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Controle da Administração - Improbidade - Responsabilidade

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DIREITO ADMINISTRATIVO
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1) Conceito: O controle administrativo é o conjunto de instrumentos que o ordenamento jurídico estabelece a fim de que a própria administração pública, os Poderes Judiciário e Legislativo, e ainda o povo, diretamente ou por meio de órgãos especializados, possam exercer o poder de fiscalização, orientação e revisão da atuação administrativa de todos os órgãos, entidades e agentes públicos, em todos os Poderes e níveis da Federação.
2) Classificação das Formas de Controle:
a) Conforme a Origem:
a.1) Controle Interno: É aquele exercido dentro de um mesmo Poder, seja o exercido no âmbito hierárquico, seja o exercido por meio de órgãos especializados, sem relação de hierarquia com o órgão controlado, ou ainda o controle que a administração direta exerce sobre a administração indireta de um mesmo Poder.
Ex: Controle que as chefias exercem sobre seus subordinados.
O artigo 74 da CF/88 determina que os Poderes mantenham sistemas de controle interno. Além disso, os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de alguma irregularidade darão ciência ao TCU, sob pena de responsabilidade solidária.
a.2) Controle Externo: Diz-se externo o controle quando exercido por um Poder sobre os atos administrativos praticados por outro Poder.
Exemplos: A sustação, pelo Congresso Nacional, de atos normativos do Poder Executivo que exorbitem o poder regulamentar. A anulação de um ato do Poder Executivo por decisão judicial. O julgamento anual, pelo Congresso Nacional, das contas prestadas pelo Presidente da República. Análise feita pelo TCU sobre as contas do Poder Executivo Federal.
a.3) Controle Popular: Controle feito pelo POVO. Como decorrência do Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público, a Constituição contém diversos dispositivos que dão aos administrados a possibilidade de verificarem a regularidade da atuação da administração pública e impedirem a prática de atos ilegítimos, lesivos ao indivíduo ou à coletividade, ou provocarem a reparação dos danos deles decorrentes.
Por esse motivo, o artigo 31, § 3º, da CF/88 determina que as contas do Município fiquem por 60 dias à disposição de qualquer contribuinte para exame e apreciação.
O artigo 5º, inciso LXXIII, da CF/88 dispõe sobre a Ação Popular: “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”.
Não obstante, o artigo 74, § 2º, da CF/88 dispõe que qualquer cidadão, Partido Político, associação ou sindicatos é parte legítima para denunciar irregularidades ou ilegitimidades perante o TCU.
Ademais, o artigo 5º, inciso XXXIII, da CF/88 assegura que todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral.
b) Conforme o Momento de Exercício:
b.1) Controle Prévio ou Preventivo: Controle exercido antes do início da prática ou antes da conclusão do ato administrativo, constituindo-se em requisito para a validade ou para a produção de efeitos do ato controlado.
Ex: a aprovação prévia, pelo Senado Federal, da escolha de Ministros dos Tribunais Superiores, do Procurador-Geral da República, dentre outros.
b.2) Controle Concomitante: É exercido durante a realização do ato e permite a verificação da regularidade de sua formação. Ex: o acompanhamento da realização de um Concurso Público pela Corregedoria competente.
b.3) Controle Subsequente ou Corretivo (posterior): É exercido após a conclusão do ato. Mediante o controle subsequente é possível a correção de defeitos do ato, a declaração de sua nulidade, a sua revogação, a sua cassação, ou mesmo conferir eficácia ao ato.
Ex: homologação de um procedimento licitatório; sustação, pelo Congresso Nacional, de atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do Poder Regulamentar.
c) Quanto ao aspecto controlado:
c.1) Controle de Legalidade ou Legitimidade: verifica-se se o ato foi praticado em conformidade com o ordenamento jurídico. Esse controle decorre do Princípio da Legalidade (o Poder Público só pode fazer aquilo que a lei permite ou determina).
Além de uma análise do ato conforme a norma jurídica é necessária análise do ato conforme os princípios, tais como da moralidade e impessoalidade, por exemplo.
Importante lembrar que as Súmulas Vinculantes passaram a ser de observância obrigatória para os demais órgãos do Poder Judiciário e para o Poder Executivo. Dessa forma, o ato contrário a enunciado de Súmula Vinculante dá ensejo à Reclamação Constitucional diretamente ao STF. Julgada a Reclamação procedente, o ato será anulado (por conter vício de legalidade).
Ademais, o controle de legalidade pode ser exercido pela própria Administração Pública (controle interno - poder de autotutela), pelo Poder Judiciário (controle externo - poder jurisdicional) e pelo Poder Legislativo (controle externo), nas hipóteses previstas na CF/88.
Exemplo de controle do Poder Legislativo: apreciação do Poder Legislativo, por meio do TCU, da legalidade na admissão de servidores públicos pelo Poder Executivo.
O exercício do controle de legalidade pode ter como resultado a confirmação da validade, a anulação ou a convalidação do ato controlado.
Na anulação fica verificado que houve vício de validade em sua prática. Pode ser realizada pela própria administração (quem praticou o ato - controle interno) ou pelo Poder Judiciário (controle externo). A anulação produz efeitos retroativos (ex tunc), resguardados os efeitos produzidos para terceiros de boa-fé.
Entretanto, em alguns casos, o ato não será anulado, o Poder Público pode optar por manter no ordenamento jurídico, desde que o ato possua defeitos sanáveis e não acarrete lesão ao interesse público. A convalidação produz efeitos ex tunc, retroage até a origem para tornar o ato válido. A convalidação é uma decisão discricionária da Administração Pública.
Em resumo, mediante o controle de legalidade ou legitimidade, a administração, ou o Poder Judiciário e, nos casos expressos na Constituição, o Poder Legislativo, confirmam a validade de atos praticados em conformidade com o ordenamento jurídico, ou anulam atos administrativos ilegais ou ilegítimos. No âmbito desse controle é possível, ainda, a convalidação, pela administração, de atos praticados com defeitos sanáveis.
c.2) Controle de Mérito: O controle de mérito visa a verificar a oportunidade e a conveniência administrativas do ato controlado. O controle de mérito é um controle administrativo que, como regra, compete exclusivamente ao próprio Poder que editou o ato administrativo.
Excepcionalmente, a CF/88 prevê hipóteses em que o Poder Legislativo tem competência para exercer o controle de mérito sobre atos do Poder Executivo. Não tem competência, porém, o Poder Legislativo para revogar ato do Poder Executivo, em que foi realizado juízo de oportunidade e conveniência, quando tal juízo estiver em conformidade com a lei e os princípios jurídicos.
O controle de mérito consiste na revogação de atos válidos, mas que se tornaram inoportunos ou inconvenientes, editados pela Administração Pública. A revogação somente pode ser realizada pela própria administração e pode, em princípio, alcançar qualquer ato discricionário, resguardados, entretanto, os direitos adquiridos. Em todos os casos, como o ato revogado era um ato válido, sua revogação somente pode produzir efeitos prospectivos (ex nunc).
Não obstante, o Poder Judiciário nunca realiza controle de mérito, apenas controle de legalidade.
Entretanto, pode o Poder Judiciário analisar o ato administrativo a luz dos princípios jurídicos, como exemplo, os Princípios implícitos da Razoabilidade e Proporcionalidade, atestando que o ato discricionário foi praticado com abuso de poder, ou seja, além dos limites da válida atuação discricionária estabelecida em lei.
Ex: o Poder Judiciário pode anularato administrativo que aplicou penalidade disciplinar, por entender que a sanção é desproporcional aos fatos ocorridos.
Cabe, por fim, reforçar que todos os Poderes têm competência para revogar os atos administrativos por eles próprios editados.
d) Quanto à Amplitude:
d.1) Controle Hierárquico (controle interno): sempre que, dentro da estrutura de uma mesma pessoa jurídica, houver escalonamento vertical entre órgãos ou entre agentes públicos, haverá controle hierárquico do superior sobre os atos praticados pelos subordinados.
d.2) Controle Finalístico: é aquele exercido pela Administração Direta sobre as pessoas jurídicas integrantes da Administração Indireta. O controle finalístico é também denominado pela doutrina, simplesmente, tutela administrativa.
· Controle exercido pela Administração sobre seus próprios atos:
O controle administrativo é o controle interno, fundado no Poder de Autotutela, exercido pelo Poder Executivo e pelos órgãos administrativos dos Poderes Legislativo e Judiciário sobre sua própria atuação administrativa, tendo em vista aspectos de legalidade e de mérito administrativo (conveniência e oportunidade).
O controle administrativo típico é aquele realizado pelo Poder Executivo sobre os atos de seus próprios órgãos e entidades. Entretanto, o Legislativo e o Judiciário também realizam controle administrativo, quando, exercendo função administrativa, fiscalizam os atos administrativos editados pelos seus próprios órgãos.
Súmula 473 do STF: a Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tomem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Se o desfazimento do ato afetar desfavoravelmente o administrado, a Administração Pública deve instaurar Processo Administrativo, assegurando o contraditório.
- Controle Hierárquico:
Para existir hierarquia, é necessário não só que se trate de órgãos e agentes da mesma pessoa jurídica, mas, também, que, na estrutura organizacional dessa pessoa jurídica, esses órgãos e agentes estejam localizados na mesma linha hierárquica (linha vertical).
- Controle não Hierárquico:
a) Entre órgãos que, embora integrem uma só pessoa jurídica, não estão na mesma linha de escalonamento vertical. Ex: Ministério do Trabalho e Ministério da Saúde (não há hierarquia entre os Ministérios). 
b) Entre a Administração Direta e a Administração Indireta (não há hierarquia nem subordinação, há Tutela ou Controle Finalístico).
· Processos Administrativos:
O exercício do Poder de Autotutela pode ser materializado por um simples ato ou pela instauração de um Procedimento Administrativo formal, assegurada a ampla defesa e o contraditório.
Os Processos Administrativos podem ser iniciados por petição de qualquer administrado visando alterar, corrigir ou anular decisões ou atos administrativos, bem como de iniciativa da própria Administração Pública.
O administrado tem a faculdade de iniciar o Processo Administrativo. Entretanto, a escolha de ajuizar ação perante o Poder Judiciário implica na renúncia à esfera administrativa. Dessa forma, se o Processo Administrativo estiver tramitando e for ajuizada Ação Judicial, o Procedimento Administrativo será extinto imediatamente, sem apreciação do mérito.
- O Recurso Administrativo é utilizado pelo administrado que já obteve uma decisão em um Processo Administrativo em que figura como parte, mas não concorda com ela e deseja submeter a matéria à reapreciação de uma outra autoridade ou órgão, competente para emitir uma nova decisão. Além disso, a própria Administração Pública que proferiu a decisão pode apresentar Recurso Administrativo (recurso de ofício).
Segundo o STF é inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo. Em outras palavras, é inconstitucional a exigência de garantia ou caução (ou qualquer outra imposição onerosa), como condição de admissibilidade de Recursos em Processos Administrativos.
Recurso Hierárquico (próprio) dirigido a autoridade ou órgão superior. Recurso Impróprio é dirigido a um órgão especializado para apreciação de recursos específicos, não tendo esse órgão relação de hierarquia com o que proferiu a decisão.
· Princípios que regem o Processo Administrativo:
a) Oficialidade: Esse princípio está presente no poder de iniciativa para instaurar o Processo Administrativo, na instrução do processo depois de instaurado (seja pela Administração ou pelo administrado) e na revisão de suas decisões.
b) Informalismo: Os atos processuais devem ser escritos ou, se admitidos atos produzidos verbalmente, deve ser reduzido a termo, mas não são exigidas formas rígidas ou formalidades específicas para que o ato seja válido, a menos que a lei expressamente o faça.
c) Princípio da Instrumentalidade das Formas: A forma é mero instrumento, cujo escopo é possibilitar que o ato atinja a sua finalidade. Por esse princípio, se a finalidade do ato foi alcançada, mesmo que não tenha sido observada a forma prescrita, considera-se suprida a falta, sanada a irregularidade.
d) Princípio da Verdade Material: No processo administrativo deve a administração procurar conhecer o fato efetivamente ocorrido. Importa saber como se deu o fato no mundo real. Assim, pode aceitar qualquer prova (lícita) em qualquer das fases, visando descobrir qual é a verdade real.
e) Gratuidade: nos processos administrativos não são cobrados valores ordinariamente exigidos das partes nos processos judiciais, tais como custas judiciais, ônus de sucumbência, honorários de advogados ou de peritos, dentre outros.
f) Contraditório e Ampla Defesa:
Ampla Defesa: possibilidade de utilização de todos os meios lícitos para o acusado ou litigante provar os fatos de seu interesse.
Contraditório: exigência de que seja dada ao interessado a oportunidade de se manifestar a respeito de todos os elementos trazidos ao processo que possam influenciar na decisão.
· Prescrição Administrativa: Trata-se de prazos para que o administrado ou a administração pública instaurem ou provoquem a instauração de processos ou procedimentos na esfera administrativa.
a) Prazos para o administrado instaurar Processos Administrativos, ou interpor Recursos no âmbito desses processos: São prazos variados.
b) Prazos para a Administração Pública rever os seus próprios atos: na esfera Federal o prazo de decadência para a Administração anular seus próprios atos é de 05 anos. Entretanto, se houver flagrante desrespeito a CF/88, não prazo para decadência. 
Nos casos de má-fé e de ato desfavorável ao administrado, a anulação pode se dar a qualquer tempo. Além disso, não há prazo para a administração proceder à revogação de seus atos administrativos que se tomem inoportunos ou inconvenientes ao interesse público.
c) prazos para a administração pública aplicar sanções administrativas: Salvo prazos expressamente previstos em lei, utiliza-se o prazo de 05 anos.
Ex: Artigo 142 da lei 8112/1990: prescreve em 05 anos a ação disciplinar, quanto às infrações puníveis com demissão, em 02 anos, quanto à suspensão, e em 180 dias, quanto à advertência, sempre contados esses prazos a partir da data em que o fato se tornou conhecido.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
1) Definição: É sinônimo de desonestidade administrativa. 
Improbidade, em regra, será praticada com dolo, intenção do agente em praticar o ato desonesto. Sem dolo não há improbidade, no máximo uma imoralidade. Por isso, conclui-se que a improbidade é a imoralidade qualificada/potencializada pelo dolo.
OBS: O dolo é elemento comum em todas as hipóteses de improbidade. A única que admite a modalidade culposa é a prevista no artigo 10 da lei 8429/92 (prejuízo ao erário).
2) Legislação: Lei 8.429/92.
3) Sujeitos Passivos e Ativos:
- Sujeitos Passivos: entidades que podem ser atingidas diretamente por atos de improbidade administrativa.
Artigo 1º da lei 8.429/92: Os atos de improbidade praticados por qualquer agentepúblico, servidor ou não, contra a Administração Direta, Indireta ou Fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de 50% do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
- Sujeitos Ativos dos atos de improbidade administrativa:
Os sujeitos ativos dos atos de improbidade administrativa são precipuamente agentes públicos.
Artigo 2º da lei 8.429/92: Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.
Entretanto, não são apenas os agentes públicos que podem sofrer sanções por atos de improbidade administrativa.
Artigo 3º da lei 8.429/92: As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
Interessante observar que, isoladamente, essa pessoa não tem como praticar um ato de improbidade administrativa, a prática se dá em conjunto com um agente público ou quando se beneficia do ato que não praticou.
Vale frisar: não pode a ação civil de improbidade administrativa ser ajuizada exclusivamente contra um particular.
4) Natureza das Sanções Cominadas:
A lei 8.429/1992 estabelece sanções de natureza administrativa (perda da função pública, proibição de contratar com o Poder Público, proibição de receber do Poder Público benefícios fiscais ou creditícios), natureza civil (ressarcimento ao erário, perda dos bens e valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, multa civil) e natureza política (suspensão dos direitos políticos).
Artigo 5º da lei 8.429/1992: Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.
O artigo 6º da lei 8.429/1992 determina no caso de enriquecimento ilícito, a perda dos bens ou valores acrescidos ao patrimônio do agente público ou terceiro beneficiário.
Não obstante, os sucessores daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente estão sujeitos às sanções de natureza patrimonial, até o limite do valor da herança (artigo 8º da lei 8.429/1992).
Um mesmo ato enquadrado na Lei 8.429/1992 pode corresponder também a um crime e a uma infração administrativa. Em tal circunstância poderão ser instaurados processos concomitantes nas três esferas.
A regra geral é a independência entre as esferas. Entretanto, a esfera penal pode interferir nas demais, da seguinte forma:
a) a condenação criminal por um fato que caracterize, também, ilícito cível ou infração administrativa acarretará obrigatoriamente a responsabilização nas esferas correspondentes.
b) a absolvição na esfera penal estende-se às outras instâncias exclusivamente quando fundada na inexistência do fato ou na ausência de autoria. 
5) Hipóteses de Improbidade Administrativa:
	POR GRAVIDADE
:
	Artigo 9º
	Enriquecimento Ilícito
	
	Artigo 10
	Lesão ao Patrimônio Público/Lesão aos Cofres Públicos
	
	Artigo 11
	Agressão a Princípios da Administração Pública
- Os incisos desses artigos elencam um rol exemplificativo das condutas enquadradas.
· Artigo 9º da lei 8.429/92 elenca atos de improbidade por Enriquecimento Ilícito.
“Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade”.
Ex: desvio de verbas públicas, cobrança ou recebimento de propina, uso de servidores e equipamentos públicos em propriedades particulares, dentre outros.
O artigo 13 da lei 8.429/92 estabelece como requisito indispensável para tomar posse de um cargo público, a apresentação de uma declaração de bens. Além disso, a declaração deverá ser anualmente atualizada. Isso ocorre, para conhecer o patrimônio do servidor e acompanhar a sua evolução. Artigo 13, § 3º, da lei 8429/92: O servidor público que se recusar a apresentar sua declaração de bens ou prestar declaração falsa, será punido com demissão.
Artigo 12, I, da lei 8.429/92: perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 08 a 10 anos, pagamento de multa civil de até 03x o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 10 anos.
· Artigo 10º da lei 8.429/92: Lesão ao Patrimônio Público (prejuízo ao erário).
“Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades”.
Ex: alienação de bens públicos abaixo dos valores de mercado, aquisição de bens de 3º acima dos valores de mercado (superfaturamento).
Artigo 12, II, da lei 8.429/92: ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 05 a 08 anos, pagamento de multa civil de até 02x o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 05 anos.
· Artigo 11 da lei 8.429/92: Agressão a Princípios da Administração Pública.
“Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições”.
Ex: contratação sem concurso quando ele deveria ter sido realizado, negar de forma indevida publicidade a informações (artigo 5º, XXXIII, da CF/88), oferecimento de informações privilegiadas sobre as áreas econômicas ou políticas.
Artigo 12, III, da lei 8.429/92: ressarcimento integral do dano, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 03 a 05 anos, pagamento de multa civil de até 100x o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 03 anos.
- Se o indivíduo comete uma inconstitucionalidade/desonestidade, os atos praticados podem ser combatidos no Judiciário. Até porque, o Judiciário só faz controle de legalidade dos atos administrativos.
Podem ser ajuizadas: Ação Popular e Ação Civil Pública. O ponto em comum das duas ações é o combate à improbidade administrativa.
	Ação Popular (lei 4.717/65)
	Ação Civil Pública (lei 1347/85)
	Legitimidade Ativa: qualquer CIDADÃO.
	Legitimidade Ativa: Ministério Público (MP); Defensoria Pública; a Administração Direta e Indireta; Associações (constituídas há pelo menos 1 (um) ano e comprovem pertinência temática).
	Legitimidade Passiva: Pessoa física responsável pela prática do ato e também contra os terceiros que tenham contribuído paraque ele ocorresse ou dele tenham se beneficiado (artigo 6º).
	Legitimidade Passiva (Artigo 2º e 3º, da lei 8.429/92): Os Agentes Públicos e aqueles que não sendo agentes (particulares), tenham contribuído para que ele ocorresse ou dele tenham se beneficiado.
· Ação Popular:
Cidadão é o nacional de um Estado, que se encontra no pleno exercício dos direitos políticos (capacidade para votar e ser votado). Para a comprovação de cidadão é necessário apresentar o título de eleitor.
É necessário que o legitimado ativo seja um cidadão, pois ele atuará na defesa da coletividade.
OBS: Súmula 365 do STF: Pessoa jurídica está proibida de ajuizar Ação Popular, pois não atende a condição de cidadania.
· Ação Civil Pública:
Artigo 2º da lei 8.429/92: Reputa-se agente público, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades.
Artigo 3º da lei 8.429/92: As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
- O STJ tem consolidado o entendimento que o particular sozinho não pratica ato de improbidade.
6) Sanções que vão incidir sobre aqueles que forem responsabilizados por atos de improbidade administrativa.
Artigo 37, § 4º, da CF/88: Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens (bloqueio de bens) e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
As sanções acima elencadas possuem natureza civil e administrativa, podendo o sujeito ser responsabilizado também na esfera penal.
As sanções acima elencadas só vão ser aplicadas, em regra, com o trânsito em julgado de uma sentença. Portanto, pressupõe a existência de uma ação judicial, que assegure a ampla defesa e o contraditório. 
Exceção: A sanção de indisponibilidade de bens (bloqueio de bens) pode ser aplicada a qualquer momento no curso da ação judicial, quando se verificar que o réu está tentado dilapidar o seu patrimônio. Assim sendo, o bloqueio de bens só irá incidir sobre parte do patrimônio suficiente para suprir o valor do dano causado. 
Exemplo: O réu possui um milhão de patrimônio, o dano causado foi de cem mil reais, não é plausível o bloqueio de todo o patrimônio do réu, mas apenas da parcela que garanta o pagamento total do dano.
· Intensidade das sanções: 
Artigo 12 da lei 8.429/92: Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato.
	
	Artigo 9º
	Artigo 10
	Artigo 11
	Suspensão dos Direitos Políticos
	De 8 a 10 anos
	De 5 a 8 anos
	De 3 a 5 anos
	Multa
	De até 3X o valor enriquecido
	De até 2X do dano causado
	De até 100X a remuneração do agente
	Prazo para contratação
	10 anos
	5 anos
	3 anos
OBS: Quanto ao valor da remuneração do agente: Artigo 37, XI, da CF/88: Ninguém dentro da Administração Pública pode receber valor maior ao percebido pelos Ministros do STF.
- Prazo para Contratação: É o prazo em que aqueles que foram condenados não poderão ser contratados pela Administração Pública e nem poderão receber dela nenhum benefício.
· Individualização da Pena: 
Artigo 12, parágrafo único, da lei 8.429/92: Na fixação das penas previstas nesta lei, o juiz levará em conta a extensão do dano causado, bem como o proveito patrimonial obtido pelo agente.
Exemplo: vários réus em uma ação, mas a participação deles não foi a mesma, assim o juiz deve analisar a extensão do dano causado e o proveito patrimonial de cada agente.
· Aplicação das Sanções:
O artigo 21 da lei 8.429/92 estabelece que a aplicação das sanções previstas independe:
I. Da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, SALVO quanto a pena de ressarcimento, ou seja, quando o ato de improbidade causar danos aos cofres públicos.
OBS: todas as demais sanções podem ser aplicadas mesmo que nenhum dano econômico tenha resultado do ato de improbidade para o erário. Ademais, as sanções podem ser aplicadas isoladas ou cumulativamente, sem prejuízo das sanções penais, civis e administrativas.
II. Da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal de Contas.
Cumpre enfatizar que a aplicação das sanções estabelecidas na lei 8.429/92 é de competência exclusiva do Poder Judiciário.
- Qual é a natureza jurídica dos Tribunais de Contas? Não integram a estrutura do Poder Judiciário (não estão elencados no artigo 92 da CF/88). Configuram órgãos auxiliares do Poder Legislativo, promovendo auditoria em todos os atos e contratos celebrados pela Administração Pública.
Como os Tribunais de Contas não integram a estrutura do Poder Judiciário, suas decisões não fazer coisa julgada. Assim, podem ser reapreciadas pelo próprio Poder Legislativo e o Poder Judiciário, desde que seja controle de legalidade.
Ex: A decisão do TCU de rejeitar as contas da Presidência da República (pedaladas fiscais), não vinculou de pronto o Congresso Nacional, que poderia rever a decisão e alterá-la pelo quórum de 2/3 dos membros.
A CF/88 veda a criação de novos Tribunais de Contas Municipais, na época só havia 02 Tribunais o de São Paulo e o do Rio de Janeiro.
· Procedimentos Administrativos e Ações Judiciais:
Qualquer pessoa pode requerer a instauração de investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade contra autoridade administrativa (artigo 14 da lei 8.429/92).
Artigo 19 da lei 8.429/92: Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário quando o autor da denúncia sabe que são inocentes.
Após a representação, há a instauração de PAD para apuração dos fatos. Entretanto, o PAD somente aplica sanções administrativas (ex: aplicação da pena de demissão). Como já dito, a aplicação das sanções estabelecidas na lei 8.429/92 é de competência do Poder Judiciário (ex: para aplicação das penas de perda da função e suspensão dos direitos políticos exige-se o trânsito em julgado da sentença condenatória).
Para apurar qualquer ilícito o Ministério Público, de ofício, pode requisitar a instauração de inquérito policial ou procedimento administrativo.
· Foro Competente:
O foro especial por prerrogativa de função somente é aplicado nos processos de caráter penal, não se estendendo às ações cíveis. Por isso, não cabe cogitar foro especial na ação de improbidade administrativa, tendo em vista sua natureza cível. Assim, em regra, os processos se iniciam no 1º grau.
· Prazo de Prescrição: artigo 23 da lei 8.429/92:
I- Até 05 (cinco) anos contados do término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança, ou seja, a partir do momento que o sujeito deixa os quadros da Administração Pública.
OBS: Se a condenação vier exigindo o Ressarcimento dos Danos o prazo será imprescritível, conforme o artigo 37, § 5º da CF/88.
· Responsabilização das Pessoas Jurídicas por atos contra a Administração Pública (lei 12.846/2013):
As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, no âmbito civil e administrativo, pelos atos lesivos praticados contra a Administração Pública Nacional ou Estrangeira (ainda que os atos lesivos sejam praticados no exterior).
OBS: Insta salientar que, enquanto a responsabilidade das pessoas jurídicas é objetiva, a responsabilidade das pessoas naturais é subjetiva (depende da demonstração de culpa ou dolo).
É possível a desconsideração da Personalidade Jurídica, sempre que utilizada com abuso de direito, estendendo a seus administradores e sócios com poderes de administração todos os efeitos das sanções aplicadas.
Os atos lesivos estão elencados no artigo 5º da lei 12.846/2013. Já o artigo 6º da lei 12.846/2013 prevê a sanção de multa de 1% a 20%do faturamento bruto do último exercício, excluídos os tributos, e publicação extraordinária da decisão condenatória.
O processo administrativo para apuração da responsabilidade da pessoa jurídica será conduzido por uma comissão, que deve concluir o processo em 180 dias, podendo ser prorrogado mediante fundamentação.
A responsabilidade administrativa não exclui a judicial, observado, se houver, o acordo de leniência (colaboração/delação premiada). Quanto à responsabilidade judicial, podem ser aplicadas as seguintes sanções, isoladas ou cumulativamente:
i. Perdimento de bens, direitos e valores indevidos, ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé.
ii. Suspensão ou interdição parcial de suas atividades.
iii. Dissolução compulsória da Pessoa Jurídica.
iv. Proibição de receber subsídios do Poder Público pelo prazo mínimo de 01 e máximo de 05 anos.
A prescrição das infrações ocorre em 05 anos, contados da data da ciência da infração e, no caso de infração permanente, do dia que tiver cessado. Na esfera administrativa a prescrição será interrompida com a abertura do processo para apurar a infração.
O acordo de leniência não exime a pessoa jurídica da obrigação de reparar integralmente o dano causado (artigo 16, § 3º, da lei 12.846/2013). Em caso de descumprimento do acordo de leniência, a pessoa jurídica não poderá celebrar novo acordo pelo prazo de 03 anos, contados do conhecimento do descumprimento.
RESPONSABILIDADE DO ESTADO
1) Conceito: é a obrigação atribuída ao Poder Público de indenizar os danos causados a terceiros pelos seus agentes agindo nessa qualidade.
Em outras palavras, a responsabilidade civil da Administração Pública evidencia-se na obrigação que tem o Estado de indenizar os danos patrimoniais ou morais que seus agentes, nessa qualidade, causem à esfera juridicamente tutelada dos particulares.
A responsabilidade civil não se confunde com a responsabilidade administrativa e penal, sendo essas 03 esferas, em regra, independentes entre si.
2) Requisitos para a Ação Judicial: 
Artigo 37, § 6º, da CF/88: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
a) Configuração de um Dano Real/Concreto (dano já configurado).
Quanto aos danos, dividem-se em Danos Materiais e/ou Danos Morais. A Súmula 37 do STJ determina que sejam cumuláveis as indenizações por dano material e moral oriundos do mesmo fato.
b) O dano tem que ter sido causado por um agente público.
A expressão agente público é utilizada em sentido amplo, abrangendo os servidores públicos, empregados públicos (das Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista prestadoras de serviço público), bem como os empregados das Pessoas Jurídicas de Direito Privado prestadoras de serviço público.
OBS: o dano causado por um usurpador de função (pessoa que não possui vínculo com o Poder Público), não imputa a responsabilidade ao Estado. 
c) O agente público tenha causado o dano nesta qualidade.
Não haverá responsabilidade do Estado no caso da atuação do agente público não estar relacionada à sua condição de agente público. 
Ex: Um policial durante o período de folga efetua disparos de arma de fogo contra uma vítima. O STF entendeu no caso que não há obrigação do Estado em indenizar a vítima, pois o dano fora praticado por policial que se encontrava fora de suas funções públicas, sendo a razão dos disparos motivo pessoal.
Relevante observar que o dispositivo acima engloba na responsabilidade objetiva TODAS as Pessoas Jurídicas de Direito Público (Administração Direta, Autarquias e Fundações Públicas) independentemente das atividades que exerçam, e, também, todas as Pessoas de Direito Privado prestadoras de serviço público (pode abranger as Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista, Fundações Privadas e Particulares que por delegação executam o serviço público).
OBS: o dispositivo não abrange as Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista exploradoras de atividade econômica.
Ademais, nota-se que a responsabilidade do agente público causador do dano é subjetiva, ou seja, para que ele seja responsabilizado é necessário comprovar culpa ou dolo.
3) Da Responsabilidade Objetiva do Estado:
O fundamento da responsabilidade objetiva do Estado na modalidade risco administrativo é a noção de que a atividade administrativa envolve riscos que são assumidos em beneficio de toda a coletividade e de que os eventuais danos dela recorrentes devem, por isso mesmo, ter o seu ônus entre todos repartido.
Em razão da responsabilidade do Estado ser objetiva, a vítima NÃO terá que demonstrar culpa ou dolo, apenas deverá comprovar o nexo de causalidade.
Em outras palavras, a vítima só terá que demonstrar que o dano sofrido teve como causa a prestação de um serviço público, sem a necessidade de comprovar culpa ou dolo.
- Variante do Risco Administrativo: É a possibilidade que o Estado tem de uma vez acionado em juízo, invocar em sua defesa caso fortuito, força maior ou culpa da vítima para excluir ou atenuar sua responsabilidade.
Acionado em juízo pela vítima, o Estado só responde pelos danos que efetivamente tenha causado, podendo assim usar em sua defesa caso fortuito (danos causados por terceiros), força maior (danos causados pela natureza) ou culpa exclusiva da vítima para excluir ou atenuar a sua responsabilidade.
A responsabilidade do Poder Público ou das prestadoras de serviço público fica excluída na hipótese de ser demonstrada culpa exclusiva da vítima, e será proporcionalmente reduzida se comprovada culpa concorrente da administração e do particular.
Ex¹: Um sujeito que trafegava por uma via caiu com seu carro em um buraco grande. Constatou-se posteriormente que a placa que sinalizava o buraco estava muito próxima a ele, não tendo tempo de reação suficiente para parar o carro.
Nessa hipótese, o Estado poderá auferir a velocidade da vítima para saber se ela transitava acima da velocidade permitida, com o objetivo de atenuar sua responsabilidade.
Ex²: Para fugir de uma chuva o sujeito dirige até um túnel, pensado estar a salvo. Até que uma tromba d’água atinge o seu carro e o de todos que estavam lá dentro.
Nessa hipótese, o Estado pode comprovar que o sistema de escoamento de água estava em perfeita condição, mas que choveu em uma hora o esperado para metade do mês. O objetivo do Estado é culpar a natureza (força maior).
Ex³: O sujeito passa pelo semáforo verde e colide com uma viatura da polícia que passa no semáforo vermelho.
Nessa hipótese, o Estado pode alegar que a viatura estava atendendo a uma ocorrência, com a sirene ligada, que passou por muitos cruzamentos no sinal vermelho e nada ocorreu, além de realizar uma perícia auditiva no motorista para verificar se ele poderia ou não estar dirigindo. 
 (
Responsabilidade 
S
ubjetiva
 do Agente
) (
Responsabilidade 
Objetiva
 do Estado
)
 (
O Estado comprova o 
dolo ou culpa
 do Agente
) (
A vítima comprova o 
nexo causal
)
A vítima ajuíza Ação Judicial contra o Estado por um dano (material e/ou moral) sofrido em razão de um serviço prestado por um agente ligado a uma Pessoa Jurídica de Direito Público ou de Direito Privado (prestadora de serviço público). Por ser o Estado o responsável objetivo pelo dano, a vítima deve apenas comprovar o nexo de causalidade.
O valor da indenização deve abranger o que a vítima efetivamente perdeu e o que gastou para ressarcir-se do prejuízo (danos emergentes), bem como o que deixou de ganhar em consequência direta do ato lesivo causado pelo agente (lucros cessantes). Some-se a isso, quando for o caso, a indenização pelo dano moral.
Ex: Se um automóvel da Administração Pública colide com um táxi, causando a perda total do veículo e impossibilitando o taxista de trabalhar por 03 meses, a indenização abrangerá o valor do reparo do táxi acrescido do valor médio que o taxista teria recebido se estivesse trabalhando nos 03 meses que ficou impossibilitado.Se o Estado for condenado (deve haver o trânsito em julgado da decisão condenatória), pode ajuizar Ação de Regresso contra o agente que cometeu o ato, para obter dele a reparação a qual fora condenado. Esse agente responderá de forma subjetiva, assim, é necessário que o Poder Público comprove que o agente agiu com dolo ou culpa.
A vítima tem prazo de 05 anos para entrar com a Ação Judicial. Já as Ações de Ressarcimento ao Erário, movidas pelo Estado contra agentes que tenham praticado ilícitos dos quais decorram prejuízos aos cofres públicos são imprescritíveis.
Artigo 37, § 5º, da CF/88: “A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento”.
Não obstante, a obrigação de ressarcir a Administração Pública (ou delegatária), em ação regressiva, sendo esta uma ação de natureza cível, transmite-se aos sucessores do agente que tenha atuado com dolo ou culpa. Portanto, mesmo após a morte do agente, podem seus sucessores responder pelo valor que a Administração Pública (ou delegatária) foi condenada a pagar na ação de indenização.
Além disso, mesmo que não haja mais vínculo entre o agente público e a Administração Pública (ou delegatária), nada impede que o agente seja responsabilizado.
OBS: é inadmissível a denunciação da lide pela Administração Pública (ou delegatária). A denunciação da lide serve para que uma das partes possa exercer contra terceiros seu direito de regresso na Ação Principal. Como já vimos, a vítima deve ajuizar ação contra a Pessoa Jurídica causadora do dano e, após o trânsito em julgado dessa ação, o Poder Público pode ajuizar Ação de Regresso contra o agente.
Por fim, insta salientar que, segundo o STF, NÃO é legítima a responsabilização solidária do servidor que edita um parecer jurídico de natureza meramente opinativa com o administrador público que pratica o ato baseado na opinião constante do parecer. Só poderia ser o autor do parecer responsabilizado na hipótese de erro grave, inescusável, ou se comprovada sua ação ou omissão culposa.
· Omissão do Estado na posição de garantidor:
Nas hipóteses de pessoas ou coisas que estejam sob a guarda, proteção direta ou a custódia do Estado, isto é, quando o Poder Público está na condição de garante (dever legal de assegurar a integridade de pessoas ou coisas), a responsabilidade civil por danos ocasionados a essas pessoas ou coisas é do tipo objetiva, mesmo que não diretamente causados por atuação de seus agentes.
Exemplos: Um sujeito comunica um assalto em andamento e a polícia não aparece. Um sujeito vê um prédio pegando fogo, chama o corpo de bombeiros e ele não aparece. O filho de um sujeito, em uma briga com outro colega na escola pública que estuda perde um olho. O parente de um sujeito que estava preso é morto dentro do complexo penitenciário.
- O Professor Celso Bandeira de Melo, entende que quando o dano resulta de uma omissão do Estado a responsabilidade de reparação é subjetiva. Essa tese resulta de uma expressão francesa: “faute de service”, que significa culpa do serviço.
- Já 02 turmas do STF entendem que mesmo na hipótese de omissão do Estado, a responsabilidade de reparação é objetiva. Essa tese prevalece.
A responsabilidade será objetiva, exceto se ficar comprovada a ocorrência de alguma causa excludente dessa responsabilidade. 
Ex: homens armados invadem uma escola de forma imprevisível, causando ferimentos em diversos estudantes poderá a administração, provando essa excludente de força maior desvinculada de qualquer omissão culposa de sua parte, ver afastada a sua responsabilidade.
· Danos decorrentes de Obra Pública:
A responsabilidade civil por danos decorrentes de obras públicas exige a análise de dois aspectos, a saber:
a) Se o dano foi causado pelo denominado só fato da obra, ou se foi causado por má execução da obra.
b) Se a obra está sendo executada diretamente pela Administração Pública ou se a execução está a cargo de um particular que tenha celebrado com o Poder Público um contrato administrativo com esse objeto (execução da obra).
Se o dano for oriundo pelo denominado fato da obra, a responsabilidade da Administração Pública será objetiva, independentemente de quem esteja executando a obra. Ocorre que, nesse caso, não houve qualquer irregularidade na execução da obra. Portanto, mesmo que um particular esteja executando a obra, se o fizer de forma regular, a Administração Pública responde de forma objetiva.
Entretanto, se o dano causado se der em razão da má execução da obra, as irregularidades serão imputáveis a quem esteja realizando a obra. Trata-se de dano causado por culpa do executor. Se a Administração Pública estiver diretamente executando a obra, responde objetivamente nos termos do artigo 37, § 6º, da CF/88.
Diferentemente, se o executor for um particular, responderá subjetivamente, sendo necessária a comprovação de sua culpa ou dolo.
Artigo 70 da lei 8.666/93: O contratado é responsável pelos danos causados diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato, não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão interessado.
· Atos Legislativos e Jurisdicionais:
Em regra, os atos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não acarretam responsabilidade do Estado.
A edição de lei inconstitucional por parte do Poder Legislativo poderá ensejar na responsabilidade do Estado, caso efetivamente cause dano ao particular. Para tanto, é necessário que o STF reconheça a inconstitucionalidade da lei.
Sobre os atos não jurisdicionais praticados pelo Poder judiciário, incide a responsabilidade objetiva (ex: ato praticado por escrivão ou oficiais de justiça). Além disso, quanto à área criminal, o artigo 5º, inciso LXXV, da CF/88 estabelece que o Estado indenize o condenado por erro judiciário, assim como o de ficar preso além do tempo fixado na sentença.
OBS: no caso de prisões preventivas ensejarem indenização por dano moral, especialmente na hipótese do acusado ser absolvido, o STF entende pela inexistência do direito de indenização.
· Dano causado pelo Estado pela exploração de Atividade Econômica:
Em regra, quem explora atividade econômica e com objetivo de lucro é a iniciativa privada. Todavia, em caráter excepcional, o Estado pode explorar atividades econômicas, nas hipóteses previstas pela CF/88. 
As hipóteses estão elencadas no artigo 173 da CF/88: “Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo”.
Artigo 173, § 1º, da CF/88: O Estado explora atividade econômica por meio da Empresa Pública, da Sociedade de Economia Mista e de suas Subsidiárias.
OBS: Autarquias e Fundações NÃO podem ser criadas para explorarem atividade econômica, só são criadas para prestar serviços públicos.
- Quando as Autarquias, Fundações, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista forem criadas para prestação de serviço público, responderão conforme o artigo 37, § 6º, da CF/88 (responsabilidade objetiva variante do risco administrativo).
- Quando as Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista forem criadas para a exploração de atividade econômica competindo com a iniciativa privada, responderão com base no artigo 173, § 1º, II da CF/88 (em regra de forma subjetiva, excepcionalmente de forma objetiva).
Ao explorar atividades econômicas o Estado passa a atuar ao lado da iniciativa privada, competindo com ela. Por esse motivo, deverá se submeter ao mesmo regime jurídico das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributarias. Isso significa que quando o Estado explora atividades econômicas e causa danos a terceiros, responde como a iniciativa privada responderia.
Preceitua o artigo 186 do Código Civil, que a responsabilidade da iniciativa privada é SUBJETIVA com base em culpa ou dolo.Já o artigo 927, parágrafo único, do Código Civil estabelece que, excepcionalmente, a responsabilidade será objetiva. Assim, o Estado responde sem culpa, de forma objetiva, quando houver expressa previsão em lei ou quando a natureza da atividade assim o exigir.
	
	Definição
	Finalidades
	Responsabilidade
	Autarquias
	Pessoas Jurídicas de Direito Público.
	1) Prestar Serviços Públicos.
	1) Objetiva.
	Fundações
	Pessoas Jurídicas de Direito Público.
	1) Prestar Serviços Públicos.
	1) Objetiva.
	Empresas Públicas
	Pessoas Jurídicas de Direito Privado.
	1) Prestar Serviços Públicos.
2) Explorar Atividade Econômica.
	1) Objetiva.
2) Subjetiva, excepcionalmente de forma Objetiva.
	Sociedades de Economia Mista
	Pessoas Jurídicas de Direito Privado.
	1) Prestar Serviços Públicos.
2) Explorar Atividade Econômica.
	1) Objetiva.
2) Subjetiva, excepcionalmente de forma Objetiva.
Ex: Ao entrar no INSS o sujeito cai, em razão do piso escorregadio, e fratura um braço. O INSS é uma Autarquia Federal, que presta serviços públicos. Por esse motivo, o INSS responderá de forma objetiva pelos danos causados, sendo a ação proposta na Justiça Federal (artigo 109, I, da CF/88).
Ex: Um sujeito envia uma carta pelo Correio, que é violada. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é uma Empresa Pública Federal, que presta serviços públicos. Por esse motivo, a EBCT responderá de forma objetiva pelos danos causados, sendo a ação proposta na Justiça Federal (artigo 109, I, da CF/88).
Ex: Um correntista sofreu um dano causado pela Caixa Econômica Federal. A CEF é uma Empresa Pública Federal, que explora atividade econômica. Por esse motivo, a CEF responderá de forma subjetiva, excepcionalmente de forma objetiva, pelos danos causados, sendo a ação proposta na Justiça Federal (artigo 109, I, da CF/88).
Ex: Um sujeito sofre um dano pelo Metrô de São Paulo. O Metrô é uma Sociedade de Economia Mista, que presta serviços públicos. Por esse motivo, o Metrô responderá de forma objetiva pelos danos causados, sendo a ação proposta na Justiça Estadual.
Ex: Um correntista sofreu um dano causado pelo Banco do Brasil. O Banco do Brasil é uma Sociedade de Economia Mista Federal, que explora atividade econômica. Por esse motivo, o BB responderá de forma subjetiva, excepcionalmente de forma objetiva, pelos danos causados, sendo a ação proposta na Justiça Estadual (exceto nas causas em que a União for interessada).
· As Responsabilidades Administrativa, Civil e Penal do Agente Público:
Um mesmo ato lesivo de um agente público pode resultar em sua responsabilização cumulativa nas esferas administrativa, cível e penal. Ex: agente público, atuando nessa qualidade, dirigindo o carro oficial de forma imprudente, colide com outro veículo, causando a morte de uma pessoa. O agente responderá perante a Administração Pública pela infração disciplinar (penalidade administrativa), responderá na esfera cível a Ação de Regresso que será movida pela Administração Pública, bem como na esfera criminal pelo ilícito penal praticado (homicídio culposo).
A condenação criminal pode interferir na esfera civil e administrativa, implicando o reconhecimento automático da responsabilidade do agente público. Isso ocorre, pois a presunção de condenação na esfera penal sempre será baseada em uma quantidade maior de provas. Ademias, se existir o mínimo de dúvida o agente será absolvido criminalmente.
Pode ocorrer que antes do trânsito em julgado da ação penal o agente público já tivesse sido absolvido em outras esferas, a superveniência da sentença penal condenatória acarreta a desconstituição das decisões absolutórias.
Pelo mesmo motivo, a decisão absolutória na esfera penal, cujo fundamento tenha base na negativa da autoria ou inexistência do fato, também interfere nas demais esferas. Já a absolvição penal por mera insuficiência de provas ou por ausência de tipicidade ou de culpabilidade penal, ou por qualquer outro motivo, não interfere nas demais esferas.
Súmula 18 do STF: Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é admissível a punição administrativa do servidor público.
Falta residual quer dizer que o mesmo fato pode não ser punido na esfera penal, mas punível na esfera administrativa ou cível, ensejando responsabilização do agente nessas esferas.
ESTADO
AGENTE
VÍTIMA
 (
20
)

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