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Parte Geral, Livro III, do art. 138, até o 165 Lembrando que: negócio jurídico existente é declaração de vontade – negócio jurídico válido é declaração de vontade livre e consciente Vícios ou defeitos estão relacionados ao plano da VALIDADE (o adjetivo, diferentemente da existência, que é um substantivo) Se diz que há efeito no negócio jurídico quando existe um vício que a) Incide sobre a vontade (consentimento) da pessoa. Chamado VÍCIOS DO CONSENTIMENTO. Consentimento deve ser livre e consciente. Há divergência entre vontade real e vontade declarada. São estes o erro, dolo, coação, estado de perigo e a lesão b) Foi realizado com a intenção de prejudicar terceiros. Chamado VÍCIOS SOCIAIS. Não existe divergência entre a vontade real e a vontade declarada, pois a intenção da pessoa era realmente prejudicar terceiros. É a fraude contra credores, do art. 158 ao 165. Negócios jurídicos com vícios ou defeitos são passiveis de ANULAÇÃO! (CC, art. 171, inciso II). Eles produzem efeitos jurídicos, mas a parte prejudicada pode pedir a anulação Os tipos de vícios ou defeitos: 1. Erro ou ignorância (art. 138 a 144): falsa interpretação/percepção da realidade por parte do declarante, daquele que faz a declaração de vontade. Essa realidade pode ser a respeito da outra pessoa (erro quanto a pessoa), a qual o declarante se dirige, ou, pode ser a respeito do objeto em razão do qual faz a declaração (erro quanto ao objeto). Erro é um vício interno em relação ao consentimento, acontece independente da outra parte. A pessoa se engana sozinha. Para que possa ser passível de anulação tem que ser um erro substancial, muito importante, não é algo secundário, porque diz respeito a identidade da pessoa ou objeto. É anulável, não é nulo, ambos são tipos de invalidade. Se a pessoa tivesse noção do erro ela não faria o negócio *no direito do consumidor esses conceitos tem efeitos diferentes Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. – Tem que ser um erro fundamental, substancial, importante Assim: erro tem que ser substancial e escusável. Erro escusável: erro que qualquer pessoa normal poderia ter cometido. Enunciado 12 diz que é irrelevante ser ou não escusável, porque o dispositivo adota o princípio da confiança. Assim, não precisa justificar. Art. 139. O erro é substancial quando: I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; erro quanto ao objeto II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; erro quanto a pessoa III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. -ex: quanto a existência de uma lei, fazer um negócio jurídico pensando que seria aplicado uma lei que não está mais vigente, se soubesse da lei atual e vigente, o contrato não seria feito Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. 2. Dolo: (art. 145 ao 150) aparece no código civil em dois momentos: primeiro como vicio de consentimento, e segundo, como conduta culposa (conduta intencional) que gera responsabilidade civil, obrigação de reparar (art. 186 c/c art. 927). O primeiro é o qual será trabalhado agora. Nesse caso, é um vício externo de vontade, não é algo que acontece apenas internamente, precisa do comportamento da outra parte. A outra pessoa, de má-fé ilude para benefício. Isso surge a anulabilidade. Dolo para ser vicio de consentimento precisa ser um dolo essencial/principal. Se for dolo acidental, ele não é anulável, por ser secundário, mas obriga uma reparação de danos. Pode ser de forma ativa ou passiva. Ativa uma das partes passa informações de má fé em relação a outra, ou pela parte passiva, omitindo algo muito importante, se aquela informação fosse dada, o comprador não compraria. Se as duas partes realizarem o negócio com dolo, elas não têm proteção jurídica Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa. – é o dolo principal, pois é a razão determinante da realização do negócio jurídico. Ex: João só compra uma loja porque foram mostrados dados acerca do enorme faturamento da loja, os quais eram mentira Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo. Ex: João compra imóvel achando que era de 400m, mas posteriormente descobre que era de 320m. João teria comprado de qualquer forma, sendo ele de 320m ou de 400m. Dolo acidental não vicia o negócio jurídico, mas para requerer as perdas e danos. Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou. Resumo Dolo principal: motivo determinante da realização do negócio jurídico, por isso, pode ser anulado se provado Dolo acidental: não é a causa determinante da realização do negócio jurídico, pois a pessoa o realizaria, só quem em condições melhores a ele, por isso, ele não anula o negócio, mas obriga à satisfação de perdas e danos. 3. Coação (art. 151 a 155): vicio externo de vontade, colocar medo, coagindo a outra parte a fazer algo sem seu consentimento, a pessoa não é livre. Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação. Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela. -Esse rol não é taxativo Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial. – ex: falar que vai denunciar/mover ação a quem está devendo. É diferente do assedio, não são semelhantes Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos. -ex: filho que coage parente a colocar nome da mãe em testamento. A parte beneficiada sabia. Anula o negocio Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto. - Não anula o negocio 4. Estado de perigo (art. 156): vicio externo da vontade/consentimento, precisa de outra pessoa. Pessoa aceita condição por familiar estar em risco/perigo. Ex: Virgíneo ao ver que a mulher de João teve um infarto, oferece carona desde que ele pague mil reais, João aceita para salvar a mulher. Esse contrato pode ser anulável. Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. 5. Lesão (art. 157): cláusulasleoninas: celebrado com lesão, pode ocorrer devido a extrema necessidade, ou a inexperiência. nos contratos há de ter a sinalagma contratual, que é o equilíbrio das partes. Quando ocorre a lesão, ocorre a quebra da sinalagma Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Ex: Vitória, que sempre teve as contas pagas pelo falecido marido, faz um contrato de vender seu sítio, que vale R$60.000 por R$10.000 § 1 o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. § 2 o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. O juiz nesse caso não vai anular, mas estabelecer um acordo entre as partes. A lesão também está no código de defesa do consumidor, aonde é objeto de nulidade. 6. Fraude contra credores (arts. 158 a 165): é um VÍCIO SOCIAL. O problema não está nas declarações de vontade. O problema está nos ajustes com intenção de fraudar a ação futura dos credores. Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos. Quirografários são os credores sem garantiras § 1 o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente. § 2 o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles. Existe ainda a simulação, que é passível de nulidade, fazer um negocio para esconder um outro, que quero dar efeito, mas para fazê-lo, simulo um outro. Mas não é um defeito
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