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ECONOMIA INTERNACIONAL

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ECONOMIA INTERNACIONAL 
 
Graduação 
8 
COMÉRCIO 
INTERNACIONAL: 
TEORIA E POLÍTICA 
Iniciaremos nossos estudos partindo das ideias 
básicas que norteiam o entendimento da teoria 
do comércio internacional com o objetivo de 
demonstrar as vantagens do intercâmbio de 
mercadorias entre os países e os instrumentos de 
política comercial utilizados como forma de 
proteção dos produtores nacionais frente à 
concorrência estrangeira. 
 
OBJETIVO: 
Compreender os argumentos que norteiam as 
vantagens do livre comércio entre as nações e 
analisar os instrumentos de intervenção pública 
sobre o comércio exterior, a política comercial, 
que explica o processo que é denominado 
proteção. 
 
PLANO DA UNIDADE: 
 Teoria Clássica do Comércio Internacional: 
Mercantilismo, Vantagens Absolutas e 
Vantagens Comparativas. 
 Protecionismo e Política Comercial: Tarifas, 
Subsídios e outras formas de proteção. 
 Instituições reguladoras do protecionismo. 
 Argumentos a favor do protecionismo. 
Boa leitura e bons estudos. 
U
N
ID
A
D
E 
1 
9 
TEORIA CLÁSSICA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL 
Por que as nações comerciam? O que as leva a ter interesse em 
estabelecer relações trocas? 
Ao longo dos últimos dois séculos muito se tem discutido sobre 
esta questão. Do ponto de vista lógico, parece óbvio que nas 
relações comerciais entre nações existem ganhos, ou seja, que 
quando os países vendem produtos e serviços uns aos outros quase 
sempre ocorre um benefício mútuo ou, dito de outra forma, podem 
obter vantagens. 
Iniciaremos nossos estudos procurando situar como se deu 
construção teórica dos argumentos das vantagens das relações 
comerciais entre as nações. 
 
Os efeitos do comércio exterior do ponto de vista moral são 
ainda mais importantes do que suas vantagens econômicas. No 
estado atual do progresso humano, é de grande importância que as 
nações intensifiquem seus contatos, confrontando formas de pensar 
e ações distintas daquelas com cada uma delas está familiarizada. O 
comércio pode hoje desempenhar o papel que antes era realizado 
pela guerra: pôr os povos em contato. Os benefícios daí resultantes 
são excepcionalmente altos e multilaterais. Não há nação que não 
se beneficie ao confrontar suas próprias ideias, costumes e formas 
de produção com as de outras que se encontre em posições 
diferentes. 
JOHN STUART MILL 
Principles of Political Economy - 1848 
 
A teoria do comércio internacional surgiu da necessidade de 
explicação das trocas entre as nações. Remonta aos autores 
clássicos, notadamente aos trabalhos de Adam Smith e David 
Ricardo, o desenvolvimento de uma análise passível de 
generalização a qualquer país, e que se contrapunha às concepções 
protecionistas dos mercantilistas. 
10 
MERCANTILISMO 
O Mercantilismo corresponde a uma doutrina econômica que 
dominou os ambientes políticos e comercial na Europa entre os 
séculos XV e meados do século XVIII (1450 a 1750), como 
resultado do aumento do comércio entre as nações, sobretudo, a 
partir da Idade Média, atingindo seu apogeu à época das grandes 
navegações (descobrimento da América e do caminho para as 
Índias). 
Suas ideias se baseavam na convicção de que a riqueza e o 
poder de um país dependiam da quantidade de metais preciosos 
que o país conseguisse acumular. Segundo esta visão, dado que a 
grande maioria dos pagamentos internacionais se fazia com ouro e 
prata, o Estado deveria tomar providências para estimular o 
comércio e a indústria e favorecer as exportações para incrementar 
a entrada de metais preciosos. 
Assim, um país poderia se tornar mais rico se aumentasse seu 
estoque de metais. Para atingir este objetivo, o governo procura 
manter um saldo favorável nas suas relações comerciais com o 
resto do mundo, estimulando as exportações (recebimentos - 
entrada de metais preciosos) e dificultando ao máximo, ou até 
mesmo proibindo, as importações (pagamentos - saídas de metais 
preciosos) e dessa forma a nação não perderia suas reservas de 
metais (ouro e prata). Para isso, eram criadas medidas restritivas 
às importações através de pesadas taxas alfandegárias 
(desenvolvimento de mecanismos protecionistas da economia 
nacional) e em simultâneo eram fomentadas as exportações através 
do estímulo ao desenvolvimento da produção manufatureira 
nacional. 
Entretanto, podemos notar que estas proposições mercantilistas 
carecem de certa consistência porque, para que os países pudessem 
aumentar suas exportações, outros deveriam incrementar as 
importações. Consequentemente, se todas as nações adotassem 
essas políticas de forma contínua, as economias tenderiam a se 
fechar e, se todos se fechassem, não haveria mais comércio. 
11 
A partir da segunda metade do século XVIII, a doutrina 
mercantilista é substituída pelo liberalismo econômico e pelo 
racionalismo. Novas doutrinas destacam os benefícios da divisão do 
trabalho, da especialização e do comércio entre as nações como a 
principal forma de um país obter impulso no seu crescimento 
econômico. Ao contrário da visão mercantilista, o argumento agora 
é que todos se beneficiarão pelo comércio. 
 
TEORIA DAS VANTAGENS ABSOLUTAS 
 
Em 1776, Adam Smith publica sua principal obra, A Riqueza das 
Nações: Investigação sobre sua natureza e suas causas, primeiro 
trabalho a apresentar uma visão sistemática acerca do comércio 
entre as nações. Nele Smith desenvolve toda uma argumentação 
contra as concepções do mercantilismo. 
Suas ideias básicas podem ser assim resumidas: especialização 
da produção motivada pela divisão do trabalho internacional e as 
trocas efetuadas no comércio internacional, que contribuiriam para 
o aumento do bem-estar das populações. Smith demonstrou as 
vantagens do livre comércio entre os países ao observar que a 
abertura ao exterior conduz a um ganho importante para os dois 
parceiros da troca e também para a economia mundial. 
Portanto, ao invés da lógica mercantilista, o comércio 
internacional proporciona vantagens positivas para os países que 
realizam trocas. Para tanto, basta que os países se especializem de 
acordo com as suas vantagens absolutas e os exportem entre si, 
ambos poderiam consumir mais do que se se recusassem a 
comerciar. Daí resulta o conceito de vantagem absoluta: se um país 
é capaz de produzir um bem com menos recursos (por exemplo, em 
que o número de horas de trabalho requerido para a produção do 
bem é menor) do que outro país poderá obter maior ganho 
concentrando-se na produção desse bem e exportar parte de sua 
produção, e comprar aqueles produtos em que os outros países 
produzem em condições melhores. 
12 
Em síntese, cada país deve especializar-se em produzir os 
produtos em que tem vantagem absoluta em termos de custos (ou 
produtividade). Deste modo, propõe que os países devem apenas 
produzir e, portanto, exportar os produtos que têm maior 
produtividade e eficiência e importar aqueles em que os outros 
sejam mais eficientes. 
 
Eis uma máxima que todo chefe de família prudente deve 
seguir: nunca tentar fazer em casa aquilo que seja mais caro fazer 
do que comprar. O alfaiate não tenta fabricar seus sapatos, mas os 
compra do sapateiro. 
Este não tenta confeccionar seu traje, mas recorre ao alfaiate. O 
agricultor não tenta fazer nem um nem outro, mas se vale desses 
artesãos. Todos consideram que é mais interessante usar suas 
capacidades naquilo em que têm vantagem sobre seus vizinhos e 
comprar, com parte do resultado de suas atividades, ou o que vem 
a dar no mesmo, com o preço de parte das mesmas, aquilo de que 
venham a precisar. 
(ADAM SMITH, A Riqueza das Nações:Investigação sobre sua 
Natureza e Causas) 
 
Podemos compreender melhor a teoria das vantagens absolutas 
com base em um exemplo numérico. Tendo em vista os 
pressupostos anteriormente analisados, observe o quadro abaixo 
com os custos unitários de produção de dois bens, minério de ferro 
e carvão mineral, por parte de dois países, Inglaterra e Brasil, em 
termos de produtividade, aqui medida pela quantidade de produção 
por trabalhador: 
13 
 
 
Custo 
(trabalhador/dia) 
Produtividade (quantidade 
produzida por 
trabalhador/dia) 
Países Minério 
de ferro 
Carvão 
mineral 
( 1 ton) ( 1ton) 
 
Brasil 2 5 1/2 1/5 
Inglaterra 10 1,25 1/10 1/1,25 
 
Apesar de existirem custos de produção constantes para cada 
bem dentro de cada país, os custos diferem nos dois países: 
 o Brasil emprega 2 trabalhadores para produzir 1 
tonelada de minério de ferro, enquanto que a Inglaterra, 
para produzir a mesma quantidade de minério emprega 
10 trabalhadores. 
 o Brasil emprega 5 trabalhadores para produzir 1 
tonelada de carvão mineral, enquanto que a Inglaterra 
emprega 1.25 trabalhadores para produzir a mesma 
quantidade. 
Explicando melhor, a Inglaterra produz carvão com menor custo 
ou, dito de outro modo, a produtividade da Inglaterra em relação ao 
carvão é maior. Por esta razão se diz que a Inglaterra tem uma 
vantagem absoluta em carvão e deve especializar-se 
completamente na sua produção. Por sua vez, o Brasil é 
absolutamente mais eficiente na produção de minério de ferro - 
dispõe de vantagem absoluta em produzir minério de ferro, 
devendo, assim, especializar-se completamente na sua produção. 
Portanto, sob o ponto de vista teórico da Vantagem Absoluta, os 
países devem produzir os bens que produzem com maior eficiência 
que, em nosso exemplo, significa que o Brasil deve produzir e 
exportar minério de ferro para a Inglaterra, enquanto que a 
Inglaterra deve produzir e exportar carvão mineral para o Brasil. 
14 
A teoria das vantagens absolutas apresenta uma limitação por 
não explicar todas as possibilidades de comércio. Com efeito, um 
país ineficiente em termos absolutos em ambos os bens não poderia 
participar no comércio internacional. Dito de outro modo, a 
especialização e, por conseguinte, a troca internacional só poderia 
ocorrer se um país fosse mais eficiente na produção de um bem e o 
outro na produção de um bem diferente (como acontece no 
exemplo acima). Neste caso, estariam estas nações forçadas a ficar 
excluídas dos benefícios da especialização e das trocas? Esta 
limitação viria a ser discutida por David Ricardo quando 
desenvolveu a Teoria das Vantagens Comparativas (ou Teoria dos 
Custos Comparativos). 
 
TEORIA DAS VANTAGENS COMPARATIVAS 
Em 1817, David Ricardo, em seus Princípios de Economia 
Política e Tributação, formulou o conceito das vantagens 
comparativas, abordando os custos das mercadorias 
internacionalmente comercializáveis. No caso de esses custos serem 
distintos em dois países, a especialização da produção com maior 
vantagem - gerando excedentes para a exportação - traria um 
benefício para esse país, já que os ganhos com o comércio lhe 
permitiriam importar os produtos que necessitava e cuja produção 
interna não era satisfatória. 
Assim, mesmo se um país fosse absolutamente menos eficiente 
para produzir todos os bens, continuaria a participar no comércio 
internacional ao produzir e exportar os bens que produzisse de 
forma relativamente mais eficiente. 
Para uma melhor compreensão da teoria das vantagens 
comparativas, analisemos o exemplo proposto por Ricardo, 
envolvendo dois países, Portugal e Inglaterra, e dois produtos, 
tecidos e vinho, medindo todos os custos relativos de produção, 
expressos em horas de trabalho: 
15 
 
 
Custo (horas de 
trabalho para 
produzir) 
Produtividade (produção por 
hora de trabalho) 
Países Tecidos Vinho Tecidos 
(unidade) 
Vinho 
(unidade) 
Inglaterra 100 120 1/100 1/120 
Portugal 90 80 1/90 1/80 
 
Analisando o exemplo, constatamos que, em termos 
absolutos, Portugal é mais produtivo em relação a ambas as 
mercadorias: o custo para produzir tanto vinho quanto tecidos é 
menor que na Inglaterra. Mas, em termos relativos, o custo de 
produção de tecidos (90) em Portugal é maior do que o da produção 
de vinho (80) e, na Inglaterra, o custo da produção de (120) é 
maior do que o da produção de tecidos (100). Assim, 
comparativamente, Portugal tem vantagem relativa na 
produção de vinho (o custo relativo para produzir vinho é menor do 
que o custo relativo para produzir tecidos) e a Inglaterra na 
produção de tecidos (o custo relativo para produzir tecidos é menor 
do que o custo relativo para produzir vinho). 
Observe que, na ausência de comércio exterior, ou na condição 
de autarquia, são necessárias na Inglaterra 100 horas de trabalho 
para a produção de 1 unidade de tecidos e 120 horas para a 
produção de 1 unidade de vinho. De modo geral, podemos dizer 
que, o preço relativo de uma unidade de vinho é 1,2 unidades de 
tecido (resultado obtido dividindo-se o número de horas de trabalho 
para produzir vinho pelo número de horas de trabalho para a 
produção de tecidos - 120/ 100). Já em Portugal, essa unidade de 
vinho custará 0,89 unidades de tecido (resultado obtido pela divisão 
do número de horas de trabalho para produzir vinho pela 
quantidade de horas de trabalho para produzir tecidos - 80/90). 
16 
 
O que levaria então a Inglaterra a se especializar em produzir 
tecidos e Portugal a se especializar em produzir vinho? Segundo 
Ricardo, os limites para o estabelecimento da relação de troca são 
os preços relativos dos produtos cujas produções em cada país têm 
vantagens comparativas. Como a Inglaterra tem vantagem 
comparativa na produção de tecidos, poderá importar 1 unidade de 
vinho desde que pague um preço inferior a 1,2 unidade de tecido. 
Para que Portugal se interesse em estabelecer relações de troca 
teria que receber mais do que 0,89 unidades de tecido por unidade 
exportada de seu vinho. 
Assim se a relação de troca entre o vinho e o tecido for de 1 
para 1, ambos os países sairão beneficiados. A Inglaterra, em autarquia, 
gastará 120 horas de trabalho para obter 1 unidade de vinho. Estabelecendo 
comércio com Portugal poderá utilizar apenas 100 horas de trabalho para 
produzir 1 unidade de tecido e trocá-la por 1 unidade de vinho, poupando, 
portanto, 20 horas de trabalho que poderiam ser utilizadas produzindo mais 
tecidos (obtendo, assim, um maior nível de consumo). O mesmo raciocínio 
vale para Portugal. Em vez de gastar 90 horas produzindo 1 unidade de 
tecido, utilizará 80 horas de trabalho para produzir 1 unidade de vinho, 
economizando 10 horas de trabalho que poderiam ser utilizadas produzindo 
mais vinho e, consequentemente, aumentando o nível de consumo. 
 
AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS 
A Divisão Internacional do Trabalho 
Ao longo da História, os diversos continentes foram retalhados 
em territórios autônomos, muito diferentes entre si, com relação ao 
tamanho e aos recursos produtivos disponíveis. Assim, através de 
processos políticos complexos foram se conformando os atuais 
países. As nações independentes descobriram, muito cedo, as 
vantagens de trocar mercadorias, originando os fluxos do comércio 
internacional. 
Na medida em que os meios de comunicação e de transporte 
iam se aperfeiçoando, o sistema mundial foi ficando mais 
17 
interdependente e os países foram abandonando progressivamente 
as estratégias orientadas para a autossuficiência. O 
desenvolvimento do comércio possibilitou que cada nação se 
especializasse naquelas produções emque apresentava maiores 
aptidões, complementando, através do comércio, o leque de 
mercadorias que seus cidadãos necessitavam. 
A especialização produtiva dos países obedeceu, pelo menos 
inicialmente, às respectivas disponibilidades de fatores de produção, 
que determinaram a conformação de vocações nacionais, 
especialmente no caso dos produtos agrícolas e minerais. Assim, 
por exemplo, o Brasil dedicou seus recursos a produzir café, em 
função da disponibilidade de recursos naturais (terra, clima, etc), 
especialmente apropriados para essa finalidade. Em geral, os países 
se especializaram nas produções em que eram mais eficientes, 
conseguindo produzir os respectivos produtos a um custo menor. 
O comércio entre países pode ser analisado a partir de dois 
pontos de vista. Em primeiro lugar, ele permite que cada país tenha 
acesso a um leque muito amplo de bens e serviços, satisfazendo as 
necessidades diversificadas de seus cidadãos, sem perder as 
vantagens da especialização produtiva. Em segundo lugar, a 
possibilidade de vender seus produtos em outros mercados, permite 
que os volumes de bens produzidos em cada país sejam muito 
maiores do que seriam no caso de ficarem restritos aos mercados 
internos, exclusivamente, sendo assim possível aproveitar os 
ganhos de eficiência conhecidos como economias de escala. A 
possibilidade de vender mercadorias no estrangeiro é, assim, tão 
importante quanto à de comprar. Muitos países conseguem 
viabilizar suas economias em função da demanda externa, 
produzindo para a exportação, assim gerando as oportunidades de 
emprego que, em definitivo, sustentam a geração da renda 
nacional. O país que permite que as mercadorias de outros países 
sejam vendidas no seu mercado interno está em condições de exigir 
"reciprocidade" dos seus parceiros comerciais. 
18 
 
IMPORTANTE! 
Termo de troca (terms of trade) 
A taxa à qual as exportações são trocadas pelas importações; é 
dado pelo rácio entre o índice de preços das exportações (ou o valor 
médio unitário destas) e o índice de preços das importações (ou o 
seu valor unitário médio). Uma melhoria (degradação) dos termos 
de troca corresponde a um aumento (diminuição) deste rácio: um 
dado volume de exportações permite pagar um maior (menor) 
volume de importações. 
 
POLÍTICA COMERCIAL 
Muito se comenta sobre o livre comércio. Entretanto, a despeito 
de todas as defesas teóricas a esse respeito, na maioria dos países, 
o livre comércio é mais exceção do que regra. Vários são os 
instrumentos de intervenção utilizados pelo governo com o objetivo 
de favorecer as atividades econômicas internas frente à 
concorrência estrangeira. Esse processo é denominado de 
protecionismo e pode se dar por meio de diversos instrumentos de 
intervenção do governo sobre o comércio internacional que integra 
o que chamamos de política comercial. 
Os principais instrumentos que integram a política comercial são 
as tarifas, as quotas, os subsídios às exportações e as barreiras não 
tarifárias. 
 
 Tarifas 
Dentre as medidas de proteção estabelecidas pela política 
comercial, é a que tem tido mais importância. A tarifa é definida 
como um imposto cobrado sobre os produtos estrangeiros com o 
objetivo de elevar seu preço de venda no mercado interno e assim 
“proteger” os produtos nacionais contra à concorrência dos bens 
estrangeiros. 
19 
O imposto de importação é uma tarifa cobrada quando uma 
mercadoria entra no país. Existem três formas de imposto sobre as 
importações: específico, ad-valorem e misto. No imposto específico 
é cobrado um determinado valor por unidade importada. Um 
exemplo é tarifa de importação de US$ 0,54 litro/galão de álcool 
importado pelos EUA. 
Cobrança ad-valorem é a forma mais utilizada atualmente e 
corresponde a um imposto calculado como uma porcentagem sobre 
o preço de uma mercadoria. Como exemplo, 
podemos citar a Tarifa Externa Comum 
(TEC), de 20%, acordada entre os membros 
do MERCOSUL para importações 
procedentes de países que não sejam 
membros desse bloco econômico. 
O imposto misto diz respeito a uma 
cobrança de determinado montante por 
unidade importada do produto, além de um 
percentual sobre o preço. Por exemplo, pode-se cobrar US$ 40,00 
por unidade de produto importada e 15% sobre preço do produto 
importado. 
A adoção de tarifa tem custos e benefícios para o país. Se por 
um lado tem como objetivo proteger o produtor nacional da 
concorrência internacional, por outro provoca várias alterações na 
economia. 
 
 Subsídios 
Os subsídios são utilizados como instrumento de política 
comercial para estimular exportações e desestimular importações. 
Em geral, a concessão de subsídios se dá através da isenção de 
determinados impostos ou através da concessão de linhas especiais 
de crédito a taxas de juros abaixo do nível de mercado. Há casos 
em que o governo garante subvenções. 
MERCOSUL: Constituído 
pelo Brasil e Argentina, 
Paraguai, Uruguai e 
Venezuela. Chile, Equador, 
Colômbia, Peru e Bolívia 
participam como países 
associados. 
20 
Como exemplo, podemos citar a concessão de subsídios aos 
produtores de determinado produto com o objetivo de estimular o 
aumento da produção e garantir possíveis perdas para os 
produtores. 
 
EXEMPLIFICANDO 
“Paraná sai na frente com subsídio ao trigo” 
O Paraná mais uma vez sai na frente e será um dos primeiros 
estados brasileiros a garantir subsídio aos produtores de trigo. O 
governador Roberto Requião assinou um anteprojeto de lei, que 
será enviado à Assembléia Legislativa, garantindo uma subvenção 
de 15% no prêmio do seguro das lavouras de trigo do Estado 
durante o ano de 2009. A iniciativa vai cobrir as perdas, minimizar 
os riscos do clima e proporcionar mais estabilidade financeira para 
aproximadamente 15 mil agricultores paranaenses. 
Agência de Notícias do Estado do Paraná 
www.aen.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=47751 
 
No caso dos subsídios para encorajar as exportações nacionais, 
eles são concedidos como uma ajuda as produtores nacionais de 
determinados bens para que eles possam exportá-los a preços mais 
baixos e competitivos. 
Embora proibido pela Organização Mundial do Comércio (OMC), 
é prática muito comum atualmente, particularmente no comércio de 
produtos agrícolas dos países desenvolvidos. 
 
 Quotas de importação 
“As quotas de importação são restrições quantitativas que o 
governo impõe à importação de determinados bens estrangeiros, ou 
seja, limita-se a quantidade de certos bens que pode ser importada, 
21 
qualquer que seja seu preço.” Mochón. Princípios de Economia. São 
Paulo: Pearson Education do Brasil, 2007. 
Ao estabelecer quotas de importação o governo tem como 
objetivo limitar a quantidade de importações que podem ser 
realizadas. Assim, por exemplo, o governo brasileiro pode decidir 
impor um limite às importações de equipamentos eletrônicos norte 
americano a 250 mil unidades por ano, deixando que os preços 
sejam fixados livremente pelo mercado. 
Como instrumentos de política comercial, as quotas e tarifas 
provocam consequências semelhantes. Ambas reduzem as 
importações. Observe que, com a queda das importações – redução 
da oferta estrangeira - diminui a quantidade ofertada, o que 
provoca o aumento dos preços nacionais em relação aos preços no 
mercado internacional. 
 
 Outras formas de proteção 
O governo também pode impor restrições administrativas sobre 
transações que envolvam câmbio (controles cambiais), proibir 
importação direta ou de forma seletiva em função da mercadoria ou 
país de origem, estabelecer depósito prévioà importação, 
centralizar a importação de determinado produto impedindo a 
atuação de outros agentes no mercado (monopólio estatal) e ainda 
estabelecer barreiras não-tarifárias como, por exemplo, restrições 
relacionadas a regulamentos sanitários e de saúde, normas técnicas 
e outros tipos de práticas que possam dificultar ou mesmo impedir o 
comércio entre países. 
 
Instituições reguladoras do protecionismo 
No início de nossos estudos apresentamos as principais teorias 
sobre as vantagens do livre comércio entre as nações tendo como 
argumentação de que essa seria a melhor atitude a ser adotada por 
um país com vista ao uso eficiente de todos os recursos disponíveis. 
22 
Ao longo do tempo a realidade tem comprovado que nem 
sempre as nações têm os ganhos em eficiência (uso eficiente de 
todos os recursos disponíveis) proporcionados pelo livre comércio. 
Na prática, como há transferência de renda entre pessoas e nações, 
alguns ganham e outros perdem com a liberdade de comércio. 
Assim, no mundo real, muitas são as razões que justificam o 
protecionismo. Os que o defendem, o fazem dentro da perspectiva 
daqueles países que sofrem perdas com a liberdade de comércio. 
Argumentam que o governo deve intervir com o objetivo de 
neutralizar as perdas resultantes das trocas internacionais e de 
promover o desenvolvimento econômico. 
 
IMPORTANTE! 
O protecionismo é a criação de mecanismos de 
intervenção pública para proteger as indústrias nacionais da 
concorrência externa. 
 
Por outro lado, deve-se notar que as decisões de uma nação 
sobre o comércio exterior vão além dos limites do seu território. No 
século XX, as práticas protecionistas a nível mundial foram sendo 
cada vez mais intensas e, muitas vezes, até desastrosas para 
muitos países. Grandes foram os empenhos com o objetivo de 
facilitar a liberalização do comércio que resultou no GATT, em 1947 
, e a OMC – Organização Mundial do Comércio - 1995. Estas 
iniciativas sempre foram realistas porque nunca se pretendeu 
extinguir o protecionismo porque não há consenso sobre esta 
questão. 
 
 GATT 
Objetivo original: reduzir as barreiras comerciais entre países, 
aumentar a interdependência e com isso evitar os riscos de um 
novo conflito (Segunda Guerra). O Acordo Geral teria caráter 
23 
provisório e deveria servir como ponto de partida para a criação da 
Organização Internacional do Comércio – que nunca chegou a 
existir. 
Princípio básico: não-discriminação, expresso pela clausura de 
nação menos favorecida (NMF), segundo a qual “nenhum país tem 
obrigação de fazer concessões, mas na medida em que negociasse 
com qualquer outro, reduzisse suas barreiras à importação de 
determinado produto, esse benefício deveria ser estendido a todos 
os demais, o que garantiu o direito de todos se beneficiarem de 
qualquer redução de barreiras alfandegárias praticada pelos países 
que participavam do Acordo. 
O GATT foi extinto após a última rodada de negociações – 
Rodada do Uruguai – que ocorreu de 1986 a 1996, envolvendo mais 
de 100 países. Suas regras foram incorporadas pela OMC – 
Organização Mundial do Comércio. 
 
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO 
A OMC é uma organização permanente, com personalidade 
jurídica própria que começou a funcionar em 1o. de janeiro de 1995. 
É responsável pela fiscalização do comércio entre os países e dos 
atos protecionistas que os mesmos adotam e tem como objetivo 
promover a liberalização do comércio internacional. Em tese, o 
protecionismo é vantajoso pelo fato de proteger a economia 
nacional da concorrência externa, garantir a criação de empregos e 
incentivar o desenvolvimento de novas tecnologias. No entanto, 
estas políticas podem, em alguns casos, fazer com que o país perca 
espaço no mercado externo, provocar o atraso tecnológico e a 
acomodação por parte das empresas nacionais, já que essas 
medidas tendem a protegê-las, além de aumentar os preços 
internos. 
24 
Países que participam da OMC 
 
 
 
http://newscomex.files.wordpress.com/2008/07/omc1.jpg 
 
Principais funções: 
 Gerenciar os acordos multilaterais de comércio 
relacionados a bens, serviços e direitos de propriedade 
intelectual; 
 Administrar o entendimento sobre soluções de 
controvérsias; 
 Servir de fórum para negociações; 
 Supervisionar as políticas comerciais nacionais; 
 Cooperar com as outras organizações internacionais. 
25 
 
 
http://newscomex.files.wordpress.com/2008/07/omc1.jpg 
 
26 
Nesta primeira unidade estudamos os argumentos da teoria 
clássica de comércio internacional em defesa do livre comércio 
como subsídio básico para a interpretação do processo do 
protecionismo e as instituições reguladoras do comércio entre as 
nações. 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
CARVALHO, M.A & SILVA, C.R. Economia 
Internacional. São Paulo: Saraiva, 1999. 
TEXTOS: 
Quem ganha com a tarifa? (p.60) 
Políticas de empobrecimento do Vizinho no período entre 
guerras (p. 94-95) 
Raul Prebisch e o processo de substituição de importações. (96-
97) 
Obs.: disponíveis no Material de Apoio 
 
HORA DE SE AVALIAR! 
Não se esqueça de realizar as atividades desta 
unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de 
proporcionar sua autonomia no ensino aprendizagem. Caso 
necessite, conte conosco! 
Na próxima unidade iniciaremos os estudos sobre o Balanço de 
Pagamentos, sua estrutura e formas de contabilização, as Reservas 
Cambiais e a Dívida externa. 
Um bom estudo! 
27 
EXERCÍCIOS 
 
1- A ideia de que as trocas internacionais entre países 
poderiam ser mutuamente vantajosas: 
 
a) Não se encontra ainda, no plano teórico, suficientemente 
esclarecida. 
b) Só se concebe no plano teórico, não havendo qualquer 
evidência empírica de sua real ocorrência. 
c) Foi originalmente desenvolvida, no plano teórico, pelos 
mercantilistas. 
d) Foi originalmente explorada por A. SMITH, em ‘A Riqueza 
das Nações’, na segunda metade do século XVIII. 
e) Foi originalmente desenvolvida por H.OHLIN, no ínicio do 
século XX. 
 
2- Empregando um trabalhador-dia, o país A produz 1 
tonelada do produto X e 0,2 do produto Y;o país B , 
produz 0,2 tonelada de X e 1,6 de Y. Neste caso: 
 
a) Não há possibilidades de trocas mutuamente vantajosas 
de X por Y. 
b) O país B deve se especializar na produção de X. 
c) O país B será necessariamente prejudicado, quaisquer 
que sejam as relações de troca que se estabelecem 
com A. 
d) O país A será necessariamente prejudicado, quaisquer 
que sejam as relações de troca que se estabelecem 
com B. 
e) O país A deve se especializar na produção de X. 
 
3- A despeito das vantagens que as redes internacionais 
de trocas podem trazer, os países, em geral, adotam 
mecanismos tarifários e não-tarifários que têm o efeito de 
28 
reduzir o volume do comércio mundial. Entre os itens 
abaixo, qual não é usado como argumento para as 
práticas protecionistas: 
 
a) Proteção às indústrias nascentes. 
b) Redução do desemprego. 
c) Redução ou eliminação de desequilíbrio cambial. 
d) Elevação dos níveis de eficiência e de produtividade do 
parque produtor interno. 
e) Elevação do diferencial de salários. 
 
4- O subsídio às exportações, quando empregado como 
instrumento de política comercial, representa: 
 
a) uma política para desestimular as exportações. 
b) uma redução de custo para o produtor. 
c) uma política para estimular as importações. 
d) um desestímulo ao produtor interno. 
e) um aumento da geração de rendasque podem ir para 
estrangeiros. 
 
5-Contrariamente ao que imaginavam os mercantilistas, os 
economistas clássicos demonstraram que: 
 
a) O comércio exterior poderia ser mutuamente vantajoso 
para os países participantes. 
b) O comércio exterior não poderia induzir a ganhos de escala 
e produtividade e, consequentemente, à diminuição dos 
custos de oportunidade decorrentes da não 
especialização. 
c) A especialização e a divisão internacional do trabalho, 
mas sob o impacto de desenconomias crescente de 
escala. 
29 
d) Sempre que um país obtivesse ganhos em suas trocas 
externas, os países com os quais comerciou incidiriam 
em perdas. 
e) A obtenção de saldos favoráveis em transição comerciais 
com outros países se colocaria como de importância 
vital para o aumento da riqueza nacional. 
 
6 - Quem governa as políticas comerciais internacionais? 
 
a) OMC. 
b) ONU. 
c) GATT. 
d) As políticas comerciais não são governadas por nenhuma 
instituição. 
e) FMI. 
 
7- Qual das afirmativas a seguir será a menor barreira às 
importações de câmeras digitais de R$300? 
 
a) Uma quota que aumente o preço interno das câmeras em 10%. 
b) Uma tarifa ad-valorem de 5%. 
c) Uma tarifa específica de US$ 10. 
d) Uma quota que aumente o preço interno das câmeras em 5%. 
e) Um imposto composto de US$ 5 e 1%. 
 
8-Dois países poderiam tirar mútuo proveito do comércio 
externo, produzindo e trocando dois bens diferentes, 
mesmo se um deles tiver vantagem absoluta na produção 
de ambos os bens, desde que as vantagens comparativas 
sejam diferenciadas. A demonstração teórica dessa 
possibilidade é devida: 
 
a) aos mercantilistas. 
b) A. SMITH 
c) STUART MILL 
d) A.D.RICARDO 
e) MARSHALL 
30 
9- As quotas que o governo impõe quando adota uma política 
comercial são: 
 
____________________________________________________ 
____________________________________________________ 
 
10- Uma tarifa de importação de US$ 10 por unidade de bem 
importado imposta por um país grande: 
 
____________________________________________________ 
____________________________________________________ 
 
 
GABARITO 
 
Unidade 1 
1. D 
2. A 
3. E 
4. B 
5. A 
6. A 
7. E 
8. D 
9. Obstáculos quantitativos que oneram ou inviabilizam as 
importações. 
 
10. É uma tarifa ad-valorem. 
 
 
31 
BALANÇO DE 
PAGAMENTOS E DÍVIDA 
EXTERNA 
Nesta unidade vamos procurar compreender 
as características macroeconômicas das relações 
entre países. Em primeiro lugar, apresentaremos 
o balanço de pagamentos, instrumento analítico 
que é utilizado para avaliar os efeitos das 
transações econômicas e financeiras de um país 
com o resto do mundo e depois as reservas 
internacionais e a dívida externa, um dos assuntos 
mais polêmicos da atualidade, porque envolve 
uma grande parte os países, tanto os mais 
desenvolvidos, como aqueles em menor estágio 
de desenvolvimento. 
OBJETIVOS: 
 Entender como o Balanço de Pagamentos 
registra as relações econômicas entre uma 
nação e o resto do mundo, com ênfase no 
entendimento das relações do Brasil com o 
exterior. 
 Compreender a evolução do endividamento 
externo e suas consequências no 
desenvolvimento de um país, notadamente o 
caso brasileiro. 
 Entender a articulação entre balanço de 
pagamentos, reservas cambiais e dívida 
externa. 
PLANO DA UNIDADE 
 Conceitos básicos e estrutura do Balanço de 
Pagamentos 
 Contabilização do balanço de Pagamentos 
 Balanço de Pagamentos do Brasil 
 Reservas Cambiais 
 Dívida Externa 
Uma boa leitura. 
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ID
A
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2 
32 
BALANÇO DE PAGAMENTOS 
O Balanço de Pagamentos não é questão 
nova a ser abordada. Na disciplina Economia 
I, unidade 6, na parte relativa ao Setor 
Externo, algumas considerações já foram 
expressas a este respeito. Nesta fase de 
nossos estudos aprofundaremos mais este 
tema detalhando suas contas e formas de 
contabilização. 
A estrutura e os resultados do balanço 
internacional de pagamentos são elementos que 
reportam a conceitos de soberania. Superávits, 
déficits ou estados de equilíbrio dependem de 
fatores como geografia e história, padrões de 
riqueza e de preferências políticas, evolução e 
estágio da tecnologia. Mas dependem também 
de como é administrada a taxa de câmbio e os 
outros meios de regulação de fluxos externos 
líquidos. Ocorre, porém, que esses meios de 
refletem um grande jogo de interesses, internos 
e externos. E não há um único padrão que seja 
capaz de conciliar os interesses de vários grupos 
em todos os países a um só tempo. 
JOAN ROBINSON E JOHN EATWELL. An 
Introduction to Modern Economics. 1973 
O Balanço de Pagamentos revela os 
resultados agregados das relações 
econômicas de um país com o resto do 
mundo. Os fluxos - reais e financeiros - 
das transações com bens e serviços, das 
transações unilaterais de rendimentos e dos 
movimentos de capitais são totalizados, em 
termos contábeis, demonstrando a 
composição das relações externas em sua 
totalidade. É o saldo líquido desses fluxos - reais e financeiros - 
que permite visualizar o nível do estoque de divisas externas que 
caracteriza a liquidez internacional da economia. 
Fluxos reais correspondem 
aos fluxos comerciais de 
mercadorias e os de prestação 
de serviços com as 
correspondentes contrapartidas 
financeiras. 
Fluxos financeiros dizem 
respeito aos movimentos 
puramente financeiros 
resultantes de entradas e 
saídas de capitais de risco, 
empréstimos internacionais, 
entre outros. 
Estoque se refere a um ponto 
no tempo, fluxo a um período 
de tempo. A idéia de fluxo 
está ligada à mudança, ou 
seja, variações quantitativas 
entre dois pontos no tempo, 
enquanto que estoque indica 
os saldos em um determinado 
ponto no tempo. Um fluxo 
sempre está ligado ao estoque 
que representa uma variável. 
Existem duas maneiras de ligar 
o Fluxo ao Estoque. Uma delas 
é de que maneira um fluxo 
aumenta o estoque (Fluxo de 
entrada) e a outra é como um 
fluxo diminui o estoque (Fluxo 
de saída). 
33 
Todo este conjunto de resultados líquidos das transações 
externas permite revelar uma variável, o endividamento externo 
líquido, cujo estoque demonstra como foram estabelecidos os 
fluxos de intercâmbio internacional de um país ao longo do tempo. 
 
Conceitos e Estrutura do Balanço de Pagamentos 
Como já dissemos anteriormente, o balanço de pagamentos é o 
registro sistemático das transações econômicas de um país com o 
exterior, ou seja, entre residentes e não residentes de um país 
durante determinado período de tempo (Unidade 6 da disciplina 
Economia 1). 
Segundo CARVALHO & SILVA (1999), “a distinção entre 
residentes e não residentes está associada ao local em que 
produzem e consumem bens e serviços. Assim, residente é a pessoa 
física ou jurídica domiciliada em um país. Inclui os indivíduos com 
residência física, mesmo que sejam imigrantes, as filiais de 
empresas estrangeiras sediadas no país, os funcionários em serviço 
no exterior, bem como os indivíduos que se encontram 
transitoriamente no exterior em viagens de turismo, negócios e etc. 
Não-residente, por oposição, é todo aquele que não se enquadra na 
definição de residente.” 
A classificação das contas, a metodologia de levantamento e o 
registro das transações internacionais seguem as orientações 
recomendadas pelo Fundo Monetário Internacional – FMI. 
Todas as transações internacionais são registradas como 
variáveis “fluxo” e seus saldos definem-se como fluxos líquidos. Já 
os resultadosdo balanço de pagamentos, déficits ou superávits, são 
remetidos para duas variáveis “estoque”, as reservas cambiais e o 
endividamento externo. 
Quatro categorias de transações econômicas do país com o 
exterior são utilizadas no levantamento das informações para 
registro: 
34 
 os fluxos comerciais de bens e os de prestação de 
serviços com suas respectivas contrapartidas 
financeiras; 
 os movimentos puramente financeiros que resultam dos 
empréstimos internacionais (de curto e/ou de longo 
prazo) e de fluxos de entrada e saída capitais para 
investimento; 
 as transferências unilaterais de ajuda externa, sob a 
forma de auxílios e donativos ou de remessas pessoais, 
independentemente de contrapartida e, 
 as alterações nos estoques de ativos e passivos 
internacionais do país resultantes de todas transações 
anteriormente citadas. 
 
Assim, definida a natureza de cada transação econômica, as 
mesmas são classificadas em diferentes grupos de contas, também 
designadas como rubricas. Estes grupos, já apresentados em 
estudos anteriores, apresentam a seguinte estrutura: 
 
Balanço Comercial - (BC) 
Balanço de Serviços - (BS) 
Transferências Unilaterais - (TU) 
Balanço de Transações Correntes - (TC = BC+BS+TU) 
Balanço (ou Movimento) de Capitais Autônomos - (KA) 
Erros e Omissões - (EO) 
Saldo do Balanço de Pagamentos – (TC + KA + EO) 
Balanço (ou movimento) de capitais compensatórios – (KC) 
 
35 
Dois agrupamentos (grupos de contas) são importantes para 
análise: as transações correntes (TC) e os movimentos de capitais 
(MK). 
 
1. Transações Correntes (TC) 
Como transações correntes são consideradas todas as operações 
que envolvem o registro dos movimentos com bens e serviços (os 
fluxos reais), inclusive os fluxos de remuneração por serviços de 
fatores de produção, tais como juros, lucros e dividendos. Assim, é 
considerada neste grupamento a soma algébrica dos saldos do 
Balanço Comercial, do Balanço de Serviços e das Transferências 
Unilaterais: 
 
TC = BC + BS + TU 
 
1.1 Balanço Comercial (BC) 
Nesta rubrica são registradas as exportações e as importações 
de mercadorias (bens tangíveis) pelo valor FOB (free on bord), ou 
seja, pelo seu preço de venda acrescido de todas as despesas e 
danos até o momento da colocação da mercadoria a bordo do 
veículo que as transportará do país de origem para o país de 
destino. Isto significa que o critério FOB de registro considera o 
custo da mercadoria sem incluir o custo do frete e do seguro que 
incidem sobre o transporte internacional do país de origem para o 
país de destino. 
É importante notar que as exportações representam entrada de 
divisas (moeda estrangeira) e, como tal são registradas com o sinal 
positivo. Já as importações, como representam saída de divisas do 
país, são registradas com o sinal negativo. 
36 
1.2 Balanço de Serviços (BS) 
Como o prórprio nome indica, neste Balanço são registradas 
todas as operações de compra e venda de serviços, ou seja, os 
bens intangíveis. Nesta rubrica são registrados os saldos das 
operações de transporte (serviços de frete), de seguros, de gastos 
com turismo e viagens internacionais, os serviços governamentais 
(manutenção de embaixadas, consulados e outras formas de 
representação dos governos no exterior). Também são registradas 
as rendas de capitais sob a forma de remessas de lucros ou juros; 
os juros decorrentes de financiamentos e empréstimos; os lucros 
decorrentes das remessas feitas por empresas internacionais que 
operam no país (dividendos pagos a não residentes) e outros tipos 
de serviços que vão desde pagamentos de comissões e propaganda 
até direitos autorais e patentes. 
 
1.3 Transferências Unilaterais 
Neste grupo são contabilizados todos os movimentos de 
donativos internacionais que não tem como contrapartida compra 
ou venda de bens e serviços ( transferência não retribuídas). São 
registrados os pagamentos ou recebimentos de donativos de 
qualquer natureza, tais como doações de alimentos, ajuda a 
populações por desastres naturais, ajuda para reparações de 
guerra e ainda transferências de recursos de imigrantes a seus 
familiares. 
 
Movimentos de Capitais (MK) 
Neste agrupamento são contabilizados os fluxos crédito, moeda 
e títulos que representam investimentos. Duas rubricas são 
consideradas: os movimentos de capitais autônomos (KA) e os 
movimentos de capitais compensatórios (KC). Portanto temos: 
 
MK = KA + KC 
37 
2.1 Movimentos de Capitais Autônomos 
Esta rubrica, também denominada como Balanço de Capitais 
Autônomos, corresponde ao saldo das entradas e saídas voluntárias 
( capitais que entram ou saem livremente do país), tais como 
empréstimos, investimentos, amortizações. As entradas de capitais 
estrangeiros no país são registradas com sinal positivo pois 
significam entradas de divisas, entretanto, elas constituem um 
Passivo Externo, ou seja, obrigações em relação aos residentes no 
exterior. 
 
2.2 Movimentos de Capitais Compensatórios (MK) 
Este grupo, também é conhecido como Demonstrativo de 
Resultado. Nele são registrados os empréstimos de regularização do 
FMI - Fundo Monetário Internacional, especificamente destinados 
para cobrir os déficits do Balanço de Pagamentos (financiamentos 
compensatórios) e a variação das reservas internacionais. 
 
Erros e omissões 
Neste item são registradas as discrepâncias entre os fluxos de 
entradas e saídas de recursos e as variações nos estoques de 
reservas cambiais do país. 
 
Saldo Total do Balanço de Pagamentos 
O resultado final do balanço de pagamentos revela a posição do 
país em suas relações com o exterior. Quando há défict ( - ) 
significa que o total de débitos superou o montante dos créditos, 
ou seja, as saídas de divisas foram superiores às entradas, 
implicando queda nas reservas cambiais do país. Um superávit ( + 
), ao contrário, indica que o total dos créditos foi maior que o total 
dos débitos, ou seja, as entradas de divisas foram superiores que as 
saídas o que aumentará o saldo das reservas cambiais 
38 
Saldos do Balanço de Pagamentos, Movimento de Capitais 
Compensatórios e variação das Reservas Internacionais 
Dada a composição do item movimento de capitais 
compensatórios (KC) podemos deduzir que seu resultado é igual, 
com sinal contrário ( - BP ), ao saldo do Balanço de Pagamentos, 
refletindo o fluxo de caixa derivado das transações do país com o 
exterior. As reservas internacionais correspondem ao estoque de 
meios de pagamentos internacionais que as autoridades monetárias 
detêm. Sua variação depende do saldo do Balanço de Pagamentos, 
dos Empréstimos de Regularização do Fundo Monetário 
Internacional - FMI e das diversas contrapartidas existentes na 
conta de capitais compensatórios. 
Estas questões ficarão mais claras a seguir, ao abordarmos os 
procedimentos de contabilização do balanço de pagamentos. 
 
QUADRO 1: Estrutura do Balanço de Pagamentos 
BC – BALANÇO COMERCIAL 
 Exportações (FOB) 
 Importações (FOB) 
BS – BALANÇO DE SERVIÇOS 
 Viagens internacionais 
Transportes 
Seguros 
Serviços Governamentais 
Rendas de Capitais 
Lucros e dividendos 
Lucros reinvestidos 
Juros 
Serviços diversos 
TU – TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS 
TC – SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS EM CONTA 
CORRENTE 
(BC + BS + TU) 
39 
KA – MOVIMENTO DE CAPITAIS AUTÔNOMOS 
Investimentos diretos 
Reinvestimentos 
Empréstimos e financiamentos 
Amortizações 
Capitais de curto prazo 
Outros capitais 
EO – ERROS E OMISSÕES 
BP – SALDO TOTAL DO BALANÇO DE PAGAMENTOS (TC 
+ KA + EO) 
KC – MOVIMENTOSDE CAPITAIS COMPENSATÓRIOS (-
BP) 
Contas de caixa (reservas) 
Haveres a curto prazo no exterior 
Ouro monetário 
Direitos Especiais de Saque (DES) 
Empréstimos de regularização 
Atrasados 
 
Contabilização do Balanço de Pagamentos 
 
Por ser um instrumento contábil, todos os registros das 
transações internacionais obedecem às regras da contabilidade, ou 
seja, ao método de partidas dobradas. Isto significa que um crédito 
em uma conta corresponde a um débito em outra, e vice-versa. 
 
Para efeito de registro as contas do Balanço de Pagamentos são 
divididas em dois grupos de natureza distinta: contas 
operacionais e contas de caixa. As contas operacionais 
correspondem às operações que geram pagamentos e 
recebimentos de recursos (exportações, importações, fretes e 
seguros, investimentos, amortizações, transferências unilaterais e 
outras). Sua contabilização é realizada com a seguinte lógica: 
 
 transações que resultam em entrada de divisas são 
registradas com sinal positivo (+), ou seja, à crédito. 
 transações que representem saída de divisas, é lançada 
a débito, ou seja, com sinal negativo ( - ). 
40 
Estas duas contas são agrupadas no saldo do Balanço de 
Pagamentos em transações correntes (TC) e nos movimentos de 
capitais Autônomos (KA) e resultam no saldo total do Balanço de 
Pagamentos (BP): 
BP = TC + KA 
Por outro lado, as contas de caixa registram as reservas 
internacionais e correspondem à contrapartida das contas 
operacionais. São, portanto, os mesmos recebimentos e 
pagamentos pelas importações, exportações, fretes e seguros, 
rendas sobre os capitais, etc. Entretanto a lógica de 
contabilização é inversa, ou seja, o débito ( - ) significa 
aumento das reservas interncionais e o crédito ( + ) redução 
de reservas. Para facilitar seu entendimento, observe a sintese 
destes lançamentos segundo cada conta e sua correspondencia com 
as reservas: 
 
Conta Entrada de reservas Saída de reservas 
Operacional Crédito ( + ) Débito( - ) 
Caixa Débito ( - ) Crédito ( + ) 
 
IMPORTANTE: 
Quando a conta operacional é lançada a crédito temos um 
aumento dos ativos (divisas) ou uma redução das obrigações com 
os não-residentes; 
O débito na conta operacional significa perda de divisas ou 
aumento das obrigações do país. 
Já observamos que, de acordo com a lógica da contabilidade, a 
todo crédito corresponde um débito o que, necessáriamente faz com 
que o saldo entre todas as contas seja igual a zero. No caso do 
Balanço de Pagamentos, o que garante esta igualdade são os 
movimentos dos capitais compensatórios, ou seja, reservas e 
empréstimos de regularização do FMI, ou seja, teríamos então a 
seguinte igualdade: 
BP + KC = 0 
41 
Se houver superávits (BP > 0), significa que as reservas 
aumentam. Ocorrendo déficit (BP < 0), há saída de divisas, ou seja, 
uma possibilidade do país perder reservas reduzindo a liquidez 
internacional do país. Neste caso, se o país não dispuser de 
reservas suficientes ou não quiser delas fazer uso, pode receber 
empréstimo de regularização do FMI, desde que adote um programa 
de ajuste de acordo com as regras impostas pelo FMI. Na 
possibilidade de não poder adotar nenhuma dessas alternativas, as 
obrigações vencidas e não pagas são lançadas como atrasados. 
Por outro lado, podem ocorrer diferenças temporais na 
contabilização das transações devido a apurações inadequadas, com 
pouco rigor ou mesmo operações de difícil apuração 
(subfaturamentos, contrabando, remessas de capitais ilegais, entre 
outros). Assim acrescentam-se à rubrica erros e omissões dessas 
diferenças. Na prática ela é construída por resíduo, senão vejamos: 
 
se BP + KC = 0, então BP = - KC 
 
Sabemos, também por definição que: 
BP = TC + KA 
 
Como os movimentos de capitais compensatórios (KC) são 
informações normalmente apuradas com rigor pelo Banco Central, 
os erros e omissões (EO) são estimados por resíduo, da seguinte 
maneira: 
 EO = - KC - (TC + KA) 
 
Para entender melhor, tomemos um exemplo numérico retirado 
dos resultados do Balanço de Pagamentos do Brasil para 2009 
divulgado pelo Banco Central (Quadro I – SERIEBALPAG): 
 
42 
TC = - 35.063 
KA = 70.799 
KC = - 34.497 
 
Aplicando na expressão acima<, temos: 
EO = 34497 – ( - 35.063 + 70.700) = - 1.239 
 
Balanço de Pagamentos do Brasil 
 
No Brasil o balanço de pagamentos começou a ser contabilizado 
em 1947 pelo Banco do Brasil e pela Fundação Getúlio Vargas. 
Atualmente o órgão reponsável pela contabilização é o Banco 
Central. 
Os dados do balanço de pagamentos são publicados em milhões 
de dólares norte-americanos, em valores correntes, sem 
ajustamento sazonal. Compreendem o país como um todo e estão 
compilados de acordo com os critérios estabelecidos na 5ª edição do 
Manual de Balanço de Pagamentos do Fundo Monetário 
Internacional – BPM-5.(BACEN). 
Grande parte dos pesquisadores adota como critério para suas 
análises dos balanços de pagamentos do Brasil os diferentes 
padrões de ajustes nas contas externas ocorridos em diferentes 
momentos históricos. 
Segundo CARVALHO e SILVA(2000)
1
, “Desde o início, o saldo do 
balanço de pagamento em transações correntes tem sido 
predominantemente deficitário, o que é considerado natural para 
economias pobre, que dependem de poupança externa para se 
desenvolver.” Os autores apontam que estes déficits foram 
decorrentes dos déficts na conta de serviços já que o balanço 
 
1 Economia Internacional, 2000, p.116. 
43 
comercial apresentou resultados predominantemente positivos no 
período. A exceção foi a década de 70, período que o Brasil passou 
também a apresentar déficits em seu balanço comercial em função 
do aumento dos gastos com importação resultante do choque 
externo imposto ao mundo pelo cartel dos países produtores do 
petróleo ocorrido em 1973. 
A década de 80, período de crise da dívida externa, se 
caracterizou pelos cortes nos fluxos de capitais das nações 
industrializadas para as nações menos desenvolvidas. CARVALHO e 
SILVA (2000, P. 116) lembram que, “os países devedores foram 
submetidos a fortes pressões para pronto pagamento dos créditos 
tomados no passado. Com isso foram forçados a adotar programas 
de ajustamentos que tinham como meta obter rápido incremento de 
divisas para honrar compromissos externos.” 
O Brasil não foi exceção. Enfrentou um período de grande 
recessão no início dos anos 80. “A essa situação estavam 
intimamente associadas às contas externas do País: as dívidas 
contratadas pelo Brasil nas décadas de 60 e 70 foram feitas a taxas 
flutuantes, as quais tiveram grande aumento no mercado 
internacional. Nesse período, o desequilíbrio no Balanço de 
Pagamentos se deveu basicamente à rubrica juros da dívida externa 
(NASCIMENTO & SOUZA)
2
.” O processo de ajustamento das contas 
externas buscou obter superávits comerciais com estímulo às 
exportações (maxidesvalorização do cruzeiro e redução do salário 
real – elementos indutores para o mercado externo), juntamente da 
redução nas importações. Com essa política, o balanço comercial 
brasileiro saiu de um déficit de US$ 2,8 bilhões em 1980 para 
superávits favoráveis até 1994. 
A política de comércio exterior dos anos 90 se caracterizou por 
uma maior abertura ao mercado externo (notadamente através 
da redução tarifária), resultando em aumentos tanto nas 
importações quanto nas exportações. Entre 1990 e 1991, período 
 
2 Um breve análise do balanço de pagamentos do Brasil,p.12, disponível 
em: www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1196954731.pdf, acessado em 21 de 
outubro de 2010 
44 
do governo Collor, houve uma drástica redução dos investimentos 
diretos no país e nos empréstimos e financiamentos em longo 
prazo. Segundo CARVALHO e SILVA (2000, P. 116) de1992 em 
diante o país, superada a crise de confiança em nosso governo, o 
país voltou a captar recursos do exterior em volumes crescentes. 
A implantação do Plano Real (1994) teve como uma de suas 
consequências a valorização do Real frente ao dólar. Com isso as 
importações foram estimuladas e reduziram-se as exportações. 
Essas políticas, cambial e comercial, levaram à queda do Balanço 
Comercial já em 1994 e a déficits nos 5 anos posteriores. De saldos 
superiores a US$ 10 bilhões por ano, o país passou apresentar 
déficits crescentes (US$ 3,4 bilhões em 1995 atingindo US$ 6,5 
bilhões em 1999). Além disso, as altas taxas de juros 
proporcionaram aumento do déficit no Balanço de Serviços, 
trazendo como conseqüência uma queda acentuada no saldo das 
transações correntes (déficits de US$ 18 bilhões em 1995, US$23,5 
bilhões em 1996, US$30,4 bilhões em 1997, US$33,4 bilhões em 
1998). Segundo CARVALHO e SILVA (2000, P. 117), “para cobrir 
estes déficits o país contou com ingresso de capitais autônomos em 
tal volume que superou largamente a necessidade de 
financiamento. Por esta razão o saldo do balanço de pagamentos 
apresentou superávits e consequentemente aumento das reservas 
internacionais.” 
A partir dos anos 2001 o balanço de pagamentos veio 
registrando superávits crescentes e aumentos nas reservas 
internacionais. LACERDA e OLIVEIRA (2009, P.6) 
3
 comentam que “ 
a propósito dos efeitos significativos oriundos da crise financeira, se 
analisamos numa trajetória de médio prazo, nos últimos dez anos, o 
Balanço de Pagamentos Brasileiro apresentou um quadro de 
transformação. Por um lado ocorreu uma reversão substancial do 
desempenho da balança comercial. De um déficit de quase US 7,0 
 
3 Financiamento externo e instabilidade: uma abordagem pós-keynesiana 
sobre a economia brasileira do período 1998-2008 , (2009), Universidade 
Federal do Rio Grande do Sul, RS, disponível em: 
www.ppge.ufrgs.br/akb/encontros/2009/11.pdf, , acessado em 21 de 
outubro de 2010. 
45 
bilhões registrado nos anos 1997 e 1998, o saldo evoluiu 
consistentemente para um expressivo superávit de US$ 46 bilhões 
em 2006 e US$ 40 bilhões em 2007.” O volume das exportações 
cresceu significativamente a partir de 2002, atingindo US$ 197,9 
bilhões em 2008, quase quatro vezes o volume exportado em 
1997 ( US$ 57,2 bilhões). Por outro lado, apesar das importações 
aumentarem significativamente no período, foi possível garantir o 
superávit do balanço comercial. Em 2009 o valor das exportações 
foi menor mais ainda apresentou resultado significativo, US$ 152,9 
bilhões. As importações atingiram US$ 127,7 bilhões, garantindo 
um superávit de US$ 25,3 bilhões. 
Com relação ao Balanço de Serviços, as remessas de lucros e 
dividendos para o exterior e o pagamento de juros foram os fatores 
preponderantes para que o déficit no período. 
LACERDA e OLIVEIRA (2009, p. 7) afirmam que “ o impacto das 
exportações sobre o resultado de transações correntes e o superávit 
nas contas de capital são importantes para explicar a reversão do 
resultado total do balanço de pagamentos”. 
Assim, o desempenho positivo que o balanço de pagamentos 
vem registrando indica que o Brasil vem caminhando no sentido de 
melhorar sua fragilidade externa.
4
 Os fluxos de capitais vêm 
aumentando o nível das reservas internacionais do país, atingindo 
um recorde de US$ 238 bilhões em 2009, além de diminuir o 
endividamento externo do país. 
“A vulnerabilidade externa ou fragilidade externa significa 
uma baixa capacidade de resistência das economias nacionais 
frente a fatores desestabilizadores ou choques externos. A 
vulnerabilidade tem duas dimensões igualmente importantes. A 
primeira envolve as opções de resposta com os instrumentos 
de política disponíveis; e a segunda incorpora os custos de 
enfrentamento ou de ajuste frente aos eventos externos. 
 
4 A discussão deste tema não é parte do programa desta disciplina. Para 
aprofundar seus conhecimentos acesse os estudos de LACERDA e OLIVEIRA 
(2009) e GONÇALVES, R. (1998) anteriormente citados. 
46 
Assim, a vulnerabilidade externa é tão maior quanto menor 
forem às opções de política e quanto maiores forem os custos 
do processo de ajuste”. GONÇALVES, R. (1998) Globalização 
Econômica e Vulnerabilidade Externa. Universidade Federal 
Fluminense, Rio de Janeiro, disponível em: 
www.reggen.org.br/midia/documentos/globalizacaoeconomica.
pdf, acessado em 25 de outubro de 2010. 
 
Na próxima parte faremos a articulação entre balanço de 
pagamentos, reservas internacionais e dívida externa. 
 
Para saber mais sobre Balanço de Pagamentos do Brasil acesse 
os endereços abaixo: 
 http://www.bcb.gov.br/sddsp/balpagam_p.htm 
 http://www.fazenda.gov.br/spe/publicacoes/conjuntura/
informativo_economico/2010/2010_09/setor_externo/IE
%202010%2009%2021%20BALAN%C3%87O%20DE%
20PAGAMENTOS.pdf 
 www.bcb.gov.br/?SERIEBALPAG 
 http://www.bcb.gov.br/?BOLETIM 
 
RESERVAS INTERNACIONAIS E DÍVIDA EXTERNA 
 
Reservas Internacionais 
Entende-se como reservas internacionais o estoque de ativos 
que um país possui em poder das autoridades monetárias (Banco 
Central). Estes ativos ficam disponíveis para o pagamento de 
dívidas ou aquisição de direitos de não-residentes de um país. Essa 
reservas são constituídas: 
47 
 pelo estoque de divisas 
estrangeiras e títulos externos ; 
 pela posição de ouro monetário; 
 pelos direitos especiais de saque 
(DES); 
 pelas reservas do país em poder 
do FMI. 
 
As reservas têm origem nos fluxos de 
entrada e de saída de divisas estrangeiras. O 
esquema abaixo mostra os principais fluxos 
de entrada e saída de divisas estrangeiras. 
 
Fonte: ROSSETTI -1997 
DES é uma moeda escritural 
emitida pelo FMI que tem 
seu valor definido a partir de 
uma cesta das cinco moedas 
dos países com maior 
participaçãp nas trocas 
internacionais: França 
(Euro), Alemanha (Euro), 
Japão (iene), Reino Unido 
(libra esterlina) e Estados 
Unidos (dólar). 
48 
Quando há desequilíbrios nestes fluxos, mais entradas que 
saídas, o banco central acumula reservas. Inversamente, quando o 
país é deficitário, há uma saída de divisas que o banco central cobre 
fazendo uso das reservas em estoque, provocando a variação das 
reservas cambiais. “Mas as implicações não se limitam à alteração 
desse variável. Vão além, podendo afetar o processo de acumulação 
externa líquida e os graus de endividamento externo do país. Vistas 
em conjunto, as implicações dependerão das origens do 
desequilíbrio (se em transações correntes ou em movimentos de 
capital ) e dos padrões das operações compensatórias.” ROSSETTI 
(1997). A razão disto é que um dos papéis das reservas 
internacionais é de financiar os déficits temporários no balanço de 
pagamentos”. 
Neste sentido, a variação das reservas internacionais depende 
do padrão do balanço de pagamentos, ou seja, dos desequilíbrios 
que possam ocorrer nas transações correntes e da forma como os 
eventuais déficits serão cobertos, por empréstimos e 
financiamentos e por movimentos autônomos de capital. 
 
Reservas Internacionais do Brasil 
Segundo o Banco Central reservas internacionais brutas 
compreendem ativos externos prontamente disponíveis, sob 
controle do Banco Central, cujaprincipal função é o financiamento 
de desequilíbrios no balanço de pagamentos ou a regulação da 
magnitude desses desequilíbrios, pelo ajuste do nível da taxa de 
câmbio mediante intervenção no mercado de câmbio. Abrangem 
haveres no Banco Central e a posição de reserva no FMI. 
As reservas internacionais brasileiras no Banco Central são 
constituídas por ouro monetário, DES e ativos em moeda 
estrangeira, representados por depósitos (overnight, acordo de 
recompra no FED, prazo fixo), títulos, títulos de exportação (até 
outubro de 2000), créditos cedidos a outros países (até fevereiro de 
2001) e créditos cursados em acordo de convênio. A posição de 
reserva no FMI também é computada nas reservas no Banco 
Central. 
Um depósito overnight é um depósito negociado no mercado 
monetário interbancário, vigente do dia da negociação. 
49 
Reservas Internacionais do Brasil 
Ativos de reservas oficiais e outros ativos em moeda estrangeira 
Liquidez - US$ milhões 
 Dez/07 Dez/08 Dez/09 Set/10 
Ativos de Reserva Oficiais 1/ 180.334 193.783 238.520 275.206 
Reservas em moeda estrangeira (em divisas 
conversíveis) 
163.526 190.929 228.644 264.013 
 (a) Títulos 156.057 188.746 219.933 240.016 
dos quais: emissor sediado no Brasil, mas 
domiciliado no exterior 
- - - - 
 (b) Total de moeda e depósitos em: 7.470 2.183 8.711 23.997 
Outros bancos centrais, BIS e FMI 2/ 250 253 253 18.727 
Bancos sediados no Brasil - - - - 
dos quais: domiciliados no exterior - - - - 
Bancos sediados no exterior 2/ 7.220 1.931 8.459 5.271 
dos quais: domiciliados no Brasil - - - - 
Posição de reserva no FMI - - 946 1.582 
DES 2 1 4.510 4.495 
Ouro (inclusive depósitos de ouro) 3/ 901 940 1.175 1.412 
Volume em mil onças troy 1.080 1.080 1.080 1.080 
15878+5815Outros ativos de reservas 15.905 1.913 3.244 3.703 
Instrumentos derivativos -32 - - -13 
Empréstimos a não residentes não bancários 4/ 58 34 9 89 
Cédulas e moedas - - - - 
Títulos adquiridos com acordo de recompra 5/ 15.878 1.880 3.234 3.628 
 
Outros Ativos em Moedas Estrangeiras - - - - 
1/ Valores marcados a mercado desde novembro de 2000. 
50 
2/ A partir de maio de 2010, dado revisado em função de correção de erro no sistema 
de apuração. 
3/ Engloba estoque de ouro financeiro disponível e depósitos a prazo. 
4/ Inclui valores de créditos de exportação. 
5/ Títlulos adquiridos, com compromisso de recompra, com a entrega de outros títulos 
em operação reversa. 
6/ Até abril de 2006: garantias colaterais, constituídas por títulos do Tesouro 
americano custodiados no Banco de Compensações Internacionais (BIS). 
7/ Até abril de 2006: garantias colaterais, constituídas por depósitos em aplicações no 
BIS. 
8/ Créditos decorrentes de reestruturação da dívida da Polônia. 
 
Fonte: Banco Central do Brasil disponível em: 
http://www.bcb.gov.br/pec/sdds/port/templ1p.shtm, acessado em 
20 de outubro de 2010 
 
DICAS DE LEITURA: 
 Relatório de Gestão das Reservas Internacionais, 
BANCO CENTRAL DO BRASIL, Junho 2010, v2, 
disponível em: 
 http://www.bcb.gov.br/?GESTAORESERVAS 
 Vonbun, C. Reservas Internacionais para o Brasil: 
Patamares Ótimos e Custos Fiscais, disponível em: 
 http://ppe.ipea.gov.br/index.php/ppe/article/viewFile/11
54/1063 
 
Dívida Externa 
Atualmente, dívida externa é um dos assuntos mais polêmicos 
porque envolve uma grande parte dos países. A dívida começa a 
existir a partir das relações internacionais de compra e venda de 
produtos. Excepcionalmente um balanço de pagamentos apresenta 
equilíbrio em sua contabilização. Situações de déficits ou superávits 
ocorrem normalmente nas transações econômicas de um país com o 
exterior. Costuma-se interpretar que um país que apresente 
51 
superávit em suas transações adotou uma política econômica de 
sucesso. O contrário, acúmulo de sucessivos déficits indica que o do 
futuro do país está comprometido. 
Sabemos que quando um país estabelece relações econômicas 
com resto do mundo pode tanto receber como enviar bens e 
serviços para o exterior. Remessas maiores que recebimentos 
indicam que houve um superávit no balanço de pagamentos em 
conta corrente. O contrário, remessas menores que os recebimentos 
caracterizam uma situação de déficit e os residentes do país, 
consequentemente estão aumentando sua dívida com o exterior. 
A dívida externa compreende o total apurado em determinada 
data dos débitos contratuais efetivamente desembolsados e ainda 
não quitados, devidos por residentes de uma economia aos não 
residentes, onde haja a obrigatoriedade de pagamento de principal 
e/ou juros em algum(s) ponto(s) no futuro. 
 
OS TIPOS DE DÍVIDAS 
Uma dívida pode ser privada ou pública, interna ou externa. 
Quando falamos que uma dívida é pública ou privada, estamos nos 
referindo a quem contraiu o empréstimo: se foi uma pessoa física 
ou uma empresa privada, a dívida é privada; se foi um órgão 
público, a dívida é pública. Já quando falamos que uma dívida é 
interna ou externa, nos referimos ao tipo de moeda em que essa 
dívida terá que ser paga: se a dívida pode ser paga em reais, trata-
se de dívida interna; se a dívida tem que ser paga em moeda 
estrangeira, trata-se de dívida externa. Portanto, existem: dívida 
pública interna, dívida pública externa, dívida privada externa, 
dívida privada interna. Na perspectiva do desenvolvimento 
econômico e social, as dívidas mais importantes são a dívida interna 
(pública) e a dívida externa (pública mais privada). A primeira 
impõe constrangimentos ao orçamento público, enquanto a última 
aumenta a restrição das contas externas e provoca políticas e 
estratégias de ajuste com efeitos profundos e amplos sobre a 
sociedade. GONÇALVES e POMAR (2001) 
52 
Para o Banco Central a dívida externa bruta compreende as 
operações de dívida contraídas sob a forma de empréstimos em 
moeda de curto, médio e longo prazos, de importação financiada, 
arrendamento mercantil (Leasing) e financiamento de serviços, com 
prazo de pagamento superior a 360 dias, registradas no sistema 
Registro Declaratório Eletrônico – Registro de Operações Financeiras 
(RDE-ROF) do Banco Central do Brasil, e outros passivos oriundos 
do Plano Contábil das Instituições Financeiras (Cosif), das linhas de 
créditos no exterior de empresas estatais e do saldo devedor do 
Convênio de Créditos Recíprocos (CCR) – o CCR é um convênio em 
moeda estrangeira firmado entre o Banco Central do Brasil e os 
bancos centrais dos países participantes (Argentina, Bolívia, Chile, 
Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, República 
Dominicana, Uruguai e Venezuela). 
A dívida externa brasileira é uma herança que vem sendo 
aumentada desde a Independência e representa hoje o maior 
problema para o crescimento econômico do país.5 Segundo 
GONÇALVES e POMAR (2001), “o Brasil é um país endividado. A 
dívida externa brasileira passou por vários ciclos de crescimento. 
Nos últimos 30 anos (1968/1999), em valores nominais, o estoque 
da dívida externa brasileira cresceu 237 bilhões de dólares! Se 
tomarmos como ponto de partida o ano de 1982 (crise do México), 
o estoque cresceu 158 bilhões de dólares. Se nos limitarmos ao 
período (1995/1998), correspondente ao primeiro mandato do 
presidente Fernando Henrique Cardoso, o estoque da dívida 
cresceu 99 bilhões de dólares.” 
 
A partir de 2006, a dívida externa vem aumentando, passando 
de US$ 175,6 bilhões para US$ 228,6 bilhões em 2009. 
 
 
5 GONÇALVES & POMAR. O Brasil endividado (2001), São Paulo: Fundação 
Perseu Abramo, 2ª. reimpressão, disponível em: 
http://www.fpabramo.org.br/o-que-fazemos/editora/livros/brasil-
endividado-o-como-divida-externa-aumentou-mais-de-us-100-bilhoes53 
 
Em nota para imprensa, divulgada recentemente o Banco 
Central informa que “a dívida externa total para setembro de 2010 
foi estimada em US$243,8 bilhões, com elevação de US$8 bilhões 
em relação à posição estimada para o mês anterior. Em setembro, a 
dívida externa de longo prazo totalizou US$190,8 bilhões, com 
54 
crescimento de US$3 bilhões, enquanto a dívida externa de curto 
prazo, que atingiu US$53 bilhões, cresceu US$5 bilhões. 
Os principais fluxos que afetaram o estoque da dívida externa 
de longo prazo foram ingressos líquidos de títulos, US$1,2 bilhão, e 
de empréstimos diretos, US$935 milhões. O incremento de estoque 
devido a variações de paridades foi estimado em US$1,2 bilhão. 
Quanto à dívida externa de curto prazo, o acréscimo observado 
deveu-se à elevação de US$4,3 bilhões verificada no saldo dos 
empréstimos diretos em moeda, e ao aumento de US$784 milhões 
ocorrido nas obrigações em moedas estrangeiras dos bancos 
comerciais.” 
(Banco Central, NOTA PARA A IMPRENSA - 25.10.2010, Setor Externo, 
disponível em: http://www.bcb.gov.br/?ecoimpext) 
 
DICAS DE LEITURA: 
 GONÇALVES & POMAR. O Brasil endividado 
(2001), São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2ª. 
reimpressão, disponível em: 
 http://www.fpabramo.org.br/o-que-
fazemos/editora/livros/brasil-endividado-o-como-divida-
externa-aumentou-mais-de-us-100-bilhoes 
 NIEMEYER, N. Dívida Externa Brasileira de 1999 a 2002: 
Interagindo em um Mercado Financeiro Internacional 
Instável em Situação de Extrema Vulnerabilidade 
Externa (2004), PUC, São Paulo, disponível em: 
 http://www.sep.org.br/artigo/25_NIEMEYER.pdf 
 
A próxima unidade será dedicada a entender a relação entre os 
pagamentos internacionais e a taxa de câmbio. 
 
Bom estudo para você. 
55 
EXERCÍCIOS 
 
1- Numa determinada economia, o valor das exportações 
(FOB) é de 18 bilhões de dólares e o valor das 
importações (CIF) é de 19 bilhões de dólares, sendo que 
os fretes e seguros sobre as importações correspondem a, 
respectivamente, 2 bilhões e 1 bilhão de dólares. O saldo da 
balança comercial é: 
 
a) um superávit de 2 bilhões de dólares. 
b) um déficit de 1 bilhão de dólares. 
c) um superávit de 1 bilhão de dólares. 
d) um déficit de 4 bilhões de dólares. 
e) nem déficit, nem superávit. 
 
2- Um país paga juros sobre sua dívida externa para um 
outro país credor. Esta transação será registrada no 
Balanço de Pagamentos do país devedor com valor: 
 
a) negativo no balanço de serviços. 
b) positivo no balanço de serviços. 
c) negativo no balanço de capitais autônomos. 
d) positivo no balanço de capitais autônomos. 
e) negativo no balanço de capitais compensatórios . 
 
 
3- Identifique a transação classificada como movimento de 
capitais autônomos na estrutura do balanço de 
pagamentos. 
 
a) Remessa de lucros para o exterior. 
b) Amortização de empréstimos externos. 
c) Remessa de royalteis para o exterior. 
d) Pagamentos de seguros sobre importação. 
e) Pagamentos de juros de empréstimos externos. 
 
4- Considere as seguintes operações realizadas entre 
residentes e não residentes num determinado ano (em 
milhões de dólares): 
 
1- O país exporta, recebendo à vista, mercadorias no valor 
de U$$100 milhões. 
56 
2- O país importa, pagando à vista, mercadorias no valor 
de U$$110 milhões. 
3- Ingressam no país, sob forma de investimento direto, 
U$$70 milhões em forma de bens de capital. 
4- Ingressam no país, sob forma de investimento de curto 
prazo, em moeda estrangeira U$$80 milhões. 
5- O país paga ao exterior U$$50 milhões sob forma de 
juros e lucros. 
6- O país paga ao exterior U$$10 milhões sob forma de 
fretes. 
7- O país recebe de residentes no exterior um total de 
U$$25 milhões. 
8- As empresas estrangeiras instaladas no país 
reinvestem U$$5 milhões nesse país. 
 
Com base nestas operações, pode-se afirmar que o saldo 
do balanço comercial, o saldo do balanço de serviços , o 
saldo do balanço de pagamento em conta corrente e o 
saldo total do balanço de pagamentos são respectivamente, 
 
a) - 80, - 65, - 120, + 35. 
b) - 10, - 60, - 45, + 110. 
c) - 10, - 65, - 50, + 105. 
d) - 80, - 60, - 115, + 40. 
e) + 80, +60, +165, +320. 
 
5- Uma economia apresentou, em determinado ano, o 
seguinte registro de suas transações com o exterior: 
57 
 
Exportações de mercadorias (FOB) = 100 
Importações de mercadorias (FOB) = 90 
Donativos ( saldo líquido recebido)= 5 
Saldo do Balanço de Pagamentos em conta 
corrente (déficit) = 
- 50 
Movimento de capitais autônomos ( entrada 
líquida) = 
 10 
 
Então, o saldo do balanço de serviços é: 
a) - 65 (déficit) 
b) - 70 (déficit) 
c) - 35 (déficit) 
d) 10 (superávit) 
e) - 15 (déficit) 
 
6- Identifique o item abaixo que não se acha incluído na 
rubrica de conta corrente do balanço de pagamentos: 
a) as exportações de bens e serviços. 
b) as importações de bens e serviços. 
c) os fluxos de entrada de capital. 
d) as doações do governo. 
e) as doações recebidas pelo governo. 
 
7- Quanto ao balanço de pagamentos de um país, sabe-se 
que: 
58 
 
a) o saldo total do balanço de pagamentos é igual à soma da 
balança comercial com o balanço de serviços, salvo erros e 
omissões. 
b) o saldo de transações correntes, se positivo (superávit), 
implica na redução em igual medida do endividamento externo 
bruto, no período. 
c) a soma do movimento de capitais autônomos com o de capitais 
compensatórios iguala (com o sinal trocado) o saldo de 
transações correntes, salvo erros e omissões . 
d) a soma do movimento de capitais autônomos com o de 
capitais compensatórios iguala ( com o sinal trocado) o saldo 
do balanço de pagamentos 
e) o saldo total do balanço de pagamento é igual à soma da 
balança comercial com o balanço de serviços e as 
transferências internacionais, salvo erros e omissões . 
 
8- Considere que um país tenha realizado ao longo do ano 
as seguintes transações com o exterior ( em unidades 
monetárias) : 
 
Exportação de soja : 500 
Importações de petróleo :350 
Pagamentos de juros de dívida externa : 50 
Lucro reinvestido: 30 
Remessa de lucros: 40 
Refinanciamento de juros: 60 
Pagamento de fretes e seguros : 100 
Amortização de dívida: 70 
Obtenção de empréstimos : 120 
Temos que a( o) : 
59 
 
a) Transferência líquida de recursos ao exterior é igual a 150 
b) Saldo da conta de captais autônomos é igual a 50 
c) Renda líquida enviada ao exterior é igual a 180 
d) Variação de reservas é negativa e igual a - 80 
e) Saldo em transações correntes é igual a - 40 
 
9- O Balanço de Pagamentos de determinado país acusa 
déficit em conta corrente e superávit no saldo total. O que 
se pode afirmar, supondo que não haja erros e omissões? 
____________________________________________________ 
____________________________________________________ 
 
10- Considerem os seguintes dados das contas nacionais do 
Brasil (valores hipotéticos): 
 
Saldo da balança comercial 450 
Exportação de serviços (não-fatores) 250 
Importação de Serviços (não-fatores) 150 
Saldo das transações correntes do País com o exterior 
(déficit) 
150 
Donativos líquidos recebidos do exterior (superávit) 50 
Movimento de capitais autônomos (entrada

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