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Autor: Viviane Giori Côco Ficou com alguma dúvida? Entre em contato com a gente nas redes ao lado. Em sua essência, a democracia é fundamentada em quatro pilares: igualdade, liberdade, equidade e justiça. Infelizmente, estes dois últimos aspectos não são observados no que diz respeito à superlotação do sistema prisional brasileiro, seja pela falta de investimentos do Estado, o que impede as cadeias de cumprirem seu papel social, seja pela falta de acesso aos direitos de todo cidadão, especialmente à saúde. Dessa forma, faz-se necessário analisar como esses aspectos contribuem com os problemas gerados pela sobrecarga do sistema prisional nacional. Em primeiro lugar, é inegável que a falta de verbas estatais nas prisões faz com que essas instituições não cumpram seu papel social. De acordo com a Lei de Execução Penal, fica explícito que o principal objetivo do sistema carcerário é garantir a ressocialização do indivíduo condenado, isto é, promover que este consiga voltar a viver normalmente em corpo social. Nesse sentido, o método brasileiro vai de encontro ao ideal proposto pela lei, uma vez que as cadeias assumem uma postura punitiva em detrimento da reeducação, fruto do descaso por parte dos brasileiros e do Estado, tendo como principal reflexo a superpopulação de detentos. Há quem argumente que não é função do poder público e do povo preocuparem-se em melhorar esse quadro, porque cada detento é totalmente culpado por seus atos e deve sofrer as consequências da pior maneira possível. Contudo, esse pensamento é um equívoco, pois, segundo o sociólogo Durkheim, o crime é um fato social, ou seja, é exterior ao cidadão, e a sociedade é cúmplice no processo, cabendo a esta a reintegração do sujeito, legitimando, assim, a ampliação dos gastos públicos no sistema prisional. Outrossim, é indubitável que a superpopulação de encarcerados impossibilita o exercício de seus direitos sociais, especialmente no que se refere à saúde. Conforme o Artigo 196 da Constituição de 1988, é compromisso do Governo que todos tenham acesso igualitário à saúde. Nesse contexto, o cumprimento dessa lei torna-se inviável no panorama prisional, na medida em que a falta de profissionais da área e o alto contingente de detidos em uma mesma cela contribuem para a proliferação mais rápida de doenças infecciosas. Prova disso foi a veloz difusão do covid-19 nessas unidades, que além de não terem condições de seguir o isolamento, também não realizaram a testagem para a contenção do vírus, o que elevou o número de mortos nesses locais. Além disso, a lacuna de infraestrutura para atender psicologicamente os presos, parte fundamental para a reinserção na sociedade, dificulta o desempenho da função social dessas instalações, situação que deve ser abolida. Logo, medidas são necessárias para a resolução desse impasse. Para isso, cabe ao Ministério da Infraestrutura, por meio de maiores investimentos da arrecadação de impostos, aumentar o número de prisões e reformar as existentes, equipando as unidades com elementos que garantam os direitos de cada detento, como por exemplo, camas individuais, bem como a contratação de mais profissionais da saúde, a fim de distribuir a população carcerária e conceder seu pleno exercício de direito. É somente assim que o Brasil tornar-se-á uma total democracia.
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