estado, aos 
políticos? Jamais! 
@Rafamapeaai 
 
 
 
Mas por saber que poderemos deixar uma herança a nossos entes queridos, as 
pessoas seguem trabalhando apesar de já materialmente satisfeitas, estimulando a 
capacidade produtiva do ser humano, em benefício da riqueza da família e da 
sociedade como um todo. A propriedade se perpetua através da herança. 
A sucessão em direito pode ser inter vivos ou mortis causa. Da sucessão entre 
vivos cuida o Direito das Obrigações (ex: João compra uma casa a Maria e sucede 
Maria na propriedade daquele bem; vide também cessão de crédito em 
Obrigações). A sucessão patrimonial em decorrência da morte será estudada neste 
semestre. Mas só a sucessão da pessoa física, pois a sucessão da pessoa jurídica 
interessa ao Direito Empresarial. Lembro que a sucessão é no patrimônio, ou seja, 
no ativo e no passivo, de modo que o herdeiro, dentro das forças da herança, deve 
pagar as dívidas do hereditando (943, 1.792). O herdeiro não representa o morto, 
não é seu procurador ou advogado, mas apenas o sucede nas relações 
patrimoniais. 
Esse patrimônio (ativo e passivo) chama-se de espólio: trata-se do conjunto de 
direitos e deveres do falecido; o espólio é uma massa patrimonial administrada 
pelo inventariante (1.991) sob condomínio dos herdeiros (pú do 1.791). 
Como dito no conceito supra, a transmissão do patrimônio ao herdeiro se dá 1) em 
virtude de lei ou 2) de testamento (art 1.786); não existe herança decorrente de 
contrato (art. 426) salvo na hipótese da antecipação da herança do art. 2.018, 
comum na sucessão de empresa familiar, quando o pai idoso orienta e transfere em 
vida seus negócios aos filhos. 
São assim espécies de sucessão 
a) testamentária: se houver testamento, a sucessão testamentária predomina sobre 
a sucessão legítima (1.788), dentro dos limites da lei (1.789 e 1.845). A liberdade 
de testar não é assim absoluta, pois metade é dos filhos, pais e cônjuge, só a outra 
metade é que pode ser deixada para quem o testador desejar (1.857 e § 1º). Quem 
não possui herdeiros necessários pode testar em favor de qualquer pessoa. Não 
importam quantos sejam os herdeiros necessários, um ou dez, a eles cabe metade 
da herança. Lembro que se o testador for casado pelo regime da comunhão de 
bens, metade de seus bens pertence ao cônjuge, mas não por herança e sim por 
direito próprio, face ao condomínio entre marido e mulher. Ou seja, a metade dos 
bens de alguém casado pelo regime da comunhão na verdade corresponde a 25% 
de seu patrimônio. 
A sucessão testamentária pode ainda ser a título universal ou a título singular; 
nesta teremos a figura do legatário que recebe legado e não herança. A herança é o 
total ou uma fração indeterminada do patrimônio do extinto (ex: 1/3, 20% da 
herança, etc). Já o legado é de coisa certa (ex: a casa da praia, o anel de brilhantes, 
etc). Quem sucede a título universal é herdeiro e responde também por eventuais 
@Rafamapeaai 
 
 
 
dívidas do morto, dentro dos limites da herança (1.997); herdeiro adquire o ativo e 
responde pelo passivo. Quem sucede a título singular é legatário e não responde 
por eventuais dívidas, porém só recebe seu legado após verificada a solvência da 
herança (§ 1º do art 1.923); já o herdeiro pode logo assumir a posse dos bens do 
extinto (o art 1.784 não se refere a legatários, só a herdeiros). 
b) sucessão legítima: prevalece a disposição da lei se alguém morre sem 
testamento, ou se o testamento for invalidado (1.829). O legislador presume que o 
falecido gostaria de proteger seu cônjuge e filhos, por isso eles são os primeiros da 
lista. Na nossa sociedade a sucessão legítima prevalece sobre a testamentária por 
três motivos: 1 ) a gente nunca acha que vai morrer; 2) fazer um testamento pode 
ser caro, complicado e inconveniente, veremos isso em breve; 3) se a gente morre 
sem testamento, a lei já beneficia nossos filhos, que são nossos entes mais 
queridos, então não há com o que se preocupar! Que acham? Você tem testamento 
ou conhece quem tenha? 
A sucessão pode ser das duas espécies se o testamento não abranger todos os bens 
do hereditando (1.788). A sucessão legítima sempre é a título universal, não 
havendo legado se não há testamento. Já a sucessão testamentária pode ser a título 
universal ou a singular. 
Observação: como dito acima, nossa sociedade não tem o hábito de testar, mas pelo 
novo CC de 2002 o cônjuge e os filhos estão em igualdade (1.829 e 1.845), e isso 
pode aumentar o número de testamentos. Uma coisa é você deixar seus bens para 
os seus filhos, como na lei velha. Outra coisa é deixar para seu cônjuge em 
condições de igualdade com os filhos, especialmente nos casamentos desgastados 
pelos anos. Só o tempo irá dizer se agora as pessoas mal casadas vão ter a 
preocupação de testar, não para excluir, mas para pelo menos diminuir o quinhão 
do cônjuge em benefício dos filhos. Reflitam! 
PRINCÍPIOS – DS 
1) respeito a vontade do hereditando (1.899); esse princípio é reflexo do art. 
112 do CC que destaca a importância da vontade nos negócios jurídicos (vide 
princípios contratuais). O juiz e o testamenteiro devem se valer de testemunhas ao 
interpretar o testamento para aplicar o melhor desejo do extinto. 
2) atribuição da herança a parentes ou familiares do falecido: este princípio 
completa o anterior, de modo que se deve obedecer à vontade do extinto, mas 
respeitando-se o quinhão dos familiares, afinal a família é a base da sociedade e 
tem relevante papel em defesa das tradições, da moral e da propriedade privada no 
país (1.789, 1.845, § 1º do art. 1.857). 
3) igualdade entre os quinhões da herança ou princípio da divisão 
necessária: o Direito Romano admitia a varonia e a primogenitura, de modo que@Rafamapeaai 
 
 
 
os filhos homens e mais velhos herdavam mais do que os filhos mais jovens e as 
mulheres; atualmente existe igualdade entre os filhos (art 2.003 do CC e § 6º do art 
227 da CF). Porém, se alguém deseja beneficiar um filho mais do que o outro pode 
fazê-lo via testamento e administrar as consequências do ciúme entre irmãos 
(1.849 e 2.006) 
Fundamento do Ds o que justifica o direito de herança? É a 
continuidade da vida através do patrimônio do morto que passa para seus 
familiares, estimulando o trabalho de todos. Mesmo as pessoas ricas continuam 
trabalhando porque sabem que vão garantir o futuro de seus filhos e netos. 
A doutrina socialista do séc. XX criticava a herança por não beneficiar os mais 
capazes e sim os mais sortudos, ou seja, os filhos dos ricos, fossem eles 
competentes ou não, que teriam dinheiro sem ter se esforçado para tanto. Seria 
injusto alguém enriquecer sem trabalhar, por isso os filhos dos ricos seriam 
acomodados, e não se preocupariam em estudar, apenas em esbanjar a vida. A 
conclusão do socialismo é a de que a herança seria um estímulo à preguiça, pelo 
que ela foi proibida na antiga União Soviética e os bens seguiram para o Estado, ou 
seja, para os políticos… 
Mas a história provou o equívoco desse regime, pois o Estado é burocrata, corrupto 
e mau gestor, sendo incapaz de gerar riqueza para distribuí-la; a transferência dos 
bens para administração dos políticos só aumentou a corrupção e a ineficiência; 
além disso houve uma atrofia na economia, deixando as pessoas de trabalhar por 
saber que o fruto do seu suor não ficaria para seus filhos; era melhor desperdiçar o 
dinheiro ganho em vida, do que deixá-lo para os governantes. 
Realmente, a manutenção da propriedade e da herança na vida privada é um 
estímulo ao trabalho, à produção de riqueza e ao desenvolvimento 
socioeconômico. Se o filho por acaso não merecer o patrimônio do pai, os políticos 
também não o merecem. Neste séc XXI os países mais justos, socialmente mais 
desenvolvidos, com melhor qualidade de vida, são aqueles que historicamente 
respeitaram os contratos, a propriedade e a herança. 
OBS: Mas lembro que os pais não são obrigados a deixar bens para os filhos, ou 
seja, os pais idosos devem viajar, viver, gastar como quiserem, afinal não se pode 
dispor de herança de pessoa viva, já que os filhos sempre podem morrer antes dos 
pais (426 – pacta corvina). 
Porém, com o falecimento do ascendente o filho já pode negociar seu 
quinhão/fração da herança, doando ou vendendo a terceiros, mesmo antes da 
partilha (1.793; exige escritura pública pois a herança é tida como coisa imóvel, 80, 
II). Isto porque pelo princípio da saisine o herdeiro já é dono do patrimônio no 
momento da morte do hereditando (1.784). A partilha vem para individualizar os 
@Rafamapeaai 
 
 
 
bens dos sucessores (2.023), mas a propriedade se transfere pela saisine sob 
condomínio forçado a todos os herdeiros. 
Abertura da Sucessão É com a MORTE de alguém que a 
sucessão se abre e as regras do direito sucessório serão aplicadas para a 
transmissão do patrimônio aos herdeiros. 
Pressupostos para se abrir a sucessão: 1) a morte de alguém (1.785) e 2) a 
vocação hereditária feita pelo falecido se deixou testamento, ou feita pela lei na 
ausência de declaração de ultima vontade (1.788, 1.798). 
Essa morte precisa ser comprovada pela medicina com a expedição da certidão de 
óbito. Excepcionalmente admite-se sucessão nas hipóteses de ausência, com as 
formalidades do art 22, ou de morte presumida do art 7º. 
A transmissão patrimonial É AUTOMÁTICA ou seja, no instante 
após a morte os herdeiros já são proprietários dos bens do extinto 
(1.784). Este dispositivo é tão importante que é logo o primeiro artigo do código 
no livro das sucessões. Os franceses chamam essa regra de princípio da “saisine”, 
então mesmo que o herdeiro nem saiba ainda da morte do hereditando, ele já será, 
por uma ficção jurídica, juntamente com os demais herdeiros, condômino do 
patrimônio do falecido. 
O princípio da saisine É importante para que os bens do espólio não 
fiquem acéfalos e sejam considerados coisa abandonada ou coisa sem dono (vide 
distinção em Direitos Reais), sujeita a ocupação por terceiros. 
É verdade que para pagamento dos impostos, de eventuais dívidas, de partilha dos 
bens, e para publicidade da transmissão dos bens, será necessária a abertura de 
inventário (ou arrolamento, veremos essa questão processual no final do curso), 
mas a propriedade em si, sob condomínio, se transfere “desde logo” aos herdeiros, 
sem formalidades e sem necessidade de praticarem qualquer ato (1.791). 
Herdeiro morreu instantes após o hereditando? ele chegou a herdar, de modo 
que os herdeiros do herdeiro pagarão dupla tributação, pois houve duas 
transmissões patrimoniais. Quando num acidente morrem pessoas da mesma 
família, a Medicina Legal tenta comprovar quem morreu primeiro, mas não sendo 
possível aplica-se a regra da comoriência do art. 8º. 
A posse dos bens da herança deve ficar com o inventariante (1.991), mas até o 
inventário ser ajuizado, a posse deve ficar com o cônjuge ou companheiro (1.797). 
@Rafamapeaai 
 
 
 
De qualquer modo, eventual turbação ou esbulho aos bens do espólio pode ser 
combatida por qualquer herdeiro na condição de possuidor indireto (pú do 1.791). 
Aceitação e Renúncia da Herança 
Pelo nosso conhecido princípio da saisine a transmissão do patrimônio do 
hereditando aos sucessores é automática (1.784), mas ninguém está obrigado a 
aceitar a herança. Então por uma questão de ética, orgulho, problemas pessoais 
com o extinto, ou para não ter que cumprir um encargo, o herdeiro pode renunciar 
à herança. 
Antigamente quando o herdeiro respondia pelas dívidas do falecido além dos 
limites da herança, a renúncia era mais comum. Atualmente, com a limitação do 
art. 1.792 a renúncia se tornou rara, mas pode ocorrer. 
Aceitação é o ato pelo qual o sucessor manifesta sua vontade de 
receber a herança ou o legado. 
Espécies 
1. a) expressa: feita por qualquer documento escrito; 
2. b) tácita: esta espécie é a mais comum e o sucessor assume comportamentos 
típicos de herdeiro (1.805), por exemplo: ajuizar ação de inventário, contratar 
advogado para tratar dos documentos do morto, alienar seus direitos hereditários, 
pagar o imposto de transmissão, etc. Não significa aceitar a herança comparecer à 
missa de sétimo dia ou alimentar o cachorro do extinto (§ 1º do 1.805); 
3. c) presumida: nesta última espécie um terceiro interessado força o herdeiro a se 
manifestar se vai aceitar ou não (1.807), ex: um credor do herdeiro, ao tomar 
conhecimento da morte do pai dele, exige que o herdeiro se manifeste para que o 
credor, se for o caso, aceite a herança no lugar do herdeiro e possa satisfazer seu 
crédito (1.813); o silêncio do herdeiro implica em aceitação da herança. Por isso se 
você tem um crédito a receber e devedor não tem bens, fique atento caso ele 
receba alguma herança. 
Natureza jurídica da aceitação: é negócio jurídico unilateral (depende da vontade 
do herdeiro) e puro (a aceitação é simples), ou seja, por uma questão de segurança 
jurídica não pode o herdeiro impor condições, afinal a herança é um todo 
universal, 1.808 e 91; ex: é vedado só aceitar a herança se não tiver que pagar os 
impostos sobre os bens. Em sendo a sucessão testamentária e uma mesma pessoa 
ser herdeira e legatária, pode aceitar a herança e renunciar ao legado, e vice-versa 
(§ 1º do 1.808). Ressalto que a aquisição dos bens não se dá com a aceitação, mas 
pela saisine, e uma vez aceita a herança, não cabe retratação (1.804). 
Cessão dos direitos hereditários aberta a sucessão, mesmo antes de 
concluir o inventário, o herdeiro já pode ceder seu quinhão aos demais herdeiros 
@Rafamapeaai 
 
 
 
sem importar em aceitação, mas tal transmissão deve ser gratuita (§ 2º do 1.805), 
pois se o herdeiro aliena seu quinhão a terceiros na verdade estará aceitando e 
depois transmitindo, sujeitando tal transaçãoà dupla tributação imposta pela 
Fazenda Estadual (1.793). Essa aceitação + cessão chama-se de renúncia “in 
favorem”, ou renúncia translativa pois o herdeiro está especificamente 
beneficiando alguém. A renúncia simples é aquela do § 2º do 1.805. 
A cessão dos direitos hereditários pode ser gratuita ou onerosa, de todo ou de 
parte do quinhão da herança. O que se transfere não é a qualidade de herdeiro, mas 
os direitos patrimoniais desse herdeiro. Não se pode ceder bem determinado, pois 
quem herda um quinhão não sabe exatamente o que integra essa fração do 
patrimônio do morto (§ 2º do 1.793). Só após a partilha é que se pode alienar coisa 
individualizada. Todavia, antes de ceder o quinhão onerosamente a terceiros, deve 
o herdeiro oferecer aos demais herdeiros (1.795) até para facilitar a extinção do 
condomínio (pú do 1.791, ex: João morre e deixa dois filhos, se um filho vender seu 
quinhão ao irmão não haverá sequer necessidade de partilha, simplifica tudo). 
Aceitação pelos sucessores pode ocorrer do herdeiro morrer antes 
de aceitar a herança, então o herdeiro do herdeiro vai ter esse direito 
(1.809). Nada impede que o neto aceite a herança do pai mas renuncie à do avô (pú 
do 1.809). 
Renúncia da herança a aceitação é mais simples, de modo que a renúncia 
exige mais formalidades, tratando-se de ato solene pelo qual o herdeiro abdica à 
herança. A renúncia exige forma escrita, e não é qualquer escrito como na 
aceitação, mas documento público no Cartório de Notas ou na Justiça (1.806). A 
renúncia é rara, pois quando o sucessor não deseja a herança ele simplesmente 
cede seu quinhão aos demais herdeiros (§ 2º do 1.805). A renúncia também não 
pode estar sujeita a condições (1.808). O herdeiro casado não tem legitimidade 
para renunciar sem outorga do cônjuge (80, II e 1.647, I). O incapaz também não 
pode renunciar (104, I). O herdeiro insolvente que renuncia à herança para 
prejudicar seus credores comete fraude, mas se o herdeiro tem bens para pagar 
seus credores pode renunciar sem problemas (1.813). Não se pode renunciar a 
herança de pessoa viva, afinal nunca se sabe quem vai morrer primeiro. Como a 
aceitação, a renúncia é também irretratável. 
Efeitos da renúncia 
1) efeito retroativo : a renúncia retroage ao dia da morte do hereditando, de modo 
que o renunciante é considerado como se nunca tivesse sido chamado à sucessão. 
2) os filhos do renunciante não herdam em seu lugar : os filhos do renunciante não 
poderão aceitar a herança do avô no lugar do pai, passando os bens para seus tios e 
primos (1.811). Diferente da renúncia é se o pai tivesse morrido após o avô, então 
os netos, por representação, seriam chamados a suceder. Para os netos herdarem 
do avô, é melhor o pai morrer do que renunciar, pois o renunciante é tido pela lei 
como inexistente. A representação é um instituto de Direito Canônico que visa 
@Rafamapeaai 
 
 
 
proteger a família, sendo razoável que os netos herdem do avô no lugar do pai pré-
morto. Veremos mais detalhes de direito de representação em breve. 
3) o renunciante pode representar o hereditando na sucessão de terceiros >>> (ex: 
João renuncia a herança de seu pai, mas pode representar o pai na herança do avô, 
1856). 
Sucessão legitima >>> A parte do renunciante vai para seus irmãos, e não para 
seus filhos; se o renunciante não tiver irmãos, transfere-se a herança para seus 
filhos mas não por direito de representação e sim por direito próprio (1.810). 
Sucessão testamentária >>>A parte do renunciante vai para o substituto se houver 
(1.947), isso é raro, então o comum é o quinhão do renunciante testamentário ir 
para os herdeiros conforme a sucessão legítima (1.829). 
Herança Jacente e Vacante 
Chama-se de jacente a herança quando não se conhecem os herdeiros que 
possam dela cuidar. Assim o juiz, para evitar a ruína desses bens, nomeia um 
curador para arrecadar e administrar os bens do falecido (1.819). Concluído o 
inventário sem o surgimento de herdeiros, a herança se torna vacante e os bens 
passam para o município (1.823 e 1.844). A jacência é uma fase provisória que 
culmina ou com a entrega dos bens aos herdeiros que vierem a surgir, ou com a 
declaração da vacância e a transferência ao Poder Público.Inicialmente os bens são 
transferidos ao município sob propriedade resolúvel (vide Direitos Reais), mas 
após cinco essa propriedade se torna plena, e nenhum herdeiro poderá mais exigi-
los (1.822). Esses cinco anos começam a correr da declaração de vacância da 
herança (1.820). Concluído o inventário, qualquer discussão futura será feita 
contra a Fazenda Municipal (1.158 do CPC). 
 
Indignidade e Deserdação 
Estes institutos são diferentes, mas merecem ser estudados em conjunto pois têm 
o mesmo efeito. 
A regra geral é a de que todos podem suceder (1.798, animais não podem 
herdar!), inclusive uma empresa pode suceder uma pessoa física (1.799, II). 
A exceção a essa regra são os casos de indignidade e deserdação. 
@Rafamapeaai 
 
 
 
Em suma, para suceder basta estar vivo, ter legitimidade e não ser 
indigno/deserdado. Os casos de falta de legitimidade são aqueles do art 1.801 e 
1.802. Os casos de indignidade e deserdação veremos agora. 
Indignidade >>> É a privação do direito de suceder 
alguém por tê-lo ofendido ou a seus familiares (1.814). O indigno não tem 
afeto e nem solidariedade pelo extinto, pelo que sofre esta pena civil. 
Esse artigo é exaustivo, não é exemplificativo, de modo que não há outros casos de 
indignidade fora esses. Observem que o homicídio do 1814, I, é só o doloso, o 
culposo não. O menor pode ser indigno, embora menor seja inimputável, por isso 
indigno é quem comete o fato, mesmo que não seja criminalmente culpado, até 
porque a responsabilidade civil é independente da penal (935, comentários em 
Fontes das Obrigações). No inciso III vemos um caso de indignidade após a morte 
do hereditando (ex: filho esconde o testamento que beneficiava um primo para 
herdar tudo sozinho). 
<<<Características e efeitos da indignidade >>> 
 
 (OBS: de regra estes efeitos são ex tunc, ou seja, “desde então”, retroagindo 
ao momento da abertura da sucessão): 
 
1 – não é automática, precisando de sentença transitada em julgado (1.815 e pú). 
2 – o indigno fica obrigado a devolver os frutos da herança que porventura tenha 
auferido (pú do 1.817), pois pelo princípio da saisine o herdeiro se tornou dono 
imediatamente após a morte do hereditando; com a sentença de indignidade, que 
pode levar alguns anos para ser proferida, o indigno terá que devolver os frutos 
(ex: as crias dos animais da fazenda herdada). 
3 – os efeitos da indignidade são pessoais, só atinge o herdeiro, até porque, 
tratando-se de uma pena, não pode ultrapassar a pessoa do infrator; assim os 
filhos do indigno receberão a herança face ao direito de representação (1.816); 
porém o indigno não poderá fruir destes bens (pú do 1.816 e 1.689). Lembro que 
para os filhos do excluído é melhor a indignidade do que a renúncia (1.811). 
4 – este quarto efeito não é “ex tunc”, mas “ex nunc (a partir de agora)”, não 
retroagindo: são válidas as alienações onerosas feitas pelo indigno antes da 
sentença a terceiro de boa-fé (1.817). Assim, no conflito entre a propriedade dos 
demais herdeiros e a boa-fé do terceiro adquirente, o legislador optou por esta, por 
uma questão de segurança jurídica. De qualquer modo os demais herdeiros 
exigirão do indigno o equivalente, mediante ação pessoal de perdas e danos. Não 
cabe aos demais herdeiros ação real sobre a coisa vendida, não havendo direito de 
sequela sobre a coisa alienada ao terceiro de boa-fé. Mas se a alienação foi gratuita 
@Rafamapeaai 
 
 
 
( = doação) cabe direito de sequela, afinal o terceiro não vai perder nada, vai 
apenas deixar de ganhar. Que acham? 
Reabilitação do indigno: trata-se do perdão do indigno, podendo ser feita 
expressamente pelo hereditando (1.818). A reabilitação pode ser tácita nos termos 
do pú. 
Deserdação >>> o efeito é o mesmo da indignidade, punirquem ofendeu o 
extinto, pois o deserdado fica também excluído da sucessão. 
Vejamos as diferenças: 
1 – a indignidade vem prevista em lei como a vontade presumida do extinto, 
atingindo qualquer herdeiro, já a deserdação é declarada em testamento, é 
a vontade real do falecido, e só atinge herdeiros necessários (1.961, 1.845). 
2 – só vamos encontrar deserdação na sucessão testamentária (1.964), já a 
indignidade pode ocorrer tanto na sucessão testamentária como na legítima. 
3 – os casos de deserdação, além do conhecido 1.814, estão no 1962 e 1.963 
Herdeiro aparente >>> É aquele que parece mas não é. É aquele que está na 
condição de herdeiro mas que, por um fato novo, deixa de sê-lo. 
Conceito >>> Herdeiro aparente é o que, não sendo titular de direito 
sucessório, é tido como legítimo dono da herança por causa de erro 
invencível 
Ex: alguém morre sem mulher e filhos, então seus bens vão para um irmão; porém 
depois aparece um filho desconhecido do extinto que prova sua condição mediante 
exame de DNA; terá o irmão do extinto que entregar os bens recebidos para este 
seu sobrinho. E se o herdeiro aparente (o irmão) vendeu os bens recebidos? A 
solução é a mesma do item 4 acima, conforme pú do 1.827. 
São duas as espécies de sucessão >>> A legítima e a testamentária. Nosso 
legislador disciplinou em maior número de artigos a sucessão testamentária, 
porém a sucessão legítima é a mais frequente na sociedade, vamos conhecê-la 
primeiro: 
Conceito >>> Sucessão é legítima quando, na falta de testamento, defere-se o 
patrimônio do morto a seus herdeiros necessários e facultativos, convocados 
conforme relação preferencial da lei. Se houver testamento mas não abranger 
todos os bens, a sucessão legítima também será aplicada (1.788). 
Esta relação preferencial da lei tem o nome de vocação hereditária e beneficia os 
parentes próximos, por presumir o legislador que os familiares são as pessoas 
mais queridas do extinto (1.829). Na ordem natural das afeiçoes familiares o amor 
@Rafamapeaai 
 
 
 
primeiro desce (filhos), em seguida sobe (pais) e depois se espalha (irmão, tios, 
sobrinhos e primos). 
Os primeiros a herdar são os filhos e o cônjuge/companheiro; se não houver filhos 
e cônjuge/companheiro chamam-se os pais do extinto; estes são os herdeiros 
necessários (1.845); finalmente convocam-se os herdeiros facultativos, que são os 
parentes colaterais irmãos, tios, sobrinhos e primos até o quarto grau (revisem 
Parentesco, 1.594, 1.839). 
A companheira herdava em situação inferior à do cônjuge conforme art 1790 do 
CC, mas que em 2017 foi declarado inconstitucional pelo Supremo, assim quem 
vive com alguém em união estável ou casamento, o tratamento sucessório será o 
mesmo. 
Se o hereditando não tiver cônjuge/companheiro ou sequer um parente de quarto 
grau, seus bens vão para o Município (1.844) 
Classes da vocação hereditária 
1. a) descendentes: filhos, netos, bisnetos, etc., não tem limite, os mais próximos 
excluindo os mais remotos; 
2. b) ascendentes: pais, avós, bisavós, sem limite, os mais próximos excluindo os mais 
remotos; 
3. c) cônjuge e companheiro: elevado pelo atual CC à condição de herdeiro 
necessário, sendo chamado a suceder junto com os filhos (1829, I, falaremos mais 
da sucessão do cônjuge na próxima aula). 
4. d) colaterais: só até o quarto grau, e os mais próximos (irmãos) excluem os mais 
remotos (primos, 1.840). 
5. e) o Município: o poder público não é herdeiro, ele é chamado diante da ausência 
de parentes, a fim de que os bens do falecido não se deteriorem (1.844). 
Regras da sucessão legítima para a vocação hereditária: 
1. a) só se convoca uma classe nova quando não há herdeiros na classe precedente, 
então, por exemplo, não se convocam os ascendentes se há descendentes (1.836 e 
1.838). 
2. b) na mesma classe os mais próximos excluem os mais remotos (1.833, então não 
se chama o neto se existe filho, não se chama o avô se existe pai, § 1º do 1.836), 
salvo o direito de representaçãoque veremos abaixo. 
Modos da sucessão legítima: 
1. a) Direito Próprio >>> Sucede-se por direito próprio quando se é herdeiro da classe 
chamada, então o filho herda do pai por direito próprio. 
2. b) Direito de Representação >>> Sucede-se por direito de representação quando se 
toma o lugar de herdeiro pré-morto (1.851) ou indigno da classe chamada (1.816); 
ex: o filho morre antes do pai, então o neto herda direto do avô, representando o 
pai pré-morto. O dir. de representação tem origem no Direito Canônico e se 
justifica para proteger a família, trazendo à herança o filho do herdeiro pré-morto 
ou indigno, equilibrando o patrimônio entre os descendentes (1.855). Não é justo 
@Rafamapeaai 
 
 
 
que um neto não herde do avô apenas porque seu pai morreu primeiro (1.854). 
Lembro que o filho do herdeiro renunciante não pode representar o pai (1.811). A 
representação é exclusiva da sucessão legítima (o art. 1.851 usa a expressão “a 
lei”), pois na sucessão testamentária se o herdeiro morre, o legado ou herança não 
vai para seus filhos, mas sim volta ao espólio para beneficiar os herdeiros 
legítimos. Só há representação na linha descendente em qualquer grau (1.852) ou 
na linha colateral até o terceiro grau (1.853, ex: João morre sem mulher, 
descendentes e ascendentes, então sua herança vai para seus irmãos; se um dos 
irmãos já tiver morrido, seus filhos, sobrinhos de João, herdarão por direito de 
representação, 1.840) 
3. c) Direito de Transmissão >>> Esse modo interessa à Fazenda Estadual para fins 
tributários, assim sucede-se por direito de transmissão quando se substitui o 
herdeiro pertencente à classe chamada, depois da abertura da sucessão e ainda 
antes da conclusão do inventário (1.796); ex: João morre e durante o inventário 
seu filho morre também, então os netos virão suceder o pai e o avô João, pagando 
dois impostos de transmissão (= bi-tributação), pois pelo princípio da saisine o 
patrimônio de João chegou a pertencer a seu filho antes de ir para os netos. 
Formas de partilha: 
1. a) por cabeça >>> Dá-se em partes iguais entre herdeiros da mesma classe, ex: João 
morre e seus três filhos vão herdar por direito próprio e por cabeça 33% do 
patrimônio de João, por serem seus parentes mais próximos. 
2. b) por estirpe >>> Herda-se por estirpe para os que sucedem em graus diversos por 
direito de representação, ex: João morre e tem um filho pré-morto que deixou dois 
netos, então seus dois filhos vivos vão herdar por direito próprio e por cabeça 33% 
do patrimônio de João, enquanto cada um de seus netos vai herdar por direito de 
representação e por estirpe 16,5% desse patrimônio (1.835). Aqueles que 
descendem por estirpe estão representando alguém. 
3. c) por linhas >>> A partilha por linhas só ocorre quando são chamados os 
ascendentes, ex: João morre sem descendentes e cônjuge, seus pais igualmente já 
morreram, mas a avó paterna está viva, e o avô e a avó materna também. Então 
caberá metade à avó paterna e metade aos outros dois avôs maternos (§§ 1º e 2º 
do 1.836). 
Na sucessão legítima, por opção do legislador de 2002, o cônjuge se tornou 
herdeiro necessário, sendo elevado à mesma condição dos filhos e dos pais do 
hereditando (1.845). Antigamente o cônjuge era mero herdeiro facultativo. Esta foi 
uma grande inovação do atual CC e atinge os testamentos feitos antes de 2002, que 
terão que ser adaptados (1.787, 1.846). 
Então se o hereditando é casado, seu cônjuge irá herdar junto com os filhos, a 
depender do regime matrimonial de bens (1.829, I); irá herdar com os ascendentes 
se não há filhos (1.829, II); ou irá herdar sozinho se o extinto não deixou 
descendentes nem ascendentes (1838). 
Ressalto que o casal precisava estar vivendo junto na época do falecimento, senão 
o cônjuge sobrevivente pode nada herdar (1.830). 
@Rafamapeaai 
 
 
 
Esta opção do legislador em proteger mais o cônjuge tem por fundamento evitar 
situações ocorridas no passado, quando o cônjuge viúvo, já idoso, perdia o 
marido/esposa e aindapodia perder sua condição financeira, pois o patrimônio do 
extinto seguia apenas para os filhos. 
Porém, antes de prosseguirmos, é preciso diferenciar meação de herança: quando 
alguém enviúva, a depender do regime de bens, uma parte do patrimônio do morto 
é do sobrevivente por direito próprio e não por herança; ex: no regime da 
comunhão parcial, que é o mais comum na sociedade (1.640), metade dos bens é 
do viúvo não por herança, mas por integrar o condomínio do casal (1.658, 1.660, 
I). Então, exclui-se a meação do sobrevivente e o resto é herança para os herdeiros 
necessários, inclusive o cônjuge! 
Assim o cônjuge sobrevivente, a depender do regime de bens, vai receber igual a 
seus filhos, ou se tiver mais de três filhos pelo menos 25% da herança; se os filhos 
forem só do falecido, o cônjuge herda igual a eles, mesmo que sejam mais de três 
filhos (1.832). 
Vejamos regime a regime 
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
>>>>>>>>>>>>> 
1. a) separação obrigatória de bens (1.641): o viúvo não tem meação (1.687) e nem 
herança (1.829, I); só lhe cabe direito real de habitação (1.831, vide aula 7 de Reais 
na Coisa Alheia). 
2. b) separação convencional: o sobrevivente não tem meação (1.687) mas tem 
herança (1.829, I; obs: se seu cônjuge for rico, nunca se divorcie, espere enviuvar!) 
3. c) comunhão parcial de bens: o viúvo tem meação (1.658), mas caso se divorcie 
não tem direito aos bens do cônjuge (1.659, I); todavia, com a viuvez, o 
sobrevivente alcança estes bens por serem bens particulares do cônjuge (1.829, I, 
in fine). Se o falecido não deixou bens particulares o cônjuge nada herda, fica 
apenas com sua meação. Se o falecido só deixou bens particulares, e nada integra o 
patrimônio comum do casal, só haverá herança e não meação. 
4. d) participação final nos aquestos: trata-se de um regime de separação de bens 
onde cada consorte tem a livre e independente administração do seu patrimônio 
pessoal. O art 1829 não alude a este regime, pelo que a melhor jurisprudência 
determina que a sucessão será igual ao do regime da comunhão parcial. 
5. e) comunhão universal: o viúvo tem meação de tudo (1.667), então não precisa 
herdar nada (1.829, I). 
Em suma: só existe ao cônjuge sobrevivente o direito de concorrência com os 
descendentes do autor da herança quando casados no regime da separação 
convencional de bens ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou 
participação final nos aquestos, o falecido possuísse bens particulares, hipóteses 
em que a concorrência se restringe a tais bens, devendo os bens comuns (meação) 
serem partilhados exclusivamente entre os descendentes. 
@Rafamapeaai 
 
 
 
Cônjuge concorrendo com ascendentes do hereditando: concorrendo com o sogro 
e a sogra o viúvo terá direito a um terço da herança, independente do regime 
matrimonial de bens (1.829, II, 1.837, obs: cônjuge concorrendo com os avôs do 
marido herda metade). 
Sucessão do Companheiro 
Lembro que companheiro é aquele que vive em união estável, sem 
impedimento para se casar, então não confundam com o concubinato 
(1.727). O CC tratava dessa questão no art. 1.790, dispositivo superado pelo 
STF que o declarou inconstitucional. Assim, o companheiro herdará nas 
condições do cônjuge casado no regime da comunhão parcial (art. 1725 CC). 
Sucessão dos colaterais >>> Os colaterais não são herdeiros necessários, e vão 
herdar quando não há descendentes, ascendentes e nem cônjuge. Se houver 
testamento, os colaterais podem ser totalmente excluídos (1.850). 
>>> Os mais próximos excluem os mais remotos, e o parente colateral mais 
próximo é o irmão em 2º grau (revisem parentesco em Direito de Família). Se o 
irmão for germano, ou seja, filho do mesmo pai e da mesma mãe do extinto, 
herdará o dobro do que eventual irmão unilateral (1.841). 
>>> Não havendo irmãos, herdam os parentes em terceiro grau, prevalecendo os 
sobrinhos sobre os tios, por serem aqueles em geral mais jovens, é a doutrina do 
“sangue novo”, presumindo-se que os sobrinhos vão viver mais tempo do que os 
tios do hereditando (1.843). 
>>> Finalmente, não havendo parentes em 2º ou 3º grau, são chamados os tios- 
avós, sobrinhos-netos e primos, parentes em 4º grau do extinto, herdando todos 
igualmente. 
 
Sucessão do Município >>> Não havendo parente algum, a herança vai para o 
Município (1.844). Todavia o poder público não é herdeiro, ele é chamado diante 
da ausência de parentes, a fim de que os bens do falecido não se deteriorem; o 
princípio da saisine não se aplica ao Município, pois é preciso aguardar a sentença 
de vacância (1.820). 
Sucessão Testamentária 
Conceito de Direito das Sucessões: é o ramo do Direito Civil cujas normas regulam 
a transferência do patrimônio do morto ao herdeiro, em virtude de lei ou de 
@Rafamapeaai 
 
 
 
testamento. Já estudamos a transmissão decorrente da lei, vamos agora conhecer a 
2ª espécie, que é a sucessão testamentária: 
Lembro que, embora a sucessão legitima predomine na sociedade, nosso legislador 
regulamentou em maior número de artigos a sucessão testamentária. 
A sucessão testamentária é conduzida pelo testamento, sendo um princípio 
de direito sucessório o respeito à vontade do extinto. 
O testamento pode contemplar herdeiros, que sucedem a título universal, e 
legatários, que sucedem a título singular. 
Conceito de testamento >>> Negócio jurídico solene pelo qual alguém, nos termos 
da lei, dispõe de seus bens, no todo ou em parte, para depois de sua morte (1.857). 
Digo negócio jurídico pois se trata de uma declaração de vontade que produz efeito 
jurídico; digo solene pois testamento não pode ser verbal como maioria dos 
contratos (art 107, CC), mas sim escrito, conforme espécies e formalidades 
previstas em lei. 
Outra diferença do testamento para o contrato é que este é inter vivos, testamento 
é mortis causa. 
A liberdade de testar é grande, mas a lei impõe um limite em respeito à 
família e aos herdeiros necessários (§ 1º do 1.857 e 1.846). 
Essa proteção se justifica pela importância da família na sociedade e os valores que 
ela defende ao longo dos séculos: costumes, tradição, moral e propriedade privada. 
Via de regra as disposições testamentárias são patrimoniais, versam sobre os bens 
do extinto, mas o testamento pode conter cláusulas extrapatrimoniais, como por 
exemplo o reconhecimento de um filho (§ 2º do 1.857, 1.609, III), a nomeação de 
um tutor para um filho menor (1.634, IV) ou determinações sobre seu funeral. 
<<<<<<<<<<<<<<<<<<Características>>>>>>>>>>>>
>>>>>>>>> 
– O testamento é revogável: pois o seu autor pode se arrepender, demorar a 
morrer, e querer mudar alguma disposição, então a liberdade de revogar é a 
mesma de testar (1.858). Inclusive não se admite renúncia ao direito de revogar o 
testamento, até porque o testamento só produz efeito após a morte do seu autor. 
@Rafamapeaai 
 
 
 
– É imprescritível: um adolescente de 16 anos já pode testar (pú do 1.860), então 
mesmo que ele só venha a morrer aos noventa anos, se não for revogado seu 
testamento continua válido embora redigido há 74 anos! E por que a capacidade de 
testar foi reduzida dos 18 para os 16 anos? Porque o testamento só produz efeitos 
após a morte, então se o testamento prejudicar o adolescente, ele já morreu 
mesmo. 
– Testamento é ato pessoal: só o hereditando pode testar, de modo individual e 
exclusivo, não se admitindo testamento por procuração (1.858). Um 
advogado/contador pode ajudar a redigir, mas o testador tem que estar presente. 
Também não se admite testamento feito por duas pessoas, inclusive para facilitar a 
mudança ou a revogação do ato (1.863). 
– Testamento é ato unilateral quanto às partes porque se forma apenas pela 
vontade do testador, independentemente da aceitação do herdeiro. Diz-se também 
unilateral quanto aos efeitos, semelhante a uma doação, pois não existe 
contraprestação, não existe vantagem para o testador, até porque ele já morreu 
quando o testamento passa a produzir efeitos.Todavia, semelhante às doações, 
admite-se encargo nos testamentos (vide aula respectiva em Contratos), mas o 
encargo não deve ser grande a ponto de criar uma obrigação excessiva para o 
herdeiro ou legatário, podendo o juiz reduzir o encargo exagerado. 
Capacidade para testar: como todo negócio jurídico, o testamento deve atender ao 
art. 104 do CC. 
Então quem pode testar? Qualquer pessoa física desde que lúcida e maior de 16 
anos (1.860 e pú). Pessoa jurídica não pode testar porque não está sujeita a morte, 
e sua extinção ou falência interessa ao Direito Empresarial. Se o testador perder a 
razão após redigir o ato, o testamento é válido (1.861). Testamento feito por 
incapaz é nulo, e a nulidade é para sempre (166, I e 169; depois revisem em Civil 
I anulabilidade que é menos grave do que a nulidade). Porém alguns autores 
acham que a nulidade pode prescrever, ou seja, mesmo o ato nulo pode produzir 
efeitos, por isso existe um prazo de cinco anos do art. 1.859, c/c o art. 735 § 2º, do 
CPC. Reflitam! 
Quem pode adquirir por testamento? Quem pode ser instituído herdeiro e 
designado legatário? De regra todas as pessoas, físicas ou jurídicas (1.799, II e III). 
Animais não podem ser herdeiros ou legatários, mas podem ser encargos (ex: 
deixo minha herança para João com o ônus de cuidar do meu cachorro; leiam 
Quincas Borba de Machado de Assis). Pessoas não concebidas até a morte do 
testador não podem também adquirir por testamento (1.798), salvo as hipóteses 
de fideicomisso que veremos em breve (1.799, I e 1.925). Também não podem ser 
nomeadas herdeiras e legatárias aquelas pessoas sem legitimidade do art. 1.801. A 
legitimidade é um freio da capacidade, então tais pessoas do 1.801 não são 
incapazes, apenas lhes faltam autorização para herdar por razões morais e éticas. 
O deserdado é também excluído da sucessão. 
Formas de testamento 
@Rafamapeaai 
 
 
 
>>> São várias as formas e espécies de testamento previstas em lei, cada uma com 
suas vantagens e desvantagens, pelo que a orientação do advogado ou do tabelião é 
essencial para, caso a caso, verificar qual a melhor opção para seu cliente. 
>>> Os testamentos têm formalidades exigidas pelo legislador por uma questão de 
segurança a fim de garantir a autenticidade do ato, a espontaneidade da 
manifestação e a sanidade do declarante, preservando a vontade do extinto. 
>>> Não se podem misturar as espécies, ou seja, é preciso escolher uma delas e 
atender às exigências da lei, vejamos: 
1 – testamento ordinário >>> Este pode ser usado pelas pessoas capazes em 
qualquer condição, e se divide em público, cerrado e particular (1.862); 
2 – testamento especial >>> Somente permitido a determinadas pessoas em 
situações peculiares, e se divide em marítimo, militar e aeronáutico (1.886); 
3 – codicil >>> O codicilo é um testamentozinho, é uma carta, é um pequeno 
registro deixado pelo extinto, com poucas formalidades e tratando de bens de 
pequeno valor (1.881) da nomeação de testamenteiro (é a pessoa que vai cumprir 
o testamento, 1976 e 1.883), do reconhecimento de um filho, da deserdação de 
outro filho, do perdão do indigno (1.818, sublinhem “ato autêntico”), ou finalmente 
da encomenda de missas (1.998). As expressões “pouca monta” e “pouco valor” 
referidas no art 1.881 são relativas e dependem, é claro, do tamanho da herança, a 
ser examinado pelo juiz, em geral cerca de 10% do patrimônio do extinto. Um 
testamento pode revogar um codicilo, mas o contrário não. 
>>Testamento ordinário<< 
1 – público >>> feito por qualquer tabelião do cartório de notas do país e anotado 
em livro próprio (1.864). Esta espécie é mais segura contra destruição, extravio ou 
modificação pois consta do livro público do cartório. Outra vantagem é porque tal 
espécie é redigida pelo tabelião, ou seja, profissional habilitado, com fé pública e 
experiência, que dificilmente vai errar e causar nulidade ao testamento. Por ter que 
ser lido em voz alta, esta espécie é recomendada para os analfabetos, surdos e 
cegos (1.867). Desvantagens: é pago, tem um custo já que o cartório cobra para 
redigir o testamento; é aberto, ou seja, todos podem ficar sabendo seu conteúdo, 
provocando ciúmes e frustrações de quem não foi contemplado, estando o testador 
ainda vivo. 
2 – cerrado >>> conhecido como secreto ou místico. Ao contrário do público, não é 
ditado pelo testador para o tabelião digitar, mas sim entregue já escrito ao tabelião 
para aprová-lo. Essa aprovação é aquela do art. 1.869, ou seja, é um termo onde o 
tabelião confirma se tratar aquele documento da vontade autêntica do 
@Rafamapeaai 
 
 
 
hereditando. Sua maior vantagem é o sigilo, afinal só o testador conhece seu teor. 
Sua desvantagem é a possibilidade de extravio, pois o documento é entregue ao 
testador que não mais estará vivo para dizer onde ele se encontra quando o 
testamento precisar ser aberto (1.874). Analfabetos e cegos não pode usar esta 
espécie, mas os surdos e mudos sim, desde que saibam ler (1.872). 
3 – particular >>> é a mais rápida, simples e fácil espécie de testamento, 
dispensando até o tabelião. É aberto (1.876). O testador precisa ter algum 
conhecimento jurídico para não cometer ilegalidades que venham a anular o ato. 
Não se esqueçam de datar o testamento. Outra desvantagem é que ele pode ser 
extraviado ou falsificado, já que não tem a intervenção do cartorário. Mais uma 
desvantagem: as testemunhas precisam sobreviver ao testador para confirmar a 
autenticidade do documento perante o juiz (1.878). 
3.1 – testamento particular excepcional >>> admitido em situações emergenciais de 
risco iminente de perder a vida, não havendo testemunhas disponíveis, como num 
desastre, naufrágio, sequestro, preso numa caverna, dentro de um avião caindo, 
etc. (1.879). Tem que ser manuscrito. A doutrina o critica pois é fácil de ser 
fraudado. Cabe ao juiz aceitá-lo ou não. 
 
<<Testamento especial>> 
Os testamentos especiais são mais simples e fáceis de fazer do que os testamentos 
ordinários, com menos solenidades. Porém eles não são de livre escolha do 
cidadão, só podendo o testador optar por eles se estiver numa situação especial. 
Outra característica é a de que os testamentos especiais prescrevem, ou seja, têm 
prazo de eficácia e precisam ser confirmados. Já o testamento ordinário pode ser 
celebrado por alguém com 16 anos, e mesmo que só venha a morrer aos 90 anos, o 
documento ainda estará válido após 74 anos. 
 <<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<Vejamos as espécies de testamento especial 
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 
1 – marítimo >>> para aqueles que estão com medo de morrer em alto-mar. 
Curioso é que temos a vida toda para testar, vamos nos preocupar com isso logo 
quando entramos num navio? Inclusive porque as viagens marítimas não são mais 
tão longas, e mesmo a bordo temos telefone e internet (1.892). Bom, caso 
necessário o comandante vai corresponder ao tabelião do cartório de notas 
(1.888). Esse testamento precisa ser confirmado quando terminar a viagem, sob 
pena de caducidade (1.891). 
2 – aeronáutico >>> essa espécie não se justifica, pois em voos normais não há 
necessidade, podendo o testador aguardar algumas horas até o desembarque 
@Rafamapeaai 
 
 
 
(1.889); e se o avião estiver em perigo, aplica-se o testamento particular 
excepcional acima. Talvez o legislador esteja pensando nas viagens espaciais, 
quando ficaremos anos viajando entre as estrelas… Ou então para alguém que 
passe mal dentro do avião e ache que vai morrer antes do pouso… Bom, reflitam! 
3 – militar >>> feito por militares, médicos, engenheiros, padres, repórteres, reféns 
e prisioneiros em época de guerra, em combate ou em cidades cercadas (1.893). 
Tal ato caduca caso não confirmado três meses após o testador deixar a zona de 
guerra, ou cessarem os combates (1.895). 
>>> 3.1 – o testamento militar admite a espécie nuncupativa, ou seja “in extremis” 
quando o militar ferido, agonizante, confia sua vontade oralmente a duas 
testemunhas… Depois as testemunhas terãoque escrever o que ouviram do 
moribundo e entregar o documento ao comandante do batalhão. Tal espécie é 
muito fácil de ser fraudada, pelo menos é raríssima (1.896). 
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>Disposições 
Testamentárias>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 
Vamos começar a tratar do conteúdo interno do testamento. Estas disposições são 
as cláusulas do testamento onde o falecido dá destino a seus bens, instituindo 
herdeiros e legatários. Nosso legislador do Código Civil tenta ajudar o juiz e os 
herdeiros a interpretar, explicar e aplicar as cláusulas do testamento. 
<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<Regras 
gerais>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 
1– o que não estiver no testamento não tem validade, assim não adianta o nome do 
herdeiro constar de uma escritura pública, de uma procuração, de uma declaração 
perante um juiz, etc., se não estiver no testamento. 
2– a designação de legatário sempre é expressa, mas o herdeiro pode ser tácito 
(1.906, 1.966, 1.788) 
3– o testamento pode ter cláusulas extrapatrimoniais como já dito na aula 7 (ex: 
art. 14 e pú). 
4– respeito à vontade do falecido (arts. 112 e 1.899); nos arts. 1.902 e 1.903 o 
legislador presume em regras detalhistas qual seria a vontade do extinto. 
5– na dúvida os sucessores herdam por igual (1.904). 
@Rafamapeaai 
 
 
 
Espécies de disposições 
– simples >>> é a cláusula pura, sem imposição de qualquer condição ou restrição, 
possuindo eficácia imediata face ao princípio da saisine (ex: deixo 10% de meus 
bens para meu amigo João, 1.897). A legítima do herdeiro necessário deve sempre 
ser simples. 
– condicional >>> depende de evento futuro e incerto (ex: deixo minha biblioteca 
para minha sobrinha se ela se formar em Direito; trata-se do direito eventual a um 
legado condicionado a acontecimento futuro e incerto; se a sobrinha morrer antes 
de se formar não terá herdado nada). 
– a termo ou prazo >>> uma disposição a termo, com prazo, só vale para legatários 
(1.924), pois para herdeiros é nula (1.898; ex: não se pode nomear alguém seu 
herdeiro por dez anos, pois uma vez herdeiro, sempre herdeiro, mas um legado 
pode ser por prazo certo); enquanto a condição ou o termo não chegam, os bens 
ficam com os herdeiros legítimos; o único caso de prazo para o herdeiro é 
no fideicomisso, que veremos em breve; lembro que se um herdeiro for nomeado a 
prazo, fora dos casos de fideicomisso, esse prazo não será considerado e a herança 
será tida como simples. 
– modal: é a cláusula que tem encargo ou ônus, ou seja, possui uma pequena 
contraprestação a ser cumprida pelo sucessor (ex: livro Quincas Borba); o encargo 
é imposto nas liberalidades como nas doações e testamentos. O descumprimento 
do encargo pode levar o herdeiro legítimo a pedir a anulação da herança a fim de 
beneficiá-lo. Condições e encargos ilícitos e imorais são nulos. Veja mais encargo 
no contrato de doação (1.938). A legítima do herdeiro necessário não se sujeita a 
condição ou encargo. 
– motivada >>> o testador indica as razões pelas quais está beneficiando aquela 
pessoa (1.897, in fine). Tal motivação é dispensada pela lei, o testador indica se 
quiser, porém eventual motivação equivocada pode anular a cláusula 
testamentária (art. 140). 
Cláusula de inalienabilidade (CI): 
O jurista Orlando Gomes chama com razão essa cláusula de “anacrônica, violenta, 
polêmica e antipática”. Trata-se de uma cláusula restritiva que implica também em 
impenhorabilidade e incomunicabilidade, ou seja, se o testador deixar seus bens 
com essa cláusula, tais bens não poderão ser vendidos ou doados pelo herdeiro 
(inalienáveis), não poderão ser tomados pelo credor do herdeiro (impenhoráveis), 
e nem se transmitirão ao cônjuge do herdeiro (incomunicabilidade, 1.911). 
@Rafamapeaai 
 
 
 
Conceito >>> É um meio de gravar o próprio bem em relação a terceiro 
beneficiário, que não poderá dispor dele, gratuita ou onerosamente, recebendo-o 
apenas para usá-lo e fruí-lo. 
A CI não pode ser imposta aos bens do testador, pois não podemos gravar os 
nossos próprios bens, mas apenas os bens que transferimos a terceiros por doação 
ou herança. A CI não é obrigatória, mas uma vez presente no testamento a 
propriedade sobre os bens herdados ou legados fica limitada. A CI dura no máximo 
uma geração, então não atinge os filhos do herdeiro. O herdeiro ou legatário 
poderá usar, alugar e emprestar estes bens, mas não poderá vendê-los, ou seja, tais 
bens ficarão fora do comércio. 
Sub-rogação >>> excepcionalmente o juiz pode autorizar a venda, mas o produto 
da alienação continuará gravado (§ 2º do 1.848 e pú do 1.911). Assim trocada a 
coisa, o novo bem fica sub-rogado na inalienabilidade imposta pelo extinto. O pú do 
art 723 do CPC dá muito poder ao juiz, mas é preciso usar essa força com 
razoabilidade. 
>>> Pode a CI incidir sobre os bens da legítima (1.846), mas exige justa causa 
(1.848), cabendo os herdeiros questionar judicialmente a “justiça” dessa causa, 
afinal o falecido pode estar apenas atrapalhando a vida de filhos que não pôde 
excluir da herança. A causa deve ser clara e objetiva (ex: filho perdulário, 
toxicômano), não se admitindo: “deixo uma casa para meu filho com a CI pois não 
gosto da esposa dele…” 
>>> A CI precisa estar inscrita no Cartório de Imóveis para ter eficácia plena e ser 
de conhecimento público. Se os bens herdados forem móveis (ex: uma jóia), a CI é 
inoperante, pois os bens móveis, salvo os veículos, não se sujeitam a um registro 
organizado como os bens imóveis. 
Fundamento: por que se justifica a CI? 
1 – para respeitar a vontade do falecido, que é um dos princípios do Direito das 
Sucessões. 
2 – para se criar um ônus real sobre o bem herdado, protegendo herdeiros 
inexperientes e pródigos contra credores espertos ou um casamento ruim (1.848). 
Críticas: por que se condena a CI? 
1 – porque prejudica o credor do herdeiro. O credor do falecido não se prejudica, 
afinal ninguém pode gravar seus próprios bens com a CI. Já o credor do herdeiro 
fica frustrado, pois o herdeiro não tinha bens para pagar sua dívida, e agora não 
pagará com os bens que recebeu do pai face à impenhorabilidade, causando 
insegurança jurídica. 
2 – premia um herdeiro incompetente, desorganizado, tolo, incapaz de cuidar de 
seus próprios negócios. 
3 – limita a circulação de riquezas, viola a lei fundamental da economia, por retirar 
@Rafamapeaai 
 
 
 
um bem do comércio. 
4 – prejudica o genro ou nora do hereditando, qualquer que seja o regime de bens 
do herdeiro, face à incomunicabilidade decorrente da inalienabilidade. 
<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<Espécies de 
inalienabilidade>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 
1) absoluta (em nenhuma hipótese o testador admite a venda) ou relativa (o 
extinto admite vender em alguns casos, a certas pessoas ou em certas condições 
previstas pelo mesmo, ex: pode vender a João, mas não pode a José; pode vender 
por motivo de saúde, etc.); 
2) total (estende-se a todos os bens do testador) ou parcial (apenas sobre parte 
dos bens do hereditando); 
3) temporária (ex: durante dez anos, até o herdeiro fazer 50 anos, etc.) ou vitalícia 
(prazo máximo de uma geração). 
Observações: 
– o bem gravado com a CI não se sujeita a usucapião por terceiros para evitar 
fraudes; 
– a CI não impede a penhora do bem gravado por dívidas de tributos do próprio 
bem, assim pague o IPTU senão o Governo toma! 
<<<Legado>>> 
>>> Já sabemos que são duas as espécies de sucessão: a testamentária (quando o 
falecido diz quem são seus herdeiros) e a legítima (quando na falta de testamento, 
a lei prescreve quem são os herdeiros). 
>>> Na sucessão legítima só há herdeiros, mas na sucessão testamentária, além de 
herdeiros, poderemos encontrar legatários. Já falamos disso na aula 1, mas lembro 
que o legatário difere do herdeiro pois este herda uma fração a título universal (ex: 
10% da herança, 1/3 da herança), enquanto o legatário sucede a título singular, 
recebendo coisa certa (ex: uma jóia, uma casa,uma cifra em dinheiro, um rebanho, 
um cavalo de raça, uma coleção de selos, uma loja comercial, ações, etc.). 
Conceito >>> Disposição testamentária a título singular pela qual o extinto deixa 
um ou mais objetos individualizados a qualquer pessoa, inclusive um herdeiro. Se o 
@Rafamapeaai 
 
 
 
herdeiro também receber legado, será chamado de prelegatário (obs: o legado do 
herdeiro é o prelegado). O herdeiro pode aceitar a herança e renunciar ao legado, e 
vice-versa (§ 1º do 1.808). 
>>> O legado é personalíssimo, então se o legatário morre antes do testador, não 
haverá direito de representação em benefício dos filhos do legatário, até porque 
vimos na aula 5 que a representação é exclusiva da sucessão legítima, e só pode 
existir legado na sucessão testamentária. 
>>> Morrendo o legatário antes do testador, o legado será transferido aos 
herdeiros legítimos conforme 1.788. Admite-se todavia o substituto do legatário 
(1.947), mas se testar não é comum, é raro prever-se um substituto para o 
legatário faltoso. 
Aquisição do legado >>> A posse da herança transmite-se imediatamente com a 
morte face ao princípio da saisine (1.784), já o legado é de coisa determinada que 
precisa ser pedida pelo legatário aos herdeiros, exercendo seu “direito de pedir” (§ 
1º do 1.923). Empossando-se indevidamente do bem, o legatário comete o crime 
do exercício arbitrário das próprias razões, previsto no art. 345 do CP. 
Na prática é na partilha, ao final do processo de inventário, que o legatário recebe 
seu bem arcando com eventuais despesas (ex: impostos, frete, 1.936). Recebido o 
legado (ex: uma fazenda), seus frutos (ex: crias dos animais) serão do legatário 
desde a morte do testador, pois a propriedade retroage, mas a posse não (1.923 e § 
2º). >>> O legado assemelha-se a uma doação, só que o legatário recebe o bem do 
herdeiro e não do “doador” já morto. O legado será dos herdeiros legítimos caso o 
legatário não aceite o bem, afinal não é porque é liberalidade que se é obrigado a 
aceitar, 1.937. 
>>> Como o legatário sucede a título singular, não responde pelas dívidas do 
extinto, dívidas que cabem aos herdeiros por sucederem a título universal (no 
universo dos bens = patrimônio = ativo + passivo), mas o legatário só recebe o bem 
se a herança for solvível, afinal onde só há dívidas não há herança e nem legado. Só 
com o inventário, apurando-se o ativo e deduzindo-se o passivo do extinto, é que se 
podem verificar as forças da herança. 
>>> O testador pode indicar quem será o herdeiro incumbido de cumprir o legado, 
chamado de onerado. Se o testador não indicar o onerado, caberá a qualquer 
herdeiro pagar o legado na proporção do que herdar (1.934). 
 Espécies de legado 
@Rafamapeaai 
 
 
 
a) legado de coisa própria >>> é o mais comum, afinal ninguém pode dispor de mais 
direitos do que tem (1.912). Se a coisa legada foi vendida pelo testador antes de 
morrer, essa disposição perde o objeto (1.916). 
b) legado de coisa alheia >>> exceção à regra anterior, pois o testador pode deixar 
uma coisa genérica que ele não tem para o legatário, mas a coisa tem que ser 
incerta (243, ex: o falecido deixa um cavalo de raça para João, mas o falecido nunca 
teve cavalo, então o herdeiro-onerado deve comprar esse cavalo para dar ao 
legatário, 1.915, 1.929). 
c) sublegado com encargo >>> o testador determina ao legatário que dê uma coisa 
dele para ganhar outra (ex: o testador deixa uma casa para João se João der um 
carro a José; se João não der o carro não ganha a casa, 1.913; o testador impõe um 
encargo ao legatário; a casa é o legado e o carro é o sublegado; João é o legatário e 
José o sublegatário). 
d) legado alternativo >>> o falecido deixa para o legatário uma coisa ou outra, 
cabendo a escolha ao herdeiro-onerado (252 e 1.932). 
e) legado de coisa de certo lugar >>> Ex: deixo para fulano meus quadros da casa de 
Gravatá, 1.917; o legado dos quadros não implica no legado da casa, mas se o 
legado for de uma casa presume-se que são com os móveis, afinal a regra é o 
acessório seguir o principal; pergunta: se o falecido deixa para fulano uma fazenda, 
e após testar adquire uma fazenda vizinha a esta, o legado será das duas fazendas 
contíguas? Não, face ao 1.922. 
f) legado de direito real limitado >>> ao invés da propriedade de um bem, o falecido 
deixa uma superfície, habitação ou usufruto desse bem para o legatário, e a 
propriedade-nua para outrem (1.921). 
g) legado de créditos e débitos >>> o falecido pode deixar certa quantia em dinheiro 
para o legatário (1.925), ou então perdoar uma dívida do legatário (1.918). 
h) legado compensatório >>> o falecido deve mil a João e lhe deixa uma jóia, pode se 
tratar de compensação da dívida se for expresso (1.919); se o credor não quiser a 
compensação, basta renunciar ao legado compensatório e cobrar a dívida do 
espólio. 
i) legado de alimentos >>> o testador determina ao onerado que alimente alguém, 
cabendo ao juiz fixar o valor (1.920, obs: esse é o melhor conceito legal de 
alimentos, afinal “a gente não quer só comida!”); esse alimento pode ser em 
hospedagem ao invés de dinheiro (1.701). 
j) legado de cota condominial >>> Ex: João e José tem um barco, e João deixa esse 
barco para Maria, então se trata apenas de metade do barco, e Maria será 
condômina do barco com José (1.914). 
@Rafamapeaai 
 
 
 
Caducidade dos legados >>> A caducidade difere da nulidade do legado. 
A caducidade é a perda da eficácia, é a decadência do legado. O legado foi celebrado 
validamente, porém pode deixar de existir. 
Já a nulidade seria, por exemplo, o legado de substância entorpecente, o 
testamento celebrado por um incapaz, (166, I e II), o legado a pessoa sem 
legitimidade (1.802 e 1.801), etc. 
São cinco os casos de caducidade previstos no art. 1.939 do CC, vamos 
comentá-los: 
I – ex: o falecido deixa madeira/mármore para o legatário, porém antes de morrer 
faz móveis/estátuas desse material. Se deixar uma barra de ouro, mas depois 
viraram jóias, vale o legado? Se deixou um terreno nu, mas depois lá construiu um 
edifício, vale o legado? Reflitam! 
II – já vimos isso acima no legado de coisa própria; o falecido revoga tacitamente a 
cláusula testamentária se vender a coisa legada. 
III – ex: um jóia legada caiu no mar, ocorre o perecimento já que o resgate é 
impossível; se houver culpa de alguém para a perda cabe responsabilidade civil; 
não há perecimento de coisa genérica no legado de coisa alheia (246); revisem 
evicção na aula 8 de Contratos. 
IV – são os casos de indignidade. 
V – é a premoriência que não enseja direito de representação como dito acima 
(1.788) 
Direito de Acrescer e Disposições 
Conjuntas 
Ocorre quando numa mesma cláusula o testador deixa bens para várias 
pessoas (= disposição conjunta), e uma delas não quer ou não pode receber a 
herança ou legado (ex: renúncia, premoriência, indignidade), hipótese em 
que a cota dos demais poderá aumentar com essa cota vaga (= direito de 
acrescer, 1.941). 
Mas em algumas disposições conjuntas pode não haver direito de acrescer 
entre os coerdeiros, mas sim o quinhão do faltoso beneficiar os herdeiros 
legítimos. Lembro que não há direito de representação na sucessão 
testamentária. 
@Rafamapeaai 
 
 
 
Pergunta-se faltando alguém numa disposição 
conjunta a cota vai para o co-herdeiro/co-
legatário = direito de acrescer), ou vai para os 
herdeiros legítimos? 
É preciso interpretar o testamento para responder. 
>>> a) Presume-se que se o falecido, na mesma cláusula, nomear vários herdeiros 
para uma parte da herança, ou deixar a vários legatários o mesmo bem, sem 
quinhão determinado, sem determinar a porção de cada um, ele pretendia instituir 
direito de acrescer para os demais se um deles viesse a faltar (ex: Ana deixa uma 
fazenda para João, Jose e Maria, então se Maria renunciar ao legado, ou morrer 
antes de Ana, as cotas de João e José irão aumentar, 1.942, 1.943). 
>>> b) Porém, no mesmo exemplo, se Ana deixa a fazenda para João, José e Maria,com quinhão determinado, caracterizando a parte de cada um, deixando expresso 
que é 1/3 para cada um, a morte de Maria implica na transmissão desses 1/3 para 
os herdeiros legítimos, sem direito de acrescer para João e José (1.944). 
Conceito: direito de acrescer é uma substituição presumida na lei em virtude da 
qual o coerdeiro ou colegatário recolhe a porção atribuída ao faltoso em disposição 
conjunta. 
Substituição >>> A lei admite a hipótese do testador ter um suplente 
para o herdeiro/legatário faltoso, o que também exclui o direito de acrescer, mas 
se testar já é raro, mais raro ainda testar prevendo substituto pros sucessores. A 
substituição vem do Direito Romano, quando a falta de herdeiro era considerada 
uma vergonha, mas no direito moderno esse instituto é incomum. Lembro que 
respeitando a legítima dos herdeiros necessários, a liberdade de testar é ampla. 
Não havendo herdeiros necessários, todo o patrimônio do hereditando pode ser 
deixado para quem ele quiser, afastando os familiares mais distantes (1.850). 
Realmente, é melhor beneficiar seus amigos do que um primo que você nem 
conhece. Por isso a lei admite substituto para esses amigos, a fim de realmente 
excluir os parentes distantes (1.947). Pode haver um só substituto para vários 
herdeiros ou legatários (1.948). O substituto sucede o testador, e não o substituído, 
de modo que só há uma transmissão e uma tributação. 
Fideicomisso >>> É uma espécie de substituição onde o substituto não 
herda no lugar do substituído, mas após o substituído, beneficiando pessoas não 
concebidas ao tempo da morte do testador (ex: deixo minha casa de praia para o 
primeiro filho de minha sobrinha Ana, só que Ana é uma criança, então se um dia 
@Rafamapeaai 
 
 
 
ela tiver um filho, esse concepturo será o beneficiado, 1.952; enquanto o 
concepturo não vem, designo meu amigo João para cuidar da casa). 
Vamos assim identificar as pessoas no fideicomisso: a) fideicomitente: é o 
morto/testador/hereditando; b) fiduciário: é o amigo João; c) fideicomissário: é o 
concepturo, é o filho de Ana; d) fideicometido: é a coisa, a casa na praia (1.951). 
Conceito >>> Instituto pelo qual o herdeiro ou legatário (fiduciário) tem a 
obrigação de, a certo tempo, transmitir a herança ou legado a terceira pessoa 
(fideicomissário). No fideicomisso há dois beneficiários: o fiduciário por um tempo, 
e depois o fideicomissário. O fiduciário tem a propriedade da casa, mas resolúvel 
(1.953), ou seja, sua propriedade se extingue se Ana tiver um filho. 
O fideicomisso parece mas é diferente da disposição em favor de prole eventual do 
1.799, I. Isto porque o fiduciário difere do curador do art. 1.800, pois este só 
administra, enquanto o fiduciário pode se tornar proprietário pleno se o 
fideicomissário não nascer. 
>>> Se o fideicomissário renunciar à herança, a propriedade do fiduciário se torna 
plena (1.955). Se é o fiduciário que renunciar à herança, aplica-se até o advento do 
fideicomissário o art. 1.800. 
>>> Se o fiduciário vender o bem a terceiros, o negócio estará desfeito se o 
concepturo nascer, por isso nunca comprem uma casa sem verificar o registro no 
Cartório de Imóveis (1.359 e pú do 1.953). 
>>> O fideicomisso é um recurso legal para satisfazer o testador que quer 
beneficiar pessoa inexistente ao tempo da abertura da sucessão. Confia o testador 
que o fiduciário vai cuidar da coisa e transferi-la oportunamente ao concepturo. De 
qualquer modo, para não complicar mais ainda, não se admite o fideicomisso além 
do segundo grau, ou seja é vedado um fideicomisso para o fideicomissário (1.959, 
no exemplo acima seria ilegal um fideicomisso para beneficiar alguém depois do 
filho de Ana). 
Em quanto tempo o concepturo tem que nascer? A princípio 
não há tempo, enquanto Ana tiver saúde pode gerar, porém, para não tornar muito 
longa e instável a propriedade resolúvel nas mãos do fiduciário, parte da doutrina 
entende aplicável os dois anos do § 4º do art. 1.800. Todavia, tal prazo é muito 
curto e frustra a intenção do fideicomisso de beneficiar pessoa inexistente ao 
tempo da abertura da sucessão, por isso outra parte da doutrina não aplica tal 
dispositivo, inclusive porque está muito deslocado do capítulo do fideicomisso. 
Reflitam! 
@Rafamapeaai 
 
 
 
Elementos do fideicomisso >>> a) dupla vocação: o testador beneficia duas pessoas 
com o mesmo bem, porém em momentos distintos; b) ordem sucessiva: só se 
chama um beneficiário quando termina o prazo do outro; o fideicomissário é 
herdeiro do fideicomitente, porém recebe o bem do fiduciário; c) ônus de 
conservar para restituir: o instituto se baseia na fé/confiança do fideicomitente no 
fiduciário que entregará oportunamente a coisa em bom estado ao fideicomissário. 
Usufruto >>> O fideicomisso beneficia pessoas não concebidas, por isso ele 
vira usufruto se o concepturo nascer antes da morte do testador (ex: no exemplo 
acima o testador demora a morrer, quando vem a falecer Ana já é adulta e tem 
filho), então a fim de que o fiduciário também tenha vantagem, a lei cria um 
usufruto em favor do fiduciário, com a propriedade-nua em favor do 
fideicomissário, beneficiando a ambos (pú do 1.952). 
<<<<Redução das disposições testamentárias>>>> 
A legítima é obrigatória pela importância da família na sociedade, por essa razão o 
testador não pode deixar de contemplar os seus herdeiros necessários (art. 1.846, 
vide 2º princípio na aula 2).Os herdeiros necessários são os descendentes, os 
ascendentes e o cônjuge/companheiro (1.845), e só podem ser afastados da 
herança nos casos já vistos de deserdação (1.961, revisem deserdação na aula 4). 
Então, havendo herdeiros necessários e havendo testamento, é preciso ajustar o 
testamento para calcular o valor da metade da herança. Essa metade é a legítima, e 
a outra metade é a parte disponível para quem o hereditando quiser, inclusive 
qualquer herdeiro necessário (1.849, 1.847; a colação que veremos adiante, serve 
para conferir o valor das doações feitas em vida do testador ao herdeiro a fim de 
igualar os quinhões, 2.002). 
>>> Se o testador por descuido, má-administração ou má-fé prejudicar seus 
herdeiros necessários não respeitando a legítima, caberá a redução do testamento; 
o testamento não é anulado, é apenas enxugado. O testador pode prever onde 
deverá ser feita a redução (§ 2º do 1.967); caso contrário a lei determina a redução 
primeiro nas heranças e depois nos legados (§ 1º do 1.967). O herdeiro sofre a 
redução antes do legatário pois herda a título universal, cabendo ao herdeiro só o 
que sobrar do espólio depois de satisfeitos os credores do extinto, a legítima dos 
herdeiros necessários e os legados. 
>>> Esses cálculos são feitos no inventário por contador, mas só após a morte do 
hereditando face ao pacta corvina do art. 426. Havendo acordo entre os herdeiros, 
essa redução se faz dentro do inventário, porém surgindo litígio a ação de redução 
correrá em processo próprio, visando reconhecer a parte excessiva para reintegrá-
la à legítima. 
@Rafamapeaai 
 
 
 
Doação inoficiosa >>> se mesmo reduzindo o testamento a legítima continuar 
desrespeitada, anulam-se as doações inoficiosas, pois o testador em vida não pode 
doar mais da metade dos seus bens (art. 549). Se o fizer, as doações mais recentes 
devem ser anuladas. Ressalto que o testador pode vender todos os seus bens, mas 
não pode doar, afinal a venda é uma troca de coisa por dinheiro, já a doação 
implica em perda. O valor dos bens deve ser considerado ao tempo do contrato, e 
não ao tempo da morte, de modo que se o doador empobrece posteriormente, 
válida terá sido a doação. 
A doação e o testamento são assim ineficazes na parte excedente, só que na 
doação se apura o excesso no momento do contrato, enquanto no testamento 
quando morre o hereditando. 
Como se vê, não dá para burlar o direito à legítima dos herdeiros necessários. O 
testador pode até determinar os bens que devem constituir a legítima dos 
familiares, mas sem reduzi-la. 
 
 
<<<<<<<<<<<<<<<Revogaçãodo 
testamento>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 
É característica do testamento a sua revogabilidade, face princípio da 
autonomia da vontade e da liberdade do Direito Civil, onde o particular pode 
dispor de seus bens com grande autonomia (1.858). O testamento novo 
revoga o anterior. Não se revoga testamento por escritura pública, codicilo, 
declaração perante o juiz, etc. Só um testamento revoga outro, da mesma 
espécie ou não (1.969). 
<<<Espécies de revogação >>> 
 a) expressa: o testamento novo expressamente revoga o anterior; 
b) tácita: o testamento novo tem disposições incompatíveis com o velho, 
prevalecendo o mais recente, e onde não houver incompatibilidade subsiste 
também o velho (pú do 1.970). Se o segundo testamento for anulado, o primeiro 
subsiste (1.971, in fine). A alienação da coisa legada implica em revogação tácita e 
parcial do testamento (1.916). 
Observações: 
@Rafamapeaai 
 
 
 
– só não se revoga testamento na parte que reconhecer um filho (1.610). 
– numa lei, num contrato, um artigo/cláusula inconsistente não anula a lei toda ou 
o pacto todo; igualmente num testamento uma cláusula nula não invalida o 
testamento todo. 
– a abertura do testamento ordinário cerrado implica em revogação (1.972), 
mesmo que feita por terceira pessoa, afinal é um risco que se assume ao optar por 
essa espécie de testamento, que deve permanecer secreto enquanto o testador for 
vivo. 
<<<<<<<<<<<<<<Rompimento do 
testamento>>>>>>>>>>>>>>>> 
O rompimento é uma revogação presumida pela lei, e independe da 
manifestação do testador. Ocorre quando o testador tem um filho ou adota 
alguém após testar (1.973). Ocorre também se o testador desconhecia a existência 
de um filho (1.974). Presume a lei que o surgimento de um filho novo faria o 
testador mudar radicalmente o testamento, por isso ele fica automaticamente 
revogado. 
Testamenteiro 
Não confundam testamenteiro com inventariante; este é nomeado pelo juiz para 
administrar o espólio em toda sucessão, seja legítima ou testamentária (art. 990, 
CPC). Já o testamenteiro é pessoa física nomeada pelo falecido apenas na sucessão 
testamentária, em testamento ou codicilo, para fazer cumprir o testamento 
(1.976). O testamenteiro é um fiscal fiel do testamento, sendo pessoa de confiança 
do hereditando (1.981). 
É importante o testamenteiro, pois os herdeiros próximos podem não querer pagar 
os legados ou convocar os herdeiros distantes, então é prudente alguém com a 
missão de fazer respeitar a vontade do extinto. 
Pode acontecer do juiz designar inventariante o próprio testamenteiro nomeado 
pelo extinto, o que se chama de testamenteiro universal (1.990). Se o falecido fizer 
testamento, mas não nomear testamenteiro aplica-se o art. 1.984. 
O testamenteiro exerce ofício privado (não é função pública, mas particular, 
nomeado pelo testador), remunerado (1.987, chama-se esse prêmio de vintena) e 
de assunção facultativa (se a função é privada, não pode ser obrigatória, 1.986). 
@Rafamapeaai 
 
 
 
Chama-se de testamentaria as atribuições do testamenteiro, que pode servir-se de 
advogados e contadores para melhor desempenhar seu trabalho (1.985). 
Extingue-se a testamentaria pela conclusão do serviço (1.983) pela remoção do 
testamenteiro desonesto (1.980) e pela nulidade do testamento, afinal sem 
disposição de última vontade não há testamenteiro. 
Inventário 
Conceito de inventário procedimento 
especial instaurado no último domicílio do falecido visando 
descrever os bens da herança, avaliar estes bens, pagar o imposto de transmissão, 
identificar os sucessores, quitar as dívidas do extinto (1.997), quitar as despesas 
do funeral (1.998) e fazer a partilha pondo fim ao condômino decorrente da saisine 
(pú do 1.791). 
O inventário apura o patrimônio do morto e liquida o acervo hereditário, 
realizando o ativo e pagando o passivo. O inventário também separa a herança da 
meação do viúvo, se o falecido foi casado pelo regime da comunhão de bens. 
O foro competente para o inventário é o da Comarca onde residia o extinto, mesmo 
que ele tenha bens em outros lugares, pois se presume que onde ele vivia era mais 
conhecido (1.785). 
Quem impulsiona o inventário, cuida dos bens do extinto, paga os impostos, 
contrata o advogado, etc., é o inventariante, mas não o confundam com o 
supramencionado testamenteiro, pois o inventariante é nomeado pelo juiz e não 
existe testamenteiro na sucessão legítima (1.991). 
Entre a morte e o ajuizamento da ação de inventário, a administração da herança 
cabe a um familiar conforme art. 1.797. Provavelmente este familiar será mantido 
na função e nomeado inventariante pelo juiz. Se o inventariante não desempenhar 
bem suas funções, não prestando contas dos seus atos, o juiz deve removê-lo, 
trocando-o por outro parente do extinto (2.020). 
O inventariante representa o espólio e administra o patrimônio do morto, 
exercendo função pública gratuita, não sendo remunerado como na testamentaria, 
afinal o inventariante é um parente do morto, é herdeiro, e está trabalhando para 
si mesmo. 
@Rafamapeaai 
 
 
 
Porém, em conflitos familiares, o magistrado pode afastar os herdeiros da 
inventariança e nomear um expert da confiança do juiz para a função, remunerado 
pelo espólio (art 617, VIII, CPC). Ou seja, se a família briga perde dinheiro e tempo 
na conclusão do inventário. 
Questões de alta indagação como a discussão sobre a validade do casamento do 
morto, reconhecimento de filhos, justificação de créditos, nulidade de testamento, 
deserdação, etc., não podem ser tratadas no inventário, mas em processo próprio 
para tumultuar menos o procedimento (art 612, CPC). 
O inventário é obrigatório, mesmo que só haja um herdeiro, face ao interesse 
público da Fazenda Estadual em receber os impostos decorrentes da 
transmissão hereditária dos bens. Quando o herdeiro é único não há 
partilha, mas adjudicação de todos os bens do extinto. 
 Todavia, pode não haver inventário nas seguintes situações: 
2. a) arrolamento sumário, previsto no art. 659 do CPC, dispensa o inventário quando 
os herdeiros são todos capazes e celebram partilha amigável (2.015); não importa 
o valor do patrimônio do extinto, cabe o arrolamento sumário se não houver 
incapazes e nem brigas entre os herdeiros. Aplica-se também em caso de herdeiro 
único. O arrolamento é um processo mais simples do que o inventário 
3. b) arrolamento comum, previsto no art. 664 do CPC, também dispensa o inventário 
quando a herança é de pequeno valor, mesmo que haja menores (665, CPC) e 
disputa pelos bens. 
4. c) alvará judicial, previsto no art 666, CPC, dispensa até o arrolamento quando a 
herança é pequena mesmo, bastando uma simples autorização do juiz para 
levantamento do crédito (ex: o salário não recebido pelo extinto no mês da sua 
morte, o depósito do FGTS, etc.). 
5. d) escritura pública: o § 1º do art 610 admite o arrolamento extrajudicial, sem 
intervenção do juiz, podendo tudo ser feito no Cartório de Notas se não há 
testamento e se os herdeiros são capazes e estão de acordo quanto à divisão de 
bens. É mais rápido pois evita a sobrecarregada Justiça, contudo é preciso pagar o 
cartorário. 
O promotor de Justiça tem atuação discreta no Direito Civil, afinal o Ministério é 
público e o Direito Civil é privado, porém no Direito das Sucessões, sempre que há 
testamento ou herdeiros incapazes, o promotor é chamado pelo juiz para dar sua 
opinião. 
Inventário negativo >>> Não está previsto no Código de Processo, e é o modo 
judicial de se provar a inexistência de bens do extinto. Ora, por que seria preciso 
provar que alguém não deixou bens? Por dois motivos: 
– primeiro porque a lei exige o regime obrigatório da separação de bens quando o 
viúvo não abriu o inventário do cônjuge falecido, e esse viúvo deseja casar de novo. 
O inventário de pessoa casada é assim importante para evitar confusão 
patrimonial entre os bens do viúvo no 1º e 2º casamentos. Dessa forma, se o viúvo 
não ajuizou o inventário porque o extinto nada deixou, isso precisa

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