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Ética e deontologia naÉtica e deontologia na
educação físicaeducação física
AUTORIA
Cleber Henrique Sanitá Kojo 
Guilherme França Fusco
Bem vindo(a)!
Seja muito bem-vindo(a)!
É uma enorme satisfação recebê-lo em nosso curso de Ética e Deontologia na
Educação Física. A partir de agora, iniciaremos uma viagem ao tempo para
esmiuçar, nas experiências �losó�cas, algumas explicações para a formação moral
pessoal, social e pro�ssional, buscando, é claro, entender nossa formação
pro�ssional, ou seja, um olhar para um horizonte futurístico, depositando nele nossa
aprendizagem como uma forma de expectativa.
Em nossa viagem �losó�ca, a procura desses espaços de experiências da formação
ética e moral, iremos iniciar, logo na unidade I, a busca do entendimento sobre o
que é ser ético, pois na nossa sociedade muito se fala sobre ter uma conduta ética,
mas não se tem uma formação correta desse conceito: muitos se dizem éticos
pro�ssionalmente, mas sequer sabem o que é ser ético. Assim, você conhecerá os
conceitos de ética e moral.
Em seguida, você entenderá que o ser humano é feito de desejos e vontades e que
isso compreende a uma responsabilidade humana, pois sabemos que temos um
dever a cumprir e, por muitas vezes, exigimos nossa liberdade sem saber o que ela é
de fato.
Já na unidade II desta apostila, conheceremos alguns �lósofos importantes com
suas ideias para formação do indivíduo. Apresentaremos os conceitos básicos da
�loso�a moral de Sócrates e de Aristóteles, além da compreensão da ideia de dever
e de intenção do cristianismo na moral humana.
Apresentaremos, ainda nessa unidade, o conceito de natureza humana proposta por
Rousseau e a moral da razão prática de Immanuel Kant. Vale ressaltar que você irá
conhecer perspectiva hegeliana e de Bérgson de cultura e de dever humano, além
da visão ética e liberdade proposta por Espinosa.
Nas unidades III e IV, retomaremos o fascínio sobre o assunto desta disciplina,
observando, lendo ou estudando as unidades I e II, pois é o início de um grande
desa�o que vamos triunfar juntos. Proponho uma construção conjunta sobre a ética,
os esportes e a educação física. Vale ressaltar que iremos veri�car os Valores Éticos e
Morais no Sistema CONFEF/CREFs (Conselho Federal e Regional de Educação
Física), além do código de ética pro�ssional, exercício pro�ssional e vida pro�ssional
do indivíduo, identi�cando, assim, os valores para o estudo do esporte para o
indivíduo e para sociedade. Conheceremos também a ética e a docência, além de
como o fair play e o “olimpismo” fazem parte de nossa pro�ssão. Ressaltaremos
ainda a importância do docente dentro dos conselhos de classe embasados na sua
pro�ssão.
Ao �m dessa apostila, espero que seu horizonte de expectativas seja modi�cado,
uma vez que todos nós, seres humanos e pro�ssionais, somos frutos de uma
formação moral e ética de uma determinada sociedade e, dessa forma, devemos
agir com responsabilidade dentro da pro�ssão e da sociedade vigente.
Sumário
Essa disciplina é composta por 4 unidades, antes de prosseguir é necessário que
você leia a apresentação e assista ao vídeo de boas vindas. Ao termino da quarta da
unidade, assista ao vídeo de considerações �nais.
Unidade 1
Os valores e a moral
Unidade 2
Teorias morais
Unidade 3
Ética, esportes e educação física
Unidade 4
Conselhos de classe e participação
Os valores e a moral
AUTORIA
Cleber Henrique Sanitá Kojo 
Guilherme França Fusco
Sumário
Introdução
1 - Os valores e a moral
2 - Caráter histórico, social e pessoal
3 - Desejo e vontade
Considerações Finais
Introdução
Seja muito bem-vindo(a)!
Prezado (a) estudante, preste muita atenção, pois se em você ocorreu um despertar
ou um fascínio sobre assunto desta disciplina, observando a pro�ssão escolhida, é o
início de um grande desa�o que vamos triunfar juntos. Proponho uma construção
conjunta sobre a ideia de ética e moral, visto que em nossa sociedade se fala muito
do ser ético, mas não se tem uma formação correta desse conceito, muitos se dizem
éticos pro�ssionalmente, mas não sabem nem o que é ser ético. Vamos conhecer os
conceitos de Moral e ética e suas subdivisões para interpretarmos os componentes
que a constroem, uma vez que, em nosso dia a dia, indicamos valores as pessoas, e
vamos entender em qual momento devemos usar e identi�car esse processo.
Dentro desse desa�o, iremos conhecer muito além da ética e moral, considerando
que o ser humano é feito de desejos e vontades, o que nos faz perceber, através do
senso comum, que isso compreende a responsabilidade humana, além de sabermos
que temos um dever a cumprir e que, por muitas vezes, exigimos nossa liberdade
sem saber o que é liberdade de fato.
Por �m, vamos conhecer o processo da liberdade humana e todo seu ato moral.
Assim, esperamos um docente com um posicionamento ético e social de maneira
positiva e construtiva na sociedade, tornando-se um pro�ssional exemplar e que
some no desenvolvimento social e humano.
Muito obrigado e bom estudo!
Plano de Estudo:
1. Os Valores e a Moral
2. O Caráter Histórico, Social e Pessoal
3. A Espécie do Ato Moral
4. A Estrutura do Ato Moral
5. Desejo e Vontade
6. Responsabilidade, Dever e Liberdade
Objetivos de Aprendizagem:
1. Conhecer os Conceitos e De�nições de Moral e Ética;
2. Entender a Valorização: Valores e diferenças culturais;
3. Contextualizar todo o processo histórico, social e pessoal de Ética e Moral;
4. Estabelecer os pontos do ato moral e suas divisões;
5. Compreender a diferença de desejo e vontade humana, além da
responsabilidade, dever e liberdade.
Os valores e a moral
Em pleno século XXI, ainda confundimos ética, moral, valores, entre outras palavras
e/ou conceitos. Vale ressaltar que, constantemente, encontramos o uso ambíguo de
palavras como "moral e ética", "valores e ética" e "valores e normas". Você consegue
rapidamente diferenciar e de�nir cada uma delas? Caso você conheça, é um passo
gigantesco para estudo de nossa disciplina. No entanto, precisamos diferenciá-las
para não causar confusão em nossa vida. Assim, você poderá melhorar sua
comunicação e a elaboração do pensamento. Qual o código de ética de sua
pro�ssão? Esperamos que embarque nessa viagem �losó�ca para que se crie um
pro�ssional re�exivo, crítico, responsável com a sociedade, com as normas legais e
compreendendo melhor seu papel social.
Antes de começar diretamente os debates sobre valores, moral e ética, tema este
muito discutido e pouco conhecido verdadeiramente pelas pessoas,  empresas e, até
mesmo, por pro�ssionais em plena atuação de suas funções, quero compartilhar um
pensamento adquirido no decorrer do tempo, do senso comum, do conhecimento
cientí�co, entre outros, ou seja, destaco que vivemos numa sociedade na qual os
valores morais são levados em consideração em vários setores da sociedade,
principalmente em uma época onde as redes sociais são repletas de pessoas que
acreditam ter conhecimento de tudo, seja em relação à posição política, religiosa,
entre outros. Porém, a maioria não sabe ou não compreende o verdadeiro signi�cado
de valores, moral e ética.
Diante disso, precisamos compreender Moral e Ética, pois vale ressaltar que ambas se
completam e, assim, podemos debater como, por exemplo, os valores. No dicionário
Aurélio online (2014), a de�nição das palavras Ética e Moral são as seguintes:
(ÉTICA, 2020): substantivo feminino: Segmento da �loso�a que se dedica
à análise das razões que ocasionam, alteram ou orientam a maneira de
agir do ser humano, geralmente tendo em conta seus valores morais.
[Por Extensão] Reunião das normas de valor moral presentes numa
pessoa, sociedade ou grupo social: ética parlamentar; ética médica. 
(MORAL, 2020): Preceitos e regras que, estabelecidos e admitidos por
uma sociedade, regulam o comportamento de quem dela faz parte. Leis
da honestidade e do pudor; moralidade. [Filoso�a] Parte da �loso�a que
trata dos costumes, dos deveres e do modo de proceder dos homens nas
relações com seus semelhantes.
Já etimologicamente, o termo “moral” vem de More(latim) e signi�ca costume,
enquanto “ética” é Ethos (Grego), também signi�cando costume.
Após compreendermos os costumes, temos que dar um passo à frente em nosso
estudo e adentrarmos nas características morais, complementando �loso�camente
nosso futuro conceito de ética e moral.
Observe a imagem abaixo:
Figura 1 - Características Morais
Valores
Coragem
Piedade
Humildade
Respeito
Solidariedade
Honestidade
Fonte: o autor.
Podemos a�rmar, portanto, que valores como os citados acima norteiam o homem e
seu agir em sociedade, tornando-a uma sociedade onde a convivência é totalmente
possível e norteando até mesmo suas leis.
SAIBA MAIS
Você sabe dizer o signi�cado da palavra costume? De onde vêm os
costumes? Os costumes de cada sociedade originam-se dos valores
instituídos por ela e orientam o agir das pessoas, promovendo, assim,
uma convivência saudável entre os indivíduos, ou seja, os valores são
características morais que todos os seres humanos possuem. Servem ao
indivíduo para orientar seus comportamentos e ações, na satisfação de
determinadas necessidades.
Um ponto de extrema importância para a compreensão dos valores é entender que
eles podem variar de acordo com a sociedade, ou até mesmo entre grupos sociais
diferentes. Por exemplo, se perguntar a uma brasileira o que ela acharia da ideia caso
seu marido lhe �zesse a proposta de ter várias mulheres, provavelmente, ela teria a
atitude de se separar, ao passo que em países muçulmanos é normal o homem ter
várias esposas. Da mesma forma, é normal, nos países muçulmanos, o uso da burca e,
para nós, o uso de biquínis, ou seja, em uma sociedade, o cobrir o corpo ou não
depende de cada cultura adquirida através de sua moral formando os valores de um
grupo de indivíduos. Portanto, o que é moral para mim pode ser imoral para outros.
Diante disso, podemos a�rmar que os valores morais são baseados em vários fatores,
como cultura, tradição, religião, convivência diária, entre outros de um determinado
grupo ou de um povo. Vale ressaltar que a manutenção dos valores morais de uma
sociedade vem determinar comportamentos e a orientação de como agir do grupo
em questão, garantindo, assim, a ordem e a existência de uma sociedade.
Caráter histórico, social e pessoal
Num primeiro momento, podemos a�rmar que os valores morais citados acima são
herdados, pois, quando nascemos, já existe uma cultura determinada na sociedade e,
com isso, aprendemos desde cedo as suas regras, seguindo-as e absorvendo-as sem
perceber e identi�cando como agir moralmente ou imoralmente.
Nesse determinado ponto, devemos diferenciar a Ética da moral, pois, segundo
Comte-Sponville (1998. Pg 14), “A Moral ordena; a Ética aconselha. A Moral responde à
pergunta: “o que devo fazer?”; a Ética, à pergunta: “como devo viver?”. Assim,
podemos a�rmar que a moral não é algo de�nido cienti�camente, mas objeto desse
algo cientí�co e a ética estuda os atos humanos, atos estes que devem ser
“Conscientes, Livres e Voluntários”, pois, assim, podemos con�rmar a a�rmação de
Comte-Sponville acima.
No cotidiano ouvimos a a�rmação de que alguém foi imoral, porém você já parou
para pensar sobre o conceito de imoral? Já ouviu falar em amoral? E no não moral?
Qual a diferença de imoral, amoral e não moral? Talvez você já deva estar pensando
que agora começamos com a “chatice” e complicação. No entanto, estas dúvidas são
de fácil entendimento e compreensão, como nas de�nições abaixo:
A Moral é o ato que está de acordo com uma norma ética ou indicação de
conduta social;
Já o Imoral é o ato que fere uma norma ética ou uma conduta estabelecida pela
moral social ou individual. É o ato pelo qual se dão os anti valores: da injustiça,
do mal, etc. (vai contra a introjeção da norma);
Amoral é o ato que não pode ser avaliado do ponto da ética ou da moral, pois
nele não se dão as condições transcendentais para a moralidade (não há
introjeção);
Não-moral é o ato em que não estão envolvidos diretamente os valores morais,
como, por exemplo, assistir a um jogo de futebol ou ir à praia.
Observe o quadro abaixo para auxiliar na compreensão do tema:
Quadro 1 - Diferença entre ética e moral
Ética
Ética é princípio
Ética é permanente
Ética é universal
Ética é regra
Ética é teoria
Ética é reflexão
Ética é trata do bem/mal
Princípios éticos
Aético = ausência de ética
Antiético = contrário a ética
Moral
Moral é conduta específica
Moral é temporal
Moral é cultural
Moral é conduta da regra
Moral é prática
Moral é ação
Moral é trata do certo/errado
Código de conduta
Amoral = ausência de moral
Imoral = contrário a moral
Fonte: o autor.
Com o texto e a imagem acima, podemos compreender melhor os atos morais e
entender que eles são uma espécie de ponto �nal. Assim, para facilitar esse processo
de se agir moralmente, também chamado de “atos morais”, e analisá-los enquanto
fenômenos, vamos dividi-los em duas categorias: as espécies e a estrutura e agir
moralmente ou atos morais.
1. Espécies de atos morais: divididas em três categorias que estudamos acima, os
chamados de atos morais (positivos), atos imorais (negativos) e atos amorais
(não sabe qual a moral da sociedade vigente);
2. Estrutura dos atos morais: é formada pela soma de três elementos – a
formação, a motivação e a situação.
Podemos acrescentar ainda que, dentro do caráter histórico da moral, temos sua
formação em vários períodos históricos, seja no período feudal na Idade Média, da moral
burguesa na Idade Moderna, entre outros. Assim, a�rmo que a moral pode ser
considerada um fato histórico que, para o momento, é instituído, mas pode ser
modi�cada com o tempo sem cometer anacronismos, considerando cada moral em cada
período. Segundo Adolfo Sanchez Velasquez (2017, p. 80), esse historicismo moral no
campo da re�exão ética tem três direções fundamentais a ser respeitada.
a. DEUS COMO ORIGEM OU FONTE MORAL: No caso as normas morais derivam de um
poder sobre-humano [...]. Logo, as raízes morais não estariam no próprio homem,
mas fora e acima dele.
b. A NATUREZA COMO ORIGEM OU FONTE MORAL: A conduta moral do homem não
seria senão um aspecto da conduta natural, biológica. [...] Teriam origem nos
instintos, e, por isso, poderiam ser encontradas não só naquilo que o homem é como
ser natural, biológico, mas inclusive nos animais, pois Darwin chega a a�rmar que os
animais experimentam sentimentos humanos como o amor, a felicidade, a lealdade
entre outros.
c. O HOMEM COMO ORIGEM OU FONTE MORAL: O homem é dotado de uma essência
eterna e imutável inerente a todos os indivíduos [...]. A moral constituiria um aspecto
dessa maneira de ser, que permanece e dura através das mudanças históricas e
sociais.
Essas três concepções históricas têm origem fora do homem como um ser histórico, pois,
na primeira, presenciamos um ser superior, onipotente, onipresente e onisciente, que não
precisa do homem, já o segundo, no mundo natural, seguido do terceiro, baseia-se no
homem abstrato, fora da sociedade e da história. Assim, todas a�rmam que a moral
independe do homem, mesmo que constituída desde sua origem, pois as sociedades
instituem sua moral independentemente do indivíduo e do tempo.   Você talvez
compreendeu com facilidade, pois na história temos o surgimento da propriedade privada
que elimina a moral comunal existente anteriormente. Você pode compreender que, na
atualidade, as morais que seus avós possuíam já mudaram com o tempo e você sente
todos os dias no seu cotidiano. Assim é na história, com a moral aplicada na divisão do
trabalho, na sociedade escravista, entre outras. Para exempli�car, podemos a�rmar que
era normal descartar o negro como um ser humano simplesmente pela sua cor, pois
acreditavam ser superiores pela cor da pele, o Darwinismo social aplicado e aceito em um
determinado período histórico.
Historicamente, a moral vai sendo construída com a evolução da sociedade, pois
tínhamos a divisão do trabalho e o desprezo humano na revolução industrial com
exploração desacerbada do trabalho infantil, feminino, chegando ao ponto de
incendiaruma fábrica com as mulheres dentro, dando origem ao dia das mulheres e
à valorização feminina. Também temos o movimento feminino, que busca a
igualdade moral até hoje. Para exempli�car, podemos citar as tribos dos pigmeus,
onde o sexo e o casamento são liberados aos 10 anos de idade, ou em tribos africanas,
onde as mulheres têm seu órgão genital mutilado, pois o prazer é exclusivo ao sexo
masculino.
REFLITA
Será que você aceitaria a moral inserida na sociedade medieval, onde
reinava o Teocentrismo, no qual Deus era o centro do universo e o
homem era desprezado até o aparecimento do antropocentrismo e da
ascensão da sociedade burguesa?
Vale ressaltar que esse processo histórico da moral vem sendo construído e
constituído dependendo dos atos morais implantados em diferentes sociedades. Por
isso, iremos falar agora das espécies de atos morais.
Espécies de Atos Morais
Para se entender melhor os atos morais, vamos apresentar a você a divisão destes nas
três vertentes citadas acima, ou seja, os chamados atos morais, imorais e amorais.
Iremos começar pelos chamados atos morais, que consistem em quando a�rmamos
que são os atos nos quais o indivíduo possui conhecimento e entendimento, ou seja,
ele tem “ciência” das regras da sociedade e das normas para convivência coletiva,
escolhendo livremente segui-las, reconhecendo e compreendendo a importância das
regras sociais impostas.
Já os chamados de atos imorais são parecidos com os atos morais. No entanto, o
indivíduo faz a opção de não aceitá-las ou obedecê-las, ou seja, os atos imorais são
aqueles em que o indivíduo sabe que existem regras de convivência coletiva e toma a
decisão individual de não segui-las, pois ele não aceita que essas regras impostas têm
validade ou importância social.
O mais simples dos três são os atos amorais, pois o indivíduo não possui ciência
alguma da existência de normas e regras vigentes da sociedade. Por exemplo, um
determinado indivíduo chega a um novo país e tem comportamentos proibidos para
aquele determinado território sem ter compreensão disso.
Estrutura do Ato Moral
Para iniciarmos e implantarmos o mundo moral, precisamos ter uma consciência
crítica, também chamada de consciência moral, que avalia todas as normas e regras
vigentes na sociedade, orientando assim o agir humano. Vale ressaltar que a escolha
é a consciência humana chamada para que ocorra o discernimento entre o valor
moral e atos morais.
Podemos analisar e entender que a �loso�a em si estuda toda a ética e moral
humana, indicando se você é um sujeito moral, imoral ou amoral de uma
determinada sociedade. Assim, podemos a�rmar que, para complementar essa teoria
�losó�ca, temos o chamado ato moral, que apresenta dois aspectos: o chamado de
normativo e o fatual, ou seja, o normativo consiste em todas as regras que devem ser
seguidas, já o fatual apresenta a decisão humana de segui-las ou não. Destacando
ainda que o normativo são as normas ou regras de ação, o que explica o “dever ser”, Já
o fatual são os atos humanos enquanto se realizam efetivamente.
Segundo Adolfo Sanchez Velásquez (2017, p. 80), o ato moral é ligado a um sujeito real
que pertence a uma determinada comunidade humana historicamente determinada
com normas ou regras, como a citação abaixo:
O ato moral como ato de um sujeito real que pertence a uma
comunidade humana, historicamente determinada, não pode ser
quali�cado senão em relação com o código moral que nela vigora. Mas
seja, qual for o contexto normativo e histórico-social no qual o situamos,
o ato moral se apresenta como uma totalidade de elementos – motivo,
intenção ou �m, decisão pessoal, emprego de meios adequados,
resultados e consequências – numa unidade indissolúvel.
Assim, podemos dizer que o ato será moral quando estiver de acordo com as regras
estabelecidas pela sociedade vigente.
Desejo e vontade
Após compreender que a Moral é um conjunto de regras que norteiam e orientam as
pessoas, devemos acrescentar que isso só funciona se ocorrer a aceitação dessas
normas, mesmo elas sendo exteriores ao indivíduo. Vale ressaltar que o ser humano
evolui com o tempo, cresce em “graça” e estatura, pois a palavra graça, aqui, quer
dizer a maturidade. Quando o homem abandona a infantilidade e passa a ter uma
maior consciência de seus atos, passa a tomar decisões que fazem parte de seu ser,
como os desejos e vontades.
Você já parou para pensar na diferença entre desejos e vontades? Como saber agir
contra os desejos?
Você precisa saber distinguir a diferença entre desejo e vontade, pois a�rmo que será
impossível dominar nosso corpo de emoções implícitas ou explícitas e ter um ótimo
controle sobre nossa vida. Vale ressaltar que a de�nição de desejo consiste nas
necessidades do corpo, o chamado “tesão” sem controle, um instinto humano. Já a
vontade consiste em quando você decide algo, uma ação pela qual você deixou a
mente vencer corpo, as situações que a mente domina, como, por exemplo, a vontade
de comer chocolate, ou seja, ela é mais calma e tranquila, enquanto o desejo envolve
compulsão. Importante salientar ainda que o desejo pode estar atrelado a sonhos e
fantasias, enquanto a vontade está ligada à ânsia. Desejo são relacionados também a
sentimentos e emoções, enquanto a vontade está ligada à lógica e à razão. 
Para agir contra os desejos, precisamos nos lembrar de tudo que foi estudado sobre a
moral e praticá-la rotineiramente. Será que conseguimos entender a relação entre
desejos e vontades e suas diferenças? Para exempli�car melhor a diferença observe o
quadro abaixo: 
SAIBA MAIS
“Vontade distingue-se de desejo. O desejo não depende de escolha,
surge involuntariamente em nós. Já a vontade supõe a disposição
consciente para agir e depende do poder de re�exão para satisfazer ou
não o desejo. Seguir o impulso do desejo sempre que ele se manifesta é
negar e moral e a possibilidade de qualquer vida em comum”.
Fonte: Aranha (2003).
Quadro 2 - Diferenças entre Desejo e Vontade
DESEJO VONTADE
* Provêm de estímulos
dos sentidos * Provêm do pensamento e da razão.
* Precisa se consumir. * Precisa se realizar.
* Satisfaz caprichos e
fantasias. * Satisfaz necessidades na luta pela vida.
* Prevalecem as forças do
instinto. * Prevalecem as forças da razão e da lógica.
* É tênue e indireto. * É �rme e direta.
* De regra, depende do
consentimento.
* Só depende da própria criatura e do seu de
outras criaturas. “Querer”.
* Utiliza artifícios e
artimanhas. * Vai direta ao alvo.
* Leva aos vícios da
conduta. * Não contamina nem leva aos vícios.
* É impulsivo e de difícil
controle. * É racional, controlada pelo pensamento.
* Não forti�ca o caráter. * Realça e fortalece o caráter.
* Coloca pouca força na
consumação. * Exige força e luta para vencer.
* É aleatório, inconstante,
variável. * Ajusta-se às circunstâncias e objetivos.
* É quase sempre
imediatista. * É persistente e exige paciência.
Fonte: Samel (2010).
Responsabilidades, Dever e Liberdade
Após estudarmos toda consciência moral, imoral e amoral acima, podemos
considerar aparentemente confusa a ideia de relacioná-las com liberdade, não é?
Como ser livre e ser moral ao mesmo tempo? Parece confuso. Entretanto, podemos
construir a compreensão juntos, pois o con�ito ou da retórica utilizada acima ou a
consciência humana é uma das principais razões que nos separa dos animais, nos
permitindo a racionalidade e o desenvolvimento do saber, além da separação do
verdadeiro ou falso. Essa “graça” é transformada em consciência moral, que nos
permite a observação de nossa própria conduta e, assim, formular juízos sobre nossos
atos, tanto no passado quanto no presente e no futuro. Logo, ao analisarmos e
julgarmos nossas ações, podemos fazer escolhas que nortearão a vida. Essa
possibilidade de escolher sua vida, podemos chamar de liberdade.
Claro que, quando somos livres para decidir e fazer nossas escolhas, nos tornamos
responsáveis por nossas ações, ou seja, assumimos as ações dos atos
conscientemente, respondendo pelas consequências praticadas. Vale ressaltar que o
comportamentomoral é livre e responsável, além de obrigatório dentro da sociedade
vigente, criando em você, em mim e em nós o que chamamos de dever.
Desse modo, quando somos responsáveis e cumprimos nosso dever, somos livres,
cumprindo nosso dever moral. É importante destacar que, assim, o dever moral não
vem de uma causa externa, mas, sim, através da norma livremente assumida. Ainda
podemos a�rmar que essa responsabilidade não deve ser interpretada como defesa
de um relativismo, onde todas as formas de conduta podem ser aceitas livremente.
A liberdade vem atrelada às nossas escolhas, que nem sempre são as
ideais, pois, através da coerção, podemos determinar ações que às vezes
não são livres, como, por exemplo, quando bandidos sequestram um
membro da família e exigem que tomemos atitudes não éticas, tirando-
nos a liberdade e fazendo com que, nesse período de sequestro, nos
esqueçamos da consciência moral.
Os direitos do homem, tais como em geral têm sido enunciados a partir
do século XVIII, estipulam condições mínimas do exercício da
moralidade. Por certo cada um não deixará de aferrar-se à sua moral;
deve, entretanto, aprender a conviver com outras, reconhecer a
unilateralidade de seu ponto de vista. E com isso está obedecendo à sua
própria moral de uma maneira especialíssima, tomando os imperativos
categóricos dela como um momento particular do exercício humano de
julgar moralmente. Desse modo, a moral do bandido e a do ladrão
tornam-se repreensíveis d ponto de vista da moralidade pública, pois
violam o princípio da tolerância e atingem direitos humanos
fundamentais (GIANOTTI, 1992, p. 245).
A responsabilidade vai criar um dever comportamental moral, pois o compromisso
humano é a obediência da decisão tomada por cada ser humano.
REFLITA
Na sua obra a República, Platão relata a lenda sobre um anel que tornaria
invisível quem conseguisse virar o engaste para dentro. Foi o que teria
acontecido ao pastor Giges, que vivia a serviço do rei da Lídia. Após ter se
salvado de um terremoto, ele retirou de um cadáver o referido anel. Ao
perceber que podia �car invisível sempre que quisesse, entrou no
castelo, seduziu a rainha, tramou com ela a morte do rei e obteve o
poder.
Esse mito nos faz pensar sobre os motivos que estimulam ou coíbem
uma ação. Se pudesse �car invisível em uma loja, você roubaria um
celular, por exemplo? Ou o que seria determinante para que, mesmo
invisível, você roubasse?
Fonte: Aranha (2003).
Livro
Livro
Livro
Filme
Filme
Filme
Web
Teorias morais
AUTORIA
Cleber Henrique Sanitá Kojo 
Guilherme França Fusco
Sumário
Introdução
1 - A Filoso�a Moral de Sócrates e Aristóteles
2 - A Ideia de Dever e Intenção do Cristianismo
3 - A Natureza Humana de Rousseau
4 - A Moral da Razão Prática de Kant
5 - A Perspectiva Hegeliana e de Bérgson de Cultura e de Dever
6 - A Ética de Espinosa
7 - A Concepção Contemporânea de Virtude e o Racionalismo Ético
Considerações Finais
Introdução
Seja muito bem-vindo(a)!
Olá, caro(a) amigo(a)! Vamos continuar nossa viagem �losó�ca sobre ética e Moral.
Espero que tenha ocorrido em você um despertar sobre o tema com a unidade
anterior, te deixando ansioso pelo nosso próximo encontro e/ou nosso próximo
capítulo. Acredito que o fascínio apresentado no início da unidade anterior tenha sido
atingido com excelência e despertado uma nova forma de se pensar. Venho, então,
propor uma continuidade do assunto desta disciplina, sugerindo uma viagem ainda
maior, pois, a partir de agora, conheceremos as teorias de alguns �lósofos que
permearam a formação moral e ética de muitas sociedades, tanto no passado quanto
no presente, passando, ainda, a transportar conhecimentos discutidos por grandes
pensadores atuais em todos os ambientes sociais, seja nas instituições de ensino
superior, até nas rodas cotidianas, sem falar do meio virtual, como em canais de
vídeos, debates e até mesmo em redes sociais, fazendo com que suas teorias sejam
entendidas e absorvidas por várias sociedades..
Proponho a você o entendimento de conceitos básicos da �loso�a moral de Sócrates
e de Aristóteles, além da compreensão da ideia de dever e de intenção do
cristianismo na moral humana.
Devemos, então, continuar essa viagem pelo conceito de natureza humana proposta
por Rousseau e a moral da razão prática de Immanuel Kant. Vale ressaltar que
passaremos também pela perspectiva hegeliana e de Bérgson de cultura e de dever
humano. Também é válido destacar que essa viagem passará, ainda, pela visão ética e
liberdade proposta por Espinosa.
Dentro desse desa�o da viagem, conheceremos muito além de conceitos de ética e
moral, pois passaremos pela concepção contemporânea de virtude e do racionalismo
ético, �nalizando o trajeto na contribuição da psicanálise à ética humana. Espero que
esteja preparado. Assim partiremos agora!
Muito obrigado e bom estudo!
Plano de Estudo:
1. A Filoso�a moral de Sócrates e de Aristóteles;
2. A ideia de dever e de intenção do cristianismo;
3. A Natureza humana de Rousseau;
4. As leis da razão Kantiana;
5. A Perspectiva hegeliana e de Bérgson de cultura e de dever;
6. A Ética de Espinosa;
7. A Concepção contemporânea de virtude e Racionalismo ético.
Objetivos de Aprendizagem:
1. Conhecer a Filoso�a moral de Sócrates e de Aristóteles;
2. Entender a ideia de dever e de intenção do cristianismo;
3. Compreender a Natureza humana de Rousseau;
4. Conhecer a moral da razão prática proposta por Kant;
5. Entender Perspectiva hegeliana e de Bérgson de cultura e de dever;
6. Conhecer a Ética de Espinosa;
7. Conhecer e comparar a concepção contemporânea de virtude e o Racionalismo
ético.
A Filoso�a Moral de Sócrates e
Aristóteles
Por que estudar as diferentes correntes teóricas sobre a Ética? Por que começarmos
por Sócrates e Aristóteles? Talvez você se pergunte: o que pode me acrescentar essas
teorias?
Podemos começar a�rmando que essas correntes teóricas poderão construir um
pro�ssional ético e responsável na sociedade atual e, com certeza, essa viagem
começando pelo berço da civilização pode nos nortear a condução ética e moral de
nossas vidas. Vale ressaltar que, quando estudamos a história da �loso�a,
percebemos que não existe uma ética existente, mas, sim, éticas, pois, com o passar
do tempo, essas teorias são aproveitadas e debatidas por outros pensadores que
formulam novas ideias éticas e morais que conduzem a sociedade e, assim, essas
teorias podem constituir em nosso “ser” e nossa formação, podendo tornar nossas
a�rmações éticas e consistentes nos diálogos cotidianos e em nossa formação e de
várias outras pessoas dentro da sociedade.
Podemos, então, começar nossas re�exões sobre o mundo grego, que é considerado
o berço da civilização atual e onde podemos buscar a compreensão moral humana,
pois, se �zermos uma viagem além do proposto no título do capítulo, podemos
começar a�rmando a importância de Sócrates para �loso�a, pois a �loso�a é dividida
no momento histórico como antes e depois de Sócrates, ou seja, temos �lósofos pré-
socráticos e pós-socráticos. Parece confuso, mas não é: os �lósofos pré-socráticos
embasaram seus estudos no princípio de tudo, a origem das coisas, a cosmologia, ou
seja, Tales de Mileto, por exemplo, dizia que o princípio de tudo era a água, quanto
Anaximandro nos dá a de�nição Arché e Apeíron, onde o princípio de tudo seria o
indeterminado; já Anaxímenes a�rma que o princípio de tudo era o ar, ou seja, os
�lósofos pré-socráticos não se preocuparam com o homem em si, mas com o
princípio de tudo. Vale ressaltar que a partir de Sócrates passamos a ter a análise do
ser, do homem e assim nascem os conceitos de ética e moral. 
Um grande ponto a ser destacado é que Sócrates saía nas Ágoras, (praças públicas)
conversando com as pessoas e dando demonstrações de que era preciso unir o saber
e o fazer, a consciência intelectual à consciência prática, ou seja, a moral em si. Assim,
Sócrates entra em uma das principais críticas aos so�stas, a questão da consciência
moral, a�rmando que o autoconhecimento é o pontonecessário para a ação humana
e a moral, originando a célebre frase inscrita no oráculo de Delfos: “Conhece-te a ti
mesmo”. Sócrates tendia, ainda, a um diálogo crítico, também chamado de dialética,
criando, assim, duas ideias básicas que nortearam seus pensamentos, a chamada de
Ironia e Maiêutica.
Para exempli�car melhor, podemos apresentar as ideias de ética e moral para o
Sócrates. Vamos começar então pelo conceito de moral de Sócrates, pois ele foi o
fundador da ciência moral e da ideia da racionalidade humana, identi�cando assim a
ação racional que vai nortear a moral humana. Já a Ética socrática a�rmava que o
homem deveria obedecer às leis impostas, pois só assim ele seria identi�cado como
ser humano, pois, para Sócrates, essa obediência era o divisor de águas entre o que
chamamos de civilizatório e de barbárie. Para ele, devemos respeitar as leis, atingindo,
assim, o ápice que é a coletividade. Vale ressaltar que Sócrates, para valorizar seu
pensamento sobre moral e ética, não dava importância à questão social, buscando o
autoconhecimento, o que contrariava a sociedade na época e resultou em sua
acusação por “corruptor da juventude”, sendo injusto com os deuses da cidade.
Assim, Sócrates foi condenado pelos gregos a beber cicuta – veneno feito com a
planta de mesmo nome. Entretanto, mesmo condenado, ele não negou suas ideias,
apresentando uma força moral de quem não teme algo por ser ético.
@�ickr
Vamos começar conhecendo um
pouco de Sócrates , que era �lho de
um escultor e de uma parteira,
herança essa que o leva a “esculpir”,
ou seja, fazer uma representação
autêntica do homem, pois uma das
críticas ferrenhas de Sócrates seriam
os so�stas – termo traduzido como
“sábios”. É importante destacar que
Sócrates não gostava dos So�stas,
a�rmando que eles não se
interessavam pela autenticidade
humana, ou seja, ele intitulava os
so�stas como mercenários do saber,
defensores apenas do que lhes
interessava, começando, assim, a
desvendar o que posteriormente
seria intitulado de moral e ética. 
Algum de vós poderia talvez altercar-me: "Sócrates, não te envergonhas
de haveres exercido tal atividade, que agora coloca em risco tua vida? Eu
responderia a este: "Não falas bem se pensa que alguém tendo
capacidade de fazer algum bem, mesmo sendo pequeno, deva calcular
os riscos de vida ou de morte e não deva olhar o injusto e se pratica as
ações de homem honesto e corajoso ou de infame e mau. Estás
enganado, se pensas que um homem de bem deve �car pesando, ao
praticar seus atos, sobre as possibilidades de vida ou de morte. O
homem de valor moral deve considerar apenas, em seus atos, se eles são
justos ou injustos, corajosos ou covardes."  (PLATÃO, 2008, p. 80).
Assim como Sócrates e seu discípulo Platão, temos Aristóteles, que sofreu tantos com
os so�stas quanto por não ser grego. Talvez você se pergunte: Como assim?
Aristóteles foi aluno de Platão, discípulo direto de Sócrates, não assumindo, por ser
macedônico, a academia �losó�ca no lugar de Platão, tendo que abandonar a Grécia,
retornando no período de dominação macedônica sobre os gregos. Aristóteles foi
mentor direto de Alexandre Magno (Alexandre o Grande), tornando-se respeitado e
podendo fundar sua própria escola, o chamado “Liceu”.
Podemos a�rmar que Aristóteles tem grandes obras a serem estudadas. No entanto,
precisamos saber que ele era �lho de um médico chamado Nicômaco e uma de suas
principais obras foi em homenagem a seu pai, ou seja, Ética a Nicômaco, através da
qual Aristóteles aprofunda a discussão sobre as questões éticas do mundo, dizendo
que a Ética é a parte do estudo �losó�co que nos ajuda diretamente a re�etir sobre as
práticas humanas, a�rmando também que tudo o que fazemos deve alcançar o bem
ou o que pareça o bem naquele momento, ou seja, devemos alcançar a �loso�a
moral chamada por ele de “Eudamonia”, termo grego de vida feliz, vida boa. Dessa
forma, segundo ele, o homem pode atingir a “Felicidade e a Virtude”, isso utilizando-
se da razão. Tais a�rmações também estão em sua obra intitulada de meta�sica.
Para concluir a felicidade tão importante para ética de Aristóteles, iremos citar um
pequeno trecho do Journal of Ancient Philosophy Vol. II 2008 Issue 2, que diz o
seguinte sobre a virtude e a felicidade em Aristóteles:
“Dado que a felicidade é certa atividade da alma segundo perfeita
virtude, deve-se investigar a virtude, pois assim, presumivelmente,
teremos também uma melhor visão da felicidade. (FRATESCH, 2008,
p.05). Revista acadêmica da Unicamp (EN I 13 1102ª5-10)).
REFLITA
Aristóteles, �el aos princípios de sua �loso�a especulativa, e após ter feito
uma análise e um estudo da psicologia humana, veri�ca que em todos
os seus atos o homem se orienta necessariamente pela ideia de bem e
de felicidade e que nenhum dos bens comumente procurados (a honra,
a riqueza, o prazer) preenche esse ideal de felicidade. Daí a sua
conclusão: primeiro, a felicidade humana deverá consistir numa
atividade, pois o ato é superior a potência; segundo, deverá ser uma
atividade relacionada com a faculdade humana mais perfeita que é a
inteligência […]” (COSTA,1994, p. 67).
A Ideia de Dever e Intenção do
Cristianismo
Em nossa vida é comum encontrarmos seguidores da religião cristã em todos os
setores da sociedade, desde a pessoa com menos recursos �nanceiros até a mais rica.
Temos também indivíduos com o mínimo de conhecimento cientí�co até os
intitulados intelectuais. Mas qual é o fascínio dessa religião? Por que tantos
seguidores? Talvez você e eu somos cristãos e não entendemos seu surgimento e até
a sua importância �losó�ca. Devemos, então, abandonar qualquer tipo de
preconceito religioso existente e analisar sua importância para a construção �losó�ca.
Você analisará essa evolução e importância neste tópico. Vamos lá? 
Para iniciar esse debate �losó�co, vamos resgatar o contexto do surgimento dessa
religião no mundo, pois, historicamente, o homem sempre teve sua vida ligada ao
misticismo e, na maioria das vezes, essas religiões tinham um caráter político, com
uma dominação nacional e territorial. Vale ressaltar que o cristianismo nasce
aproximadamente no século I, digo aproximadamente porque estudiosos a�rmam
que o calendário gregoriano cristão possui um erro de alguns anos. En�m, o
cristianismo nasce com os ensinamentos deixados por Jesus Cristo e se espalha pelo
mundo através de seus seguidores que a�rmavam a existência de um único Deus,
contrariando as religiões existentes até o momento, com exceção do Judaísmo, que
também acredita em um único Deus. Se, na antiguidade, a religião era ligada a um
território ou a uma comunidade social, no cristianismo era ligada às pessoas que
possuem “fé”, nos que creem. Isso pode ser explicado quando a�rmamos que a vida, a
ética e a moral do cristão não são de�nidas por sua relação com a sociedade, mas,
sim, na sua única e íntima relação com Deus.
A religião cristã se espalha pelo mundo através dos discípulos de Jesus, que passam a
contar seus legados para o mundo, dentre eles Paulo e João. Paulo era �lho de um
tecelão e de alta posição no império romano, pois adquiriu sua cidadania romana e
passou a ter uma visão cruel em relação aos cristãos, ou seja, perseguia os seus
seguidores. Após sua conversão, Paulo andou por vários e vastos territórios
espalhando os conceitos básicos do cristianismo, até sua morte.
Com base nessas a�rmações, vamos abordar aqui o que chamamos de “Filoso�a
Patrística”, ou seja, trabalharemos uma corrente �losó�ca cristã que resultou do
esforço feito pelos dois apóstolos intelectuais (Paulo e João) e pelos primeiros Padres
da Igreja, pois essa �loso�a recebeu tal nome devido aos primeiros teólogos do
cristianismo, os Padres da igreja, que traduzido signi�ca “Pais da Igreja” (Padre = Pai).
Nos primeiros séculos da era cristã, os escritos de Aristóteles e Platão haviam
desaparecidos e, com isso, o cristianismo absorveu ideias das escolas helenísticas e
greco-romanas, como o estoicismo e do neoplatonismo apresentando a ideia do uno,
do qual emanariam todas as realidades,começando pelo Logos. O cristianismo, por
sua vez, baseia-se na fé, na bíblia, criada no concílio de Niceia, pois a bíblia vem da
palavra grega biblion, que signi�ca conjunto de livros – como a palavra biblioteca, que
remete a um local de muios livros –, ou seja, a bíblia é um conjunto de livros
uni�cados a um único livro. É de importante destaque que a bíblia foi dividida entre
antigo testamento, que é a Torá (o livro sagrado dos judeus), e nos livros sagrados
deixados pelos seguidores diretos de Jesus. Assim, podemos a�rmar que a origem do
cristianismo está em acreditar nos ensinamentos da palavra revelada, pois para os
cristãos a verdade vem direto do Espírito Santo, ou seja, os �lósofos não precisam
mais se dedicar na busca da verdade, pois ela já foi revelada.   En�m, começamos
então o maior desa�o �losó�co que é conciliar a fé e a razão.
A partir desse desa�o, nos é proposto que a ética cristã vai tomar um lugar
importante na sociedade, pois vamos encontrar o lado espiritual através da fé e o lado
humano através da caridade cristã. É importante salientar que a obediência à palavra
revelada vai formar, no campo da moral, a ideia de dever, uma norma de conduta
moral e ética. Você consegue reconhecer um cristão através de sua conduta ética?
Talvez nessa sociedade atual com tantas manipulações seja um pouco difícil, mas não
deveria, pois o verdadeiro cristão segue essa ideia �losó�ca e deveria ser fácil
reconhecer, pois o seu seguidor tem um dever a cumprir. Já quando se fala do interior
humano, da interioridade falamos de intenção, que deve ser julgada eticamente, pois
Deus é onipotente, onipresente e onisciente e conhece sua intenção ética e moral.
Dessa forma, podemos veri�car na fala de Marilena Chauí abaixo que o primeiro
contato ético se estabelece através dessa relação com Deus
@freepik
O cristianismo com a �loso�a
patrística ganhou uma forma de
conciliação entre o pensamento
�losó�co dos gregos e romanos e,
com essa conciliação, ocorreu uma
adesão dos pagãos e essa religião. 
A �loso�a patrística liga-se, portanto,
à tarefa religiosa da evangelização e à
defesa da religião cristã contra os
ataques teóricos e morais que
recebia dos antigos. 
A primeira relação ética, portanto, se estabelece entre o coração do
indivíduo e Deus, entre a alma invisível e a divindade. Como
consequência, passou-se a considerar como submetido ao julgamento
ético tudo quanto, invisível aos olhos humanos, é visível ao espírito de
Deus, portanto, tudo quanto acontece em nosso interior. O dever não se
refere apenas às ações visíveis, mas também às intenções invisíveis, que
passam a ser julgadas eticamente. Eis por que um cristão, quando se
confessa, obriga-se a confessar pecados cometidos por atos, palavras e
intenções. Sua alma, invisível, tem o testemunho do olhar de Deus, que a
julga (CHAUÍ, 2003, p. 37).
Assim, podemos demonstrar a formação ética absorvida pela relação com Deus,
apontando toda questão do sobrenatural que forma a origem de nossas atitudes e
práticas na sociedade, ou seja, tudo que nos torna um ser ético na sociedade.
SAIBA MAIS
Você já ouviu falar em Santo Agostinho? Junto com São Tomás de
Aquino, é considerado um dos mais célebres doutores da igreja, sendo
valorizado em várias religiões, com frases que norteiam a vida cotidiana
até os dias atuais. Vale ressaltar que suas obras guiaram o pensamento
cristão medieval e suas obras como as Con�ssões são consideradas
trabalhos a serem seguidas por �lósofos, historiadores, entre outros
autores de diversas áreas.
Você conhece alguma de suas frases? Que tal essa: “A medida do amor é
amar sem medidas”? Santo Agostinho.
Fonte: Santo Agostinho (2002).
A Natureza Humana de Rousseau 
Um ponto importante em relação ao homem destacado por Rousseau é que ele deve
valorizar a liberdade, pois ela não é só um direito adquirido, mas, sim, um dever da
natureza humana que deve promover a convivência harmoniosa da sociedade, pois a
natureza do homem, quando pura e sem interferência da sociedade, pode promover
uma sociedade comum e sem individualismos. Você já parou para pensar nas pessoas
que �cam paradas em sinais de trânsito pedindo alguma ajuda? Pensou em pessoas
que passam fome e matam, roubam, sequestram, entre outros? Vale apontar que, se
você e eu voltássemos à natureza humana, ao primeiro amor, ao estado natural
primitivo, resgataríamos a essência natural humana.
Nós estamos presos a uma sociedade egoísta e individualista que nos exclui uns dos
outros. Você conseguiu entender a ideia proposta por Rousseau? Esse pensador
acredita na bondade humana e que a sociedade afasta o homem de sua verdade,
@wikimedia
Rousseau é um �lósofo nascido na
cidade Genebra que, em seus
estudos, tentou analisar o homem e
apontou alguns problemas na
relação sociedade e indivíduos,
a�rmando que a sociedade é
perversa e corrompe o homem.
Sendo assim, ele propunha ao
indivíduo uma busca ao sentimento
para resgatar sua natureza que seria
boa. Ele acredita que a natureza é
um estado primitivo que tem origem
na sociedade, ou seja, que ela é
espontânea, liberta de toda
escravidão, pois, de acordo com ele, a
sociedade impõe ao homem uma
forma fútil de agir e de se relacionar,
promovendo nele um estado de
inércia no qual os deveres humanos
são esquecidos, o que torna o
homem um ser orgulhoso e cheio de
vaidades. Vale destacar que, para ele,
o homem primitivo vive de acordo
com as necessidades, atingindo a tão
importante felicidade, sem angústias
e sem desespero, evitando fazer o
mal para outros indivíduos. 
promovendo sentimentos que os destroem, uma vez que, com o processo de
socialização, o homem cria o senso moral, desnecessário no mundo natural. Rousseau
acredita, ainda, que a razão leva o homem para fora de si, de sua natureza, por isso ele
propõe um contrato social para que ocorra uma vontade geral da sociedade,
apresentando todos as falhas do homem que foge de sua natureza. Assim, a proposta
é que tudo seja harmonioso.
A comunhão com a natureza é a única forma de preservação da
verdadeira essência do homem. Um retorno ao arquétipo, as origens.
Uma transposição da ordem social para a ordem natural que tem como
consequência a reconquista da verdadeira liberdade e felicidade. Mas as
leis eternas da natureza e da ordem existem [...]. Elas estão escritas no
fundo de seu coração pela consciência e pela razão; é a estas que ele
deve sujeitar-se para ser livre […]. A liberdade não está em nenhuma
forma de governo, ela está no coração do homem livre, ele a carrega por
toda parte com ele […] (BARROS, 2018, p. 199).
Sendo assim, podemos entender a base do seu pensamento através do contrato
social, tornando a relação e a convivência em sociedade algo viável e harmonioso.
A Moral da Razão Prática de Kant 
Tais dúvidas são constantes na vida de algumas pessoas, ao passo que são totalmente
desnecessárias para outras. Porém, existiu um �lósofo que se preocupou em buscar
soluções para dúvidas parecidas com essas: esse �lósofo era chamado de Emanuel
Kant, um �lósofo alemão, professor universitário, considerado por vários pensadores
como um dos �lósofos mais in�uentes dos tempos modernos. Sua �loso�a tem uma
grande crítica na relação entre racionalismo e empirismo e, com suas propostas,
procura superar esse tema destacando a Razão através da crítica pura para saber seus
limites. Superando a ideia na capacidade plena da razão, sem analisá-la ou criticá-la,
podemos a�rmar ainda que Kant faz a crítica ao chamado dogmatismo, que é
quando a razão acredita em algo sem discutir, sem debater, acreditando e pronto,
como, por exemplo, alguns dogmas da igreja católica, nos quais aquilo não se discute,
ou seja, o dogmatismo pode ser considerado um limite para razão pura, um
conhecimento conveniente.
Kant escreveu duas obras importantes: a chamada “Crítica da Razão Pura e Crítica a
Razão Prática”, na qual ele nos aponta uma razão teórica e uma prática que se
complementam como diz Höffe (2005, p. 187):
[...] a razão prática não é nenhuma outra que a razão teórica; só há uma
razão, queé exercida ou prática ou teoricamente. De modo geral a razão
signi�ca a faculdade de ultrapassar o âmbito dos sentidos, da natureza.
A ultrapassagem dos sentidos pelo conhecimento é o uso teórico da
razão, na ação é o uso prático da razão.
A razão pura também é chamada por Kant de �loso�a transcendental, aquela que
ocorre quando temos conceitos, de�nições puras que atingimos através de análises
da própria razão. Já a razão prática procura nos apontar um princípio para a
moralidade, pois, para ele, a moral não vem da experiência, o que tornaria a moral
fraca e sem sentido.
REFLITA
Você já se desa�ou em sua vida? Já criticou o que pensa ou pensou? Já
parou para tentar superar algo que está em duas frentes? Que tal tentar
responder a essas perguntas ou a perguntas como “o que posso saber?
O que posso esperar? O que devo fazer?”.
Para prosseguir o raciocínio, responda a pergunta a seguir para você mesmo: você se
acha livre? Você pode ser livre e ético ao mesmo tempo? Assim que responder a si
mesmo, poderemos prosseguir com a ideia de Kant, pois, para ele, a razão prática diz
que somos livres e essa razão que tomamos e utilizamos nos dá o conceito real para
decidirmos entre ser moral ou imoral. Vale ressaltar que a razão prática nos dá
autonomia em relação à liberdade, ao agir, determinando nossas ações concretas.
A moral proposta por Kant nos leva a de�nir o chamado dever, que, por sua vez, não
diz respeito a um indivíduo ou a outro, mas, sim, a todos os seres humanos, pois
temos a partir daí uma razão moral com princípios racionais, uma vez que o próprio
Kant (2008) dizia que a “virtude é a força da máxima do homem em sua obediência
ao dever”.
As Leis da Razão Kantiana
Você respeita as regras sociais? Sempre agiu dentro das leis da sociedade? Como
seres racionais que você e eu somos, agimos dentro das regras e leis sociais, pois,
segundo Kant, temos razão e, por isso, respeitamos o que nos é imposto. Mas que leis
são essas? Como analisá-las? Kant diz a você que essas leis podem ser categóricas ou
hipotéticas.
Observe o quadro a seguir para melhor compreensão:
CONCEITUANDO
Segundo Andrade (2011), a �loso�a prática de Kant busca a implantação
de uma lei moral que seja um princípio prático universal a ser seguido.
Essa parte da �loso�a kantiana traz o que podemos chamar de uma
fundamentação da moralidade, encontrando uma lei central para
determinar o agir com moralidade entre os homens, respeitando a
vontade, o dever e a liberdade, temas esses abordados em outros
momentos de nossa disciplina.
Para explicar melhor a proposta kantiana e a tabela acima, devemos a�rmar que o
imperativo hipotético visa um �m direto, te condiciona a esse �m. Já o chamado de
imperativo categórico é uma imposição, um dever imposto pela razão.
Assim, podemos ter noções morais utilizando a razão e abandonando o que está
pronto e acabado, ou seja, não acreditamos em tudo. Um exemplo clássico dessa
a�rmação seria utilizarmos a razão e, assim, jamais compartilhar as chamadas “fake
news” nas redes sociais, uma vez que procuraremos analisá-las racionalmente, não
acreditaremos no pronto e acabado.
Quadro 1 - Imperativo Hipotético E Categórico
IMPERATIVO HIPOTÉTICO IMPERATIVO CATEGÓRICO
Faz isso, mas na verdade quer fazer aquilo. Faz isso e pronto.
Cumpra tudo o a�rma, ou o que prometeu, isso se você quer
receber olhares de aprovação na sociedade.
Cumpra tudo o a�rma, ou o que
prometeu.
Você pode ser acostumado, condicionado se....
Você pode ser desacostumado,
incondicionado se....
O comando é o meio de se atingir o objetivo. O comando é o objetivo em si.
A vontade vem de algo exterior a você.
A vontade tem autonomia, ou seja,
vem de si, de você.
Independente da Razão Dependente da Razão.
Fonte: O Autor.
A Perspectiva Hegeliana e de
Bérgson de Cultura e de Dever
Nos itens anteriores, estudamos a �loso�a kantiana e também as ideias de Rousseau,
que, por sua vez, buscaram a conciliação sobre o dever humano e a natureza humana,
isso relacionado à moral. No entanto, não deixam claro a relação de ética, cultura e
dever. Hegel vem investigando essa problemática e a�rma que temos que superar as
propostas de Rousseau e Kant, pois ambos analisaram somente o homem e a
natureza humana, se esquecendo de olhar com calma para relação homem e cultura,
sem falar das relações pessoais entre os indivíduos, como entre as famílias, por
exemplo. É importante frisar que essas relações pessoais entre os indivíduos
determinam a moral e a ética dessas pessoas: imagine você que, desde pequeno,
ouviu de seus pais “devolva esse lápis. Não é seu.”, ou seja, ouviu seus responsáveis
ensinando-o o certo e o errado, o correto e o incorreto, o justo e o injusto. Como
desprezar essa relação familiar e pessoal no exercício da vida ética? 
Apesar de conhecer a importância dos estudos kantianos e de Rousseau, Hegel
a�rma que somos sujeitos históricos e culturais, ou seja, construímos nossa moral e,
nesse processo de construção, todas as instituições que compõem nossa sociedade
são importantes, pois é através delas que formamos o que estudamos no primeiro
capítulo: os valores.
A formação ética vai além de nossas vontades, ou seja, essas instituições apontam
para além de nossa vontade individual, criando a ideia que chamamos de dever.
Outro ponto a ser destacado é que não devemos cometer anacronismos, pois apesar
de formarmos nossa moralidade na cultura de uma sociedade, essa sociedade pode
ter novas partes culturais com o passar do tempo, ou seja, as normas morais da época
dos seus avós podem não ser as mesmas propostas a você. Por isso, Hegel
considerava que, cumprindo o dever imposto pela sociedade em que vivemos,
podemos ser livres e seguir as normas morais da sociedade, respeitando toda sua
in�uência.
Outra a�rmação importante destacada por Hegel é que, utilizando a razão, podemos
perceber essa mudança de uma sociedade para outra e até mesmo dentro de uma
sociedade. Isso ocorre quando começamos a transgredir as regras morais vigentes.
No século XX, Bergson, complementa a �loso�a hegeliana da relação do dever e o
tempo/cultura, apontando o que ele chama de moral aberta e moral fechada.
A moral fechada é o acordo entre os valores e os costumes de uma
sociedade e os sentimentos e as ações dos indivíduos que nela vivem. É
a moral repetitiva, habitual, respeitada quase automaticamente por nós.
Em contrapartida, a moral aberta é uma criação de novos valores e de
novas condutas que rompem a moral fechada, instaurando uma ética
nova. Os criadores éticos são, para Bergson, indivíduos excepcionais –
heróis, santos, profetas, artistas -, que colocam suas vidas a serviço de
um tempo novo, inaugurado por eles, graças a ações exemplares, que
contrariam a moral fechada vigente. (CHAUÍ, 2000, p. 40).
Já Hegel,
diria que a moral aberta bergsoniana só pode acontecer quando a
moralidade vigente está em crise, prestes a terminar, porque um novo
período histórico-cultural está para começar. A moral fechada quando
sentida como repressora e opressora, e a totalidade ética, quando
percebida como contrária à subjetividade individual, indicam aquele
momento em que as normas e os valores morais são experimentados
como violência e não mais como realização ética (CHAUÍ, 2000, p. 41).
Assim, podemos a�rmar que tanto Hegel quanto Bergson nos aproximam ainda mais
do ser moral com suas críticas e seus complementos.
@freepik
Você já deve ter ouvido seus avós ou
seus pais dizendo “na minha época,
só de meu pai olhar, eu já sabia que
depois tinha uma surra” . 
Talvez ouviu também “ai de mim se
passasse pelo meio da conversa de
pai e a visita sem pedir licença” .
Diante disso, percebemos que, sendo
verdade ou uma fantasia do seu
responsável, essas falas nos ensinam
a compreender que a sociedade
muda culturalmente e nos molda
moralmente. 
A Ética de Espinosa 
Para Espinosa, todos os seres têm uma ligação com o ser divino e ele dá a essa
ligação o nome de Conatus, ou seja, uma força vital que expressa o corpo e a alma
juntos. Parece loucura esse início deconteúdo, mas não é. Para ele, há as paixões
alegres e paixões tristes, que não se separam e que crescem de acordo com cada
uma, como, por exemplo, os desejos e vontades, que surgem mais das alegres do que
das tristes. Se você ainda não entendeu, vamos começar explicando como elas
nascem.
Desejos nascidos da tristeza:
“[...] (inveja, ódio, medo, orgulho, ciúme, vingança) são mais fracos por que impedem o
crescimento, corrompem as relações e as orientam para as formas de exploração e
destruição” (ARANHA, 2013, p. 194).
Desejos nascidos da alegria:
[...] (amor, amizade, generosidade, benevolência, gratidão) são mais fortes porque
aumentam nossa capacidade de agir e de pensar, permitem o desenvolvimento
humano, facilitam o encontro de pessoas (ARANHA, 2013, p. 194).
En�m, podemos a�rmar, em outras palavras, que a alegria faz o corpo e alma
expandirem seus talentos, fazendo com que o ser humano se afaste das coisas tristes.
Vale destacar seu pensamento diferente dos outros �lósofos estudados que
classi�cam a razão superior aos sentimentos, não cabendo a ela o controle dos afetos
humanos. Para Espinosa (2017), os desejos jamais serão dominados por uma ideia ou
uma vontade, mas somente por outro sentimento mais forte. Mas onde entra a
liberdade nisso? De acordo com ele, a liberdade não pode ser corrompida por nada se
houver as paixões tristes que reservam o ser humano e não os torna escravos.
SAIBA MAIS
O �lósofo holandês Baruch Espinosa viveu no século XVII e deixou uma
ideia destacada por vários estudiosos, sendo considerado por muitos um
dos grandes nomes do debate sobre ética e liberdade. Espinosa (2017)
considera que Deus não é um ser transcendente separado daquilo que
criou, ou seja, é uma substância que criou o universo inteiro e não se
separa da matéria, por isso do termo “Deus sive Natura”: Deus ou
Natureza.
Devemos, pois, nos dedicar, sobretudo, à tarefa de conhecer, tanto
quanto possível, clara e distintamente, cada afeto, para que a mente seja,
assim, determinada, em virtude do afeto, a pensar aquelas coisas que
percebe clara e distintamente e nas quais encontra a máxima satisfação
(ESPINOSA, 2017, p. 217).
Espinosa foi excomungado de sua religião e, a partir daí, começou a desenvolver suas
teses, nas quais ele valoriza a felicidade humana, descartando a tradição cristã que,
para ele, faz com que o homem se torne fraco e sem valor. O autor a�rma que
ninguém é totalmente livre e sempre é ligado a algo na vida, não podendo agir como
quer ou como bem entender, pois sua ética a�rma que o homem acaba tornando-se
escravo das paixões.
Para Espinosa (2017), Deus é uma força, um ser, grande e poderoso que não tem
tempo para voltar o olhar aos insigni�cantes humanos, ou seja, Deus, para ele, não é
responsável pelo que acontece com você, pois você é fruto das suas próprias escolhas.
Absorvendo a Ética de Espinosa, o homem tem paz, pois passa acreditar que sua
salvação nasce do conhecimento próprio.
SAIBA MAIS
A liberdade é, provavelmente, a maior conquista humana e, com isso,
temos diversos �lósofos que passaram a estudar e publicaram várias
obras abordando a liberdade em si. Entre eles, podemos citar Marx,
Sartre, Descartes, Kant e outros. Por exemplo, Descartes a�rmou que a
liberdade é motivada pela decisão humana e, muitas vezes, essa vontade
depende de outros fatores, como dinheiro ou bens materiais.
Fonte: Santos (2017).
A Concepção Contemporânea de
Virtude e o Racionalismo Ético
A concepção contemporânea de virtudes é repleta de fatores sociais e lógicos, uma
vez que devemos considerar e focar na virtude e no caráter humano, o que nos
possibilita entender melhor as pro�ssões e suas características básicas.
Adaptando o que diz Solomon (2006), a vida corporativa para pro�ssão, e, por �m seu
sucesso, vai depender do caráter e da personalidade do pro�ssional. Vale ressaltar
que as virtudes pro�ssionais vão depender do local e da cultura onde se aplicam, pois
os valores adquiridos pelo pro�ssional vão nortear toda a instituição representada por
ele.
Ainda de acordo com Solomon (2006), Aristóteles considera que as virtudes são
de�nidas com a prática humana na sociedade e do próprio ser humano em questão.
Assim, a soma das virtudes do indivíduo e da instituição que ele exerce sua pro�ssão
satisfaz as necessidades da sociedade, pois contempla todos os desejos humanos e as
relações interpessoais. 
Podemos a�rmar que, até o momento, conhecemos diversas teorias sobre ética, nas
quais algumas se completam e outras se diferem, mas podemos chegar à conclusão
de que ela, bem como suas virtudes, é extremamente necessária para que ocorra
uma ótima convivência em sociedade.
Toda pro�ssão e instituição precisam de indivíduos com virtudes capazes de somar,
contemplando a missão proposta por ambas. Pergunto, então, a você: quais as
virtudes você tem ou pode adquirir para se somar a sua pro�ssão e/ou para
instituição em que vai oferecer e/ou exercer seu trabalho? Pense e re�ita na
importância da sua virtude, pois, na contemporaneidade, temos muitos desa�os para
sua virtude – desde o consumo do álcool até mesmo as redes sociais podem
demonstrar a virtude humana desenfreada. A partir daí você pode utilizar a Razão, ou
o racionalismo ético, isso em todas suas vertentes, pois temos de�nições diferentes
de razão também, que se completam.
Observe abaixo algumas explicações para as diferentes formas de racionalismo:
Mesmo com tantas de�nições acima, você pode entender o racionalismo ético,
mesmo que super�cialmente, associando-se à virtude contemporânea debatida em
vários momentos e compreender que você precisa se encontrar na sociedade,
fazendo suas escolhas para ser um pro�ssional de excelência.
I. No sentido metafísico, doutrina segundo a qual nada existe que não
tenha sua razão de ser, de tal maneira que por direito, senão de fato, não
há nada que não seja inteligível.
II. Doutrina segundo a qual todo conhecimento certo provém de
princípios irrecusáveis, a priori, evidentes, de que ela é consequência
necessária, e por si sós, os sentidos não podem fornecer senão uma ideia
confusa e provisória da verdade. (Descartes, Espinoza, Hegel)
III. Doutrina segundo a qual só nos devemos �ar na razão (sistemas de
princípios universais e necessários) e não admitir nos dogmas religiosos
senão o que ela reconhece como lógico e satisfatório segundo a luz
natural. (Teólogos, de�nição dominante até século XIX).
IV. A experiência só é possível para um espírito que tenha disciplina
intelectual: fé na razão, na evidência e na demonstração; crença na
e�cácia da luz natural. (Kant).
Fonte: GOMES, W. B. Relações entre Psicologia e Filoso�a: A psicologia
�losó�ca. Psicologia/Filoso�a, Porto Alegre, [S.I.], 2003.
Acesse: http://www.ufrgs.br/museupsi/dicotomia.htm
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Livro
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Filme
Filme
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Ética, esportes e educação
física
AUTORIA
Cleber Henrique Sanitá Kojo 
Guilherme França Fusco
Sumário
Introdução
1 - Valores Éticos e Morais no Sistema CONFEF/CREFs (Conselho
Federal e Regional de Educação Física)
2 - Código de Ética Pro�ssional e Exercício Pro�ssional
3 - Ética e Vida Pro�ssional
4 - Identi�cando Valores para o Estudo do Esporte
5 - Esporte, ética e intervenção no campo da Educação Físic
6 - Ética e Docência
7 - Ética no Esporte, Ética Pro�ssional, Fair Play e Olimpismo
8 - Ética do Pro�ssional de Educação Física: do Dever-Ser ao Dever-
Fazer
Considerações Finais
Introdução
Seja muito bem-vindo (a)!
Caro (a) aluno (a), �que atento, pois identi�caremos juntos as transformações que
podemos proporcionar a sociedade através do que será abordado nesta disciplina.
Estudando, lendo e analisando os conteúdos das unidades III e IV construiremos uma
base para triunfar sobre os instrumentos propostos. Meu objetivo é que consigamos
construir uma sapiência sobre a Ética na Educação Física, fazendo com que se
esclareça o comportamento pro�ssional do professor em suas áreas de atuação.
Proponho um entendimento em conjunto sobre os documentosque nos norteiam
CONFEF/CREFS (Conselho Federal e Regionais de Educação Física), acerca dos
Valores Éticos e Morais do Sistema. Vamos explorar tudo o que puder relacionar a
Ética ao exercício pro�ssional e descobriremos a relação Ética e vida pro�ssional.
Direcionaremos para a identi�cação dos valores dos estudos dos esportes, veri�cando
a importância de a Ética estar inserida nos Esportes e a sua intervenção no campo da
Educação Física. Proponho ainda que juntos possamos despertar a curiosidade sobre
a importância do assunto na sociedade e na área pro�ssional.
Vamos explorar os conceitos Ética e Docência, trazendo valores que possamos
experimentar na prática docente. Exploraremos também situações que
contextualizam a Ética nas variadas formas de ver o esporte.
Por �m, desvendaremos a Ética do Pro�ssional de Educação Física do dever-ser ao
dever-fazer, além de como a postura do professor interfere na resolução de situações
e vivências que possam acontecer no cotidiano.
Muito obrigado e bom estudo!
Plano de Estudo:
1. Valores Éticos e Morais no Sistema CONFEF/CREFs (Conselho Federal e Regional
de Educação Física);
2. Código de Ética Pro�ssional e exercício pro�ssional;
3. Ética e vida pro�ssional;
4. Identi�cando Valores para o Estudo do Esporte;
5. Esporte, Ética e Intervenção no campo da Educação Física;
6. Ética e docência;
7. Ética no esporte, ética pro�ssional, fair play e olimpismo;
8. Ética do Pro�ssional de Educação Física: do dever-ser ao dever-fazer.
Objetivos de Aprendizagem:
1. Conhecer e apontar quais são os Valores Éticos e Morais no Sistema
CONFEF/CREFs (Conselho Federal e Regional de Educação Física);
2. Entender o Código de Ética Pro�ssional e exercício pro�ssional;
3. Compreender Ética e vida pro�ssional;
4. Identi�car os Valores para o Estudo do Esporte;
5. Contextualizar o Esporte, Ética e Intervenção no campo da Educação Física;
6. Conhecer sobre Ética e docência;
7. Compreender a Ética no esporte, ética pro�ssional, fair play e olimpismo;
8. Entender a Ética do Pro�ssional de Educação Física: do dever-ser ao dever fazer.
Valores Éticos e Morais no
Sistema CONFEF/CREFs
(Conselho Federal e Regional de
Educação Física)
Na década de 90, próximo ao ano 2000, mais exatamente em 1° de setembro de 1998,
entrou em vigor a Lei n° 9.696, que dispõe sobre a regulamentação da pro�ssão de
Educação Física e cria os respectivos Conselho Federal e Conselhos Regionais de
Educação Física.  Este conselho, dentro de seu estatuto, cria uma Comissão de Ética
Pro�ssional, a qual lhe dá a competência de, entre outras atribuições, zelar pela
observância dos princípios do Código de Ética do Pro�ssional de Educação Física,
trazendo em sua Resolução n° 307/2015 o Código de Ética dos Pro�ssionais de
Educação Física registrados no Sistema CONFEF/CREFs, buscando como ideal da
pro�ssão a prestação de um atendimento melhor e mais quali�cado a um número
cada vez maior de pessoas, tendo ainda como referencial um conjunto de princípios,
normas e valores éticos livremente assumidos, individual e coletivamente, pelos
pro�ssionais de Educação Física.
A construção do Código de Ética para a Pro�ssão de Educação Física foi
desenvolvida através do estudo da historicidade da sua existência, da
experiência de um grupo de pro�ssionais brasileiros da área e da
resposta da comunidade especí�ca de pro�ssionais que atuam com esse
conhecimento em nosso país.
Assim, foram estabelecidos os 12 (doze) itens norteadores da aplicação do
Código de Ética, que �xa a forma pela qual se devem conduzir os
Pro�ssionais de Educação Física registrados no Sistema CONFEF/CREFs:
I - O Código de Ética dos Pro�ssionais de Educação Física, instrumento
regulador do exercício da Pro�ssão, formalmente vinculado às Diretrizes
Regulamentares do Sistema CONFEF/CREFs, de�ne-se como um
instrumento legitimador do exercício da pro�ssão, sujeito, portanto, a um
aperfeiçoamento contínuo que lhe permita estabelecer os sentidos
educacionais, a partir de nexos de deveres e direitos;
II - O Pro�ssional de Educação Física registrado no Sistema
CONFEF/CREFs e, consequentemente, aderente ao presente Código de
Ética, na qualidade de interventor social, deve assumir compromisso
ético para com a sociedade, colocando-se a seu serviço primordialmente,
independentemente de qualquer outro interesse, sobretudo de natureza
corporativista; 
IIII - Este Código de Ética de�ne, para seus efeitos, no âmbito de toda e
qualquer atividade física, como destinatário, o Pro�ssional de Educação
Física registrado no Sistema CONFEF/CREFs e, como bene�ciários das
intervenções pro�ssionais os indivíduos, grupos, associações e
instituições que compõem a sociedade. O Sistema CONFEF/CREFs é a
instituição mediadora, por exercer uma função educativa, além de atuar
como reguladora e codi�cadora das relações e ações entre bene�ciários
e destinatários;
IV - A referência básica deste Código de Ética, em termos de
operacionalização, é a necessidade em se caracterizar o Pro�ssional de
Educação Física diante das diretrizes de direitos e deveres estabelecidos
normativamente pelo Sistema CONFEF/CREFs. Tal Sistema deve visar
assegurar por de�nição: qualidade, competência e atualização técnica,
cientí�ca e moral dos Pro�ssionais nele incluídos através de inscrição
legal e competente registro; 
V - O Sistema CONFEF/CREFs deve pautar-se pela transparência em suas
operações e decisões, devidamente complementada por acesso de
direito e de fato dos bene�ciários e destinatários à informação gerada
nas relações de mediação e do pleno exercício legal. Considera-se
pertinente e fundamental, nestas circunstâncias, a viabilização da
transparência e do acesso ao Sistema CONFEF/CREFs, através dos meios
possíveis de informação e de outros instrumentos que favoreçam a
exposição pública;
VI - Em termos de fundamentação �losó�ca o Código de Ética visa
assumir a postura de referência quanto a direitos e deveres de
bene�ciários e destinatários, de modo a assegurar o princípio da
consecução aos Direitos Universais. Buscando o aperfeiçoamento
contínuo deste Código, deve ser implementado um enfoque cientí�co,
que proceda sistematicamente à reanálise de de�nições e indicações
nele contidas. Tal procedimento objetiva proporcionar conhecimentos
sistemáticos, metódicos e, na medida do possível, comprováveis;
VII - As perspectivas �losó�cas, cientí�cas e educacionais do Sistema
CONFEF/CREFs se tornam complementares a este Código, ao se
avaliarem fatos na instância do comportamento moral, tendo como
referência um princípio ético que possa ser generalizável e
universalizado. Em síntese, diante da força de lei ou de mandamento
moral (costumes) de bene�ciários e destinatários, a mediação do
Sistema produz-se por meio de posturas éticas (ciência do
comportamento moral), símiles à coerência e fundamentação das
proposições cientí�cas; 
VIII - O ponto de partida do processo sistemático de implantação e
aperfeiçoamento do Código de Ética dos Pro�ssionais de Educação
Física delimita-se pelas Declarações Universais de Direitos Humanos e da
Cultura, como também pela Agenda 21, que situa a proteção do meio
ambiente em termos de relações entre os homens e mulheres em
sociedade e ainda, através das indicações referidas na Carta Brasileira de
Educação Física (2000), editada pelo CONFEF. Estes documentos de
aceitação universal, elaborados pelas Nações Unidas, e o Documento de
Referência da qualidade de atuação dos Pro�ssionais de Educação Física,
juntamente com a legislação pertinente à Educação Física e seus
Pro�ssionais nas esferas federal, estadual e municipal, constituem a base
para a aplicação da função mediadora do Sistema CONFEF/CREFs no
que concerne ao Código de Ética;
IX – Além, da ordem universalista internacional e da equivalente legal
brasileira, o Código de Ética deverá levar em consideração valores que lhe
conferem o sentido educacional almejado. Em princípio, tais valores
como liberdade, igualdade, fraternidade e sustentabilidade com relação
ao meio ambiente, são de�nidos nos documentos já referidos.Em
particular, o valor da identidade pro�ssional no campo da atividade física
- de�nido historicamente durante séculos - deve estar presente,
associado aos valores universais de homens e mulheres em suas relações
socioculturais;
X - Tendo como referências a experiência histórica e internacional dos
Pro�ssionais de Educação Física no trato com questões técnicas,
cientí�cas e educacionais, típicas de sua pro�ssão e de seu preparo
intelectual, condições que lhes conferem qualidade, competência e
responsabilidade, entendidas como o mais elevado e atualizado nível de
conhecimento que possa legitimar o seu exercício, é fundamental que
desenvolvam suas atuações visando sempre preservar a saúde de seus
bene�ciários nas diferentes intervenções ou abordagens conceituais; 
Tendo esses itens como norteadores, foram classi�cados alguns princípios aos quais
se pauta o Pro�ssional de Educação Física no Art. 4° da resolução citada, tais como: o
respeito à vida e à dignidade, à integridade e aos direitos do indivíduo, a
responsabilidade social, ausência de discriminação ou preconceito de qualquer
natureza, o respeito a ética nas diversas atividades pro�ssionais, a valorização da
identidade pro�ssional no campo das atividades físicas, esportivas e similares, a
sustentabilidade do meio ambiente, prestação, sempre, do melhor serviço a um
número cada vez maior de pessoas, com competência, responsabilidade e
honestidade e atuação dentro das especi�cidades do seu campo e área do
conhecimento, no sentido da educação e do desenvolvimento das potencialidades
humanas, daqueles aos quais prestam serviços.
No mesmo documento, o Art. 5° rege as diretrizes para a atuação dos órgãos
integrantes do Sistema CONFEF/CREFs e para o desempenho da atividade
pro�ssional em Educação Física, sendo elas: comprometimento com a preservação
da saúde do indivíduo e da coletividade e com o desenvolvimento físico, intelectual,
cultural e social do bene�ciário de sua ação, o aperfeiçoamento técnico, cientí�co,
ético e moral dos Pro�ssionais registrados no Sistema CONFEF/CREFs, a
transparência em suas ações e decisões, garantida por meio do pleno acesso dos
bene�ciários e destinatários às informações relacionadas ao exercício de sua
competência legal e regimental, a autonomia no exercício da pro�ssão, respeitados
os preceitos legais e éticos e os princípios da bioética, priorização do compromisso
ético para com a sociedade, cujo interesse será colocado acima de qualquer outro,
sobretudo do de natureza corporativista, integração com o trabalho de pro�ssionais
de outras áreas, baseada no respeito, na liberdade e independência pro�ssional de
cada um e na defesa do interesse e do bem-estar dos seus bene�ciários.
Por �m, quando o pro�ssional efetua seu registro no CONFEF/CREFs, seja para
licenciatura ou bacharelado, implica em total aceitação e submissão às normas e
princípios contidos neste código.
XI - A preservação da saúde dos bene�ciários implica sempre na
responsabilidade social dos Pro�ssionais de Educação Física, em todas as
suas intervenções. Tal responsabilidade não deve e nem pode ser
compartilhada com pessoas não credenciadas, seja de modo formal,
institucional ou legal;
XII - Levando-se em consideração os preceitos estabelecidos pela
bioética, quando de seu exercício, os Pro�ssionais de Educação Física
estarão sujeitos sempre a assumirem as responsabilidades que lhes
cabem. (CONFEF/CREFs, 2020).
SAIBA MAIS
“Compete ao Pro�ssional de Educação Física coordenar, planejar,
programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar e executar
trabalhos, programas, planos e projetos, bem como prestar serviços de
auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos especializados,
participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar
informes técnicos, cientí�cos e pedagógicos, todos nas áreas de
atividades físicas e do desporto”.
Fonte: Brasil (1998).
REFLITA
De acordo com Paolucci (2013), a aplicação do mesmo Código de ética
também proporciona a transformação da vida das pessoas para a
melhor, e não somente proporciona grandes conquistas tecnológicas e
metodológicas de todas as áreas demarcadas pelos pro�ssionais.
Código de Ética Pro�ssional e
Exercício Pro�ssional
Compete ao CONFEF editar e alterar o Código de Ética do Pro�ssional de Educação
Física, através de uma Comissão de Ética pro�ssional a qual tem a responsabilidade
de: propor mudanças no Código de Ética do Pro�ssional de Educação Física, também
zelar pela observância dos princípios do Código de Ética do Pro�ssional de Educação
Física, funcionar como Conselho Superior de Ética Pro�ssional, examinar e julgar os
recursos das decisões dos Tribunais Regionais de Ética, inclusive, determinando
diligências necessárias à sua instrução, levando, após o julgamento, ao conhecimento
do Plenário, responder consultas e orientar as Comissões de Ética dos CREFs sobre o
disposto no Código de Ética do Pro�ssional de Educação Física e no Código
Processual de Ética, responder consultas e orientar sobre a conduta esperada dos
Pro�ssionais de Educação Física. Vale ressaltar que esse código de ética compete
tanto aos licenciados como aos bacharéis.
SAIBA MAIS
Revista Educação Física UNIFAFIBE, Ano II, n. 2, p. 125-142, dezembro/2013.
a) Respeito mútuo e cumprimento dos deveres sociais e políticos;
b) Senso criativo e crítico construtivo;
c) Auto valorização da cultura brasileira;
d) Respeito às diferenças;
e) Valorização do ambiente em que se vive;
f) Desenvolver auto con�ança, afetividade e respeito para com seu
próximo;
g) Adquirir hábitos saudáveis para sua qualidade de vida e de todos;
h) Se expressar, interpretar, e produzir conhecimento de forma verbal,
matemática, grá�ca, plástica e corporal;
i) Se utilizar de diversos recursos tecnológicos;
j) Solucionar problemas de forma lógica, criativa e intuitiva.
É tarefa da Educação Física escolar, portanto, garantir o acesso dos
alunos às práticas da cultura corporal, contribuir para construção de um
estilo pessoal de exercê-las e oferecer instrumentos para que sejam
capazes de apreciá-las criticamente (PCNs 2000, p. 28).
Ética e Vida Pro�ssional
Para discutirmos a Ética na vida pro�ssional, precisamos antes levantar os
questionamentos concernentes à formação pro�ssional na sociedade.
Enfatizando a ética como condição primordial para os futuros
pro�ssionais, haja vista que a ética acontece no interior do ser humano e
se veri�ca a partir do momento em que questionamos a ação ou
conduta praticada ou que se pretende praticar, como uma maneira de
controle interno da ação humana (D’ALVA, 2004, p. 08).
A sociedade é produto de ações individuais e coletivas. Cada pro�ssional deve ter,
desde a sua formação, a capacidade de questionar e revisar suas ações
constantemente. Os códigos deontológicos que fazem parte da formação de cada
pro�ssão devem ser como bússola que orienta preceitos morais e não ter caráter
corporativista de proteção aos pro�ssionais (KIPPER, 2003).
O pro�ssional de Educação Física, por sua vez, tem uma abrangência de atuação, a
qual sua formação permite explorar inúmeros segmentos das manifestações da
atividade física além dos esportes, com suas características especí�cas. De acordo
com o Art. 9 do Estatuto do Conselho Federal de Educação Física – CONFEF de 2010,
são elas:
Ginásticas, exercícios físicos, desportos, jogos, lutas, capoeira, artes
marciais, danças, atividades rítmicas, expressivas e acrobáticas,
musculação, lazer, recreação, reabilitação, ergonomia, relaxamento
corporal, ioga, exercícios compensatórios à atividade laboral e do
cotidiano e outras práticas corporais, sendo da sua competência prestar
serviços que favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde,
contribuindo para a capacitação e/ou restabelecimento de níveis
adequados de desempenho e condicionamento �siocorporal dos seus
bene�ciários, visando à consecução do bem-estar e da qualidade de
vida, da consciência, da expressão e estética do movimento, da
prevenção de doenças, de acidentes, de problemas

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