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Curso: Direito Disciplina: Direito Civil - Contratos (ARA0570) - Aula 1 Professora: Priscilla Jordanne Silva Oliveira (priscilla.jordanne@estacio.br) Aula 1. TEMA: 1. ESTRUTURA DO CONTRATO ➢SITUAÇÃO-PROBLEMA: Clara, advogada, obteve êxito em um de seus processos, recebendo um vultoso valor a título de honorários. Com isto decidiu comprar o veículo de Ana, que o disponibilizou a venda pelo valor de R$50.000,00 (cinquenta mil reais). Após ajustar a forma de pagamento, Clara e Ana realizaram um negócio jurídico para firmar a aquisição do veículo por aquela. Identifique a natureza jurídica deste negócio e os princípios que lhe são aplicáveis. Aula 1. TEMA: 1. ESTRUTURA DO CONTRATO 1. CONTRATOS - CONCEITO NECESSIDADE DECLARAÇÃO DE VONTADE (composição de interesses) CELEBRAÇÃO CONTRATUAL Fonte: Flávio Tartuce Aula 1. TEMA: 1. ESTRUTURA DO CONTRATO CONTRATO – espécie de negócio jurídico, formulado com base na VONTADE das partes (no mínimo duas): que irá criar, modificar ou extinguir obrigações (EFEITOS), se de acordo com a LEI. Contrato é ato jurídico lícito, de repercussão pessoal e socioeconômico, que cria, modifica ou extingue relações convencionais dinâmicas, de caráter patrimonial, entre duas ou mais pessoas, que, em regime de cooperação, visam atender necessidades individuais ou coletivas, em busca da satisfação pessoal, assim promovendo a dignidade humana. Maria Helena Diniz: “É o acordo de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com o escopo de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial”. Negócio jurídico: “é toda ação humana combinada com o ordenamento jurídico, voltada a criar, modificar ou extinguir relações ou situações jurídicas, cujos efeitos venham mais da atuação humana do que da lei” (Cesar Fiuza). REQUISITOS: artigo 104, CC/2002 1. Subjetivos: atinente à capacidade das partes celebrantes; 2. Objetivos: atinente ao objeto. 3. Formais: no que diz respeito à forma: verbal ou escrita, escrito público ou particular; registro ou não no cartório; expressa ou tácita; artigos 107 e 108 do CC. 2. CONTRATOS - NATUREZA JURÍDICA: NEGÓCIO JURÍDICO Negócio jurídico: “declaração de vontade privada destinada a produzir efeitos que o agente pretende e o direito reconhece” (Amaral, 2006, p. 359). O contrato é espécie de negócio jurídico em cuja formação exigirá a manifestação de duas ou mais partes (bilaterais ou plurilaterais). 3. CONTRATOS – A PRINCIPIOLOGIA CONTRATUAL P R IN C ÍP IO D A A U T O N O M IA P R IV A D A Da autonomia da vontade à autonomia privada • Autonomia da vontade; •Liberdade contratual: • Intangibilidade do pactuado – pacta sunt servanda: •Relatividade contratual P R IN C ÍP IO D A B O A -F É O B JE T IV A Art. 422 do Código Civil I) Boa-fé subjetiva •Estado psicológico; •O indivíduo encontra- se na escusável situação de ignorância; •O CC/02 e a boa-fé subjetiva: arts. 1201, 1214 e 1219 II) Boa-fé objetiva Lisura, honestidade e probidade R E L A T IV ID A D E D O S E F E IT O S D O S C O N T R A T O S Os efeitos dos contratos só se produzem apenas entre as partes contratantes. Mostra-se esse princípio coerente com o modelo clássico de contrato, que objetivava exclusivamente a satisfação das necessidades individuais. 3. CONTRATOS – A PRINCIPIOLOGIA CONTRATUAL F U N Ç Ã O S O C IA L D O C O N T R A T O E Q U IL ÍB R IO E C O N Ô N IC O D O C O N T R A T O O B R IG A T O R IE D A D E D O S C O N T R A T O S PACTA SUNT SERVANDA Representa a força vinculante das obrigações: o contrato é lei entre as partes. Tem por fundamento a necessidade de segurança nos negócios e a imutabilidade dos contratos. A função social consiste em abordar a liberdade contratual em seus reflexos sobre a sociedade (terceiros) e não apenas no campo das relações entre os contratantes. Artigo 421, CC: A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. REBUS SIC STANTIBUS – Teoria da Imprevisão Opõe-se tal princípio ao da obrigatoriedade, pois permite aos contratantes recorrerem ao Judiciário, para obterem alteração da convenção e condições mais humanas, em determinadas situações. Metodologia de sala de aula invertida 1. Realizem uma pesquisa em sites, jornais e revistas, identificando situações concretas em que foram celebrados negócios jurídicos. 2. A pesquisa pode ser realizada em duplas ou grupos de até 5 pessoas. 3. Compartilhar os resultados em: https://padlet.com/priscillajordanne/ Bookmarks ou através do QR CODE ao lado. 4. Data final para compartilhar os resultados no padlet: 27/08/2021. https://padlet.com/priscillajordanne/Bookmarks 4. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS a) Pela tipicidade (de acordo com a previsão legal) : típicos, atípicos ou mistos: a.1) Típicos: são os que possuem previsão legal; a.2) Atípicos: não estão regulados na lei; ver artigo 425, CC/2002. a.3) Mistos: são os contratos que em que pese, à priori, tenham sido previstos e regulamentados pelo ordenamento jurídico, sendo regulado também por disposições que emergem do consenso dos contratantes. b) Nominados e inominados b.1) Nominados: aqueles contratos que possuem uma terminologia definida; b.2) Inominados: por não existir nomen juris para a nova modalidade. 4. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS c) De acordo com a forma: consensuais, formais e reais c.1) Consensuais: são aqueles que se formam apenas pelo acordo de vontades. c.2) Formais: exige-se a observância de certas formalidades ou solenidades, sem as quais o contrato não se aperfeiçoa. c.3) Reais: são aqueles cuja formação se dará com a tradição efetiva do objeto. 4. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS d) De acordo com o sacrifício patrimonial; de acordo com as partes; de acordo com os riscos: d.1) Gratuitos ou onerosos: Há no contrato oneroso a intenção mútua das partes de obter vantagens ou benefícios; nos contratos gratuitos ou benéficos, apenas uma das partes aufere vantagem ou benefício. d.2) EFEITOS: Unilaterais ou bilaterais: é unilateral o contrato que cria obrigações para um só dos contratantes; é bilateral aquele que as origina para ambos. d.3) Comutativos ou aleatórios: São comutativos os contratos bilaterais em que as prestações de ambas as partes, de antemão, são conhecidas e guardam entre si uma relativa equivalência de valores. Por outro lado, nos contratos aleatórios, não há possibilidade de estimar previamente a prestação de uma das partes, porque está suscetível de um acontecimento incerto. 4. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS e) A partir da execução: como instantâneos, diferidos ou sucessivos e.1) Instantâneos: aquele que contrato em que a solução se efetua de uma só vez e por prestação única; e.2) Diferidos: significa dizer que a prestação não se dará imediatamente, porém, a termo. e.3) Sucessivos: o contrato sobrevive com a persistência da obrigação, até que, pelo implemento de uma condição, ou decurso de um prazo, cessa o próprio contrato. 4. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS f) Contratos paritários e de adesão: f.1) Paritários: modelo clássico de contratação; há negociação; f.2) Adesão: Uma das partes simplesmente se sujeita as cláusulas e condições para contratar estabelecidas pela outra. 5. DA INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS I. INTRODUÇÃO ▪ A partir dos resultados interpretativos que se produzirão os efeitos do negócio jurídico; ▪ Conteúdo e existência da declaração de vontade; ▪ Interpretação regida por normas jurídicas imperativas dirigidas às partes e aos magistrados. II. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO ▪ Vontade: elemento psicológico interno ▪ Declaração de vontade: elemento externo Ver artigos: 112; 113; 114 e 423, do Código Civil 5. DA INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS TEORIA DA VONTADE TEORIA DA DECLARAÇÃO TEORIA DARESPONSABILIDADE TEORIA DA CONFIANÇA 5. DA INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS a. TEORIA DA VONTADE (Savigny e Windscheid) ▪Vontade interna e psicológica: como elemento essencial do negócio jurídico; ▪A declaração da vontade: mero reflexo da vontade; ▪Vontade x Declaração: legitimidade da reserva mental. ▪A teoria no CC, art. 110. Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. 5. DA INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS b. TEORIA DA DECLARAÇÃO (Bullow e Betti) ▪Vontade interna e psicológica: impossível a sua constatação. ▪A declaração da vontade: única realidade objetiva. ▪A teoria no CC: artigos 110 e 138 e ss. do CC. 5. DA INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS c. A TEORIA DA RESPONSABILIDADE (Vittorio Scialoja) ▪Pondera a teoria da vontade ▪Vontade x declaração: vontade ▪A vontade deve refletir uma conduta não leviana e desidiosa 5. DA INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS d. TEORIA DA CONFIANÇA ▪A vontade e a declaração sob a perspectiva do destinatário ▪Declaração x vontade: declaração ▪Boa-fé do destinatário que ignora a vontade diversa do emitente ▪ Invalidade do negócio jurídico se o destinatário conhecia a divergência 5. DA INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS III. POSIÇÃO ADOTADA PELO CÓDIGO CIVIL DE 2002 ➢Código Civil de 2002: Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. ➢Código Civil de 1916: Art. 85. Nas declarações de vontade se atenderá mais à sua intenção que ao sentido literal da linguagem. 5. DA INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS III.1 DA FUNÇÃO INTERPRETATIVA DO ART. 113 DO CC Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. ▪ Boa-fé: análise do sentido social suscitado pela vontade e pelas expectativas despertadas pela confiança no comportamento alheio. ▪ Elemento consuetudinário: necessidade de perquirir as circunstâncias que cercam aquele determinado negócio jurídico. 5. DA INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS III.2 INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS GRATUITOS Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. ▪ Interpretação estrita dos atos de liberalidade; ▪Exato sentido da vontade daquele que realizou o ato benéfico. 5. DA INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS III.3 INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS DE MASSA ▪Massificação das relações negociais ▪Segunda crise da despersonalização extrema ▪ In dubio contra proferetem Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. Orientações para programação de estudos: Acessar o plano de aula 1 e consultar: ❑Indicações em “Leitura específica” ❑Indicações em Aprenda + ❑Atividade Autônoma AURA Até a próxima aula!
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