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Aula 02 Evolução Estacio

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DESCRIÇÃO
As evidências do processo evolutivo e dos mecanismos de macro e microevolução, sua
associação com fatores ambientais, a construção do pensamento evolucionista e a mudança
do paradigma fixista para o transformista.
PROPÓSITO
Compreender a evolução e seus mecanismos, nas escalas micro e macro, por meio das
evidências do processo evolutivo e sua relação com a origem de tamanha diversidade de vida
na Terra, a partir de um ancestral comum.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Compreender o processo evolutivo
MÓDULO 2
Distinguir as diferentes teorias evolutivas
INTRODUÇÃO
Estima-se que existam dezenas de milhões de espécies no planeta, muitas delas ainda não
descobertas pela Ciência. A explicação para tal diversidade de seres vivos vem da evolução,
ou evolução biológica, que é o processo de modificação dos seres vivos através das gerações.
Antigamente, acreditava-se que as espécies eram fixas e imutáveis, e que tinham sido criadas
como as conhecemos atualmente. Cientistas importantes, como Lamarck e Darwin,
contribuíram com suas ideias e teorias para o nosso entendimento da evolução das espécies.
Atualmente, sabemos que as espécies são mutáveis e que todos os seres vivos, inclusive os
humanos, descendem de um ancestral comum. A partir desse ancestral comum, a diversidade
de vida na Terra se originou ao longo de bilhões de anos de evolução.
A partir de agora, vamos entender como se dá o processo de evolução das espécies, conhecer
as evidências e os mecanismos envolvidos nesse processo. Ainda, vamos entender como se
deu a construção do pensamento evolucionista e conhecer algumas importantes teorias da
evolução. A evolução é um processo natural que ocorre desde que a primeira forma de vida
surgiu no planeta, e continua ocorrendo agora, neste exato momento, dando origem a novas
espécies. Neste conteúdo, você também verá como os fatores ambientais atuais afetam a
evolução das espécies.
MÓDULO 1
 Compreender o processo evolutivo
CONCEITO DE EVOLUÇÃO
A evolução, ou evolução biológica, é o processo de modificação dos seres vivos que
envolve descendência por meio da herança genética. Seguindo a ideia da evolução, todos
os seres vivos descendem de um ancestral comum, do qual toda a diversidade de vida na Terra
se originou ao longo de bilhões de anos de evolução — desde bactérias até plantas, fungos,
peixes e seres humanos. Em outras palavras, para haver evolução, tem de haver modificações
genéticas nos indivíduos que são transmitidas de uma geração para a outra, dos parentais para
os seus descendentes, seguindo as bases da hereditariedade.
A evolução da vida na Terra não é um processo linear e unidirecional, levando ao aumento de
complexidade, mas sim um processo ramificado no qual todos os seres vivos estão
conectados. Para entendermos melhor essa ideia, basta pensar que a história da evolução dos
seres vivos pode ser representada por meio de uma árvore e suas ramificações.
As ramificações da árvore – árvore genealógica ou árvore evolutiva – representam as relações
de ancestralidade e descendência entre os seres vivos:
 
Imagem: Shutterstock.com
 Árvore da vida mostrando o relacionamento a partir dos protistas.
 ATENÇÃO
É importante entendermos também que evoluir não significa tornar-se mais complexo ou mais
forte, não significa ganhar uma característica ou desenvolver determinada estrutura.
Evoluir pode significar, em muitos casos, tornar-se mais simples, perder uma característica ou
estrutura que não tinha função ou que provocava um grande gasto de energia para sua
manutenção, ou ainda, que causava alguma desvantagem para aquela espécie. Da mesma
forma, há de se ter cautela com os termos “primitivo” versus “mais evoluído”, em seu lugar
devemos utilizar os termos “basal” ou “ancestral” versus “derivado”. Por exemplo:
 EXEMPLO
Os musgos e as esponjas são grupos de organismos que possuem estruturas consideradas
menos complexas do que as de seus parentes mais próximos.
A seguir, vamos conhecer esses organismos que são bem adaptados aos seus ambientes e
possuem as características necessárias para sobreviverem e se reproduzirem ali.
 
Foto: Shutterstock.com
 À esquerda os musgos e à direita uma Angiosperma.
MUSGOS
Os musgos são plantas basais, as primeiras que ocuparam o ambiente terrestre, não
apresentam raízes verdadeiras, nem vasos condutores de seivas, por isso são plantas de
pequeno porte, sem caule lignificado (lenhoso), também não apresentam flores e nem
sementes. Essas plantas basais não desapareceram com o surgimento de plantas mais
derivadas, como as angiospermas (ou plantas com flores), que apresentam todas essas
características mencionadas.
 
Foto: Shutterstock.com
 Esponjas, seres sésseis, representantes do grupo dos poríferos.
ESPONJAS
As esponjas, por sua vez, estão entre os animais basais, não possuem tecidos verdadeiros,
músculos, sistema nervoso ou órgãos diferenciados. São seres sésseis, filtradores e em forma
de tubo, com uma abertura na extremidade e paredes porosas. As esponjas não
desapareceram para dar origem a lagostas ou tubarões, que são animais mais derivados.
Musgos, angiospermas, esponjas, lagostas e tubarões sobreviveram por milhões de anos e
continuam na Terra testemunhando o processo ramificado, e não linear, da evolução da vida.
MECANISMOS DA EVOLUÇÃO
Dentre os mecanismos básicos envolvidos na evolução, é importante entendermos os que
seguem:
Mutação
 
Imagem: Shutterstock.com
 Sequência de DNA (A- Adenina, G- Guanina, T- Timina e C- Citosina).
As mutações são fontes de variação genética; é quando ocorre a mudança na sequência de
DNA do genoma de um ser vivo. Mutações aleatórias ocorrem naturalmente no genoma dos
seres vivos, inclusive no nosso. Podem ser causadas, dentre outros fatores, por erros durante
a divisão celular, por exposição aos raios ultravioleta, à radiação ionizante ou a agentes
químicos.
javascript:void(0)
RADIAÇÃO IONIZANTE
É a radiação com altos níveis de energia, capazes de alterar o estado físico de um átomo
e causar a perda de elétrons, tornando-os eletricamente carregados; processo chamado
ionização.
O primeiro passo para a evolução acontece com o surgimento de uma mutação aleatória, que
ocorre ao acaso. Essa mutação pode ser:
FAVORÁVEL
Quando traz uma vantagem àquele indivíduo que a possui e provavelmente será passada aos
seus descendentes
DESFAVORÁVEL
Quando traz uma desvantagem e, logo, não será passada aos descendentes já que este
indivíduo terá menos condições de sobreviver e gerar descendentes; ou
NEUTRA
Como é o caso de grande parte das mutações, quando não influenciam a aptidão do indivíduo
e não causam alteração no seu fenótipo, pois ocorrem em regiões não codificadoras do
genoma.
Seleção natural
A seleção natural atua exatamente na variação genética presente no genoma de um indivíduo,
que é fruto da ocorrência de uma mutação, por exemplo. Essa variação genética, ou mutação,
permite que indivíduos adquiram uma vantagem sobre os outros, assim eles irão sobreviver,
reproduzir-se com mais sucesso em seu ambiente e gerar mais descendentes na próxima
geração, em comparação com os outros indivíduos da população que não possuem
determinada mutação.
A seleção natural não é aleatória, não acontece por acaso, como nas mutações.
 ATENÇÃO
Ainda, é importante termos em mente que um ser vivo não pode optar por se adaptar ao
ambiente ou à determinada condição ambiental. Primeiro, a mutação deve surgir ao acaso no
genoma de um indivíduo para que, depois, a seleção natural atue, beneficiando, então, o
indivíduo com a variação genética que existe.
Deriva genética
A deriva genética também é considerada uma das grandes promotoras da evolução e
diversidade.
Em 1968, o cientista Motoo Kimura propôs uma explicação alternativa à seleção natural. Com
isso, nem toda variação genética dentro de populações seria resultado de seleção natural ou
poderia ser considerada vantagem ou desvantagem. Para o cientista, a maior parte da variaçãoentre os organismos é produto da sorte, de uma força aleatória ou randômica, a deriva
genética. Ela promove alterações aleatórias na composição genética de uma população ou,
mais especificamente, nas frequências alélicas de uma população, que é a frequência em que
um alelo aparece em uma população.
 
Imagem: Shutterstock.com
 EXEMPLO
Um mesmo gene que controla a cor das pétalas de uma flor apresenta um alelo dominante ‘A’
para a cor amarela e um alelo recessivo ‘a’ para a cor branca. Caso todos os alelos da
população de plantas sejam ‘a’, a frequência do alelo ‘a’ naquela população será 100%.
Basicamente, genes de indivíduos são passados para as próximas gerações ao acaso, sem
que eles sejam necessariamente os indivíduos mais bem adaptados ou mais saudáveis, por
exemplo. A deriva genética ocorre nas populações de seres vivos em geral, sendo mais intensa
em populações pequenas, com menor número de indivíduos, nas quais mudanças ao acaso
podem gerar maiores impactos.
Não é possível prever a direção da mudança na composição genética de dada população
causada pela deriva genética, ela sempre ocorre ao acaso. Por isso, é comparada ao rumo de
um barco abandonado à deriva.
 EXEMPLO
Pense em uma população com 100 indivíduos de uma espécie de planta: 10 com flores roxas,
10 com flores brancas e 80 com flores amarelas. Essas cores não trazem nenhuma vantagem
ou desvantagem às plantas, todas têm a mesma probabilidade de se reproduzir. Agora,
imagine que um incêndio natural matou 60 plantas com flores amarelas, por acaso. Sobraram
então 20 plantas com flores amarelas, 10 com flores roxas e 10 com flores brancas. Por puro
acaso, agora somente metade da população de plantas tem flores amarelas. Isso é a deriva
genética.
Fluxo genético
O fluxo genético se refere ao movimento de genes dentro de uma população e entre diferentes
populações, devido às migrações de indivíduos. É uma fonte muito importante de variação
genética, pois pode transportar novos genes de uma população para a outra. Além disso, o
fluxo genético permite que populações de uma espécie que estão distantes geograficamente
uma das outras sejam geneticamente similares.
 EXEMPLO
 
Imagem: Shutterstock.com
O pólen de muitas espécies de plantas é transportado entre populações distantes entre si por
meio de seus polinizadores.
EVIDÊNCIAS DO PROCESSO EVOLUTIVO
O estudo da evolução dos seres vivos depende de conhecimentos múltiplos vindos de diversas
áreas, como:
Anatomia
Biogeografia
Biologia celular
Bioquímica
Genética
Paleontologia
Sistemática filogenética
Quando estudamos a evolução das espécies, geralmente tentamos desvendar processos e
eventos históricos que ocorreram num passado distante e que, ao longo de bilhões de anos,
produziram modificações nos seres vivos.
 RESUMINDO
Ou seja, é muito difícil para nós, humanos, testemunharmos a evolução ocorrendo diante de
nossos olhos, pois nossa escala de tempo é outra quando comparada à escala de tempo do
planeta Terra e ao tempo necessário para que as mudanças nos organismos ocorram e sejam
passadas às próximas gerações. Salvo raras exceções, como no caso das bactérias ou de
outros seres vivos com tempo de geração curto, é difícil, durante nossa existência,
acompanharmos o processo evolutivo das espécies. Porém, é possível investigar e
compreender a evolução a partir dos rastros e evidências disponíveis para nós atualmente.
São fontes de evidências do processo evolutivo os fósseis, a embriologia comparada, a
anatomia comparada e os órgãos vestigiais, conforme veremos a seguir:
FÓSSEIS

 
Foto: Shutterstock.com
 Fóssil de dinossauro.
São evidências de seres vivos que habitaram a Terra em épocas geológicas diferentes da que
vivemos atualmente, ou seja, datam de mais de 12 mil anos atrás. São considerados fósseis
tanto os ossos inteiros de um dinossauro, por exemplo, assim como pequenas partes de seu
corpo ou seus rastros.
Fósseis também podem ser simples impressões ou marcas de um ser vivo em rochas,
pegadas, fezes (conhecido como coprólito) ou partes destes seres vivos, como pólen, madeira,
sementes, dentes.
 
Foto: Shutterstock.com
 Impressões fósseis de trilobitas.


 
Foto: Shutterstock.com
 Fóssil de inseto em âmbar.
Além disso, apesar de bem menos frequente, alguns seres vivos podem ser fossilizados
inteiros, como insetos preservados em âmbar ou mamíferos da era do gelo mumificados
naturalmente em ambientes frios e secos.
Os registros fósseis fornecem informações não só sobre o ser vivo que foi fossilizado, mas
também sobre seus hábitos alimentares, seu tamanho e padrão de crescimento, sua
reprodução, entre outras características. Também podem indicar como eram os ambientes
naturais do passado — a partir do estudo de grãos de pólen fósseis encontrados em diferentes
estratos de sedimento, florestas do passado podem ser reconstruídas, incluindo seu clima.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Grão de pólen visto em microscópio.


 
Imagem: Shutterstock.com
 Fósseis de amonitas.
Os fósseis podem indicar, ainda, interações entre os diferentes seres vivos — os vestígios da
mordida de dinossauros aquáticos em rochas cobertas por amonitas, por exemplo, revelou aos
cientistas uma possível interação predador-presa entre esses organismos.

O QUEBRA-CABEÇAS DA EVOLUÇÃO DA
VIDA NA TERRA
Assista a este vídeo para conhecer como os fósseis de plantas, mamutes e humanos revelam
detalhes das partes do quebra-cabeças da evolução da vida na Terra.
EMBRIOLOGIA COMPARADA
A embriologia comparada estuda o desenvolvimento embrionário dos seres vivos de forma
comparativa, ou seja, tem foco no desenvolvimento dos seres vivos nos seus primeiros
estágios de vida.
Seres vivos que possuem uma história evolutiva próxima podem apresentar desenvolvimento
embrionário mais semelhante entre si. A comparação dos estágios embrionários de diferentes
grupos de seres vivos também constitui uma interessante fonte de evidência evolutiva, porque
quanto mais desenvolvido um ser vivo, quanto mais perto da sua fase adulta, mais
características individuais e particulares das espécies aparecem, diminuindo assim as
semelhanças encontradas nas fases iniciais de desenvolvimento.
 EXEMPLO
Um bom exemplo é a comparação das fases iniciais da embriologia dos grupos de vertebrados.
Repare que, no início do desenvolvimento, todos os embriões possuem basicamente e mesma
estrutura; conforme se desenvolvem, as diferenças começam a ser notadas.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Comparação dos estágios embrionários entre os diferentes grupos de vertebrados.
ANATOMIA COMPARADA
Da mesma forma, a anatomia comparada é uma fonte adicional de evidências do processo
evolutivo. Entenda a diferença entre a anatomia e a anatomia comparada.
A anatomia é o ramo da ciência que estuda as estruturas internas e externas dos seres vivos,
seus órgãos e sistemas (ex.: reprodutivo, digestivo, respiratório).

Já a anatomia comparada estuda a anatomia dos diferentes seres vivos de forma comparativa.
Tais estudos comparativos podem revelar homologias e analogias. Vamos entender melhor
esses dois conceitos a seguir. Os seres vivos mais proximamente relacionados entre si vão
compartilhar características similares.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Os membros anteriores de humanos, felinos, baleias e morcegos são estruturas
homólogas.
CARACTERÍSTICAS HOMÓLOGAS
A homologia (Do grego, homo = igual e logos = estudo) trata do estudo de partes iguais ou
similares, que apresentam ancestralidade comum. Assim, características homólogas são
aquelas que apresentam a mesma origem e geralmente funções diferentes como, por exemplo,
os membros anteriores de humanos, felinos, baleias e morcegos. Essas estruturas têm a
mesma origem, compartilham o mesmo conjunto de ossos, mas exercem funções diferentes,
relacionadas a diferentes estilos de vida, como o manuseio de ferramentas nos humanos, a
locomoção terrestre nos felinos, o nado nas baleias eo voo nos morcegos. Todos eles
pertencem ao grupo dos mamíferos.
 
Foto: Shutterstock.com
 Asas dos insetos (à esquerda) e asas de aves (à direita).
CARACTERÍSTICAS ANÁLOGAS
São aquelas que apresentam origem evolutiva distinta ou independente, porém têm a mesma
função. Como exemplo de analogia, podemos citar as asas membranosas dos insetos e as
asas de penas sustentadas pelos ossos dos membros anteriores das aves. Esses grupos
possuem histórias evolutivas mais distantes entre si, e suas asas têm a mesma função, porém
origens independentes.
A partir das analogias, podemos introduzir outro conceito relacionado à evolução: a
convergência evolutiva, quando características similares evoluem independentemente.
 EXEMPLO
Um exemplo de convergência evolutiva se refere aos tubarões, que são peixes cartilaginosos,
e os golfinhos, que são mamíferos aquáticos.
Apesar de pertencerem a grupos distintos e de apresentarem as características únicas dos
seus respectivos grupos, esses animais se especializaram na vida nos mares. Ou seja, eles
estão adaptados para sobreviverem e se reproduzirem nesse ambiente.
Por convergência evolutiva, eles apresentam o mesmo formato hidrodinâmico e anatomia
externa bastante similar: corpo afilado, com uma nadadeira dorsal, duas nadadeiras laterais, o
dorso de cor escura e o ventre claro. Ou seja, essas características surgiram,
independentemente, nesses dois grupos (peixes e mamíferos aquáticos) durante o curso da
evolução.
 
Foto: Shutterstock.com
 Corpo do tubarão. / Corpo dos golfinhos.
ÓRGÃO VESTIGIAIS
Representam a regressão de alguns órgãos ao longo do tempo. Acontece quando há a
redução de certos órgãos ou estruturas, e consequente perda de sua função inicial, ou quando
o órgão desaparece em alguns indivíduos de uma população.
Os órgãos vestigiais são evidências da evolução, pois também podem indicar uma
ancestralidade comum entre espécies aparentadas.
Para que você entenda melhor, apresentaremos um exemplo de órgão vestigial a seguir:
APÊNDICE
Nós, humanos, temos um órgão chamado apêndice, que está localizado entre o intestino
delgado e o intestino grosso. O nosso apêndice tem tamanho reduzido e não tem uma função
expressiva. Porém, em outros mamíferos, como coelhos e coalas, o apêndice é bem
desenvolvido e tem a função de armazenar alimentos parcialmente digeridos, além de ser o
local onde a celulose (presente nos alimentos vegetais) é degradada por bactérias
especializadas. Sob o ponto de vista evolutivo, existe a hipótese de que, porque nossa dieta
como humanos se tornou onívora, o apêndice se tornou menos importante em nosso corpo.
 
Imagem: Shutterstock.com
 O apêndice em coelhos.
 
Imagem: Shutterstock.com
 O apêndice em humanos.
MECANISMOS DA MICROEVOLUÇÃO E
MACROEVOLUÇÃO
A evolução pode ser estudada a partir de diferentes perspectivas ou em diferentes escalas:
A microevolução é a evolução em pequena escala, ocorrendo dentro de uma população ou
de diferentes populações de uma espécie.

A macroevolução está relacionada a uma escala maior, entre diferentes espécies e grupos de
espécies.
POPULAÇÃO
javascript:void(0)
É o grupo de indivíduos de uma espécie que habitam na mesma área.
Em outras palavras, a microevolução aborda as questões em nível de população e revela
padrões e processos evolutivos que ocorrem dentro de uma espécie. Enquanto a
macroevolução aborda as questões em nível de espécie ou acima, e revela padrões e
processos evolutivos que ocorrem entre espécies e grupos de espécies.
 
Imagem: Anônimo/Wikimedia Commons/Domínio Público
 Yuri Filipchenko.
Essa divisão foi proposta pelo cientista Yuri Filipchenko (1882-1930), com o intuito de organizar
as pesquisas desenvolvidas em evolução nesses dois níveis.
Vamos entender melhor, a seguir, os mecanismos e aplicações da microevolução e da
macroevolução.
MICROEVOLUÇÃO
A microevolução vai investigar mudanças relacionadas aos genes e seus alelos, dentro de
uma espécie, mais especificamente nas populações e nos indivíduos dessa espécie. Tais
mudanças nos genes e alelos ocorrem ao longo de gerações e envolvem os mecanismos
básicos que já foram explicados: a mutação, a seleção natural, a deriva genética e o fluxo
genético.
 EXEMPLO
Dentre as aplicações dos estudos microevolutivos, podemos citar aqueles que buscam explicar
a dinâmica das populações. Por exemplo, explicar:
se há fluxo genético entre populações mais distantes geograficamente;
se determinada população está em processo de diferenciação genética ou em processo
de especiação; ou
qual o índice de diversidade genética das populações de determinada espécie.
São exemplos de estudos reais em microevolução aqueles realizados com bactérias, que, por
terem tempo de geração curto, podem evoluir mais rápido e logo adquirir resistência a
antibióticos; e aqueles realizados pela Embrapa (Default tooltip) para conter a perda da
diversidade genética de populações naturais de plantas com valor para a agricultura.
 
Foto: Shutterstock.com à esquerda e Alf Ribeiro/Shutterstock.com à direita.
 Cultura de bactérias. / Pesquisadores da Embrapa.
MACROEVOLUÇÃO
A macroevolução vai investigar questões mais amplas, que envolvem diferentes espécies ou
grupos de espécies e, ainda, grandes escalas geográficas e longos períodos. Dentre os
mecanismos envolvidos na macroevolução estão:
DIVERSIFICAÇÃO DE ESPÉCIES
Que por definição é o balanço entre as taxas de extinção (desaparecimento de espécies) e as
taxas de especiação (surgimento de espécies);
RADIAÇÃO ADAPTATIVA
Equando há uma rápida diversificação de espécies ou grupo de espécies, que acabam
colonizando novos ambientes e explorando novos recursos disponíveis.
Em relação às aplicações dos estudos macroevolutivos, podemos citar aqueles que buscam
explicar:
1
 
Foto: Shutterstock.com
 Angiospermas, plantas com flores.
A origem de determinada espécie ou de grandes grupos de espécies, como a origem das
angiospermas, que são as plantas com flores.
As causas das extinções em massa, como a que provocou a extinção dos dinossauros.
 
Foto: Shutterstock.com
 Dinossauros.
2
3
 
Foto: Shutterstock.com
 Radiação adaptativa dos tentilhões das Ilhas Galápagos.
A radiação adaptativa ou rápida diversificação das aves.
O surgimento do voo em animais.
 
Foto: Shutterstock.com
 Archaeopteryx , o dinossauro com penas e capacidade de voar.
4
5
 
Foto: Shutterstock.com
 Biodiversidade em floresta tropical.
E até mesmo a evolução da rica biodiversidade das florestas tropicais.
De uma forma geral, como acabamos de ver, é possível investigar e entender a evolução por
meio de uma perspectiva micro ou macro.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A EVOLUÇÃO EXPLICA A ENORME DIVERSIDADE DE SERES VIVOS
QUE JÁ HABITARAM OU HABITAM A TERRA, TODOS DESCENDENTES
DE UM ANCESTRAL COMUM. POR DEFINIÇÃO, A EVOLUÇÃO É O
PROCESSO DE MODIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS AO LONGO DE
GERAÇÕES. DENTRE OS MECANISMOS BÁSICOS ENVOLVIDOS NA
EVOLUÇÃO, PODEMOS CITAR:
A) Mutação, seleção natural e dispersão.
B) Mutação, seleção natural e deriva genética.
C) Mutação, especiação e extinção.
D) Deriva genética, fluxo genético e radiação adaptativa.
E) Deriva genética, seleção natural e extinção.
2. É POSSÍVEL INVESTIGAR E COMPREENDER A EVOLUÇÃO
BIOLÓGICA A PARTIR DOS RASTROS OU DAS EVIDÊNCIAS
DISPONÍVEIS PARA NÓS ATUALMENTE. MARQUE A OPÇÃO QUE INDICA
CORRETAMENTE AS FONTES DE EVIDÊNCIA DO PROCESSO
EVOLUTIVO:
A) Fósseis, homologias e órgãos vestigiais.
B) Fósseis, homologias e interações bióticas.
C) Fósseis, homologias e migrações.
D) Embriologia comparada, adaptações e migrações.
E) Embriologia comparada, analogias e interações bióticas.
GABARITO
1. A evolução explica a enorme diversidade de seres vivos que já habitaram ou habitam
a Terra, todos descendentes de um ancestral comum. Por definição, a evolução é o
processo de modificação dos seres vivos ao longo de gerações. Dentre os mecanismos
básicos envolvidos na evolução, podemoscitar:
A alternativa "B " está correta.
 
A mutação, a seleção natural, a deriva genética e o fluxo genético por meio das migrações são
mecanismos básicos da evolução, que acontece a partir de modificações genéticas nos
indivíduos de uma população que são transmitidas de uma geração para a outra.
2. É possível investigar e compreender a evolução biológica a partir dos rastros ou das
evidências disponíveis para nós atualmente. Marque a opção que indica corretamente as
fontes de evidência do processo evolutivo:
A alternativa "A " está correta.
 
Evidências do processo evolutivo podem ser encontradas no registro fóssil, a partir do estudo
da embriologia comparada, da anatomia comparada e dos órgãos vestigiais. As homologias se
destacam como importantes evidências da evolução por serem estruturas semelhantes, com a
mesma origem evolutiva, mas que não necessariamente têm a mesma função. Reveja, no
conteúdo, o exemplo de homologia envolvendo os membros anteriores de mamíferos —
humanos, felinos, baleias e morcegos. Já as analogias são estruturas com função semelhante,
mas que não têm a mesma origem evolutiva, tendo evoluído independentemente em diferentes
espécies ou grupos, portanto, não podem indicar parentesco.
MÓDULO 2
 Distinguir as diferentes teorias evolutivas
CONSTRUÇÃO DO PENSAMENTO
EVOLUCIONISTA E MUDANÇA DO 
PARADIGMA FIXISTA PARA O
TRANSFORMISTA
A ciência, com suas diversas áreas de produção de conhecimento, não está livre de seu
contexto social e político. Ao longo dos anos, conforme o pensamento evolucionista foi sendo
construído, houve diferentes influências e teorias propostas para explicar a diversidade de
espécies existentes no planeta.
Em um primeiro momento, predominava o paradigma fixista, segundo o qual os seres vivos
eram imutáveis e não sofriam modificações ao longo do tempo. O paradigma fixista esteve
muito ligado à ideia criacionista, aos ensinamentos bíblicos de que Deus teria criado todas as
espécies como são, e foi bastante difundido por influência da Igreja, que, como instituição,
detinha grande parte do conhecimento e poder na época.

Num segundo momento, há uma mudança do paradigma fixista para o paradigma
transformista. Esse paradigma defendia que as espécies passavam por transformações ou
mudanças, ideia que começou a ser desenvolvida e que futuramente culminou na Teoria da
Evolução.
 Pintura da Capela Sistina, no Vaticano, ilustrando a ideia do criacionismo.
A seguir, vamos entender melhor e com mais detalhes os principais representantes de cada
pensamento evolucionista.
Paradigma Fixista
1
 
Foto: Shutterstock.com
 Platão.
As primeiras ideias sobre a origem imutável dos seres vivos surgiram com Platão. Os seres
vivos que vivem no mundo físico, segundo ele, seriam apenas cópias imperfeitas dos seres
vivos ideais ou verdadeiros, que existem no mundo não físico, o mundo das ideias. E, mais
importante, para Platão, as formas ideais (de seres vivos, no caso) eram perfeitas, imutáveis e
eternas.
Discípulo de Platão, permanece com o pensamento de que os seres vivos são imutáveis,
porém ele reconhece que, para conhecer a natureza, devemos conhecer as causas da
permanência e da mudança. Aristóteles considera que a finalidade, o motivo ou a função
explicam a organização e as transformações dos seres vivos. Mais tarde, com o cristianismo,
até o início do século XVIII, a ideia de que as espécies eram imutáveis e que Deus teria criado
todos os seres vivos como são, predominou (i.e., criacionismo).
 
Foto: Shutterstock.com
 Aristóteles.
2
3
 
Foto: Shutterstock.com
 Carl Linnaeus ou Lineu.
Muitos naturalistas da época ainda seguiam a ideia de que as espécies eram imutáveis,
incluindo Carl Linnaeus ou Lineu (1707 -1778), que criou o sistema de classificação natural e a
nomenclatura binomial, onde as espécies eram organizadas hierarquicamente e nomeadas em
latim, por duas palavras: o nome do gênero e seu epíteto específico. Até ali, persistia então o
paradigma fixista — os seres vivos não se modificavam ao longo das gerações..
Ainda, acreditava-se que os seres vivos podiam ser ordenados de maneira linear e progressiva
ou organizados ao longo de uma grande escada, por ordem de complexidade, na qual os seres
vivos mais simples estariam na base e os mais complexos, como o homem, estariam no ápice.
Paradigma Transformista
 
Foto: Shutterstock.com
JEAN-BAPTISTE LAMARCK
Em meados do século XVIII, o paradigma transformista começou a ser idealizado, com base na
percepção, por diversos cientistas, das transformações que ocorriam no mundo natural, no
sistema solar, na geologia e nos seres vivos. O naturalista francês Jean-Baptiste Lamarck
(1744 -1829) foi o primeiro a propor que os seres vivos, na verdade, eram mutáveis, ou seja,
sofriam modificações ao longo do tempo.
 
Foto: Shutterstock.com
CHARLES DARWIN
Posteriormente, as ideias de Charles Darwin (1809-1882) e sua teoria da evolução das
espécies, revolucionaram a ciência e mudaram nosso entendimento sobre a história dos seres
vivos. Mais tarde, na era pós-Darwin, os avanços tecnológicos e as descobertas em genética
foram sendo incorporados à teoria da evolução, que se reformulou, dando origem ao que
conhecemos atualmente como o neodarwinismo ou a teoria sintética da evolução.
 ATENÇÃO
É importante destacar que as teorias evolutivas vão na contramão do criacionismo ou
paradigma fixista.
Segundo o criacionismo, todos os seres vivos que habitam a Terra foram criados da forma
como os conhecemos atualmente, não se modificaram, são imutáveis, incluindo nós, a espécie
humana. Apesar das várias evidências da evolução — como os registros fósseis e as
estruturas semelhantes compartilhadas por espécies que têm a mesma origem (homologias)
—, ainda existem pessoas que não abandonaram a ideia do criacionismo.
 ATENÇÃO
Por isso, é importante destacar que a ciência e a religião são campos bem diferentes.
Enquanto a ciência lida com fatos, métodos rigorosos e evidências palpáveis para gerar suas
hipóteses, produzir conhecimento e explicar os fenômenos naturais, a religião, por outro lado,
lida com o sobrenatural, com crenças que vão além do que podemos ver, testar e explicar na
maior parte das vezes.
A ideia de que se deve escolher entre ciência e religião é equivocada. Da mesma forma que
existem muitos cientistas que são religiosos, também existem muitos religiosos que entendem
o papel fundamental da ciência para o desenvolvimento da humanidade.
A descoberta de que os seres vivos evoluem e descendem de um mesmo ancestral é uma,
dentre as inúmeras descobertas científicas que vêm contribuindo para o nosso
desenvolvimento intelectual, social, tecnológico e econômico, além dos importantes avanços na
saúde e no meio ambiente.
TEORIAS EVOLUTIVAS
As teorias evolutivas, que têm sua base na ideia de que as espécies mudam ao longo do
tempo, ou seja, sofrem modificações ao longo das gerações, foram sendo desenvolvidas com a
participação de diferentes cientistas. Desde Lamarck — que foi um dos precursores do
pensamento evolucionista — até Darwin — com a famosa teoria da seleção natural – e seu
contemporâneo Alfred Wallace (1823-1913), diferentes ideias foram sendo discutidas e
refinadas.
Mais tarde, na fase pós-Darwin, descobriu-se como surge a variação no indivíduo, uma
condição básica para que ocorra a evolução. Desde então, a genética vem avançando em
teorias, métodos e ferramentas altamente tecnológicas.
Acompanhe a seguir a explicação destes três marcos.
LAMARCKISMO
Lamarck foi pioneiro ao propor que os seres vivos eram mutáveis, lá pelos idos de 1809. Suas
ideias tiveram extrema relevância e serviram de ponto de partida para o pensamento
evolucionista, embora tenha recebido muitas críticas e tenha se baseado em ideias que já
foram abandonadas pela comunidade científica atual, como a geração espontânea e a ideia de
que a evolução resultava em progresso, em um aumento de complexidade visando à perfeição.
Segundoa teoria da geração espontânea, seres vivos poderiam ser gerados
espontaneamente a partir da matéria orgânica ou inorgânica existente no meio ambiente. Por
exemplo, moscas geradas a partir da carne ou outros restos em putrefação. Essa não é uma
teoria aceita atualmente.
Lamarck já considerava os fósseis como registros da evolução das espécies, porém não
levantou a hipótese de que os seres vivos descendiam de um ancestral comum. Segundo
Lamarck, os seres vivos se modificam ao se adaptarem ao ambiente em que vivem, ou seja,
são moldados pelos seus hábitos de vida e pelo ambiente. Sua teoria estava fundamentada em
diferentes leis, incluindo a lei do uso e desuso e a lei da herança de caracteres adquiridos.
LEI DO USO E DESUSO
Seguindo essa lei, ele explicava que, conforme o ambiente muda, os seres vivos podem
desenvolver mais determinado órgão se ele for muito utilizado ou, ao contrário, se ele não for
utilizado, pode encolher ou atrofiar. Um exemplo clássico usado para explicar essa lei é o
pescoço longo das girafas, que teria evoluído e se tornado mais longo através das gerações,
para que elas alcançassem as folhas nas copas das árvores altas.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Representação do alongamento do pescoço das girafas, segundo Lamarck.
LEI DA HERANÇA DE CARACTERES ADQUIRIDOS
E mais, ele acreditava que as modificações que resultavam do uso e desuso eram herdadas,
daí a lei da herança de caracteres adquiridos. Em outras palavras, Lamarck acreditava que os
caracteres individuais adquiridos por um organismo ao longo de sua vida eram passados de
uma geração para a outra. Voltando ao exemplo da girafa, o pescoço longo seria passado para
as próximas gerações, e o seu uso contínuo o tornaria ainda mais longo.
É importante destacar aqui que a ideia de herança já era comum no meio científico da
época, apesar de seu funcionamento ainda não ser bem entendido.
DARWINISMO
 
Imagem: Transmutation of species, Darwin, 1837-1838, p. 36.
 Uma árvore evolutiva, por Charles Darwin (1837).
Darwin é um dos naturalistas mais conhecidos do mundo. Ele revolucionou o modo de pensar
a vida no planeta com sua contribuição para o estudo da evolução das espécies.
Tudo começou em 1831, quando Darwin, ainda bem jovem, partiu para uma expedição na
América do Sul, a bordo do navio HMS Beagle . Essa expedição permitiu-lhe explorar a
natureza e a riqueza das espécies tropicais, e foi a partir dela que Darwin propôs sua teoria da
seleção natural e evolução das espécies. Assista ao vídeo a seguir para mais informações
sobre a passagem de Darwin pelo Brasil.

OS CAMINHOS DE DARWIN NO BRASIL
Neste vídeo, você vai conhecer mais sobre os caminhos de Darwin no Brasil, ele que foi um
dos maiores e mais influentes naturalistas do mundo.
Desde a expedição até a publicação de sua mais importante obra A origem das espécies , em
1859, foram 20 anos de estudos, inúmeros experimentos, coletas de material vivo e fósseis.
Darwin defendia suas ideias de descendência com modificação por meio da seleção natural,
isto é, os seres vivos mais adaptados ao ambiente sobrevivem e geram descendentes, que
sustentavam a sua teoria sobre a evolução das espécies. Ainda, ele acreditava que todas as
espécies se originaram de um único ancestral comum.
As principais diferenças entre as ideias de Darwin e Lamarck estavam relacionadas a pensar:
A evolução como aumento da complexidade
Que órgãos podem ser alterados em função do ambiente ou de uma necessidade do ser vivo
Darwin não acreditava na ideia de que a evolução seria um progresso, mas sim uma mudança
ao longo do tempo. Acreditava também que a variação já existia entre os indivíduos e que o
ambiente selecionava o mais adaptado, diferentemente de Lamarck, que acreditava que o
ambiente alterava a forma dos indivíduos.
Ainda, Darwin acreditava que a formação de novas espécies acontecia a partir da conversão
da variação entre indivíduos (dentro da população), em variação entre populações diferentes,
ao longo do tempo. Então, se novas espécies são formadas dessa maneira — com a
transformação da variação do indivíduo, em variação entre populações —, pensar nesse
processo ocorrendo em direção ao passado nos leva a compreender a ideia da origem única e
comum para todos os seres vivos.
 ATENÇÃO
É importante destacar também que Darwin não estava sozinho, ele trocou muito conhecimento
com seu contemporâneo Alfred Wallace, com quem compartilhava suas ideias sobre evolução.
Dentre as observações na natureza que levaram Darwin a propor suas teorias, podemos citar:
AS TARTARUGAS DE GALÁPAGOS
As tartarugas que viviam nos ambientes úmidos, com vegetação abundante, tinham casco em
forma de uma cúpula e pescoço curto. Já as tartarugas que viviam em ambientes mais secos e
com menos vegetação tinham casco irregular e pescoço bem longo.
OS TENTILHÕES DE GALÁPAGOS
Os tentilhões apresentavam diferenças no formato do bico que estavam ligadas ao tipo de
alimento e habitat onde viviam.
O FÓSSIL DE PREGUIÇA-GIGANTE
O fóssil de uma preguiça gigante o fez suspeitar do parentesco entre ela e as preguiças
atuais.
NEODARWINISMO
Na fase pós-Darwin, pós-teoria da evolução das espécies, começa a se desenvolver o
neodarwinismo, sustentado pela teoria sintética da evolução, que vai explicar como surge a
variação em um indivíduo — a condição básica para que ocorra a evolução — e como essa
variação é transmitida para os seus descendentes.
 
Imagem: Shutterstock.com
Darwin não explicou como surgiam as variações nos indivíduos e, para ele, a transmissão de
características se dava por meio de substâncias fluidas dos parentais para seus descendentes.
O desenvolvimento da genética foi fundamental para essa nova fase, a partir da qual os
mecanismos básicos da evolução como a mutação, a deriva genética e o fluxo genético foram
desvendados.
Desde Darwin até o presente momento, os avanços em relação a teorias, métodos e
ferramentas focados nos estudos evolutivos foram inúmeros. Atualmente, com o
desenvolvimento da genômica e da bioinformática, genomas inteiros podem ser sequenciados
com facilidade antes impensável e, a partir deles, uma quantidade enorme de informação
genética torna-se disponível para os estudos evolutivos.
OS FATORES AMBIENTAIS ATUAIS QUE
AFETAM A EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES
Dentre os fatores ambientais atuais que afetam a evolução das espécies estão as mudanças
no clima, especialmente temperatura e precipitação, a fragmentação ou destruição dos
habitat naturais e as alterações dos recursos como água, luz e nutrientes. Tais mudanças
ou alterações podem ocorrer naturalmente, como causa de catástrofes ou fenômenos naturais,
ou podem ser provocadas pela ação humana, o que tem acontecido com frequência nas
últimas décadas. Vamos explicar melhor os dois casos e exemplificá-los a seguir.
Ainda, quando pensamos em evolução, imediatamente nos vem à mente a formação de novas
espécies. É bem verdade que as mudanças ou alterações dos fatores ambientais podem
provocar a formação de novas espécies, mas por outro lado, também podem culminar no
desaparecimento de espécies (extinção).
 
Foto: Shutterstock.com
Eventos naturais como furacões, tsunamis, glaciações, atividades vulcânicas e desertificações
podem alterar fatores ambientais como clima, relevo, água, luz, nutrientes, disponibilidade de
oxigênio, entre outros, e, como consequência, podem afetar a evolução das espécies.
 EXEMPLO
Por exemplo, os tsunamis podem devastar grandes áreas terrestres e causar a fragmentação
de habitat, ou seja, podem fragmentar em partes isoladas o habitat natural de determinada
espécie. Se as diferentes populações dessa espécie, que passam a viver em diferentes
fragmentos, permanecerem isoladas por muito tempo e começarem a acumular diferenças
genéticas, pode ser que aconteça a evolução e a formação de novas espécies.
 ATENÇÃO
Cabe ressaltar aqui o fato de que muitos dos eventos naturais citados anteriormente também
podem ser desencadeados pela açãohumana, como os furacões e tsunamis, provocados
pelas mudanças climáticas desencadeadas pelo homem.
Os impactos causados pelas ações humanas, como a destruição dos habitat naturais, a
poluição de rios e mares, a superexploração dos recursos naturais, o crescimento acelerado
das cidades, a introdução de espécies exóticas, o aquecimento global, entre outros — também
podem interferir na evolução das espécies.
 EXEMPLO
Por exemplo, estudos recentes mostram espécies que estão evoluindo em adaptação à vida
nas cidades. Uma subespécie de mosquito evoluiu nas cidades e se adaptou a viver em áreas
subterrâneas, como os metrôs, túneis e porões, alimentando-se de sangue humano, enquanto
a outra subespécie da superfície se alimenta do sangue de aves.
 
Foto: Walkabout12/Wikimedia Commons/ CC-BY-SA-3.0
 Culex pipiens molestus , conhecido como o mosquito do metrô de Londres.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AO LONGO DA CONSTRUÇÃO DO PENSAMENTO EVOLUCIONISTA,
DIFERENTES CIENTISTAS CONTRIBUÍRAM COM SUAS IDEIAS E
TEORIAS ATÉ CHEGARMOS AO CONHECIMENTO QUE TEMOS
ATUALMENTE SOBRE ESSE PROCESSO IMPORTANTE DE FORMAÇÃO
DE NOVAS ESPÉCIES. SOBRE O EXPOSTO, MARQUE A RESPOSTA
CORRETA:
A) Segundo o paradigma fixista, as espécies eram mutáveis.
B) Segundo o paradigma transformista, as espécies eram imutáveis.
C) Darwin acreditava que as espécies eram imutáveis.
D) Lamarck acreditava que as espécies eram imutáveis.
E) Darwin e Lamarck acreditavam que as espécies eram mutáveis.
2. DENTRE OS NOMES ABAIXO, QUAL DELES FICOU CONHECIDO POR
REVOLUCIONAR A CIÊNCIA COM SUA TEORIA DA EVOLUÇÃO DAS
ESPÉCIES E SELEÇÃO NATURAL?
A) Aristóteles.
B) Carl Linnaeus, o Lineu.
C) Jean-Baptiste Lamarck.
D) Charles Darwin.
E) Gregor Mendel.
GABARITO
1. Ao longo da construção do pensamento evolucionista, diferentes cientistas
contribuíram com suas ideias e teorias até chegarmos ao conhecimento que temos
atualmente sobre esse processo importante de formação de novas espécies. Sobre o
exposto, marque a resposta correta:
A alternativa "E " está correta.
 
Darwin e Lamarck defendiam que as espécies passavam por mudanças ao longo do tempo, ou
seja, eram contrários à ideia fixista de que as espécies eram imutáveis.
2. Dentre os nomes abaixo, qual deles ficou conhecido por revolucionar a ciência com
sua teoria da evolução das espécies e seleção natural?
A alternativa "D " está correta.
 
Charles Darwin é um dos nomes mais importantes das Ciências Biológicas. Suas ideias sobre
a evolução das espécies por meio da seleção natural, publicadas em suas obras e refinadas ao
longo do tempo por outros inúmeros cientistas, tornou possível, atualmente, entendermos
detalhes interessantes da nossa história e da história da Terra.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste conteúdo, definimos a evolução e descrevemos seus mecanismos básicos, como a
mutação, a seleção natural, a deriva genética e o fluxo genético por meio das migrações.
Conhecemos diferentes fontes evidência do processo evolutivo, que incluem os registros
fósseis, a embriologia comparada, a anatomia comparada e os órgãos vestigiais. Ainda, vimos
que as homologias se destacam entre as evidências da evolução, por serem estruturas
semelhantes, compartilhadas por diferentes organismos ou grupos que possuem a mesma
origem evolutiva.
Diferenciamos os estudos evolutivos que focam em diferentes escalas: a macroevolução e
microevolução. Descrevemos como se deu a construção do pensamento evolucionista,
incluindo as diferentes ideias de Lamarck (lei do uso e desuso e lei da herança de caracteres
adquiridos) e Darwin (seleção natural). Por fim, caracterizamos a fase pós-Darwin e os fatores
ambientais atuais ligados à evolução das espécies.
A evolução da vida na Terra continua ocorrendo, inclusive nas cidades, fora dos ambientes
naturais, onde espécies têm mostrado interessantes adaptações de comportamento e
morfologia.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BROMHAM, L.; CARDILLO, M. Origins of biodiversity: an introduction to macroevolution and
macroecology. Oxford: Oxford University Press, 2019. 424 p.
DARWIN, C. Transmutation of species (1837-1838). July 1837. Darwin Online, Domínio
público. Consultado na internet em: 6 maio 2021.
GUIMARÃES, M. Grãos do passado: pólen fóssil sugere clima úmido no interior do Nordeste
15 mil anos atrás, Revista Pesquisa FAPESP, jan. 2008.
KIMURA, M. Evolutionary rate at the molecular level. Nature, v. 217, n. 5129, p. 624–626.
1968.
RIDLEY, M. Evolução. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 752.
RODRIGUES, R. F. C.; SILVA, E. P. Lamarck: fatos e boatos. Teorias do naturalista francês
continuam sendo mal divulgadas, Revista Ciência Hoje, 26 set. 2011.
EXPLORE+
Assista ao vídeo O que é a teoria da evolução de Charles Darwin e o que inspirou suas
ideias revolucionárias , produzido pela BBC News Brasil, para reforçar o conteúdo
estudado.
Assista ao vídeo Nossa origem para conhecer mais sobre a evolução da espécie
humana e sua migração da África para os outros continentes. O vídeo é parte de um
projeto de divulgação científica chamado “Educação para Todes”, desenvolvido por
pesquisadores do Instituto de Biociências e do Museu de Arqueologia e Etnologia da
Universidade de São Paulo (USP). Disponível no YouTube.
CONTEUDISTA
Beatriz Neves
 CURRÍCULO LATTES
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