Buscar

coletores de lixos

Prévia do material em texto

ANÁLISE DE RISCOS DOS 
TRABALHADORES DA COLETA DE 
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS 
 
Felipe Fernando da Silva (UTFPR ) 
lipe_silvaass@hotmail.com 
Andre Nagalli (UTFPR ) 
nagalli@utfpr.edu.br 
Cleia S. de Lara Dandolin (UTFPR ) 
cleia.dandolin@gmail.com 
Rodrigo Eduardo Catai (UTFPR ) 
catai@utfpr.edu.br 
 
 
 
O presente estudo tem como principal objetivo analisar os possíveis 
riscos ocupacionais aos quais os trabalhadores que atuam na coleta de 
resíduos sólidos urbanos domiciliares, estão expostos durante sua 
jornada de trabalho. Neste sentido ffoi desenvolvida uma pesquisa 
bibliográfica e um estudo de caso onde esses trabalhadores 
responderam a um questionário que serviu de base para a realização 
do estudo. Entre os maiores riscos descritos pelos coletores e 
percebidos no estudo, o acondicionamento inadequado de vidros 
quebrados, contusões/entorses e quedas do veículo transportador são 
os que mais causam acidentes entre esta classe trabalhadora. O estudo 
revelou que a empresa onde foi realizada a pesquisa fornece todos os 
equipamentos de proteção individual necessários à atividade de coleta 
de resíduo sólido doméstico, porém a não utilização destes 
equipamentos pelos colaboradores, aumenta a chance da ocorrência 
de acidentes. Com a realização do estudo, pode-se perceber que a 
população possui certo descaso e preconceito com relação aos 
trabalhadores da coleta de resíduos domésticos, algo que não deveria 
ocorrer, tanto pela importância que este profissional possui para a 
sociedade, como também pelo trabalho árduo e aos riscos os quais está 
exposto diariamente. Algumas atitudes conjuntas do poder público, 
empresa responsável pela coleta dos resíduos e sociedade já tornariam 
favoráveis à situação para os coletores de resíduos domésticos. 
 
Palavras-chave: Segurança, Resíduos, Riscos. 
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO 
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil 
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. 
 
 
 
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO 
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil 
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. 
. 
 
 
 
 
2 
 
 
1. Introdução 
Atualmente, o aumento dos resíduos sólidos urbanos tem se tornado um grande problema 
ambiental e de saúde pública, principalmente pelo crescimento desordenado da sociedade com 
hábitos grandiosos e desordenados de consumo além das mudanças de costumes sociais, tais 
como o aumento no consumo de produtos industrializados e descartáveis. 
 
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO 
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil 
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. 
. 
 
 
 
 
3 
Com o avanço da tecnologia e da globalização, aumentou a variedade de resíduos, o que causa 
outro problema que é a coleta e a disposição final destes resíduos (SILVEIRA, 2009). 
Estes resíduos acumulados de forma errada e contínua no ambiente favorece o surgimento de 
vetores transmissores de doenças como moscas, ratos e baratas (OLIVEIRA et al., 2012). 
A coleta dos resíduos sólidos é de fundamental importância para manutenção do bem estar da 
população. O processo de coleta é realizado por profissionais destinados a esta função e 
supostamente treinados, pois junto a estes resíduos estão organismos patogênicos, e vários 
elementos tóxicos, os quais representam riscos à saúde humana e ao meio ambiente 
(SANTOS, 2009). 
No entanto, a atividade de coleta de lixo é classificada como uma das mais arriscadas e 
insalubres existentes, pelo motivo do contado frequente do trabalhador com agentes nocivos à 
saúde (PEDROSA et al., 2010), aumentando a exposição a diferentes tipos de riscos. 
Além disto, o processo de coleta é constituído de uma tecnologia precária, praticamente 
manual, onde o corpo do trabalhador acaba se transformando em instrumento de carregar o 
lixo (SOUZA, 2009). Ainda segundo Souza (2009), os coletores sofrem diariamente agressões 
emocionais e psíquicas, no decorrer do seu dia a dia, e exercem uma atividade que exige 
muito esforço físico, posturas inadequadas, provável contato com materiais perfurantes e 
cortantes, com agentes biológicos patogênicos e substâncias químicas. 
A segurança do trabalho possui um grande papel para a diminuição das doenças ocupacionais, 
minimizando assim os acidentes na rotina de trabalho diária desta função. 
Segundo a Norma Regulamentadora 6 (NR 6) o uso de Equipamentos de Proteção Individual 
(EPI) deve ser obrigatório para a classe trabalhadora de coleta de resíduo domiciliar. Seu uso 
visa uma maior segurança às atividades às quais os profissionais estão expostos e 
consequentemente o risco de acidente é reduzido (BRASIL, 2016). 
Desta forma, este artigo tem como objetivo analisar e contribuir para o estudo sobre os riscos 
a saúde dos trabalhadores da coleta de resíduos domésticos, avaliar seus riscos ocupacionais e 
identificar os Equipamentos de Proteção Individuais necessários que possam minimizar os 
riscos os quais eles estão sujeitos, além de contribuir para que estes trabalhadores sejam 
respeitados, valorizados e que seu trabalho seja visto como necessário. 
2. Revisão Bibliográfica 
 
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO 
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil 
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. 
. 
 
 
 
 
4 
2.1 Resíduos Sólidos 
Resumidamente pode-se definir resíduo sólido, popularmente chamado de lixo, como 
materiais resultantes das atividades humanas ou gerados em aglomerados urbanos, como 
embalagens, papéis, pilhas, plásticos, etc. 
A NBR. 10.004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (2004), define 
resíduos, como restos de atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, 
indesejáveis ou descartáveis, podendo-se apresentar no estado sólido, semisólido ou líquido, 
desde que não seja passível de tratamento convencional. 
Segundo o critério de classificação pela origem dos resíduos, os mesmos podem ser 
classificados conforme Magera (2005) apud Rodrigues (2010) em: resíduos domésticos, 
comerciais, industriais, hospitalares, públicos, agrícolas, nuclear e de construção civil. 
De acordo com Santos (2007), os resíduos sólidos quando armazenados ou descartados 
erroneamente, sofrem alterações no processo de composição e trazem prejuízo ao meio 
ambiente pelos efeitos que produzem tais como: aquecimento global, contaminação do solo, 
poluição dos recursos hídricos superficiais e subterraneos, morte de animais por sufocamento 
ou indigestão de resíduos, além da transmissão e doenças e epidemias potencializadas por 
enchentes e inundações. 
2.2 Coletores de resíduos domésticos 
Segundo Weiszflog (2004) apud Bento (2013), coletor de lixo ou gari é o profissional 
responsável pela limpeza de ruas, parques, praças e vias públicas, que realiza a higiene e o 
recolhimento dos detritos que as cidades produzem diariamente. Apesar da sua importância 
para a saúde e bem estar da sociedade, a profissão de coletor de lixo ou gari ainda é subjugada 
pelas pessoas. 
 Para a constituição vigente, o trabalho de coletar lixo doméstico é considerado moderado, 
porém se analisado de maneira criteriosa e individualizada, o mesmo pode ser considerado 
como trabalho de alta intensidade, o qual pode causar danos irreversíveis na saúde destes 
trabalhadores (RODRIGUES et al., 2004). 
Para Neves, 2003 apud Oliveira et al., (2012), a profissão de gari é considerada uma das mais 
arriscadas e insalubres que existe, pois os profissioonais estão diariamente em contato com 
vários agentes prejudiciais a sua saúde e sujeitos a elevados riscos de acidentes de trabalho, 
além de uma alta carga de trabalho, aqual exige grandes esforços físicos e mentais. 
 
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO 
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil 
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. 
. 
 
 
 
 
5 
As atividades realizadas ao ar livre, em ruas de asfalto precário, expoem diarimente os 
profissionais ao calor, frio, chuva, variações bruscas de temperatura, ruídos e vibrações 
somadas ao trânsito e aos quilômetros que percorrem a pé durante as descidas e subidas ao 
caminhão (VELLOSO, 1997 apud OLIVEIRA et al., 2013). 
A atividade de coleta de lixo doméstico, foi considerada a sétima mais perigosa do mundo, em 
estudos realizados nos Estados Unidos da América, sendo o risco de morte para o coletor 10 
vezes maior que as outras demais ocupações americanas (CARDOZO, 2005 apud SILVEIRA, 
2009). 
O ritimo de trabalho dos garis é intenso e o manuseio dos vários sacos simultaneamente 
segurados pelas mãos e apoiados ao peito aumenta a possibilidade de acidentes com materiais 
cortantes, além de causar problemas na coluna vertebral e alterações musculares. Além disto, 
os horários de coleta muitas vezes coincidem com o de tráfego intenso, podendo gerar assim 
acidentes como atropelamentos e colisões (MOLOSSI, 2012). 
2.3 Acidentes de Trabalho 
Segundo a Lei nº 8.213/91 de 1991 pode-se definir acidente do trabalho "o que ocorre pelo 
exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados 
referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação 
funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade 
para o trabalho". 
Também é considerado acidente de trabalho (PANTALEÃO, 2014): 
a) A doença profissional ou do trabalho, produzida ou desencadeada pelo exercício 
do trabalho peculiar a determinada atividade; 
b) Acidente típico, que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa; 
c) Acidente de trajeto, que ocorre no percurso do local de residência para o de 
trabalho ou desse para aquele, considerando a distância e o tempo de 
deslocamento compatíveis com o percurso do referido trajeto. 
Apesar das determinações da Lei nº 8.213/91, com relação à obrigatoriedade de emissão da 
CAT, Santana (2010) descreve que muitas empresas deixam de emitir o documento, quando é 
constatado que não haverá necessidade do empregado se afastar do trabalho por mais de 15 
dias (LUZ, 2012). No entanto, o Ministério da Previdência Social informou que de acordo 
 
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO 
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil 
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. 
. 
 
 
 
 
6 
com o Programa Trabalho Seguro (2014), ocorreu um aumento do registro de acidentes em 
2011 em comparação aos de 2009 e 2010. 
De acordo com as estatísticas, os acidentes de trabalho são causados pela falta de treinamento 
adequado oferecido pela empresa, a não utilização de EPI, postura inadequada do funcionário 
durante a atividade, além de fatores psicológicos dos colaboradores, como a personalidade. 
Dos quatro fatores citados, o treinamento pode evitar ao menos três deles, evidenciando assim 
a sua importância (TAVARES, 2010 apud BENTO, 2013). 
Os acidentes mais comuns sofridos pelos garis, segundo Silva et al. (2009) são cortes com 
vidros, contusões, cortes com objetos pontudos, queda do caminhão e atropelamento. 
2.4 Doenças do Trabalho 
Doença do trabalho são aquelas produzidas pelo exercício do trabalho, pela contaminação 
acidental e/ou pela exposição ou contato direto provenientes do trabalho. Estas doenças são 
desenvolvidas lentamente e em muitos casos quando aparecem já estão em um estágio 
evoluído. Por esta demora dos sintomas, torna-se mais difícil relacionar a doença aos riscos 
do ambiente do trabalho e em alguns casos pode levar mais de 15 anos (GONÇALVES 
FILHO, 2012). 
As doenças ocupacionais mais comuns entre os garis são: micoses, mal estar, dores no corpo, 
dores de cabeça, vômitos, perda auditiva, doenças respiratórias, doenças intestinais, 
contaminação por produtos químicos, doenças relacionadas a exposição solar, tensão nervosa, 
e estresse (SILVA, 2009). 
Além destas, a alimentação irregular dos garis devido a qualidade e o horário das refeições 
associadas a outros hábitos tais como o consumo de tabaco e álcool causam outras doenças, 
como hipertensão e anemia (CHOR, 1999, LIMA, 1997 apud SILVA, 2006). 
2.5 Como reduzir os riscos de doenças e acidentes encontrados na profissão 
Para mitigar ou eliminar os riscos, é necessário identificá-los e adotar medidas a fim de 
proteger a integridade física dos profissionais. 
Os autores Gonçalves Filho (2012) e Luz (2012) trazem exemplos de medidas de proteção, 
conforme Tabela 1. 
Tabela 1 - Medidas de Segurança 
 
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO 
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil 
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. 
. 
 
 
 
 
7 
VEÍCULO EDUCAÇÃO PROCESSO
Aquisição de veículos com 
baixos níveis de ruídos, 
amortecedores de impacto nos 
estribos e antiderrapante na 
plataforma e nas barras de 
apoio;
Sinalização adequada do 
veículo (parado e em 
movimento).
Campanhas educativas junto à 
população; 
Treinamento demonstrando o 
uso correto dos EPI’s;
Não subir no veículo com o 
mesmo em movimento e/ou dar 
carona na plataforma.
Coleta em horários de menor 
trânsito de veículos;
 
Fonte: Gonçalves Filho (2012) e Luz (2012) 
 
2.6 Equipamentos de Proteção Individual (EPI’S) 
A NR 6 - Equipamentos de Proteção Individual, subitens 6.6.1 e 6.7.1, descreve as 
responsabilidades do empregado e do empregador. Dentre as principais, destacam-se as 
listadas na Tabela 2. 
Tabela 2 – Responsabilidades do empregado e do empregador 
 
Fonte: Brasil, 2016 
Para a realização das atividades de coleta de resíduos sólidos domésticos, é aconselhável a 
utilização dos EPI’s adequados, como calçados impermeáveis, resistentes e com 
antiderrapante, creme de proteção para as mãos, luvas, protetor solar, máscara, gorro, capa de 
chuva, óculos com lente incolor e uniforme (SILVA et al., 2009). 
 
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO 
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil 
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. 
. 
 
 
 
 
8 
2.7 Como garantir a saúde ocupacional dos trabalhadores 
A atividade de coleta de resíduos domésticos possui código de atividade econômica 
classificada no Nº 38.1, grau de risco 3, NR4 - Serviços Especializados em Engenharia de 
Segurança e em Medicina do Trabalho (BRASIL, 2016). 
A saúde ocupacional dos profissionais desta atividade é garantida por meio de programas 
obrigatórios e que devem ser efetuados de maneira séria e pontual como (CUNHA, 2009): 
a) Programa de Segurança do Trabalho (PST); 
b) Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO); 
c) Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA); 
d) Programa de Controle de Ruído Ocupacional (PCRO). 
2.8 Insalubridade 
De acordo com o Art. 189 da CLT Consolidação das Leis Trabalhistas, atividade insalubre é 
aquela que expõe o empregado a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância, 
fixados em razão do tempo de exposição aos seus efeitos, da natureza e da intensidade do 
agente nocivo (SILVA et al., 2009). 
A atividade de coleta do resíduo sólido é considerada insalubre devido a exposição do 
trabalhador aos agentes biológicos, direito adquirido por meio da Norma Regulamentadora 
n°15. Ainda de acordo com a norma específica, devido o alto risco, esta classe trabalhadora 
recebe insalubridade de grau máximo, portanto, os colaboradores recebem 40% de adicional 
do salário mínimo (PEDROSA et al.,2010). 
No entanto, cabe a empresa a responsabilidade de adotar medidas para eliminar ou reduzir a 
ação de qualquer agente nocivo sobre a saúde ou a integridade física do trabalhador (SILVA 
et al., 2009). 
3. Metodologia 
Para a elaboração deste artigo, foi realizado um estudo bibliográfico que utilizou assuntos 
relacionados aos riscos ocupacionais que os coletores de resíduos domésticos estão sujeitos. 
Após observadas as questões teóricas, foi realizada uma pesquisa com profissionais de uma 
empresa que realiza a coleta dos resíduos domésticos, sobre rotina de trabalho dos garis, além 
de verificar questões relacionadas à segurança do trabalho. 
 
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO 
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil 
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. 
. 
 
 
 
 
9 
3.1 Instrumentos metodológicos 
Na construção do artigo foi aplicado um roteiro de entrevistas composta de 16 perguntas. 
O questionário, conforme Tabela 3, teve o propósito de coletar respostas sem qualquer 
influência ao entrevistado, sem imposição e obrigatoriedade. 
Tabela 3 - Entrevista com coletores de resíduos domésticos 
1 Idade 7 Treinamentos recebidos 13
Conhecimento sobre outros 
acidentados
2 Grau de escolaridade 8 Exame admissional e periódico 14 Principais incomodos da função
3 Função 9 Benefício insalubridade 15
Frequencia que adoece e tipos de 
doença
4 Processo de contratação 10 Recebimento de EPIs 16 Utilização de banheiros
5 Tempo na função 11 Acidentes de trabalho sofridos
6 Interesse em mudar de emprego 12
Atitudes da empresa mediante os 
acidentes
Entrevista com coletores de resíduos domésticos
Foram entrevistadas 4 equipes responsáveis pela coleta de resíduos sólidos urbanos totalizando 16 trabalhadores, 
sendo 4 motoristas e 12 coletores. 
Fonte: O AUTOR, 2016. 
A empresa entrevistada informou que há atualmente 603 pessoas envolvidas com este tipo de 
trabalho e que cada equipe de coleta é formada por 1 motorista e 3 garis. 
4. Resultados e Discussões 
Conforme a figura 1 é possível conhecer os riscos ocupacionais que os trabalhadores da coleta 
de resíduo sólido domiciliar estão sujeitos. 
Muitos trabalhadores não conseguem se acostumar com o mau cheiro originado dos resíduos e 
isto é um dos motivos de desistência da maioria deles. Segundo Ravadelli, 2006 durante o 
processo de recrutamento e seleção seria interessante a realização de um teste demonstrativo 
da coleta de lixo, além de testes de corrida e de esforço em esteiras rolantes, para o candidato 
vivenciar as condições de trabalho desta atividade e a empresa contratante verificar se o 
mesmo está apto para executar a atividade . 
Em relação aos EPIs, tendo em vista que a atividade dos coletores é realizada em ambiente 
externo, onde estão sujeitos a intempéries (luz solar), seria aconselhável a distribuição de 
óculos com proteção UV e touca árabe. 
Figura 1 – Respostas do Questionário 
 
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO 
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil 
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. 
. 
 
 
 
 
10 
 
Fonte: O AUTOR, 2016 
Segundo estudos bibliográficos, os trabalhadores de coleta de resíduos sólidos domiciliares 
ficam expostos a ruídos (próprio caminhão e trânsito), onde a utilização de protetor auricular 
seria uma zona de conformo para esta classe trabalhadora. 
Devido a exposição a agentes biológicos e químicos, além de poeiras, a utilização de 
máscaras reduziria a chance dos coletores contraírem algum tipo de doença ocupacional. Seria 
aconselhável a distribuição de creme de proteção bacteriostático para as mãos, pois os 
coletores estão diretamente expostos a agentes nocivos a saúde. 
Ainda no sentido de prevenção de acidentes, a utilização de joelheiras pelos mesmos, 
amenizaria o grau do acidente em casos de quedas do caminhão. 
Com relação aos acidentes, 75% dos coletadores já sofreram algum tipo de acidente sendo que 
52% dos casos estão relacionados a cortes contusões/ entorses. Outro dado que chama atenção 
é 50% dos trabalhadores acidentados tem até 3 anos na função. 
 
 
RESPOSTAS 
 
 OBTIDAS COM 
 
OS 
 
QUESTIONÁRIOS 
 
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO 
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil 
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. 
. 
 
 
 
 
11 
Figura 2 – Acidentes sofridos pelos coletadores 
 
Fonte: O AUTOR, 2016. 
Quando questionados sobre os principais incômodos da função, os coletadores foram 
unanimes em afirmar que o descaso e o desrespeito da população que age de forma 
preconceituosa ainda é o principal desconforto, além do odor desagradável, dos sacos de lixos 
rasgados pelos catadores de reciclaveis, da preocupação com contaminação por objetos 
perfuro cortantes descartados incorretamente, da exposição a chuva, frio e calor e 
consequentemente das dores pelo corpo e exaustão ao final do expediente. 
4.1 Observações finais 
Para realizar a identificação dos fatores que estão diretamente relacionados à segurança no 
trabalho da coleta de resíduos sólidos, foi realizada uma pesquisa com alguns coletores de 
resíduos sólidos urbanos. Após analisar as respostas dadas pelos coletores, foi possível 
evidenciar que os mesmos estão sujeitos a riscos ocupacionais diariamente. 
No entanto estes riscos podem ser minimizados com a utilização adequada dos EPI’s 
fornecidos pela empresa. Porém, uma vez que a coleta de lixo urbano pode ser caracterizada 
como uma atividade suscetível a acidentes, mesmo com a utilização dos EPIs estes 
profissionais não estão totalmente livres dos riscos. 
Devido a exposição a radiação solar, seria aconselhável ainda o fornecimento de óculos com 
proteção UV e gorro do tipo árabe. 
Outro desconforto como a exposição a ruídos elevados poderia ser reduzido com a utilização 
de protetor auricular. 
 
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO 
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil 
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. 
. 
 
 
 
 
12 
Quanto a desagradável sensação do odor originado dos resíduos, esta poderia ser amenizada 
com a utilização de máscara no combate a inalação de poeiras além de prevenir o colaborador 
do contato direto com agentes biológicos e químicos. Ainda neste sentido de prevenção de 
acidentes, a utilização de joelheiras pelos coletores, amenizaria o grau do acidente em casos 
de quedas do caminhão. Além dos equipamentos de proteção individuais citados a cima, seria 
aconselhável a distribuição de creme de proteção bacteriostático para as mãos, pois os 
coletores estão diretamente expostos a agentes nocivos a saúde. 
Outra sugestão aliviar a sensação de dor ou desconforto no corpo/músculos após a jornada de 
trabalho é realizar ginástica laboral antes de iniciar as atividades e massagem após a jornada 
de trabalho, podendo ser em dias alternados. Com esta prática provavelmente as queixas dos 
coletores de resíduos sólidos urbanos irão reduzir. 
Apesar da empresa responsável pela coleta dos resíduos domésticos realizar treinamento na 
admissão dos funcionários, foi evidenciado que a maioria dos entrevistados não utiliza todos 
os equipamentos de proteção individual, sendo assim seria aconselhável a realização de 
treinamentos periódicos enfocando o uso correto e a importância da utilização dos EPI’s. 
5. Conclusões 
Após observadas as questões teóricas e práticas que envolvem a segurança dos trabalhadores 
responsáveis pela coleta de lixo domiciliar, chegou-se a conclusão de que estes profissionais 
estão sujeitos a vários riscos ocupacionais diariamente. 
Sendo assim, sugere-se que a empresa contratante destes profissionais distribua além dos EPIs 
obrigatórios,também alguns equipamentos de proteção como máscaras, joelheiras, creme 
bacteriostático, protetor auricular, óculos com proteção UV e toca árabe. 
Com a aplicação do questionário, foi possível evidenciar que o principal acidente envolvendo 
estes colaboradores foram cortes profundos e superficiais com materias cortantes e 
perfurocortantes, atingindo 75% dos entrevistados. A empresa responsável pela coleta dos 
resíduos, informou que há campanhas voltadas ao descarte correto dos materias, porém o 
questionário aplicado evidenciou que esta campanha possivelmente não está sendo eficiente. 
Sendo assim sugere-se que a empresa juntamente com os órgãos públicos competentes 
desenvolvam outras campanhas voltadas a conscientização da população quanto à disposição 
final adequada dos resíduos, principalmente dos cortantes e perfurocortantes, onde 
possivelmente reduzirá os riscos de acidentes para os coletores. 
 
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO 
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil 
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. 
. 
 
 
 
 
13 
Por fim, conclui-se que, para melhorar as condições de trabalho dos coletores de resíduos 
domésticos, é necessário identificar e combater os fatores nocivos no local de trabalho, 
permitir que os mesmos realizem um esforço físico e mental tolerado, assim como manter tais 
trabalhadores mais conscientes dos riscos ocupacionais que estão sujeitos e suas formas de 
prevenção. 
Referências 
CUNHA, Sandra – Segurança e Saúde dos Coletores de Lixo – 2009. Revista CIPA – Caderno Informativo de 
Prevenção de Acidentes. Pg 84 a 93. 
GONÇALVES FILHO, Anastácio Pinto - Saúde e segurança do trabalho em serviços de saneamento – 2012. 
Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental – Salvador. 34p. Disponível em < 
http://www.unipacvaledoaco.com.br/ArquivosDiversos/Saude_e_seguranca_no_trabalho_em_servicos_de_sanea
mento_RECESA.pdf>. Acessado em Julho de 2014. 
LUZ, Luiz Carlos Alves – Segurança e Saúde do Trabalhador em Serviços de Limpeza Urbana: Estudo de caso, 
2012. Campinas – São Paulo. 501p. Disponível em 
<http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000900765>. Acessado em Julho de 2014. 
MOLOSSI, Ana Paula - Análise dos riscos em coletadores de resíduos sólidos domiciliares no Município de 
Xanxerê – SC – 2012. Projeto apresentado a obtenção do grau de Especialista no Curso de Pós Graduação em 
Engenharia de Segurança do Trabalho. Concórdia – Santa Catarina. 41p. – Disponível em < 
http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/wp-content/uploads/2014/01/Ana-Paula-Molossi.pdf>. Acessado em Julho de 
2014. 
PANTALEÃO, Sergio Ferreira – Acidente de Trabalho – Responsabilidade do Empregador? – 2014. Guia 
Trabalhista. Disponível em <http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/acidente_resp_empregador.htm>. 
Acessado em Julho de 2014. 
PEDROSA, Fabiana Ponte ; GOMES, Adriana Alves ; MAFRA, Andrey da Silva ; ALBURQUE, Eliene 
Zacarias Rodrigues ; PELENTIR, Marli Gisieli da Silva Aquino – Segurança do trabalho dos profissionais da 
coleta de lixo na cidade de Boa Vista – RR – 2010. São Carlos – São Paulo. 12p. Disponível em < 
http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2010_tn_sto_127_819_14884.pdf>. Acessado em Julho de 2014. 
PINHO, Lisandra Matos ; NEVES, Eduardo Borba - Acidentes de trabalho em uma empresa de coleta de lixo 
urbano – 2010. Rio de Janeiro. 9p. Disponível em < http://bases.bireme.br/cgi-
bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&s 
rc=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=621210&indexSearch=ID>. Acessado em 
Julho de 2014. 
RAVADELLI, Luciano - Avaliação dos programas de gestão da segurança e saúde do trabalho de uma empresa 
privada de coleta de lixo domiciliar – 2006. Monografia apresentada no curso de Pós – Graduação em 
Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade Comunitária Regional de Chapecó – Chapecó – Santa 
Catarina. 77p. Disponível em < http://www.unochapeco.edu.br /saa/tese/3625/mografia_luciano.pdf> Acessado 
em Julho de 2014. 
RODRIGUES, Abraão ; PILATTI, Luiz Alberto ; XAVIER, Antonio Augusto de Paula / KOVALESKI, João 
Luiz - Ergonomia aplicada a coletores de lixo domiciliar – Bauru – 2004. São Paulo. 6p. Disponível em < 
http://www.google.com 
.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0CDMQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.simpep.f
eb.unesp.br%2Fanais%2Fanais_11%2Fcopiar.php%3Farquivo%3D656-
rodrigues_a_ergonomiaaplicada.pdf&ei=3Nv8U9LoKpXJsQS1kYGQCQ& 
usg=AFQjCNGrVRFKnU7FLKz2rZ9hdNVUYOGtzw&bvm=bv.73612305,d.cWc&cad=rja>. Acessado em 
Julho de 2014. 
SANTOS, G. O. - Interfaces do lixo com o trabalho, a saúde e o ambiente − artigo de revisão – 2009. Fortaleza – 
Ceará. 10p. Disponível em < http://periodicos.univille.br/index.php/RSA/article/viewFile/233/196>. Acessado 
em Julho de 2014. 
 
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO 
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil 
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. 
. 
 
 
 
 
14 
SILVA, Carla Cristina; CHARRONE, Gisele ; LOPES, Josiana das Dores ; SOUZA, Paula Roberta ; SILVA, 
Daiane Cristiane - Coleta de lixo domiciliar em Muzambinho: Análise das condições de trabalho – 2009. 
Muzambinho – Minas Gerais. 55p. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Técnico em 
Segurança do Trabalho, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas. Disponível em 
<http://www.muz.ifsuldeminas.edu.br/attachments/216 _tcc_carla_ daiene_gisele_josiana_paula.pdf>. Acessado 
em Julho de 2014. 
SILVA, Marcelo Cozzensa. Trabalho e saúde dos catadores de materiais recicláveis em uma cidade do sul do 
Brasil – 2006. Tese apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Ciências. Pelotas 
– Rio Grande do Sul. 229p. Disponível em < http://www.epidemio-ufpel.org.br/uploads 
/teses/tese%20marcelo%20cozzensa.pdf>. Acessado em Julho de 2014. 
SILVEIRA, Iris Sandra Fontana – Avaliação dos riscos ocupacionais na coleta de resíduos sólidos domiciliares 
de Cuiabá/MT, 2009. Monografia de Conclusão do Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do 
Trabalho da Universidade Federal de Mato Grosso. Cuiabá – Mato Grosso. 178p. Disponível em < 
http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0C 
B8QFjAA&url=http%3A%2F%2Feest.phza.net%2Findex.php%3Foption%3Dcom_docman%26task%3Ddoc_do
wnload%26gid%3D346%26Itemid%3D17&ei=85X7U9jSM43eoATx84LAAQ&usg=AFQjCNENhqtz-
zS7FaHYxEEsPa1ASprW6A&bvm=bv.7361 2305,d.cGU&cad=rja>. Acessado em Julho de 2014. 
SOUZA, Diego de Oliveira - A sistematização da assistência de enfermagem (SAE) aos profissionais da coleta 
de lixo urbano, 2009. Ceará – Fortaleza. 3p. Disponível em <http://www.abeneventos.com.br/anais_61cben/files 
/01816.pdf>. Acessado em Julho de 2014. 
VELLOSO, Marta Pimenta ; SANTOS, Elizabeth Moreira ; ANJOS, Luiz Antonio – Processo de trabalho e 
acidentes de trabalho em coletores de lixo domiciliar na cidade do Rio de Janeiro, Brasil – 1997. Rio de Janeiro. 
8p. Disponível em < http://www.scielosp.org/pdf/csp/v13n4/0153.pdf>. Acessado em Julho de 2014.

Continue navegando