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1 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C PAPM 4 INTRODUÇÃO • 70% dos diagnósticos gastroenterológi- cos são feitos com história clínica • 90% associa-se ao exame físico • NEM SEMPRE a etiologia da dor está no ABDOME DOR ABDOMINAL → ORIGEM DA DOR DOR ABDOMINAL • Parede abdominal • Órgãos intraperitoniais • Órgãos pélvicos • Órgãos retro-peritoneais EXTRA-ABDOMINAL • Órgãos intratorácicos (ex.: paciente IAM pode ter sinais de epigastralgia, si- nais ativos, principalmente diabéticos) • Doenças sistêmicas (doenças renais com acúmulo de ureia) ABDOME AGUDO Quadro caracterizado pelo conjunto de sinais e sintomas de dor + sensibilidade abdominal, de instalação súbita ou de evolução progres- siva, podendo ser de extrema gravidade e que requer conduta terapêutica imediata. É geralmente dor abdominal de média a forte intensidade que leva o paciente a procurar o hospital INCIDÊNCIA • 7 a 7,5 % - ATENDIMENTOS DE UR- GÊNCIA • até 50% - INTERVENÇÃO MÉDICA e/ou CIRÚRGICA QUATRO PASSOS FUNDAMENTAIS PARA O DIAGNOSTICO E MANEJO DO PACIENTE COM ABDOME AGUDO: 1. Avaliação da gravidade (choque?) 2. Alívio sintomático 3. ♀ Excluir gravidez e doença inflamatória pélvica 4. Classificação CLASSIFICAÇÃO Quanto ao tratamento: CIRÚRGICO X NÃO CIRÚRGICO • no caso de tratamentos cirúrgicos, são patologias que o paciente necessita de alguma abordagem videolaparoscopica, laparotoexploradoras (ex.: câncer de có- lon, obstrução intestinal, doença ulce- rosa péptica perfurada, etc) • Quanto as causas não cirúrgicas, temos como exemplo um íleo metabólico, alte- ração de um volvo, quadros inflamató- rios clínicos, etc. QUANTO À ETIOLOGIA CLÍNCO: Existem 3 principais etiologias (por- firia intermitente aguda, saturnismo e febre ti- fóide) CIRÚRGICO: TRAUMÁTICO X NÃO TRAUMÁTICO • traumático pode ser um abdome traumá- tico com perfuração, facada, etc • já em relação ano não traumático, divi- dimos em 5 grupos: • Inflamatório • Obstrutivo • Perfurativo • Hemorrágico • Isquêmico ou Vascular Semiologia da dor abdominal 2 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C PAPM 4 DOR ABDOMINAL BASES FISIOLÓGICAS DA DOR: VIAS AFERENTES RESPONSÁVEIS PELA TRANSMISSÃO DA DOR ABDO- MINAL 1) do Sistema nervoso central : CÉREBRO + MEDULA ESPINHAL ( CÉREBRO ESPINHAL )→ as fibras medulares transmitem a dor somática proveniente da parede do abdome – DOR PARIE- TAL OU SOMÁTICA 2) Do Sistema nervoso periférico : AUTÔ- NOMO → o sistema simpático sensitivo ou aferente (divisão toracolombar) é o responsável pela condução dos impulsos sensitivos das vísceras e outras estrutu- ras anatômicas da cavidade celômica – DOR VISCERAL VERDADEIRA a dor se situa próximo à localização ana- tômica do órgão 3) • EXISTEM AINDA: DOR REFERIDA ( VISCEROCUTÂNEA) - obedece à dis- tribuição metamérica → resultado da convergên- cia neuronal das vias afe- rentes cutâneas e profun- das um mesmo seg- mento. Definida como sensação dolorosa super- ficial que se origina em estruturas distantes do lo- cal da dor como a dor pe- riumbilical na apendicite ou dor escapular na có- lica biliar TIPOS DE DOR ABDOMINAL Depende das estruturas envolvidas 3 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C PAPM 4 • A DOR VISCERAL é originada nos órgãos dentro da cavidade abdominal (que se chamam vísceras). Os nervos das vísceras não respondem a cortes, la- cerações ou inflamações. Mas respon- dem a distensão gasosa ou contratura muscular abdominal. É geralmente vaga, inerte, causa náuseas, e é de difícil identificação. A dor abdominal superior resulta de distúrbios em órgãos como o estômago, duodeno, fígado e pâncreas. A dor abdominal em mesogástrio resulta de distúrbios de estruturas como o intes- tino delgado, parte superior do cólon e o apêndice. A dor abdominal inferior re- sulta de distúrbios da parte inferior do cólon e dos órgãos no trato genituriná- rio. • A DOR SOMÁTICA surge do peritô- nio. Ao contrário dos nervos nos órgãos viscerais, os nervos no peritônio respon- dem a cortes e irritação (sangue, infec- ção, produtos químicos ou inflamação). A dor somática é aguda e relativamente fácil de ser identificada. É altamente sensitiva, é aguda e relativamente fácil de ser identificada. O melhor exemplo é o abdome agudo perfurativo por exemplo de uma doença ulcerosa péptica, ainda tem HCl no pe- ritônio, então é altamente irritativo, deixa o ab- dome enrijecido. • A DOR REFERIDA é aquela dor per- cebida longe de sua origem. Exemplos de dor referida são dor na virilha cau- sada por cálculos renais e dor no ombro causada por presença de sangue ou in- fecção provocando irritação do dia- fragma. sempre tentar qualificar a dor, a intensidade, lo- calização, etc. ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO FISIPATOLOGIA: PONDO DE OBSTRUÇÃO: Parada de elimi- nação de gases e fezes • Para tentar vencer essa obstrução, o intestino “luta” contra essa obstrução com uma contra- ção mais vigorosa >>peristalse aumentada (pe- ristalse de luta = timbre metálico) • A cada nova contração intensa, o paciente irá referir dor (dor em cólica). • O intestino continua secretando líquidos para o lúmen + deglutição de ar pelo paciente (aero- fagia) >> distensão abdominal. • Quanto mais distal a obstrução, mais evidente será a distensão • Com a distensão, a vascularização é prejudi- cada>>paciente pode começar a apresentar is- quemia, que pode, inclusive, evoluir com ne- crose e perfuração. OBS: Em caso de suboclusão podemos ter o que é chamado de diarreia paradoxal CLASSIFICAÇÕES: Alta x Baixa : • Alta: Acima da válvula íleoce- cal) • Baixa: Abaixo da vávula íleo- cecal) Simples x Complicada • Simples: ponto obstrutivo sem sofrimento de alça, sem isquemia, sem peritonite. Mecânica x Funcional: • Mecânica (Barreira física: Tumor, brida, corpo estranho, volvo 4 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C PAPM 4 • Funcional Comprometimento da função mo- tora: Alteração do potássio (íleo paralítico), Síndrome de Ogilve. • Obstrução em alça fechada (obstrução em dois pontos diferentes) Ex: Ca de cólon com vál- vula íleocecal competente (faz com que o fluxo seja unidirecional) Ex: Volvo de Sigmoide (sinal do grão de café ou U invertido) IPC FATORES IMPORTÂNTES: - Anamnese: Idade, temporalidade dos sinto- mas, qualificação da dor, fatores de melhora e piora. Fatores de risco pessoal e familiar. Ritmo intestinal prévio. Perda de peso, sinais de alarma. - Exame físico: • Inspeção: Distensão abdominal • Ausculta: Aumentado (Fase inicial) ; Débil ou ausente (fase tardia) • Percussão: Hipertimpanismo • Palpação: Massas, dor SINAIS ÚTEIS NAS SÍNDROMES ABDO- MINAIS AGUDAS: SINAL DE GERSUNY : massa volumosa que se desprega e é mobilizada quando há pressão exercida sobre a mesma no abdome ( fecaloma ) EXAME PROCTOLÓGICO ( TOQUE RE- TAL ): detecta lesões da parede retal, neopla- sias estenosantes, fecaloma, corpo estranho EXAMES COMPLEMENTARES →EXAMES LABORATORIAIS: • HEMOGRAMA – leucocitose com desvio à esquerda ou leucopenia • BIOQUÍMICA – Uréia, Creatinina, dosagem dos eletrólitos, Glicemia • AMILASE E LIPASE • PROVAS DE FUNÇÃO HEPÁTICA • PCR e VHS / HEMOCULTURAS • GASOMETRIA ARTERIAL + graves: Cho- que séptico/hipovolêmico • EAS – glicosúria, piúria ou hematúria →EXAMES de IMAGEM : • RX SIMPLES DE ABDOME • Rotina abdome agudo: radiografia de abdome AP em ortostase e decúbito dorsal + radiografia do tórax em ortostase (3 incidências no total)-> incluindo tórax para estudo das cúpulas dia- fragmáticas) →íleo paralítico ou metabólico ≠ obst. mecâ- nica. →estima altura da obstrução OBS.: Porque se radiografa o tórax tambémquando tem abdome agudo¿ R.: para ver se o paciente também tem pneu- moperitoneo. 5 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C PAPM 4 A imagem de- monstra alças do delgado distendi- das, com empilha- mento de moedas (lisas radiopacas na imagem) Alças com empi- lhamento de mo- eda no centro (del- gado), a direita su- periormente temos alças colônicas. O paciente tem empilhamento de moedas e nível hi- droaéreo (ar em ní- veis muito retos), o paciente está obs- truído, provavel- mente em alças de delgado, obstrução alta, central. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA / RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉ- TICA→Diagnóstico de massas inflam. abd., abcessos intracavitários ou em vísceras paren- quimatosas. Pode orientar drenagens percutâ- neas . Não é afetada pela presença de gases in- testinais. Radiação presente. Muito utilizada no estudo das complicações da DDC e definir eti- ologia e topografia da obstrução: As imagens demonstram abdome agudo obstrutivo que tem nível hidroaéreo ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA • Pouco solicitada no Abdome agudo. • Indicação: suspeita de volvo gástrico (tb tera- pêutica) COLONOSCOPIA • Volvo de sigmóide, possibilita a introdução de sonda lubrificada promovendo a distorção espontânea. • Nas obstruções neoplásicas do reto ( tb favo- rece realização de biópsias). • Diagnóstico processos inflamatórios ou obs- trutivos colônicos por neoplasias de localiza- ção proximal →OUTROS MÉTODOS • contra-indicada nas grandes distensões gaso- sas •pode-se chegar diagnóstico correto em 93% ABDOME AGUDO PERFURA- TIVO Perfuração de víscera oca (de origem não trau- mática- se for é abdome traumático) OBS.: paciente fica “quietinho” com muita dor em posição antálgica FATORES IMPORTÂNTES: - Posição antálgica - Anamnese: Idade, uso de medicamentos crô- nicos ou usados no período atual (AINES), temporalidade dos sintomas, qualificação da dor, fatores de melhora e piora. Fatores de risco pessoal e familiar. Ritmo intes- tinal prévio. Perda de peso, sinais de alarma. - Exame físico: 6 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C PAPM 4 • Sinal de Jobert (hipertimpanismo em loja he- pática) Fica timpânico onde era para estar ma- ciço, pode ser pela presença de ar. • Palpação: Abdome extremamente doloroso com sinais de peritonite difusamente (abdome em tábua) CAUSAS: - Doença ulcerosa péptica perfurada (princi- palmente úlcera gástrica) Obs: ulcera duodenal sangra mais do que per- fura. - Complicação de diverticulite (perfuração) EXAMES DE IMAGEM ABDOME AGUDO PERFURATIVO Rotina de abdome agudo. a) Radiografia de tó- rax em ortostatismo e b) radiografia de abdome em decúbto lateral. Pneumoperitoneo (setas), Deitado o ar vai para região mais superior. Diverticulite aguda perfurada de sigmóide de- terminando pneumoperitôneo. Na TC, é de- monstrado o colo sigmóide (sg) distendido por meio de contraste iodado (branco). A parede do colo está espessada. Nota-se gás (seta branca) fora da luz intestinal de permeio à gordura que se encontra heterogênea. Pneumoperitôneo dos dois lados. Pneumoperitônio por úlcera duodenal perfu- rada (parede anterior). As imagens mostram Raio-x de tórax com coleção gasosa infradi- afragmática bilateral QUIZ DE ABDOME AGUDO 1. Cite 3 etiologias de abdome agudo obstru- tivo: R.: Neoplasia de do TGI (principalmente reto- sigmóide), Bridas e aderências, volvo de sig- móide (sinal do grão do café) 2. Cite uma etiologia de abdome agudo perfu- rativo: R.: ulcera péptica perfurada 3. Qual o exame complementar de eleição para avaliação de pneumoperitôneo? R.: Raio x de rotina de abdome agudo parte 2 “Dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada ao dano tecidual real ou potencial, ou descrita em termos de tais da- nos” International Association for the study of pain – Pain;1979;6(3):247-8 7 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C PAPM 4 ABDOME AGUDO INFLAMATÓ- RIO: • A dor é, dos sintomas, talvez o mais im- portante para o diagnóstico do abdome agudo. • No abdome agudo inflamatório, em ge- ral, a dor é acompanhada por descon- forto. mal-estar, náuseas ou vômitos e febre; • Sinal de Lenander (temp. retal maior ou igual a 1ºC acima da temp. axilar) pode estar presente nos processos infla- matórios do abdome inferior, como apendicite aguda. salpingite aguda, di- verticulite aguda com abscesso • Os processos inflamatórios do abdome agudo podem provocar a toxemia e cho- que. DOR ABDOMINAL • Temporalidade • Localização • Tipo de dor • Intensidade • Irradiação • Evolução • Fatores de alívio • Fatores de piora • Sintomas associados CHOQUE SÉPTICO • SIRS • Febre • Taquicardia • Taquipneia • Hipotensão C APENDICITE AGUDA • O apêndice é uma extensão do intestino grosso, localizada aderido ao ceco, na confluência das tênias • A apendicite aguda é a causa mais fre- quente de abdome agudo cirúrgico • O fundo do apêndice pode ter localiza- ções variadas, mas, em geral, a localiza- ção em fossa ilíaca direita, no ponto de McBurney (é um ponto situado entre o umbigo e a espinha ilíaca ântero-supe- rior. Quando o apêndice está inflamado (apendicite), pode ser percebida uma sensibilidade no quadrante inferior di- reito, no ponto de McBurney.) • A apendicite deve ser incluída no diag- nóstico diferencial de dor abdominal em qualquer faixa etária, a menos que se te- nha certeza de que o órgão já foi retirado • FISIOPATOLOGIA: • Obstrução da luz: fecalito, hiperplasia linfoide (assim o conteúdo que é produ- zido ali não tem para onde escoar, ati- vando cascata inflamatória, causando distençaõ e irritação do peritoneo visce- ral) • Distensão: muco, proliferação de micro- organismos, secreção - Irrita o peritôneo visceral (gera dor progressiva que começa no epi- gátrio, porque o peritoneo é inervado por fibras não mielinizadas, não é uma dor somática e sim visveral, isso não permite uma precisão em relação a loca- lização da dor) • Isquemia: o aumento do gradiente de pressão intraluminal pela evolução do processo inflamatório faz com que a ir- rigação sanguínea ao apêndice fique prejudicada = isquemia -Irrita o peritôneo parietal (é iner- vado por fibras mielinizadas que trans- mitem uma sensação de dor somática e bem localizada) • QUADRO CLÍNICO • Anamnese: • dor periumbilical que migra para FID 8 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C PAPM 4 • outros sinais e sintomas: anorexia, náu- seas, vômitos, febre, disúria. • EXAME FÍSICO • Pode haver contratura com a localização do processo inflamatório → abdome em tábua= peritonite difusa • SINAIS CLÁSSICOS • SINAL DE BLUMBERG: Dor a des- compressão súbita, que quando posicio- nado no ponte de mcburney sugere apendicite. Fora isso é sugestivo de pe- ritonite. • SINAL DO OBTURADOR: Ao fazer distensão da coxa sob o quadril faz uma rotação medial e pode gerar dor na re- gião do forame obturatório. • SINAL DE ROSVING: Compressão no sentido antiperistáltico do colón des- cente visando mobilizar a coluna de ar ate a região do ceco, distendendo-o, cau- sando vibração no apêndice e dor • SINAL DO PSOAS-ILÍACO OU LAPI- NSKY: Paciente deitado de lado, dis- tende a coxa para trás e sente dor na re- gião posterior. • SINAL DE DUNPHY: quando o paci- ente tosse e sente dor na fossa ilíaca di- reita • SINAL DE MARLE: quando o paciente se coloca na ponta dos pés e deixa o corpo cair sobre os calcanhares, isso faz com que a vibração seja transmitida para os peritônios visceral e parietal\al e cause dor em fossa ilíaca direita. • DIAGNÓSTICO: • Clínico, se alta probabilidade (ho- mem, 10-30 a, apresentaçãoclássica) • Se média probabilidade (criança, idoso, mulher e manifestação não clássica) = exame de imagem (USG, TC) • Além disso, exame de imagem (USG, TC) em caso de suspeita de complicação • ESCORE DE ALVARADO: para au- xílio à tomada de decisão diante de caso suspeito. • 0-3 = improvável • 4-6 = provável • ≥ 7 = muito provável • TRATAMENTO: • Em geral, é cirúrgico • Apendicite simples e precoce (48h) = exame de imagem S/ complicações = apendicectomia + ATB profilático • Abscesso = drenagem + ATBterapia + colono em 4-6 semanas +/- apendicecto- mia tardia Flegmão = ATBterapia + colono em 4-6 semanas +/- apendicecto- mia tardia Peritonite difusa = cirurgia de urgência + ATBterapia DIVERTICULITE AGUDA: • É a complicação da doença diverticular dos cólons/diverticulose: • São frequentes e acometem cerca de 30°o a 40°ó dos indivíduos acima de 45 9 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C PAPM 4 anos. O cólon sigmóide é o mais afe- tado. • Ocorre a expulsão das camadas mucosa e submucosa do cólon através da porção de maior fragilidade (aa. Retas) • Mais frequente em ocidentais (dieta po- bre em fibras) • Ocorre pelo aumento da pressão dos có- lons • Mais comum em pacientes idosos • A maioria dos pacientes é assintomático e o diagnóstico é um achado de exames complementares (colonoscopia e clister opaco) • COMPLICAÇÕES: • Hemorragia – cólon direito • Diverticulite – cólon esquerdo • FISIOPATOLOGIA: • Obstrução da luz do divertículo • Distensão: muco, proliferação de micro- organismos, secreção • Isquemia: o aumento do gradiente de pressão intraluminal pela evolução do processo inflamatório faz com que a ir- rigação sanguínea fique prejudicada = isquemia e MICROPERFURAÇÕES • Formação de abscesso peri-cólico • MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • A diverticulite tem, às vezes. formas di- versas de manifestar-se. • ~ a apendicite, porém, acomete o lado esquerdo • A sensibilidade é, geralmente. mais di- fusa na diverticulite aguda. embora possa haver, com frequência, um quadro de peritonite localizada. Raramente a di- verticulite aguda produz obstrução do intestino grosso. • No período de crise é comum encontrar- se; febre, mal-estar, náuseas e vômitos, dor no baixo abdome. • DIAGNÓSTICO: • TOMOGRAFIA DE ABDOME = pa- drão ouro • Evitar colonoscopia e enema no pri- meiro momento = maior risco de agra- var a perfuração • Fazer colonoscopia em 4-6 semanas -> TU cólon? • CLASSIFICAÇÃO DE HINCHEY • TRATAMENTO: 1. Complicações? a) Não com sintomas mínimos = dieta líquida + ATBterapia oral em tto ambu- latorial b) Não com sintomas exuberantes = dieta zero + ATBterapia venosa e tto hospitalar c) Sim com abscesso > 4cm = drena- gem abscesso + ATBterapia + colono em 4-6 semanas + cirurgia eletiva (>6sem) d) Sim com peritonite ou obstrução = ATBterapia venosa + cirurgia de urgên- cia I Abscesso pericólico Ia Ib Ia – Fle- gmão Ib – Abscesso pericólico II Abs- cesso pélvico III Peritonite purulenta IV Peritonite fecal colecistite aguda: • A colecistite aguda costuma começar como uma crise de dor biliar que piora progressivamente. • É mais comum em mulheres (4:1), em idade fértil, obesas e acima de 40 anos; OBS.: mnemônico 4F (mulheres ́ femea´, fértil, obesos ´fat´, mais de 40 anos ´fora´) 10 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C PAPM 4 • Em geral, as causas associadas ou mesmo predisponentes são: a obesidade, gravidez múltipla, diabetes mellitus, distúrbios pancreáticos, hipotireoidismo e doenças hemolítica. • Em 93% dos casos de colecistite aguda, o paciente tem cálculos biliares. • FISIOPATOLOGIA: • A inflamação aguda da parede da vesí- cula em geral acompanha a obstrução do ducto cístico por um cálculo. • A resposta inflamatória pode ser indu- zida por três fatores: (1) inflamação mecânica produzida por pressão e distensão intraluminais au- mentadas com subsequente isquemia da mucosa e da parede da vesícula biliar (2) inflamação química causada pela li- beração de lisolecitina (devido à ação da fosfolipase sobre a lecitina na bile) e por outros fatores teciduais locais, assim como (3) inflamação bacteriana, que pode desempenhar algum papel em 50 a 85% dos pacientes com colecistite aguda. • Os micro-organismos frequentemente isolados por cultura da bile da vesícula nesses pacientes incluem Escherichia coli, Klebsiella spp., Streptococcus spp e Clostridium spp. • MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • Cerca de 60 a 70% dos pacientes relatam já haver experimentado crises preceden- tes que regrediram espontaneamente. • A dor inicialmente é epigástrica, visce- ral, acompanhada de náuseas e vômitos, e posteriormente mais intensa e locali- zada no quadrante superior direito, po- dendo irradiar-se para as regiões lombar direita e escapular direita. • O sinal de Murphy é frequente A fe- bre, quando presente, geralmente é baixa • O paciente apresenta-se anorético e, na maioria das vezes, nauseado. Os vômi- tos são relativamente comuns, podendo produzir sintomas e sinais de depleção volêmica • A icterícia é incomum no início da evo- lução da colecistite aguda, mas pode ocorrer quando as alterações inflamató- rias edematosas acometem os ductos bi- liares e linfonodos circundantes. • O QSD do abdome apresenta-se quase invariavelmente hipersensível à palpa- ção. • DIAGNÓSTICO: • O diagnóstico de colecistite aguda é feito habitualmente com base em uma anamnese característica e um bom exame físico. A tríade de início súbito de hipersensibilidade no QSD, febre e leucocitose é altamente sugestiva. • A ultrassonografia demonstra a pre- sença de cálculos em 90 a 95% dos ca- sos, sendo útil na identificação dos si- nais de inflamação da vesícula, como es- pessamento da parede, líquido pericole- cístico e dilatação do ducto biliar. • TRATAMENTO: • Cerca de 75% dos pacientes tratados cli- nicamente obtêm a remissão dos sinto- mas agudos dentro de 2 a 7 dias após a hospitalização. Porém, em 25% dos ca- sos, uma complicação da colecistite aguda ocorre apesar do tratamento con- servador. • Nestas circunstâncias, é necessária uma intervenção cirúrgica imediata. D • Diante da história natural da doença, a colecistite aguda deve ser tratada 11 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C PAPM 4 preferencialmente com cirurgia precoce sempre que possível. • Deve-se iniciar o uso de antibiótico no momento do diagnóstico, e ele deve ser suspenso após a cirurgia, nos casos le- ves. • A manutenção da antibioticoterapia é necessária nos casos graves (empiema, gangrena, perfuração, sepse, disfunção de órgãos associada), nos casos diagnos- ticados tardiamente, nos pacientes dia- béticos e naqueles com risco cirúrgico aumentado, sendo, neste caso, às vezes, a única terapia indicada. • A pancreatite aguda é o diagnóstico gas- trintestinal principal mais comum em pacientes hospitalizados. • A média de permanência hospitalar é de 4 dias, com custo hospitalar médio de 6.096 dólares e uma mortalidade de 1%. • As taxas de hospitalização aumentam com a idade, são 88% maiores em ne- gros e mais altas em homens. • PRINCIPAIS CAUSAS DE PAN- CREATITE AGUDA • Cálculos biliares (incluindo microlití- ase) • Álcool (alcoolismo agudo e crônico) • Hipertrigliceridemia • Colangiopancreatografia retrógrada en- doscópica (CPRE), particularmente após manometria biliar • Fármacos (azatioprina, 6-mercaptopu- rina, sulfonamidas, estrogênios, tetraci- clina, ácido valproico, medicamentos anti-HIV, ácido 5-aminossalicílico [5- ASA] • Traumatismo (em particular trauma- tismo abdominal fechado) • Pós-operatório (cirurgias abdominaise não abdominais) • FISIOPATOLOGIA: • Patologicamente, a pancreatite aguda varia desde pancreatite intersticial (su- primento sanguíneo do pâncreas man- tido), a qual costuma ser autolimitada, até pancreatite necrosante (suprimento sanguíneo do pâncreas interrompido), na qual a extensão da necrose pode estar relacionada com a gravidade da crise e suas complicações sistêmicas. • A autodigestão é uma teoria patogênica atualmente aceita; de acordo com essa teoria, ocorre pancreatite quando as en- zimas proteolíticas (p. ex., tripsinogê- nio, quimiotripsinogênio, proelastase e enzimas lipolíticas, como a lipase A2) são ativadas nas células acinares do pân- creas em vez do lúmen intestinal. • MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • Dor abdominal: é o principal sintoma da pancreatite aguda • A dor pode variar desde um desconforto leve a um sofrimento intenso, constante e incapacitante. A dor, que é constante e de natureza lancinante, localiza-se no epigástrio e na região periumbilical e, com frequência, irradia-se para as cos- tas, o tórax, os flancos e a parte inferior do abdome. • As náuseas, os vômitos e a distensão ab- dominal, devido à hipomotilidade gás- trica e intestinal e à peritonite química, também são queixas frequentes. • Febre baixa, taquicardia e hipertensão são razoavelmente comuns. • O choque não é incomum e pode resultar de (1) hipovolemia secundária à exsuda- ção de sangue e de proteínas plasmáticas para dentro do espaço retroperitoneal; (2) maior formação e liberação de peptí- deos tipo cininas, que causam vasodila- tação e aumento da permeabilidade vas- cular; e (3) efeitos sistêmicos das 12 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C PAPM 4 enzimas proteolíticas e lipolíticas libera- das e lançadas na circulação. • A icterícia raramente ocorre; quando presente, deve-se em geral ao edema da cabeça do pâncreas com compressão da porção intrapancreática do colédoco ou à passagem de um cálculo ou lama bi- liar. • Em 10 a 20% dos pacientes, há achados pulmonares, como estertores nas bases, atelectasia e derrame pleural, este úl- timo mais frequentemente no lado es- querdo. • A hipersensibilidade abdominal e a rigi- dez muscular estão presentes em graus variáveis; no entanto, em comparação com a intensa dor, esses sinais podem ser menos significativos. • Os ruídos intestinais costumam estar re- duzidos ou ausentes. • Um pâncreas aumentado com coleção aguda de líquidos, necrose encapsulada ou pseudocisto pode ser palpável na parte superior do abdome em uma fase avançada da doença (i.e., 4 a 6 sema- nas). • Pode-se observar uma coloração azul pálido ao redor do umbigo (sinal de Cul- len), em consequência do hemoperitô- nio, enquanto uma coloração azul-ver- melho-púrpura ou verde-castanha dos flancos (sinal de Grey-Turner) reflete o catabolismo tecidual da hemoglobina pela pancreatite necrosante severa com hemorragia. Ocorre por conta de um catabolismo exa- gerado de hemoglobina • DIAGNÓSTICO: • Qualquer dor aguda intensa no abdome ou nas costas deve sugerir a possibili- dade de pancreatite aguda. • O diagnóstico é estabelecido pela pre- sença de dois dos três critérios a seguir: 1. dor abdominal típica no epigástrio que pode se irradiar para o dorso 2. elevação de três vezes ou mais nos níveis séricos de lipase e/ou amilase 3. Achados confirmatórios de pancrea- tite aguda em exames de imagem abdo- minais • Os pacientes também podem apresentar náuseas, vômitos, febre, taquicardia e achados anormais no exame abdominal. • Os exames laboratoriais podem revelar leucocitose, hipocalcemia e hiperglice- mia. Embora não sejam necessários para o diagnóstico, os marcadores de gravi- dade podem incluir hemoconcentração (hematócrito >44%), azotemia (ureia >45 mg/dL) na hospitalização, SIRS e sinais de falência orgânica. • TRATAMENTO: • É importante observar que 85 a 90% dos casos de pancreatite aguda são autolimi- tados e melhoram de forma espontânea, geralmente dentro de 3 a 7 dias após o início do tratamento, não exibindo fa- lência de órgãos ou complicações locais. • O manejo da pancreatite aguda começa no setor de emergência. Após a confir- mação do diagnóstico, é iniciada a res- suscitação agressiva com fluidos, são administrados analgésicos intravenosos, a gravidade é avaliada e se começa uma busca pelas etiologias que podem ter im- pacto no cuidado agudo. 13 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C PAPM 4 • Os pacientes que não respondem à res- suscitação agressiva com fluidos no se- tor de emergência devem ser considera- dos para internação em unidade de cui- dados intermediários ou intensivos para ressuscitação agressiva com fluidos, monitoramento hemodinâmico e ma- nejo de necrose e falência de órgãos. ABDOME AGUDO HEMORRÁ- GICO: • Sangramento não exteriorizado, mani- festando-se pelo hemoperitoneo ou pelo hematoma retroperitoneal. • Se a hemorragia é súbita e maciça, existe dor intensa no local do vaso le- sado e rapidamente se instala o estado ele choque hipovolêmico com seus sin- tomas característicos: taquicardia, pali- dez. sudorese, dispneia, síncope, sede, inquietação e o aparecimento de íleo re- flexo. Se a hemorragia é menor, ou pro- gride lentamente, existe também dor brusca, seguida de hipotensão arterial ortostática e síncope postural. • A ruptura espontânea de vísceras paren- quimatosas e a ruptura vascular não são situações comuns, e o abdome agudo he- morrágico é mais frequentemente asso- ciado ao trauma, ao pós-operatório e a complicações pós-procedimentos (bio- psias hepáticas, por exemplo). • Na mulher em idade fértil, sempre pon- derar a possibilidade de gravidez ectó- pica rota • MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • A dor tem localização e intensidade va- riáveis com a causa da hemorragia. • A respiraçao é superficial, predominan- temente torácica. • O pulso é rápido de pequena amplitude. Muitas vezes, só é possível percebê-lo nos grandes vasos. • O sinal de Kehr pode estar presente. • Hiperestesia cutânea é frequente no ab- dome agudo hemorrágico. • À inspeção do abdome, podem-se notar: ferimentos perfurantes, contusões, equi- moses, distensão abdominal e respira- ção predominantemente torácica. • Na ausculta, é possível notar o peristal- tismo intestinal diminuído ou ausente. • A palpação é extremamente dolorosa . O abdome, contudo, é flácido no hemope- ritônio. O sinal de descompressão (Blumberg) é positivo. A percussão é dolorosa praticamente por todo o ab- dome. • Pode-se determinar a presença de maci- cez móvel ou o sinal de piparote nos ca- sos mais avançados. OBS.: Gravidez Ectópica Rôta: - é uma das causas de hemorragia do primeiro trimestre da gravidez. - Apresenta-se como forma grave de abdome agudo hemorrágico - Mais frequente de duas a quatro semanas após o período mens- trual ausente - A paciente pode queixar-se de sinais caracte- rísticos de gravidez (náuseas, ingurgitamento mamário, malestar) --A dor é súbita, lancinante, iniciando-se no hi- pogástrio ou nas regiões ilíacas. - Sudorese, palidez cutaneomucosa, inquie- tude. hipotensão e taquicardia são manifesta- ções ocasionadas pela dor e pela hemorragia - São frequentes o tenesmo e polaciúria por ir- ritação reflexa do reto e bexiga. 14 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C PAPM 4 - O sinal de Laffont é bastante sugestivo de gra- videz rubária rota e está presente em 35,3°1) dos casos. - Facies de sofrimento, palidez de tegumentos, mucosas descoradas. - O sinal de Halstead- Cullen - A ausculta, pode-se notar o penstaltismo re- duzido ou ausente - Na palpação, o abdome. em geral, é doloroso. - O sinal da descompressão é positivo e fre- quente. • A ruptura de aneurisma deaorta abdo- minal acomete geralmente pacientes idosos do sexo masculino, população na qual a incidência de aneurisma é maior. A aterosclerose é a causa principal, mas trauma, infecção (sífilis) e arterites são causas possíveis. A sede mais comum é abaixo das arterias renais. •A apresentação clássica é dor abdo- minal difusa, intensa, associada a hipo- tensão e massa abdominal pulsátil. •Antes da ruptura, o aneurisma passa por um processo de distensão aguda (dito expansão), o que leva ao estira- mento do plexo nervoso perivascular, gerando dor intensa nos flancos ou no dorso. •O local mais comum de ruptura é no retroperitônio, e o hematoma que se forma contém a hemorragia por algumas horas. •O diagnóstico é confirmado por ul- trassonografia. •Na suspeita clínica, não é necessário realizar exames, indicando-se laparoto- mia imediata. abdome agudo isquêmico • A frequên- cia do acidente vascular intestinal é muito menor que a observada no co- ração, cérebro e extremidades. • Entretanto, a necrose intestinal é extre- mamente grave e, com frequência, fa- tal. • São considerados fatores agravantes do íleo vascular: idade avançada, diabetes mellitus, hipertensão arterial e taba- gismo. • CAUSAS • ISQUEMIA MESENTÉRICA AGUDA: • CAUSAS: • Embólica (50%): Cardiopatia emboligê- nica – FA/ IAM recente • Vasoconstrição (20%): choque, vaso- constritor, cocaína • Trombose arterial (15%): Aterosclerose (frequentemente associada a doença vascular periférica) • Trombose venosa (5%): estados de hi- percoagulabilidade, com transmissão re- trógrada do aumento da pressão venosa para a AMS, levando à isquemia. • MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • A dor é súbita, intensa, do tipo cólica ab- dominal, com localização epigástrica ou 15 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C PAPM 4 periumbilical, substituída, posterior- mente, por dor constante, generalizada. DESPROPORCIONAL AO EXAME FÍSICO • A diarreia de muco e sangue (tipo gela- tina de groselha) aparece em seguida à cólica. • Os vômitos são frequentes e tardios, sur- gindo após algumas horas e, comu- mente. acompanhados de estado de cho- que. • O toque retal demonstra, com frequên- cia, a presença de sangue. • TºC retal < TºC axilar Irritação perito- neal ocorre tardiamente = alta mortali- dade • • Diagnóstico: • Laboratório inespecífico (leucocitose, acidose metabólica, hiperlactatemia) • Rx de abdome com achados tardios -> pneumatose intestinal • AngioTC evidenciando falha de enchi- mento Angiografia mesentérica sele- tiva • TRATAMENTO: • Suporte com hidratação venosa, antibio- ticoterapia, correção dos distúrbios hi- droeletrolíticos e acido-básicos Para a causa embólica ou por trombose: • Heparinização • Laparotomia com embolectomia/trom- bectomia e avaliação da viabilidade da alça • Papaverina para evitar vasoespasmo no pós-operatório Para a causa por vasoconstrição = papave- rina intra-arterial 16 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C PAPM 4
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