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DIREITO CIVIL III: 
TEORIA GERAL DOS 
CONTRATOS
Patricia Fernandes Fraga
Classificação dos contratos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar as diversas formas de classificação dos contratos.
  Caracterizar cada uma das formas de classificação dos contratos.
  Interpretar as decisões de tribunais que tratem da classificação dos 
contratos.
Introdução
O Direito é uno. A divisão por ramos — como Direito Penal, Constitucional 
e Civil — é uma forma de facilitar, didaticamente, a compreensão do 
fenômeno jurídico. No Direito dos Contratos, realiza-se a mesma técnica, 
seccionando o estudo contratual pela sua natureza jurídica, definição, 
características e classificação.
Considerando que os contratos são instrumentos de suma relevância 
social, econômica e, por conseguinte, jurídica, a sua análise pormeno-
rizada é fundamental. O estudo da classificação dos contratos permite 
desvendar peculiaridades desses instrumentos negociais que repercutirão 
nos seus efeitos. Em outras palavras, as peculiaridades de cada contrato 
servirão de guia para a avaliação da sua validade e eficácia.
Neste capítulo, você vai ler sobre a classificação dos contratos, conhe-
cer as formas de classificação e verificar como os tribunais se posicionam 
acerca do tema para resolver as questões concretas. 
Formas de classificação dos contratos
Serão apresentadas, nesta seção, as formas mais usuais de classifi cação dos 
contratos. Por parecer mais coerente, iniciaremos pela classifi cação dada pelo 
Direito Romano.
No Direito Romano, para haver contrato, deveriam ser utilizados deter-
minados objetos, pessoas, palavras apropriadas ou, ainda, gestos simbólicos, 
C02_Direito_Civil_III.indd 1 24/08/2018 10:27:45
de modo a confirmar a vontade de se vincular dos sujeitos (GIRARDI, 1984). 
Conforme as Institutas de Gaio, os contratos eram distintos, ou classificados, 
por meio de quatro modalidades (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2010), 
conforme Quadro 1.
 Fonte: Adaptado de Girardi (1984). 
Reais Contratos que exigiam a entrega da coisa. P.ex.: 
atualmente, enquadram-se nessa classificação os 
contratos de comodato, mútuo, depósito e penhor.
Consensuais Contratos concluídos apenas com o consenso, com o acordo 
de vontades, não necessitando da entrega da coisa. Os 
contratos consensuais, ou convencionais, baseavam-se na 
boa-fé, na confiança das partes, que “assumiam compromisso 
de honra” (GIRARDI, 1984, p. 68) e manifestavam o seu 
consentimento dando as mãos olhando para o templo 
da deusa Bona Fides (vinculação também religiosa). P.ex.: 
atualmente, enquadram-se nessa classificação os contratos de 
compra e venda, locação, mandato, doação, troca, entre outros.
Verbais 
ou orais
Contratos que se perfaziam por meio da enunciação 
de certas palavras que vinculavam os sujeitos (em 
regra, cidadãos romanos). A formalidade consistia no 
uso de determinadas palavras, como: Spondes? — 
Spondeo!; Promittis? — Promitto!; Dabis? — Dabo!
Literais Eram os contratos escritos. A origem desses contratos 
estaria no livro de contas dos indivíduos, no qual eram 
lançados os créditos e as dívidas. A transcrição dava 
origem e comprovava a existência do contrato.
 Quadro 1. Classificação dos contratos 
Essa forma de classificação romana adequava-se a um momento histórico, 
econômico, social e jurídico, em que ainda não havia uma profusão de relações 
negociais tão vasta e complexa como a atual. Agora, passaremos, então, às 
formas contemporâneas de classificação contratual.
A primeira forma de classificar os contratos será analisá-los sem qualquer 
relação com outros, ou seja, de forma autônoma: considerados em si mesmos. 
A segunda forma de classificá-los, neste capítulo, considera a relação dos 
contratos uns com os outros, consoante a sua relação de dependência, ou seja, 
os contratos reciprocamente considerados.
Classificação dos contratos2
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Ressaltamos que nem todos os doutrinadores seguem a mesma estrutura de 
classificação. Neste capítulo, optamos pela forma de classificação adotada por 
Gagliano e Pamplona Filho (2010). O Quadro 2 apresenta os tipos de contratos 
considerados em si mesmos.
Contratos considerados em si mesmos
Quanto à prestação 
pactuada ou à natureza 
da obrigação
  Contratos unilaterais, bilaterais ou 
plurilaterais
  Contratos onerosos ou gratuitos
  Contratos comutativos ou aleatórios
  Contratos paritários ou por adesão
  Contratos evolutivos
Quanto à disciplina jurídica
Quanto à forma  Contratos solenes ou não-solenes
  Contratos consensuais ou reais
Quanto à designação ou à disciplina legal específica
Quanto à pessoa 
do contratante
  Contratos pessoais ou impessoais
  Contratos individuais ou coletivos
Quanto ao tempo
Em razão da função econômica
 Quadro 2. Tipos de contratos considerados em si mesmos 
O Quadro 3 apresenta os tipos de contratos reciprocamente considerados.
Contratos reciprocamente considerados
Quanto à relação de dependência Contratos principais ou acessórios
Quanto à definitividade Contratos preliminares ou definitivos
 Quadro 3. Tipos de contratos reciprocamente considerados 
3Classificação dos contratos
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Contratos considerados em si mesmos
A seguir, serão abordados os tipos de contratos considerados em si mesmos.
Quanto à prestação pactuada ou à natureza da 
obrigação
Abordaremos a seguir os tipos de contratos considerados quanto à prestação 
pactuada ou à natureza da obrigação.
Contratos unilaterais, bilaterais ou plurilaterais
Como ensina Pereira (2017), todo contrato é negócio jurídico bilateral, visto 
que a sua constituição requer a manifestação de vontade das partes para 
a formação do consenso. Essa categorização dos contratos como negócios 
jurídicos bilaterais é diversa da classifi cação dos contratos como unilaterais, 
bilaterais ou plurilaterais. 
Assim, a bilateralidade dos negócios jurídicos contratuais é seu elemento 
constitutivo — sem ela, não há contrato. Entretanto, os contratos, cuja natureza 
jurídica é de negócios jurídicos bilaterais podem ser classificados segundo 
a forma como a prestação foi acordada pelas partes ou segundo os efeitos 
obrigacionais ajustados, como unilaterais, bilaterais ou plurilaterais. 
Unilaterais — há, nos contratos unilaterais, a imposição de direitos e obriga-
ções para apenas uma das partes do negócio. Signifi ca dizer que:
[...] quando o contrato estabelecer apenas uma “via de mão única”, com as 
partes em posição estática de credor e devedor, pelo fato de se estabelecer 
uma prestação pecuniária apenas para uma das partes, como na doação sim-
ples, falar-se-á em contrato unilateral (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 
2010, p. 112).
De modo simplificado, pode-se afirmar que unilaterais “[...] são os contratos 
que criam obrigações unicamente para uma das partes” (GONÇALVES, 2010, 
p. 90). São exemplos de contratos unilaterais: 
  comodato;
  mútuo; 
  depósito;
Classificação dos contratos4
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  mandato;
  doação;
  fiança.
Bilaterais — há, nos contratos bilaterais, a imposição de direitos e obriga-
ções para ambos contraentes (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2010). São 
exemplos de contratos bilaterais: 
  compra e venda — gera a obrigação de pagar o preço para o devedor 
e de entregar a coisa por parte do credor. 
  troca ou permuta — gera a obrigação mútua aos contratantes de entregar 
um bem por outro bem. 
  locação — obriga o proprietário a permitir o uso do bem locado e obriga 
o outro contratante a pagar o preço por se utilizar de coisa alheia.
Doutrinariamente, é comum encontrar as expressões contrato bilateral e contrato 
sinalagmático como sinônimas, pois todo contrato sinalagmático é bilateral. Porém, 
podem ser notadas algumas distinções.
O sinalagma é a mútua dependência das obrigações em um contrato. Traduz a 
relação ou o nexo decausalidade (reciprocidade) entre as prestações opostas pac-
tuadas — a prestação de uma parte é a causa da prestação da outra (o vendedor 
entrega a coisa para receber o preço; o comprador entrega o preço para receber a 
coisa — a obrigação do vendedor de transferir a propriedade da coisa é correlata, é 
recíproca, à obrigação do comprador, de pagar o preço). Em outras palavras, as partes 
são reciprocamente credoras e devedoras uma da outra. Se uma obrigação deixa de 
ser cumprida, a outra perde sua causa de existir. 
A diferença técnica entre a bilateralidade e o sinalagma consistiria no fato de a 
bilateralidade dizer respeito à existência, em um contrato, de obrigações para ambas 
as partes, enquanto que, no sinalagma, essas obrigações teriam de ser recíprocas. Nesse 
sentido, uma doação com encargo (por exemplo, dar uma moto desde que a outra 
parte faça uma doação de roupas e cobertores a uma instituição de caridade), por 
exemplo, não pode ser considerada sinalagmática, vez que, embora haja obrigações 
para ambos contratantes, a prestação de um não é causa da prestação do outro (a 
doação da moto é mera liberalidade; a doação de roupas e cobertores é apenas um 
ônus a ser desempenhado para garantir a doação prometida), pois o encargo não é 
o preço a ser pago, não configura permuta e não necessariamente se reverte em prol 
do doador. Desse modo, há dificuldade em classificar esse tipo de contrato — doação 
com encargo — sendo, por vezes, classificado como unilateral impuro ou, ainda, como 
bilateral imperfeito (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2010). 
5Classificação dos contratos
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Plurilaterais (ou multilaterais) — são os contratos que necessitam de mais 
de dois contraentes, tendo todos eles prestações a serem cumpridas. São 
exemplos de contratos plurilaterais (GONÇALVES, 2010): 
  contrato de sociedade; 
  contratos de consórcio; 
  contrato de condomínio. 
A pluralidade de partes é diversa da mera pluralidade de pessoas. Um contrato 
em que vários amigos contratam uma banda para animar sua festa não é plurila-
teral, mas bilateral, polarizado entre credores e devedores. Para haver pluralidade 
de partes, vários contratantes emitem suas vontades, cada uma representando 
seus próprios interesses, como no contrato de sociedade (PEREIRA, 2017).
Sobre as consequências da bilateralidade, em função de haver obrigações 
para ambas as partes contratantes, surgem consequências jurídicas relevantes 
nos contratos bilaterais (GONÇALVES, 2010, GAGLIANO; PAMPLONA 
FILHO, 2010), como: 
  Cláusula resolutiva expressa ou tácita — mesmo que não esteja 
expressamente previsto no contrato que o descumprimento contratual 
propicia a resolução do vínculo, o inadimplemento culposo da prestação 
por uma das partes dá justa causa à outra parte, caso não tenha mais 
interesse no adimplemento, para pedir a resolução do contrato. O art. 
475 do Código Civil dispõe: “A parte lesada pelo inadimplemento pode 
pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, 
cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos” 
(BRASIL, 2002, documento on-line). 
  Exceção de contrato não cumprido ou exceptio non adimpleti con-
tractus — o art. 476 do Código Civil dispõe: “Nos contratos bilaterais, 
nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode 
exigir o implemento da do outro. Trata-se de exceção (defesa) a ser 
oposta pelo devedor, quando da exigência do cumprimento de sua 
obrigação contratual, em razão da contraparte sequer ter cumprido a 
sua obrigação”. Na mesma linha, o art. 477 do Código Civil dispõe que: 
Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes 
diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a 
prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe 
incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante 
de satisfazê-la (BRASIL, 2002, documento on-line).
Classificação dos contratos6
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  Enriquecimento sem causa — também não é possível ocorrer nos 
contratos unilaterais, apenas nos contratos em que todos os partícipes 
têm direito e obrigações. Configura-se no incremento do patrimônio de 
alguém em detrimento do patrimônio de outrem, sem que exista causa 
juridicamente idônea que justifique essa situação. No enriquecimento 
sem causa, deixa de haver o equilíbrio entre as obrigações acertadas 
pelas partes. Um exemplo é o comprador que paga o preço e não recebe 
a coisa ou o contratante que paga pelo serviço e não recebe a prestação 
de serviços do contratado.
  Desaparecimento da base contratual — ao tempo do negócio, a presta-
ção e contraprestação devem ser equivalentes no julgamento das partes 
contratantes (a equivalência não é considerada objetivamente, basta 
que cada parte compreenda estar recebendo compensação suficiente 
ao seu sacrifício). Os contratos bilaterais necessitam dessa equivalência 
entre as prestações, pois é da essência do negócio. Assim, se um evento 
futuro transformar as circunstâncias nas quais o contrato foi firmado, 
a ponto de a relação de equivalência desaparecer, podemos dizer que 
a base do contrato também deixou de existir — essa situação pode dar 
ensejo à resolução ou à revisão contratual. 
  Riscos contratuais — a teoria dos riscos, em que se procura apurar 
qual dos contratantes responderá nos casos de perda da coisa ou im-
possibilidade de cumprimento, só se aplica aos contratos bilaterais.
  Vícios redibitórios — em regra, somente nos contratos bilaterais e one-
rosos, poderá ser reivindicada a resolução do contrato ou o abatimento 
do preço, caso existam vícios ocultos na coisa que a tornem imprópria 
para uso ou diminuam o seu valor (BRASIL, 2002, art. 441). 
Chamamos de autocontrato quando há um sujeito dotado de poderes de represen-
tação que efetua compra e venda consigo mesmo (de um lado, agindo em nome e 
no interesse de terceiros, como representante apenas, e de outro, agindo em nome 
próprio). O autocontrato não altera a bilateralidade do negócio jurídico contratual. O 
contrato realizado pelo representante consigo mesmo é contrato bilateral — a dita 
unilateralidade no autocontrato é superficial, pois o mandatário age, na realidade, em 
nome e no interesse de outro, o mandante.
7Classificação dos contratos
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Contratos onerosos ou gratuitos (ou benéficos)
A classifi cação dos contratos em onerosos ou gratuitos considera como são 
distribuídas as vantagens e os ônus patrimoniais entre os contraentes. 
Onerosos — nos contratos onerosos há vantagens e ônus para ambos os 
contratantes. Tartuce (2017, p. 22) ensina que:
Os contratos onerosos são aqueles que trazem vantagens para ambos os con-
tratantes, pois ambos sofrem o mencionado sacrifício patrimonial (ideia de 
proveito alcançado). Ambas as partes assumem deveres obrigacionais, havendo 
um direito subjetivo de exigi-lo. Há uma prestação e uma contraprestação.
Gratuitos — nos contratos gratuitos, ou benéfi cos, apenas uma das partes 
auferirá benefícios, enquanto a outra apenas obrigações, como na doação 
pura, no comodato, entre outros.
A onerosidade da prestação de uma das partes não poderá ser excessiva, sob 
pena de enriquecimento sem causa da outra parte. Não há responsabilidade por 
vícios redibitórios ou evicção nos contratos gratuitos, somente nos onerosos, 
consoante arts. 441 e 447 do Código Civil (BRASIL, 2002). 
A maioria dos contratos unilaterais é gratuita, mas há exceções. No con-
trato de mútuo feneratício, mais conhecido como contrato de empréstimo 
bancário, embora seja um contrato unilateral (obrigação de restituir o valor 
emprestado apenas para o mutuário), o contratante deverá pagar juros, que 
representam a onerosidade contratual, pela vantagem que obteve em utilizar 
o dinheiro alheio pelo período contratado (TARTUCE, 2017). Portanto, é 
exemplo de um contrato unilaterale oneroso.
A interpretação dos contratos gratuitos será sempre mais restritiva do que 
a dos onerosos, isso porque diz respeito a uma liberalidade, conferindo maior 
proteção ao contratante que agiu por generosidade, gratuitamente. 
Contratos comutativos ou aleatórios
Os contratos cumulativos ou aleatórios são uma subdivisão dos contratos 
bilaterais (PEREIRA, 2017).
Comutativos (ou pré-estimados) — nos contratos comutativos, as partes 
sabem, desde o início, quais serão suas prestações, isto é, não existe o fator 
Classificação dos contratos8
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risco inserido nas prestações. Clareando a compreensão, são comutativos os 
contratos em que as prestações de ambas as partes são de antemão conhecidas 
e guardam entre si uma relativa equivalência de valores (PEREIRA, 2017). 
São exemplos:
  troca; 
  compra e venda de coisa certa;
  locação. 
Aleatórios (ou de esperança) — nos contratos aleatórios (álea = risco/sorte), 
não haverá certeza quanto à ocorrência de, pelo menos, uma prestação. Sig-
nifi ca dizer que a prestação, ou ainda, a vantagem esperada por uma das 
partes somente poderá ser exigida em função de evento futuro e incerto. São 
exemplos de contratos aleatórios: 
  contratos de seguro; 
  contrato de esperança ou de safra; 
  jogo (máquina de pegar bichinhos de pelúcia, entre outros); 
  aposta (loteria, entre outros).
Não caberá a rescisão contratual por lesão, nem mesmo ação redibitória, 
nos contratos classificados como aleatórios. Ademais, a resolução ou revisão 
por onerosidade excessiva apenas caberá nos casos em que o evento superve-
niente, imprevisível e extraordinário não se relacionar com o risco assumido 
contratualmente (PEREIRA, 2017). 
A compra e a venda, embora sejam geralmente um contrato comutativo, 
podem configurar contrato aleatório, como nos seguintes exemplos: 
  Emptio spei — contrato de compra de coisa futura, com assunção 
de risco pela existência (art. 458 do Código Civil: “Se o contrato for 
aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não 
virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de 
receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte 
não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a 
existir”) (BRASIL, 2002, documento on-line). Nesse tipo de compra 
e venda, o comprador assume o risco de o objeto da compra e venda 
não existir. Como exemplo, citamos a máquina de pegar bichinhos de 
pelúcia: se a contratante não conseguir retirar nenhum bichinho da 
máquina, não terá devolvido o valor gasto pela tentativa. 
9Classificação dos contratos
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  Emptio rei speratae — contrato de compra de coisa futura, sem assunção 
de risco pela existência (art. 459 do Código Civil: “Se for aleatório, por 
serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de 
virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante 
a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda 
que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. Parágrafo 
único. Mas, se dá coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o 
alienante restituirá o preço recebido”) (BRASIL, 2002, documento on-
-line). Nesse tipo de compra e venda, o comprador não assume o risco 
pela inexistência da coisa, apenas arrisca-se a receber menos do que 
o desejado. Utilizando o exemplo da máquina de retirar bichinhos de 
pelúcia, caso a contratante não conseguisse retirar nenhum bichinho, 
poderia exigir restituição do valor pago; ou ainda, caso contratasse 
objetivando retirar dois bichinhos, na mesma jogada, mas, ao fazer sua 
mira, a garra da máquina acabasse pegando apenas um, teria de ficar 
com o único que foi obtido, sem restituição do que pagou para jogar.
Contratos paritários ou por adesão
Paritários — quando o contrato é paritário, as partes encontram-se em situ-
ação de igualdade na negociação do conteúdo do contrato, estabelecendo as 
cláusulas contratuais. Os contratos paritários permitem que as partes esco-
lham livremente o conteúdo do contrato de forma mais equitativa. Contudo, 
direcionado a uma relação contratual individualizada, esse tipo de contrato 
encarece a negociação (agrega custos) — o próprio custo do tempo, nessas 
negociações contratuais, chamado de custo de transação (COOTER; ULEN, 
2010), deve ser contabilizado. 
Adesão — ocorre quando por adesão o conteúdo do contrato foi predisposto 
pelo proponente. Desse modo, a outra parte, o aderente, não delibera acerca 
das cláusulas (não exerce sua liberdade contratual), apenas aceita (adere) 
contratar se tiver interesse no produto ou no serviço — persiste, apenas, a 
liberdade de contratar ou não contratar. Nesse tipo de instrumento contratual, 
as cláusulas são genericamente confeccionadas para um grupo não individu-
alizado de pessoas, ou seja, para a massa. Considerando que não se permite 
discussão do conteúdo contratual, há uma redução dos custos de transação, 
assim como garantia de que diferentes sujeitos irão contratar sob as mesmas 
condições — igualdade e homogeneidade no tratamento dos contratantes. Por 
outro lado, em razão de ser unilateralmente estipulado, pode dar margem a 
Classificação dos contratos10
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abusos, isto é, o proponente pode se valer da sua vantagem contratual para 
realizar um clausulado totalmente em desfavor do aderente. Para evitar abuso, 
ou oportunismo, nos contratos por adesão, em vez de proibi-los, já que im-
prescindíveis e inevitáveis na sociedade de consumo, a legislação e o Poder 
Judiciário controlam e limitam essa modalidade de contratar — nesse sentido, 
dispõe o art. 423 do Código Civil: “Quando houver no contrato de adesão 
cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais 
favorável ao aderente” (BRASIL, 2002, documento on-line).
Contrato-tipo — há a possibilidade de negociar as cláusulas contratuais, 
embora, inicialmente, ele venha predisposto por um dos contratantes — nor-
malmente, é realizado por empresas e seus clientes ou fornecedores, não 
sendo destinados a toda a massa, mas a um grupo identifi cável de contratantes 
(PEREIRA, 2017).
Contratos evolutivos
Os contratos evolutivos são uma classifi cação proposta pelo professor Arnoldo 
Wald, que, em geral, diz respeito aos contratos administrativos, nos quais 
parte das cláusulas contratuais é estática e outra dinâmica, pois obedecem às 
normas legais, logo, alterando-se conforme a alteração legislativa (GAGLIANO; 
PAMPLONA FILHO, 2010). Dessa forma, é possível compensar, no curso 
da contratação, eventuais alterações na equação fi nanceira do contrato. São 
exemplos os contratos do Sistema Financeiro de Habitação, Financiamento 
Estudantil, entre outros. 
Quanto à disciplina jurídica
Nesta classifi cação, os contratos são qualifi cados de acordo com a disciplina, 
ou melhor, com o microssistema jurídico do qual fazem parte. São exemplos 
os seguintes contratos: 
  civis;
  consumeristas;
  comerciais;
  administrativos;
  trabalhistas. 
11Classificação dos contratos
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Quanto à forma ou quanto às exigências 
para a sua constituição
Nessa classifi cação, os contratos são qualifi cados de acordo com a forma em:
Solenes ou formais — serão formais aqueles contratos cuja validade depende 
de forma estabelecida em lei. São exemplos a compra e a venda de imóvel de 
valor superior a 30 salários-mínimos — conforme art. 108 do Código Civil: 
Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade 
dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação 
ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o 
maior salário mínimo vigente no País (BRASIL, 2002, documento on-line).
Não solenes ou informais — essa classifi cação diz respeito à maioria dos 
contratos. O contratoé não solene ou informal quando sua forma é livre, não 
necessitando cumprir formalidade imposta em lei, como dispõe o art. 107 
do Código Civil: “A validade da declaração de vontade não dependerá de 
forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir” (BRASIL, 2002, 
documento on-line). São exemplos os contratos de compra e venda de bens 
de consumo em geral e de prestação de serviços em geral. 
Os contratos consensuais ou reais se relacionam com a maneira como o 
contrato é concluído, perfectibilizado:
Consensuais — os contratos consensuais são aqueles que se aperfeiçoam, 
que se tornam perfeitamente constituídos, apenas com o consentimento das 
partes, bastando-lhes o consenso. São exemplos:
  locação;
  compra e venda;
  mandato. 
Reais — são reais os contratos que só se aperfeiçoam com a entrega da coisa que 
constitui seu objeto, pois apenas o consentimento das partes não basta para o 
contrato estar constituído. A entrega da coisa (tradição), nos contratos reais, é consi-
derada requisito de existência (VENOSA apud GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 
2010), portanto, enquanto não tiver sido entregue o bem, haverá no máximo uma 
promessa de contratar. Signifi ca dizer que, ao contratar um empréstimo bancário 
(contrato de mútuo feneratício), o correntista não será considerado devedor antes 
Classificação dos contratos12
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que o valor do empréstimo esteja em sua conta corrente; ou, se o sujeito contratar 
um comodato, antes de sair da biblioteca com a posse do livro. São exemplos: 
  comodato; 
  mútuo; 
  depósito; 
  penhor. 
Em geral, os contratos reais são também unilaterais, pois, após a entrega do 
bem, momento de constituição do negócio, só há obrigação de restituição da 
coisa por aquele que a possui (o penhor, por outro lado, seria uma exceção — um 
contratante paga os juros e o outro devolve o bem que ficou como garantia). 
Quanto à designação ou disciplina legal específica 
Nesta classifi cação, os contratos são qualifi cados em nominados ou inominados: 
Nominados — possuem nomen juris específi co. Serão nominados os contratos 
que tiverem terminologia ou nomenclatura defi nida. Podemos, assim, concluir que 
todos os contratos típicos são nominados, já que possuem nomenclatura própria. 
São exemplos a compra e venda, comodato, entre outros. Outrossim, boa parte dos 
contratos atípicos também é nominada, como o leasing, a hospedagem, entre outros.
Inominados — contratos que não possuem nomenclatura defi nida. Seriam as 
fi guras contratuais novas ou aquelas que conjugam diversos tipos de contratos, 
fruto da autonomia privada e sem designação específi ca.
Nesta classificação, os contratos são qualificados em típicos ou atípicos:
Típicos — são aqueles que têm previsibilidade legal, ou seja, aqueles regulados pelo 
Direito Positivo. São os contratos dispostos pela legislação em vigor. São exemplos:
  compra e venda;
  doação;
  locação;
  depósito;
  seguro;
  comodato;
  mútuo. 
13Classificação dos contratos
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Atípicos — são aqueles não regulados em lei, como, por exemplo, os contratos 
de hospedagem, factoring e leasing, entre tantos outros. Atípico é um contrato 
não disciplinado pelo ordenamento jurídico, embora lícito, pelo fato de restar 
sujeito às normas gerais do contrato e não contrariar a lei, os bons costumes 
ou os princípios gerais do Direito.
Igualmente aos contratos típicos, os contratos atípicos devem seguir as 
disposições normativas dos arts. 421 e 422 do Código Civil (BRASIL, 2002, 
documento on-line): 
Art. 421 A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da 
função social do contrato.
Art. 422 Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do 
contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
O Quadro 4 apresenta os contratos quanto à designação ou disciplina legal 
específica.
Contratos Nominados Inominados
Típicos
Todos os contratos típicos 
são nominados.
Não há.
Atípicos
Contratos atípicos nominados: contrato 
de publicidade, de garagem, de 
excursão turística, leasing, espetáculos 
artísticos, feiras e exposições, serviços de 
bufê em geral, mudança, manutenção 
de equipamentos, entre outros.
Todos aqueles 
que surgirem da 
autonomia privada 
ou da conjugação 
de elementos de 
contratos já tipificados.
 Quadro 4. Contratos quanto à designação ou disciplina legal específica 
Quanto à pessoa do contratante
Nesta classifi cação, os contratos são qualifi cados em pessoais ou impessoais:
Pessoais (ou personalíssimos) — celebrados em razão da pessoa contratada, 
por vínculo de confi ança, por suas qualidades técnicas, artísticas. São, por isso, 
intransmissíveis, não podendo ser executados por outros; são também chamados 
de personalíssimos, ou intuitu personae, de modo que a pessoa não pode se 
fazer substituir por outra. São exemplos o contrato de trabalho e a prestação de 
Classificação dos contratos14
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serviços de artistas em geral. No caso de descumprimento culposo, difi cilmente o 
prejudicado conseguirá a tutela específi ca contratada, tendo como consequência, 
na maioria das vezes, somente a indenização por perdas e danos. 
Impessoais — nesses contratos, interessa apenas o resultado da atividade contra-
tada, independentemente da pessoa que irá realizá-la. Segundo Gonçalves (2010, 
p. 102), os “contratos impessoais são aqueles cuja prestação pode ser cumprida, 
indiferentemente, pelo obrigado ou por terceiro. O importante é que seja realizada, 
pouco importando quem a executa, pois, o seu objeto não requer qualidades espe-
ciais do devedor”. São exemplos a compra e venda, a troca ou permuta, entre outros.
Nesta classificação, os contratos são qualificados em individuais ou co-
letivos (PEREIRA, 2017): 
Individuais — aqueles formados pelo consentimento de pessoas, cujas von-
tades são individualmente consideradas, mesmo que atuem em grupos. São 
exemplos a doação de roupas para um grupo de moradores de rua, a contratação 
de um serviço de buffet, entre outros. 
Coletivos — utilizados, normalmente, nas relações entre patrão e empregados, 
em razão de que os sindicatos ou as associações acabam por representar uma 
coletividade e não uma parte individualizada. São exemplos a convenção 
coletiva de trabalho, o acordo coletivo de trabalho, entre outros. 
Quanto ao tempo ou ao momento do cumprimento
Nesta classifi cação, os contratos são qualifi cados quanto ao tempo ou ao 
momento do cumprimento:
Contratos de execução instantânea ou instantâneos — relações jurídicas 
contratuais cujos efeitos são produzidos de uma só vez. Nas palavras de Pereira 
(2017, p. 62), nos contratos de execução instantânea, “[...] a solução se efetua 
de uma só vez e por prestação única, tendo por efeitos extinção cabal da 
obrigação”. Signifi ca dizer que não há período entre a conclusão e a execução 
do contrato. É exemplo a compra e venda à vista. 
Contratos de execução diferida ou retardada — nessa classifi cação, serão 
utilizados os ensinamentos dos professores Pereira (2017) e Lôbo (2011), 
que entendem que os contratos de execução diferida são aqueles em que a 
15Classificação dos contratos
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prestação de uma das partes não ocorre de pronto, em um só momento, mas 
a termo. O contrato foi perfeitamente concluído pelas partes, contudo, sua 
execução fi ca retardada, ou diferida, a exemplo da compra e venda parceladas. 
Vale mencionar que não ocorrerá a extinção da obrigação enquanto não se 
completar a solução, ou seja, o pagamento da obrigação.
Contratos de execução continuada, de duração, de trato sucessivo ou de 
débito permanente — aqueles que se cumprem por meio de atos reiterados, 
como o contrato de locação, o contrato de trabalho, entre outros. Podem ser 
por tempo determinado, quando delimitarem o termo fi nal do contrato (por 
exemplo, locação por temporada)ou indeterminado, quando não houver tempo 
predeterminado (por exemplo, contrato de trabalho). Corroborando, oportuno 
citar: “[...] o contrato sobrevive, com a persistência da obrigação, muito embora 
ocorram soluções periódicas, até que, pelo implemento de uma condição ou 
decurso de um prazo, cessa o próprio contrato” (PEREIRA, 2017, p. 62).
Quanto à função econômica
Nesta classifi cação, os contratos são qualifi cados quanto à função econômica:
De troca — caracterizados pela troca de utilidades econômicas. São exemplos 
a compra e venda, a troca ou permuta, entre outros. 
Associativos — caracterizados pela união de interesses ou coincidência de 
fi ns. Um exemplo é o contrato de sociedade. 
De prevenção de riscos — caracterizados pela assunção de riscos por parte 
de um dos contraentes. Um exemplo é o contrato de seguro. 
De crédito — caracterizados pelo interesse de uma utilidade econômica, por 
meio da transferência de um bem futuramente restituído, como nos contratos 
de empréstimo. Um exemplo é o mútuo feneratício.
De atividade — caracterizados pela prestação de uma conduta de fato (um 
fazer). São exemplos:
  prestação de serviços;
  empreitada;
  corretagem. 
Classificação dos contratos16
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Contratos reciprocamente considerados
Nesta classifi cação, os contratos são qualifi cados quanto à relação de depen-
dência (GACLIANO; PAMPLONA FILHO, 2010): 
Principais — existem por si mesmos, sem necessitar da dependência de 
outros. Um exemplo é a compra e venda de um imóvel ou de um automóvel. 
Acessórios — sua existência pressupõe a existência do contrato principal. 
São exemplos:
  hipoteca;
  fiança;
  penhor. 
Os contratos também podem ser classifi cados quanto à defi nitividade em:
Preliminares (ou pactum de contrahendo) — são aqueles que têm por fi nalidade 
a celebração de um contrato defi nitivo. Um exemplo é a promessa de compra e 
venda — por meio dessa promessa, as partes comprometem-se a realizar o contrato 
defi nitivo de compra e venda que irá transferir a propriedade do bem.
Defi nitivos — aqueles que atingem o objetivo negocial das partes, sem ne-
cessidade de outro que os complemente. 
Classificação dos contratos aplicada pelos 
tribunais superiores
A seguir, apresentamos Recurso Especial (REsp) julgado pelo STJ sobre 
contrato de futebol:
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. COMPETÊNCIA INTER-
NACIONAL.
CONTROVÉRSIA ENTRE CONHECIDO JOGADOR DE FUTEBOL (ROBI-
NHO) E A EMPRESA NIKE ACERCA DAS OBRIGAÇÕES CONTRAÍDAS 
EM “CONTRATO DE FUTEBOL”. COMPETÊNCIA CONCORRENTE. 
FORO DE ELEIÇÃO. JUSTIÇA HOLANDESA. CONTRATO PARITÁRIO. 
INEXISTÊNCIA DE ASSIMETRIA. CLÁUSULA CONTRATUAL ELETI-
VA DE FORO ALIENÍGENA ADMITIDA. AUTONOMIA DA VONTADE.
17Classificação dos contratos
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1. Inocorrência de negativa de prestação jurisdicional ou mesmo nulidade da 
decisão quando as alegadas omissões inexistem, seja porque devidamente 
esgotadas as questões submetidas ao Estado-jurisdição, seja porque mostram-
-se irrelevantes para o desate da controvérsia à luz dos fundamentos que 
conduziram à extinção da demanda.
2. Em sendo paritária e, assim, simétrica a relação negocial estabelecida entre 
conhecido jogador de futebol e empresa multinacional do ramo dos artigos 
esportivos, contrato cujo objeto, ademais, relaciona-se à cessão dos direitos de 
uso de imagem do atleta, não é possível qualificá-la como relação de consumo 
para efeito de incidência das normas do Código de Defesa do Consumidor.
3. Regulada pelo disposto no art. 88 do CPC/73, a competência internacional 
na espécie evidencia-se como concorrente, revelando-se possível a eleição, 
mediante cláusula prevista no negócio jurídico qualificado pelas partes como 
“contrato de futebol” (contrato de patrocínio e cessão de uso de imagem), do 
foro alienígena como competente para a solução das controvérsias advindas 
do acordo.
Precedente da Colenda 4ª Turma.
4. Caso concreto em que a obrigação principal contraída no acordo não deveria 
ser cumprida exclusivamente no Brasil.
5. Suscitada a incompetência da Justiça brasileira pela parte demandada em 
momento oportuno, correta a decisão de extinção do feito, sem resolução 
de mérito, diante da derrogação, pelas partes, com base em sua autonomia 
privada, da competência da Justiça brasileira e da eleição da Justiça holandesa 
para dirimir eventuais controvérsias.
6. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO (BRASIL, 
2016, documento on-line).
Nesse REsp, o STJ compreendeu que o contrato entabulado entre o jogador 
de futebol profissional, Robinho, e a empresa multinacional, Nike, estava 
classificado como um contrato paritário, no qual as partes encontram-se em 
situação de igualdade na negociação do conteúdo do contrato, principalmente 
no que concerne ao estabelecimento das cláusulas contratuais. Assim, não 
acolheu seu pedido de vulnerabilidade contratual por não se enquadrar em 
relação típica de consumo, nem considerou o contrato firmado pelas partes 
como um mero contrato por adesão em que o jogador não teria a liberdade de 
escolher o conteúdo (liberdade contratual) e negou provimento ao recurso. 
Cabe analisarmos mais um REsp da mesma corte:
RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO CIVIL PÚ-
BLICA. MULTA MORATÓRIA. PREVISÃO CONTRATUAL DE COMI-
NAÇÃO DE MULTA APENAS EM FACE DA MORA DO CONSUMIDOR. 
ASSIMETRIA A MERECER CORREÇÃO. HARMONIA DAS RELAÇÕES 
DE CONSUMO. EQUILÍBRIO CONTRATUAL A SER RESTABELECI-
DO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. 
PATENTE INOVAÇÃO POR PARTE DO RECORRENTE ACERCA DE 
Classificação dos contratos18
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QUESTÕES ALEGADAMENTE OMISSAS, MAS NÃO SUSCITADAS 
EM MOMENTO OPORTUNO.
1. Ação civil pública movida pelo Ministério Público de São Paulo buscando 
restabelecer o equilíbrio de contrato de adesão relativo a fornecimento de 
produtos, aplicando a mesma multa prevista para a mora do consumidor para 
as hipóteses de atraso na entrega das mercadorias ou de devolução imediata 
dos valores pagos. 
2. Inocorrência de violação ao disposto no art. 535 do CPC/73, quando o 
acórdão recorrido dá expressa solução às questões centrais, mesmo que não 
examine pontualmente cada um dos argumentos suscitados pelas partes. Caso 
concreto em que se alega omissão em relação a questões que sequer foram 
devolvidas quando da interposição de recurso de apelação. 
3. Possibilidade de intervenção judicial nos contratos padronizados de con-
sumo de modo a restabelecer o sinalagma negocial, fazendo incidir a mesma 
multa prevista para a mora do consumidor nos casos de atraso na entrega dos 
produtos ou de devolução imediata dos valores pagos quando exercido o direito 
de arrependimento, com fundamento tanto no CDC, como no próprio Código 
Civil (arts. 395, 394 e 422) ao estatuir os efeitos da mora e a submissão dos 
contratantes à boa-fé objetiva.
4. Manifesta abusividade na estipulação de penalidade apenas para o descum-
primento das obrigações imputadas ao consumidor aderente ao contrato sem 
nada estatuir acerca da mora do fornecedor.
5. Manutenção da decisão que, reequilibrando a relação de consumo, deter-
mina a integração dos contratos celebrados pela ré da previsão de multa de 
2% sobre o valor do produto no caso de descumprimento do prazo de entrega 
ou de atraso na devolução dos valores pagos quando exercido o direito de 
arrependimento. Precedente.
6. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO (BRASIL, 2017, documento on-line).
Já, nesse REsp, o STJ compreende que se trata de relação de consumo, protegida 
pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC) e Código Civil. Ademais, por 
não se tratar de um contrato paritário, mas de um contrato massificado, por 
adesão, o STJ compreendeu que a multa contratual imposta contratualmente, 
apenas para os casos de mora do consumidor aderente, configurava abuso 
do fornecedor proponente — desequilíbrio da relação contratual. Além de 
classificar o contrato em discussãocomo um contrato padronizado de consu-
mo, ou seja, contrato de adesão ou por adesão, também se utilizou da noção 
de sinalagma para justificar que as prestações contratuais devem guardar, 
entre si, uma correlação equilibrada. Assim, não deu provimento ao recurso 
interposto pelo proponente, considerando que correta a intervenção judicial 
no sentido de reequilibrar a assimetria entre os contratantes e reestabelecer 
o sinalagma contratual. A ementa a seguir apresenta decisão do Supremo 
Tribunal Federal (STF):Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CIVIL. DIREITO DO CONSUMI-
DOR. PREVIDÊNCIA PRIVADA. CONTRATO DE SEGURO DE VIDA. 
RENOVAÇÃO NOS TERMOS CONTRATADOS. RECUSA PELA SEGU-
RADORA. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA REFLEXA. 
INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS. INCIDÊNCIA DA 
SÚMULA 454/STF. DECISÃO QUE SE MANTÉM POR SEUS PRÓPRIOS 
19Classificação dos contratos
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FUNDAMENTOS. [...] 4. In casu, o acórdão objeto do recurso extraordinário 
assentou: APELAÇÃO CÍVEL. SEGURO DE VIDA. RECUSA DE RENOVA-
ÇÃO DE CONTRATO. ABUSIVIDADE. APLICABILIDADE DO CÓDIGO 
DE DEFESA DO CONSUMIDOR. MANUTENÇÃO DO PACTO COMO 
ANTERIORMENTE CONTRATADO. 1. O objeto principal do seguro é a 
cobertura do risco contratado, ou seja, o evento futuro e incerto que poderá 
gerar o dever de indenizar por parte da seguradora. Outro elemento essencial 
desta espécie contratual é a boa-fé, na forma do art. 422 do Código Civil, 
caracterizada pela lealdade e clareza das informações prestadas pelas partes. 
2. A relação jurídica de seguro está submetida às disposições do Código de 
Defesa do Consumidor, enquanto relação de consumo atinente ao mercado 
securitário. 3. O litígio em exame versa sobre o reconhecimento da ilegali-
dade da não renovação da apólice de seguro, bem como da abusividade da 
cláusula que prevê a resilição por parte da seguradora. Situações precitadas 
que rompem com o equilíbrio contratual, princípio elementar das relações 
de consumo, a teor do que estabelece o artigo 4º, inciso III, do CDC. 4. A 
estabilidade das cláusulas contratuais a que está submetido o consumidor deve 
ser respeitada, em especial nos contratos de prestações sucessivas, como é o 
caso dos autos. Nessa seara, com base no artigo 51, incisos IV, X e XV, § 1º, 
do CDC. 5. O seguro constitui pacto de trato sucessivo e não temporário o 
que implica certa continuidade nesta relação jurídica cativa. Se mantidas as 
mesmas condições da época da contratação, as suas disposições não devem 
ser alteradas unilateralmente pela seguradora, exceto se durante o período de 
contratação haja a ocorrência de fatos não previsíveis, com o condão de modi-
ficar significativamente o equilíbrio contratual. 6. A comunicação tempestiva 
não é o único requisito a ser preenchido para não se efetivar a renovação do 
pacto. Como visto anteriormente, a correspondência com os novos termos de 
contratação, ao consumidor é abusiva, não merecendo qualquer consideração 
as informações nela contida, acerca da extinção do contrato. 7. Necessidade 
de pagamento do valor do prêmio inadimplido no curso da presente deman-
da. Dado parcial provimento ao apelo. 5. Agravo regimental a que se NEGA 
PROVIMENTO (BRASIL, 2013, documento on-line). 
Nesse julgado, o STF considera o contrato de seguro como um contrato 
de trato sucessivo ou execução continuada, que, como visto, corresponde aos 
contratos que se cumprem por meio de atos reiterados — no caso do seguro, 
contrato de trato sucessivo com prazo determinado e renovável. Destarte, 
o STF compreendeu ser injustificada a recusa de renovação do contrato de 
seguro de vida por parte da seguradora, em razão de configurar quebra da 
estabilidade da relação contratual de trato sucessivo, mantida de boa-fé pelos 
contratantes. Ademais, por se tratar de relação de consumo entre seguradora 
e segurado, os deveres de proteção, cuidado e informação — decorrentes 
da boa-fé objetiva — ficam protegidos, também, pelas disposições do CDC.
Classificação dos contratos20
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BRASIL. Lei Federal nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial 
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Brasília, DF, 29 mar. 2016. Disponível em: <http://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:superior.
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GIRARDI, L. J. Curso elementar de Direito romano. Porto Alegre: Livraria Acadêmica, 1984.
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Leituras recomendadas
ALMEIDA, C. F. Contratos: conceito, fontes e formação. 5. ed. Coimbra: Edições Almedina, 
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ROPPO, E. O contrato. Coimbra: Edições Almedina, 2009.
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