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APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL, COMPETÊNCIAS E GESTÃO DO CONHECIMENTO AULA 5 Prof.a Ana Paula Escorsin 2 CONVERSA INICIAL Nesta quinta aula, vamos trabalhar com o tema aprendizagem organizacional. Ao ver esse assunto, você deve ter se perguntado: como assim, organizações aprendem? Claro que aprendem, mas esse aprendizado ocorre por meio dos indivíduos. Ao dizer que as organizações aprendem, quer-se enfatizar que dentro das organizações ocorrem processos de aprendizagens, os quais se referem à evolução das organizações (Takahashi, 2015). Para que você amplie seus conhecimentos sobre os aspectos que envolvem tal temática, a aula está estruturada da seguinte forma: Aprendizagem organizacional Aprendizagem organizacional e organizações de aprendizagem Aprendizagem e mudança organizacional Aprendizagem e conhecimento organizacional Aprendizagem organizacional e competência organizacional CONTEXTUALIZANDO Com base no material estudado, estabeleça diálogos com os colegas sobre como se dá a inter-relação entre o novo conhecimento, a mudança, a aprendizagem organizacional e a competência organizacional. PESQUISE Para melhor embasar sua análise pesquise em: TAKAHASHI, Adriana Roseli Wünsch. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015. Leia o item 6.4. – Aprendizagem organizacional e competência organizacional, p. 165 a 168. TEMA 1 – APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL Para este primeiro tema, vamos abordar alguns aspectos conceituais sobre a aprendizagem organizacional. A aprendizagem organizacional se relaciona com a noção de mudança contínua que ocorre nas empresas, aponta para como as organizações funcionam e se modificam ao longo do tempo, 3 integra a aprendizagem individual, grupal e global da organização (Takahashi, 2015, p. 114). Takahashi (2015, p. 125), citando Bitencourt (2001), propõe que “aprendizagem organizacional refere-se a como a aprendizagem na organização acontece, isto é, as habilidades e processos de construção e utilização do conhecimento”. Portanto, a aprendizagem organizacional representa as transformações na forma de funcionar de uma empresa. Toda corporação precisa se adaptar e promover mudanças em sua estrutura, em suas relações com os clientes, fornecedores, concorrentes, com o meio e até mesmo com os funcionários. As empresas aprimoram as suas habilidades, alteram seus processos para melhor desenvolver seus serviços ou produtos e se utilizam de seus conhecimentos de forma mais ampla e sistêmica. Existem empresas que têm dificuldade com a aprendizagem, e estas costumam ser empresas tradicionais, às vezes, envelhecidas, burocráticas, pouco inovadoras e com processos rígidos. Takahashi (2015) aborda cinco focos fundamentais a serem observados por organizações que cultivam a aprendizagem, os quais são: processo: refere-se ao conjunto de atividades desenvolvido em cada área de empresa. Os processos precisam estar, constantemente, atualizados para que se mantenham eficazes; transformação: refere-se às mudanças que a empresa precisa implementar em razão das inovações requeridas pelo mercado, pelo cliente e pela própria empresa; grupo: refere-se às equipes que compõem as diferentes áreas da empresa. A aprendizagem organizacional enfatiza um conjunto alinhado de colaboradores, privilegiando o trabalho e os resultados em equipe; criação e reflexão: referem-se à capacidade de as empresas repensarem sobre sua forma de funcionamento, para, então, criarem e se reinventarem, sob a ótica da inovação e da conscientização; ação: refere-se aos passos dados pelas empresas em direção a agir e de acordo com novos conhecimentos adquiridos sobre seu jeito de funcionar. 4 Takahashi (2015, p. 125), citando Bitencourt (2001), comenta que as novas descobertas e a memória organizacional são dois componentes importantes da aprendizagem organizacional. Novas descobertas apontam para a visão de futuro da empresa, para a necessidade de inovação e de transformação. A memória organizacional faz parte da cultura, representa todo o conhecimento e a história vivida pela empresa. A memória está associada à capacidade de reflexão da empresa, e as novas descobertas estão associadas à transformação e à criação. Memória e novas descobertas possibilitam ações coerentes, processos bem estruturados e equipes atuando em sinergia. Todos esses pontos compõem a aprendizagem organizacional. Antonello (2005), citado por Takahashi (2015, p. 129), agrega mais dois pontos à aprendizagem organizacional, os quais são: situação: a aprendizagem ocorre em uma dada situação ou em função da atividade ou do contexto ou da cultura. Esse tipo de aprendizagem se caracteriza por ser informal; cultura: a aprendizagem está baseada em história compartilhada, a qual dá sentido às experiências vividas pela empresa. A aprendizagem organizacional está intimamente vinculada à forma como a empresa conduz a gestão do conhecimento – vamos trabalhar esse tema na Aula 6. A gestão do conhecimento diz respeito às práticas adotadas pela empresa em relação ao gerenciamento de seus conhecimentos. Leitura Obrigatória TAKAHASHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015. Leia o item 5.4. – Conceitos e princípios de aprendizagem organizacional, p. 118 a 131. Saiba Mais BASTOS, A. B.; GONDIM, S. M. G.; LOIOLA, E. Aprendizagem organizacional versus organizações que aprendem: características e desafios que cercam essas duas abordagens de pesquisa. Revista Adm., São Paulo. v. 39, n. 3, 2004. Veja o item 3, Aprendizagem organizacional, p. 3 a 6. Disponível em: http://rausp.usp.br/wp-content/uploads/files/V3903220-230.pdf 5 TEMA 2 – APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL E ORGANIZAÇÕES DE APRENDIZAGEM O tema anterior abordou alguns conceitos sobre aprendizagem organizacional, vimos que, em seu conjunto, as organizações aprendem. Para Senge (2012, p. 28), à medida que o mundo se torna interconectado e os negócios se tornam mais complexos e dinâmicos, torna-se mais fácil aprender no trabalho. Nesse cenário mundial dinâmico, é preciso que todas as pessoas aprendam pela empresa, não sendo mais possível aguardar soluções ou inovações da direção ou das gerências. O perfil de competência dos profissionais não contempla mais pessoas que seguem ordens ou que realizam seus processos sempre da mesma forma. Para que as organizações tenham sucesso, precisam cultivar pessoas comprometidas e capazes de aprender (Senge, 2012). A empresa, quando consegue despertar a noção do constante aprender a aprender em si própria e em seus colaboradores, desenvolve a aprendizagem, com isso, precisa encontrar formas para gerir tudo o que é aprendido. Senge (2012, p. 46) comenta que são poucas as empresas que chegam à idade média de uma pessoa. O autor menciona que o tempo médio de vida de uma empresa é inferior a quarenta anos. A maioria das empresas que fechou demonstrou sinais prévios de problemas. Esses problemas ou não foram vistos ou foram ignorados. As empresas que fecharam, portanto, não conseguiram ser ou se manter como organizações que aprendem. Segundo Bastos, Gondim e Loiola (2004, citando Garvin, 1993), as organizações que aprendem são aquelas capazes de adquirir, criar, produzir novos aprendizados, transferir conhecimentos e modificar o comportamento de seus membros. Precisam, também, conseguir organizar as suasações para que a aprendizagem gerada se dissemine na empresa. Os autores, citando Senge (1990), dizem que as organizações que aprendem são instituições nas quais as pessoas se voltam para a aprendizagem coletiva, o que requer o comprometimento com resultados motivadores. Para os autores: uma organização de aprendizagem oferece um ambiente em que as pessoas ampliam sua capacidade de inovar para atingir resultados desejados, em que há estímulo para o desenvolvimento de novas formas de pensamento, em que a aspiração coletiva ganha liberdade 6 e as pessoas conscientizam-se de que a aprendizagem envolve colaboração mútua. (Bastos, Gondim e Loiola, 2004, p. 6) Para ser uma organização que aprende, ela precisa querer adquirir conhecimento, necessita modificar seu funcionamento a partir de reflexões sobre suas experiências. O aprendizado só acontece quando a empresa consegue pensar sobre suas ações e sobre as consequências delas, tanto para seu ambiente interno como para o externo. As organizações que aprendem demonstram algumas características (conforme Bastos, Gondim e Loiola, 2004), as quais são: apresentam um clima que estimula os colaboradores a questionar, a aprender e a desenvolver seu potencial; agem em sintonia com uma cultura de aprendizagem que envolve consumidores, fornecedores e outros grupos de interesse; assumem o desenvolvimento de pessoas como central para seu negócio; entendem a transformação e a mudança como processos contínuos. O cotidiano das empresas está permeado por barreiras que dificultam o aprendizado. Para Bastos, Gondim e Loiola (2004), essas barreiras são: dificuldade em relação à capacidade de agir – isso ocorre quando há excesso de prioridades, objetivos confusos, falta de poder de decisão, temor de correr riscos, punição por erros e não reconhecimento. dificuldade em refletir – em razão de pressão pelo desempenho de curto prazo, falta de um ambiente de indagação, ausência de fóruns de aprendizagem e sistema de recompensa atrelado somente a aspectos financeiros. dificuldade em relação à capacidade de disseminar – isso ocorre quando há ausência de oportunidades de compartilhar insucesso ou dificuldades, não visualização de erro como oportunidade de aprendizagem e existência de poucos mecanismos de comunicação interna. Para que uma empresa se torne uma organização que aprende, precisa adotar uma visão sistêmica, ou seja, ver-se como um conjunto interligado, para tanto, precisa romper com velhas barreiras que limitam o aprendizado como um todo. 7 Leitura Obrigatória TAKAHASHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015. Leia o item 5.3. – Aprendizagem organizacional e organizações que aprendem, p. 116 e 117. Saiba Mais BASTOS, A. B.; GONDIM, S. M. G.; LOIOLA, E. Aprendizagem organizacional versus organizações que aprendem: características e desafios que cercam essas duas abordagens de pesquisa. Revista Adm., São Paulo. v. 39, n. 3, 2004. Veja o item 4, Organizações que aprendizagem, p. 6 a 8. Disponível em: http://rausp.usp.br/wp-content/uploads/files/V3903220-230.pdf TEMA 3 – APRENDIZAGEM E MUDANÇA ORGANIZACIONAL A empresa que vivencia o constante aprendizado organizacional é capaz de mudar sua forma de desempenho, para que seja possível incorporar novas descobertas e descartar aspectos que são mais relevantes aos seus processos. Para tanto, é preciso desenvolver mecanismo de reflexão que permita visualizar o que e quando determinada situação precisa de mudança. Leite (2000), citando Drucker (1995), menciona que, para que uma organização possa aprender, precisa ter padrões de atividades que alterem os seus próprios padrões. Com isso, o autor quer dizer que a empresa necessita desenvolver ações que avaliem, periodicamente, as suas necessidades de mudança. O autor prossegue dizendo que o sucesso de uma empresa no mercado depende cada vez mais de sua capacidade de aprendizagem. Takahashi (2015, p. 153) apresenta diversos autores que estudaram as relações entre a aprendizagem organizacional com o tipo de mudança requerida pela empresa. Vejamos o que diz Takahashi: Para os autores Argyris e Schön (1978), conforme o tipo de mudança, a aprendizagem é classificada em três níveis. No primeiro nível de aprendizagem, encontram-se as melhorias incrementais, ou seja, as realizadas em práticas e em rotinas de trabalho. O segundo nível acontece quando as mudanças são mais profundas e demandam reflexões, alternando a cultura e os valores da empresa. O terceiro nível acontece quando a empresa se torna consciente de seu processo de aprendizagem, ou seja, quando a organização aprende a aprender (Takahashi, 2015, p. 153). 8 Os autores Fiol e Lyles (1985) dizem que o tipo de mudança leva a dois níveis aprendizagem. O primeiro é o nível inferior, no qual ocorrem mudanças de pequeno impacto e em determinada atividade. No segundo, o nível superior, a empresa desenvolve novas habilidades (Takahashi, 2015, p. 155). Para Barr, Huff e Stimpert (1992), o tipo de mudança, também, leva a dois níveis de aprendizagem. O primeiro nível, chamado de baixo impacto, acarreta mudanças incrementais. No segundo, de alto grau, ocorrem mudanças transformacionais, ou seja, as mudanças significativas (Takahashi (2015, p. 156). Prossegue Takahashi (2015, p. 156) afirmando que essas três classificações estão interligas, ou seja, a aprendizagem de nível inferior ou de baixo grau refere-se à mudança de pequeno impacto e em atividade ou processo. A aprendizagem de nível superior ou de alto grau envolve mudanças profundas, as quais têm impacto na organização como um todo. Toda mudança precisa que haja uma clara visão do que precisa ser modificado. A mudança pode ser para resolver um problema ou para inovar, porém, sempre requer tomada de decisões. Mudança e tomada de decisão caminham juntas. Vanin (2013, p. 95) apresenta seis etapas de decisão para conduzir mudança com coerência. Essas etapas são: 1. Clareza da situação – obter todas as informações de forma que não haja surpresas. 2. Opções – todas as alternativas possíveis devem ser analisadas, bem como as prováveis consequências de cada uma delas. 3. Preferências – dentro das opções existentes, devem ser estruturados critérios de importância, para que as alternativas sejam consideradas em termos de efeitos e de valores. 4. Opções constantes – considerar que os pesos atribuídos a cada uma das opções tenham certa constância. 5. Limitações de tempo e custos – o tomador de decisão, ao implementar mudança, deve ter claro e possuir condições de saber quanto vai custar a mudança, o que ela significa ao longo do tempo para poder quantificar o retorno de investimento. 9 6. Obter máximo retorno – estar preparado para escolher a alternativa que resultar no maior retorno possível. Com esse tema, pudemos compreender o quanto a aprendizagem organizacional e a mudança caminham juntas, porém, para que a mudança seja efetiva, faz-se necessário um adequado planejamento. Por outro lado, as empresas que têm dificuldade para mudar podem perder espaço no mercado. Leitura Obrigatória TAKAHASHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015. Leia o item 6.2 – Aprendizagem e mudança organizacional, p. 152 a 157. Saiba Mais LEITE, H. C. T. Qual a relação entre mudança e aprendizagem. Revista de Administração, Cultura e Meio ambiente, n. 20, v. IV, 2000. Disponível em: http://www.revistapresenca.unir.br/artigos_presenca/20haroldocristovam_qualarelacaoentremudancaeaprendizagem.pdf TEMA 4 – APRENDIZAGEM E CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL Neste tema, vamos traçar paralelos entre a aprendizagem e o conhecimento em uma organização. Takahashi (2015, p. 157) comenta que “a aprendizagem ocorre quando há mudança no estado de conhecimento” em uma organização. Estudamos sobre a mudança no tema anterior. Todos os níveis de aprendizagem geram mudanças. Vimos que o nível de aprendizagem inferior ou de baixo grau gera mudança em atividade ou processo. A aprendizagem de nível superior ou de alto grau gera mudança e tem impacto na empresa como um todo. Vamos agora acrescentar o conhecimento: sempre que a empresa (por meio de todos os colaboradores) adquire novos conhecimentos, necessita fazer alguma mudança, ou em atividades ou em processos ou em níveis estratégicos. Portanto, um novo conhecimento adquirido leva à mudança, e estes dois (conhecimento e mudança) geram novos aprendizados. Para complementar a ideia abordada acima, vamos ver um exemplo: 10 João trabalha na área de RH de uma empresa de médio porte, cujo modelo de gestão é o tradicional. João está fazendo o curso superior tecnológico de Gestão de RH, estudando sobre gestão por competências. Conversa com o gerente do RH de sua empresa para tentarem implantar esse modelo de gestão, mas, como a empresa é tradicional, o gerente de RH e João decidem por iniciar a mudança do modelo de gestão de pessoas com a implantação de entrevista de seleção por competências, assim os gestores começariam a desenvolver uma nova cultura. Esse exemplo nos mostra que João adquiriu um novo conhecimento, por meio do qual implementou uma mudança em um processo do RH, a qual gerou um aprendizado para o RH e para os gestores da empresa. Por ser uma mudança em um dos processos de RH, a aprendizagem foi de nível inferior ou de baixo grau. Quando implementarem o modelo de gestão por competência, essa mudança gerará aprendizagem de nível superior ou de alto grau, pois a mudança trará impacto à empresa como um todo. A Figura 1 ilustra a interligação entre conhecimento, mudança e aprendizagem organizacional. Figura 1 – Conhecimento, mudança e aprendizagem organizacional Fonte: Elaborada pelo autor, com base em Takahashi, 2015, p. 157. Considerando o que analisamos, pode-se perceber que a aprendizagem organizacional ocorre somente quando há a incorporação de novos conhecimentos, os quais geram mudanças. Para Takahashi (2015, p. 158), “a aquisição, a utilização e a incorporação de conhecimento são fundamentais para que ocorra a aprendizagem organizacional”. 11 Takahashi (2015, p. 161), citando Patriotta (2003), comenta que há três fatores que afetam o estado de conhecimento da organização, os quais são: História – porque o conhecimento resulta da sedimentação das experiências de aprendizado ao longo do tempo. Hábito – porque quando o conhecimento é profundamente internalizado e institucionalizado, tende-se a utilizá-lo de forma de automática. Experiência – porque é a base do conhecimento tácito. O conhecimento segue um fluxo na organização. Esse fluxo envolve a criação do conhecimento, a sua utilização e a institucionalização do novo conhecimento (Takahashi, 2015, citando Patriotta, 2003). Leitura Obrigatória TAKAHASHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015. Leia o item 6.3. – Aprendizagem e conhecimento organizacional, p. 157 a 165. Saiba Mais SHINYASHIHI, G. T.; TREVISAN, M. A.; MENDES, I. A. C. Sobre a criação e a gestão do conhecimento organizacional. Revista Latino-americana de Enfermagem, jul./ago., 2003. Leia o item Criação e gestão do conhecimento organizacional, p. 3 a 6. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rlae/article/view/1794/1841 TEMA 5 – APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIA ORGANIZACIONAL Vimos no terceiro tema de nossa segunda aula as categorias das competências organizacionais, lembram-se delas? Abordamos a primeira da categoria, a qual é a competência essencial. Estudamos que a competência essencial se refere às atividades de alta competência, importante para o nível corporativo, além de ser a chave para a sobrevivência da organização e central em sua estratégia. Essa competência essencial “resulta da aprendizagem coletiva da organização” (Takahashi, 2015, p. 166). Takahashi (2015) relaciona que o movimento de aquisição e transformação das competências organizacionais é sempre permeado por um 12 processo de aprendizagem. Para a autora, as competências podem ser mantidas, alavancadas ou construídas, para um conjunto de atividades, que envolve precisão de recursos, visando equilibrar objetivos de curto, médio ou longo prazo. Takahashi (2015) prossegue dizendo que, ao se investigar o processo de aprendizagem de uma empresa, pode-se entendê-lo como resultante da relação que a aprendizagem estabelece com as competências. Existe uma estreita relação entre aprendizagem e competência, a qual se vincula ao processo de mudança e ao fluxo de conhecimento. Essa relação tem implicações gerenciais, tanto que algumas empresas apresentam dificuldades para desenvolver suas atividades, por não compreenderem essa inter-relação entre aprendizagem e competência. Vamos voltar ao esquema que trabalhamos no quarto tema desta aula e acrescentar a competência: um novo conhecimento gera mudança, o que possibilita a aprendizagem organizacional, o que reflete em alteração de competência. Veja a Figura 2, a qual apresenta a interligação entre conhecimento, mudança, aprendizagem organizacional e competências. Figura 2 – Conhecimento, mudança, aprendizagem organizacional e competências Fonte: Elaborada pelo autor, com base em Takahashi, 2015, p. 166. Falamos em interligação, pois podemos ler o esquema acima por diversos ângulos. Por exemplo, pode-se iniciar com a alteração em uma 13 competência, a qual gera aprendizagem, que requer mudança e aquisição de novo conhecimento. Pode-se iniciar com uma necessidade de mudança em algo da empresa como um todo ou de uma atividade em uma área, a qual vai requerer novos conhecimentos, gerar aprendizagem e alteração de competências. Portanto, essa inter-relação é cíclica e contínua. Leitura Obrigatória TAKAHASHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015. Leia o item 6.4. – Aprendizagem organizacional e competência organizacional, p. 157 a 165. Saiba Mais LEITE, J. B. D.; PORSSE, M. de C. S. Competição baseada em competências e aprendizagem organizacional: em busca da vantagem competitiva. Revista de Administração Contemporânea, v. 7, Curitiba, 2003. Leia o item Programa Gestão da Excelência (PGE), o qual apresenta a experiência do Banco do Brasil. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415- 65552003000500007&script=sci_arttext&tlng=es TROCANDO IDEIAS Vamos debater sobre o aprendizado da aula de hoje! Com base no material estudado, estabeleça diálogos com os colegas sobre: a necessidade da área de RH adotar enfoque estratégico para que ocorra a aprendizagem organizacional em uma empresa. Para auxiliá-los nesse debate, consultem o artigo: TAKAHASHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015. Leia o item 5.4. – Conceitos e princípios de aprendizagem organizacional, p. 118 a 131. CÉSAR, A. M. R. V. C. Um novo RH? – avaliando a atuação e o papel da áreade RH em organizações brasileiras. Revista FACEF Pesquisa, v. 9, n. 2, 2006. 14 Leia o item 1 – O enfoque estratégico para a área de Recursos Humanos, p. 2 a 5. Disponível em: http://periodicos.unifacef.com.br/index.php/facefpesquisa/article/view/72/138 NA PRÁTICA Vamos relacionar os conteúdos vistos nesta aula com situações práticas do ambiente de trabalho. A atividade será: 1. Você deve fazer análises de algumas empresas e identificar uma que atue de forma a inter-relacionar: conhecimento, mudança, aprendizagem organizacional e competência organizacional. 2. Para melhor identificar a empresa com este perfil, observe se: na empresa há cultura de aprendizagem e como essa empresa se diferencia das demais; a empresa costuma ensinar e aprender; a empresa ouve os seus clientes, de que forma o faz, como administra as informações coletas juntos aos clientes; transforma seus produtos ou serviços, e como faz tal mudança; desenvolve capacidade de gerenciar o conhecimento e os talentos da empresa; possibilita que suas equipes obtenham melhor desempenho e resultado, e de que forma faz isso; possibilita que seus colaboradores desenvolvam as suas competências; dá oportunidade para que os colaboradores se desenvolvam profissionalmente; Após identificada a empresa, descreva suas considerações, citando: 1. o nome da empresa; 2. o ramo de atuação; 3. o diferencial dessa empresa que o levou a considerá-la como uma empresa que atua de forma a inter-relacionar: conhecimento, mudança, aprendizagem organizacional e competência; Comente sobre como a empresa faz a sua gestão privilegiando esta inter-relação. 15 Relate o que você descobriu sobre o papel e as contribuições do RH para esse método de gestão. Para que você possa resolver essa atividade prática, siga os passos descritos abaixo: A) Faça a leitura atenciosa do solicitado para a atividade prática. B) Reveja os temas trabalhados nesta aula. C) Pesquise empresas com esse perfil. Você pode conversar com pessoas para ajudá-lo, pode acessar o site de empresas que considera ter tal perfil, pode conversar com os profissionais de RH de empresas que considerar as mais indicadas. Use as suas competências – criatividade, capacidade de análise, relacionamento interpessoal – para conduzir a atividade prática. D) Responda com seus comentários sobre qual a empresa que atua de forma a inter-relacionar conhecimento, mudança, aprendizagem organizacional e competência organizacional. Para melhor desenvolver sua ideia sobre essa atividade prática, leia todos os temas desta aula e também analise o artigo a seguir: ROMERO, V. Aprendizagem organizacional, gestão do conhecimento e universidade corporativa: instrumentos de um mesmo constructo. Disponível em: http://www.administradores.com.br/producao-academica/aprendizagem- organizacional-gestao-do-conhecimento-e-universidade-corporativa- instrumentos-de-um-mesmo-construto/3236/ Para obter mais informações, você pode consultar o site do SEBRAE, disponível em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae Apresentação da solução do problema: Essa atividade prática demanda resposta de pesquisa pessoal do aluno, e para resolvê-la ele deve: fazer análises de algumas empresas; identificar uma que atue de forma a inter-relacionar conhecimento, mudança, aprendizagem organizacional e competência organizacional; Para melhor identificar a empresa o aluno pode: 16 observar a cultura da empresa, se há atenção para com a aprendizagem e como essa empresa se difere das demais; analisar como a empresa costuma ensinar e aprender; observar como desenvolve capacidade de gerenciar o conhecimento e os talentos da empresa; analisar as estratégias utilizadas pela empresa para que as equipes adquiram melhores desempenho e resultado; observar como os colaboradores desenvolvem as suas competências e se a empresa cria oportunidade para que estas se desenvolvam. FINALIZANDO A quinta aula apresentou o tema aprendizagem organizacional. Vimos que a aprendizagem organizacional se refere a como ocorrem a aprendizagem, as habilidades e os processos de construção e utilização do conhecimento em uma empresa. Representa as transformações em relação ao funcionamento de uma corporação. Compreendemos que as organizações que aprendem são aquelas capazes de adquirir, criar, produzir novos aprendizados e transferir conhecimentos, são capazes de melhorar a performance da própria empresa, das equipes e de seus colaboradores. Uma empresa que vivencia o constante aprendizado organizacional é capaz de mudar o seu desempenho sempre que necessário, conduzindo as mudanças de forma planejada. Analisamos que há uma profunda inter-relação entre aquisição de novos conhecimentos, mudanças, aprendizagem organizacional e competência organizacional. Podemos dizer que, sempre que novas competências são incorporadas a uma empresa, o seu aprendizado se amplia. REFERÊNCIAS BASTOS, A. B.; GONDIM, S. M. G.; LOIOLA, E. Aprendizagem organizacional versus organizações que aprendem: características e desafios que cercam essas duas abordagens de pesquisa. Revista Adm. São Paulo. v. 39, n. 3, 2004. Disponível em: <http://rausp.usp.br/wp-content/uploads/files/V3903220- 230.pdf>. Acesso em: 9 nov. 2016. 17 LEITE, H C. T. Qual a relação entre mudança e aprendizagem. Revista de Administração, Cultura e Meio ambiente, n. 20, v. IV, 2000. Disponível em: <http://www.revistapresenca.unir.br/artigos_presenca/20haroldocristovam_qual arelacaoentremudancaeaprendizagem.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2016. LOTZ, E. G.; GRAMMS, L. C. Gestão de Talentos. Curitiba: Intersaberes, 2012. SENGE, P. M. A quinta disciplina: arte e prática da organização que aprende. 28. ed. Rio de Janeiro: BestSeller, 2012. TAKAHASHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015. VANIN, J. A. Processo de negociação. Curitiba: Intersaberes, 2013.
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