Buscar

Psicodiagnóstico interventivo: evolução de uma prática

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

NOME: Ísis Mangilli Ayello do Nascimento
RA: N233EA-1
Psicologia – Matutino
DISCIPLINA: Psicodiagnóstico
RESUMO: DONATELLI, M.F. Psicodiagnóstico Interventivo Fenomenológico Existencial. In: ANCONA-LOPES, S. Psicodiagnóstico interventivo: evolução de uma prática. São Paulo: Cortez, 2013.
Psicodiagnóstico tradicional
O Psicodiagnóstico tradicional se volta para o esclarecimento da demanda que mobilizou à procura do paciente pela ajuda especializada com a finalidade de encaminhamento. É um processo de avaliação que pode recorrer à testes psicológicos afim de compreender o sofrimento do indivíduo. Ao se explicar o sofrimento psicológico do paciente e realizar o encaminhamento implica-se que há a realização de um diagnóstico psicológico. 
No processo do Psicodiagnóstico tradicional pode-se observar uma hierarquia em relação ao paciente, onde o psicólogo é o detentor do saber científico e com base nesse saber interpreta os relatos do paciente, por fim entendendo qual encaminhamento será o mais adequado. Há algumas conseqüências para o método tradicional de Psicodiagnóstico, os pacientes acabam relatando que após todo o processo dessa avaliação há um aguardo de meses até serem chamados à um possível atendimento, fazendo com que muitos pacientes possam desistir dos atendimentos nas clínicas-escola mesmo antes de seu início.
Esse modelo tradicional que nasce em consultórios particulares, não se adequa aos modelos das clínicas-escola, exigindo uma formulação para funcionar de maneira satisfatória. 
‘’Ancona-Lopez (1984) lembra que as pessoas nem se preocupam com o nome do serviço psicológico que estão recebendo; o que lhes importa é conseguir lidar com o sofrimento atual. Mas o psicólogo que realiza o psicodiagnóstico no modelo tradicional acaba por desconsiderar o pedido de ajuda, postergando ‘’a intervenção, empobrecendo um encontro rico de possibilidades’’. 
Psicodiagnóstico interventivo
O Psicodiagnóstico interventivo se mostra como uma modalidade mais adequada para atender os clientes que buscam a clínica-escola. Segue o mesmo objetivo do tradicional, porém rompe com o conceito de diagnóstico e ao mesmo tempo em que faz uma coleta de dados para que se forme uma compreensão sobre o cliente, auxilia uma compreensão de si mesmo sobre o cliente e já faz intervenções, contribuindo para a superação do sofrimento. 
Nesse processo o psicólogo é coaoutor do mesmo, e detém apenas o ponto de vista técnico e teórico que dá as ferramentas necessárias para a organização dos fenômenos que aparecem durante o psicodiagnóstico, articulando uma compreensão para o sofrimento atual do cliente, traçando isso junto ao cliente e seu ponto de vista. Com o embasamento fenomenológico existencial, o psicólogo contribui com a visão de que o cliente está de sua maneira respondendo à indeterminação de sua existência e à tarefa de ser, buscando o sentido. O psicólogo tem a responsabilidade de criar o contexto para que os fenômenos apareçam e coordena também o processo de busca de ajuda psicológica pela família, indicando avaliações para esclarecimento se necessário.
‘’No psicodiagnóstico interventivo há a liberdade para acompanhar o desvelamento do fenômeno que o psicólogo tem diante de si, há uma busca constante de acessos que facilitem o desvelamento do sentido do sofrimento que se apresenta’’. Por isso não há técnicas previamente delineadas.
Desvelando os mundos da criança
	Os grupos com as crianças possibilitam observar e intervir nas relações no momento em que acontecem, podendo observar como a criança interage com os demais e levantar hipóteses sobre o acontecimento. Diferente do psicodiagnóstico tradicional possibilita então que imediatamente intervenha-se na situação, investigando e convidando aos novos modos de estar com os outros.
	Os testes psicológicos e a visita domiciliar e escolar também são privilégio do psicólogo, mas enquanto no modelo tradicional o cliente vai ao consultório a visita domiciliar é capaz de proporcionar o conhecimento do espaço o qual o paciente habita, possibilitando a compreensão de como é esse mundo habitado por ele (‘’se é organizado, se é cuidado… a casa revela sobre como os ocupantes organizam sua vida’’). Também torna-se uma ocasião para conhecer outros membros da família e também alguns dados sobre a implicação dos mesmos no processo: aceitam ou rejeitam a visita? Cuidam para receber? Quem recebe? Essas questões fazem parte da convivência com a pessoa que apresenta os comportamentos ‘’problemáticos’’.
	‘’Mundo deve ser entendido como conceito fenomenológico-existencial, isto é, como rede de remissões significativas em que os entes vêem à luz sob significados articulados e sustentados pelo para quê da compreensão (Heidegger, 1998). A família enquanto mundo significa os comportamentos cotidianos, é quem significa os comportamentos certos e errados. Na escola a criança adentra em um novo mundo compartilhado, revelando novos significados para velhos comportamentos, mostrando que alguns comportamentos em família são ‘’normais’’ e no mundo compartilhado da escola não o são. ’’É aquilo que Yehia (1996) chama de “ruptura”, uma falta de “algo que deveria haver” ou “quando a criança começa a apresentar atitudes e comportamentos que rompem com algumas expectativas dos pais, professores ou de outros agentes da comunidade” (p. 117).’’ 
A visita escolar também possibilita uma compreensão dos significados imbricados na organização espacial e física da escola, assim como os valores que sustentam o cotidiano escolar (há espaço para as crianças brincarem? Como é esse espaço? A escola é limpa, organizada? Como é o barulho?). Estes aspectos não têm significados ‘em si mesmos’, mas podem ‘’contribuir para a compreensão global do ser-no-mundo infantil...’’ (Maichin, 2006).
Psicodiagnóstico interventivo como ação clínica
Essa modalidade prática psicológica ainda está focada na compreensão da demanda e visa como finalidade um encaminhamento adequado, mas não se restringe à esse levantamento: o grande diferencial do psicodiagnóstico interventivo é que na busca da compreensão da demanda, os participantes dessa busca poderão perceber o surgimento de novas possibilidades existenciais.
O psicodiagnóstico interventivo pode ser entendido dessa mesma forma (plantão psicológico), como um modo de responder à necessidade de rearticulação da malha existencial rompida no momento de crise (busca do serviço psicológico). Essas compreensões são sustentadas pela fenomenologia existencial que entende a ação clínica como um ‘’espaço aberto, condição de possibilidade para a emergência de uma transformação não produzida...’’ (Barreto & Morato, 2009, p.50).’’ 
Coautoria do saber sobre si
	A perspectiva fenomenológica faz com que o psicólogo tenha que adotar uma nova postura e acolher a demanda como ela aparece, à partir de sua especificidade. Isso não será possível se o psicólogo estiver se apoiando em saberes científicos prévios sobre o outro, nessa postura o psicólogo se encontra na mesma condição do paciente, ambos estão no mesmo local em rumo à modificar a situação atual. 
	As devolutivas são realizadas de forma constante, auxiliando no esclarecimento da demanda e na compreensão da situação atual, sendo o principal aspecto interventivo desse processo. É fundamental que as compreensões surgidas nos encontros sejam compartilhadas com os participantes; a linguagem do psicólogo esteja em consonância com a do participante (linguagem técnica não favorece a compreensão e distanciam psicólogo e paciente).
	Neste modelo no psicodiagnóstico infantil utiliza-se o livro-história: ‘’uma narrativa da história de vida, da situação atual e do processo de psicodiagnóstico escrito e ilustrado de acordo com a linguagem da criança em atendimento (Becker, Donatelli e Santiago, 2013)’’. O relatório apresentado não é definitivo, pois as considerações, dúvidas, críticas e correções propostas pelos pacientes compõem a redação final, de modo que, fiel à proposta de que todos são co-participantes deste processo, até o relatório psicológico é elaborado conjuntamente.

Continue navegando

Outros materiais