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Doença de Chagas

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Introdução 
 Conhecida também como 
tripanossomíase americana 
 É a infecção pelo Trypanosoma cruzi, 
transmitida por triatomíneos 
(“barbeiros”) 
Fase aguda: processo inflamatório difuso, 
com predomínio do PNM em quase todos os 
órgãos e tecidos. Presença de parasito (ninho 
de amastigotas) em fibras musculares 
(cardíacas, lisas e estriada) e no sangue 
periférico (tripomastigotas) 
Fase crônica: 
 Coração: processo inflamatório 
discreto a intenso no miocárdio, raros 
ninhos de amastigotas, lesões 
degenerativas e fibróticas, 
comprometimento do sistema 
autônomo e de condução. Frequente 
lesão no ápice cardíaco, local onde 
pode surgir um aneurisma, trombose 
intacavitária (origem dos êmbolos que 
se deslocam para a circulação 
sistêmica ou pulmonar) 
 Sistema digestivo: processo 
inflamatório discreto, predomínio das 
lesões dos plexos nervosos intramurais 
mais evidente no esôfago e no cólon 
Quando pensar na doença/ 
solicitar exames? 
 Pré-natal 
 Arritmias cardíacas – bloqueio de ramo 
– ICC 
 Disfagia 
 Sinais sugestivos de infecção aguda 
 Megacólon – obstipação 
 Doação de sangue 
 Transplante 
 Filho de mãe soropositiva 
 Obstipação disfagia 
 Arritmias – miocardiopatia dilatada, 
bloqueios cardíacos 
 Gestação 
 Quadro clínico sugestivo de chagas 
agudo 
 HIV 
Epidemiologia 
 A OMS estima em aproximadamente 6 
a 7 milhões o número de pessoa 
infectadas em todo o mundo, a 
maioria na américa latina 
 Estima-se que 80% das epssoas 
atingidas pela doença de Chagas no 
mundo não tenha acesso a 
diagnóstico e tratamento sistemáticos 
 Desde a década de 90, o número de 
infectados vem diminuindo 
Transmissão 
 Vetorial 
 Oral 
 Vertical 
 Transfusional ou por transplante de 
órgão 
 Acidental em laboratório 
Transmissão vetorial 
 No mundo são 148 espécies 
formalmente descritas de triatomíneos 
 No brasil, existem 65 espécies de 
triatomíneos 
 Os mais relevantes na transmissão 
domiciliar 
o Triatomia infestasns 
o Triatoma brasiliensis 
o Triatoma pseudomaculata 
o Triatoma sórdida 
o Panstrongylus megistus 
 Em 2006, a OMS declarou o Brasil livre 
da transmissão vetorial pelo triatoma 
infestans 
 
 
 A despeito dos avanços, o risco de 
transmissão vetorial da doença de 
Chagas persiste e tem sido avaliado 
sob diferentes perspectivas em função: 
o Da existência de espécie de 
triatomíneos, autóctones com 
elevado potencial de 
colonização 
o Da presença de reservatórios 
de T. cruzi e da aproximação 
cada vez mais frequente das 
populações humanas a esses 
ambientes 
o Da persistência de focos 
residuais de T.infestans, ainda 
existentes em alguns municípios 
dos estados da Bahia e do Rio 
grande do Sul 
 Atualmente o risco relacionado à 
transmissão do T.cruzi no Brasil 
depende: 
o Da persistência de focos 
residuais de T.infestans 
o Da existência de grande 
número de espécies 
comprovadamente autóctones 
ou potencialmente vetoriais no 
país, mesmo que em alguns 
casos populações domiciliares 
tenham sido bastante reduzidas 
o Da emergência de novas 
espécies com risco de 
domiciliação 
o Da existência de transmissão 
em caráter endémico na região 
amazônica, com mecanismos 
ainda mal caracterizados de 
transmissão como vetorial, 
domiciliar sem colonização, 
vetorial extradomiciliar e oral 
o Da ocorrência de surtos ou 
microepidemias de transmissão 
oral do T.cruzi 
Formas clínicas 
Fase aguda: 8 a 12 semanas. Níveis altos 
de parasitemia 
Fase crônica: baixo índice de 
parasitemia. Elevado numero de anticorpos 
 
Diagnóstico 
Fase aguda: o diagnóstico é 
parasitológico 
 Pode ser feita sorologia: quando os 
exames parasitológicos forem 
negativos e a suspeita clínica persistir 
o IgM, soroconversão, aumento 
de titulação 
Fase crônica: o diagnóstico é feito por 
meio da sorologia 
 IgG detectado por meio de dois testes 
sorológicos com princípios/métodos 
distintos ou que possuam diferentes 
preparações antigênicas 
 Um teste com elevada sensibilidade 
(ELISA com antígeno total ou IFI) em 
conjunto com um outro método com 
elevada especificidade (HAI) 
 Parasitológico: método de 
enriquecimento/multiplicação, 
hemocultura e xenodiagnóstico 
apresentam baixa sensibilidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fase aguda por transmissão 
vetorial 
 Incubação de 4 a 15 dias 
 Quadro clínico polimórfico: pode ser 
oligossintomático ou severo 
 Sinal de porta de entrada → romana 
(50%) e chagoma (25%) 
Sinal de romaña: indicativo de doença 
de Chagas e que se caracteriza por oftalmia 
unilateral com edema indolor das duas 
pálpebras, conjuntivite, dacriocistite e 
adenopatia satélite, sintomas estes devidos à 
inoculação conjuntival do Trypanosoma cruzi 
 
Chagoma: é um sinal clássico da fase 
aguda da Doença de Chagas. Corresponde 
ao inchaço cutâneo observado no local da 
picada e da contaminação com fezes do 
inseto conhecido como "barbeiro", vetor da 
doença 
Quadro clínico: Febre, mal estar, 
cefaleia, edema subcutâneo, adenomegalia, 
hepatomegalia, esplenomegalia, evidência 
de miocardite (taquicardia, ICC, BAV 1º grau), 
meningoencefalite 
 Laboratório: anemia, leucopenia, 
linfocitose relativa e aumento, de leve 
a moderado, de aminotransferases. 
Também são descritas plaquetopenia, 
trombocitose e linfocitose atípica 
 Formas graves ocorrem em 5 a 10% 
 Ecocardiograma: derrame 
pericárdico, dilatação do VE, áreas 
discinéticas 
Fase aguda por transmissão oral 
 Incubação de 3 a 22 dias 
Quadro clínico: Febre, cefaleia, mialgias, 
edema de face e membros inferiores (12ª ao 
20º dia) 
 Exantema → macular, não pruriginoso, 
4º ao 8º dia, no tronco, membros 
inferiores e pescoço, é fugaz 
Outros sintomas: 
 Dispneia 
 Dor torácica 
 Evidência de miocardite (15º ao 20º 
dia) 
 Hepatomegalia – ictéricia 
 Adenomegalia 
 Hemorragia digestiva 
 Meningoencefalite 
 Formas graves em 13% dos casos 
 
 
 
 
Forma crônica indeterminada 
 Baixo potencial evolutivo em curto e 
médio prazo 
 Não tem evidência clínica e nem 
laboratorial de doença de chagas 
DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO OU 
PARASITOLÓGICO 
+ 
PACIENTE ASSINTOMÁTICO 
+ 
ECG NORMAL (AUSÊNCIA DE DOENÇA CARDÍACA E AUSÊNCIA DE 
DOENÇA DO TGI – ESTUDO RADIOLÓGICO) 
= 
forma indeterminada da doença de 
chagas 
 Fazer ECG anualmente nesses 
pacientes, além de ecocardiograma, 
pois o paciente pode estar na fase de 
ICC pré-clínica 
Forma cardíaca 
Patogenia da agressão miocárdica: 
persistência parasitária e a resposta 
imunológica levam a inflamação e fibrose 
Quadro clínico: 
 Arritmias ventriculares 
 Distúrbios da formação e condução do 
estímulo elétrico 
 Disfunção ventricular direita 
 Aneurismas ventriculares 
 Aumento da incidência de morte 
súbita 
 Fenômenos tromboembólicos 
Pacientes com chagas tem um risco maior de 
AVC ➔ causado por fenômenos arrítmicos, 
mudança conformacional do miocárdio 
(aneurisma do ventrículo), que muda o fluxo 
sanguíneo, tornando-o mais turbilhonado, 
aumentando a chance de formar trombos 
Cardite chagásica aguda 
Miocardite ou miocardite associada a 
pericardite 
Quadro clínico: 
 Dispneia de intensidade variável 
 Taquicardia (mesmo na ausência de 
febre) 
 Palpitações 
 Dor torácica 
 Estase jugular 
 Bulhas cardíacas hipofonéticas 
 Galope 
 Sopros cardíacos em região apical e 
área tricúspide 
 Derrame pericárdico 
 Hipotensão arterial 
 Tamponamento cardíaco 
 Taquiarritmias (fibrilação atrial) 
 Bradiarritmias (bloqueio 
atrioventriculares) 
 Em crianças: taquidispneia, 
irritabilidade, sudorese, vômitos, 
anorexia, hepatomegalia e edema de 
membros inferiores 
Cardite chagásica crônica 
Alterações eletrocardiográficas sugestivas de 
comprometimento cardíaco, próprias da 
doença de Chagas, em indivíduo sintomáticoou não 
 Lesão miocárdica 
 Anormalidades de condução 
 Exames: ECG, ecocardiograma e 
Holter 
Manifestações clínicas: três síndromes 
Arrítmica: 
 Arritmias ventriculares: extrassístoles 
ventriculares, taquicardia ventricular 
sustentada, taquicardia ventricular 
não sustentada e fibrilação 
ventricular 
 
 
 Arritmias supraventriculares: 
fibrilação atrial 
 Bradiarritmias: BAVT 
Insuficiência cardíaca: deterioração 
da função contrátil do ventrículo esquerdo, 
inicialmente na forma de discinergias 
regionais e disfunção diastólica e, 
posteriormente, com queda da função 
sistólica global da câmara, mercêde fatores 
diversos que se associam, como a progressiva 
destruição de cardiomiócitos, as alterações 
microvasculares, a desestruturação do 
arcabouço muscular e a fibrose 
Tromboembólica: estase venosa, 
redução do débito cardíaco e trombose 
mural intracardíaca são fatores 
determinantes. Eventos tromboembólicos 
sistêmicos e pulmonares são comuns 
Forma digestiva 
Megaesôfago: disfagia, sialorreia, soluços, 
odinofagia, regurgitação, sensação de 
sufocação noturna, pneumonia aspirativa, 
desnutrição, hipertrofia de parótidas 
 
Megacólon: constipação, diarreia 
paradoxal (constipação intercalada por 
períodos de diarreia), distensão abdominal e 
obstrução intestinal 
Prognóstico 
 Morte súbita: 62% 
 ICC: 15% 
 AVC: 9% 
 Seis preditores independentes de 
mortalidade: 
o NYHA classe lll ou IV 
(classificação da ICC) 
o Cardiomegalia no Rx de tórax 
o Disfunção sistólica segmentar 
ou global do VE ao ECO 
o TVNS → taquicardia ventricular 
não sustentada 
o Baixa voltagem do QRS no ECG 
o Gênero masculino 
Manejo 
 Equipe multidisciplinar 
 Promoção e prevenção, atenção a 
saúde para diagnóstico e tratamento 
oportunos, mas também reabilitação 
física, psicológica e social 
Tratamento antiparasitário 
Tratamento na fase aguda: 
 Em todos os casos e o mais rápido 
possível, independentemente da via 
de transmissão do parasito 
Tratamento da fase crônica: 
 Em todas as crianças com menos de 12 
anos 
 Se maiores de 12 anos, quando se 
consegue estabelecer que a fase 
aguda ocorreu até 12 anos antes 
Tratamento com: Benznidazol 
 Comprimidos de 100mg e 50 
mg(adultos), e de 12,5mg e 50mg 
(crianças) 
 No brasil, somente as apresentações 
de 100mg e 12,5mg estão disponíveis 
no SUS 
 Adultos: 5mg/kg/dia, VO, em 2 ou 3 
tomadas diárias, durante 60 dias 
 Crianças: 10mg/kg/dia, VO, em 2 ou 3 
tomadas diárias, durante 60 dias 
 
 
 
 
 
Caso clínico 
 
Paciente sexo masculino, 45 anos, com 
queixa de disfagia há 6 meses 
 Saber se a disfagia é baixa ou alta 
o Alta: desconforto 
imediatamente após a 
deglutição 
o Baixa: desconforto alguns 
segundos após a deglutição 
(provável que seja no esôfago) 
 Na disfagia esofagiana, é importante 
saber como foi a progressão. Se a 
disfagia era inicialmente para líquidos 
e depois para sólidos, ou para os dois 
Insuficiência cardíaca secundária a 
miocardiopatia dilatada, causas: 
 Chagas 
 Isquemia 
 Álcool 
 HIV 
 Enterovírus 
 EBV

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