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2013 Ética Profissional em serviço social Profª. Vera Lúcia Hoffmann Pieritz Copyright © UNIASSELVI 2013 Elaboração: Profª. Vera Lúcia Hoffmann Pieritz Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 362.850981 P615e Pieritz, Vera Lúcia Hoffmann Ética profissional em serviço social/ Vera Lúcia Hoffmann Pieritz. Indaial : Uniasselvi, 2013. 197 p. : il ISBN 978-85-7830-817-9 I. Ética profissional. 1.Centro Universitário Leonardo da Vinci. III aPresentação Caro(a) acadêmico(a)! Iniciamos os estudos de Ética Profissional em Serviço Social. Entraremos no mundo intrínseco do relacionamento e do comportamento humano e suas regras de conduta, no qual trabalharemos a questão da formação dos princípios morais e éticos dos homens que vivem em sociedade. Portanto, esta disciplina aborda a compreensão dos significados dos princípios norteadores da ética, além de propiciar um conhecimento dos fundamentos ético-morais do exercício profissional do Assistente Social e promover uma reflexão e uma discussão sobre as questões ético-morais, na relação indivíduo e sociedade. Esta disciplina pretende, também, fomentar o debate sobre as diversas dimensões ético-morais da vida social e profissional, promover uma consciência crítica referente aos valores e princípios norteadores do exercício profissional e apresentar os fundamentos e significados do código de ética dos Assistentes Sociais. Para que você possa compreender estes conceitos de ética, valores e moral e os assuntos pertinentes às questões éticas do cotidiano profissional do Assistente Social, proporcionaremos uma reflexão acerca do espaço da ética na relação indivíduo e sociedade, de modo que você possa trabalhar estes conceitos, permitindo que os mesmos interajam nas dimensões ético- morais da vida social e profissional. De modo prático, sobre os assuntos abordados, esta disciplina será dividida em três unidades principais. Na primeira unidade, você discutirá questões em torno das principais definições da ética, no intuito de compreender o seu significado e os seus princípios norteadores; aprofundar os conhecimentos acerca dos princípios e valores morais de nossa sociedade e identificar as diversas questões éticas contemporâneas. No Tópico 1, discutiremos os significados da ética profissional do Assistente Social, trabalhando os aspectos básicos, correlacionados à ética e à moral do comportamento humano em sociedade. No Tópico 2, abordaremos as questões referentes à ética como um modo de viver e conviver, no qual trabalhamos as diferenças entre ética e moral; as origens ou bases fundamentais da existência humana e a conduta moral, ou seja, trabalhamos o significado do bem e mal, do certo e errado. IV No Tópico 3, procuraremos trabalhar a compreensão dos conceitos e características dos valores e virtudes morais, que formam os princípios norteadores da ética. Além de tratarmos da questão da essência da moral, com embasamentos éticos para a vida cotidiana e os valores e princípios morais dos seres humanos. No Tópico 4, abordaremos as questões da ética no nosso dia a dia, ou seja, como se processam as questões éticas, na contemporaneidade, além de trabalharmos a questão da escolha e da responsabilidade, por meio da liberdade, como a capacidade humana. Na segunda unidade, você conhecerá os fundamentos ético-morais do exercício profissional dos Assistentes Sociais; promoverá a reflexão e discussão sobre as questões ético-morais na relação indivíduo e sociedade; fomentará o debate sobre as diversas dimensões ético-morais da vida social e profissional e promoverá uma consciência crítica referente aos valores e princípios norteadores do exercício profissional do Assistente Social. No Tópico 1, abordaremos, com detalhes, a natureza, o significado e as características fundamentais da ética profissional, além de trabalhar as questões relativas ao cotidiano da prática profissional e das finalidades ético-morais da reprodução social. No Tópico 2, trabalharemos como se processa o espaço da ética na relação indivíduo versus sociedade, no qual perpassamos por alguns aspectos históricos da construção ética-moral da sociedade. Demonstramos, ainda, a inter-relação natural do comportamento moral entre os homens, principalmente na questão da construção subjetiva do homem, ou seja, o homem como ser individual. No Tópico 3, trabalharemos os vários aspectos das relações entre o trabalho, a ética e o ser social, verificando as relações éticas no mundo do trabalho. No Tópico 4, abordaremos a questão da ética profissional do serviço social e seu projeto ético-político, no qual se trabalhou como se processam as intervenções éticas na prática profissional do Assistente Social e seu objeto de trabalho, as expressões da questão social. Na terceira unidade, você compreenderá os fundamentos e significados do código de ética dos Assistentes Sociais. Além de ter um link com os Conselhos de Fiscalização do Serviço Social. No Tópico 1, abordaremos os principais fundamentos e significados do código de ética dos Assistentes Sociais. No Tópico 2, abordaremos uma discussão referente aos direitos e deveres gerais do Assistente Social. Direitos e deveres assegurados pelo Código de Ética do Assistente Social. V Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA No Tópico 3, somente apresentaremos, na íntegra, o Código de Ética do Assistente Social. No Tópico 4, apresentaremos os diversos Conselhos de Fiscalização do Serviço Social, o CFESS – Conselho Federal do Serviço Social e o CRESS – Conselho Regional do Serviço Social. Prontos para começar a compreender o significado da ética profissional em serviço social? Então, mãos à obra! Bons estudos, e sucesso! Profª. Vera Lúcia Hoffmann Pieritz VI VII UNIDADE 1 – A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS ......................................................................... 1 TÓPICO 1 – O QUE É ÉTICA? .............................................................................................................. 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 PROBLEMAS MORAIS E ÉTICOS ................................................................................................... 3 3 O CAMPO DA ÉTICA: SEUSIGNIFICADO E A FORMAÇÃO DO SUJEITO ÉTICO- MORAL .................................................................................................................................................. 5 4 OS IDEAIS ÉTICOS: UMA INVESTIGAÇÃO DOS FUNDAMENTOS ÉTICOS .................. 8 LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 9 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 10 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 16 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 17 TÓPICO 2 – ÉTICA: UM MÉTODO DE VIVER E CONVIVER ..................................................... 19 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19 2 DIFERENÇA ENTRE ÉTICA E MORAL .......................................................................................... 19 3 A GÊNESE DA CONSCIÊNCIA MORAL: A NECESSIDADE DO DESENVOLVIMENTO HUMANO .............................................................................................................................................. 21 4 CONDUTA MORAL: O BEM E O MAL, O CERTO E O ERRADO ........................................... 23 LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 26 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 27 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 34 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 35 TÓPICO 3 – OS VALORES E A MORAL COMO PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ÉTICA . 37 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 37 2 A ESSÊNCIA DA MORAL COM EMBASAMENTOS ÉTICOS PARA A VIDA COTIDIANA .37 3 OS VALORES E PRINCÍPIOS MORAIS ......................................................................................... 40 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 45 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 48 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 50 TÓPICO 4 – A ÉTICA NA CONTEMPORANEIDADE ................................................................... 51 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 51 2 ALGUMAS QUESTÕES ÉTICAS POLÊMICAS DA ATUALIDADE ........................................ 51 2.1 FAMÍLIA ........................................................................................................................................... 52 2.2 SOCIEDADE CIVIL ......................................................................................................................... 52 2.3 ESTADO ............................................................................................................................................ 53 3 ÉTICA E LIBERDADE: A LIBERDADE COMO CAPACIDADE HUMANA ........................... 54 LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 54 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 58 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 61 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 62 sumário VIII UNIDADE 2 – A ÉTICA E OS FUNDAMENTOS DA PRÁTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL ................................................................................................. 63 TÓPICO 1 – OS FUNDAMENTOS ÉTICO-MORAIS DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL ..................................................................................................... 65 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 65 2 A NATUREZA E OS FUNDAMENTOS DA ÉTICA PROFISSIONAL ...................................... 65 3 O SIGNIFICADO DA ÉTICA PROFISSIONAL ............................................................................ 67 4 ÉTICA, O COTIDIANO E A PRÁTICA PROFISSIONAL ........................................................... 69 LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 72 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 73 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 77 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 79 TÓPICO 2 – O ESPAÇO DA ÉTICA NA RELAÇÃO INDIVÍDUO E SOCIEDADE ................. 81 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 81 2 AS BASES HISTÓRICAS DA SOCIEDADE NA CONSTRUÇÃO DA ÉTICA ....................... 81 LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 84 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 85 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 90 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 91 TÓPICO 3 – A RELAÇÃO ENTRE TRABALHO, SER SOCIAL E ÉTICA ................................... 93 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 93 2 O QUE É TRABALHO? ........................................................................................................................ 93 3 A ÉTICA DO TRABALHO .................................................................................................................. 94 LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 97 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 98 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................101 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................103 TÓPICO 4 – A ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL E SEU PROJETO ÉTICO- POLÍTICO .........................................................................................................................105 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1052 AS INTERVENÇÕES ÉTICAS NA PRÁTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL .............................................................................................................................................................105 3 O OBJETO DA PRÁTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL ..............................106 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................111 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................123 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................125 UNIDADE 3 – O CÓDIGO DE ÉTICA DOS ASSISTENTES SOCIAIS BRASILEIROS E OS CONSELHOS DE FISCALIZAÇÃO ........................................................................127 TÓPICO 1 – FUNDAMENTOS E SIGNIFICADOS DO CÓDIGO DE ÉTICA DOS ASSISTENTES SOCIAIS ...............................................................................................129 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129 2 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CÓDIGO DE ÉTICA ......................................................130 2.1 LIBERDADE ...................................................................................................................................130 2.2 DIREITOS HUMANOS .................................................................................................................132 2.3 CIDADANIA ..................................................................................................................................134 2.4 DEMOCRACIA ..............................................................................................................................136 IX 2.5 EQUIDADE E JUSTIÇA SOCIAL ................................................................................................137 2.6 RESPEITO À DIVERSIDADE .......................................................................................................138 2.7 PLURALISMO ................................................................................................................................139 2.8 PROJETO PROFISSIONAL ..........................................................................................................140 2.9 MOVIMENTOS SOCIAIS .............................................................................................................141 2.10 QUALIDADE DOS SERVIÇOS PRESTADOS..........................................................................142 2.11 INDISCRIMINAÇÃO ..................................................................................................................143 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................145 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................150 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................154 TÓPICO 2 – DOS DIREITOS E DAS RESPONSABILIDADES GERAIS DO ASSISTENTE SOCIAL ............................................................................................................................157 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................157 2 DOS DIREITOS GERAIS DO ASSISTENTE SOCIAL ...............................................................157 3 DOS DEVERES GERAIS DO ASSISTENTE SOCIAL ................................................................158 4 O QUE O ASSISTENTE SOCIAL NÃO PODE FAZER ...............................................................159 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................161 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................162 TÓPICO 3 – O CÓDIGO DE ÉTICA DO ASSISTENTE SOCIAL BRASILEIRO ....................163 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................163 2 O CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DOS/DAS ASSISTENTES SOCIAIS ...................166 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................179 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................180 TÓPICO 4 – OS CONSELHOS DE FISCALIZAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL .........................181 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................181 2 CFESS – CONSELHO FEDERAL DO SERVIÇO SOCIAL .........................................................181 3 CRESS – CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL ..........................................184 4 OUTRAS ENTIDADES CORRELACIONADAS AO SERVIÇO SOCIAL ...................186 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................187 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................193 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................194 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................195 X 1 UNIDADE 1 A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • compreender o significado da ética e seus princípios norteadores; • aprofundar os conhecimentos acerca dos princípios e valores morais de nossa sociedade; • identificar as diversas questões éticas contemporâneas. A Unidade 1 está dividida em quatro tópicos. Ao final de cada um deles, você terá a oportunidade de fixar seus conhecimentos, realizando as atividades propostas. TÓPICO 1 – O QUE É ÉTICA? TÓPICO 2 – ÉTICA: UM MÉTODO DE VIVER E CONVIVER TÓPICO 3 – OS VALORES E A MORAL COMO PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ÉTICA TÓPICO 4 – A ÉTICA NA CONTEMPORANEIDADE 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 O QUE É ÉTICA? 1 INTRODUÇÃO No processo de compreensão dos significados da ética profissional do Assistente Social, faz-se necessário discutir, primeiramente, alguns aspectos básicos correlacionados à ética e à moral do comportamento humano em sociedade. Neste sentido, segundo Tomelin e Tomelin (2002, p. 89) “a ética é uma das áreas da filosofia que investiga sobre o agir humano na convivência com os outros [...]”, ou seja, pode-se compreender que os nossos costumes e as nossas ações humanas em sociedade formam uma consciência moral do certo e do errado, do bem e do mal. NOTA A Filosofia, de modo geral, investiga a racionalidade dos princípios fundamentais dos seres humanos. Assim, pretendemos apresentar algumas ponderações no que tange aos principais significados da ética e da moral. 2 PROBLEMAS MORAIS E ÉTICOS Com relação aos problemas éticos e morais do comportamento humano, observamos que a ética não é facilmente explicável, ao sermos indagados, mas todos nós sabemos o que é, pois está diretamente relacionada aos nossos costumes e às ações em sociedade, ou seja, ao nosso comportamento, ao nosso modo de vida e de convivência com os outros integrantes da sociedade. Observa-se que todos nós possuímos princípios e valores que foram e são constituídos por nossa sociedade. E, com relação a estes valores, cadaum de nós possui uma visão do que é certo e errado, do que é o bem e o mal. UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS 4 Contudo, esta consciência moral é determinada por um consenso coletivo e social, ou seja, o conjunto da sociedade é que formula e compõe as normas de conduta que o regem. Como exemplo, temos a nossa Constituição Federal e outras regras e normas de nossa sociedade. IMPORTANT E Caro(a) acadêmico(a), para aprofundar os seus conteúdos sobre os princípios e valores, sugerimos a leitura dos artigos 1º, 3º e 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988. Ele está disponível no seguinte site: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Didaticamente, segundo Valls (2003, p. 8) [...] costuma-se separar os problemas teóricos da ética em dois campos: num, os problemas gerais e fundamentais (como liberdade, consciência, bem, valor, lei e outros); e no segundo os problemas específicos, de aplicação concreta, como os problemas da ética profissional, de ética política, de ética sexual, de ética matrimonial, de bioética etc. FIGURA 1 – O BEM E O MAL FONTE: Disponível em: <www.dialogosuniverstarios.com.br>. Acesso em: 25 fev. 2009. TÓPICO 1 | O QUE É ÉTICA? 5 UNI Contudo, como saber: o que é certo e errado, se estamos fazendo o bem ou o mal? Finalizando este item, podemos observar que: [...] os problemas éticos se distinguem da moral pela sua característica genérica, enquanto que a moral se caracteriza pelos problemas da vida cotidiana. O que há de comum entre elas é fazer o homem pensar sobre a responsabilidade das consequências de suas ações. A ética faz pensar sobre as consequências universais, sempre priorizando a vida presente e futura, local e global. A moral faz pensar as consequências grupais, adverte para normas culturalmente formuladas ou pode estar fundamentado num princípio ético. A ética pode, desta forma, pautar o comportamento moral. (TOMELIN; TOMELIN, 2002, p. 90). AUTOATIVIDADE PROBLEMAS DA VIDA COTIDIANA VALORES E PRINCÍPIOS PROBLEMAS ÉTICO-MORAIS LIBERDADE IGUALDADE DEMOCRACIA 3 O CAMPO DA ÉTICA: SEU SIGNIFICADO E A FORMAÇÃO DO SUJEITO ÉTICO-MORAL Todos os homens fazem parte de uma sociedade, de um grupo social, portando, podemos dizer que os homens em sociedade convivem em grupo. Cada grupo social possui diferentes características culturais e morais, como, por exemplo: os povos indígenas, os orientais, os africanos, os alemães, os franceses, os italianos, os americanos, os brasileiros, entre muitos outros. Cada sociedade possui suas normas de conduta comportamental e seus princípios morais, ou seja, cada grupo social constituiu o que é certo e errado, o que é o bem e o mal para o seu povo, portanto, nem sempre o que é certo para nós pode ser certo para um outro grupo social e vice-versa. Podemos pegar como exemplo a cultura do nascimento de crianças. Existem algumas sociedades indígenas em que a mãe, ao dar à luz, se embrenha na mata sozinha e se o filho não for perfeito, segundo os seus princípios morais, ela o abandona à sua própria sorte. À luz de nossos princípios morais, esta ação seria considerada um crime de abandono. UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS 6 Como você pode observar na seguinte figura, cada povo possui sua tradição, hábitos, costumes e cultura, desencadeando valores e princípios morais diferentes, que conduzem o seu comportamento social e moral. FIGURA 2 – DIFERENTES CULTURAS FONTE: A autora UNI Se você quiser saber mais sobre o comportamento moral destes grupos sociais/ povos, pesquise, na internet, sobre a CULTURA de cada povo. Assim, você poderá observar as diferenças culturais de cada um e identificar seus princípios morais. FIGURA 3 – INDECISÃO FONTE: Disponível em: <www.dificilescolher.blogspot.com>. Acesso em: 25 fev. 2009. TÓPICO 1 | O QUE É ÉTICA? 7 UNI Afinal o que é ética? De acordo com Tomelin e Tomelin (2002, p. 89), “a palavra ética provém do grego ethos e significa hábitos, costumes e se refere à morada de um povo ou sociedade. A palavra moral provém do latim morális e significa costume, conduta.” A principal função da ética é sugerir qual o melhor comportamento que cada pessoa ou grupo social tem ou venha a ter. Indicando o que é certo ou errado, o que é bom ou mau. Porém, este comportamento sempre partirá do ponto de vista dos princípios morais de cada sociedade, ou seja, seu grupo social. A ética auxilia no esclarecimento e na explicação da realidade cotidiana de cada povo, procurando sempre elaborar seus conceitos conforme o comportamento correspondente de cada grupo social. IMPORTANT E “O ético transforma-se assim numa espécie de legislador do comportamento moral dos indivíduos ou da comunidade.” (VÁZQUEZ, 2005, p. 20). Complementando, Vazquez (2005, p. 21) coloca-nos que “a ética é teoria, investigação ou explicação de um tipo de experiência humana ou forma de comportamento dos homens [...]”, ou seja, o valor de ética está naquilo que ela explica – o fato real daquilo que foi ou é –, e não no fato de recomendar uma ação ou uma atitude moral. Como todos sabem, existem grandes transformações históricas no decorrer dos tempos em nossa sociedade. E com estas mudanças, o nosso comportamento também muda e, consequentemente, os nossos princípios morais também. Outro fator que não podemos esquecer é a questão de julgar o comportamento dos outros grupos sociais, pois a realidade cotidiana destes foi formada por outro conjunto de normas e princípios morais, diferente dos nossos. Mesmo que em alguns aspectos estes princípios se pareçam com os nossos. UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS 8 4 OS IDEAIS ÉTICOS: UMA INVESTIGAÇÃO DOS FUNDAMENTOS ÉTICOS Agora, prezado(a) acadêmico(a), apresentamos mais alguns aspectos correlacionados à etica, realizando assim uma investigação dos fundamentos que norteiam a ética. A ética não se restringe a normas! [...] A moral expressa uma resposta as necessidades, mas [...] de onde vem a possibilidade de determinar o que é bom ou ruim, ou ainda de onde vem a possibilidade de escolher entre coisas diferentes? Para responder a essas questões, devemos agora entender os valores e escolhas com capacidades humanas. (BARROCO, 2000, p. 53-54). Como realmente podemos definir as questões morais em nossa sociedade, ou seja, quais os critérios da conduta moral humana? Como ela se constitui? IMPORTANT E “Será que agir moralmente significaria agir de acordo com a própria consciência?” (VALLS, 2003, p. 43). Pois bem, partindo do princípio de que a conduta humana é formada por um conjunto de ações no intuito de obter alguma coisa, ou atingir alguma meta, observamos que nós, homens, agimos de acordo com os nossos interesses e os interesses do coletivo. Portanto, só agimos quando somos motivados ou impulsionados por um desejo ou na busca constante da realização e do prazer, pois é o caráter das pessoas e seus costumes, hábitos e virtudes que determinam a sua conduta social, a sua maneira de viver. E é neste comportamento que a ética regula o agir humano. TÓPICO 1 | O QUE É ÉTICA? 9 AS TRÊS PENEIRAS DE SÓCRATES Certa vez um homem chegou até Sócrates e disse: — Mestre, escute-me, pois tenho que contar-lhe algo importante a respeito de seu amigo! — Espera um pouco – interrompe o sábio – fez passar aquilo que quer contar pelas três peneiras? — Que três peneiras, Mestre? — Então escute bem! A primeira é a peneira da Verdade. Está convicto de que tudo que quer me dizer é verdade? — Não exatamente, Mestre. Somente o ouvi de outros. — Mas então certamente fez passar pela segunda peneira. Trata-se da peneira da Bondade. — O homem ficou ruborizado e respondeu: — Devo confessar-lhe que não, Mestre. — E pensou na terceira peneira? Seria-me útil o que quer falar a respeito de meu amigo? Seria esta a peneira da Utilidade. — Útil? Na verdade, não. —Vê? – disse-lhe o sábio – se aquilo que quer contar-me não é Verdadeiro, nem Bom,nem Útil, então é melhor que o guarde somente para si. FONTE: TOMELIN, Janes Fidélis; TOMELIN, Karina Nones. Do mito para a razão: uma dialética do saber. 2. ed. Blumenau: Nova Letra, 2002. p. 92-93. LEITURA COMPLEMENTAR 1 UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS 10 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ÉTICA E MORAL Sandro Dennis Existe alguma confusão entre o Conceito de Moral e o Conceito de Ética. A etimologia destes termos ajuda a distingui-los, sendo que Ética vem do grego “ethos” que significa modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem de “mores”, significando costumes. Esta confusão pode ser resolvida com o estudo em paralelo dos dois temas, sendo que Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. É a “ciência dos costumes”. A Moral tem caráter normativo e obrigatório. Já a ÉTICA é “conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, assim, o bem-estar social”, ou seja, ÉTICA É A FORMA QUE O HOMEM DEVE SE COMPORTAR NO SEU MEIO SOCIAL. A MORAL sempre existiu, pois todo ser humano possui a consciência Moral que o leva a distinguir o bem do mal no contexto em que vive. Surgindo realmente quando o homem passou a fazer parte de agrupamentos, isto é, surgiu nas sociedades primitivas, nas primeiras tribos. A Ética teria surgido com Sócrates, pois se exige maior grau de cultura. Ela investiga e explica as normas morais, pois leva o homem a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas principalmente por convicção e inteligência. Ou seja, enquanto a Ética é teórica e reflexiva, a Moral é eminentemente prática. Uma completa a outra. Em nome da amizade, deve-se guardar silêncio diante do ato de um traidor? Em situações como esta, os indivíduos se deparam com a necessidade de organizar o seu comportamento por normas que se julgam mais apropriadas ou mais dignas de ser cumpridas. Tais normas são aceitas como obrigatórias, e desta forma, as pessoas compreendem que têm o dever de agir desta ou daquela TÓPICO 1 | O QUE É ÉTICA? 11 maneira. Porém o comportamento é o resultado de normas já estabelecidas, não sendo, então, uma decisão natural, pois todo comportamento sofrerá um julgamento. E a diferença prática entre Moral e Ética é que esta é o juiz das morais, assim ÉTICA É UMA ESPÉCIE DE LEGISLAÇÃO DO COMPORTAMENTO MORAL DAS PESSOAS. Ainda podemos dizer que a ética é um conjunto de regras, princípios ou maneiras de pensar que guiam, ou chamam para si a autoridade de guiar, as ações de um grupo em particular, ou, também, o estudo da argumentação sobre como nós devemos agir. Também a simples existência da moral não significa a presença explícita de uma ética, entendida como filosofia moral, pois é preciso uma reflexão que discuta, problematize e interprete o significado dos valores morais. Podemos dizer, a partir dos textos de PLATÃO e ARISTÓTELES, que no Ocidente, a ética ou filosofia moral inicia-se com Sócrates. Para SÓCRATES, o conceito de ética iria além do senso comum da sua época, o corpo seria a prisão da alma, que é imutável e eterna. Existiria um “bem em si” próprio da sabedoria da alma e que podem ser rememorados pelo aprendizado. Esta bondade absoluta do homem tem relação a uma ética anterior à experiência, pertencente à alma e que o corpo para reconhecê-la terá que ser purificado. ARISTÓTELES subordina sua ética à política, acreditando que na monarquia e na aristocracia se encontraria a alta virtude, já que esta é um privilégio de poucos indivíduos. Também diz que na prática ética, nós somos o que fazemos, ou seja, o Homem é moldado na medida em que faz escolhas éticas e sofre as influências dessas escolhas. O Mundo Essencialista é o mundo da contemplação, ideia compartilhada pelo filósofo grego antigo Aristóteles. No pensamento filosófico dos antigos, os seres humanos aspiram ao bem e à felicidade, que só podem ser alcançados pela conduta virtuosa. Para a ética essencialista o homem era visto como um ser livre, sempre em busca da perfeição. Esta por sua vez, seria equivalente aos valores morais que estariam inscritos na essência do homem. Dessa forma – para ser ético – o homem deveria entrar em contato com a própria essência, a fim de alcançar a perfeição. Costuma-se resumir a ética dos antigos, ou ética essencialista, em três aspectos: 1) o agir em conformidade com a razão; 2) o agir em conformidade com a natureza e com o caráter natural de cada indivíduo; 3) a união permanente entre ética (a conduta do indivíduo) e política (valores da sociedade). A ética era uma maneira de educar o sujeito moral (seu caráter) no intuito de propiciar a harmonia entre o mesmo e os valores coletivos, sendo ambos virtuosos. UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS 12 Com o cristianismo romano, através de S. TOMÁS DE AQUINO e SANTO AGOSTINHO, incorpora-se a ideia de que a virtude se define a partir da relação com Deus e não com a cidade ou com os outros. Deus nesse momento é considerado o único mediador entre os indivíduos. As duas principais virtudes são a fé e a caridade. Através deste cristianismo, se afirma na ética o livre-arbítrio, sendo que o primeiro impulso da liberdade dirige-se para o mal (pecado). O homem passa a ser fraco, pecador, dividido entre o bem e o mal. O auxílio para a melhor conduta é a lei divina. A ideia do dever surge nesse momento. Com isso, a ética passa a estabelecer três tipos de conduta; a moral ou ética (baseada no dever), a imoral ou antiética e a indiferente à moral. As profundas transformações que o mundo sofre a partir do século XVII com as revoluções religiosas, por meio de LUTERO; científica, com COPÉRNICO e filosófica, com DESCARTES, oprimem um novo pensamento na era Moderna, caracterizada pelo Racionalismo Cartesiano – agora a razão é o caminho para a verdade, e para chegar a ela é preciso um discernimento, um método. Em oposição à fé surge agora o poder exclusivo da razão de discernir, distinguir e comparar. Este é um marco na história da humanidade que a partir daí acolhe um novo caminho para se chegar ao saber: o saber científico, que se baseia num método e o saber sem método é mítico ou empírico. A ética moderna traz à tona o conceito de que os seres humanos devem ser tratados sempre como fim da ação e nunca como meio para alcançar seus interesses. Essa ideia foi contundentemente defendida por Emmanuel Kant. Ele afirmava que: “não existe bondade natural. Por natureza somos egoístas, ambiciosos, destrutivos, agressivos, cruéis, ávidos de prazeres que nunca nos saciam e pelos quais matamos, mentimos, roubamos”. TÓPICO 1 | O QUE É ÉTICA? 13 De acordo com esse pensamento, para nos tornarmos seres morais era necessário nos submetermos ao dever. Essa ideia é herdada da Idade Média na qual os cristãos difundiram a ideologia de que o homem era incapaz de realizar o bem por si próprio. Por isso, ele deve obedecer aos princípios divinos, cristalizando assim a ideia de dever. Kant afirma que se nos deixarmos levar por nossos impulsos, apetites, desejos e paixões não teremos autonomia ética, pois a Natureza nos conduz pelos interesses de tal modo que usamos as pessoas e as coisas como instrumentos para o que desejamos. Não podemos ser escravos do desejo. No século XIX, FRIEDRICH HEGEL traz uma nova perspectiva complementar e não abordada pelos filósofos da Modernidade. Ele apresenta a perspectiva Homem – Cultura e História, sendo que a ética deve ser determinada pelas relações sociais. Como sujeitos históricos culturais, nossa vontade subjetiva deve ser submetida à vontade social, das instituições da sociedade. Desta forma, a vida ética deve ser “determinada pela harmonia entre vontade subjetiva individual e a vontade objetiva cultural”. Através desse exercício, interiorizamos os valores culturais de tal maneira que passamos a praticá-los instintivamente, ouseja, sem pensar. Se isso não ocorrer é porque esses valores devem estar incompatíveis com a nossa realidade e por isso devem ser modificados. Nesta situação podem ocorrer crises internas entre os valores vigentes e a transgressão deles. Já na atualidade o conceito de ética se fundiu nestas duas correntes de pensamento: A ÉTICA PRAXISTA, em cuja visão o homem tem a capacidade de julgar, ele não é totalmente determinado pelas leis da natureza, nem possui uma consciência totalmente livre. O homem tem uma corresponsabilidade frente as suas ações. A ÉTICA PRAGMÁTICA, Com raízes na apropriação de coisas e espaços, na propriedade, tem como desafio à alteridade (misericórdia, responsabilização, solidariedade), para transformar o Ter, o Saber e o Poder em recursos éticos para a solidariedade, contribuindo para a igualdade entre os homens: “distribuição equitativa dos bens materiais, culturais e espirituais”. O homem é visto, como sujeito histórico-social, e como tal, sua ação não pode mais ser analisada fora da coletividade. Por isso, a ética ganha novamente um dimensionamento político: uma ação eticamente boa é politicamente boa, e contribui para o aumento da justiça, distribuição igualitária do poder entre os homens. Na ética pragmática o homem é politicamente ético, – “todos os aspectos da condição humana, têm alguma relação com a política” – há uma corresponsabilidade em prol de uma finalidade social: a igualdade e a justiça entre os homens. UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS 14 Na Contemporaneidade, NIETZSCHE atribui a origem dos valores éticos, não à razão, mas à emoção. Para ele, o homem forte é aquele que não reprime seus impulsos e desejos, que não se submete à moral demagógica e repressora. E para coroar essa mudança radical de conceitos, surge FREUD com a descoberta do inconsciente, instância psíquica que controla o homem, burlando sua consciência para trazer à tona a sexualidade represada e que o neurotiza. Porém, FREUD, em momento algum afirma dever o homem viver de acordo com suas paixões, apenas buscar equilibrar e conciliar o id com o superego, ou seja, o ser humano deve tentar equilibrar a paixão e a razão. Hoje, em uma era em que cada vez mais se fala de globalização, da qual somos todos funcionários e insumos de produção, o conhecimento de nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento de outras culturas. Entretanto essa tarefa antropológica não é suficiente para o homem comum superar a crise da ética atual conhecendo o outro e suas necessidades para se chegar a sua convivência harmônica. Ao contrário, ser feliz hoje é dominar progresso técnico e científico, ser feliz é ter. Não há mais espaço para uma ética voltada para uma comunidade. Hoje se aposta no individualismo, no consumo, na rapidez de produção. No momento histórico em que vivemos existe um problema ético-político grave. Forças de dominação têm se consolidado nas estruturas sociais e econômicas, mas através da crítica e no esclarecimento da sociedade seria possível desvelar a dissimulação ideológica que existe nos vários discursos da cultura humana, sabendo disso, essas mesmas forças têm procurado controlar a mídia. Em lugar da felicidade pura e simples há a obrigação do dever e a ética fundamenta-se em seguir normas. Trata-se da “Ética da Obediência”. Que impede o Homem de pensar, e descobrir uma nova maneira de se ver, e assim encontrar uma saída em relação ao conformismo de massa que está na origem da banalidade do mal, do mecanismo infernal em que estão ausentes o pensamento e a liberdade do agir. Pois assim determina Vasquez (1998) ao citar Moral como um “sistema de normas, princípios e valores, segundo os quais são regulamentados as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam acatadas livres e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira mecânica, externa ou impessoal”. Enfim, Ética e Moral são os maiores valores do homem livre. O homem, com seu livre arbítrio, vai formando seu meio ambiente ou o destruindo, ou ele TÓPICO 1 | O QUE É ÉTICA? 15 apoia a natureza e suas criaturas, ou ele subjuga tudo que pode dominar, e assim ele mesmo se forma no bem ou no mal neste planeta. FONTE: DENIS, Sandro. Ética e moral. Círculo Cúbico. Endereço Eletrônico: <Http:// Circulocubico.Wordpress.Com/2008/04/04/Tica-E-Moral/>. Acesso em: 9 set. 2011. 1 Qual a função das regras e normas em nossa sociedade? 2 Procure identificar a diferença entre ética e moral. 3 Como podemos aplicar a fábula das “três peneiras de Sócrates”, em nosso dia a dia? DICAS Para um aprofundamento destes temas, sugiro que você leia os seguintes livros e assista ao filme indicado: VALLS, Álvaro L. M. O que é Ética. São Paulo: Brasiliense, 2003. (Coleção Primeiros Passos, 177). VÁSQUEZ, Adolfo S. Ética. 26. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. COACHI CARTER: Treino para a vida. Título Original: Coach Carter. Gênero: Drama. Tempo de Duração: 136 minutos. Ano de Lançamento (EUA / Alemanha): 2005. Site Oficial: <www.coachcarter movie.com>. Estúdio: MTV Films / Tollin/ Robbins Productions / MMDP Munich Movie Development & Production GmbH & Co. Distribuição: Paramount Pictures / UIP. Direção: Thomas Carter. TOMELIN, Janes Fidélis; TOMELIN, Karina Nones. Do mito para a razão: uma dialética do saber. 2 ed. Blumenau: Novaletra, 2002. AUTOATIVIDADE 16 Neste tópico, podemos observar uma discussão acerca do significado da ética, no qual foram abordados os seguintes itens: A ética investiga o agir humano, o seu comportamento em sociedade. Nossas ações, hábitos e costumes formam uma consciência moral do que nos faz bem ou mal e o do que é certo ou errado. Todos os seres humanos possuem valores e princípios diferentes, porque vivem em sociedades diferentes, que possuem características culturais e morais diferentes. Cada um de nós possui uma visão do que é certo e errado, do bem e do mal. Todos os homens fazem parte de uma sociedade, um grupo social, portanto, podemos dizer que os homens em sociedade convivem em grupo. A principal função da ética é sugerir qual o melhor comportamento que cada pessoa ou grupo social tem ou venha a ter. A ética auxilia no esclarecimento e explicação da realidade cotidiana de cada povo, procurando sempre elaborar seus conceitos conforme o comportamento correspondente de cada grupo social. O valor de ética está naquilo que ela explica – o fato real daquilo que foi ou é – e não no fato de recomendar uma ação ou uma atitude moral. São o caráter das pessoas e seus costumes, hábitos e virtudes que determinam a conduta social, a sua maneira de viver. E é neste comportamento que a ética regula o agir humano. RESUMO DO TÓPICO 1 17 1 Pesquise a diferença entre comportamento amoral e comportamento imoral. 2 Quais as diferenças entre cultura e valores? 3 Como você vê a ética em sua profissão? AUTOATIVIDADE 18 19 TÓPICO 2 ÉTICA: UM MÉTODO DE VIVER E CONVIVER UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Sabemos que vivemos em sociedade, mas para que possamos viver harmoniosamente com os outros, necessitamos compreender o como viver e conviver com o outro. Neste sentido, este tópico realizará algumas reflexões pertinentes a esta questão, pois: Quando começamos a questionar a sensatez, ou mesmo a sanidade, de alguns de nossos mais acalentados modos de pensar – por exemplo, considerar o conhecimento como poder, em vez de sabedoria; afirmar a conveniência do progresso material, apesar de sua influência corrosiva em nossas almas, ou justificar a manipulação antropocêntrica da natureza, mesmo à custa de destruir o sistema de proteção de vida, a consciência primordial emerge como fonte inspiradora. (TU WEI- MING apud TOMELIN; TOMELIN, 2002, p. 89). Assim, a compreensão das diferenças entre ética e moral, proporcionará a você prezado(a) acadêmico(a), maior compreensão darealidade social em que vivemos. 2 DIFERENÇA ENTRE ÉTICA E MORAL Com relação à ética e à moral, já estudadas no tópico 1 desta Unidade, podemos afirmar que a ética estuda e investiga o comportamento moral dos seres humanos. E esta moral é constituída pelos diferentes modos de viver e agir dos homens em sociedade, que é formada por suas diretrizes morais da vida cotidiana, transformando-se no decorrer dos tempos. Nesta perspectiva, apresentamos as suas principais diferenças a seguir: UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS 20 QUADRO 1 – DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL ÉTICA MORAL • É a ciência que estuda a moral. • É a reflexão sistemática sobre o comportamento moral. • É a parte da filosofia que trata da reflexão dos princípios universais da humanidade. • São os valores humanos universais e fundamentais. • É a teoria do comportamento moral. • É a compreensão subjetiva do ato moral. • É o modo de viver e agir de cada povo, em cada cultura. • É o conjunto de normas, prescrição e valores reguladores da ação cotidiana. • Varia no tempo e no espaço. • São os valores concernentes ao bem e ao mal, permitindo ou proibindo. • Conjunto de normas e regras reguladoras da relação entre os homens de uma determinada comunidade. • Nasce da necessidade de ajudar cada membro aos interesses coletivos do grupo. FONTE: TOMELIN, Janes Fidélis; TOMELIN, Karina Nones. Do mito para a razão: uma dialética do saber. 2. ed. Blumenau: Nova Letra, 2002. p. 89-90. Ou seja, podemos verificar que existe uma distinção entre ética e moral e cada qual possui suas características norteadoras, que de acordo com Paulo Netto (apud BONETTI et al, 2010, p. 23) a: FIGURA 4 – MORAL E ÉTICA FONTE: Adaptado de: Tomelin e Tomelin, 2002, p.89-90. TÓPICO 2 | ÉTICA: UM MÉTODO DE VIVER E CONVIVER 21 Assim, podemos expor que a moral vem se constituindo historicamente, mudando no decorrer da própria evolução do homem em sociedade. Em que seus hábitos e costumes são constituídos por esta relação social, em que a essência humana é pautada por estes princípios morais. E estes por sua vez constituem o ser social que somos. E a ética nesta questão chega para simplesmente regular e analisar estes preceitos morais. A ética é percussora da TRANSFORMAÇÃO SOCIAL dos diversos sistemas ou estruturas sociais. Sistemas estes que imprimiam suas mudanças sociais, tais como: • Capitalismo. • Socialismo. Então, podemos dizer que quando é constituída uma nova estrutura social, a ética, os vilões e princípios morais são modificados para constituir assim esta nova concepção de sociedade. Em outros termos, o sistema de valores morais se transforma no processo de constituição de um novo padrão sócio-histórico. Mas, nos diversos processos e projetos de transformações sociais devem permear os valores da solidariedade, igualdade e fraternidade, para assim poder constitui uma sociedade mais justa e democrática. 3 A GÊNESE DA CONSCIÊNCIA MORAL: A NECESSIDADE DO DESENVOLVIMENTO HUMANO Neste item, trabalharemos algumas questões que apresentam as origens ou bases fundamentais da existência humana, ou seja, a gênese da consciência moral, aquilo que possibilita os seres humanos a serem considerados homens. Lembre-se, o ditado popular cita que “O HOMEM É HOMEM, PORQUE É UM SER RACIONAL!” A questão não é tão simples assim, pois não podemos dizer que a ética só depende da razão e que a racionalidade é o seu fator constituinte. ATENCAO Entretanto, antes de tudo, precisamos compreender o significado das ações ético-morais na vida dos seres humanos, indagando se o simples fato de pensar e estabelecer normas de conduta da realidade cotidiana pode ser UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS 22 compreendido como a realização de uma atividade prática em sua vida, ou seria possível que a vida dos homens fosse estabelecida apenas por sua racionalidade ou pela composição de regras, normas e valores sociais? Partindo desta indagação, podemos afirmar que o homem vive num mundo real, estabelecendo diversas relações com a natureza, transformando-a segundo às suas necessidades reais, sobrevivendo, ao longo de sua história, a partir dessas relações. DICAS Como sugestão, inicialmente leia o seguinte livro: FURNARI, Eva. Lolo Barnabé. São Paulo: Moderna, 2000. Os seres humanos estão ligados à natureza e dela dependem para se constituírem como seres sociais, pois, à medida que utilizam sua consciência sobre a natureza, desenvolvem necessidades práticas de sobrevivência, ou seja, não basta apenas pensar e observar, faz-se necessário que os homens ajam sobre sua realidade cotidiana, realizem seus desejos e vontades e transformem a sua vida conforme suas necessidades e as necessidades de sua sociedade. Marx e Engels (1987, p. 22) colocam-nos que: [...] o primeiro pressuposto de toda existência humana e, portanto, de toda história, é que os homens devem estar em condições de viver para poder fazer história. Mas, para viver, antes de tudo comer, beber, ter habitação, vestir-se e algumas coisas a mais. O primeiro ato histórico é, portanto, a produção dos meios que permitam a satisfação destas necessidades, a produção da própria vida material, e de fato este é um ato histórico, uma condição fundamental de toda a história, que ainda hoje, como há milhares de anos, deve ser cumprida todos os dias e todas as horas, simplesmente para manter os homens vivos. TÓPICO 2 | ÉTICA: UM MÉTODO DE VIVER E CONVIVER 23 Assim, podemos observar que a realização de nossas necessidades é compreendida como um fato social e histórico, primordial para compreendermos a própria existência humana. E estas necessidades, conforme a história do “Lolo Barnabé” (FURNARI, 2000), são criadas e recriadas constantemente, fazendo parte da constituição histórica dos seres humanos. Por consequência, determinando o modo de vida, os princípios, hábitos e valores sociais. Este desenvolvimento humano, pela busca da realização das suas necessidades, é feito primordialmente por meio do trabalho, no qual, o homem além de se adaptar à natureza, começa a agir sobre ela, transformando-a de acordo com seus propósitos e necessidades. Então, podemos concluir que é por meio do trabalho que os seres humanos colocam em prática suas capacidades humanas. Assim, o trabalho é a base fundamental na formação da consciência moral de todos os seres humanos, pois, segundo Barroco (2000, p. 45) “[...] o trabalho é uma atividade social, cuja realização cria valores e costumes, desenvolve habilidades e sentimentos, formas de comunicação, de intercâmbio e de conhecimento, em outras palavras, cria a cultura e sua própria história.” É por meio do trabalho que os homens desenvolvem seus princípios e sua cultura, consequentemente, seus valores sociais e éticos. 1 A partir da história do “Lolo Barnabé” (FURNARI, 2000), reflita sobre as determinações da construção social através do trabalho, na constituição dos seres humanos. 2 Por que é o trabalho que permite a construção dos valores éticos? 3 Qual é o papel da ação humana na produção e reprodução da vida em sociedade? 4 CONDUTA MORAL: O BEM E O MAL, O CERTO E O ERRADO Com relação ao comportamento moral dos homens, chegamos numa encruzilhada que é a nossa própria consciência moral, pois como saber o que devemos fazer? O que é certo ou errado perante a sociedade? O que é o bem e como evitar o mal? De acordo com Valls (2003, p. 67-68): [...] agir eticamente é agir de acordo com o bem. A maneira de como se definirá o que seja este bem, é um segundo problema, mas a opção entre o bem e o mal, distinção levantada já há alguns milênios, parece continuar válida. [...] Neste sentido, poderíamos continuar dizendo AUTOATIVIDADE UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS 24 que uma pessoa ética é aquela que age sempre a partir da alternativa bem ou mal, isto é, aquela que resolveu pautar seu comportamento por uma tal opção, uma tal disjunção. E quem não vive dessa maneira,optando sempre, não vive eticamente. Pois bem, para efetuarmos um julgamento concreto sobre alguma situação da vida em sociedade, devemos nos pautar sobre todos os pressupostos éticos daquela sociedade em si, ou seja, seus princípios morais e seus costumes. Entretanto, sem esquecer que o que todo ser humano busca em suas ações cotidianas na sociedade é fazer sempre e somente o bem, pois é por causa e em nome deste bem maior que eles realizam tudo. Todas as nossas ações possuem um propósito, ou seja, um fim. Este fim somente é alcançado quando os homens realizam uma atividade para alcançá-lo, vão em busca de seus objetivos e metas. Portanto, se realmente existe um motivo que visa tudo o que fazemos, este fim só poderá ser realizado se nós, seres humanos, o realizarmos através de ações/atividades. Elas, por sua vez, sempre estão na busca constante da realização do bem e da verdade e procurando a felicidade e o prazer. Em nome de um bem maior, da realização de um prazer ou em nome da felicidade, as pessoas realizam muitas ações na sociedade. Às vezes, estas ações podem prejudicar outras pessoas. Procure identificar pelo menos uma destas ações que você conhece, que, em nome deste bem maior, acaba prejudicando as outras pessoas. DICAS Como sugestão de leitura para fixação deste conteúdo, leia o seguinte livro e assista aos filmes a seguir: PERREIRA, Otaviano. O que é moral. São Paulo: Brasiliense, 1991. AUTOATIVIDADE TÓPICO 2 | ÉTICA: UM MÉTODO DE VIVER E CONVIVER 25 ADMIRÁVEL MUNDO NOVO (Brave New World) Direção: Leslie Libman e Larry Williams. Elenco: Peter Gallagher, Leonard Nimoy, Tim Guinee, Rya Kihlstedt, Sally Kirkland, Patrick J. Dancy, Daniel Dae Kim, Miguel Ferrer. Gênero: Ficção Científica. SÁ, Antônio Lopes de. Ética e valores humanos. São Paulo: Juruá, 2011. BLADE RUNNER: O CAÇADOR DE ANDROIDES Diretor: Ridley Scott. Elenco: FORD, HARRISON, HAUER, RUTGER, HANNAH, DARYL, e YOUNG, SEAN. Gênero: Ficção Científica. UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS 26 LEITURA COMPLEMENTAR 1 OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO Mas ele desconhecia Esse fato extraordinário: Que o operário faz a coisa E a coisa faz o operário. De forma que, certo dia À mesa, ao cortar o pão O operário foi tornado De uma súbita emoção Ao constatar assombrado Que tudo naquela mesa -garrafa, prato, facão Era ele quem o fazia Ele, um humilde operário, Um operário em construção. Olhou em torno: gamela Banco, enxada, caldeirão Vidro, parede, janela Casa, cidade, nação! Tudo, o que existia Era ele quem o fazia Ele, um humilde operário Um operário que sabia Exercer a profissão. ------------------------- E foi assim que o operário Do edifício em construção Que sempre dizia sim Começou a dizer não. E aprendeu a notar coisas A que não dava atenção: Notou que sua marmita Era prato do patrão Que sua cerveja preta Era o uísque do patrão Que seu macacão de zuarte Era o terno do patrão Que o casebre onde morava Era a mansão do patrão Que os seus dois pés andarilhos Eram as rodas do patrão Que a dureza do seu dia Era a noite do patrão Que sua imensa fadiga Era amiga do patrão. E o operário disse: não! E o operário fez-se forte Na sua resolução --------------------------------- Uma esperança sincera Cresceu no seu coração E dentro da tarde mansa Agigantou-se a razão De um homem pobre e esquecido Razão porém que fizera Em operário construído O operário em construção. (Vinícius de Moraes) FONTE: MORAES, Vinícius de. In: TOMELIN, Janes Fidélis; TOMELIN, Karina Nones. Do mito para a razão: uma dialética do saber. 2. ed. Blumenau: Nova Letra, 2002. (p.24) TÓPICO 2 | ÉTICA: UM MÉTODO DE VIVER E CONVIVER 27 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ÉTICA E MORAL UMA REFLEXÃO SOBRE A ÉTICA E OS PADRÕES DE MORALIDADE OCIDENTAL Israel Alexandria 1. A MORALIDADE ENQUANTO OBJETO DA ÉTICA Gosto não se discute. Correntemente essa frase é utilizada quando se quer estabelecer a ideia de que gosto é algo radicalmente subjetivo e imutável. Ora, a imensa variedade de sujeitos com preferências e opiniões distintas entre si e o fato de um mesmo sujeito mudar de preferências e opiniões fazem prova de que a complexa estrutura psíquica humana é capaz de aprender e de modificar o que se aprendeu. SUBJETIVIDADE não combina com IMUTABILIDADE, logo a frase em questão é contraditória. Diz-se também que PERSONALIDADE vem da natureza. Quando atribuímos à natureza a existência de alguma coisa, estamos simplesmente dizendo que esta coisa não foi criada pela cultura, nasce-se com ela. Não há necessidade de aprender o que é natural. O natural é inato. Essa coisa chamada personalidade é inerente à pessoa. Pessoa e personalidade vêm da mesma palavra: persona. Ninguém nasce pessoa. Ninguém se refere a um bebê como "aquela pessoa", pois sabe-se que personalidade tem a ver com um sistema mais ou menos definido de gostos, preferências que se vai adquirindo com o tempo. Embora as preferências e as condições que formam a personalidade sejam tão subjetivas e mutáveis, há uma constante que não podemos desprezar. É o princípio do prazer. Todo ser dotado de sensibilidade tem a propensão natural de afastar o que lhe está associado à dor e buscar o que lhe é prazeroso. O gato morde o homem que lhe pisa a cauda e o vegetal cresce em direção ao sol. Para o gato é bom que não lhe pisem na cauda. Para a planta, é bom crescer em direção ao sol. O ser humano não foge a essa regra. O bebê humano é capaz de manifestar sua percepção de prazer e dor e essa capacidade não se perde com a idade. O que muda é a forma como se dá essa manifestação e o objeto do prazer ou o da dor que, por sua vez, dependem das circunstâncias. O que permanece imutável é o fato dos sujeitos estarem sempre buscando o que lhes parece bom, e afastando o que lhes parece mal. É sobre esses dois conceitos que trata a ética. A ética é uma ciência comprometida com a busca aprofundada das relações entre o homem e os conceitos de bem e de mal. Trata-se de uma ciência da qual não podemos nos esquivar, pois o bem e o mal, o certo e o errado impregnam nossa conduta prática. Embora a maioria não pense no assunto, o comportamento humano é uma contínua resposta às questões éticas. É nesse ponto que nasce a distinção entre ética e moral. UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS 28 O dicionarista e pensador Nicola Abbagnano (1901-1990) afirma que MORAL é "atinente à conduta" (1982: 652) enquanto a ÉTICA é "a ciência com vistas a dirigir e disciplinar a mesma conduta" (1982: 360). A moral seriam as regras práticas e a ética, o fundamento teórico da moral. Dizem-se moral aristotélica, moral kantiana para enfatizar os respectivos aspectos práticos; ética aristotélica, ética kantiana estariam mais relacionados aos seus aspectos teóricos. Alguns autores, entretanto, ressaltam que, embora haja uma infinidade de morais: moral cristã, moral judaica, moral platônica, moral kantiana etc., a ética seria uma só. É que, sendo esta uma ciência, trabalha apenas com conceitos universais. Basicamente, são três os modelos de moralidade: aristocrático, utilitarista e kantiano. 2. A MORAL ARISTOCRÁTICA A moral aristocrática visa fazer com que o indivíduo se aproxime, cada vez mais, de um homem ideal e transcendente. Nesse sentido, são morais aristocráticas a moral judaica, baseada no modelo de homem de fé (Abraão), a moral cristã, no amor ao próximo (Jesus), a moral platônica, no ascetismo (filósofo-rei), a moral budista, na eliminação dos desejos (Buda). Mas, na maioria das vezes, esses modelos ideais são apenas descrições sem referências a nomes de personagens históricos. A moral aristocrática propõe que cada indivíduo seja dotado das virtudes adequadas (a palavra virtude vem de virtu, que significa força) para imitar o modelo ou um ideal de vida proposto. A felicidade plena é obtida quando o indivíduo realiza o ideal proposto. Quanto mais virtuoso for o indivíduo, maior o seu grau de felicidade. Sócrates (470-399 a.C.) inventou o ideal cínico(palavra derivada de canino), cuja principal virtude é o desprezo às comodidades, às riquezas e às convenções sociais, enfim a tudo aquilo que afasta o homem da simplicidade natural de que dão exemplo os animais (no caso o cão). Cínico é aquele que vive o descaramento da vida canina. Relata-se que Sócrates caminhava nos mercados apenas para saber do que ele não precisava. Outros curiosos relatos envolvendo Diógenes, tais como o da "visita do imperador", "a mão e a cuia", "a lanterna" etc. indicam que este teria sido o maior cínico da história. Platão (428-348 a.C.) propôs o ideal asceta. A prática da ascese consiste em viver na contemplação do mundo das ideias ao tempo que se afasta de tudo o que é corpóreo. "É evidente que o trabalho do filósofo consiste em se ocupar mais particularmente que os demais homens em afastar sua alma do contato com o corpo" (Platão: Fédon, 65, a). O sábio educa-se para a morte, ou seja, para o dia em que sua alma se separará definitivamente do corpo, migrando para o outro mundo. Aristóteles (384-322 a.C.) definia o homem ideal como aquele que consegue pôr em prática tanto a sua animalidade natural como a sua sociabilidade natural, pois o homem é um animal social por natureza. "Mesmo quando não precisam da ajuda dos outros, os homens continuam desejando viver em sociedade." TÓPICO 2 | ÉTICA: UM MÉTODO DE VIVER E CONVIVER 29 (Aristóteles. Política: III, 6). Reprimir a animalidade ou a sociabilidade distancia o homem da felicidade. Para encontrar um termo médio entre essas duas naturezas, o homem vale-se da razão. Os estoicos são outro exemplo de moral aristocrática. No séc. IV a.C. Acredita-se que o nome estoico tenha sido inspirado no local onde Zenão de Cício (335-263 a.C.) ensinava: os pórticos (stoa, em grego). Costuma-se atribuir a razão do surgimento dessa doutrina ao fato da cidade de Atenas haver perdido sua independência para os macedônicos, prolongada depois pelo império romano. O estoicismo foi uma espécie de refúgio espiritual, uma via filosófica para se conseguir a independência em nível individual. Não obstante, o estoicismo atravessou séculos, sendo adotado pelos cristãos e até pelo imperador romano Marco Aurélio (121-180 d.C.). Segundo os estoicos, nenhum evento acontece por acaso (teoria da necessidade). Até mesmo o trajeto de uma folha que se desprende da árvore já foi milimetricamente traçado pelo Logos, princípio inteligente do cosmos. O ideal de sabedoria estoica é a completa apatia: indiferença-acomodação diante dos acontecimentos da vida, é o que revela Sêneca (4 a.C. 65 d.C.) um dos expoentes do estoicismo. Toda a vida é uma escravidão. É preciso, pois, acostumar-se à sua condição, queixando-se o menos possivel e não deixando escapar nenhuma das vantagens que ela possa oferecer: nenhum destino é tão insuportável que uma alma razoável não encontre qualquer coisa para consolo. Vê-se frequentemente um terreno diminuto prestar-se, graças ao talento do arquiteto, às mais diversas e incríveis aplicações, e um arranjo hábil torna habitável o menor canto. Para vencer os obstáculos, apela à razão: verás abrandar-se o que resistia, alargar-se o que era apertado e os fardos tornarem-se mais leves sobre os ombros que saberão suportá-los. (1973: 216) Não se interprete indiferença por alienação: um sábio pode engajar-se na vida política até mesmo porque estava escrito. Nesse ponto, os povos muçulmanos parecem estar em franco acordo com a doutrina estoica pois regularmente repetem a expressão maktub (estava escrito), particípio passado do verbo catab (escrever). A virtude do sábio é o controle absoluto de suas emoções. Segundo sua parenética (termo que diz respeito aos aconselhamentos práticos), quando as circunstâncias tornam impossível o controle das emoções, é aconselhável a prática do suicídio. Epicuro de Samos (341-270 a.C.) criou o modelo de sábio epicurista: o homem que pratica plenamente a virtude da ataraxia (despreocupação; ausência de aborrecimentos, de dores ou medos). Nem a posse das riquezas nem a abundância das coisas nem a obtenção de cargos ou o poder produzem a felicidade e a bem-aventurança; produzem-na a ausência de dores, a moderação nos afetos e a disposição de espírito que se mantenha nos limites impostos pela natureza. A ausência de perturbação e de dor são prazeres estáveis; por seu turno, o gozo e a alegria são prazeres de movimento, pela sua vivacidade. Quando UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS 30 dizemos, então, que o prazer é fim, não queremos referir-nos aos prazeres dos intemperantes ou aos produzidos pela sensualidade, como creem certos ignorantes, que se encontram em desacordo conosco ou não nos compreendem, mas ao prazer de nos acharmos livres de sofrimentos do corpo e de perturbações da alma. (Epicuro.1993: 25). Efetivamente, a ideia de que os epicuristas pregavam a volúpia do corpo é falsa. Eles praticavam uma espécie de otimismo profilático que se aproxima muito do famoso "jogo do contente" da personagem Poliana. Eram iconoclastas em relação aos mitos sobre morte, religião e política. Isolados em jardins afastados das agitações da vida citadina, cultivavam a amizade (a prática de viver em seletos círculos de amigos era considerada condição fundamental na vida do sábio epicurista). O modus vivendi de Epicuro e seus discípulos foi chamado de aurea mediocritas (mediocridade dourada) por Horácio. 3. A MORAL UTILITARISTA A moral utilitarista caracteriza-se pela ausência do transcendente e de modelos a priori a serem imitados. Todas as ações devem ser medidas pelo bem maior para o maior número. Ao definir o utilitarismo, o filósofo irlandês Francis Hutcheson (1694-1746) assim se expressa: "a melhor ação é aquela que produz a maior felicidade ao maior número de pessoas." O utilitarismo é a moral dos números. Nicolau Maquiavel (1469-1527), pensador italiano, tem sobre si a culpa de haver defendido que os fins justificam os meios embora, segundo o Dicionário de Filosofia de Abbagnano (1962: 614), tal máxima tenha origem jesuíta. A injustiça que recai sobre Maquiavel vem da dificuldade que se tem de separar o mero descrever e o opinar. Ele tinha horror a governos de ocasiões, golpes sucessivos, casuísmos, enfim à política do dia a dia que tanto permeava a agitada vida nos bastidores políticos de Florença. Em O Príncipe ele faz uma descrição em forma de aconselhamento, com base em seus conhecimentos de história, da conduta do governante que pretende permanecer no poder por um tempo relativamente longo, mas chega mesmo a confessar que, para atingir tal permanência, o ideal seria que as coisas não ocorressem da forma como a história demonstrara. Não obstante, a tradição nos legou o termo maquiavélico como designativo de um modelo que se firmou como um dos marcantes exemplos de moral utilitarista: a que visa um maior número de dias no poder. Thomas Hobbes (1588-1679), filósofo inglês, parte do princípio de que quanto menor for o número de invasões, mortes violentas e desapossamentos mútuos, mais feliz será a espécie humana. Esta condição só pode ser arranjada com a existência de um contrato social e de um Leviatã. Vamos explicar melhor: Para Hobbes, o homem é, naturalmente, o lobo do homem (homo homini lupus), ou seja, não é um ser naturalmente cordial e sociável, não está naturalmente aparelhado TÓPICO 2 | ÉTICA: UM MÉTODO DE VIVER E CONVIVER 31 para sentir-se incomodado com a dor alheia quando sua sobrevivência está em jogo. "Se dois homens desejam a mesma coisa, ao mesmo tempo que é impossível ela ser gozada por ambos, eles se tornam inimigos." (Hobbes, 1651: 43). Relegados ao estado de natureza, os homens promovem uma guerra de todos contra todos (bellum omnium contra omnes), guerra inútil porque põe em risco a própria conservação humana. Os homens portanto perceberam e admitiram entre si a vantagem em cada um reprimir sua animalidade natural em prol de uma mútua convivência pacífica, bem mais útil, produtiva,confortável e segura. A civilização nasce desse contrato social. Essa nova situação, entretanto, só pode ser mantida com a existência de um Leviatã (monstro amedrontador e forte) que se expressa preferencialmente na figura de um rei, comandante autoritário e único que gera em todos o sentimento generalizado de medo da punição, garantindo assim a continuidade do Estado civil. A base da moral utilitária de Hobbes sofreu inúmeras críticas, a principal partiu de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), filósofo suíço, que via na animalidade humana não lobos e sim cordeiros. Tais quais cordeiros livres, os homens, no estado de natureza, vivem em plena felicidade. Foi a civilização que fez com que muitos cordeiros se tornassem violentos e pensassem ser lobos. A soberania do Leviatã não é desejável porque além de retirar do homem a sua liberdade natural impossibilita a construção de uma liberdade civil, que só é possível quando a vontade geral é soberana. A conquista da liberdade civil estaria na reeducação por meio de leis "corderiais" que, metaforicamente, fizessem com que os cordeiros reconhecessem que são cordeiros. Ainda a respeito da dicotomia lobo/cordeiro há outras observações curiosas. Para Frederich Nietzsche (1844-1900), filósofo alemão, a natureza produz homens-lobos e homens-cordeiros e não podemos ignorar que lobos estão aparelhados para devorar cordeiros. Quando só restarem lobos, as forças naturais produzirão superlobos que devorarão antigos lobos numa progressão infinita de vidas cada vez mais fortes. A moral nietzschiana é a da exuberância da força e do vitalismo das potências naturais ou superhumanas. É uma moral que pretende ir além do bem e do mal (se é que isso é possível). Nietzsche afirma que dicotomia entre bem e mal não passa de invencionice resultante do ressentimento e da fraqueza dos cordeiros. "Toda moral é [...] uma espécie de tirania contra a 'natureza' e também contra a 'razão'". (Nietzsche, 1886: 110). Michel Foucault (1926-1984) diria que lobos e cordeiros habitam cada um de nós e ambos teriam desenvolvido estratégias de sobrevivência que tornariam extremamente complexa a luta entre os dois, uma complexidade tal que o cordeiro, em determinados momentos, poderia estar sob a condição de ataque. Nesse caso a questão moral só poderia ser definida dentro de um contexto muito específico onde se levariam em conta os sujeitos envolvidos, suas estratégias, suas relações de poder... Foucault é o criador da microética. UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS 32 4. A MORAL KANTIANA A moral kantiana é a concebida por Immanuel Kant (1724-1804), filósofo prussiano. Sua intuição principal foi que o indivíduo deve estar livre para agir "não em virtude de qualquer outro motivo prático ou de qualquer vantagem futura, mas em virtude da ideia de dignidade de um ser racional que não obedece a outra lei senão àquela que ele mesmo simultaneamente se dá" (Kant, 1785: 16). A ação moral exige a autonomia do agente. Ser autônomo é obedecer a si mesmo ou ao que vem de dentro. É o inverso do heterônomo (o que obedece ordem do outro, obedece ao que vem de fora). Não se pode falar em ética sem autonomia pois a ação heterônoma (cuja vontade vem de fora) não é uma ação ética. A moral aristocrática e a utilitarista não são eticamente válidas porque dependem de algo exterior: a primeira, de ideais transcendentes e a segunda, de ideais imanentes. Para realizar a autonomia, a ação moral deve obedecer apenas ao imperativo categórico: o bom senso interior que todos nós temos de perceber que não somos instrumentos e sim agentes. Nunca instrumentalizar o homem é a exigência maior do imperativo categórico. Kant fornece uma regra para saber se uma decisão nossa obedece ou não ao imperativo categórico: indague a si mesmo se a razão que te faz agir de determinada maneira pode ser convertida em lei universal, válida para todos os homens. Se não puder, esta tua ação não é digna de um ser racional, não é eticamente boa porque falta-te a autonomia, estás agindo premido por circunstâncias exteriores a ti. O bem ético é um bem em si mesmo. Ao realçar a exigência da autonomia da ação moral, Kant desperta a questão da liberdade ética. O conceito de liberdade ética parte da distinção entre ação reflexa e ação deliberada. A ação deliberada é aquela que resulta de uma decisão, de uma escolha, é o mesmo que ação autônoma. A ação reflexa é "instintiva", independe da vontade do agente. Apenas as ações deliberadas podem ser analisadas sob o ponto de vista ético. Voltemos ao exemplo do gato que morde o homem que lhe pisou a cauda. O gato tentou afastar o que lhe era um mal, mas não podemos dizer que ele escolheu morder o homem. Logo, não se pode dizer que o gato agiu de forma imoral ou antiética. A questão da liberdade ética pode ser assim resumida: Levando-se em conta que somos animais e ocasionalmente agimos de forma reflexa, em que condições nossa ação pode ser considerada uma ação deliberada? Henri Bergson (1859-1941) e Jean-Paul Sartre (1905-1980) respondem a essa pergunta de forma radical: O livre-arbítrio é a qualidade que melhor define o homem. A própria condição humana exige que todo ato humano seja um ato de escolha, seja uma ação deliberada. O homem está condenado à liberdade porque nunca pode decidir não escolher. Diante da consciência de que nos vemos forçado a realizar algo por imposição exterior, passamos a ter liberdade de escolher entre entregar-se à ação ou ir de encontro a ela. TÓPICO 2 | ÉTICA: UM MÉTODO DE VIVER E CONVIVER 33 Bibliografia Específica ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Trad., coord. e rev. por Alfredo Bosi e Maurice Cunio et alii. 2. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1982. ARISTÓTELES. Política. Livro I, cap. 1. Brasília: UnB, 1988. EPICURO. Ética. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 25. (Coleção Os Pensadores). GOLDIM, José Roberto. Ética. moral e direito. Disponível em: <http://orion.ufrgs. br/HCPA/gppg/eticmor.htm>. Acesso em: 7 jun.2000. HOBBES, Thomas. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Coleção Os Pensadores). KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes (1785). São Paulo: Abril Cultural, 1980. (Coleção Os Pensadores). LIMA VAZ, Henrique C. Escritos de Filosofia II: ética e cultura. São Paulo: Loyola, 1993. NIETZSCHE, F.W. Além do Bem e do Mal - Prelúdio a Uma Filosofia do Porvir. Traduzido por Paulo José de Souza. São Paulo: Cia das Letras, 1996. PLATÃO. Fédon ou da alma. Tradução por Márcio Pugliesi e Edson Bini. São Paulo: Hemus,199?. SÊNECA. Da tranquilidade da alma. São Paulo: Abril Cultural. 1973. p. 216. (Coleção Os Pensadores). FONTE: ALEXANDRIA, Israel. Ética e moral: uma reflexão sobre a ética e os padrões de moralidade ocidental. 2001. Endereço Eletrônico: <http://ialexandria.sites.uol.com.br/textos/ israel_textos/etica_e_moral.htm>. Acesso em: 20 set. 2011. 34 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, trabalhamos a distinção entre ética e moral e como são formados os princípios morais humanos, no qual foram abordados os seguintes itens: Verificamos que a ética estuda e investiga o comportamento moral dos seres humanos. Observamos que a moral é constituída pelos diferentes modos de viver e agir dos homens em sociedade, no decorrer dos tempos. Estudamos que as origens ou bases fundamentais da existência humana, ou seja, a gênese da consciência moral, é formada por meio do trabalho. O trabalho é a base fundamental na formação da consciência moral de todos os seres humanos. Para realizarmos um julgamento concreto sobre alguma situação da vida em sociedade, devemos nos pautar sobre todos os pressupostos éticos daquela sociedade em si, ou seja, seus princípios morais e seus costumes. Todo homem busca em suas ações cotidianas fazer sempre e somente o bem. Todas as ações humanas possuem um propósito, um fim. 35 A partir do conhecimento que você adquiriu sobre ética e moral, sugiro que você encontre 10 palavras relacionadas ao tópico
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