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Conferências Internacionais e Meio Ambiente

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Aula 2 - Estudo Dirigido
INTRODUÇÃO
No contexto da consolidação do tema ambiental na agenda global do sec. XX, as conferencias internacionais tiveram um papel importantíssimo, seja no sentido de ampliar o escopo da conscientização aos Estados, seja para apresentar novas concepções do tema e demandas por políticas que revertessem o quadro de degradação já em andamento. 
Nesse sentido, as primeiras conferencias, ainda no sec. XIX, já exerceram um papel relevante, mas é na segunda parte do sec. XX - apos a II Guerra Mundial - que os resultados desses encontros transformaram por completo a visão sobre a questão ambiental e infligiu à comunidade internacional uma nova postura para tentar reverter as catástrofes ambientais previstas pelos cientistas e estudiosos do tema. Por trás desses eventos, torna-se fundamental compreender a atuação das organizações intergovernamentais, sobretudo a Organização das Nações Unidas, e o funcionamento de seus órgãos. 
Ademais, os debates e esclarecimentos ocorridos nas grandes conferencias também devem ser vistos como elementos contínuos na produção cientifica sobre os efeitos da ação do homem sobre o meio ambiente. Por isso esses encontros se sucedem e renovam aquilo que compreendemos em termos ambientais, propostas por um desenvolvimento menos nocivo à natureza e políticas positivas por parte dos Estados.
Assista ao video abaixo:
RIO 92 - CONFERÊNCIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE
MATERIAL DIDÁTICO
Não há material didático para esta aula.
OBJETIVO DA AULA 
Ao final desta aula, você será capaz de:
Identificar as principais conferências internacionais sobre o meio ambiente.
Verificar a importância dessas conferencias na formulação de novas percepções sobre a questão ambiental.
Reconhecer as posturas dos governos frente às questões abordadas na agenda ambiental a partir das organizações internacionais.
APRENDA MAIS
Para conhecer na íntegra o Relatório Brundtland, faça o download do respectivo arquivo disponível na biblioteca virtual da disciplina.
É possível também conhecer mais sobre a estrutura e os trabalhos do Clube de Roma através do site:
Clube de Roma - em inglês
Clube de Roma - em português
Aula 2: As conferências internacionais e as transformações na percepção das questões ambientais globais
Introdução
No contexto da consolidação do tema ambiental na agenda global do sec. XX, as conferencias internacionais tiveram um papel importantíssimo, seja no sentido de ampliar o escopo da conscientização aos Estados, seja para apresentar novas concepções do tema e demandas por políticas que revertessem o quadro de degradação já em andamento.
Nesse sentido, as primeiras conferencias, ainda no sec. XIX, já exerceram um papel relevante, mas é na segunda parte do sec. XX – apos a II Guerra Mundial – que os resultados desses encontros transformaram por completo a visão sobre a questão ambiental e infligiu à comunidade internacional uma nova postura para tentar reverter as catástrofes ambientais previstas pelos cientistas e estudiosos do tema.
Por trás desses eventos, torna-se fundamental compreender a atuação das organizações intergovernamentais, sobretudo a Organização das Nações Unidas, e o funcionamento de seus órgãos.
Ademais, os debates e esclarecimentos ocorridos nas grandes conferencias também devem ser vistos como elementos contínuos na produção cientifica sobre os efeitos da ação do homem sobre o meio ambiente.
Por isso esses encontros se sucedem e renovam aquilo que compreendemos em termos ambientais, propostas por um desenvolvimento menos nocivo à natureza e políticas positivas por parte dos Estados.
Transformações políticas globais e a questão ambiental
É importante compreendermos que a ascensão do tema ambiental ao cenário internacional pode ser considerado, também, uma consequência da descentralização global em torno dos temas “desenvolvimento” e “segurança”, sobretudo se considerarmos a Guerra Fria como estrutura central na segunda parte do sec. XX.  
O monopólio que o tema da segurança internacional causava na agenda internacional também replicava no quesito desenvolvimento econômico, pois as grandes potências enxergavam no apoio econômico, aos países mais pobres, uma forma de manter intacta suas áreas de influência e, em consequência, a expansão do capitalismo liberal – do lado dos Estados Unidos – ou da economia planificada socialista – do lado da União Soviética.
É, portanto, justamente a partir da década de 1980 que entra em foco a proposição do “ajuste estrutural” rumo a novas articulações que estabeleceriam a perspectiva de uma economia mundial em rede, globalizada e interligada. Com o fim da Guerra Fria e do antagonismo da bipolaridade, a agenda entra em continuo processo de “descongelamento”, agregando aos debates internacionais novos valores e reflexões sobre temas pontuais.
A história do desenvolvimento, no entanto, de tão ligada e influente na expansão do capitalismo ocidental, torna-se, também, parte importante na compreensão da questão ambiental e como esse tema é visto na divisão internacional do trabalho e na posição dos países frente aos acordos e debates internacionais.
Temos que ter em mente que a ligação entre a pobreza nos países do hemisfério sul e o surgimento de novos problemas ecológicos gerou uma clara percepção de que todas as medidas tomadas no passado para promover o desenvolvimento econômico nas regiões mais pobres do globo tinham sido em vão ou insuficientes – ou até mesmo promovedoras da manutenção da pobreza.
Sendo assim, fazia-se necessário que o desenvolvimento voltasse seu escopo de analise para elementos que iam além da questão econômica apenas, englobando também a percepção ambiental, através da ecologia (GUERRA, RAMALHO, p. 9-11, 2007).
Principais relatórios e conferências ambientais
Além da iniciativa das Nações Unidas em torno do Relatório Brundtland, outras conferências merecem nossa atenção por conta de seus impactos na percepção dos temas ambientais e conscientização de governos e sociedades. Importante percebermos que as primeiras mobilizações em torno das questões ambientais se deram entre as nações mais ricas, e isso justamente porque nestes países, onde a industrialização predatória já era uma realidade em meados do sec. XIX, os efeitos da degradação ambiental também foram inicialmente identificados.
Os limites do crescimento:
Ao longo das décadas de 1960 e 1970, características típicas do crescimento econômico acelerado como o aumento populacional, a expansão da desnutrição nas regiões menos favorecidas e as dúvidas quanto aos recursos não renováveis, fez com que o chamado Clube de Roma investigasse e produzisse, em 1974, o importante relatório “The Limits do Growth”, cujo conteúdo apontava as principais preocupações ambientais dos países membros.
Para os autores envolvidos, a saída para essa questão estava plenamente ao alcance dos homens, dependendo apenas de uma decisão política em assumir os custos de uma nova postura econômica frente ao meio ambiente.
A cooperação entre as nações, a conscientização e o planejamento global em busca de um equilíbrio, seriam os meios viáveis e eficientes na transformação da percepção individual e dos Estados.
Embora lento e de custos altos, esse seria o único caminho rumo a uma mudança que de fato pudesse garantir um futuro harmônico entre o homem, o desenvolvimento econômico e o meio ambiente.
O principal elemento apontado por este trabalho, portanto, foi indicar a necessidade de se alterar os valores sociais frente a limitação ambiental em termos de renovação de recursos e capacidade de sobrevivência sob a exploração industrial, além de questionar as bases do comportamento humano sobre a natureza e o meio ambiente.
Interessante observar que, assim como outros relatórios e pesquisas que ainda surgiriam no contexto global, o trabalho desenvolvido pelo Clube de Roma deixa uma importante e fundamental lacuna: e qual seria então o modelo a ser adotado?
A questão girou em torno da denuncia dos problemas decorrentes da degradação e do modelo de industrialização e seus impactos nomeio ambiente. Ademais, a conscientização em si não era um instrumento final nas mudanças políticas globais se não fosse oferecido, também, alternativas ao modo de produção que indicassem caminhos ou posturas a seguir.
Visando preencher essa lacuna, em 1976, um novo relatório é produzido a partir do encontro realizado na Áustria, e buscava indicar os caminhos para uma nova ordem internacional factível e praticável aos estadistas e grupos sociais em geral.
Essa ordem, ou modelo de governança, deveria atender as demandas urgentes das populações contemporâneas e futuras.
Desse encontro resultou a Declaração e Programa de Ação, que recomendava a institucionalização do tema através de organismos internacionais para a questão ambiental e a responsabilidade da sociedade em assegurar a satisfação das necessidades individuais e coletivas sem comprometer a renovação ambiental e sem promover ainda mais degradação.
Em termos de institucionalização, os autores pensaram em confederações funcionais de organizações sem centralização operacional – que permaneceria local ou regional – mas, por outro lado, com centralidade no âmbito dos debates e decisões relacionados ao meio ambiente. O tema e os debates, portanto, deveriam ser vistos de forma comum por todos os países envolvidos, ficando a cargo de cada um promover políticas e instrumentos legais para por em prática uma postura responsável quanto a questão ambiental.
Outro elemento de grande importância deste relatório foi a ideia de “eco-desenvolvimento”, trazendo pela primeira vez ao debate internacional uma postura diferenciada de desenvolvimento econômico e industrial, baseado na premissa ambiental de limites e posturas voltadas à preservação da natureza e garantia dos recursos para as gerações futuras. O chamado “eco-desenvolvimento” demandava não uma solução única em termos globais, ao contrário, recomendava a pesquisa de soluções especificas para questões regionais.
Conferência de estocolmo e as ações da ONU
Na esteira das preocupações quanto ao crescimento econômico e industrial ao longo da década de 1960 e suas consequências na degradação ambiental, realiza-se em 1972, em Estocolmo, uma grande conferencia cujo objetivo era institucionalizar a questão ambiental no cenário internacional, abordando o desenvolvimento e sem esquecer das preocupações com a segurança militar.
O meio ambiente, então, é tratado na sua abrangência ampla, ao incorporar temas na área de economia e na esfera social, reconhecendo que a questão ecológica esta atrelada a própria questão do desenvolvimento em si.  
Logo, a partir de Estocolmo, a questão ambiental passa a ser encarada como parte de um processo de desenvolvimento formado pelas esferas econômicas e sociais (VILLA, p. 23-26, 1992).
A Conferencia sobre Meio Ambiente em Estocolmo, como é conhecido esse encontro, buscou refletir sobre as providências a serem tomadas para garantir a Terra como um lugar adequado à vida humana para aquela e para as próximas gerações. Havia também uma clara preocupação com a gradativa escassez de recursos naturais, que viriam a impactar na qualidade de vida e afetariam a relação do seu humano com o meio ambiente. Portanto, era preciso fortalecer a importância das agências ambientais nacionais, oriundas aos governos presentes.
Também em 1972, como decorrência da busca por institucionalização do tema ambiental no contexto global, é criado dentro da ONU o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), com o objetivo de promover pesquisas na área e acordos e convenções que levem a formulação de uma agenda internacional comum quando se fala em meio ambiente.
O PNUMA teve um significativo papel ao evidenciar os interesses econômicos capazes de polarizar aqueles países que defendiam a criação de uma organização internacional para o tema ambiental e os países contrários, indicando a posição dos países do Norte que defendiam a perspectiva de que era o desenvolvimento dos países do sul a grande ameaça ao meio ambiente.
Os países do norte, portanto, deveriam pressionar as nações subdesenvolvidas do sul a aceitar as normas tidas com fundamentais para a interrupção do processo de degradação ambiental (BARROS-PLATIAU, VARELLA, SCHLEICHER, p. 115, 2004).  
Já a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano (CNUAH), foi a primeira iniciativa em termos de conscientização global e formulação de padrões de comportamento compatíveis com os desafios próprios da interdependência do tema ambiental, indicando o caráter transnacional tanto do controle como do descontrole ambiental.
Um obstáculo poderoso aos trabalhos da CNUAH foi o próprio período em vigência na época, a Guerra Fria, que acabou limitando seus esforços em agregar importância e atenção em torno da questão ambiental, já que o posicionamento ideológico e a disputa de poder entre as superpotências Estados Unidos e União Soviética monopolizavam a agenda internacional.
Apesar disso, a CNUAH foi responsável pela conscientização dos temas de proteção das especiais em risco de extinção e da preservação dos recursos naturais não renováveis.
Por fim, cabe ressaltar que a Conferencia de Estocolmo não produziu de fato nenhum acordo ou resolução que mudassem os rumos da relação desenvolvimento versus meio ambiente.
Por outro lado, o encontro garantiu importância no contexto político mundial ao trazer o tema ambiental – e todas as suas vertentes – para o âmbito da diplomacia e ação conjunta entre as nações, ampliando a agenda internacional e agregando novos atores relevantes a compreensão do tema (MARIANO, p. 19-21, 1995).
Relatório Brundtland
Na década de 1980, a Assembléia Geral das Nações Unidas toma um importante passo rumo a estruturação de um escopo político e acadêmico para a compreensão da questão ambiental, o desenvolvimento e o papel do homem.
E em 1983, o então secretario geral da ONU Javier Pérez de Cuéllar indica a Primeira Ministra da Noruega, a senhora Gro Harlem Brundtland, para presidir a recém criada Comissão Mundial do Meio Ambiente e do Desenvolvimento (CMMAD).
Se valendo do apoio de grupos ambientalistas e ONGs ligadas ao tema, que prestaram ajuda na construção de um relatório o mais amplo possível e dentro das expectativas dos países dos hemisférios Norte e Sul, em 1988 é publicado o texto NOSSO FUTURO COMUM, cujas revelações não poderiam mais ser ignoradas pelos governos e que demandavam por uma nova postura política e legislativa.
O relatório é tido como o principal documento oficial produzido sobre o tema, e seu conteúdo chamou atenção para o papel do homem nas ameaças ao perfeito equilíbrio ao meio ambiente planetário, apontando processos já em andamento como erosão de solos, derrubada de florestas, transformações químicas na atmosfera terrestre como o efeito estufa e o buraco na camada de ozônio, os riscos do desenfreado crescimento demográfico e urbano sobre os recursos hídricos e energéticos, a extinção de espécies animais, entre outros.
O relatório é tido como o principal documento oficial produzido sobre o tema, e seu conteúdo chamou atenção para o papel do homem nas ameaças ao perfeito equilíbrio ao meio ambiente planetário, apontando processos já em andamento como erosão de solos, derrubada de florestas, transformações químicas na atmosfera terrestre como o efeito estufa e o buraco na camada de ozônio, os riscos do desenfreado crescimento demográfico e urbano sobre os recursos hídricos e energéticos, a extinção de espécies animais, entre outros.
Mesmo não sendo a primeira mobilização em torno do tema ambiental, o relatório produzido por esta comissão – também chamado de Relatório Brundtland – deve ser visto como diferenciado e inovador por atrelar os valores caros ao desenvolvimento das nações aos temas ambientais, colocando sob o mesmo escopo os desafios da preservação ambiental e as condições estruturais do desenvolvimento em voga até então.
Cabe ressaltar que, ao avaliar a condições do desenvolvimento sob a perspectiva crítica ao meio ambiente, o relatório apresentou um painel diferenciado entre os países ricos e pobres– mesmo que todos tivessem uma reconhecida parcela de responsabilidade sobre a degradação do meio ambiente –, e reconheceu as necessidades de expansão econômica como desenvolvimento legitimo aos países subdesenvolvidos.
Esse reconhecimento, inclusive, conciliou dois conceitos opostos:
→A atividade humana como predatória ao meio ambiente.
→Inviabilidade de ignorar o desenvolvimento dos povos que ainda não tinham acesso às condições mínimas de sobrevivência.
→ Embora o Relatório Brundtland não instrumentalizasse propostas diretas que guiassem a ação dos Estados ou ao menos servissem de parâmetro para avaliar o trato da questão ambiental, este material teve um importante papel na construção daquilo que entendemos como Desenvolvimento Sustentável.
A ausência de propostas diretas, inclusive, se tornou alvo de criticas quanto à operacionalidade resultante do reconhecimento sobre as questões ambientas e a dualidade encontrada em determinados trechos do documento final. Vejamos alguns pontos polêmicos:
A pressuposição de um sujeito coletivo, a humanidade, e sua total responsabilidade sobre o desenvolvimento sustentável, sem indicar ações diretas a países e/ou regiões de responsabilidades diferenciadas.
O atendimento das necessidades presentes da humanidade sem comprometer as condições para atender as gerações futuras, sem elementos que permitam identificar o que são realmente as necessidades presentes e futuras.
O modo de produção baseado no modelo industrial não é citado, e sim – e apenas – a atividade humana e seus efeitos sobre a biosfera.
A condenação da pobreza sem o reconhecimento de que ela é parte de uma estrutura de desenvolvimento que não garante o desenvolvimento de forma igualitária e harmônica a todos os povos.
A condenação da pobreza como “um mal em si”, garantindo ao desenvolvimento um papel de caráter superior, diferentemente da percepção de que o desenvolvimento acarreta tanta degradação quanto a pobreza em termos ambientais.
A indicação de que a economia e a ecologia deveriam caminhar unidas sob um ambiente de desenvolvimento sustentável, sem a indicação de como esse processo poderia se dar em termos efetivos.
A equivalência entre sociedades com níveis de industrialização diferenciadas, com potenciais de crescimento e bases econômicas distintos, indicando dinâmicas que desprezam as especificidades de cada pais ou região e, ainda, pouca clareza na questão dos recursos naturais renováveis e não renováveis.
Sobre esse último ponto vale ressaltar que o Relatório acabou mostrando pouca isenção, pois, se de um lado enxergou a responsabilidade sobre o meio ambiente como tarefa igualitária entre todas as nações – não diferenciando o papel poluidor que no passado contribuiu para o crescimento e desenvolvimento das potencias do Norte –,  por outro ainda recomendou que amplas áreas nos países do Sul, necessárias ao desenvolvimento local da sua população, fossem mantidas intactas e atrasadas para o “equilíbrio do planeta”, desprezando os mesmos argumentos que colocavam o subdesenvolvimento e a miséria como ameaças ao meio ambiente. (GUERRA, RAMALHO, p. 11-2, 2007).
Conferencia das nações unidas sobre o meio ambiente e desenvolvimento - ECO-92
No ano de 1988 uma resolução aprovada pela Assembléia Geral da ONU indica a necessidade de realizar uma conferência na qual fosse possível avaliar a ação dos países a partir da Conferência de Estocolmo de 1972.
No ano seguinte, em 1989,  a Assembléia Geral então convoca a Conferencia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – também conhecida como Cúpula da Terra – e marca sua realização para o mês de junho de 1992, de maneira a coincidir com o Dia do Meio Ambiente e tinha como principais objetivos:
Examinar a situação ambiental mundial desde 1972 e suas relações com o estilo de desenvolvimento vigente.
Estabelecer mecanismos de transferência de tecnologias não-poluentes aos países subdesenvolvidos.
Examinar estratégias nacionais e internacionais para incorporação de critérios ambientais ao processo de desenvolvimento.
Estabelecer um sistema de cooperação internacional para prever ameaças ambientais e prestar socorro em casos emergenciais.
Reavaliar o sistema de organismos da ONU, eventualmente criando novas instituições para implementar as decisões da conferência.
A organização do evento coube ao Comitê Preparatório da Conferência (PREPCOM) que, entre outras inovações no processo organizacional do evento, promoveu um amplo debate de ideias entre os atores envolvidos, fossem eles as delegações dos países membros da ONU, representantes de setores da sociedade civil, comunidades acadêmicas e entidades diversas.
A participação considerável de representantes não estatais foi uma clara demonstração de força e importância desses atores nas negociações internacionais sobre os temas ambientais, garantindo a eles um lugar efetivo nas encontros e debates ocorridos ao longo dos anos seguintes.
A ECO-92 ou Rio-92, como ficou conhecida a Conferência, gerou uma mobilização inédita na comunidade internacional em termos de atitudes urgentes que transformassem o comportamento social e político visando preservar o meio ambiente e a vida na Terra.
 
Nesta aula, você:
Distinguiu as principais conferências e relatórios internacionais sobre o meio ambiente.
Identificou o papel dos encontros internacionais na postura dos Estados em relação a questão ambiental.
Analisou as reflexões das organizações internacionais sobre o meio ambiente e o desenvolvimento global.
 
Para conhecer na íntegra o Relatório Brundtland, faça o download do respectivo arquivo disponível na biblioteca virtual da disciplina.
É possível também conhecer mais sobre a estrutura e os trabalhos do Clube de Roma através do site em inglês do grupo ou em português.
Sobre as atividades do PNUMA no Brasil, pesquise no site.
Para ler na integra a Declaração divulgada a partir da Conferência do Meio Ambiente em Estocolmo, faça o download do respectivo arquivo disponível na biblioteca virtual da disciplina ou no link acima.  
Quer saber mais sobre a Agenda 21? Veja o texto na integra.
Na próxima aula, você estudará sobre os assuntos seguintes:
As perspectivas teóricas sobre a questão ambiental.
Os principais debates teóricos e seu impacto na agenda ambiental.

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