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Manual_Ética e Deontologia Profissional

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Prévia do material em texto

Manual de Ética e Deontologia 
Profissional 
 
Manual do Curso de Licenciatura de Gestão de 
Recursos Humanos 
 
ENSINO ONLINE. ENSINO COM FUTURO 
 
 ii 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direitos de autor (copyright) 
Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e 
contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total 
deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrónicos, mecânico, 
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto 
Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). 
A não observância do acima estipulado, o infractor é passível a aplicação de processos judiciais 
em vigor no País. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) 
Direcção Académica 
Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa 
Beira - Moçambique 
Telefone: +258 23 323501 
Cel: +258 82 3055839 
Fax: 23323501 
E-mail: isced@isced.ac.mz 
Website: www.isced.ac.mz 
http://www.isced.ac.mz/
http://www.isced.ac.mz/
http://www.isced.ac.mz/
 
 iii 
 
 
 
 
Agradecimentos 
O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) agradece a colaboração dos 
seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: 
Autor Abiba Mamade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Coordenação 
Design 
Financiamento e 
Logística 
e Científica Revisão 
Linguística 
Ano de Publicação 
Local de Publicação 
 
Direcção Académica do ISCED 
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) 
Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED) 
 
Carmen Jacqueline Rassul Salato Coimbra 
 
2017 
 ISCED – BEIRA 
 
 
 
 iv 
 
 
ÍNDICE 
VISÃO GERAL 1 
 
Benvindo à Disciplina/Módulo de Ética e Deontologia Profissional................................. 1 
Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1 
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 2 
Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2 
Ícones de actividade ......................................................................................................... 4 
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 4 
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 6 
Tarefas (avaliação e auto - avaliação) ............................................................................... 6 
Avaliação ........................................................................................................................... 7 
OBJECTIVOS DA DISCIPLINA .............................................................................................. 9 
TEMA I. Ética e Moral ...................................................................................................... 9 
UNIDADE Temática 1.1. Definição de Conceitos ............................................................ 9 
UNIDADE Temática 1.3. Diferença entre Ética e Moral .................................................. 10 
UNIDADE Temática 1.1. Carácter Normativo da Ética .................................................... 12 
SUMÁRIO ........................................................................................................................ 14 
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................................. 14 
EXERCÍCIOS DE AVALIAÇÃO ............................................................................................ 16 
CORRECÇÃO DOS EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO UNIDADE I .................................. 17 
TEMA II. Breve historial da ética .................................................................................... 18 
UNIDADE Temática 2.1.1. Ética Grega ............................................................................ 18 
UNIDADE Temática 2.1.2. Ética Cristã Medieval ............................................................. 18 
UNIDADE Temática 2.1.1. Ética Grega ............................................................................ 18 
UNIDADE Temática 2.1.3.Ética Moderna ........................................................................ 18 
UNIDADE Temática 2.1.4. Ética Contemporânea ............................................................ 18 
UNIDADE Temática 2.1.5 Ética Como Ciência ................................................................. 18 
UNIDADE Temática 2.1. Introdução ................................................................................ 18 
Introdução ....................................................................................................................... 18 
UNIDADE Temática 2.1. Breve historial da ética ............................................................. 18 
UNIDADE Temática 2.1.1. Ética Grega ............................................................................ 20 
UNIDADE Temática 2.1.2. Ética Cristã e Medieval .......................................................... 22 
UNIDADE Temática 2.1.3.Ética Moderna ........................................................................ 24 
UNIDADE Temática 2.1.4. Ética Contemporânea ............................................................ 28 
UNIDADE Temática 2.1.5 Ética Como Ciência ................................................................. 32 
SUMÁRIO ........................................................................................................................ 34 
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................................. 35 
EXERCÍCIOS DE AVALIAÇÃO ............................................................................................ 37 
CORRECÇÃO DOS EXERCÍCIOS DE AUTO -AVALIAÇÃO .................................................... 37 
TEMA III – ÉTICA E DIREITOS HUMANOS ...................................................................... 38 
UNIDADE Temática 3.1. A Vida Humana Como Valor Ético ............................................ 38 
 
 v 
 
UNIDADE Temática 3.2. Os Direitos Humanos: Defesa da Pessoa e da Vida .................. 38 
UNIDADE Temática 3.3.1.Carácter Sagrado e Absoluto da Pessoa ................................ 38 
UNIDADE Temática 3.3.2. A Pessoa na sua Relação com os Outros ............................... 38 
UNIDADE Temática 3.4. A Liberdade Como Fundamento do Agir Moral ....................... 38 
UNIDADE Temática 3. Introdução................................................................................... 38 
Introdução ....................................................................................................................... 38 
UNIDADE Temática 3.1. A Vida Humana Como Valor Ético ............................................ 38 
UNIDADE Temática 3.2. Os Direitos Humanos: Defesa da Pessoa e da Vida .................. 40 
UNIDADE Temática 3.3.1.Carácter Sagrado e Absoluto da Pessoa ................................ 46 
UNIDADE Temática 3.3.2. A Pessoa na sua Relação com os Outros ............................... 46 
UNIDADE TEMÁTICA 3.4. A Liberdade Como Fundamento do Agir Moral ..................... 53 
SUMÁRIO ........................................................................................................................ 55 
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO.................................................................................. 55 
EXERCÍCIOS DE AVALIAÇÃO ............................................................................................ 57 
CORRECÇÃO - EXERCÍCIOS DE AUTO – AVALIAÇÃO ........................................................ 58 
TEMA IV. Principios Ético ............................................................................................... 58 
UNIDADE Temática 4.2. Beneficiência ............................................................................ 60 
UNIDADE Temática 4.2. Não – Maleficência ................................................................... 65 
UNIDADE Temática 4.3. Autonomia ................................................................................ 67 
UNIDADE Temática 4.4. Justiça ....................................................................................... 71 
SUMÁRIO ........................................................................................................................ 73 
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................................. 73 
EXERCÍCIOS DE AVALIAÇÃO ............................................................................................ 75 
CORRECÇÃO - EXERCÍCIOS DE AUTO – AVALIAÇÃO ........................................................ 75 
UNIDADE Temática 5. Introdução................................................................................... 76 
Introdução ....................................................................................................................... 76 
TEMA V: DEONTOLOGIA PROFISSIONAL ....................................................................... 79 
UNIDADE Temática 5.2.Origem Do Conceito Deontologia ............................................. 81 
UNIDADE Temática 5.2.1. A Deontologia e a sua Relação com a Profissão ................... 81 
UNIDADE Temática 5.3. Importância da ética Profissional ............................................. 82 
UNIDADE Temática 5.4. A Formalização Ética ................................................................ 83 
UNIDADE Temática 5.4.1. Infraestruturas Éticas ............................................................ 84 
UNIDADE Temática 5.4.1.1. O Código ............................................................................. 84 
UNIDADE Temática 5.4.2. Tipos de Códigos de Ética ...................................................... 85 
UNIDADE Temática 5.5. O que Os Códigos Têm em Comum ......................................... 86 
UNIDADE Temática 5.6.1. Confidencialidade e Privacidade ........................................... 91 
SUMÁRIO ........................................................................................................................ 98 
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................................. 99 
EXERCÍCIOS DE AVALIAÇÃO .......................................................................................... 100 
CORRECÇÃO DOS EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO................................................... 100 
TEMA VI. ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES .......................................................................... 101 
UNIDADE Temática 6.1. Dimensões do Clima Ético ...................................................... 102 
UNIDADE Temática 6.2. Os Indicadores Do Clima Ético ............................................... 103 
UNIDADE Temática 5.2. Dilemas Éticos ........................................................................ 110 
SUMÁRIO ...................................................................................................................... 111 
 
 vi 
 
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................ 112 
EXERCÍCIOS DE AVALIAÇÃO .......................................................................................... 113 
CORRECÇÃO EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO .......................................................... 114 
TEMA VII. ÉTICA NA PESQUISA COM SERES HUMANOS ........................................... 115 
UNIDADE Temática 7.1. O Consentimento Livre e Informado ...................................... 115 
UNIDADE Temática 7.2. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .................... 120 
UNIDADE Temática 7.3. A Pesquisa .............................................................................. 124 
UNIDADE Temática 7.4. Cuidados a ter com Crianças e Adolescentes......................... 125 
UNIDADE Temática 7.5. Cuidados a ter com Dados Dos Respondentes ...................... 126 
Unidades Temática 7.6. Pesquisa Com Seres Humanos ............................................... 126 
UNIDADE Temática 7.7.Princípios Técnicos e Éticos ..................................................... 130 
UNIDADE 7.8. Os Comités de Ética em Pesquisa .......................................................... 131 
UNIDADE 7.8.2. Abrangência Dos Comités de Pesquisa ............................................... 132 
Unidade Temática 7.8.3. Avaliação da Metodologia Científica .................................... 133 
SUMÁRIO ...................................................................................................................... 135 
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................ 136 
EXERCÍCIOS DE AVALIAÇÃO .......................................................................................... 137 
CORRECÇÃO - EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO ........................................................ 137 
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................ 138 
 
 
 1 
 
 
VISÃO GERAL 
 
Benvindo à Disciplina/Módulo de Ética e Deontologia Profissional 
Objectivos do Módulo 
Ao terminar o estudo deste módulo de Ética e Deontologia 
Profissional deverá ser capaz de: 
 
• Explicar o carácter normativo da ética; 
• Reflectir sobre os principais problemas éticos; 
• Problematizar as várias teorias éticas; 
Objectivos 
Específicos 
 Definir com 
 clareza 
consciência moral; 
os conceitos: sujeito ético e 
• Caracterizar a pessoa como categoria ética; 
• Conhecer a importância da ética no relacionamento do 
homem com os seus semelhantes; 
• Distinguir a pessoa com o sujeito ético; 
• Relacionar a pessoa como categoria ética e os princípios 
éticos; 
• Apresentar o papel do profissional na sua actuação; 
• Conhecer as principais virtudes profissionais e aplicar em 
contextos concretos; 
• Alistar os princípios éticos na actuação professional; 
• Apresentar o papel do pesquisador na sua actuação, no que 
se refere à confidencialidade e privacidade; Alistar os 
princípios éticos na actuação do pesquisador; 
• Identificar as responsabilidades dos Comités de Ética em 
Pesquisa; 
• Explicar o processo de avaliação de protocolos de pesquisa 
pelo Comité de Ética em Pesquisa; 
• Identificar os pontos à analisar na avaliação de riscos e 
benefícios nas pesquisas. 
 
 
 
 2 
 
Quem deveria estudar este módulo 
Este Módulo foi concebido para estudantes do 4º ano do curso de 
licenciatura em Administração Pública do ISCED e outros. Poderá 
ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram actualizar e 
consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão 
bemvindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá 
adquirir o manual. 
 
Como está estruturado este módulo 
Este módulo de Ética e Deontologia Profissional, para estudantes 
do 4º ano do curso de licenciatura em Administração Pública do 
ISCED, está estruturado como se segue: 
Páginas introdutórias Um índice completo. 
 Uma visão geral e detalhada dos conteúdos do módulo, 
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para 
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção 
com atenção antes de começar o seu estudo, como componente 
de habilidades de estudos. Conteúdo desta Disciplina / módulo 
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez 
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente 
unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma 
introdução, objectivos, conteúdos. 
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são 
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só 
depois é que aparecem os exercícios de avaliação. 
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: puros 
exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades 
práticas, incluído estudo de caso. 
 
Outros recursos 
A equipa dos académicos a e pedagógicos do ISCED, pensando em si, 
num cantinho, recóndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de 
dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta 
uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você 
explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu Centro 
de Recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso, 
tais como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além 
deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter 
acesso a Plataforma digital Moodle para alargar mais ainda as 
possibilidades dos seus estudos. 
 
 3 
 
 
AUTO-AVALIAÇÃO E TAREFAS DE AVALIAÇÃO 
Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final 
de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios 
de auto-avaliação, apresntam duas características: primeiro 
apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, 
exercícios que mostram apenas respostas. 
Tarefas de avaliação são essencialmente semelhantes às de 
autoavaliação, mas sem mostrar os passos e obedecem a um grau 
crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a 
seguir a outras. Parte das terefas de avaliação será objecto dos 
trabalhos de campo a serem entregue aos tutores/docentes para 
efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também constará 
do exame do fim do módulo. Pelo que, se o caro estudante fizer 
todos os exercícios de avaliação será uma grande vantagem. 
 
Comentários e sugestões 
Use este espaço é dedicado para dar sugestões valiosas, sobre 
determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de 
natureza diadáctico-Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou 
estar apresentadas. Pode ser que, graças as suas observações que 
em gozo de confiança classificamo-las de úteis, a próxima edição do 
módulo, venha a ser melhorado. 
 
 
Ícones de actividade 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas 
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes 
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela 
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança 
de actividade, etc. 
 
Habilidades de estudo 
O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a 
aprender. Aprender aprende-se. 
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para 
facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará 
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons 
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e 
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. 
 
 4 
 
Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro 
estudante possa rentabilizar o 
tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue: 
1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de 
leitura. 
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 
3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação 
crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua 
aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 
5º Fazer TC (Trabalho de Campo) e algumas actividades práticas ou 
as de estudo de caso se exista. 
IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, 
respectivamente como, onde e quando estudar, como foi referido 
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de 
estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: 
Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor 
à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? 
Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio 
barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada 
hora, etc. 
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado 
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada 
ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando 
achar que já domina bem o anterior. 
Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e 
estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é 
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos 
de cada tema, no módulo. 
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por 
tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora 
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-
se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o 
intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das 
actividades obrigatórias. 
Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual 
obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento 
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume 
de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando 
interferência entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por 
 
 5 
 
fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em 
insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente 
incapaz! 
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma 
avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda 
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões 
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude 
pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que 
está a se formar. 
Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que 
matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que 
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo 
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. 
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será 
uma necessidade para o estudo das diversas matérias que 
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar 
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as 
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, 
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a 
margem para colocar comentários seus relacionados com o que 
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir 
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; 
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado 
não conhece ou não lhe é familiar. 
Precisa de apoio? 
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o 
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas 
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros 
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada ou 
invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento 
e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, 
sms, e-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando 
a preocupação. 
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua 
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da 
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se 
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, 
estudante – CR, etc. 
As sessões presenciais são um momento em que você caro 
estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do 
seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED 
 
 6 
 
indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste 
período pode apresentar dúvidas, 
tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa. 
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% 
do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida 
em que permite situar, em termos do grau de aprendizagem com 
relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa 
de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de 
debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, 
constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. 
 
Tarefas (avaliação e auto - avaliação) 
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e 
auto avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é 
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues 
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. 
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não 
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do 
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de 
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da 
disciplina/módulo. 
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os 
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. 
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, 
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, 
respeitando os direitos do autor. 
O plágio1 é uma violação do direito intelectual do (s) autor (es), é 
considerado plágio, uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) 
palavras do texto de um autor, sem o citar a fonte é considerado 
plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos 
direitos autorais devem caracterizar a realização dos trabalhos e seu 
autor (estudante do ISCED). 
 
Avaliação 
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, 
estando eles fisicamente separados e muito distantes do 
docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma 
avaliação mais fiável e consistente. 
 
1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade 
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. 
 
 7 
 
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com 
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os 
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial 
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A 
avaliação do estudante consta detalhada do regulamentado de 
avaliação. 
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e 
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de 
frequência para ir aos exames. 
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e 
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no 
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, 
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. 
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. 
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) 
trabalhos e 1 (um) (exame). 
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados 
como ferramentas de avaliação formativa. 
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em 
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de 
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as 
recomendações, a identificação das referências bibliográficas 
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os 
objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de 
Avaliação. 
 
 
 
 
 9 
 
 
OBJECTIVOS DA DISCIPLINA 
 No final do módulo o estudante deverá ser capaz de: 
• Definir a ética e moral; 
Objectivos Diferenciar a ética da Moral; 
Específicos 
 Caracterizar a ética e a moral; 
 
• Classificar a ética enquanto disciplina; 
• Nomear as diversas etapas históricas da 
ética; 
• Nomear as diversas etapas teóricas da ética; 
• Explicar o carácter normativo da ética; 
• Reflectir sobre os principais problemas 
éticos; Problematizar as várias teorias 
éticas. 
 
TEMA I: ÉTICA E MORAL 
UNIDADE temática 1.1. Definição de Conceitos 
UNIDADE Temática 1.2. Diferença entre Ética e Moral 
UNIDADE Temática 1.3. Carácter Normativo da Ética 
 
 
Introdução 
Sendo a moral é inseparável dos costumes humanos, os quais 
dependem de cada época, da região geográfica ou das circunstâncias. 
Neste sentido, a moral é mutável e relativa a determinadas práticas 
culturais, isto é, ela não é diferente dentro de toda forma de associação. 
Ex: na família, na classe social ou num estado. 
Para melhor compreensão dos conteúdos deste módulo, iremos começar 
por definir os conceitos chave, concretamente ética, moral é sujeito ético 
para melhor assimilação dos conteúdos neles apresentados. 
 
 10 
 
 No final o estudante deverá ser capaz de: 
 Definir o conceito de ética e moral; 
Objectivos Específicos 
 
Conhecer a relação entre a ética e a moral; e, 
Conhecer as diferenças entre a ética e a moral. 
 
 
 
UNIDADE Temática 1.1. Definição de Conceitos 
A palavra ética provém do grego e tem dois significados: 
(1) Étimos – que significa hábitos e costumes; 
(2) Eros – que significa modo de ser ou 
carácter. 
A moral e a ética são conceitos diferentes, mas que inserem em si algo 
de comum: o sentido eminentemente prático. 
Segundo Costa te al. (1998), moral é o conjunto de regras, valores, 
proibições, crenças, tabus, impostos quer pela política, costumes 
sociais, a religião, quer pelas ideologias de uma sociedade, enquanto a 
ética é a reflexão sobre a moral. 
A moral nasce com a existência do homem, pois historicamente não se 
conhece nenhum povo, que não tivesse normas, regras ou rituais de 
conduta. 
Kant, (1988), define a ética como uma reflexão teórica sobre a moral e 
uma revisão racional e crítica sobre a validade da conduta humana. Por 
isso, a ética é uma justificação racional da moral, e remete-nos a ideias 
ou valores que procedem a partir da própria deliberação do homem. A 
ética é uma análise das regras morais. Também a ética pode ser 
entendida como uma filosofia moral, se entendermos a filosofia como 
um conjunto de conhecimentos racionalmente estabelecidos. 
 
UNIDADE Temática 1.2. Diferença entre Ética e Moral 
Actualmente tem-se discutido muito sobre a ética nos seguintes 
âmbitos: ética na saúde, na pesquisa, na educação, na política, entre 
outros campos. Perante esta situação levantamos uma questão. Afinal 
qual será a diferença entre a ética e a moral? 
 
 11 
 
A Ética provém do grego egos, que significava “morada”, “lugar em que 
vivemos” e passou a significar “o carácter”, “o modo de ser” que uma 
determinada pessoa ou grupo vai adquirindo ao longo da vida. Por 
outro lado, “moral” deriva do latim mos, mores que significava 
“costumes”, mas passou a significar também, “carácter”, ou “modo de 
ser”. Apesar dos termos ética e moral serem etimologicamente 
equivalentes, a moral é mesmo diferente da ética. 
“Moral é o conjunto de princípios, valores enormas que regulam a 
conduta humana em suas relações sociais num determinado momento 
histórico. O que pode ser considerado acto moral num determinado 
tempo, poderá não ser noutro”. Costa et al (1998:15). 
A moral é imposta pela sociedade, por exemplo pelo Código Civil, e 
outros códigos de conduta. Enquanto a ética implica na opção individual 
do sujeito. Isto é, requer adesão íntima do sujeito a valores, princípios 
e normas morais. A pergunta básica da moral, – Ética e Deontologia, é 
“o que devemos fazer?”, enquanto a questão relativa a ética é “porque 
devemos fazer?”, ou seja, “que argumentos corroboram e sustentam o 
que estamos a aceitar como guia de conduta?” 
Neste sentido, o comportamento ético exige reflexão crítica diante de 
dilemas, na qual devem ser considerados, entre outros, os sentimentos, 
a razão, os patrimónios genéticos, a educação e os valores morais. 
Para Hermano (1993), a ética procura responder as seguintes questões: 
• Que devo escolher? 
• Há uma hierarquia de valores? 
• Que espécie de homem devo ser? 
• Que devo querer? Que devo Fazer? 
A ética, embora historicamente recente, vem crescendo muito nestes 
últimos anos. As discussões de temas por ela abordados ocorrem em 
âmbito mundial. Esta é considerada uma área de conhecimento que faz 
estudo sistemático das dimensões morais das ciências e do cuidado da 
saúde, com base numa variedade de metodologias éticas num contexto 
multidisciplinar. Este tópico será desenvolvido nos capítulos 
subsequentes. 
O profissional deve ter em atenção a Ética, o ramo da ética encarregue 
pelas ciências biológicas. Este ramo da ética, dá especial atenção as 
pesquisas científicas avalia sob diferentes pontos de vistas os benefícios 
e riscos que a pesquisa poderá representar para o sujeito e a sociedade, 
obrigando os projectos de pesquisa a passarem pelos Comités de Ética 
a fim de serem analisados com maior profundidade. 
 
 12 
 
Os avanços verificados pela Ética nos últimos anos podem ser 
considerados extraordinários. Actualmente, o número de publicações 
relativamente à Ética aumentou, são publicações periódicas de novas 
investigações que surgem diariamente que abordam sobre os mais 
variados enfoques do tema, além de incontável a quantidade de 
eventos académicos oferecidos sobre a Ética em praticamente todas as 
partes do mundo. 
Para Costa te al (1998), é importante mencionar que a visão original da 
Ética focalizava-a como uma questão ou um compromisso mais global 
frente ao equilíbrio e preservação da relação dos seres humanos como 
ecossistema e a própria vida do planeta, diferente daquela que acabou 
difundindo-se e sedimentando-se nos meios científicos. 
Em suma, pode-se considerar que o termo foi mencionado pela primeira 
vez em 1971 por Van Potter, no seu livro "Ética: Ponte para o Futuro. 
 
UNIDADE Temática 1.3. Carácter Normativo da Ética 
Kant (2001), a ética trata da normalização dos actos humanos segundo 
princípios últimos (que vão além do nosso entendimento) e racionais. A 
ética é um conhecimento que se preocupa com o fim a que se deve 
dirigir a conduta humana e os meios para alcançar este fim. Ela 
pretende explicar a validade das suas afirmações, procurando 
comprovar porque é que algo é bom ou mau, justo ou injusto, moral ou 
imoral desde uma perspectiva universal e necessária. 
Almeida (1998) acrescenta que, a ética é normativa porque é uma 
racionalização do comportamento humano, isto é, trata de um conjunto 
de princípios ou enunciados dados à luz da razão e que iluminam o 
caminho correcto/acertado da conduta. O carácter normativo da ética 
tem como fundamento um aspecto essencial da natureza humana, a 
saber: 
 O facto de o homem ser “imperfeito porém perfectível”. A razão 
para tal afirmação é a seguinte: se fossemos perfeitos e 
mantivéssemos na nossa perfeição, não teríamos problema 
moral, pois não estaríamos obrigados a desenvolver todas as 
nossas potencialidades. Por isso, os princípios éticos têm uma 
dimensão imperativa, por serem mandatos ou ordens que nos 
damos para movermo-nos na realização de actos que melhorem 
a nossa condição humana. Por outro lado, somos seres 
incompletos/imperfeitos que buscamos, tendemos a perfeição 
dirigindo as nossas acções ao que deve ser. 
Todavia, a perfeição não deve centrar-se apenas num aspecto da nossa 
personalidade porque a natureza humana é complexa. Ela deve 
 
 13 
 
englobar o espiritual, o físico, intelectual, volitivo (a vontade), afectivo, 
o estético, o social, etc. 
1. A perfeição espiritual desenvolve os aspectos que têm a ver 
com o enriquecimento da vida espiritual que possam 
engrandecer a alma, a esperança, fé, caridade, etc. 
2. A perfeição física deve ser vista como um complemento da 
alma. A alma e o corpo são duas manifestações distintas de 
uma mesma realidade. Daí surge o ditado popular Mente sã 
um corpo são. Quando a alma afecta o corpo surgem 
alterações nervosas. E quando o corpo afecta a alma podem 
surgir estados depressivos. Note que é indispensável o 
exercício físico, uma boa alimentação para o equilíbrio entre 
a alma e o corpo. 
3. A perfeição intelectual representa o desenvolvimento da 
mente, da inteligência, do conhecimento. O homem 
aperfeiçoa-se através da cultura, do estudo, da educação e 
só assim é que é capaz de julgar a validade das coisas. O 
homem deve buscar um conhecimento alargado das coisas 
(capacidade de se abstrair). 
4. A perfeição da vontade representa o que se deve separar 
dos desejos. A vontade deve ser vista como uma aliada da 
razão e não uma súbdita do desejo. É possível ser mais 
responsável, mais moderado, ter mais respeito sem nunca 
deixar de lado a razão. Daí a necessidade de aliar a desejo à 
razão, de modo que as nossas acções e decisões sejam bem 
pensadas; 
5. A perfeição afectiva está ligada às emoções, tem a ver com 
a bondade, benevolência, a compreensão, o carinho e a 
gratidão. É importante temperar a razão com o lado 
afectivo. O homem não deve ser dominado somente pelas 
paixões nas suas acções e decisões. No entanto, um homem 
que actua com base na paixão sem a razão corre risco de 
tornar-se cego, frio e calculista. As emoções devem ser 
conjugadas com uma dose de racionalidade. Normalmente 
quando a razão caminha sozinha torna-se 
cega, fria e calculista; 
6. A perfeição estética: o ser humano aperfeiçoa-se ao se 
relacionar como belo com o sublime. A perfeição estético 
torna o ser humano mais criativo, sensível e com maior 
capacidade de comunicar e de reflectir. A arte não deve ser 
nada que fique subjugada à pressão dos médios, ou apenas 
entendida em aspectos comerciais; 
 
 14 
 
7. A perfeição social: o relacionamento com os outros é 
fundamental para o desenvolvimento do ser humano. Por 
isso, é no relacionamento que o homem promove e 
desenvolve capacidade como a amizade, a cooperação, a 
paz, a liberdade, a fraternidade, a dignidade, a igualdade e o 
pluralismo. Só através do relacionamento com os outros 
somos capazes de combater determinados anti-valores 
como: o individualismo, a intolerância, o egoísmo, etc. 
O desenvolvimento da personalidade humana deve ter em conta todas 
essas dimensões da sua personalidade. Nunca o individualismo deve ser 
tomado como um meio do homem impor as suas regras. 
 
 
SUMÁRIO 
Ética é a reflexão crítica sobre a moral, ela depende do sujeito. Porque 
ele pessoalmente reflecte e chega a conclusão pessoal do que vem a ser 
ou não ético. Isto é, Implica uma relação de si para consigo. 
A ética procura o fundamento do valor que norteia o comportamento. 
Isto é, tem como problema definir o comportamento moral. A ética é 
uma ciência normativa porque trata da rectidão do comportamento. Ela 
versa sobre o bem e o mal, o correcto e o incorrecto, tendo como meta 
a perfeição dasociedade. É com base na racionalidade que se estipulam 
regras para a harmonia social. Quem estipula as normas é o homem 
para a melhoria da relação com os seus semelhantes. 
Tanto a ética como a moral visam a harmonia entre os seres humanos. 
Por outro lado, ambas estão relacionadas com os valores culturais do 
grupo social no qual o indivíduo se insere. Isto é, tem a finalidade de 
organizar as relações entre os sujeitos sociais representa todo 
comportamento moral que varia de acordo com o tempo e o lugar. O 
que pode ser considerado acto moral, ou acto ético num determinado 
tempo, poderá não ser noutro. 
O que pode ser considerado acto moral, ou acto ético num determinado 
tempo, poderá não ser noutro. 
 
 
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO 
1. Indique a alternativa correcta: 
a) A palavra moralidade vem do latim “mos” ou “moris” 
que significa costumes 
b) A palavra ética e moralidade são sinónimas e 
correspondem a mesma ideia 
 
 15 
 
c) As normas morais não variam a depender da cultura e do 
período histórico 
d) A palavra ética vem do latim e significa modos de ser. 
2. As normas morais variam a 
depender da cultura e do período 
histórico, também podem ser 
questionadas e destituídas. Isso 
significa que: 
a) Nós não podemos pensar sobre as normas morais que 
são impostas; 
b) Nós temos que concordar com as normas morais porque 
são as normas da nossa cultura; 
c) A moral é o conjunto de valores pelos quais as pessoas 
guiam os seus pensamentos e por isso está sujeita a 
mudanças a depender do país e do momento histórico 
em que as pessoas estão inseridas; 
d) Não agimos de forma “moral” se obedecermos as regras 
que a sociedade estabelece. 
3. Como podemos diferenciar a moral da ética: 
a) Não podemos diferenciar, são palavras sinónimas; 
b) Moral é o conjunto de valores e a ética é a reflexão sobre 
os valores; 
c) Moral é a prática da ética no nosso dia-á-dia; 
d) Moral é sinónimo da “ética aplicada”. 
4. Leia o texto abaixo: 
“Os homens não são maus, mas submissos aos seus interesses… 
portanto, não é da maldade dos homens que é preciso se queixar, 
mas da ignorância dos legisladores que sempre colocam o interesse 
particular em oposição ao geral. (…) Até hoje as mais belas máximas 
morais não conseguem traduzir nenhuma mudança nos costumes 
das nações. Qual é a causa? E que vícios de um povo estão, se ouso 
falar, escondidos no fundo da sua legislação” Helvetius 
Quais são as ideias principais contidas no fragmento acima? 
a) Não há nenhuma relação entre as Leis e os costumes, 
pois são os homens que fazem as Leis que os beneficiam; 
b) Para limitar os interesses humanos particulares, é 
preciso haver Leis que prefiram os interesses gerais; 
 
 16 
 
c) Os homens buscam os interesses e isso não significa que 
eles são maus; 
d) Há uma relação entre Leis e Costumes, pois as Leis 
permitem ou impedem que os homens cometam erros. 
5. O sujeito ético-moral é somente aquele que preenche os 
seguintes requisitos: 
a) É um ser consciente mas não precisa reconhecer a 
presença dos outros como sujeitos éticos iguais; 
b) Saber o que faz, conhecer as suas causas e os fins da sua 
acção, o significado de suas intenções, suas atitudes e a 
essência dos valores morais; 
c) Não precisa controlar interiormente os seus impulsos, 
suas inclinações e suas paixões, deixando-as fluir 
livremente; 
d) Dizer como as coisas são, o que são, e como são. 
Enunciar pois os juízos de facto; 
e) Ser responsável, mas não precisa reconhecer como autor 
da sua própria acção, nem avaliar os efeitos e as 
consequências dela sobre si e sobre os outros. 
6. O Moçambicano tem noção clara dos comportamentos éticos e 
morais adequados, mas vive na corrupção, diz a pesquisa. Se o 
país fosse resultado de padrões morais que as pessoas dizem 
aprovar. Portanto, o distanciamento entre o reconhecer e o 
cumprir efectivamente o que é moral, constitui uma 
ambiguidade inerente ao humano, porque as normas morais 
são: 
a) Decorrentes da vontade divina, e por esse motivo 
utópicas; 
b) Parâmetros idealizados, cujo cumprimento é destituído 
de obrigação 
c) Amplas e vão para além da capacidade do indivíduo 
conseguir cumpri-las integralmente; 
d) Criadas pelo homem e concede a si mesmo a Lei a qual 
se deve submeter; 
e) Cumpridas por aqueles que se dedicam a cumprir 
integralmente as normas judiciais. 
 
 
 
 17 
 
EXERCÍCIOS DE AVALIAÇÃO 
1. Define o conceito de ética e da Moral. 
2. Qual é a relação que existe entre a ética e a moral? 
3. Quais são as diferenças entre a ética e a moral? 
4. Qual é a relação entre a moral e a cultura? 
5. Porque é que a moral está relacionada com o contexto 
histórico? 
6. Porque é que se diz que a ética é normativa. 
 
 
CORRECÇÃO DOS EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO UNIDADE I 
1. A 
2. C 
3. B 
4. B 
5. B 
6. D 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEMA II – PERPECTIVA HISTÓRICA DA ÉTICA 
UNIDADE Temática 2.1. Breve historial da ética 
 
 18 
 
UNIDADE Temática 2.1.1. Ética Grega 
UNIDADE Temática 2.1.2. Ética Cristã Medieval 
UNIDADE Temática 2.1.1. Ética Grega 
UNIDADE Temática 2.1.3.Ética Moderna 
UNIDADE Temática 2.1.4. Ética Contemporânea 
UNIDADE Temática 2.1.5 Ética Como Ciência 
UNIDADE Temática 2.1.6. Meta – Ética 
 
UNIDADE Temática 2. Introdução 
 
Introdução 
 
Introdução Depois de fazermos uma breve abordagem acerca da 
etimologia dos conceitos de ética e moral, da diferença entre ética e 
moral, e do carácter normativo da ética, vamos de seguida 
contextualizar o ambiente do surgimento de uma teoria ética. 
A ética como um saber teórico que justifica ou legitima a conduta moral 
é relativamente recente. Aparece com o advento da filosofia no séc. VI 
a C, na Grécia. A prática de uma teoria ética no seu sentido mais restrito, 
surge no séc. V a C, com Sócrates. Sócrates fez uma viragem na 
abordagem da moral da sua sociedade ao propor como primordiais os 
valores espirituais antes dos materiais. Assim sendo, para Sócrates, a 
moral não lida com um problema sem importância, mas ela tem a ver 
com o como deveríamos viver e porquê? 
 
 No final o estudante deverá ser capaz de: 
 Conhecer a história da ética e 
deontologia profissional; 
Objectivos 
Específicos 
 
 Acompanhar a evolução da história da ética com o contexto, 
histórico, geográfico, sociocultural, político e religioso. 
 
UNIDADE Temática 2.1. Breve historial da ética 
De acordo com Morri (1975), a existência de uma história da moral é 
sustentada considerando que cada sociedade tem sido caracterizada 
por um conjunto de regras, normas e valores. A história da Ética é 
 
 19 
 
complexa e exige alguns cuidados no seu estudo, uma vez que ela como 
disciplina filosófica é mais limitada no tempo e no material tratado do 
que a história das ideias morais da humanidade. 
A história das ideias morais da humanidade compreende o estudo de 
todas as normas que regularam a conduta humana desde os tempos 
pré-históricos até aos nossos dias. Esse estudo é filosófico ou histórico-
filosófico e social. 
Kant (2001) acrescenta que, a história das ideias morais é um tema de 
que se ocupam a sociologia e a antropologia. A existência de ideias 
morais não implica a existência de uma disciplina particular, uma vez 
que podem estudar-se as atitudes e ideias morais de diversos povos, 
orientais, judeus, etc. Sem que o material resultante seja enquadrado 
na história da Ética. Assim, só existe história da Ética no âmbito da 
história da filosofia. 
A história da Ética adquire uma considerável amplitude. Por isso, é difícil 
com frequência estabeleceruma separação rigorosa entre os sistemas 
morais e – objecto próprio da. Isto porque a ética é um conjunto de 
normas e atitudes de carácter moral dominantes numa sociedade ou 
fase histórica. Assim, os historiadores da Ética limitaram seu estudo 
para aquelas ideias de carácter moral que possuem uma base filosófica, 
isto é, em vez de se darem simplesmente como supostas, são 
examinadas em seus fundamentos e são filosoficamente justificadas. A 
justificação não importa se é do âmbito metafísico ou teológico, mas 
que seja uma explicação racional das ideias ou das normas adoptadas. 
Dai, a razão dos historiadores da Ética seguirem os procedimentos 
tomados pelos historiadores da filosofia. 
Neste sentido, as doutrinas éticas fundamentais nascem e 
desenvolvem-se em diferentes épocas e sociedades, na busca de 
respostas aos problemas nas relações interpessoais, especificamente 
pelo valor moral e efectivo. 
Se olharmos para a história, notaremos uma grande diversidade de 
ideias morais no tempo. Triedros Nietzsche faz uma exposição da 
sucessão das doutrinas éticas quando afirma “aquilo que numa época 
parece mau, é quase sempre um restolho daquilo que na precedente 
época era considerado bom” (Nietzsche, 1977:99). 
As doutrinas éticas nascem e se desenvolvem em diferentes épocas e 
sociedades como resposta aos problemas básicos apresentados pelas 
relações entre os homens e em particular pelo seu comportamento 
moral efectivo. Por isso, existe uma estreita vinculação entre os 
conceitos morais e a realidade humana social, sujeita historicamente a 
devir (a mudanças). 
 
 20 
 
As doutrinas éticas não podem ser consideradas isoladamente, mas 
dentro de um processo de mudança e de sucessão que constitui 
propriamente a sua história. A Ética e História se relacionam. Cada 
doutrina esta em conexão com as anteriores (tomando posições contra 
elas ou integrando alguns problemas e soluções precedentes), ou com 
as doutrinas posteriores - prolongando-se ou enriquecendo-se nelas. 
Quando os princípios, os valores ou as normas nela encarada entram 
em crise e exigem a sua justificação ou a sua substituição por outros. 
Surgindo assim, a necessidade de novas reflexões ou nova teoria moral 
porque os conceitos, valores e normas vigentes se tornaram 
problemáticos. 
Apesar de as doutrinas serem de uma determinada época e sociedade, 
podem ser tratadas de forma isolada, mas dentro de um sistema de 
mudança que constitui a sua própria história. Neste sentido, quando os 
princípios ou valores numa determinada época, regido por uma 
doutrina, entram em crise, requerendo a sua justificação ou 
substituição, surgindo deste modo, surge a necessidade de novas 
reflexões, podendo trazer ou não uma nova abordagem, visto que os 
valores e normas vigentes se tornam problemáticas. 
 
UNIDADE Temática 2.1.1. Ética Grega 
Sob o ponto de vista formal, a história da Ética teve a sua origem na 
antiguidade grega através de Aristóteles (384-322 a. C) e suas ideias 
sobre a Ética e as virtudes éticas. Mesmo antes de Aristóteles, já foi 
possível encontrar na Grécia fragmentos de uma abordagem com base 
filosófica para os problemas morais e até entre os filósofos – 
présocráticos encontram-se reflexões de carácter ético, por exemplo, 
quando pretendiam saber as razões do comportamento moral. 
Sócrates (470-399 a. C) considerou a questão da ética individual como 
problema filosófico central e a Ética como disciplina em torno da qual 
deveriam girar as reflexões filosóficas. Para Sócrates ninguém pratica 
voluntariamente o mal. Somente o ignorante não é virtuoso. Só age mal 
quem desconhece o bem porque todo o homem quando fica sabendo o 
que é o bem, reconhece-o racionalmente como tal e necessariamente 
passa a praticá-lo, e ao praticar o bem, o homem sente-se dono de si e 
consequentemente é feliz. Daí a velha máxima (frase socrática): 
Conhece-te a ti mesmo. Portanto, para Sócrates a virtude seria o 
conhecimento das causas e dos fins das acções fundadas em valores 
morais, identificados pela inteligência e que impelem o homem a agir 
virtuosamente em direcção ao bem. 
Platão (427-347 a C) ao examinar a ideia do bem à luz da sua teoria das 
ideias subordinou a sua Ética a metafísica. A sua Ética está relacionada 
 
 21 
 
com sua filosofia política, porque para Platão a polis (cidade-estado) é 
o terreno propício para a vida moral. A sua Ética exerceu grande 
influência no pensamento religioso e moral do ocidente. 
Aristóteles (384-322 a C) organizou a Ética como disciplina filosófica e 
formulou a maior parte dos problemas que os filósofos morais se 
ocuparam: relação entre as normas e os bens entre a Ética individual e 
social; relação entre a vida prática e teórica, classificação das virtudes, 
etc. 
A concepção Ética de Aristóteles privilegia as virtudes (justiça, caridade 
e generosidade), tidas como propensas aos sentimentos de realização 
pessoal, aquele que age quanto simultaneamente beneficiar a 
sociedade em que vive. 
A Ética Aristotélica busca valorizar a harmonia entre a moralidade e a 
natureza humana, concebendo a humanidade como parte da ordem 
natural do mundo – o naturalismo. Para Aristóteles, toda a actividade 
humana tende a um fim que é o bem supremo que seria resultado do 
exercício perfeito da razão, função própria do homem. Assim, o homem 
virtuoso é aquele que é capaz de deliberar e escolher o que é mais 
adequado para si e para os outros movidos por uma sabedoria prática 
em busca do equilíbrio entre o excesso e a deficiência: por exemplo, 
tendemos mais naturalmente para os prazeres e por isso somos levados 
mais facilmente para a concupiscência do que para a moderação. 
A Ética Aristotélica também esta relacionada com a sua filosofia política, 
uma vez que a comunidade social, política é o meio necessário para o 
exercício da moral. Somente nela pode realizar-se a ideia da vida teórica 
na qual se baseia a felicidade. Porque o homem moral só pode viver na 
cidade e é, portanto animal político ou social – zoom politicou. Apenas 
os deuses e os animais selvagens não tem necessidade da comunidade 
política para viver. O homem deve necessariamente viver em sociedade 
e não pode levar uma vida moral como indivíduo isolado, mas no seio 
de uma comunidade. Com a decadência do velho mundo greco-romano, 
surge o estoicismo e o epicurismo. Fundamenta-se na consciência 
colectiva, implícita no comportamento humano e social aceite por 
todos. 
Para Epicuro (341-270 a C), o prazer é um bem e, como tal, o objectivo 
de uma vida feliz. Dai o surgimento da ideia do hedonismo que assume 
o prazer como princípio e fundamento da vida moral. Uma vez que 
existem muitos prazeres, nem todos são iguais e bons. É preciso 
escolher entre eles os mais duradouros e estáveis, para isso é 
necessário à posse de uma virtude sem a qual é impossível escolher. 
Essa virtude é a prudência que permite seleccionar aqueles prazeres 
que não nos trazem a dor ou perturbações. Os melhores prazeres não 
 
 22 
 
são corporais – fugazes e imediatos - mas os espirituais porque 
contribuem para a paz da alma. 
A virtude ética é prudência que leva o homem ou a mulher a escolher 
prazeres que não trazem perturbações, visto que o prazer é um bem 
que leva a uma vida feliz. 
Para os estóicos (Zenão, Séneca e Marco Aurélio), o homem é feliz 
quando aceita o seu destino com imperturbabilidade e resignação. O 
universo é um todo ordenado e harmonioso onde os sucessos resultam 
do cumprimento da lei natural, racional e perfeita. O bem supremo é 
viver de acordo com a natureza, aceitar a ordem universal 
compreendida pela razão, sem se deixar levar pelas paixões, afectos 
interiores ou pelas coisas exteriores. O homem virtuoso é aquele que 
enfrenta seus desejos com moderação aceitando seu destino. O estóico 
deixade ser um cidadão da polis e passa a ser do cosmo. 
O ser humano é um cidadão do cosmo e o seu destino já está 
predeterminado. 
 
UNIDADE Temática 2.1.2. Ética Cristã e Medieval 
Com o fim do mundo antigo (Grécia e Roma Antiga), o regime servil 
substituiu a escravidão. Assim o regime servil deu bases para a 
construção da sociedade feudal. A sociedade feudal era extremamente 
estratifica e hierarquizada. No entanto era uma sociedade fragmentada 
economicamente e politicamente na medida em que as estruturas 
deixadas pelo mundo antigo foram desfeitas e a igreja continuou sendo 
a única instituição organizada. É por este motivo que a religião se tornou 
o garante da unidade social do povo na época. Assim a igreja passou, 
além do poder espiritual e temporal, a monopolizar a vida intelectual. 
Evidentemente a Ética, neste período medieval, foi sujeita a conteúdos 
religiosos. 
Os filósofos cristãos, da época, tiveram uma dupla atitude diante da 
Ética: 
 Uma atitude Ecónoma que fundamenta-se em Deus e nos 
princípios morais. Deus criador, omnisciente e todo-poderoso. 
O homem como criatura de Deus tem seu fim último Nele que é 
o seu bem mais alto e o valor supremo. Deus exige a sua 
obediência e a sujeição a seus mandamentos – com carácter de 
imperativo supremo. 
 
Esta atitude aproveitou as ideias da ética grega platónica e estóicas 
inserindo-as na ética cristã. A Ética cristã é uma ética subordinada a 
 
 23 
 
religião num contexto em que a filosofia era considerada serva da 
teologia, isto é, a filosofia deveria ajudar na compreensão da teologia. 
A ética cristã é uma ética limitada por parâmetros religiosos e 
dogmáticos e tende a regular o comportamento dos homens com vista 
a uma outra vida (reino de Deus) colocando o seu fim ou objectivo fora 
do homem, mas na divindade. 
Ao pretender elevar o homem da ordem natural para a ordem 
transcendental ou sobrenatural, onde possa viver uma vida feliz e plena, 
livre de desigualdades e injustiças do mundo terreno o cristianismo 
introduz uma ideia inovadora: a igualdade dos homens diante de Deus. 
Assim o homem é chamado a alcançar a perfeição e a justiça num 
mundo sobrenatural, o reino dos céus. Esta teoria absorve bastante o 
que Platão e Aristóteles postularam. 
Os filósofos cristãos mais marcantes na ética cristã são Santo Agostinho 
(354-430) e São Tomas de Aquino (1226-1274). Estes reflectem 
respectivamente as ideias de Platão e Aristóteles. Por exemplo, a 
purificação de Platão e a sua ascensão libertadora até elevar-se ao 
mundo das ideias tem correspondência na elevação ascética até Deus 
exposta por Santo Agostinho. A ética de S. Tomás de Aquino assemelha-
se a Aristóteles na questão da contemplação e do conhecimento que 
permite alcançar o fim último. Para São Tomás o fim último é Deus. 
A história da ética é complexa a partir do renascimento europeu onde 
prevaleceram diversas doutrinas. Contudo, todas elas surgem como 
reacção a Ética Cristã que era excêntrica e teológica. A ética do 
renascimento é antropocêntrica. Isto é, o ser humano no centro das 
atenções. Portanto, ela procura reflectir o homem. Portanto, o 
renascimento faz uma viragem significativa na história da ética. 
Kant (2001) defende que esta viragem deveu-se as mudanças que o 
mundo sofreu nas esferas económicas, políticas e científicas. Na esfera 
económica, por exemplo, viu-se crescer de forma muito intensa o 
relacionamento de forças produtivas com o desenvolvimento científico. 
A relação entre a produção e a ciência propiciou o desenvolvimento da 
ciência. Este tema não será desenvolvido nesta unidade porque não faz 
parte desta disciplina. No entanto, esta relação fortaleceu a nova classe 
social – a burguesia – que lutava para se impor politicamente e 
economicamente. Este foi um período de grandes revoluções políticas 
(na Holanda, França e Inglaterra). O renascimento trouxe as seguintes 
consequências: 
• A razão se separa da fé (filosofia separa-se da religião); 
• As ciências naturais separam-se dos pressupostos teológicos; 
• O estado separa-se da igreja; 
• Começam a surgir indícios da separação do homem de Deus. 
 
 24 
 
Esta rotura foi evidente entre a idade Media e a Moderna. Ora vejamos: 
Nicolau Maquiavel (1469-1527) provocou uma revolução Ética ao 
romper com a moral cristã que impõe valores espirituais como 
superiores aos valores políticos. Isto é, o caracter normativo da ética, 
na qual a ética preocupa-se com o fim da conduta humana e com os 
meios para alcançar este fim. Para Maquiavel a adopção de uma moral 
própria em relação ao estado era fundamental. Para este, o que importa 
são os resultados e não a acção política em si mesma, adicionalmente, 
Maquiavel sugeriu sendo legítimo o uso da violência contra o que se 
opõe aos interesses estatais. Maquiavel pretende a aplicação de novos 
valores, onde o homem é centro de busca dos seus próprios valores e 
princípio. As ideias de Maquiavel tiveram bastante influência em 
Thomas Hobbes, Baruch de Espinosa no que se refere à Ética realista. 
 
UNIDADE Temática 2.1.3.Ética Moderna 
A teoria da ética moderna teve uma contribuição de vários autores. Em 
seguida descrevemos o desenvolvimento da ética moderna na visão de 
vários autores. 
Reme Descartes (1596-1650) procurou basear as suas reflexões na 
filosofia e no homem que passaram a ser o centro de tudo, da política, 
da arte e da moral. Surgindo, desse modo, a Ética antropocêntrica. 
Thomas Hobbes (1588-1679) sistematiza a Ética do desejo que esta em 
cada ser, de própria conservação como sendo o fundamento da moral 
e do direito. Para Hobbes, a vida do homem no estado de natureza - 
sem leis nem governo – era solitária, pobre, sórdida, embrutecida e 
curta, uma vez que os homens são por índole agressivos, 
autocentrados, insociáveis e obcecados por um desejo de ganho 
imediato. 
Para Hobbes, os indivíduos que decidem viver em sociedade não são 
melhores ou egoístas do que os selvagens: são apenas clarividentes se 
cooperarem, podem ser mais ricos e mais felizes. Segundo Hobbes o 
bom comportamento do homem deriva do seu egoísmo. Por exemplo, 
para Hobbes a explicação é simples: dois homens juntos têm mais 
facilidade de matar uma fera sem se ferirem. Esta é uma razão que 
explica a necessidade do homem de se auto conservar. 
Baruch de Espinosa (1632-1677), diz que: os homens tendem 
naturalmente a pensar apenas em si mesmos, nos seus desejos e 
opiniões. As pessoas sempre são conduzidas por suas paixões, as quais 
nunca tem em conta o futuro ou outras pessoas. Esta é uma acção 
necessitante da substância divina baseada na tendência de conservação 
e consecução de tudo o que é útil. 
 
 25 
 
Espinosa é essencialmente panteísta: entre Deus e o mundo se não há 
uma diferença de pontos de vista, Deus é a única substância necessária, 
una, infinita, independente, simples e indivisível. Tem uma identidade, 
de atributos dos quais conhecemos apenas dois: a extensão e o 
pensamento. O mundo é o conjunto dos modos desses dois atributos. 
O homem é uma colecção de modos da extensão e do pensamento. A 
substância divina desenvolve-se segundo as leis necessárias da sua 
natureza. Deus é determinado por si mesmo, mas é determinado num 
sentido único e irrevogável. O livre arbítrio do homem reduz-se à 
ignorância das causas que determinam as suas acções. A verdadeira 
liberdade cria-se na medida em que o homem se liberta das suas 
paixões e, pela contemplação intelectual, identifica-se com Deus. 
Portanto, o princípio da moral identifica-se com Deus. 
Nesta época vigora o panteísmo, que se caracteriza na crença de que a 
natureza e Deus são idênticos, não acreditando num Deus criador. 
Para Kant (2001), a virtude não é algo diferente da natureza e, ainda 
menos, oposto a ela. A virtude é a própria tendêncianatural para o auto 
conservação. O homem actua melhor e mais eficazmente quando se 
vale da razão, que é a busca útil e, por isso, a virtude humana está 
essencialmente ligada ao uso da razão. 
Segundo Espinosa, o bem e o mal são aquilo que permitem ou impedem 
o entender. “A razão nada exige contra a natureza, mas ela mesma 
exige que cada um se ame a si próprio e procure o bem próprio, e deseje 
tudo o que verdadeiramente conduz o homem a uma maior perfeição 
e, de modo absoluto que cada um se esforce no que lhe diz respeito por 
conservar o seu próprio ser” (Ética, IV, 18). 
Em relação aos juízos morais, Donald (1999), refere que os padrões 
humanos de julgamento moral, na sua prática, são arbitrários e 
caprichosos. Quando se critica ou se avalia no homem, em qualquer 
aspecto procede-se a um julgamento tomando por comparação a uma 
figura pessoalmente pré-concebida ou um ideal de homem, 
individualmente construída. Contudo, quando se julga um homem e se 
diz que ele poderia fazer isto ou aquilo, isto implica uma ilusória noção 
de liberdade, não poderá ser ou fazer nada diferente do predestinado e 
daquilo que é. O estado ordinário da mente quando se procede a 
julgamentos morais é sempre de confusões e de ilusões. Então, como 
proceder? Espinosa refere que o modo de proceder ultrapassa os usos 
e a linguagem que condicionam o julgamento, que deverá ser através 
da experiência. 
John Locai (1632-1704) toma a posição da conservação e satisfação a 
uma concepção de felicidade pública, uma vez que estabeleceu um 
liame indissolúvel entre a virtude e a felicidade pública, e tornou a 
prática da virtude necessária a conservação da sociedade humana e 
 
 26 
 
visivelmente vantajosa por todos os que precisam tratar com as pessoas 
de bem. Isto é, agir para o bem comum. 
David Nume (1711-1776) nessa mesma linha de pensamento, Nume 
afirma que o fundamento da moral é a utilidade, isto é, a boa acção, 
aquela que proporciona felicidade e satisfação à sociedade. A utilidade 
responde a uma necessidade que leva o homem a promover a felicidade 
dos seus semelhantes. Ao invés de limitar os desejos humanos 
determinados pelo interesse pessoal (comida, dinheiro, glória, etc.). 
Nume acha que as paixões do homem estão baseadas na simpatia – a 
capacidade de sentir em si mesmo os sofrimentos e até as alegrias do 
outro. O que impossibilita traçar uma linha divisória nítida entre o 
interesse pessoal e o interesse alheio, uma vez que agora é possível 
encarar o interesse como se fosse um interesse pessoal. 
Emanuel Kant (1724-1804) está preocupado em estabelecer a regra da 
conduta na substância racional do homem. Nele, o conceito de dever é 
o ponto central da moralidade – hoje conhecido por deontologia. 
Para Kant, uma coisa que seja boa em si mesma é a boa vontade ou boa 
intenção, aquilo que se põe livremente de acordo com o dever. O 
conhecimento do dever é a consequência da percepção pelo homem de 
que é um ser racional e como tal está obrigado a obedecer – o 
imperativo categórico: a necessidade de respeitar todos os seres 
racionais na qualidade de fins em si mesmo. E o reconhecimento da 
existência de outros homens (seres racionais) e a exigência de 
comportar-se diante deles a partir desse reconhecimento. Trata 
portanto da existência de outros e das consequências dos seus actos. 
A humanidade deve ser tratada na própria pessoa como na do próximo 
sempre como um fim e nunca como um meio. 
A Ética kantiana busca sempre na razão, formas de procedimentos 
práticos que possam ser universalizáveis, de tal maneira que os 
princípios que eu sigo possam valer para todos. “Age apenas segundo 
uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne 
lei universal”. Analisando a questão da corrupção, por exemplo, 
podemos questionar se tal procedimento deveria ser universalizado ou 
não. Se não podemos querer a universalização da corrupção, também 
não posso aceitá-la no aqui e agora. 
Em Kant, o bem se identifica com a necessidade moral, não 
interessando para nada um conhecimento racional da moral. A 
moralidade está tão afastada da pura sensibilidade como da 
racionalidade absoluta. Se o homem fosse apenas sensibilidade, as suas 
acções seriam determinadas pelos impulsos sensíveis. Se fosse só 
racionalidade seriam determinadas pela razão. Mas sendo o homem ao 
mesmo tempo sensibilidade e razão, tanto pode seguir o impulso como 
 
 27 
 
a razão. É nesta possibilidade de escolha que consiste a liberdade que o 
faz um ser moral. Kant vê o ser humano como um ser dotado de razão 
e de impulso e é nata. É nessa perspectiva onde surge a possibilidade 
de escolha (liberdade), que o faz o ser moral. 
Para viver moralmente, o homem deve transcender a moralidade, 
submetendo-se aos impulsos sensíveis e evitando assumir qualquer 
desejo. Como ser racional, o homem deseja a felicidade, mas enquanto 
desejo, a felicidade não pode ser o fundamento de um imperativo 
moral. A resolução deste dilema está na acção da vontade: age de modo 
que a máxima da tua vontade possa sempre ser valor, como princípio da 
legislação universal. Esta fórmula constitui a Lei moral, valendo para 
todos os seres racionais. A relação de uma vontade com esta Lei é uma 
relação de dependência que se exprime numa obrigação – em obrigar a 
uma acção conforme com a Lei. Esta acção chama-se dever. A Lei moral 
é origem e fundamento do dever no homem. A acção moral do ser 
humano tem como objectivo final o bem supremo, então a virtude é o 
bem supremo e a condição de tudo que é desejável. 
Kant distingue legalidade e moralidade: A legalidade é a conformidade 
com a Lei, efectuada com um motivo natural sensível. Por exemplo: 
obter qualquer vantagem ou evitar qualquer dano. A moralidade é a 
conformidade imediata da vontade com a Lei sem o recurso dos 
impulsos sensíveis. 
O amor de si é o conjunto de impulsos cuja satisfação constitui a 
felicidade e acção que realiza a moralidade é a eliminação do egoísmo, 
isto é, contrapõe o eu e os seus impulsos a Lei moral. “Nós somos de 
certos membros legisladores de um reino moral tornado possível pela 
liberdade e representado pela razão prática como objecto de respeito: 
mas somos súbditos, não o soberano desse reino, e assim o 
desconhecer a nossa condição inferior de criaturas, o recusar 
presunçosamente a autoridade da Lei, é já uma infidelidade ao espírito 
da Lei, mesmo quando se lhe observe a letra”. 
A acção moral do homem tem como objectivo final o bem supremo. 
Este bem supremo consiste, para o homem, que é um ser finito, na 
virtude e na união da virtude com a felicidade. A virtude é o bem 
supremo, a condição de tudo o que é desejável. 
A afirmação de que o “homem é mau” significa apenas que o homem 
tem consciência da lei moral e que por vezes se pode afastar dela. A 
afirmação de que o “homem é mau por natureza” significa que o que se 
disse vale para toda a espécie humana, o que não quer dizer que se trate 
de uma qualidade, mas de uma tendência para o mal em todos os 
homens, isto é, dos homens. Tal tendência para o mal é moralmente 
negativa - mal radical e inato na natureza humana. 
 
 28 
 
O mal radical não pode ser destruído pelas forças humanas, mas pode 
ser vencido, a fim de que o homem seja verdadeiramente livre nas suas 
acções. 
 
UNIDADE Temática 2.1.4. Ética Contemporânea 
Semelhantes a ética moderna, alguns autores contribuíram para o 
desenvolvimento da teoria da ética contemporânea. Em seguida 
descrevemos as contribuições desses autores. 
Triedros Hegel (1770-1831) é o filósofo mais importante do idealismo 
pós-kantiano. A doutrina de Hegel tem uma tendência panteísta e é 
conhecida como idealismo absoluto porque o absoluto é a ideia, o 
pensamento puro, a abstracção lógica. 
Hegel compreende que a moral não é uma questãoperene, mas 
complexa e dinâmica. Hegel trata de uma moral que muda algo que se 
mantém independentemente e acima dos conceitos que mudam, 
evoluem e se transformam enquanto ela se matem una, universal e 
intemporal. Para Hegel, a ética e a moral das pessoas enquanto seres 
culturais, determina-se pelas relações sociais que mediatizam as 
relações pessoais. 
O que é comum a todas as perspectivas e conceitos da moral é que o 
indivíduo providencia a sua própria moralidade e ao mesmo tempo 
clama por uma genuína universalidade. O que permite a sanção das 
nossas escolhas morais é em parte o facto de que o critério que governa 
as nossas escolhas, não é escolhido. É no contexto da ordem moral 
estabelecida numa comunidade bem ordenada que se podem 
encontrar os critérios éticos gerais e concordâncias com os seus. A 
autoridade Ética da sociedade não advém, porém do seu poder real, 
mas dos seus conceitos que são encarados como normativos. 
Para Hegel, a vida pode ser vivida dentro de um certo tipo de 
comunidade que em cada comunidade certos valores se provarão 
indispensáveis, adaptando uma posição diferente da linha sobre a 
objectividade da moral do séc. XVIII e dos seus herdeiros posteriores. 
Do ponto de vista do indivíduo isolado, a escolha entre os valores está 
aberta, mas para o indivíduo integrado numa sociedade não está. Cada 
sociedade impõe certos valores a si próprio e ao indivíduo, só havendo 
verdadeira possibilidade de escolha arbitrária ao indivíduo que não 
esteja integrado numa sociedade. 
Platão e Aristóteles encaram a objectividade e a autoridade ética, 
porque a descrevem dentro de uma sociedade de polis. Os 
individualistas do séc. XVIII vem o bem como a expressão dos seus 
sentimentos ou o mandato da sua razão individual porque se situam 
 
 29 
 
como se estivessem fora da sociedade em que vivem. A sociedade é por 
eles considerada apenas como um mero agregado de indivíduos. Mas 
Hegel levanta uma questão: o que é que, para o homem moderno, toma 
lugar da polis grega? 
Para Hegel a vida Ética ou moral dos indivíduos enquanto ser cultural e 
histórico é determinada pelas relações sociais que mediatizam as 
relações pessoais intersubjectivas. Assim, Hegel transforma a Ética 
numa filosofia de direito e divide-a em Ética subjectiva (pessoal) e Ética 
objectiva (social). 
A Ética subjectiva é uma consciência de dever enquanto a ética 
objectiva é formada pelos costumes, pelas leis e normas de uma 
sociedade. Entretanto, Hegel dividiu a sua obra de 1821, Filosofia do 
Direito, em três áreas: direito abstracto, a moral e a etnicidade. 
• Direito abstracto – é da pessoa individualmente considerada e 
exprime-se na propriedade, que é a esfera exterior da sua 
liberdade; 
• A moralidade – é a esfera da vontade subjectiva que se 
manifesta na acção; 
• A etnicidade – é a esfera da necessidade e das regras sociais que 
regem a vida dos indivíduos e constituem os seus deveres. 
 
O domínio da moralidade é caracterizado pela sua separação abstracta 
entre a subjectividade que deve realizar o bem, e o bem que deve ser 
realizado. Esta separação é resolvida pela ética, onde o bem se realiza 
de forma concreta e se torna existente. 
Donald, (1999) Os deveres éticos são obrigatórios e surgem como uma 
limitação a subjectividade ou a liberdade abstracta do indivíduo, sendo, 
no entanto, a redenção do próprio indivíduo, dos seus impulsos e da sua 
subjectividade individual. 
No mundo Ético (família, sociedade civil, Estado) a liberdade torna-se 
realidade: “o sistema de direito é o reino da liberdade realizada, o 
mundo do espírito expresso por si mesmo, como uma segunda 
natureza.” Para que o direito - ética se realize e subsista é necessário 
que à vontade do indivíduo se reverta numa vontade mais vasta, 
universal, a qual se submeta por livre vontade. 
O homem é um indivíduo ético, integrado num sistema social ético que 
é constituído pelo sistema de necessidades da sociedade civil. Para o 
Kant, o indivíduo está submetido a imperativos categóricos enquanto o 
indivíduo Emiliano procura os seus critérios morais nas normas da 
sociedade. 
Para Hegel, o estado reúne esses dois aspectos numa totalidade Ética. 
 
 30 
 
Donald, (1999) A vontade individual subjectiva é determinada por uma 
vontade objectiva, impessoal, colectiva, social e pública que cria as 
diversas instituições sociais. Essa vontade regula e normaliza as 
condutas individuais através de um conjunto de valores e costumes 
vigentes numa determinada sociedade e numa determinada época. 
O ideal ético está numa vida livre dentro de um estado livre, um estado 
de direito que preserve os direitos dos homens e lhes cobre seus 
deveres onde a consciência moral e as leis do direito não estão 
separadas e nem em contradição. Assim, a vida Ética é a interiorização 
dos valores, normas e leis de uma sociedade, condensadas na vontade 
objectiva, cultural por um sujeito moral que as aceite livre e 
espontaneamente através de uma vontade subjectiva individual. A 
vontade pessoal resulta da aceitação harmoniosa da vontade colectiva 
de uma cultura. 
Kart Marx (1818-1883) a moral é uma superstrutura ideológica, com 
função social que permite sacramentar as relações e condições de 
existência de acordo com os interesses da classe dominante. Numa 
sociedade dividida em classes antagónicas, a moral sempre terá um 
carácter de classe. Enquanto não se verificarem as condições reais para 
uma moral universal, válida para toda a sociedade não pode existir um 
sistema moral válido para todos os tempos e todas as sociedades. 
Para Marx, ao se tentar construir tal sistema no passado estava-se a 
imprimir um carácter universal a interesses particulares. 
Se a moral proletária é a moral de uma classe que esta destinada 
historicamente a abolir a si mesmo como classe para ceder lugar a uma 
sociedade verdadeiramente humana, serve como passagem a uma 
moral universalmente humana. Os homens necessitam da moral assim 
como necessitam da produção, e cada moral cumpre sua função social 
de acordo com a estrutura social vigente. 
Entretanto torna-se necessária uma moral que não seja o reflexo de 
relações sociais alienadas para regular as relações entre os indivíduos 
tanto em vista das transformações da velha sociedade como para 
garantir a harmonia da emergente classe socialista. 
A transformação da antiga classe e a construção da nova moral exige a 
participação consciente dos homens. Porque, a nova moral com suas 
novas virtudes transforma-se numa nova necessidade. Assim, o homem 
deve interferir sempre na transformação da sociedade. 
Friedrich Nietzsche (1844-1900) é um crítico mordaz de toda a moral, 
seja a socrática, judaico-cristão ou moral burguesa. 
Para Nietzsche, a vida é à vontade de poder, princípio último de todos 
os valores. O bom é o que favorece a força vital do homem, e tudo o 
que intensifica e exalta no homem o sentimento de poder, à vontade 
 
 31 
 
de poder e o próprio poder. O mal é tudo o que vem da fraqueza ou o 
bom fornece a força e o mal a fraqueza. 
Nietzsche vê no super-homem, alguém capaz de quebrar a tábua dos 
valores, transmutando-os a todos. 
O pragmatismo afasta-se de questões teóricas de fundo, dos problemas 
abstractos da velha metafísica e dedicam-se as questões práticas sob o 
ponto de vista utilitarista. A verdade é o útil que ajuda a viver e a 
conviver. O bem é algo que conduz a obtenção eficaz de uma finalidade, 
que nos conduz a um êxito. Os valores, princípios e normas perdem seu 
conteúdo objectivo e o bem passa a ser aquilo que ajuda o homem nas 
suas actividades práticas, variando de acordo com as circunstâncias. O 
perigo apresentado pelo pragmatismo é que ele tenta reduzir o 
comportamento moral a actos que conduzem apenas aos êxitos 
pessoais transformando-os numa

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