Buscar

Aula 1 - Um continente sem História(interrogação) Mitos, fontes e conceitos sobre a História da África pré-colonial

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

História da África Pré-colonização
Aula 1: Um continente sem História? Mitos, fontes e conceitos
sobre a História da África pré-colonial
Apresentação
Nesta aula temos que começar como uma provocação: o que vem à mente quando se pensa em África? Em seguida, outra questão:
para que estudar a História da África? E como estudar?
Nosso objetivo é explicar que certo olhar sobre o continente africano é cheio de etnocentrismo, em especial, o europeu.
Além disso, destacaremos de forma geral as fontes históricas e os diálogos que a história realiza com outras áreas de conhecimento
para a compreensão dos mecanismos das sociedades africanas e abordaremos os conceitos — e seus limites —de povo, nação, Estado
e Império na África pré-colonial.
Objetivo
Identificar as visões distorcidas sobre o continente africano;
Problematizar a construção da História da África pré-colonial a partir das fontes;
Interpretar a organização geral da África pré-colonial a partir de conceitos como povo, nação, Estado e Império.
Introdução
"Até que os leões inventem suas histórias, os caçadores serão
sempre os heróis das narrativas de caça.”
- Provérbio Africano
Prezado(a) estudante! A partir de agora começaremos uma jornada para discutir a história africana desde suas primeiras organizações no
século VII até o início do século XIX, quando o continente sofreu uma intensa e violenta partilha entre países imperialistas. Quando se
pede para alguém pensar sobre a África veja se a maioria das pessoas não pensa de forma imediata nas duas imagens a seguir:
 
 Fonte: BBCI / JM Madeira.
Os olhares sobre a África: os preconceitos
Quando falamos de África o mais comum é associar às duas imagens anteriores: a savana, onde o leão vai comer uma zebra que está em
uma lagoa bebendo água, ou então crianças com mais ossos do que pele, um povo vítima de epidemias, doenças e fome que acaba por
sensibilizar artistas que criam músicas para arrecadar fundos ou então celebridades que adotam crianças com um futuro miserável pela
frente. 
Não é isso o que você mais está acostumado a perceber sobre a África? Ela se resume ao vazio da natureza selvagem ou à pobreza
extrema, que precisa de caridade. Isso para não falar de políticos associados à corrupção e violência.
Pois bem, na África, um continente com mais de 50 países, há miséria, mas também há universidades, teatros, cinemas, ensino a distância,
lindas praias, riquezas naturais como petróleo, diamantes, gás e muito turismo. Não quer dizer que não tenha desigualdades sociais,
violência e corrupção, algo que existe também em países desenvolvidos. Não é o paraíso perdido e nem o continente sem futuro, sem
presente e sem passado. Sua realidade não é diferente de sua cara-metade do outro lado do Atlântico: as Américas.
 Fonte: djsudermann / Pixabay.
Já percebeu como a África geralmente é abordada em boa parte
das escolas no estudo da história na educação básica? O
continente surge quando se apresenta o Egito na História Antiga.
O Egito é traduzido em imagens, documentários, filmes como se
nem parte da África fizesse! Veja qualquer novela ou filme sobre
o êxodo dos hebreus e você não relacionará o Egito à África.
 Fonte: PublicDomainPictures / Pixabay.
O continente “ressurge” nas escolas ou livros didáticos no processo da expansão marítima europeia a partir do “Périplo africano” e das
feitorias portuguesas e no posterior tráfico de africanos no Atlântico. Há um grande salto do século XVI para o XIX, pois nesse século se
aborda o processo do Imperialismo e da partilha da África, cuja Conferência de Berlim é a síntese imperialista.
Por fim, a África aparece somente após a II Guerra Mundial (ou são mencionados alguns campos de batalhas durante o conflito), quando
os professores analisam o processo de descolonização africana e seus reflexos nas antigas metrópoles e na Guerra Fria. Resumindo: o
continente africano tem sua abordagem, na maioria das vezes, como um apêndice da história europeia.
No caso do Brasil, um país que tem mais da metade de sua
população — segundo o censo do IBGE de 2010 — de origem
afrodescendente, o estudo da história da África é ainda mais
importante por ser uma das conexões do “DNA” da sociedade
brasileira, em que a África, a partir da instituição perversa da
escravidão, está presente em nossa língua, gastronomia, vestuário,
festas, religiosidades.
É preciso nos distanciarmos do excesso de etnocentrismo europeu na abordagem da história porque, como tão bem escreveu um
historiador,
"ainda que disto não tenhamos consciência, o obá (rei ou soberano
na língua iorubá) do Benim ou o Angola a Quiluanje (soberano de
Quiluanje) estão mais próximos de nós do que os antigos reis da
França.”
- SILVA, 2003
A importência do estudo sobre a África
Primeiramente, é bom deixarmos claro que o estudo que pretendemos aqui é uma porta de entrada, porque jamais teremos a pretensão de
esgotar a história de um continente onde o Homo sapiens surgiu há 600.000 anos. Depois, é necessário pensar no sentido de estudar a
África e como estudar os caminhos e descaminhos dos povos desse continente. 
Portanto, temos que pensar que o estudo da história dos povos africanos não é algo que seja somente obrigatório porque virou uma lei
(10.639/2003) ou por conta de modismos por pressão de movimentos sociais. Ela é fundamental para a história da humanidade, não só por
conta do Brasil e sua população miscigenada.
Comentário
Cada vez mais são abertos espaços no mundo acadêmico e no mercado de trabalho sobre temas africanos, desde disciplinas obrigatórias a
linhas de pesquisa de pós-graduação, de artigos em revistas científicas a colaboração em enredos de novelas, filmes, escolas de samba e
desfiles de moda!
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
OS PROBLEMAS DO ESTUDO SOBRE A ÁFRICA
Temos que lembrar que por muitos anos a história dos povos africanos não foi escrita — em sua grande maioria — por eles próprios, mas
pelo olhar do “outro”, como árabes e europeus. O lugar da fala do africano demorou muito tempo para chegar a ser ocupada pelo próprio
africano.
O olhar preconceituoso ou cercado de ignorância permeou os estudos e
relatos sobre o continente. Heródoto, o pai da História, criou a famosa frase
sobre uma grande civilização africana: “O Egito é uma dádiva do Nilo”, como
se somente a existência do rio Nilo �zesse por si só a grandiosidade e
riqueza daquela sociedade.
Nos mapas europeus que começaram a ser desenhados no final da Idade Média, quando aparecia a África limitava-se à descrição dos
pontos no litoral atlântico, isso por conta das trocas comerciais do início da expansão marítima europeia. Muitos mapas reservavam para o
interior africano um espaço em branco, com animais ou ainda a expressão Ibi sunt leones (aí existem leões).
 Mapa feito por europeus com um centro africano vazio. / Fonte: Wikipedia.
A partir disso, você pode pensar: como é possível estudar civilizações que não deixaram documentos sobre suas atividades? Ou ainda, e
muito mais tenso: como estudar povos que não deixaram documentos escritos? Muito cuidado! Pensar assim é cair nas armadilhas do
etnocentrismo europeu que determinou que a África não possuía história por não ter escrita, como sintetizou o célebre filósofo alemão
G.W. Hegel.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Atenção
Os documentos escritos não são fontes da verdade. Devem ser interpretados à luz do seu tempo. Muito do que não está escrito tem mais a
dizer do que o contrário. Outras fontes históricas podem ajudar o trabalho do historiador na revelação de práticas sociais do passado, como
defendia a Escola dos Annales no século passado.
Reduzir o trabalho do historiador às fontes escritas é desprezar a história dos africanos, dos ameríndios, das crianças, dos camponeses
europeus das Idades Média e Moderna, entre outros. Geralmente é aceito — mesmo com ressalvas e interpretações — que Ilíada e
Odisseia representam a gênese da civilização ocidental, mas as fontes orais africanas, não.
Saibamais
Outro ponto é a questão de nomenclatura. Para muitos estudiosos ou membros de movimentos sociais esse termo não está correto, pois não se
pode falar de uma África diante de tantos povos de formações diversas. Porém, se seguirmos esse raciocínio, cremos que não existe uma
Europa ou uma América ou uma Ásia. Assim, usaremos aqui o termo “África” sempre respeitando a pluralidade da história dos povos
africanos.
No final do século XIX e início do século XX começou uma produção de matriz africana, porém havia a ocorrência de um erro, pois, ao
sentirem-se feridos pela hierarquização, por eugenia, por racismo, os estudiosos africanos desse período acabavam por superlativizar a
história africana com maneirismos semelhantes aos dos europeus, ou seja, acabou tornando-se um racismo às avessas, com a busca por
fontes originais e novas abordagens, mas carregadas de ideologia e de certa parcialidade.
Para equilibrar o etnocentrismo europeu e a produção de caráter ideológico derivada do ressentimento, a Unesco, órgão ligado à ONU com
foco em educação, organizou uma série de conferências que culminou na elaboração de uma grande coleção sobre a história do continente,
semelhante ao espírito da “Enciclopédia” dos iluministas franceses do século XVIII, só que, em vez de verbetes ou artigos, muitos artigos
científicos sobre os povos africanos a partir de uma história linear.
Essa coletânea foi publicada no Brasil no início deste século. Qual o seu objetivo?
Construir, reconstruir, ressignificar a história da África pelo olhar do “interior”, isto é, de estudiosos africanos, que compuseram cerca de
70% dos colaboradores do conteúdo da coleção. Dessa forma, dar voz aos africanos sobre sua própria história é diminuir hierarquias
impostas por determinismos biológicos (“negro é inferior”) ou geográficos (“não há como ter filosofia em regiões de clima quente”). Ao
final da aula você terá o link para essa coleção, cujo acesso é gratuito.
 Fonte: Muhammadtaha Ibrahim Ma'aji / Pexels.
Por fim, a respeito do tema historiografia, a coleção citada, assim como as abordagens metodológicas dos Annales muito devem ao
trabalho inestimável do historiador africano Ibn Khaldun (1332-1406), que teve a África como seu objeto. Ao contrário dos árabes, porém,
que limitavam-se à narrativa, Khaldun pesquisou mais profundamente as fontes e criou uma filosofia da história traçando uma
circularidade no tempo histórico.
Saiba mais
Para ele, povos nômades acabavam por dominar regiões de algum agrupamento sedentário. Esses nômades dominam militarmente os povos
sedentários nativos, se estabelecem e também se sedentarizam e criam reinos, centralizam mais o poder, hierarquizam algumas relações.
Porém, com o passar de cinco a seis gerações, outros povos nômades invadem esse reino e o aniquilam. Acabam por se fixar naquele lugar
com assimilação da cultura do povo anterior, também criam um reino que depois será invadido e assim por diante.
A construção teórica de Khaldun pode não ser perfeita por generalizar demais, porém, em muitos casos, é o que veremos acontecer.
 Fontes históricas
 Clique no botão acima.
Para um historiador, a argamassa que constrói o prédio de uma pesquisa historiográfica são as fontes históricas. No século XIX
era comum a ideia de que só valiam os documentos escritos oficiais. Curiosamente, a partir da necessidade de uma metodologia
para se “decifrarem” as práticas sociais na África, houve uma nova perspectiva quanto ao uso de fontes diversas, como é o caso
dos historiadores franceses que fundaram a Escola dos Annales ou como fez Gilberto Freyre em Casa-Grande & Senzala: o uso
de fontes da cultura material e imaterial.
As fontes históricas que revelam as práticas humanas na África são constituídas por três tipos.
Fontes escritas: as fontes de origem africana são escassas. A maior parte dos documentos escritos foi feita por árabes — como
um dos mais famosos, Ibn Battuta —, seja por curiosidade ou consequência de relações mercantis em vários pontos do continente
quando faziam caravanas. Esses documentos escritos são roteiros de viagem, catalogação do que viram ou ouviram, são textos
descritivos, sem caráter analítico, sem qualquer preocupação em analisar rupturas ou descontinuidades dos povos africanos.
Além disso, outro ponto que o estudioso sobre África tem que ter com esse tipo de fonte é que muito do que foi escrito foi
registrado por meio da fala de indivíduos, testemunhos que não são neutros, ou ainda de relatos que não passaram de rumores e
que esses viajantes árabes acabavam por escrever.
Fontes arqueológicas e paleontológicas: essas fontes são aquilo que se chama de “testemunhos mudos”, mas, no caso
africano, são uma potente voz para mostrar a riqueza histórica das civilizações antigas africanas: conhecimento sobre metais, uso
de cerâmica, objetos de navegação, armas feitas de ossos, habitações, pinturas rupestres, estátuas e placas de bronze. O estudo
por meio dessas fontes aponta um caminho para o estudo dos povos africanos: a interdisciplinaridade.
Para identificar costumes, valores, técnicas, simbologias, entre outros, é necessário que o historiador dialogue com arqueologia,
paleontologia, antropologia, linguística, geografia, geologia, entre outras áreas do conhecimento científico. Veja a seguir a
riqueza que essas fontes nos transmitem acerca da cultura africana.
 Fonte: Wikipedia.
Fontes orais: a história oral é a outra face das fontes arqueológicas, pois é um “museu vivo” a respeito da história dos povos
africanos. A oralidade foi o processo pelo qual a memória dos povos africanos mais se perpetuou. Cabe destacar que muitas
comunidades africanas tinham pessoas responsáveis por essa transmissão oral de conhecimento para as gerações mais novas: os
griôs (ou griots).
Os griôs eram responsáveis por falar não apenas das linhas de sucessão de reis ou imperadores, de batalhas e de conquistas, da
religiosidade e do culto à natureza, mas também tinham e têm flexibilidade para tratar esses temas com humor, deboche e crítica.
A importância dos griôs pode ser resumida pelo provérbio africano que diz: “a boca do velho cheira mal, mas ela profere coisas
boas e salutares”. E o que seria salutar?
Em uma sociedade com grande apego aos seus antepassados, a memória é o sentido da vida, é a linha mestra que dirige os povos,
por meio da qual são transmitidos valores como honra e religiosidade, perpetuando-se alianças ou rivalidades.
Conceitos gerais sobre a sociedade africana
Uma das tarefas mais improváveis, senão impossíveis para os historiadores, seria a listagem de todos os povos africanos e a descrição de
seu modo de organização política. Por que isso acontece? Vimos anteriormente o problema relacionado às fontes. Além disso, houve
penetração de árabes e de europeus, que desarticularam vários povos e forçaram vários movimentos migratórios e, o mais importante, as
próprias guerras internas.
Comentário
Ao historiador cabe a tarefa de tentar reconstruir o mais próximo possível como era o funcionamento dessas sociedades, ao menos daquelas
que deixaram mais vestígios de sua existência. Algumas delas veremos nas aulas seguintes. Dentro dessa reconstituição os historiadores
usaram um artifício que está longe de ser consensual, sendo motivo de polêmicas, de divergências. Qual foi esse artifício?
A descrição de uma sociedade, seja no passado ou no presente, necessita de conceitos. A historiografia europeia criou termos como povo,
nação, reino, Estado e Império, por exemplo. Se dentro do quadro europeu esses conceitos são difíceis, pense, então, quando são
transpostos para a África. Assim, a polêmica deve-se ao uso de um “sistema eurocêntrico de análise” (MOURA, 2017). 
Como o exposto, nenhum desses conceitos faria o menor sentido para os povos africanos pré-coloniais. As fronteiras do que é um povo e
um reino, por exemplo, são muito fluídas, pouco sólidas.
Povo
No caso africano, o termo
povo aproxima-se do
conceito de nação, que
aqui não tem relação com
o sistema europeu de
povos heterogêneosestarem confinados em
um Estado (“Estado-
nação”).
Nação
Nação tem relação direta
com a ideia de etnia, que
por sua vez significa
coesão de tribos por
identidade baseada na
língua, na religiosidade,
na cultura, na terra, nos
mitos ancestrais. Essa
coesão foi destruída com
o imperialismo do século
XIX.
Reino
Quando um povo tem um
chefe que une política,
militarismo, religiosidade,
administração ou tem o
poder de delegar tais
tarefas a terceiros, temos
a constituição de um
reino. Dessa forma, você
pode sintetizar a ideia de
reino com o conceito de
poder centralizado.
Império
Quando, por motivos
diversos — captura de
pessoas para escravidão;
acesso à terra; tradição —
um reino acaba se
expandindo em direção a
outros ou a povos
descentralizados temos a
constituição de um
império. Logo, associe o
termo a conquistas
militares.
Mais uma vez é bom ressaltar: esses termos foram adaptados daquilo que empregou-se em uma realidade (europeia) para outra (africana)
de forma distinta. Assim, não é fácil identificar fronteiras fixas de um reino; caracterizar uma nação a partir de uma tribo ou padronizar as
ações de um chefe de um império para todos os casos semelhantes.
Atividade
1. Leia a reportagem do link a seguir e estabeleça uma relação com a visão eurocêntrica sobre a África, que aponta a superioridade do povo
branco letrado em confronto com o povo negro iletrado, ignorante e sem ser sujeito da sua própria história.
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-48210712
2. Leia atentamente o trecho a seguir e depois responda à indagação: qual o papel da memória nos estudos acerca da África e quais cuidados
devem ser tomados com seu uso?
[...] o conceito de memória é crucial porque na memória se cruzam passado, presente e futuro: temporalidades e espacialidades;
monumentalização e documentação; dimensões materiais e simbólicas; identidades e projetos. É crucial porque na memória se
entrecruzam a lembrança e o esquecimento; o pessoal e o coletivo; o indivíduo e a sociedade; o público e o privado; o sagrado e o profano.
Crucial porque na memória se entrelaçam registro e invenção; fidelidade e mobilidade; dado e construção; história e ficção; revelação e
ocultação. (NEVES apud MATTOS, 1998, p. 2013-220)
javascript:void(0);
3. (Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia da Paraíba - PB (SEE/PB) 2017 - Cargo: Professor de Educação Básica -
Área: Educação Física)
No início de 2003, após debates em âmbito nacional, houve alteração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação com a sanção da conhecida
Lei nº 10.639, determinando que: 
a)Os conceitos de ancestralidade, luta, sedução, jogo e território devem ser evitados como pilares de uma ciência africana.
b) Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira sejam ministrados no âmbito do Ensino Médio nas áreas de educação
artística.
c) Fique a cargo de cada estabelecimento a inclusão do 20 de novembro como "Dia Nacional da Consciência Negra.
d) Seja obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira nos estabelecimentos oficiais de ensino fundamental.
e) Não seja obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira nos estabelecimentos oficiais de ensino fundamental.
NotasReferências
CENSO DEMOGRÁFICO 2010. Características da população e dos domicílios: resultados do universo. Rio de Janeiro: IBGE, 2011.
Acompanha 1 CD-ROM. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/caracteristicas_da_populacao/resultados_do_universo_pdf. Acesso em: 30
set. 2020.
MOURA, R. P. História da África pré-colonização. Rio de Janeiro: SESES, 2017.
SILVA, A. C. Um rio chamado Atlântico: a África no Brasil e o Brasil na África. Rio de Janeiro: Nova Fronteira/UFRJ, 2003.
Próxima aula
Analisar o significado da África como “berço da humanidade”;
Identificar aspectos gerais da geografia africana;
Relacionar a geografia do continente africano com as diversidades de seus povos.
Explore mais
BURKE, P. Escola dos Annales 1929-1989: a revolução francesa da historiografia. São Paulo: Unesp, 2010.
BUSSOTTI, L.; NHAUELEQUE, L. A. A invenção de uma tradição: as fontes históricas no debate entre afrocentristas e seus
críticos. História [online]. 2018, vol.37. Epub 07-Jun-2018. ISSN 0101-9074.
UNESCO. A UNESCO no Brasil: o projeto de 1950 e a Coleção História Geral da África. Unesco Multimedia. Disponível em:
http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/single-
view/news/general_history_of_africa_collection_in_portuguese_pdf_only/. Acesso em: 30 set. 2020.
javascript:void(0);
javascript:void(0);

Continue navegando