Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS Missão: “Formar Profissionais capacitados, socialmente responsáveis e aptos a promoverem as transformações futuras” CURSO DE ADMINISTRAÇÃO FRANCIELY SAVARIS LOPES RANA ZAHWE RIM ZAHWE ADMINISTRAÇÃO DO TERCEIRO SETOR: Organizações sem fins lucrativos e sua forma de gestão Estudo da ONG Instituto Inocência FOZ DO IGUAÇU – PR, 2021 FRANCIELY SAVARIS LOPES RANA ZAHWE RIM ZAHWE ADMINISTRAÇÃO DO TERCEIRO SETOR: Organizações sem fins lucrativos e sua forma de gestão Estudo da ONG Instituto Inocência Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Dinâmica das Cataratas, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Administração. Orientadora: Prof.ª Eva Reda Moussa Mansour FOZ DO IGUAÇU – PR, 2021 TERMO DE APROVAÇÃO UDC – CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS ADMINISTRAÇÃO DO TERCEIRO SETOR: Organizações sem fins lucrativos e sua forma de gestão Estudo da ONG Instituto Inocência TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO, REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO _____________________________________________ FRANCIELY SAVARIS LOPES _____________________________________________ RANA ZAHWE _____________________________________________ RIM ZAHWE ___________________________________________ ORIENTADORA PROF.ª EVA REDA MOUSSA MANSOUR __________________________________ Nota Final BANCA EXAMINADORA: __________________________________ NOME DO EXAMINADOR Centro Universitário Dinâmica das Cataratas – UDC __________________________________ NOME DO EXAMINADOR Centro Universitário Dinâmica das Cataratas – UDC Foz do Iguaçu – PR, 2021 AGRADECIMENTOS Este trabalho de conclusão de curso não poderia ser concluído sem o apoio e orientação que recebi de todos os professores e a equipe de colaboradores desta instituição de ensino. Com as aulas online consegui obter conhecimentos suficientes para administrar uma empresa. Meu agradecimento a toda família que sempre me apoiou para não desistir do meu objetivo final, que é a conclusão do curso. Muitas vezes o motivo de não estar presente em momentos familiares, foi para poder me dedicar aos estudos propostos. “Tudo o que existe e vive precisa ser cuidado para continuar a existir e a viver: uma planta, um animal, uma criança, um idoso, o planeta Terra. Uma antiga fábula diz que a essência do ser humano reside no cuidado. O cuidado é mais fundamental do que a razão e a vontade". (Leonardo Boff) RESUMO Este trabalho tem como objetivo principal explanar a administração das empresas do terceiro setor que são organizações sem fins lucrativos com o objetivo principal a assistência social voltada a população menos assistidas. A essência do terceiro setor engloba instituições de caridade, organizações religiosas, entidades voltadas para as artes, organizações comunitárias, sindicatos, associações profissionais e outras organizações voluntárias. Com o intuito de apoiar, ensinar e colaborar para o desenvolvimento social de um povo. Será abordado neste trabalho a origem do terceiro setor, a gestão de administração, os tipos de organizações, a forma como se regulamenta uma organização e a importância do terceiro setor para a sociedade. O objetivo deste trabalho é o estudo da organização não governamental Instituto Inocência, que trabalha com a prevenção do abuso sexual infantil. Palavras-chave: Terceiro Setor. Abuso Sexual. Instituto Inocência. ABSTRACT This work has as main objective to explain the administration of the companies of the third sector that are non-profit organizations with the main objective of social assistance directed to less assisted population. The essence of the third sector includes charities, religious organizations, arts organizations, community organizations, unions, professional associations and other voluntary organizations. In order to support, teach and collaborate for the social development of a people. In this work, the origin of the third sector, the management of administration, the types of organizations, the way in which an organization is regulated and the importance of the third sector for society will be addressed. The objective of this work is to study the non-governmental organization Innocence Institute, which works with the prevention of child sexual abuse. Palavras-chave: Third Sector. Sexual Abuse. Innocence Institute. LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Dados da ONG Instituto Inocência Tabela 2 – Questionário aos administradores da ONG Instituto Inocência Tabela 3 – Parte 1. Questionário aos colaboradores da ONG Instituto Inocência Tabela 4 – Parte 2. Questionário aos colaboradores da ONG Instituto Inocência Tabela 5 – Parte 3. Questionário aos colaboradores da ONG Instituto Inocência LISTA DE SIGLAS CEBAS – Entidade beneficente de assistência social CNPJ – Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica COVID-19 - Corona Virus Disease 2019 (Doença do Coronavírus) FASFIL – Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos INSS – Instituto Nacional do Seguro Social ONDH - Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos ONGs – Organizações não Governamentais OS – Organização Social OSC – Organização da Sociedade Civil OSCIP – Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público PS – Primeiro Setor TS – Terceiro Setor UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 14 1.1 Objetivos ............................................................................................. 15 1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................... 15 1.1.2 Objetivos Específicos ........................................................................ 15 1.2 Justificativa ............................................................................................. 15 2 METODOLOGIA ........................................................................................ 16 3 DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL ........................................................ 17 3.1 Caracterização da empresa .................................................................... 17 3.2 Histórico .................................................................................................. 17 3.3 Missão ................................................................................................. 17 3.4 Visão ................................................................................................... 18 3.5 Valores ................................................................................................ 18 3.6 Macroambiente ................................................................................... 18 3.6.1 Análise dos Fatores Econômicos ...................................................... 18 3.6.2 Análise dos Fatores Socioculturais ................................................... 18 3.6.3 Análise dos Fatores Demográficos ................................................... 18 3.6.4 Análise dos Fatores Político-legais ................................................... 19 3.6.5 Setores da empresa .......................................................................... 19 4 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................ 20 4.1 A origem do terceirosetor ....................................................................... 20 4.2 O gerenciamento das entidades do terceiro setor................................... 23 4.3 Os tipos de entidades do terceiro setor ................................................... 26 4.3.1 Fundação .......................................................................................... 26 4.3.2 Organização da sociedade civil ........................................................ 26 4.3.3 Cooperativa ...................................................................................... 27 4.3.4 Instituição empresarial ...................................................................... 27 4.3.5 OSCIP ............................................................................................... 27 4.3.6 OS ..................................................................................................... 28 4.3.7 Entidade beneficente de assistência social ...................................... 28 4.3.8 Negócio social .................................................................................. 28 4.4 Um estudo específico do terceiro setor: instituto inocência .................... 29 4.4.1 Dados sobre o abuso sexual infantil no Brasil .................................. 31 5 RESULTADO DOS QUESTIONÁRIOS APLICADOS AOS ADMINISTRADORES E AOS VOLUNTÁRIOS DA ONG INSTITUTO INOCÊNCIA ..................................................................................................... 33 6 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................. 43 7 PROPOSIÇÃO DAS MELHORIAS ............................................................. 48 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 50 9 REFERÊNCIAS ........................................................................................... 52 14 1 INTRODUÇÃO Empresas do terceiro setor são intituladas como organizações do tipo jurídica, entidades de fins públicos e sem fins lucrativos que existem para promover o bem estar da sociedade, contribuindo com o estado para atender as necessidades da população em ações que envolvem a saúde, cultura, educação, religião, defesa de etnias, proteção ao meio ambiente e associações comunitárias que promovem o bem estar social. O primeiro setor é composto pelas entidades públicas; O Estado que é responsável pela administração de recursos públicos. São de responsabilidade do primeiro setor empregar o dinheiro para promover a segurança física, o bem estar social a saúde e educação de seu povo. O segundo setor é composto pelas empresas com atividades econômicas e tem como principal objetivo a geração de lucro. Segundo Falconer (1999 pg. 95) “O termo terceiro setor, no uso corrente, é usado para se referir à ação social das empresas, ao trabalho voluntário de cidadãos, às organizações do poder público privatizadas na forma de fundações e ‘organizações sociais”. Mais do que um conceito rigoroso ou um modelo solidamente fundamentado em teoria – organizacional, política ou sociológica – terceiro setor, no Brasil, é uma ideia-força, um espaço mobilizador de reflexão, de recursos e sobretudo de ação. O estado não consegue atender em sua totalidade as necessidades da população em serviços de assistência social, saúde, educação, cultura entre outros. Para que a estas pessoas fossem atendidas, surgiram as organizações do terceiro setor, pessoas físicas preocupadas com o bem estar de outras pessoas se organizaram e fundaram o assistencialismo através de organizações do terceiro setor. As organizações do terceiro setor tem um papel fundamental ao assistencialismo social, colaborando com o estado para o bem estar social. O administrador especializado no terceiro setor deve se preocupar com a constante melhoria na gestão das organizações, se preocupar com a transparência da prestação de contas, para que possa prestar serviços de qualidade, gerando resultados efetivos. A presença da administração neste setor facilita a gestão e organização, devido ao grande volume de recursos geridos por estas 15 organizações e a necessidade de proporcionar cada vez mais serviços para a sociedade. O administrador por formação deve saber; Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar, indo ao encontro desta nova realidade das ONG’s e afins. 1.1 Objetivos 1.1.1 Objetivo Geral I. Explorar a origem do terceiro setor e a forma de gerenciamento analisando os dados da Ong Instituto Inocência. 1.1.2 Objetivos Específicos I. Apresentar os documentos e procedimentos legais para a formalização e constituição legal de uma empresa do terceiro setor; II. Entrevistar colaboradores da ONG Instituto Inocência; III. Trazer dados intrínsecos à ONG Instituto Inocência. 1.2 Justificativa As empresas do terceiro setor são essenciais para o desenvolvimento da sociedade, atuando em diversos setores, buscam alcançar seus objetivos, cumprir suas metas, envolvidas nos projetos em que atuam. As organizações servem os indivíduos para o crescimento e necessidades. Os motivos que estão fundamentados na criação de organizações sem fins lucrativos estão voltados as necessidades da sociedade, que está vulnerável as ações do estado. 16 2 METODOLOGIA Os encaminhamentos metodológicos que amparam esta pesquisa, teve como base principal, a utilização da pesquisa bibliográfica, na qual pôde-se extrair informações, dados, teorias e pesquisas publicadas por diferentes autores e escritores. De acordo com Lima e Mioto (2007, p. 38): A pesquisa bibliográfica implica em um conjunto ordenado de procedimentos de busca por soluções, atento ao objeto de estudo, e que, por isso, não pode ser aleatório. A investigação das soluções também pode envolver a construção de um instrumento que permita pinçar das obras escolhidas os temas, os conceitos, as considerações relevantes para a compreensão do objeto de estudo. (LIMA E MIOTO (2007, p. 38) A pesquisa bibliográfica tem como finalidade conduzir o investigador nas teorias, nas escrituras, no que foi registrado ou dito sobre determinado assunto. (LAKATOS; MARCONI, 2001). Também foi utilizada a abordagem qualitativa, a qual tem como finalidade apresentar conceitos intrínsecos e exploratórios de caráter subjetivo do objeto analisado. Busca-se compreender o comportamento individual dos seres analisados e apresentar de forma detalhada os dados coletados sem o intuito de quantificar ou ter como representatividade um cunho numérico. Assim, para Minayo (2001, p. 14): a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. (MINAYO 2001, p. 14). Tendo em vista o caráter qualitativo do presente trabalho, foram aplicados dois questionários: o primeiro foi destinado aos administradores da Ong Instituto Inocência para colher informações acerca da organização e trazer dados realísticos que abrangem esta instituição; o segundo foi destinado aos voluntários da Ong Instituto Inocência, o qual teve como principal objetivo colher os relatos pessoais desses altruístas, sejam de momentos de dificuldades ou de momentos em que eles se sentiram realizados com os trabalhos desenvolvidos. 17 3 DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL TABELA 1 - DADOS DO INSTITUTO INOCÊNCIA 3.1 Caracterização da empresa Razão social: Instituto Inocência Nome fantasia: Instituto Inocência CNPJ: 27.026.995/0001-16 Endereço: Av. Duque de Caxias, N° 1462, bairro Centro, Matelândia – Paraná Telefone: (45) 3262-1691 Ramo de atividade: Atividades de associações de defesa de direitos sociais Site: www.inocencia.org.brE-mail: institutoinocenciabr@gmail.com 3.2 Histórico A Ong Instituto Inocência foi fundada em 13 de janeiro de 2017, após um grupo de amigas organizarem uma obra teatral para ensinar prevenção ao abuso sexual diretamente para as crianças, sendo esta a principal área de atuação, a prevenção e o combate ao abuso sexual infantil e as violências conexas, também atuam no combate e conscientização de consequências negativas provocas pelo abuso como suicídio, depressão, e outras formas de abusos psicoemocionais e físicos. Trabalha em conjunto através de parcerias com o poder público e as escolas. 3.3 Missão Contribuir para a prevenção do abuso sexual infantil através de ações que alertem as crianças em relação aos abusos, incentivar que revelem as tentativas ou ataques, instruir pais, educadores e equipes de apoio a tratar do tema, encorajar a denúncia, restaurar e preservar a inocência e a vida plena nos pequenos. https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.inocencia.org.br%2F%3Ffbclid%3DIwAR3JnKoowloQCl-sKHa9NylMuI_SDMYI5gvX4smzr-P_bmtVwL0H8aKHkQI&h=AT3xuS38nufrAoSTM0fmGjGSLWDw-qmROOq5PJr6ilwMWRGI8Ch1icMpK8WZSw9TqAEBlHIQxYks7HDnrDOIhDPcISMJQZEmtyh6i_8WHk4WLwWjY7NJrerSHkTkQF9W189D 18 3.4 Visão Ser referência regional na prevenção e combate ao abuso sexual infantil. 3.5 Valores Integridade; respeito, verdade; comprometimento, excelência; confiança, restauração, responsabilidade; transparência. 3.6 Macroambiente 3.6.1 Análise dos Fatores Econômicos A Ong é estabelecida em uma cidade de pouco mais de 17.000 habitantes, os recursos financeiros são captados através de doações de pessoas físicas e jurídicas e muitas vezes dos próprios idealizadores da Ong. São confeccionados alguns artesanatos para venda com logotipo da instituição. Participação em eventos como feiras e exposições com a venda de produtos. Parcerias com o poder público nos municípios onde realiza atividades, empresas e instituições religiosas, realização de capacitações e palestras cujos caches são doados para instituição. Recursos proveniente de seleções em editais públicos e privados. Também possui uma conta corrente para receber doações. 3.6.2 Análise dos Fatores Socioculturais A principal atividade realizada na Ong é a prevenção de abuso sexual infantil, com ações voltadas para crianças, capacitação e orientação de educadores, pais e comunidade em geral. 3.6.3 Análise dos Fatores Demográficos Os projetos realizados pela Ong Instituto Inocência foram realizados em vários estados brasileiros, Paraná, Minas Gerais, Espirito Santo, Bahia e 19 também no exterior. (Argentina, capacitação e orientação de equipes de trabalho no Equador e na África do Sul). A localização da Instituição não influi no andamento dos trabalhos, pois todos são realizados fora da sede da Ong, geralmente em escolas, praças, auditórios. 3.6.4 Análise dos Fatores Político-legais A ong possui um responsável jurídico que sempre está atento a legislação para a administração da instituição. 3.6.5 Setores da empresa A Ong é composta pelas seguintes pessoas: diretoria da instituição composta por: presidente, vice-presidente, secretários, tesoureiros, conselho fiscal, um grupo de sócios fundadores composto por: médicos, psicólogas, advogada, pedagogas, psicopedagogas, profissionais de educação física, recreação, engenheiros, técnico em iluminação, som, estrutura de palco, editor de vídeos, motorista, entre outras profissões e habilidades, além de uma diretoria executiva composta por 3 pessoas. 20 4 REFERENCIAL TEÓRICO O referencial teórico é a parte da pesquisa que estrutura, conceitua, teoriza e sustenta o trabalho acadêmico, tendo como função principal dar consistência em todo o conteúdo aqui explorado, estando atrelado aos embasamentos de autores, artigos e literaturas acerca do tema abordado. O referencial teórico foi estruturado em nove tópicos principais, a saber: a origem do terceiro setor; o surgimento do terceiro setor no Brasil; os profissionais que atuam nas organizações do terceiro setor; as funções do profissional em uma empresa do terceiro setor; o surgimento termo ong; as entidades que compõem o terceiro setor e suas diferenças; qual é a legislação que regulamenta as atividades do terceiro setor?; como se constitui uma empresa do terceiro setor; gerenciamento das organizações; ações para captar recursos financeiros; marketing das organizações. 4.1 A origem do terceiro setor A nomenclatura terceiro setor é considerada nova, porém as suas abordagens e ações já são praticadas há muito tempo. O terceiro setor (TS) existe desde sempre, tendo em vista seu caráter caridoso por meio de igrejas, ONGs e outras entidades que não possuem fins lucrativos. Segundo Santos e Martins (2016), o trabalho surgiu com o propósito de inserção e integração dos indivíduos na sociedade, tendo como objetivo o desenvolvimento pessoal e social. Uma das características do TS é o suprimento de falhas que ocorrem no primeiro setor, uma vez que o Estado não desenvolve um trabalho significativo que atende as necessidades regionais como os grupos menos favorecidos que são os que mais precisam de assistências básicas. É possível inferir que o Estado prefere repassar verbas e recursos às entidades do terceiro setor para que estas possam desenvolver seu trabalho a favor dos cidadãos necessitados. Paes (2010) apud Costa e Freitas (2012, p. 114) “o Estado, por si só, não tem capacidade de gerar o bem-estar social, fomentar o progresso econômico, resguardar o meio ambiente e melhorar a qualidade de vida da população”. 21 O Estado que deveria criar condições favoráveis à população e suprir suas necessidades básicas de subsistência como saúde, educação, segurança, cria mecanismos para eximir-se de suas obrigações, respaldado por um ideário neoliberal que se utiliza da sociedade civil organizada para legitimar sua ausência. (NOGUEIRA, 2004, apud PARENTE, 2008, p. 121) O Estado que deveria oferecer os diretos sociais e básicos para todo cidadão, como: saúde, educação, segurança e lazer, muitas vezes não cumpre seu papel, principalmente em países subdesenvolvidos onde não consegue suprir a sua demanda. O Estado deveria ter essa responsabilidade de trazer oportunidades para todas as pessoas independentemente de suas condições de vida. Os direitos sociais e básicos como educação, saúde, segurança etc., não são atribuídos a essas pessoas. Já as entidades do TS não objetivam lucro, porém muitas delas recebem algum tipo de recurso de grandes empresários, pessoas caridosas e outros meios, para que haja um trabalho com maior qualidade e bem desenvolvido. Todo o lucro gerado dentro de uma instituição de TS é aplicado em programas de integração, socialização, bem como auxilia nas manutenções e mantimentos que as entidades necessitam. Oliveira (2005, p. 86) explica o terceiro setor como um grupo de atividades voluntárias, praticadas por companhias privadas não governamentais e sem ânimo de lucro (associações ou fundações), tendo como objetivo estabelecer e oferecer oportunidades e acolhimento em benefício à sociedade. Dessa maneira, o terceiro setor não pode ser considerado como público ou privado com os seus sentidos denotativos, entretanto, está atrelado entre os dois conceitos que abrangem esses termos, isto é, o TS é constituído por corporações privadas, contudo, sem visar lucro próprio. O terceiro setor pode ser então considerado como uma instituição pública, caráter privado. As entidades de terceiro setor exercem um papel fundamental dentro da sociedade, almejando propósitos e metas, as quais não são atingidas pelo Estado, portanto, o TS funciona como um meio solidário de forma voluntária e espontânea para suprir as necessidades não atendidas pelo Estado.Pode-se dizer que o "terceiro setor" é composto de organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária, num âmbito não-governamental, dando continuidade às práticas tradicionais da caridade, da filantropia e do mecenato e 22 expandindo o seu sentido para outros domínios, graças, sobretudo, à incorporação do conceito de cidadania e de suas múltiplas manifestações na sociedade civil (FERNANDES, 1996, p. 35) É notório que a participação dos agentes dentro dessas instituições sem fins lucrativos é formada, em sua grande maioria, por voluntários que visam atingir diretamente a vida dos cidadãos desintegrados da sociedade, transformando e os reintegrando de forma igualitária sem julgamentos e críticas, pois o objetivo maior do TS é trazer dignidade a esses seres. O Terceiro Setor vem crescendo a cada dia em todo o mundo, adaptando- se de acordo com sua localização e sociedade. Com a expansão emergente, as falhas do Estado ficaram mais aparentes, o que impacta diretamente na forma como o TS é visto. Mesmo não sendo bem visto muitas das vezes pelos órgãos do Estado, o TS surgiu no Brasil com a intenção de preencher as lacunas existentes na sociedade brasileira, lacunas, as quais não têm tido a devida atenção. Vale ressaltar que o TS não tem como intuito apenas auxiliar os cidadãos que estão inseridos em uma vida precária, subdesenvolvida ou que precisam de algum tipo de caridade. As entidades sem fins lucrativos vão muito além disso. São desenvolvidos projetos sociais que visam formar cidadãos melhores, pensantes, questionáveis e socialmente ativos, atingindo a moral, ética, valores e princípios, bem como promovendo acesso à cultura, esporte, educação e outras realidades não vividas por esses indivíduos. A busca pelo conhecimento e crescimento pessoal é um dos fatores que mais implicam no TS. Há muitos tipos de entidades nesse meio, seja na área de acolhimento, na educação, na saúde, no esporte, até mesmo entidades que buscam realizar evolução espiritual e fé. O TS tem como objetivo a diminuição da criminalidade, a proteção contra o abuso sexual, o acolhimento de indivíduos exilados da sociedade entre outras melhorias para os problemas sociais existentes, portanto, é preciso notar que o trabalho desenvolvido pelo setor é de suma importância, uma vez que os agentes resgatam a dignidade dessas pessoas oferecendo ajuda, cultura, educação, saúde, esporte etc., direitos sociais que estão assegurados pelo Estado, mas que este, não desenvolve e não abrange essa parte da sociedade. 23 4.2 O gerenciamento das entidades do terceiro setor A curadoria de qualquer empresa é um trabalho que apresenta desafios e, principalmente, no terceiro setor, tendo em vista seu aspecto peculiar. Sua função organizacional é ampla tendo que dar uma atenção mais especial e cuidadosa, uma vez que se caracterizam como sem fins lucrativos. Dado essas informações, é importante salientar que o terceiro setor não possuem, muitas das vezes, recursos, seja materiais ou monetários, para se manter em atividade constante. Os funcionários na realidade não são funcionários e, sim, voluntários, que por sua vez, demonstram apoio à entidade e trabalham sem nenhuma intenção de receber recompensa em troca. O maior intuito é estabelecer metas para melhorias dos problemas sociais e resgatar o maior número possível de pessoas em situação de vulnerabilidade. Dessa forma, a gestão das instituições sem fins lucrativos precisa ter pessoas competentes que demonstram confiança, responsabilidade, solidariedade, empatia, bom senso, interesses públicos e proatividade a favor de uma população menos favorecida (KISIL, 2000). Levando em consideração a desigualdade social brasileira, é preciso destacar que o Estado, considerado o primeiro setor (PS), não consegue abranger todas as necessidades públicas e sociais, para tanto, o trabalho desenvolvido pelo TS é justamente esse, preencher as lacunas que o PS não consegue atingir. Fazem parte do TS as organizações não-governamentais (ONGs), bem como outros tipos de instituições. Tachizawa (2006, p.312) define as ONGs como: Organizações não governamentais (ONGs) são entidades de natureza privada (não públicas) sem fins lucrativos, que juridicamente ou são associações ou fundações. Nesse tipo de organização enquadram-se, também, as organizações da sociedade civil (OSCs), organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIPs). (TACHIZAWA, 2006, p. 312). Segundo Coelho (2000), no Brasil a nomenclatura “terceiro setor” adquire algumas designações, uma vez que livros, artigos e outras publicações acerca do tema, comentam que o termo se desassocia de sua determinação denotativa: 24 ONGs (Organizações não governamentais), voluntariado, entidades sem fins lucrativos, etc. Para ser considerado como TS é preciso seguir alguns critérios segundo o IBGE que conceituou alguns aspectos importantes para definir as Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos (FASFIL) baseada nos fundamentos e metodologia do Manual sobre as Instituições sem Fins Lucrativos no Sistema de Contas Nacionais, o qual foi elaborado pelas Nações Unidas e pela Universidade John Hopkins, em 2002. Neste documento está descrito os seguintes preceitos (i) privadas, não integrantes, portanto, do aparelho de Estado; (ii) sem fins lucrativos, isto é, organizações que não distribuem eventuais excedentes entre os proprietários ou diretores e que não possuem como razão primeira de existência a geração de lucros – podem até gerá-los desde que aplicados nas atividades fins; (iii) institucionalizadas, isto é, legalmente constituídas; (iv) autoadministradas ou capazes de gerenciar suas próprias atividades; e (v) voluntárias, na medida em que podem ser constituídas livremente por qualquer grupo de pessoas, isto é, a atividade de associação ou de fundação da entidade é livremente decidida pelos sócios ou fundadores (ONU e HOPKINS, 2002 apud IBGE, 2008, p. 12-13). Drucker (2003) conceitua as organizações do terceiro setor como empreendedoras sociais uma vez que desenvolvem mudanças na sociedade, então, retira-se o aspecto de “negócio”, haja vista as entidades do TS não apresentarem recursos financeiros significativos para se gerenciar. Salvatore (2004, p. 19) destaca que o TS é uma área em crescimento, desta forma o autor ainda acrescenta que Assim é que vozes, das mais sérias a outras nem tanto, vaticinam a gestão como definidor do sucesso ou do fracasso das instituições do Terceiro setor, perante as novas exigências do mundo globalizado. Nessa perspectiva, vende-se a ideia, que é comprada pelas instituições sociais filantrópicas, de que elas terão que, para sobreviver, adotar os mesmo mecanismos e instrumento de gestão de empresas privadas, incutindo-se nesses gestores o mito de que tudo que é empresarial é bom, ou o que é bom para as empresas privadas é bom para as organizações do terceiro setor [...]. (SALVATORE, 2004, p. 19). McCarthy et al. (2008), salienta a importância do preparo, treinamento e formação profissional para o responsável que fará a curadoria de alguma entidade sem fins lucrativos 25 [...] para o setor de filantropia prosperar e crescer precisará cultivar profissionais que possam representar o conjunto do campo, assim como administradores capazes dentro de instituições individuais. Aqui, também, pesquisa e educação desempenham papel simbiótico. (MCCARTHY ET AL., 2008, p. 115). O conceito de gestão dentro do TS é bastante discutido, tendo em vista seu caráter visionário e determinado por um indivíduo que teve a iniciativa de trazer benefícios para a sociedade, isto é, o seu instituidor ou idealizador não possui uma formação básica ou conhecimentos específicos no que diz respeito às práticas e atividades desenvolvidas dentro do setor. A ideiae interesse em ajudar a sociedade surge, porém, o gerador não tem plena certeza nem mesmo se terá condições físicas, estruturais, financeiros e até mesmo emocionais para se estabelecer no terceiro setor e crescer em seu empreendimento. Marcovitch et al. (1997) confirma a teoria de McCarthy et al. (2008) quando ele menciona a necessidade de aperfeiçoamento educacional para se administrar uma empresa do terceiro setor. De acordo com o autor Marcovitch et al. (1997), a profissionalização do TS é caracterizada com uma ferramenta significativa que auxiliará nas tomadas de decisões, bem como no processo de gestão da empresa. Tenório (2008), diz que as organizações devem gerenciar a parte financeira e outros tipos de capital de acordo com a necessidade e com o dinamismo das atividades desenvolvidas, tendo como trabalho não só a orientação e capacitação de agentes, como também a transparência na prestação de contas, apresentar os relatórios das operações, repasse e distribuição correta no encaminhamento dos recursos que forem entrando no caixa da empresa. Portanto, o TS deve estar amparado por lei e seguir à risca a legislação para que as atividades não sejam interrompidas, isto é, para obter recursos, incentivos fiscais, tornarem-se isentos de taxas tributárias, além de outros benefícios, é preciso que os órgãos reguladores reconheçam os trabalhos operados pelas empresas para que haja sua verificação e recomendação. 26 4.3 Os tipos de entidades do terceiro setor As organizações do terceiro setor podem sofrer variações a depender da sua área de atuação. Elas podem ser classificadas em: institutos, fundações, associações comunitárias, entidades sociais e filantrópicas, tendo como objetivo interesses públicos, fundadas por indivíduos que possuem espírito solidário e praticam empatia. Os agentes do TS promovem educação, saúde, cultura, serviço social, religião, defende os direitos sociais dos participantes, bem como auxilia na prevenção do meio ambiente. O TS apresenta um quadro de colaboradores não remunerados, mesmo quando precisam de recursos para dar continuidade em suas atividades ou aperfeiçoamento profissional. (GUIMARÃES, 2020). Conforme a instituição do Marco Regulatório do Terceiro Setor (2014), os tipos de entidades filantrópicas podem ser caracterizados como Organização da Sociedade Civil (OSC), portanto, as denominações podem ser diversas: fundação, organização da sociedade civil, cooperativa, instituto empresarial, OSCIP, OS, entidade beneficente de assistência social, negócio social. 4.3.1 Fundação É fundada a partir da cessão de um patrimônio por uma pessoa física ou empresa. É regulamentado por meio de testamento ou ainda em vida. O bem é declarado e empossado por meio de uma escritura pública e deve ter sua constituição validada pelo Ministério Público Federal. (INK, 2019). 4.3.2 Organização da sociedade civil É fundada a partir de uma associação entre duas ou mais pessoas, que tem um objetivo comum e manifestações convergentes e de interesses sociais mútuos. Os agentes oficializam e formalizam os ideais por meio de um Estatuto, o qual deve ser aprovado em Assembleia e, posteriormente, registrado em cartório. A OSC é registrada como se fosse uma empresa, ou seja, deve possuir o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), certificado pela Receita 27 Federal, obrigando-as a seguirem toda a formalização Federal, Estadual e Municipal. (INK, 2019). 4.3.3 Cooperativa Também chamadas de associações sem fins lucrativos, as cooperativas se unem com um único propósito, isto é, que o seu trabalho atinja aos seus associados. A formalização se dá por meio de uma Assembleia Constitutiva, a qual deve ser registrada em cartório. (INK, 2019). 4.3.4 Instituição empresarial Os institutos empresariais são fundados por estabelecimentos privados, tendo como principal objetivo operar e desenvolver ações de caráter social corporativa e/ou filantrópica. De forma jurídica, são associações e fundações. (INK, 2019). 4.3.5 OSCIP São as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, que recebe o título ou certificado emitido pelo Ministério da Justiça do Brasil, o qual reconhece sua competência na reprodução de suas responsabilidades. É caracterizada como uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, organização não governamental, que promovem projetos e ações sociais. Com o credenciamento formalizado, a OSCIP pode firmar convênios, bem como recrutar parcerias em todas as instâncias governamentais e órgãos públicos seja federal, estadual ou municipal, como também podem receber recursos e doações de empresas privadas. Os gestores, nesse caso, podem ser remunerados. (INK, 2019). 28 4.3.6 OS Conhecidos como Organização Social, a OS nada mais é do que uma pessoa jurídica que se constitui dos direitos privados, porém, sem fins lucrativos. Suas práticas sociais são realizadas de forma que promovam acesso à cultura, à pesquisa científica, ao ensino, à saúde, à tecnologia, ao zelo do meio ambiente. A OS pode receber recursos direto do poder público (isenção fiscal, dotações orçamentárias, etc.). (INK, 2019). 4.3.7 Entidade beneficente de assistência social Também conhecida como CEBAS, as entidades beneficentes de assistência social possuem um certificado emitido pelo poder público federal, que os permitem trabalharem em âmbito social de forma que dê assistência e amparo coletivo. Não possuem obrigações de contribuírem para a seguridade social (INSS) e podem firmar convênios com o poder públicos assim como obter direitos ao que as competem. (INK, 2019). 4.3.8 Negócio social Estabelecimentos que administram seus contratos para fins lucrativos são chamados de negócios sociais. Contudo, é importante ressaltar que o negócio social possui o objetivo de solucionar problemas sociais, de forma positiva, para direcionar os trabalhos coletivos. Eles não podem ser associados às empresas que visam lucros, uma vez que se dispõem de lucros com um único propósito, no caso, social. Esse tipo de instituição não possui uma legislação específica para regulamentar as atividades desenvolvidas, mas podem se formalizar de forma constitutiva, ou seja, é representada como uma entidade comercial. (INK, 2019). 29 4.4 Um estudo específico do terceiro setor: instituto inocência O Instituto Inocência é uma organização do terceiro setor, sem fins lucrativos, declarada Utilidade Pública Municipal (Lei 3.927/2017) e registrada no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente do município de Matelândia (sob n0 03/2018), criada por profissionais voluntários de diversas áreas e especialidades, a partir de um sonho: permitir que as crianças tenham preservada sua inocência, sua pureza e possam crescer em plenitude, desfrutando genuinamente cada fase de suas vidas de maneira saudável e adequada a sua faixa etária. O principal objetivo do Instituto Inocência é trabalhar na prevenção do abuso sexual infantil, uma violência silenciosa, que não respeita condições socioeconômicas, culturais, de raça ou religião, ocorre quase sempre de maneira velada e grande parte dos casos não chega ao conhecimento das autoridades. Estimativas da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) apontam que acontecem 2 milhões de novos casos de abuso sexual infantil a cada ano, somente na América Latina e Caribe, isso significa cerca de 240 casos por hora, 4 por minuto e 1 a cada 15 segundos. A cada 3 crianças, uma será abusada sexualmente antes de chegar à puberdade, 77% das vítimas são menores de 12 anos e 60% são mulheres. Entidades internacionais já relacionaram mais de 250 consequências negativas ao longo da vida de uma vítima. Esses dados alarmantes ganham mais relevância quando se observa que 94% dos abusos são causados por familiar,conhecido ou vizinho da vítima, ou seja, alguém da confiança da criança. Quem deveria cuidar e proteger é quem comete o crime. Os números mencionados podem ser considerados apenas “a ponta de um grande iceberg” já que existe um muro de silêncio que acompanha cada história de violência. Para combater esta realidade existe uma esperança: a prevenção direta com a criança, realizada por meio da educação sexual adequada à sua faixa etária, produzindo, em uma situação de vulnerabilidade, um comportamento de proteção de 80% em relação às crianças não prevenidas. Assim, ainda que o abuso ocorra no seio familiar, a criança terá possibilidade de se defender ou romper o silêncio e revelar o acontecido, possibilitando o tratamento da vítima e o combate a delinquência. 30 Para abordar esta temática, a equipe buscou ferramentas que alcançassem o público infantil, o principal público alvo, de maneira lúdica e com linguagem acessível, unindo: cuidado, prevenção, imaginação, fantasia, luzes, sons, música, dança, brincadeiras, histórias e estórias. O tema “proibido” cede lugar à abordagem leve, entretanto, muito eficaz. Por meio da peça teatral “A Corajosa Chapeuzinho” uma releitura do conto Chapeuzinho Vermelho que utiliza diversos recursos da ludicidade, o tema é abordado com crianças de 4 a 12 anos que após o espetáculo cantam a prevenção por meio da canção “Pode Parar” conscientes da importância de dizer NÃO ao abuso e contar para alguém sobre a conduta inadequada de qualquer adulto. Palestras de sensibilização e capacitação para enfrentamento do tema no meio escolar são realizadas com professores, orientadores sendo oferecida também aos Comissários da Infância e toda rede municipal de atenção e proteção da criança e adolescente, são fornecidas estratégias, material didático para abordagem em sala de aula, percepção e condução dos casos suspeitos, além de orientação a denúncia às autoridades competentes. O Instituto Inocência em pouco mais de 3 anos de existência já atuou nas cidades de Matelândia, Santa Tereza, Céu Azul, Ramilândia, Medianeira, Vera Cruz do Oeste, Dois Vizinhos, Capitão Leônidas Marques e Verê no Paraná, em Juazeiro da Bahia, na Bahia, Vitória, no Espirito Santo, Juiz de Fora e Varginha, em Minas Gerais, tendo ainda orientado e monitorado projetos na Argentina e no Equador, bem como voluntário na África do Sul, alcançando mais de 20.000 (vinte mil crianças e adultos). A instituição realiza diversos atendimentos psicológicos e médicos além de orientações quanto à denúncia e enfrentamento de casos levantados a partir dessas ações. Os gerenciadores querem chegar antes do abuso, por isso, eles espalham sementes de prevenção por onde estiverem. Os administradores entendem que cuidar da criança é como preparar um jardim, uma sociedade melhor no futuro começa por cuidar daqueles que um dia possam fazer a diferença. 31 4.4.1 Dados sobre o abuso sexual infantil no Brasil O abuso sexual pode ser associado a várias situações, não apenas com o ato físico contra a criança, tem-se também a exploração sexual infantil que tem como objetivo a exploração do corpo infantil para obter lucro. Há a prostituição, a qual faz uso do corpo da criança ou adolescente, bem como a pornografia que é a venda de artigos que expõem a criança ou adolescente. Esses crimes são, de fato, explorações que acontecem para saciar as vontades físicas e até mentais do autor do crime. Pode se dizer que o abuso sexual é consumado por toque físico ou penetração. Quando se fala em abuso sexual, automaticamente, é associado apenas a um crime de pedofilia, entretanto, segundo a Classificação de Doenças e da Organização Mundial da Saúde, a pedofilia é caracterizada como uma doença, de forma que afeta o psicológico do praticante, desenvolvendo nele um transtorno sexual. Costa (2002) afirma que mulheres e crianças estão inseridas em um contexto de submissão na sociedade. Com uma sociedade machista, a desigualdade social vivida pelas mulheres no Brasil se deve a vários fatores, à submissão, à desigualdade no trabalho, em cargos políticos entre outros. Conforme Costa (2002 apud GODOI, 2019) “a formação econômica e social brasileira – por longo período baseado na escravidão – e em seu ethos machista, não podem deixar de ser considerados como determinantes de certa naturalização da violência contra os mais jovens”. (COSTA, 2002 APUD GODOI, 2019, p. 334). A Lei Federal 8.069/90, criada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determina, em seu artigo 5º, que nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão, punindo na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais” (BRASIL, 1990). A lei defende a proteção total da criança e do adolescente, fazendo com que todo tipo de abuso possa ser comunicado às autoridades policiais, após a denúncia, as autoridades investigarão os casos e até mesmo impor medidas de 32 proteção às vítimas e, quando confirmado a autoria, o responsável será punido pelos seus atos. Segundo os dados disponibilizados pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, em 18 de maio de 2020, foram divulgadas informações referentes ao Programa Disque 100, o qual oferece um serviço do governo brasileiro para a proteção das crianças e dos adolescentes, destacou que foram mais de 86,8 mil casos registrados de violações de direitos de crianças e adolescentes, um aumento de quase 14% em relação a 2018. A violência sexual concentra cerca de 11% das denúncias que se referem a estes casos específicos, o que corresponde a 17 mil ocorrências. Comparando 2020 a 2018, não houve muita alteração, mantendo-se estável, bem como apresenta uma pequena queda de 0,3%. O levantamento feito pela Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH) (2020), identificou que a violência sexual é praticada dentro da casa da vítima ou do suspeito, ou seja, a vítima tem contato íntimo com familiares, parentes ou conhecidos, e, esse dado, é apresentado com um número expressivo: 73% dos casos, sendo 40% dos atos são cometidos por pai ou padrasto. A grande maioria dos suspeitos é do sexo masculino, de idade adulta entre 25 e 40 anos, em mais de 87% dos registros. Já as vítimas estão concentradas na faixa etária de 12 a 17 anos, sendo 46% do sexo feminino. Vale ressaltar que o dia 18 de maio é considerado o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, também chamado de Maio Laranja, em homenagem à Araceli, a qual foi brutalmente assassinada em 1973, em Espírito Santo, aos 08 anos de idade. É uma campanha que tenta apresentar dados expressivos de abuso sexual infantil para alertar a população. Maurício Cunha (2020), Secretário Nacional da Criança e do Adolescente, disserta A campanha tem como escopo incentivar a realização de atividades para conscientizar, prevenir, orientar e combater o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes. A proposta é tirar o tema da invisibilidade, informando, sensibilizando, mobilizando e convocando toda a sociedade a participar da causa em defesa dos direitos de crianças e adolescentes. [...] Essa problemática tem diversas formas de manifestação, tem a exploração pra fins comerciais, a questão do abuso sexual intra doméstico que é um problema gravíssimo e a gente está chamando atenção de uma maneira especial, esse ano, para o contexto da pornografia na internet. (CUNHA, 2020, p. 01). 33 Como é sabido, o ano de 2020 foi afetado pelo vírus COVID-19, que teve como consequência o isolamento social. Dessa forma, as famílias foram obrigadas a passar a maior parte do tempo dentro de casa isoladas, o que acarretou no aumento de vítimas dentro do seio familiar. Houve também uma maior conectividade à internet,onde crianças e adolescentes ficaram cada vez mais expostas nas redes sociais, acrescendo a atenção dos criminosos. O Ministério da Justiça e Segurança Pública e o Ministério da Mulher possuem um canal de atendimento a essas pessoas em situação de vulnerabilidade. O acesso ao canal se dá por ligação, onde o indivíduo precisa discar o número 100, também é fornecido, de forma gratuita, o aplicativo dos Direitos Humanos, bem como o site da ONDH, canais que funcionam 24 horas por dia e 7 dias da semana. 5 RESULTADO DOS QUESTIONÁRIOS APLICADOS AOS ADMINISTRADORES E AOS VOLUNTÁRIOS DA ONG INSTITUTO INOCÊNCIA Neste capítulo será apresentado as respostas das perguntas que foram elaboradas aos administradores da Ong Instituto Inocência e aos colaboradores desta instituição a fim de conhecer melhor a atuação de cada participante e suas funções dentro da organização. Camargo et al. (2001, p. 18): A essência do Terceiro Setor reporta-se a um conceito abstrato e ideológico, no qual se atribui a existência de um mecanismo social público, porém não-estatal. Ao mesmo tempo, tem um conteúdo concreto, referente ao conjunto de entidades filantrópicas sem fins lucrativos, que reúne um aparato de recursos particulares em defesa de interesses coletivos. (CAMARGO et al., 2001, p. 18). A Ong é composta por duas administradoras, que foram as idealizadoras do projeto, são elas que gerenciam toda a instituição, com apoio da equipe diretora. Abaixo segue o questionário aplicado aos administradores e colaboradores (nomes fictícios para preservar os indivíduos): 34 TABELA 2 – QUESTIONÁRIO AOS ADMINISTRADORES DA ONG INSTITUTO INOCÊNCIA PERGUNTAS ÀS ADMINISTRADORAS RESPOSTAS DA PRESIDENTE RESPOSTAS DA VICE- PRESIDENTE 1. Para começar, qual o seu nome? Maria Souza Leticia Miranda 2. Qual sua posição dentro da ONG? Presidente Vice- presidente 3. Como surgiu a ideia de abrir uma ONG para a prevenção de Abuso Sexual? A ideia surgiu após estar em uma palestra de outra ONG internacional que incentivava outras pessoas a lutarem como eles na prevenção do abuso sexual infantil. Dali iniciou um sonho, vindo de Deus para fazer a diferença. Após realização de uma atividade (teatro) para prevenção do ASI, que ganhou proporções muito maiores que a ideia inicial, e recebeu diversos convites para apresentações em distintos lugares, o surgimento de entraves por conta de não haver formalização da instituição, um empreendedor que viu o espetáculo, ficou encantado e auxiliou na formalização do trabalho que já vinha acontecendo. 4. Quais foram os motivos que os levaram a escolher a causa principal da missão desta ONG? Saber que as marcas do abuso podem trazer consequências para toda uma vida. Saber que existem vidas que hoje sofrem pelo passado e ainda sentem hoje que não há nada que possa ser feito. Saber que a infância de milhares está sendo roubada. Por de um sonho e chamado feitos por Deus, que proporcionou o compartilhar da ideia de lutar pela causa, juntamente com a imensa quantidade de casos que chegavam até nós por conta do trabalho e das ações que já eram desenvolvidas por nós com crianças, pelos terríveis relatos dos casos apresentados por vítimas que buscaram auxílio. 5. Quais os objetivos principais da ONG? Prevenir o abuso sexual infantil. Prevenção e combate ao ASI, promoção de crescimento e vida plena para as crianças. 35 6. Os objetivos estão sendo alcançados? Sim. Sem dúvidas. Os números de crianças alcançadas, bem como a quantidade de depoimentos, relatos e feedbacks positivos que recebemos tanto de crianças, como dos pais e profissionais que atuam com crianças demonstram que o trabalho alcança seu propósito. É comum ouvir relatos de atitudes preventivas realizadas pelas crianças, bem como ouvi-las cantando canções e entoando frases de cuidado. 7. Qual a maior dificuldade enfrentada pela ONG? A falta de tempo para poder investir mais na ONG. Falta de disponibilidade de agenda dos profissionais envolvidos para ampliar ações e área de abrangência do trabalho. 8. Quais são os facilitadores que trabalham na ONG? Voluntários com formações acadêmicas, responsáveis vocacionados com o objetivo da ONG. A equipe é composta por diversos profissionais em suas áreas, medicina, psicologia, pedagogia, direito, engenharias e uma série de outras, todos voluntários que atuam em variados projetos desenvolvidos pela ONG 9. Como as pessoas, as escolas, educadores e os pais reagiram a esta iniciativa? Admirados com a maneira, prática e lúdica com a qual abordamos o assunto, entusiasmados e encorajados a auxiliar o instituto no seu objetivo. Muito positivamente, em geral as pessoas se surpreendem com a resultado das ações, vendo nas crianças que a mensagem foi clara, que a criança tem entendimento sobre o assunto e que isso pode ser feito de uma maneira muito leve, didática e construtiva. A 36 maioria relata ter dificuldade de abordar o tema com as crianças que tem contato, e manifestam que eles mesmos aprendem definições, riscos e atitudes simplórias que desconheciam. 10. Para finalizar, conte-nos como você se sente estando a frente dessa causa tão importante em nossa sociedade. Privilegiada, pois semear sementes de prevenção ao abuso sexual infantil é cuidar da próxima geração, é investir no futuro de crianças para que possam desfrutar sua infância e sonhar com o futuro sem culpas e sem marcas. Cumprindo um propósito. Apesar do tema ser extremamente pesado e triste, a possibilidade de prevenir casos, evitar essa e outras violências, poupar crianças do trauma, ou evitar que seus desdobramentos sejam ainda mais trágicos e destrutivos, ter a possibilidade de auxiliar uma criança/adulto e família ressignificar seu passado/trauma, recobrar a esperança e voltar a sorrir não tem preço. É um privilégio que Deus nos dá. Enquanto houver fôlego, continuaremos lutando por nossas crianças. TABELA 3 – PARTE 1. QUESTIONÁRIO AOS COLABORADORES DA ONG INSTITUTO INOCÊNCIA 1. Colaboradores 2. Qual sua função dentro do projeto? 3. Por qual motivo você decidiu participar do projeto da ONG Instituto Inocência? Carla Voluntária Pois acredito na missão do projeto! Agnaldo Não tenho função específica. Atuo nos projetos como monitor. Iniciei a participação por convite, mas permaneço pela causa. 37 Fernanda Bailarina Por ser um tema muito importante e, infelizmente, frequente na nossa sociedade e por estar servindo a Deus através desse Instituto! Marco Sonoplasta e Iluminação Amor Jean Serviços Gerais Pela proposta de atuação da ONG, sua organização e pelas pessoas que iniciaram o trabalho devido a sua capacidade e comprometimento. Mariana Bastidores Porque acho que é algo muito importante de trabalhar. Ana Voluntária em atividades recreativas voltadas para crianças e adolescentes. Por conhecer as idealizadoras do Projeto e querer fazer parte de um Instituto com Cosmovisão Cristã. Julia Atuar, montar e desmontar cenários. Ou em qualquer outra necessidade que surgir. Por "fazer parte" de algo que pode mudar uma realidade tão dura de se combater. Daniela Secretária Fui convidada, e amo o trabalho do instituto Rafaela Voluntária Pela seriedade do trabalho e pela urgência do trabalho. Bianca Colaboradora Por ser de grande importância, em ajudar nossas crianças. Bem como os organizadores nesta grande parceria, ajudar a Ong a ajudar muitas crianças. Lauane Voluntário Para ajudar a prevenir a invasão sexual, em especial nas crianças. Bruno Voluntário Pela mensagemque transmite e sua luta contra o abuso sexual infantil 38 TABELA 4 – PARTE 2. QUESTIONÁRIO AOS COLABORADORES DA ONG INSTITUTO INOCÊNCIA 1. Colaboradores 4. Como você define a importância do tema principal que é a prevenção ao Abuso Sexual? 5. Quais estados e países vocês já desenvolveram o projeto? 6. Qual a maior dificuldade que você observa na ONG? Carla Essencial para a vida das crianças. Paraná O lidar com os órgãos públicos no desenvolvimento do projeto em algumas cidades. Agnaldo O tema por si só é de extrema importância, agora a necessidade de prevenir o abuso é muito grande, atualmente a necessidade de prevenção é gritante, pois o abuso ocorre de diversas formas inclusive pela Internet. Paraná: Foz do Iguaçu Medianeira (comunidade/dis trito) Céu azul Matelândia Acho que a questão financeira, e o fato de depender de voluntários, isso limita um pouco o trabalho quanto a qualidade e a datas, por causa da disponibilidade das pessoas. Fernanda É praticamente salvar vidas, salvar dos traumas que isso traz, dos sentimentos de inferioridade, da insegurança, salvar da má construção da imagem do amor que o abuso constrói. Paraná Tempo viável para executar tudo. A gente vai pra uma cidade e precisa fazer até 6 apresentações no dia pra conseguir atingir a todos. Mas acredito que seria melhor se pudéssemos ficar mais de um dia, apresentaríamos com mais tempo, dando mais atenção às necessidades! Marco A importância é indispensável para vida das crianças Paraná, Brasil Tempo de realizar mais atividades 39 Jean Tema de suma importância, pouco trabalhado na sociedade e de urgência tamanha. Brasil, Argentina, Paraná Falta da sede, recursos materiais e de pessoal de tempo integral. Mariana Extremamente necessária para proteção de gerações futuras Brasil Paraná Recursos para alcançar maior número de crianças possível Ana O abuso sexual é um dos crimes que mais deixam marcas avassaladoras na vida da vítima. Marcas físicas, emocionais e espirituais. Prevenir que alguém passe por tamanha tragédia é uma obrigação de todo aquele que entende que o ser humano é a imagem e semelhança de Deus. Eu participei no meu estado, Paraná. Falta de voluntários realmente comprometidos com a causa. Julia Essencial na vida da criança. Paraná/Brasil Falta de recursos financeiros. Daniela É essencial na vida das crianças, e também dos adultos Paraná e no sertão nordestino, não lembro o estado específico Não observei nenhuma dificuldade quanto a ONG Rafaela O tema é muito importante e merece todo o envolvimento. Brasil e Argentina. Região sul e Nordeste. Necessidade de captação de recursos. Bianca Uma oportunidade de ajudar na recuperação dos traumas, bem como a esperança de dias melhores, para nossas crianças. Paraná, Minas Gerais, Espírito santo e Bahia. Argentina e Ecuador. Limitação de tempo disponível, por parte dos voluntários. Lauane Importância em resgatar os valores e os direitos principalmente das crianças. Brasil Ajuda do poder público. 40 Bruno Extrema importância. Algo que comprovadamente influência, se acontecer o abuso, de maneira negativa na vida de qualquer ser humano. Precisa ser combatido! Estado do Paraná Financeira TABELA 5 – PARTE 3. QUESTIONÁRIO AOS COLABORADORES DA ONG INSTITUTO INOCÊNCIA 1. Colaborad ores 7. Por falta de recursos financeiros na ONG, você já precisou contribuir por conta própria com algum dinheiro? 9. Quantas pessoas você já impactou desde seu ingresso como voluntariado na ONG? 10. Qual foi a sua maior satisfação em ser voluntário da ONG? 11. Por fim, conte- nos como você se sente estando a frente dessa causa tão importante em nossa sociedade. Carla NÃO +10 Quando uma criança que havia se esquivando de qualquer contato físico, como um abraço, após ter sido abusada. Correu ao meu encontro no final do projeto e me abraçou (a personagem) pois se identificou. Houve cura! Um privilégio e uma responsabilidade. Agnaldo NÃO +10 Ouvir histórias sobre pessoas que foram impactadas pelo trabalho. O sentimento é de dever cumprido. Fernanda NÃO +10 Saber da história de uma criança que havia sofrido abuso sexual e em decorrência disso não Satisfeita! Feliz em poder ajudar vidas tão "pequenas" (tão novas). 41 deixava ninguém tocar nela, nem pra pentear o cabelo, e após assistir a peça de teatro "a corajosa Chapeuzinho" ela foi e abraçou a bailarina, tendo o contato físico que ela não permitia ninguém ter com ela, demonstrando transformação em sua história. O teatro trouxe CURA pro trauma emocional que ela sofreu, depois disso ela passou a ter contato com os outros também! Marco NÃO +10 Poder ser útil Feliz. E satisfeito Jean SIM +10 Quando vejo uma pessoa servida, ou um caso descoberto. Me sinto alegre e com um desejo muito forte em servir e fazer parte deste grupo que luta por um tema tão pertinente e urgente na sociedade em que vivemos. Mariana SIM +10 Ver vidas transformadas Me sinto cumprindo um chamado que me traz satisfação Ana NÃO +10 Poder dar voz às crianças, para que sejam conscientes desde cedo do que não podem fazer com ela. Privilegiada. Julia SIM +10 Ver como influencia na vida das crianças. Sinto me grata por saber que contribuiu para o 42 Ensinando as a se defender e a falar. bem dessas crianças. Daniela SIM +10 Com certeza a maior satisfação é saber que devido ao trabalho da ONG muitas crianças são alcançadas e ensinadas a não deixar pessoas estranhas tocarem nelas e aprendem também a contar para alguém caso aconteça, e muitas vezes até pais e mães aprendem com esse projeto Me sinto extremamente feliz e realizada por poder ajudar nessa causa tentando e protegendo nossas crianças desses abusos Rafaela SIM +10 Sentimento de pertença e visão de grande impacto em um trabalho muito importância. Sinto- me engajado e compreendo que estou cumprindo aquilo que Deus nos chamou a fazer - mostrar Seu Reino. Bianca SIM +10 Poder contribuir com um pouquinho, mas que se todos contribuíssem com esse pouquinho, o muito seria atingido. Ver o sorriso das crianças e fazê-las entender que ainda há esperança, e muito gratificante. Lauane NÃO +10 Ajudar a instruir para que possam se proteger. Importante quando conseguimos fazer a diferença na vida de alguém. Ver q alguém pode ouvir o valor q tem, E q pode ser amado, principalmente quando esse amor vem de Deus. 43 Bruno SIM +10 Saber que o trabalho realizado não é em vão Realizado, satisfeito, útil! 6 ANÁLISE DOS DADOS Hudson (1997) afirma que até a metade da década de 70 a administração não era trabalhada em instituições do Terceiro Setor, uma vez que era declarada para o universo de negócios e não para organizações de caráter social. Entretanto, com o passar do tempo, as pessoas perceberam que o movimento do TS estava cada vez mais em ascensão, tendo em vista o alto crescimento profissional nesta área, desse modo, foi-se aplicadas teorias administrativas em organizações não governamentais para que estas se tornem cada vez mais eficientes. O Instituto Ethos (2001, p.41) comenta que se uma empresa quer ser conhecida por seu compromisso com o crescimento do país, um programa de voluntariado tende a ser uma excelente maneira de transformar essa prioridade institucional em realidade. Outras prioridades institucionais que umprograma de voluntariado empresarial pode ajudar a atingir são, por exemplo, a integração e o desenvolvimento dos funcionários ou a aproximação com a comunidade. (ETHOS, 2001, p. 41). Drucker (1997), declara que as próprias instituições sem fins lucrativos acreditam que precisam ser gerenciadas justamente por não obterem lucros. Dessa maneira, os profissionais do Terceiro Setor precisam aprender a gerenciar suas empresas para que elas não as dominem. Para Camargo (2001) profissionalizar o setor requer uma missão clara, aprendizado e ensino contínuos, gerência por objetivos e autoavaliação, alto nível de exigência juntamente com uma correspondente liberdade de ação e responsabilidade pelo desempenho e pelos resultados (CAMARGO, 2001, p. 26). De acordo com Tenório (2002), para superar os desafios que podem ameaçar a existência de uma ONG, estas têm que adotar novos instrumentos de gestão utilizando conhecimentos, habilidades e atitudes que assegurem o cumprimento dos objetivos organizacionais. Uma declaração de missão precisa ser operacional; caso contrário, não passa de boas intenções. Uma declaração de missão deve focalizar aquilo que a instituição tenta realmente realizar, de forma que cada um na organização possa dizer: Esta é minha contribuição para a meta. (DRUCKER, 2001, p. 4) 44 Tenório (2002), comenta que as ONG’s “exercem a gestão tendo por base a intuição e o bom senso, carecendo de embasamento técnico em administração”. É por este motivo que propõe conceitos e recursos de administração para preencher a carência neste tipo de organização. Neste capítulo será apresentado as respostas das perguntas que foram elaboradas aos voluntários da Ong Instituto Inocência, bem como analisar esses questionamentos a fim de conhecer melhor a atuação de cada participante e suas funções dentro da organização. A Ong é composta por vários voluntários. São eles que cuidam de toda a execução das atividades da instituição, com apoio da equipe diretora. Abaixo segue o questionário aplicado aos voluntários: A ONG Instituto Inocência fomenta acesso à cultura e lazer, além de retirar crianças em estado de vulnerabilidade das ruas. O acesso à cultura se dá por meio de teatros, danças, músicas, etc. Já o acesso às informações se dá por meio de palestras para essas crianças, como também para professores e alunos envolvidos nessas atividades. Pode-se notar que a ONG enfrenta dificuldades financeiras para custear o deslocamento de todos os colaboradores, bem como outras ações dentro e fora da instituição. Percebe-se também que alguns colaboradores precisam custear todo o movimento da instituição, doando dinheiro e recursos próprios para fazer acontecer as ações propostas por eles. Para Andrade (2002) um dos grandes obstáculos das organizações não governamentais no país é a sua sustentabilidade a médio e longo prazo. Uma das opções para resolver os problemas financeiros é apresentar ações que captam algum tipo de recurso monetário, a fim de melhorar a qualidade das atividades desenvolvidas pela ONG. Para isso, é necessário planos estratégicos e funcionários competentes, tanto para as empresas privadas como também para as ONGs. A comunicação de uma empresa ou entidade não pode ser o resultado de esforços individuais, ainda que bem intencionados, porque a imagem da organização deve ser uma, qualquer que seja o público com que ela se relaciona. (ENDO, 2005, p.3) Com o crescimento das ONGs houve também um maior interesse por parte do público em buscar informações sobre elas, portanto, é necessário a adoção de investimentos no que diz respeito à estrutura do funcionamento, por meio de ferramentas de gestão. É por meio desses investimentos e melhorias 45 que aparecem as oportunidades de parcerias e relacionamentos entre empresas investidoras, instituições de financiamentos entre outros. Em consonância com Santos et al. (2008), as características do projeto podem ser de acordo com o modo que se quer avaliar: eficiência (melhor uso dos recursos), eficácia (objetivos atingidos), efetividade (transformações geradas) e impacto (influência social). Desta forma, os autores ainda esclarecem que: um projeto durante seu ciclo de vida pode ter vários indicadores, de acordo com sua fase, interesse dos gestores, grau de conhecimento da situação, nível de detalhes, em resumo, eles devem ser definidos de forma a traduzir os objetivos e resultados do projeto, dos gestores e financiadores. (SANTOS et al., 2008, p. 16) Um dos objetivos capazes de levantar recursos financeiros e parcerias, segundo Nilceia et. al. (2008), é elaborar e encaminhar projetos específicos às várias organizações de nível nacional ou até mesmo internacional, buscando a colaboração e o auxílio de recursos financeiros. Para que as instituições financiadoras possam aprovar de modo rápido esses projetos, deve-se evidenciar quais são os principais objetivos, os impactos do projeto na sociedade, quais atividades serão desenvolvidas, quais os resultados esperados e quem serão os beneficiados pelos projetos. Dessa forma, é, essencialmente, mais fácil contar com o auxílio das empresas parceiras. Observa-se que uma das preocupações apresentadas pelos colaboradores da ONG e até mesmo do Terceiro Setor em geral é a captação dos recursos sejam eles financeiros, materiais e até mesmo apoio social. Este problema pode ser trabalhado com o recrutamento de profissionais especializados em captação de recursos financeiros, visando encontrar melhorias nas reformas estruturais, nos materiais utilizados pelos colaboradores, em projetos culturais, modernização e etc. Atualmente, fala-se muito em Captador de Recursos. Portanto, para Dimenstein (2005), a captação de recursos necessita ser baseada em alguns pontos estratégicos, veja: a) Definição exata da verba necessária para realizar a ação; b) Pesquisa dos potenciais doadores; c) Levantamento dos contatos no entorno da entidade; d) Confecção de uma lista ou banco de dados; e) Elaboração de uma proposta bem estruturada, com orçamento; f) Montagem de uma apresentação sobre a proposta; g) Abordagem clara e objetiva; h) Realização de contato de retorno; i) Encaminhamento de agradecimento; j) Prestação de contas. (DIMENSTEIN, 2005, p. 18). 46 A instituição Instituto Inocência já impactou a vida de muitas crianças em situação de vulnerabilidade. Com o trabalho da Ong, as crianças puderam se libertar dos abusadores sexuais, trabalho este que muitas das vezes as crianças percebem a situação devido às peças de teatro que tem como base o ensinamento de como elas devem cuidar de seus corpos, não deixando que ninguém venha tocar em suas partes intimas. As crianças, em sua grande maioria, não sabem que está sofrendo um abuso sexual. Já com o trabalho da Ong, ela enxerga que não está certo o que está acontecendo em sua vida e conta para as pessoas que mais confia. A lei n° 9.608 de 18 de fevereiro de 1998 conceitua o trabalho voluntário como: atividade não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade. Neste aspecto, o trabalho dos voluntários é muito importante, pois são eles que apresentam, por meio de peças teatrais, as possíveis situações de abuso que uma criança pode sofrer, por isso, os colaboradores sentem que a forma que o projeto atua está correta, pois as crianças estão entendendo a mensagem. Todos se sentem felizes em colaborar com estas ações positivas na vida das crianças e adolescentes. De acordo com Dohme (2001) o voluntário tem algumas funções: a) Ele exerce o trabalho com total adesão aos fins propostos, por possuir os mesmos credos e objetivos, favorecendo assim o desempenho; b) Ele trabalha em algoque gosta e que escolheu como o trabalho é realizado sem obrigação torna-se mais fácil a abertura para criatividade e aprendizagem; c) Ele acrescenta amor ao seu trabalho, sendo motivado por sentimentos muitas vezes de caridade, amor, sentimento comunitário, buscando suas realizações pessoais. O voluntário tem como motivação os sentimentos, as satisfações e as gratificações para si e para os outros refletindo diretamente em seu bom desempenho na organização, uma vez que ele “sente-se bem em apoiar e trabalhar em uma organização que trabalha por uma causa que ele considera justa e que constrói um futuro que coincide com sua visão pessoal” (DOHME, 2001, p. 18). Para Latham e Pinder (2005) a motivação é um processo psicológico complexo que resulta de uma interação entre o indivíduo e o ambiente que o rodeia. 47 A motivação para o desenvolvimento de projetos sociais se torna necessário, levando em consideração que o trabalho voluntário requer um envolvimento e comprometimento no interesse do bem-estar de outro indivíduo. Dessa forma, as instituições que desejam executar tal projeto, precisam apresentar políticas que influenciam seus colaboradores a fomentar as ações voluntárias seja na própria empresa ou até mesmo fora dela. oferecer recursos para projetos/ações de caráter assistencial, educacional, cultural, ambiental etc.; permitir que os funcionários usem as instalações da empresa para planejar e, eventualmente, executar ações voluntárias; permitir que o funcionário utilize o telefone no horário do expediente para combinar ações de voluntariado e, eventualmente, parte do horário de trabalho para fazer a sua atividade; oferecer capacitação para o funcionário melhorar sua performance como voluntário; criar um banco de oferta e procura de atividades voluntárias (INSTITUTO ETHOS, 2001, p.26). No que diz respeito ao serviço voluntário, a Declaração Universal do Voluntariado (1990), informa o dever do voluntariado que está altamente atrelado ao comprometimento pessoal a favor da viabilização dos serviços ou projetos sociais sustentados pelas instituições, sendo eles: a) Encorajar o comprometimento individual nos movimentos coletivos; b) Procurar o fortalecimento de sua organização, informando-se e aderindo a suas metas e políticas; c) Empenhar-se no cumprimento das tarefas definidas em conjunto, levando em conta as suas aptidões pessoais, tempo disponíveis e responsabilidades aceitas; d) Cooperar com os outros membros da organização, dentro do espírito de mútua compreensão e respeito; e) Empenhar-se nos treinamentos, quando necessário; f) Guardar a confidencialidade das suas atividades Por fim, ao adotar alguns pontos definidos, a instituição social estará apta para “estabelecer os programas de voluntários, ou seja, um conjunto de procedimentos para a gerência do trabalho voluntário condizente com a sua filosofia e os seus objetivos sociais” (DOHME, 2001, p. 33). Trabalhando de forma conjunta, organização social e os voluntários, os resultados preestabelecidos serão alcançados de forma satisfatória. 48 7 PROPOSIÇÃO DAS MELHORIAS Grande parte das ONGs não possuem um plano formal de captação de recursos para atender as demandas da empresa e ainda algumas delas não conhecem a estrutura do plano ou ação formal para a captação e fazem o uso de forma equivocada ou emergencial. Dessa forma, deve-se promover o fortalecimento do TS, isto é, criar uma instituição apta a se tornar uma fonte de referência que fomenta estudos e promove pesquisas, oferecendo assessoria para administrar às faltas variadas de suportes à gestão das ONGs. É interessante montar espaços para a formação e qualificação de indivíduos, gerindo assim, capacitação e autonomia das percepções para cada tipo de entidade, apresentando também políticas públicas e instruções comunitárias. Recomenda-se a estimulação às iniciativas de participação do indivíduo enquanto cidadão a fim de privilegiar o seu envolvimento ao trabalho voluntariado e fortalecer os conselhos da Assistência Social e de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, fomentando, dia após dia, parcerias entre sociedade e governo, tendo como objetivo a desburocratização das licitações públicas para a realização dos serviços fornecidos pelos TS. Ao fortalecer o TS de forma a facilitar, democratizar e flexibilizar o seu acesso aos recursos públicos, o TS precisa criar um fundo público de financiamento de projetos sociais, ou seja, buscar procedimentos de gerenciamento desse fundo por profissionais que tornem transparentes os controles sociais das atividades e dos valores recebidos e gastos. Nota-se que é importante estabelecer processo de fiscalização transparente das ONGs e apresentar princípios básicos de avaliação de desempenho dos trabalhos oferecidos, talvez criando uma Assembleia Legislativa para discutir os problemas e a solução destes. Tornar público todas as informações referentes aos movimentos da entidade apresentando relatórios finais é um ponto significativo e relevante. Propõe-se a fundação de uma associação de servidores formado por representantes do Terceiro Setor, legisladores, representantes de outras entidades, bem como o Poder Executivo e especialistas para apresentar propostas e a realização delas. 49 A curadoria no Terceiro Setor é atualmente uma superintendência de resultados visando às causas sociais pertinentes. Mesmo não aspirando lucro, as organizações necessitam de saldo financeiro positivo para que novos projetos sejam capazes de saírem do papel, assim como dar seguimento às atividades ativas, buscando a potencialização dos resultados e minimizar as demais despesas e, ao mesmo tempo, sensibilizando e refletindo a visão do ser humano à ação social. O desenvolvimento desses procedimentos exige, desta maneira, conhecimento prévio e qualificação profissional, não podendo ter apenas boas intenções e habilidades interpessoais, uma vez que, estas características, não abrangem toda a rede de práticas assertivas e tomadas de decisões eficientes. 50 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo teve como objetivo investigar os principais desafios enfrentados pela ONG Instituto Inocência, instituição do terceiro setor localizada na Av. Duque de Caxias, N° 1462, bairro Centro, Matelândia – Paraná, que atende crianças vítimas de abuso infantil e sexual. Diante de todos os dados pesquisados, observa-se que a maior dificuldade enfrentada pela instituição é a captação de recursos, problema este que é abordado por diversos autores ao decorrer do trabalho. O recolhimento financeiro é fundamental para a manutenção da organização sem fins lucrativos e torna-se às vezes um obstáculo para dar sequência a uma atividade de qualidade. Mostrou-se que em muitas organizações do terceiro setor o serviço ou a atividade oferecida não é vendida e sua fonte de recursos depende de parcerias, projetos sociais e doações. Ainda com relação à captação de recursos, é importante anunciar que não há uma estratégia única para o recebimento deles, uma vez que é necessário planejar de forma eficaz de acordo com o tipo de entidade. Sabe-se que o recurso financeiro é de essencial para os movimentos voluntários dos institutos, e a falta dele compromete tanto os trabalhos desenvolvidos quanto à manutenção dos projetos sociais. Cada entidade precisa conter pelo menos um agende profissional dentro da parte financeira, para que atue de forma a identificar os doadores, realizar parcerias e tornar transparente os recursos recebidos. Vale lembrar que o trabalho identificou que uma administração capacitada, proativa e dinâmica que desenvolve uma organização de maneira a adaptável às adversidades, às várias mudanças e aos desafios no contexto social. Para a realização do trabalho dentro
Compartilhar