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Radiologia - Aula 7 - Abdome Agudo Inflamatório

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1 
Beatriz Machado de Almeida 
Radiologia – Aula 7 
CASO CLÍNICO 
Identificação: paciente 23 anos, sexo feminino, se 
apresenta com queixa de dor na barriga há 3 dias. 
HMA: paciente refere que iniciou dor abdominal 
aguda difusa em região periumbilical há 2 dias, de 
caráter progressivo, intensidade 5/10, sem 
irradiação ou fatores de melhora ou piora, associada 
a anorexia, náuseas e múltiplos vômitos. Nas últimas 
12 horas, relata que houve migração da dor para 
fossa ilíaca direita juntamente com piora da dor, 
aumentando a intensidade para 9/10. Relata sensação 
de corpo quente, porém não mensurou temperatura. 
Nega leucorreia, disúria ou hematúria. Ritmo 
intestinal preservado. 
Hipóteses de acordo com a HMA: apendicite, 
pancreatite, colecistite, gravidez ectópica 
(paciente do sexo feminino, em idade reprodutiva), 
DIP (DIP complicada, principalmente se for na 
trompa direita, simula muito apendicite). 
Ao se falar da apendicite aguda, existe uma certa 
cronologia: Fase inicial: Mal estar → anorexia → dor 
abdominal difusa (mais em região mesogástrica e 
periumbilical). Não leva o paciente pra emergência, 
semelhante a gases, repuxo na barriga (segundo os 
mais idosos), mal estar, gastura. Melhora parcial com 
buscopam. A dor tem intensidade de caráter 
progressivo, aumentando e migrando da 
mesogástrica/periumbilical para fossa ilíaca 
direita. A depender do quadro clínico e da fase da 
apendicite, febre não é sinal precoce. Na HMA nega 
leucorreia, disúria ou hematúria (lembrar dos 
diagnósticos diferenciais – DIP e ITU). No apêndice 
retrofecal pode promover translocação para o 
ureter direito e levar a um sumário de urina sujo 
(leucocitúria). Nas fases mais avançadas da 
apendicite o paciente vai relatar náuseas e vômitos. 
A inflamação da região do apêndice associada a 
inflamação das estruturas adjacentes pode 
promover uma diminuição do ritmo intestinal, 
fazendo com que o paciente possa se sentir um pouco 
mais distendido, e no exame físico, pode ter menos 
ruídos hidroaéreos. 
• Antecedentes pessoais, familiares e sociais: 
G0P0A0, DUM 01/10/2021. Nega internamentos 
prévios ou hemotransfusões. Apresentou cartão 
vacinal completo. Nega DM, HAS, tuberculose ou 
neoplasias. 
• Antecedentes familiares: 
Mãe hipertensa, pai falecido de IAM aos 60 anos. 
• Hábitos de vida. 
Refere ser heterossexual, possuir parceiro fixo há 
2 anos e fazer uso de preservativo + anticoncepcional 
oral regularmente. 
O fato de ter sido colocado parceiro fixo há 2 anos e 
uso de preservativos, é pra afastar (não está 
descartada) a possibilidade de DIP. 
• Exame físico: 
Encontra-se em REG, LOTE, fácies de sofrimento 
agudo, ativa no leito, anictérica, acianótica, mucosas 
coradas. Dados vitais: FC: 104bpm, FR: 22ipm; PA: 
110X80mmHg; temperatura axilar: 38,2ºC. 
Resumo: a paciente tá com dor, por isso apresenta 
uma leve taquicardia, leve taquipneia, pressão 
normal, presença de febre. É uma paciente que 
provavelmente tem um componente 
inflamatório/infeccioso não tão precoce assim. 
Ao palpar o abdome do paciente, este vai referir dor 
(muda de localização a depender da fase; região 
mesogástrica/periumbilical → fossa ilíaca direita). 
• Exames complementares: 
Hb: 13,2 mg/dl (VR: 12-16) // Ht: 45,1% (VR: 35-45). 
PCR: 76,22 mg/L (VR: 5mg/L). Leucócitos: 17. 110 
(Neu seg: 68,1%; bastões: 11,5%; linf: 8,1%; mon: 
7,4%) (VR: 4.500-11.000) // Plaquetas: 251.000 (VR: 
150.000-450.000). Ureia: 21 (VR: 15-45) // 
Creatinina: 1,08 (VR: 0,6 – 1,2). Na: 135 mEq/ml 
(VR:135-145) // K: 3,4 mEq/ml (3,5-4,5). 
Beta-HCG: negativo. 
PCR (aumentado)/VHS → não são exames 
obrigatórios para se dar diagnóstico de abdome 
agudo inflamatório. Isso porque são marcadores 
Abdome Agudo Inflamatório 
 
2 
Beatriz Machado de Almeida 
Radiologia – Aula 7 
inespecíficos, servindo muito mais como exames de 
controle do que como diagnóstico. Só pelo quadro 
clínico e exame físico (taquicardia, taquipneia e 
febre) já é perceptível a presença de um processo 
infeccioso. Para que um exame seja solicitado, este 
deve mudar a conduta. Se o PCR tivesse normal 
nesse caso, não se deixaria de pensar em abdome 
agudo inflamatório (A CLÍNICA É SOBERANA!). PCR 
e VHS são usados, nos casos de doenças 
abdominais, pra ver atividade da doença em doença 
inflamatória intestinal e acompanhamento nos 
quadros agudos abdominais. 
Exemplo: paciente com diverticulite aguda foi 
internado e iniciou-se o antibiótico. Seriar PCR e 
VHS! A tendência é que uma diverticulite não 
complicada, a partir do momento em que foi instituído 
o tratamento adequado, a tendência é que esse 
processo inflamatório comece a se resolver. Pra não 
precisar ficar tomografando o paciente de 2 em 2 
dias, o PCR e VHS são utilizados para 
acompanhamento da resolução do quadro. O mesmo 
acontece em paciente com apendicite fase 4 
(peritonite, apêndice perfurado, contaminação 
grosseira da cavidade – risco de abscesso). Lembrar 
que no pós operatório imediato, o paciente ainda está 
sob efeito da resposta endócrino-metabólica ao 
trauma (nas primeiras 24-42h o PCR e VHS vão 
estar aumentados, mas depois a tendência é cair 
gradativamente e se normalizar). Caso seja um 
paciente que teve apendicite complicada, está com 
dificuldade de progressão da dieta, manutenção da 
distensão abdominal no 5º- 6º dia, PCR e VHS 
persistentemente elevados → suspeita de abscesso 
ou alguma outra complicação pós-operatória. 
Leucograma alterado (sugerindo processo infeccioso 
bacteriano) com desvio para esquerda (formas 
jovens – bastões). A plaqueta não faz parte do 
diagnóstico decisivo (os pacientes sépticos graves 
podem fazer plaquetose – níveis acima dos valores da 
normalidade). Como é um paciente possivelmente 
cirúrgico, é importante pedir um hemograma 
completo pra avaliar risco de sangramento. Ureia e 
creatinina não fazem parte do diagnóstico, mas 
acaba pedindo pra ver se o paciente está toxemiado, 
séptico, desidratado. Sódio e potássio são 
importantes nos casos de abdome agudo, porque por 
exemplo na pancreatite o paciente vai apresentar 
distúrbio hidroeletrolítico. 
Não esquecer do Beta-HCG em paciente do sexo 
feminino em idade fértil!!! 
EPIDEMIOLOGIA – APENDICITE 
• É a causa mais comum de abdômen agudo 
cirúrgico. 
• Acomete cerca de 7 a 10% da população. 
• Mais frequente em jovens, pico na segunda e 
terceira década da vida. 
• Mortalidade – 1% (5% nos extremos de idade, 
imunodeprimidos, perfuradas). 
Quando é visto um paciente morrer de apendicite, ou 
ele ficou vários dias no interior sem diagnóstico ou 
ele tem alguma doença de base que comprometa sua 
imunidade. 
Todo médico generalista tem que saber pelo menos 
suspeitar de uma apendicite! É importante pensar 
em todas as causas de abdome agudo inflamatório 
em pacientes que chegarem da UPA com quadro de 
dor abdominal. 
EXEMPLOS 
• Dor mais em baixo ventre associada a 
corrimento de odor fétido → pensar em DIP. 
• Idoso, dor mal caracterizada, mais à esquerda 
→ pensar em diverticulite aguda. 
• Paciente em idade fértil que não lembra muito 
bem da DUM → pedir beta-HCG porque pode 
ser uma gravidez ectópica rota. 
Lembrar que existem alguns apêndices retrofecais 
que ficam por trás do colo direito que vão dar dor 
mais acima do que o habitual. 
FISIOPATOLOGIA 
Obstrução da luz do apêndice → aumento da 
pressão intraluminal e congestão venosa → isquemia 
e invasão bacteriana → inflamação, necrose e 
perfuração. 
MEIOS DE DIAGNÓSTICO 
CLÍNICO: 
Lembrar que o diagnóstico da apendicite aguda pode 
ser dado clinicamente! Existe uma história clínica e 
 
3 
Beatriz Machado de Almeida 
Radiologia – Aula 7 
um exame físico clássico em que o médico está 
autorizado a colocar o paciente pra dentro da sala, 
porém existem algumas exceções, são elas: 
• Mulheres: por conta do aparelho reprodutor – 
trompas e ovários bilateralmente quepodem 
simular infecção de algum órgão adjacente. 
• Idosos: normalmente não sabem caracterizar 
(início, intensidade, localização) a dor direito. 
Eles relatam uma agonia, puxado, gastura. 
Lembrar que o idoso faz sepse sem febre, 
fazendo uma queixa inespecífica e apresentando 
dados vitais alterados. 
• Crianças <2 anos: não sabem especificar! 
Nesses casos, é necessário exames complementares. 
EXAMES LABORATORIAIS: 
• HMG – hemograma: ver leucócitos. 
• Urina 1 – sumário de urina: afastar a 
possibilidade de infecção urinária (ou seja, 
buscar nitrito negativo). Leucócitos na urina não 
afasta o diagnóstico de apendicite, pois pode 
fazer translocação bacteriana por conta da 
região do ureter direito. 
• BHCG: suspeita de gravidez ectópica. 
• Amilase: diagnóstico diferencial de pancreatite. 
Ao pedir um exame, ele tem que mudar sua conduta, 
auxiliar na sua suspeita diagnóstica. Não adianta 
pedir TGO, TGP, bilirrubinas, porque não faz parte 
da suspeita, nesse caso. 
EXAMES DE IMAGEM: 
• Raio x abdome agudo: em ortostase – paciente 
em pé. Pouco utilizado (mais usado em locais de 
pouco recurso). 
• USG. 
• TC abdominal: último caso. Não é um exame 
obrigatório para o diagnóstico de apendicite 
aguda. 
O diagnóstico de apendicite é clínico! 
Quando tiver em um local de poucos recursos, não é 
necessário esperar a tomografia pra diagnóstico de 
apendicite aguda. Diante de um paciente do sexo 
masculino, magro, jovem, 2 dias de dor 
periumbilical com irradiação para fossa ilíaca 
direita, sinais de irritação peritoneal, tem 
autorização de levar o paciente pra sala de cirurgia. 
Máxima em cirurgia: ¨Mais vale 10 apêndices normais 
na mão do que 1 perfurado dentro da barriga¨. 
SINAIS 
Sinais semiológicos de irritação do peritônio parietal. 
SINAL DE BLUMBERG 
Comprime o abdome do paciente, que refere dor, e 
descomprimir no momento que ele está distraído. 
Se for apendicite mais avançada, o paciente dá um 
pulo/grito de dor. Se for uma apendicite inicial, 
questionar: a dor foi maior ao apertar ou soltar? 
Ele vai falar que foi ao saltar. 
 
Ponto de McBurney: distância da cicatriz umbilical 
até a espinha ilíaca anterosuperior dividida em 3 
terços. O ponto entre o terço medial e o terço 
lateral é o ponto de McBurney. Tem que comprimir 
essa região e soltar rapidamente, 
SINAL DE ROVSING 
Sinal de inflamação do 
peritônio. Dor na fossa 
ilíaca direita quando 
se palpa a fossa ilíaca 
esquerda. Mobilização 
gasosa do cólon em 
direção ao ceco, promovendo distensão da base do 
apêndice. Palpação profunda da fossa ilíaca esquerda 
deslocando o gás contido no cólon em direção 
retrógrada promovendo distensão do ceco, e o 
paciente vai sentir dor naquela região por conta da 
inflamação do apêndice. 
 
 
4 
Beatriz Machado de Almeida 
Radiologia – Aula 7 
SINAL DO PSOAS OU LAPINSKY 
Não é um sinal específico de apendicite aguda. 
Mostra que o psoas está inflamado, podendo 
acontecer por qualquer causa de peritonite. É a 
tentativa de distensão do músculo psoas, que é o 
músculo que faz parte do assoalho do abdômen. Em 
uma porcentagem de apendicite retrocecal, 
retroperitoneal, se pode ter o sinal do psoas 
positivo. O sinal é visto ao se fazer a hiperextensão 
à mobilização da perna, e o paciente interrompe o 
movimento por conta de dor. 
 
SINAL DO OBTURADOR 
Tanto o psoas quanto o músculo obturador fazem 
parte do assoalho (chão) e são músculos 
retroperitoneais. Qualquer inflamação pode fazer 
inflamação do psoas e do obturador e levar a sinais 
de peritonite. Quando pede pro paciente fazer uma 
rotação medial da coxa semifletida em direção ao 
abdome, enquanto que o examinador tentar fazer a 
rotação lateral da perna. Paciente refere dor por 
conta da distensão da musculatura. 
 
SINAL DE CHUTRO 
Informação da internet: consiste no desvio da 
cicatriz umbilical para direita, aproximando-a da 
espinha ilíaca anterior superior direita. 
SINAL DE LENANDER 
• Dissociação da temperatura axilo-retal em 
mais de 1 grau. 
• Exemplo: a temperatura axilar está 37,5ºC e a 
temperatura retal está em 38,5ºC. 
É um sinal que a pró nunca viu ser usado, mas pode 
cair em prova. 
SINAL DE DUNPHY 
Informação da internet: Dor à percussão do ponto 
de McBurney ou dor ao tossir. Pode ser indicativo 
de apendicite 
MEIOS DE DIAGNÓSTICO 
RX DE ABDOME 
• Borramento do músculo Psoas. 
O Psoas faz parte da musculatura paravertebral. Na 
apendicite aguda, como se tem inflamação não só do 
apêndice como de todas as estruturas adjacentes, 
é possível ver o psoas no raioX de abdome (isso se 
o paciente for mais magro) à esquerda e não 
consegue ver (ou seja, tem um borramento do psoas) 
à direita. 
• Escoliose direita: Quadro de apendicite mais 
avançado a ponto dele ficar em posição 
antálgica, levemente encurvado para a direita 
para diminuir a dor na região. É um sinal 
inespecífico. 
• Alça sentinela: Deslocamento, mobilização de 
alças de delgado com intuito de proteger a 
região. É uma dilatação gasosa que se distende 
e se desloca por conta do processo inflamatório 
e é sugestivo de apendicite. Quando é visualizado 
a alça ileal dilatada, em aspecto de emaranhado 
de alças ileais na fossa ilíaca direita isso é 
sugestivo de processo inflamatório no quadrante 
inferior direito. 
• Fecalito: bolinha branca de cocô calcificada na 
fossa ilíaca direita. 
• Pneumoperitônio: Casos de apendicite mais 
avançada se tiver microperfurações no 
apêndice, pode ser visto gás na fossa ilíaca 
direita, mas se for algo mais grosseiro de 
perfuração, é mais provável encontrarmos 
necrose com perfuração de base de apêndice 
 
5 
Beatriz Machado de Almeida 
Radiologia – Aula 7 
que tenha escape de grande quantidade de ar, 
lembrando que o paciente estará em pé, então o 
ar irá subir e será visualizado o pneumoperitônio 
clássico. 
Na imagem, a seta branca 
aponta para um círculo azul 
que representa o fecalito 
na fossa ilíaca direita. 
Essa imagem é de uma 
provável apendicite mais 
avançada porque você já 
visualiza no círculo 
vermelho, alças de delgado 
mais distendidas e algumas com nível hidroaéreo, 
indicando que é um paciente com ritmo intestinal 
mais prejudicado que já pode estar se queixando de 
distensão abdominal, náuseas e vômitos. 
Imagem: circulado em azul 
tem a alça em sentinela, 
que é um emaranhado de 
alças ileais distendidas e 
bloqueando a fossa ilíaca 
direita como se fosse pra 
proteger e, caso ocorra 
uma perfuração, não 
contaminar o restante da cavidade abdominal. 
Formar um abcesso localizado e contido. Todo 
processo inflamatório tende a fazer isso, não é só no 
apêndice que acontece. Em diverticulite, esse 
processo é chamado de plastrão, deslocamento das 
alças pra formar o bloqueio. 
ULTRASSOM 
Exame com sensibilidade de aproximadamente 85% 
e especificidade de 90-95%. Especificidade boa e 
sensibilidade um pouco abaixo da sensibilidade da 
TC de abdome. É um exame rápido e fácil de fazer 
com laudo praticamente imediato, não utiliza 
contraste. Operador dependente. 
O que se espera encontrar no laudo de apendicite: 
• Espessamento do apêndice >6mm: apêndice >= 
7mm já é considerado aumentado de tamanho 
→ Ex : Apêndice com 9mm com parede espessada 
medindo de 3-4mm associado a borramento da 
gordura peri apendicular e pequena quantidade de 
líquido na fossa ilíaca direita → Tudo que sugere 
inflamação na região); 
• Imagem em "Alvo" (aumento do diâmetro da luz 
do apêndice). 
• Sinal de Blumberg do ultrassonografista – 
Ultrassonografista realiza o USG fazendo leve 
compressão na região com probe e na hora que ele 
avalia, o paciente sente dor na região. Lembrar 
que o apêndice é um órgão compressivo, a luz do 
órgão é vazia, sendo possível apertar com o 
probe e ver a diminuição e normalização da luz 
do apêndice. No caso de um processo 
inflamatório no apêndice, com edema, e 
espessamentoda parede, não se consegue fazer 
essa compressão, então é um apêndice pouco 
compressivo, sinal de edema local, de parede 
• Distensão (pouco compressível); 
• Aumento da ecogenicidade da parede: às custas 
da inflamação. 
• Fecalito ou apendicolito ou coprolito. 
• Líquido pericecal, peri apendicular ou fossa 
ilíaca direita. 
• Espessura da parede >2 mm. 
• Avaliar diminuição ou ausência de peristaltismo. 
Limitações: Pacientes obesos (camada de gordura 
abdominal espessa dificulta visualização adequada 
pelo USG das estruturas) ou se o USG foi 
inconclusivo (paciente com jejum inadequado ou 
estava com intenso meteorismo e não visualizou, ou 
com muita sobreposição gasosa, e nesses casos, o 
ultrassonografista deve relatar no laudo essa 
dificuldade de visualização, dúvida diagnóstica ou 
inconclusão após realização do exame). Nesses 
casos pode ser solicitado a TC. 
Corte longitudinal 
da região da fossa 
ilíaca direita, 
visualizando um 
órgão tubular com 
parede bastante 
espessada circulado 
em azul e a parte 
preta circulada em vermelho dentro do círculo azul é 
a luz do órgão e o restante é o espessamento. Na 
base do apêndice circulado em verde tem o 
apendicolito ou fecálito. 
 
6 
Beatriz Machado de Almeida 
Radiologia – Aula 7 
 
Corte transversal: circunferência e diâmetro do 
apêndice. É possível medir a espessura da parede 
que é o que chamamos de sinal do alvo. 
Imagem: órgão 
tubular com 
espessamento da 
parede. A luz do 
órgão normalmente 
vai ter gás, então 
essa região preta é 
a luz do órgão e o 
restante com realce 
branco espessado, 
sugere inflamação, quando normalmente deveria ter 
1mm de espessura. E na imagem de baixo, mais uma 
vez, tem o sinal do alvo. 
TC DE ABDOME 
• Não é um exame obrigatório e nem 
imprescindível para o diagnóstico de apendicite 
aguda. 
• Casos de dúvida diagnóstica; 
• USG inconclusivo e pacientes com IMC >30 (não 
adianta pedir USG). 
 
• Imagens A e C → sem contraste; imagens B e D 
→ com contraste. 
• Na TC sem contraste é mais difícil encontrar 
apêndice nas fases iniciais, o que ele visualiza 
inicialmente é que existe um borramento, 
emaranhado de alças na fossa ilíaca direita. Se 
for uma fase mais avançada em corte 
transversal ele consegue visualizar órgão 
tubuliforme aumentado de tamanho e com 
parede espessada e realce parietal. 
• Na TC com contraste consegue delimitar melhor 
a parede do órgão, as estruturas adjacentes e 
consegue visualizar os sinais e realces parietais 
da gordura adjacente, líquido. Na imagem D 
circulado em azul, é possível visualizar um 
borramento da gordura peri apendicular, 
espessamento de parede e arriscaria dizer que 
tem um pouco de lâmina líquida ao lado na fossa 
ilíaca direita adjacente, mas seria necessário 
mais cortes pra confirmar isso. 
 
• Manejo inicial da suspeita de abdome agudo 
inflamatório: iniciar ATB, zerar dieta, solicitar 
relatório de regulação, solicitar exame 
adequado, solicitar transferência para uma 
unidade de maior suporte. 
• Essa suspeita é importante no atendimento, pois 
leva a uma aceleração do tratamento do 
paciente, impactando na morbidade da cirurgia, 
pois cirurgia de apendicite em fase inicial, 
consegue-se dar alta até no mesmo dia e em 
fases tardias avançadas temos um 
comprometimento da base do apêndice e se 
tiver associado a necrose dessa base com 
comprometimento do ceco, esse paciente que 
poderia ter feito uma simples apendicectomia, 
pode precisar fazer uma colectomia direita. 
Visto que com o comprometimento de ceco (órgão 
mau vascularizado), precisa de uma colectomia 
parcial por falha no diagnóstico. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
• Linfadenite mesentérica aguda: principalmente 
em crianças com IVAS; mesmo quadro clínico 
com dor a descompressão, pode promover uma 
linfonodomegalia quase que generalizada; o 
aumento dos linfonodos 
abdominais/mesentéricos pode promover dor e 
mimetizar dor de apendicite. 
• Rotura do folículo de Graaf (dor de 
Mittelschmerz; dor do meio do ciclo): quando a 
mulher ovula, ela pode sentir dor. 
• Diverticulite de Meckel: o divertículo de Meckel 
é um divertículo congênito localizado no íleo, 
próximo ao apêndice... ele pode perfurar, ulcerar 
 
7 
Beatriz Machado de Almeida 
Radiologia – Aula 7 
e simular quadro apendicite aguda. Ele pode 
conter mucosa gástrica no seu interior e pode 
produzir ácido que causa hemorragia digestiva 
em pacientes mais jovens (há ulceração do íleo e 
sangramento). 
• lleíte: pensar na ileíte por Crohn. 
TRATAMENTO 
CIRURGIA 
• O tratamento é cirúrgico. É uma urgência 
cirúrgica. 
• A via de acesso vai depender de onde você 
esteja, das comorbidades do paciente e da fase 
da apendicite. Geralmente a via preferencial é 
a laparoscópica devido a menor dor pós 
operatória, o paciente retorna até no mesmo dia 
para casa. 
• Casos que precisam converter para técnica de 
laparotomia: paciente idoso, com cardiopatia 
congênita ou que não tolere pneumoperitônio, 
opta-se pela laparotomia. Se for uma paciente 
que já fez múltiplas cirurgias abdominais e que 
quando você passa o vídeo, está cheio de 
aderência e não se consegue a acessar a fossa 
ilíaca direita, converte-se para técnica 
laparotômica. Paciente com apendicite bastante 
avançada com alças distendidas, bloqueio na 
fossa ilíaca direita, alça em sentinela, com risco 
de lesão de alça durante manipulação 
laparoscópica também se faz a conversão para 
técnica laparotômica. 
• O princípio básico da 
apendicectomia é o mesmo, 
tanto na técnica laparoscópica 
quanto na laparotômica. Será 
identificado o apêndice e 
mesoapêndice (gordura que 
leva sangue e vasos linfáticos 
para a região do apêndice). O vaso que irriga o 
apêndice é a artéria apendicular que é ramo da 
artéria íleo cecocólica (cai em prova de 
residência e geralmente as pessoas costumam 
marcar que é ramo da cólica direita e está 
errado). Continuando, você identifica a artéria 
apendicular e faz a ligadura dessa artéria e 
secciona após a ligadura e depois faz a ligadura 
da base do apêndice e secção do apêndice e em 
sequência, obrigatoriamente deve fazer o estudo 
anatomopatológico e documentar que houve a 
inflamação. 
Apendicite não complicada: fase 1 e fase 2. 
Apendicite complicada: fase 3 e fase 4. 
• Fase 1: fase edematosa, paciente tem hiperemia 
e edema do apêndice. 
• Fase 2: formação de tecido fibrinoso no 
apêndice, pode ter líquido periapendicular 
transparente e citrino e transudato pelo 
processo inflamatório. 
• Fase 3: coleção localizada, pus acumulado 
exclusivamente na fossa ilíaca direita. 
• Fase 4: peritonite difusa, aquele apêndice que 
necrosou até a base, perfurou, caiu fezes na 
cavidade. 
PRESCRIÇÃO MÉDICA 
1. Repouso relativo. 
2. Dieta líquida. 
3. Hidratação: Sg 5% 500 ml, IV, 104 ml/h. 
4. Cloreto de sódio 20%, 1 ampola em cada frasco. 
5. Ciprofloxacino 400 mg, IV, 12/12h. 
6. Metronidazol 500mg, IV, 8/8h. 
7. Dipirona 2g, IV, 6/6h. 
8. Cetoprofeno 100mg, IV, 12/12h. 
9. Luftal 40 mg, VO, 8/8h. 
10. Dramin 1 ampola, IV, 8/8 horas, se náuseas ou 
vômitos. 
11. Tramal 100mg, IV, 8/8 horas, se dor intensa. 
12. Deambulação precoce. 
Relembrando o caso dessa paciente, que estava há 5 
dias com dor, febre, taquicardia, provavelmente 
uma apendicite fase 3. 
Em casos de apendicite fase 1 e 2 não precisa deixar 
Antibioticoterapia, só faz ATB profilático na 
indução anestésica. 
A depender do tempo de cirurgia, do pós operatório, 
evolução da paciente não será obrigatório deixar a 
paciente em dieta zero. Se não teve tanta distensão 
abdominal, mesmo sendo fase 3, não precisa deixar 
em dieta zero, isso vai depender da avaliação do 
cirurgião. Mesmo tento pus, distensão, alça sentinela, 
considerando que foi tratado o motivo da resposta 
 
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Beatriz Machado de Almeida 
Radiologia – Aula 7 
inflamatória, o que se espera é que apaciente seja 
encaminhada para uma unidade aberta. 
Nesse caso não precisa de dieta zero, a paciente 
tem 23 anos, é jovem, consegue restabelecer o ritmo 
intestinal rapidamente, mas não irá ser instituído 
dieta de imediato por enquanto, será feito uma dieta 
líquida. 
No entanto, a dieta líquida não consegue fornecer o 
aporte calórico necessário para esta paciente, 
então se coloca uma hidratação associada. 
Considerando que ela pese 60kg, 1800 é o basal, mais 
as perdas insensíveis, colocamos 500mL IV a 104 
ml/h, lembrando que a cada 500mL de soro corre a 
21mL/h durante 24h. Se vai dar 5 frascos que 
corresponde a 2.500, eu divido 2.500 por 24h, para 
termos a quantidade de mL que será infundido a 
cada hora. Lembrando que soro glicosado não deve 
ser feito sozinho porque extravasa para o terceiro 
espaço. Por conta disso, sempre deve dar SG junto 
com o eletrólito, como cloreto de sódio a 20%, 1 
ampola em cada frasco, como é um paciente. 
Atenção para casos de fase 3 e 4 ... é obrigatório 
fazer ATB terapêutico, na fase 3 faz pelo menos 
5 dias de ATB, mas na prática geralmente se deixa 
por 7 dias, mesmo que o paciente vá pra casa em uso 
do ATB você descalona para medicação VO. Enquanto 
isso fase 1 e 2 faz ATB profilático. Lembrem que a 
cobertura é feita para gram negativo e anaeróbio, 
então normalmente é ciprofloxacino e 
metronidazol(flagyl) venosos que possuem uma 
posologia contrária ao comprimido oral de ambos. 
Então, a posologia venosa deles fica da seguinte 
maneira: cipro de 400mg IV e metro 500mg IV. Ao 
mandar pra casa, inverte-se a posologia e fica: cipro 
500mg VO e metro 400mg VO. 
Após a administração do ATB, no pós operatório, 
faremos a analgesia com dipirona, 2 ampolas, por ser 
uma paciente jovem e para melhorar a recuperação, 
pode ser dado um anti-inflamatório de 12/12h. Se a 
cirurgia foi feita por vídeo, pode ser colocado um 
luftal, devido a sensação de distensão gasosa e pode 
deixar os antieméticos (dramin 1 ampola IV, 8/8h se 
náuseas ou vômitos, tramal – prof não gosta se for um 
paciente com alto risco de fazer iléo paralítico, pois 
o tramal é derivado de opioide e um dos principais 
efeitos colaterais é a paralisação do íleo, só deixa 
ele na prescrição se for um paciente com baixa 
tolerância a dor e for dar trabalho), se necessário. 
Como não é um paciente crítico, não tem longo 
período de internamento nem está em choque, nem 
de UTI, então não precisa de omeprazol pra fazer 
profilaxia de lesão na mucosa gástrica e não tem 
indicação, paciente jovem, cirurgia laparoscópica, 
com menos de 45min. Pode deambular no pós 
operatório imediato, não está restrito ao leito, é 
considerado um paciente com baixo risco para 
tromboembolismo venoso, então não precisa fazer 
profilaxia química, faz apenas a profilaxia mecânica 
com deambulação, repouso relativo e fisioterapia 
motora. 
No caso da apendicite aguda que o paciente é 
liberado no dia seguinte, deixa prescrito 
deambulação precoce, não tem indicação de usar 
clexane. 
Lembrando que todo material retirado no 
procedimento, principalmente o apêndice, 
OBRIGATORIAMENTE deve ser enviado para 
estudo anatomopatológico para comprovar e 
documentar que era apenas uma apendicite, por que 
em pequena porcentagem dos casos, essa apendicite 
pode ser uma mucocele de apêndice, uma neoplasia, 
um tumor carcinoide de apêndice (precisa de uma 
complementação com a cirurgia oncológica).

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