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1 Cardiologia Beatriz Pellizzon TVI Estratificação de risco cardiovascular As doenças cardiovasculares são as maiores causas de mortalidade no mundo. A maior parte ocorre em países de baixa e média renda. Fatores de risco clássicos: hipertensão, dislipidemia, obesidade, sedentarismo, tabagismo, diabetes e história familiar. Esses fatores aumentam o risco para doenças cardiovasculares. Com ênfase em doença coronariana (DAC). Também tem vários outros fatores, como questões sociodemograficas, etnia, cultura, dietas e comportamentos que podem implicar em doença cardiovascular. Assim conhecer os fatores de risco controláveis é essencial para controle das doenças cardiovasculares. Homens < 55 anos e mulheres < 65 anos. Fatores de risco controláveis ajudam a diminuir riscos cardiovasculares: -fatores clássicos: hipertensão, diabetes, dislipidemia e obesidade. -hábitos que aumentam o risco: tabagismo, alimentação inadequada, abuso e álcool e inatividade física. -fatores não modificáveis: idade e história familiar. Estratificação de risco por etapas: 1ª ETAPA 1)Evento cardiovascular maior já ocorreu. Necessário ver se o paciente já teve infarto, angina, AVC, claudicação intermitente, by-pass, angioplastia, amputação de extremidades por necrose. é necessário realizar medidas para que não ocorram novamente. 2ª ETAPA Determina a presença de doença aterosclerótica significativa ou de eventos equivalentes. FASE 1 -muito alto risco: paciente já apresentou obstrução > 50% OU apresentaram doença aterosclerótica significativa (coronariana, cerebrovascular ou vascular periférica) com eventos (IAM, AVC, revascularização) prevenção secundária -alto risco prevenção secundária 1)Doença subclínica documentada a)Doppler de carótida com placa aterosclerótica < 50% b)Escore cálcio coronário > 100 (tomografia) ou placa coronária na Angiotomografia < 50% c)Índice tornozelo-braquial (ITB) < 0,95. -Este índice é a a pressão da perna dividida pela pressão do braço > 1; -Se for < 1 a PA está > que a PA do braço, isso pode se devido a obstrução. -Assim necessário medir a PA dos dois MMSS e a PA maior será o modulador. -Ao medir a PA do tornozelo (tibial posterior ou pediosa) e usa o maior valor. CASO PACIENTE NÃO TENHA DOENÇA SUBCLÍNICA DOCUMENTADA, AINDA PODE SE ENCAIXAR EM ALTO RISCO: 2)Aneurisma aorta abdominal (diâmetro > 50% VR ou os > 30 cm). 3)Doença renal crônica (TX filtração glomerular < 60 mL/min, fase não dialística). 4)LDL-C tem que ser maior igual a 190 mg/dL 5)Diabetes tipo I e II com LDL entre 70 e 189 mg/dL e “ER ou DASC” No diabetes, estratificador de risco (ER) e doença arterial coronariana subclínica (DASC): - ER: idade ≥ 48 anos em homens e ≥ 54 anos em mulheres; tempo de DM ≥ 10 anos; história Familiar de DAC precoce (≤ 65 anos em homens e/ou ≤ 55 anos em mulheres); tabagismo (qq cigarro no último mês); HAS; síndrome metabólica (IDF); albuminúria > 30 mg/dl de creatinina; retinopatia e TFG < 60 ml/min. - DASC: USG de carótidas com presença de placa > 1,5 mm; ITB < 0,9; escore de CAC > 10; presença de placas ateroscleróticas na angio-CT de coronárias. TANTO EM MUITO ALTO RISCO COMO EM ALTO RISCO PACIENTES NÃO NECESSITAM DE OUTRAS ETAPAS, ESTES JÁ ESTÃO ESTRATIFICADOS E APRESENTAM METAS TERAPÊUTICAS JÁ ESTABELECIDAS. FASE 2 O escore de risco global deve ser utilizado para a avaliação inicial, entre indivíduos que NÃO foram enquadrados em condições de alto risco. O escore de risco dinâmico; controle de fatores de risco (com fármacos ou não) reduzem o risco cardiovascular; Independente da diminuição do LDL-C ser alcançado a dose de intensidade de tratamento não deve ser modificado. -estratificação para mulher -estratificação para homem 2 Cardiologia Beatriz Pellizzon TVI FASE 3 Utiliza em pacientes após 45 anos, com risco baixo ou intermediário. O escore de risco global pelo tempo de vida. Leva em consideração a presença e os valores dos fatores principais: PAS, PAD, CT, DM e tabagismo. FATORES RISCO CLÁSSICOS QUE ELEVAM O RISCO HAS Fator mais importante para desenvolvimento de doenças arteriais coronarianas, insuficiência cardíaca e doenças cerebrovasculares. Essas associadas a déficit cognitivo e demência. Além de doença renal crônica e fibrilação atrial. A mortalidade tem aumentado progressivamente de acordo com a elevação da pressão arterial a partir de 115/75 mmHg de forma linear, contínua e independe. DIABETES Exercícios moderado (150 min/semanais) + dieta (restrição energética (sobrepeso)). + perda de peso (principal) + redução das gorduras (menos de 30% VCT) DISLIPDEMIA Este é o principal fator de risco modificável! Aumento do colesterol. Terapêutica eficaz que consiste emcontrolar o (LDL-C). Risco IAM, AVC, Morte Cardiovascular; ERG - Estabelecer Meta Terapêutica para o LDL-c ou colesterol não-HDL; pacientes de baixo risco (metas individualizadas) e hipercolesterolemia familiar (DCV precoce). OBESIDADE Realizar atividades físicas + alimentação adequada OU terapia medicamentosa OU cirurgia bariátrica. Reduzir pelo menos 5% do peso. HABITOS QUE ELEVAM O RISCO TABAGISMO Aumento de 2 vezes de risco de IAM para indivíduos maiores de 60 anos. Aumento de 5 vezes de risco de IAM para indivíduos menores de 50 anos. ALIMENNTAÇÃO INADEQUADA ABUSO ÁLCOOL INATIVIDADE FÍSICA Dislipidemia Metabolismo lipídico: envolve 4 lipídes: fosfolipídeos, colesterol, triglicerídeos e ácidos graxos. LIPOPROTEÍNAS: solubilizam e transportam lípides, que são substâncias hidrofóbicas em meio aquoso. Essas são ricas em triglicerídeos (quilomicrons no intestino e VLDL no fígado), além de ricas em colesterol (LDL – ruim, HDL – bom, IDL e LDa). VIA INTESTINAL Os TG sofrem hidrolise e viram AG que são absorvidos no intestino em forma de quilomícrons que pelo sistema linfático vão para a circulação sistêmica, na circulação os quilomicron é metabolizado pela LPL no endotélio capilar e tecido adiposo (onde fica armazenado) e no músculo (em forma de ATP). Os remanescentes de quilomicrons são capturados pelo fígado. VIA HEPÁTICA A forma VLDL são lipoproteínas ricas em TG. Sua apoproteína é a ApoB10, e a LPL reduz progressivamente os TG do VLDL transformando em IDL e LDL. O nível do LDL vai ser regulado pela quantidade de receptor LDL junto ao hepatócito que o captura. O nível de LDL relacionado aos receptores de LDL. Se o nível de colesterol intra-hepático está diminuído e terá um aumento de produção de receptores de LDL para o aumento do colesterol. A enzima HMG-CoA que sintetiza o colesterol intracelular hepático. PCSK9 Esta enzima inibe a reciclagem do receptor de LDL, assim reduz o nível de receptor LDL dentro do hepatócito. Assim inibindo essa enzima a PCSK9 consegui inibir a reciclagem aumentando receptor de LDL. Essa inibição da nova enzima será onde as novas drogas irão agir para a hipercolesterolemia. O HDL é formado no fígado, intestino e circulação, sua primeira proteína é a Apo I e Apo II, e é responsável pelo transporte reverso, por isso é considerado bom, pois irá estar tirando do tecido periférico para o fígado. Metabolismo de lipoproteínas Os TG metabolizados pelo intestino são metabolizados em AG, formam quilomicrons que são metabolizados pela LPL que tira dele AG e TG, ficam remanescentes de quilomicrons, que então são absorvidos pelo fígado onde metaboliza e forma VLDL (cada vez mais degradado até LDL) que é regulado pelo nível de receptor de LDL e o HDL metabolizado e absorvido pelo fígado, é responsável pelo transporte reverso de colesterol. Bases fisiopatológicas dislipidemia primária 1)Acúmulo quilomicron e/ou VLDL no plasma gera hipertrigliceridemia, pois diminui a hidrólise de TG pela LDL. Relação genética enzimas ou Apo. 2)Acúmulo de lipoproteínas ricas em colesterol como LDLno plasma gerando hipercolesterolemia. fatores genéticos e ambientais são determinantes ATEROSCLEROSE Apresenta uma origem multifatorial – HAS, dislipidemia, tabagismo... Uma lesão endotelial, que fica mais permeável ao LDL, que entra, sendo oxidado virando antígeno é absorvido pelos macrófagos que se juntam formando células esponjosas e as estrias gordurosas, que são inicio a PLASCAS ATEROSCLERÓTICAS, esta pode ir acumulando com o decorrer do tempo, podendo romper, até que se tenha um quadro de IAM, AVC e etc. É fundamental que o nível de LDL, que é proporcional ao nível da placa de aterosclerose, por isso é conhecido como o mau colesterol. Exames ***jejum altera apenas só os TG. É necessário dosar CT (colesterol total), HDL e TG. O LDL normalmente é calculada (calculo de Friedewald): LDL=CT – HDL – TG/5 só funcionas se TG < 400. 3 Cardiologia Beatriz Pellizzon TVI A estratificação risco é uma prevenção para quem ainda não teve e assim evitar outros eventos em pacientes que já apresentaram eventos. É necessário instituir mudança de hábitos, aumento de dosagem OU trocar a estatina! Caso TG esteja elevado, > 400 mg/dL, sem jejum, o médico deve passar outra prescrição para nova avaliação com jejum de 12 horas. O laboratório deve informar sem jejum e com o jejum de acordo com critério pedido pelo médico. A técnica da punção capilar – POCT/teste laboratorial remoto, ajuda para a execução de programas de triagem populacional para as dislipidemias, sendo principalmente para hipercolesterolemia familiar. Biomarcadores inflamatórios: é uma associação entre inflamação e doença cardiovascular, esta muito relacionada; a marcação dessas células parece contribuir para identificação de indivíduos com risco para desenvolver doença cardiovascular. principalmente proteína C-reativa Classificação dislipidemias (etiológica) -Hiperlipidemia = aumento de lipoproteínas; -Hipolipidemia = diminuição lipoproteína; AMBAS SÃO CLASSIFICADAS EM CAUSAS: Primárias: genética; não tem padrão de transmissão clássica. Mutação culminativa, não é apenas uma única mutação. Mais raro: mutação monogênica com transmissão clássica. A hipercolesterolemia familiar é a alteração mais comum dos receptores de LDL. É necessário realizar rastreamento familiar. Secundária: decorre de estilo de vida inadequado, certas condições metabólicas, medicamentos, DM tipo II, hepatite crônica, obesidade, insuficiência renal crônica, hipotireoidismo. **neste caso tem que tratar a doença também, além da dislipidemia. Medicamentos como: anabolizantes, diuréticos, corticoides, inibidores protease, beta-bloqeuadores.. Classificação laboratorial -hipercolesterolemia isolada: aumento de LDL-C apenas, maior igual a 160 mg/dL -hipertrigliceridemia isolada: aumento de TG, apenas, maior igual 150 mg/dL OU maior igual a 175 mg/dL em jejum -hiperlipidemia mista: aumento de LDL- sendo maior igual a 160 mg/dL e aumento de TG maior igual 150 mg/dL ou maior igual a 175 mg/dL em jejum. **se TG for maior igual a 400 mg/dL cálculo LDL-C pela fórmula de friedwald é inadequado deve considerar hiperlipidemia mista quando o não HDL-C for maior igual a 190 mg/dL. -HDL-C baixo: diminui o HDL-C, em homens sendo menor 40 mg/dL e em mulheres menor de 50 mg/dL, isolado. Em associação aumento de LDL-C ou TG. Classificação fenotípica (Fredrickson) Mais questões laboratoriais, desuso. Separa eletroforética e/ou ultracentrifugação frações lipoproteicas. Destinguem-se em 6 tipos. ESTRATIFICAÇÃO DAS DISLIPIDEMIAS Algorítimo que vai avaliar o risco em 10 anos – escore de risco global (ERG). Este avalia a IAM, AVC, ICC e insuficiência vascular periférica. É importante estratificar, colocar na meta e saber qual medicamento irá ser utilizado. MUITO ALTO RISCO Prevenção secundária, paciente já teve uma aterosclerose, paciente já esta doente, é necessário evitar que se tenha um NOVO evento. Com ou sem evento ou obstrução > 50%. AVC, IAM, ICC e doença vascular periférica. ALTO RISCO Escore global , homens > 20% e mulheres > 10%. 1)Doenças subclínicas 2)Aneurisma aorta 3)Doença renal crônica 4)LDL-C maior igual a 190 mg/dL 5)DM tipo I ou II associada a qualquer coisa (como tabagismo, HAS...) INTERMEDIÁRIO ERG entre 5 a 20% para homens e 5 a 10% para mulheres. Pacientes com Dm, jovem, sem outras comorbidades (famílias, HAS...) ERG < 5% Metas terapêutica Ao reduzir LDL-C consegue diminuir o risco de evento cardiovascular. RISCO Sem estatina Redução % Com estatina Meta LDL Com estatina Meta não HDL Muito alto >50 <50 <80 Alto >50 <70 <100 Intermediário 30-50 <100 <130 Baixo >30 <130 <160 EX: paciente NÃO usa estatina tem que reduzir o LDL para > 50%; se usa estatina tem que deixar LDL< 50. Quanto mais baixo menor o risco. Casos de ALTO RISCO, reduzir > 50% se não usa estatina OU < 50 se usa estatina meta primária reduzir o LDL, reduziu o LDL, quer reduzir o NÃO HDL = (CT – HDL) Quanto mais grave o paciente mais incisivo tem que ser o tratamento. Situações especiais - Maior de 75 anos: doses individualizadas. Devido a comorbidades, expectativa de vida. -Gestantes: cuidado com medicamentos. Colestiramina é o únimo medicamento seguro. -Doença renal crônica: NÃO deve dar estatina. Dar ezetimibe. Caso já fazia uso de estatina, mantem e vai avaliando de modo individual. -ICC: NÃO indica estatina, a não ser que já utilize (classe I, III e IV). É necessário ter o não HDL-C maior igual a 160 mg/dL OU LDL-C maior igual a 130 mg/dL. -hipotireoidismo: estatina se normalizar os níveis hormonias, devido a risco de miose. -DM: apresenta hipertriglicerimia com HDL-C baixo e LDL-C “normal” mas com maior aterogenicidade. Reduzir seu LDL-C. Alto risco ou intermediário. Tratamento não farmacológico Deve-se reduzir AG saturados por AG poli-insaturados, em torno de 2 anos e reduzir em 17% de risco cardiovascular. A substituição AG por poli-insaturados visa diminuir o CT e LDL-C. diminuir eventos e mortes cardiovasculares. E a substituição por gorduras monoinsaturadas esta associada a diminuição de risco cardiovascular. -hipertrigliceridemia (TGL): diminuir peso corporal, açúcar e carboidratos, álcool e substituir AG por mono e poli-insaturados 4 Cardiologia Beatriz Pellizzon TVI -fitoesterois: óleos vegetais, cereais, grãos e vegetais fontes fitoesteroides. gestantes, lactação e crianças Indicado para colesterol alto e com baixo ou intermediário risco cardiovascular Não se qualifiquem para tratamento farmacológico. Pacientes que não atingem metas de LDL-C com estatina. proteína soja, fibras solúveis, probiótico, atividade física e cessação tabagista Tratamento farmacológico HIPERCOLESTEROLEMIA ISOLADA Muito alto risco e alto risco. -Fármaco + não fármaco Intermediário e baixo risco -Não farmacológico + reavaliação 3 a 6 meses HIPERTRIGLICERIDEMIA ISOLADA TG > 500 mg/dL = fármaco, risco de pancreatite aguda TG < 500 mg/dL = não fármaco + terapia individualizada HIPERLIPIDEMIA MISTA TG > 500 mg/dL = trata hipertrigliceridemia TG < 500 mg/dL = trata hipercolesterolemia HDL BAIXO Preditor para maior tendência para maior tendencia para doença cardiovascular. Apenas marcador para doença. OBS: diminuição de HDL + aumento de TG = interpretar como perfil metabólico aterogênico ESTATINA É um inibidor da HMG-CoA redutase, essa reduz síntese (produção) colesterol no fígado, assim aumenta a produção de receptores de LDL. Assim reduz LDL sérico. Apresenta efeitos antiinflamatórios e melhora endotelial, devido redução de LDL. EZETIMIBA Reduz absorção colesterol intestino delgado (grande parte colesterol biliar), atuando receptores NPCI-LI inibindo transporte de colesterol. Reduz o colesterol hepático e aumento LDLR. Boa opção em casos de pacientes com utilizaçãodoses máximas de estatina ou máximas tolerada e para pacientes intolerantes a estatina. RESINAS (colestiramina = única para gravidez) Reduzem absorção enteral ácidos biliares, que reduz colesterol hepático aumentando LDLR. Mas pode interferir na absorção outros medicamentos, deve ser usado isolado. Diminui a absorção de vitamina A, D, K e E. aumenta TG. FIBRATOS (mais usados) Estimulam os PPAR-alfa (Receptores alfa ativados da proliferação dos peroxissomas) e aumentam a ação das LPL. Aumenta Apo I (lipoproteínas HDL) e reduz 30 a 60% as TG e aumenta 7 a 11% ação variável no LDL. Não sabe se reduz evento cardiovascular. ÁCIDO NICOTÍNICO (niacina) Reduz ação da lipase tecidual nos adipócitos. Gera menor liberação AG e reduz síntese de TG pelos hepatócitos. Gera aumento de HDL, diminuição de TGL e LDL. Pode ser usado em HDL baixo, isolado. É alternativa ou associação para fibratos e estatinas. ÁCIDOS GRAXOS Tratamento adjunto da hipertrigliceridemia, deve ser usado em altas doses de 4 a 10 g ao dia, reduzindo TG, aumentando discretamente HDL-C, mas pode aumentar LDL-C. NÃO reduz mortalidade e desfecho em estudos mais recentes como uso de estatinas. HIPERCOLESTEROLEMIA: estatina, ezetimiba e resinas HIPERTRIGLICERIDEMIA: fibratos, ácido nicotínico e ácidos graxos ômega 3. Hipertensão arterial sistêmica É o principal fator de risco cardiovascular. Este contribui direta ou indiretamente com 50% dos casos de morte cardiovasculares. É a doenças crônica mais prevalente no mundo. Quanto maior o nível da PA maior a mortalidade. HAS é quando a PA é maior ou igual a 140/90 mmHg. Secundária: quando se tem uma doença de base, como doença renal, apneia sono, hiperaldosteronismo primário (5% casos). Primária/essencial: não apresenta uma doença de base (95%) HAS resistente = hipertensão que não é controlada mesmo sendo utilizado vários medicamentos, pelo menos 3 fármacos e 1 sendo diurético. Crise hipertensiva é quando ocorre um aumento da PA rápido que levam a lesão órgãos alvo, principal coração, cérebro e rim e ocorre de modo agudo. Epidemiologia Resulta da genética ou fatores ambientais. Muito comum. Fatores de risco: idade, obesidade, história familiar, raça negra, função renal, alta ingestão sódio, excesso de álcool, inatividade física, DM, dislipidemia. APRESENTA RELAÇÃO INTERDEPENDENTE COM DCV: IAM, AVC, doença renal crônica.... Fisiopatogenia Apresenta 3 mecanismos: 1)Sistema renina-angiotensina-aldosterona A renina transforma angiotensinogenio em angiotensina I, esta é inativa e é transformada pela ECA em angiotensina II que age no metabolismo, esta se liga no receptor ATI gerando ativasão SNC, uma ativação simpática, gera disfunção do endotélio vascular e inflamação músculo liso, nas células miocárdio geram fibrose, rim gera retenção sódio e água e no córtex da adrenal, libera a aldosterona que chega no túbulo contorcido distal e estimula canais a reabsorverem água e sódio e eliminam potássio na urina. efeito final é vasoconstrição e retenção água e sódio 2)Atividade SNSimpático Estimula liberação renina nas célula justa glomerulares. Aumenta a reabsorção de sódio e água nos túbulos T. tem vasoconstrição 3)Regulação renal, a angiotensina II tem ação parácrina em diversos locais. Quadro clínico É assintomático de modo geral. Só terá sintoma quando tiver lesão órgãos alvo: coração, SNC e renal. Coração: dor torácica ou dispneia SNC: AVC, paresia e afasia DRC: oliguria e alasarca Exame físico Medir a PA nos MMSS, se tiver diferença muito grande (20 sistólica e 10 diastólica) procurar doença específica. Medir índice tornozelo-braquial (ITB): tibial posterior ou pediosa. AUSCULTA CARDÍACA: pode ter sopro (de doença valvar), B3 (insuficiência cardíaca sistólica) e B4 (insuficiência cardíaca diastólica). PULMONAR: pode ter crepitação 5 Cardiologia Beatriz Pellizzon TVI Para diagnóstico Técnica de aferição da PA: NO CONSULTÓRIO: a PA deve ser medida em toda avaliação médica de qualquer especialidade e demais profissionais da saúde devidamente capacitados. É recomendado pelo menos, medição da PA a cada dois anos para adultos com PA < 120/80 mmHg e anualmente para aqueles com PA > 120/80 mmHg e < 140/90 mmHg. A medição da PA pode ser realizada com esfignomanômetro manuais, semi-automáticos ou automáticos. PREPARO DO APCIENTE: 1)explicar ao paciente o procedimento. Deixar paciente em local calmo de 3 a 5 minutos. 2)certificar paciente não esta de bexiga cheia, praticou exercício físico, há pelo menos 60 minutos, ingeriu bebida alcoolica, café ou alimento há 30 minutos e fumou a 30 minutos 3)posicionar o paciente, sentado, reto, pernas descruzadas, pés apoiados sobre o chão, relaxado, braço altura do coração, apoiado com palma da mão para cima e sem roupa no garrote. 4)casos especiais, com risco hipotensão ortostática (diabéticos e idosos) medir a PA em pé após 3 minutos de ortostase (paciente levanta e a pressão cai). ETAPAS PARA REGULARIZAÇÃO DA MEDIÇÃO: 1)Determinar a circunferência do braço no ponto médio entre acrômio e olécrano; 2)Selecionar o manguito de tamanho adequado ao braço; 3)Colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cm acima da fossa cubital; 4)Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria braquial; 5)Estimar o nível da PAS pela palpação do pulso radial; 6)Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula ou o diafragma do estetoscópio sem compressão excessiva; 7)Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado da PAS obtido pela palpação; 8)Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 mmHg por segundo); 9)Determinar a PAS pela ausculta do primeiro som (fase I de Korotkoff) e, após, aumentar ligeiramente a velocidade de deflação; 10)Determinar a PAD no desaparecimento dos sons (fase V de Korotkoff); 11)Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa; 12)Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a PAD no abafamento dos sons (fase IV de Korotkoff) e anotar valores da PAS/PAD/zero; 13)Realizar pelo menos duas medições, com intervalo em torno de um minuto. Medições adicionais deverão ser realizadas se as duas primeiras forem muito diferentes. Caso julgue adequado, considere a média das medidas; 14)Medir a pressão em ambos os braços na primeira consulta e usar o valor do braço onde foi obtida a maior pressão como referência; Informar o valor de PA obtido para o paciente; e 15)Anotar os valores exatos sem “arredondamentos” e o braço em que a PA foi medida. Medir a PA fora do consultório MRPA: medição residencial pressão arterial. 3 medidas manha e 3 de noite, com intervalor de 3 a 5 minutos, por 5 dias. Vantagem: obtem o maior número de medidas, reflete as atividades usuais do examinado, abolição ou sensível redução efeito avental branco (EAB) e maior engajamento do paciente com diagnóstico e seguimento. MAPA: aparelho que mede de 15 a 30 minutos a PA por 24 horas. Vigília maior igual a 135/85 mmHg Sono maior igual 120/70 mmHg 24 horas maior igual 130/80 Ambos avaliam o risco cardiovascular de CV. Apresentam valores particulares por serem métodos de avaliação diferentes. EFEITO AVENTAL BRANCO: PA casa e consultório são distintas. Diferença será maior igual a 20 mmHg na PAS e 10 mmHg na PAD. HIPERTENSÃO AVENTAL BRANCO: valores anormais de PA consultório e normais pelo MRPA e MAPA. HIPERTENSÃO MASCARADAS: valores de PA normais no consultório e MAPA e MRPA elevadas HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÓLICA ISOLADA: PAS aumentada e PAD normal. Paciente meia idade e idosos. OBS: confirma diagnóstico: 2 medidas confirma PA maior igual 140/90 mmHg, MAPA 24 horas maior igual 130/80 e MRPA PA maior igual 135/70 mmHg. Avaliação clínica e laboratorial 1) Firmar o diagnóstico e classificar/estadiar: se diagnosticaapós 2 medidas com a PAS maior ou igual a 140 mmHg e/ou PAD maior ou igual a 90 mmHg. Além disso, se no MAPA a PAS de 24hrs for maior ou igual a 130 mmHg e a PAD maior ou igual a 80 mmHg; no MRPA se a PAS for maior ou igual a 135 mmHg e a PAD maior ou igual a 85 mmHg; ou ainda se há PAS aumentada de forma isolada. 2) Avaliar lesão órgão alvo -Cardíaca: ECGA com sobrecarga, ECO com hipertrofia/ disfunção sistólica e/ou diastólica/IAM; RX de tórax (cardiomegalia). -Função renal com eletrólitos: T G F ; microalbuminúria (amostra isolada e de 24 hrs); relação albumina-creatinina urinária (exame de urina). -Glicemia em jejum, perfil lipídico, urina tipo I mais albumina, creatinina plasmática. -Retinopatia hipertensiva: Grau 0: sem alterações Grau 1: estreitamento arteriolar mínimo Grau 2: estreitamento arteriolar óbvio com irregularidade focais Grau 3: alto grau 2 + hemorragia e/ou exsudados retina Grau 4: alto grau 3 + edema papilar -Cerebral: auscultar carótidas ou evento isquêmico prévio (MACROANGIOPATIA) confirma-se por meio do doppler de carótidas e/ou angiografi;sinais de demência (MICROANGIOPATIA) que a depender podem ser diagnosticados por meio da ressonância cerebral. -Vascular: palpação de todos os pulsos arteriais a procura de 6 Cardiologia Beatriz Pellizzon TVI anormalidades como obstrução arterial periférica (confirmar: ITB / US arterial- Doppler/ Angiorressonância/ Angiografia); massa pulsátil palpável abdome (aneurisma – US arterial/ Angiorressonância/ Angiografia); aterosclerose (VOP - velocidade de onda de pulso) e rigidez arterial. 3) Aplicar ERG (app chamado de “calculadora para estratificação de risco cardiovascular”). 4) Estabelecer doenças associadas (pesquisar se há). 5) Diagnosticar, quando houver causa secundária: Início < 30 ou > 50 anos, HAS Estabelecer o diagnóstico -Avaliação clínica e laboratorial: Anamnese: história de HAS (como foi feito diagnóstico – tempo de evolução); tratamentos prévios; uso de medicamentos em geral (ler a tabela da diretriz – ACO, AINH, antidepressivos, anabolizantes e …); atores de risco cardiovasculares (1a AULA) – incluindo ERG; e identificar possível causa secundária. Exame clínico: -Palpação e ausculta do coração: desvio do ictus, B3 ou B4, sopros, arritmias, edema crepitações pulmonares, -Carótidas: Sopros -Pulsos: características (Medida do índice tornozelo-braquial - ITB) ITB: Normal > 0,90. DAP: leve (0,71-0,90) - moderada (0,41- 0,70) - grave (0,00-0,40) -Fundoscopia: Retinopatia hipertensiva -Sinais que sugiram hipertensão secundária: características cushingóides/ Palpação abdominal: rins aumentados/ Sopros abdominais ou torácicos Pulsos femorais diminuídos. - Avaliação laboratorial + ECG: -Laboratorial: análise de urina; potássio plasmático; glicemia de jejum e Hb A1c; creatinina plasmática + Ritmo de filtração glomerular estimado (RFG-e); colesterol total, HDL-C e triglicérides plasmáticos (LDL-C é calculado: LDL-C = colesterol total - (HDL-C + triglicérides (<400) /5); ácido úrico plasmático. -------Cálculo TFG (importante como causa de HAS e importante para a escolha terapêutica). -------Cockroft-Gault: TFG-e (ml/min) = [140 - idade] x peso (kg) /creatinina plasmática (mg/dl) x 72 para homens; para mulheres, multiplicar o resultado por 0,85. Tratamento não farmacológico Perda de peso: à cada diminuição de 5% peso diminui a 20 a 30% a PA Sódio alimentação < 2g Atividade física regular, 30 minutos 5 vezes na semana Reduzir consumo de álcool Diminuir tabagismo + controle estresse Tratamento farmacológico Primeira linha: IECA/BRA, bloqueadores de canais de cálcio e diuréticos tiazídicos Segunda linha: beta bloqueadores, diuréticos de alça, vasodilatadores, alfa-1-bloqeuadores e alfa-2-agonista central. HAS RESISTENTE E REFRATÁRIA - Hipertensão arterial resistente (HAR): é definida como a PA de consultório não controlada apesar do uso de três ou mais anti- hipertensivos em doses adequadas, incluindo-se preferencialmente um DIU, ou em uso de quatro ou mais medicamentos com controle pressórico. Por não incluir a verificação sistemática da terapêutica e da adesão, essa situação é melhor definida como HAR aparente (pseudorresistência). A identificação da HAR verdadeira é fundamental para estabelecer abordagens específicas. Estudos populacionais estimam prevalência em 12% da população hipertensa. No Brasil, o estudo ReHOT está avaliando a prevalência e escolha terapêutica. A hipertensão refratária é definida como a PA não controlada sob o uso de cinco ou mais anti-hipertensivos, e corresponde a 3,6% dos hipertensos resistentes. Para o diagnóstico de HAR é necessária medida ambulatorial de PA e verificação sistemática de adesão. - Hipertensão refratária: PA não é definida como a PA não controlada sob o uso de cinco ou mais anti- hipertensivos, e sua prevalência é de 3,6% dos (HAR). Febre reumática Febre reumática é uma complicação sistêmica inflamatória não supurativa da faringoamidalite gerada pelo Streptococcus pyogenes (estreptococo beta-hemolítico do grupo A) e decorre da resposta imune tardia desta infecção em populações geneticamente predispostas, esse paciente tem a infecção desenvolve tardia resposta e gera um quadro sistêmico inflamatório. A febre reumática (FR) se caracteriza por forma aguda e suas sequelas valvares reumáticas. A FR é doença autoimune sistêmica e inclui manifestações neurológicas, cardiovasculares, osteo-articulares e cutâneas. Seu diagnóstico é mais fácil na fase aguda, quando os muitos sinais clínicos e laboratoriais permitem estabelecer o diagnóstico. Epidemiologia/Etiologia Semelhante a faringoamidalite estreptocócica, geralmente paciente jovem de 5 a 15 anos, que apresenta baixas condições de saúde, alimentação inadequada, aglomeração habitacional, e isto promove a faringoamiddalite streptococcica. Vale lembrar que a probabilidade de um paciente ter febre reumática a partir de uma faringoamidalite streptoccocica é em media de 5 a 15%. Caso o paciente já tenha historia previa de FR e venha a ter uma nova faringoamidalite strptococica aumenta as chances de 50% de casos. A febre reumática (FR) se caracteriza por forma aguda e suas sequelas valvares reumáticas: 2 a 3% dos pacientes necessitam de internação. A maioria pode ser mantida em tratamento domiciliar, com acompanhamento ambulatorial cuidadoso e frequente. Quadro clínico Achados poucos específicos: febre, sintomas constitucionais (mal estar, fraqueza), poliartrite migratória e com ou sem sopro. A latência é de 2 a 4 semanas, após a infecção. Pode ocorrer ausência de faringoamidalite recente não afasta diagnostico (1/3 não tem). Manifestações especificas = critérios maiores de JONES. -poliartrite migratória de grandes articulações -relação de gravidade inversa com a cardite, ou seja, quanto maior a inflamação da articulação menor a probabilidade da cardite, pois quanto maior inflamação nas articulações maior a exacerbação de resposta Th2 assim sendo menor resposta Th1 -muito dolorosa, mas com poucos sinais inflamatórios -resposta muito rápidos AINES (se duvida retirar AINE) Cardite é a segunda mais frequente porem mais grave. Ou será uma insuficiência valvar aguda ou caridaca aguda. Tende a ser 7 Cardiologia Beatriz Pellizzon TVI branda, mas acumulativa, ou seja, o pacinete teve um primeiro quadro, e a próxima vez que teve se torna mais importante, assim quanto mais vezes se tem FR pior. Ocorre uma inflamação dos três folhetos (pericárdio, miocárdio e o endocárdio), normalmente o que é atingido é o endocárdio isolado ou endocárdio com pericardite ou endocárdio com miocardite. Na fase aguda ocorre uma inflamação importante da válvula evoluindo para insuficiência já na fase crônica a valva tende a ficar estenótica. Lembrar que ocorre sopro de insuficia mitral aguda (sopro regurgitativo em foco mitral, sopro sistólico),sopro de Carey Coombs (confunde com a estenose mitral pois é um sopro diastólico em ruflar, por isso confunde muito; esse sopro é devido a inflamação), menos comum sopro de insuficiência aórtica aguda. Quadro clínico CRITÉRIO DE JONES Necessário 2 critério MAIORES ou 1 MAIOR e 2 MENORES Maiores: cardite, artrite, coréia de Sydenham, eritema marginatum e nódulos subcutâneos. Menores: artralgia, febre, levarão de provas de atividade inflamatória (velocidade de hemossedimentação - VSH, proteína C-reativa PCR), intervalo PR prolongado no ECG. OBS: Coréia de Sydenham pode ser feito diagnóstico com apenas 1 critério MAIOR. Essa é exceção pois, pode ser facilmente diagnosticado na fase aguda como pelo quadro clínico extremamente característico. E também poeque é uma doença raramente passa despercebida e faz paciente procurar o médico. O diagnóstico de febre reumática em grande parte ainda hoje se da pelo quadro clínico e exame físico detalhado. Diagnóstico -ASLO: um erro comum no diagnóstico da FR é a supervalorização dos níveis de ASLO. - De acordo com os critérios de Jones, a comprovação de que houve infecção estreptocócica é importante somente após diagnosticarmos um quadro clínico bastante sugestivo de FR. - A procura de algum quadro clínico de FR após a obtenção de um título elevado de ASLO no sangue é equivocada, já que infecções estreptocócicas são bastante comuns, sobretudo na faixa etária de ocorrência da FR. - Altos títulos de ASLO são frequentemente encontrados em jovens em idade escolar, sem nenhum significado clínico. - Por fim, o ASLO não é exame de atividade inflamatória, como são o VHS ou a proteína C reativa, e, assim, não serve como marcador de atividade da FR, devendo ser solicitado apenas uma vez e não sendo adequado como parâmetro de acompanhamento de pacientes com FR. CRITÉRIOS DE JONES Diagnóstico da FR aguda. 90% dos pacientes com FR não têm uma fase aguda sintomática, e os pacientes são diagnosticados tardiamente por sequelas valvares características. Dessa forma, os critérios de Jones não são adequados para fazer diagnóstico de 90% dos pacientes com FR. Isso é ainda mais importante porque não existem atualmente critérios para se fazer diagnóstico de FR na fase crônica da doença. RESPOSTA IMUNE Dois tipos básicos de manifestações da DR: -uma predominantemente humoral, com manifestações como artrite e coreia -outra predominantemente celular, de diagnóstico mais difícil, que cursa com cardite e, mais raramente, nódulos subcutâneos. -cabe ressaltar que, frequentemente, no mesmo paciente, observam-se os dois tipos de resposta, havendo concomitantemente manifestações humorais, como a artrite, e celulares, como a cardite. Consequências CARDITE REUMÁTICA Aparece de 1 semana a 3 meses após a infecção pelo estreptococo; É a segunda manifestação mais comum- 40 a 70% no primeiro surto; Pancardite: endocardite-miocardite -pericardite. Acomete valvas e deixa sequelas: principalmente VALVA MITRAL, seguido de VALVA AÓRTICA- IMITRAL mais comum na fase aguda , e a ESTENOSE MITRAL é a mais característica de FR. Tipos/formas de apresentação: a. Forma aguda (quadro clínico): taquicardia, aparecimento de sopros novos de regurgitação, como insuficiência mitral, insuficiência aórtica ou sopro de Carey- Coombs, acompanhado de aumento da área cardíaca à radiografia de tórax. O eletrocardiograma pode revelar bloqueio atrioventricular do primeiro grau O exame ecocardiográfico mostra frequentemente dilatação de câmaras cardíacas, com função miocárdica no limite inferior, derrame e espessamento pericárdicos, pode ser possível visualizar as verrucosidades reumáticas em borda livre das valvas. As provas de atividade inflamatória, como alfa-1-glicoproteína ácida, fração alfa-2 da eletroforese de proteínas, proteína C reativa e velocidade de hemossedimentação, encontram-se bastante elevadas. Pacientes necessitam de internação e tratamento intensivo da IC e corticoterapia em altas doses, inicialmente com 1 a 2 mg/kg de prednisona, e em casos graves refratários pode até ser necessária pulsoterapia com 1 mg/kg de metilprednisolona. Esses pacientes provavelmente apresentam a forma mais conhecida da resposta imune, com mobilização de grande número de clones autorreativos, ativados rapidamente após a exposição ao antígeno estreptocócico. b. Forma crônica assintomática (quadro clínico): é a forma mais frequente de apresentação clínica do acometimento cardíaco da FR. São pacientes em geral com mais de 20 anos de idade, que procuram assistência médica por sintomas de IC decorrentes de sequelas valvares reumáticas. Dessa maneira, o paciente apresenta quadro insidioso de dispneia a esforços, relacionado não a processo inflamatório, mas sim a consequências hemodinâmicas das sequelas reumáticas. c. Forma de rápida evolução na criança (quadro clínico): essa forma é observada em crianças e adolescentes que, em geral, têm história clínica de vários surtos de FR sintomáticos. Por baixa aderência à profilaxia secundária ou falha no diagnóstico de FR no surto inicial, esses pacientes ficam expostos a antígenos estreptocócicos repetidamente, tendo vários surtos de FR. Os repetidos surtos reumáticos levam a graves sequelas valvares, com sério comprometimento hemodinâmico e necessidade de correção cirúrgica precoce, durante a infância e a adolescência. Pode-se postular que essa forma é o resultado tardio de duas situações: repetidos episódios da forma aguda clássica da FR ou evolução rápida das sequelas valvares após um surto único da forma clássica. 8 Cardiologia Beatriz Pellizzon TVI Tratamento da cardite reumática: 1. Erradicação da infecção estreptocócica: Penicilina Benzatina 1.200.000 UI intramuscular profunda ou 50000UI/kg; 2. Anti-inflamatórios (não-hormonais ou corticóides) dose: prednisona 1a2mg/kg/dia,VO(até 80mg/dia) durante 10 a 14 dias. Se quadro refratário, há opção de pulso com metilprednisolona IV. 3. Tratamento para IC ou cirúrgico de emergência. ARTRITE Classicamente, a artrite da FR é descrita como uma poliartrite migratória assimétrica de grandes articulações, com excelente resposta ao AAS. Entretanto, esse quadro clássico é cada vez menos visto e diante de criança ou adulto com artrite que possa ser uma suspeita de FR, deve-se usar apenas analgésicos como o paracetamol, e não anti- inflamatórios, a fim de se caracterizar melhor a evolução da artrite Atualmente, na maioria dos casos, observa-se um quadro de poliartrite aditiva assimétrica de grandes articulações no qual, caracteristicamente, há pouca dor articular e intensa inflamação. Surge geralmente de duas a quatro semanas após a estreptococcia, e sua duração é também de duas a quatro semanas. O quadro típico é de uma artrite de grandes articulações, não necessariamente assimétrica ou migratória, no qual chama a atenção a desproporção entre dor e inflamação, com o paciente geralmente relatando intensa dor em articulação com sinais flogísticos frustros. Tratamento da artrite: 1. Salicilatos - aspirina 4 a 8g/dia em adultos, 80 a 100mg/ kg/dia em crianças, divididas em 6/6h.Utilizar essa dose por 2 semanas , com redução gradual em 4 semanas; 2. Opção: naproxeno 10 a 20mg/kg/dia, de 12/12h. Usar por 2 semanas e reduzir gradualmente em 4 semanas; 3. Paracetamol e/ou codeína; 4. Corticóide não está indicado. Se usando devido àcardite, não usar AINH. CORÉIA DE SYDENHAM Início de 1 a 6 meses após a infecção estreptocócica; Pode-se dar o diagnóstico de surto reumático apenas com essa manifestação isolada. Incidência:10% a 30% principalmente no sexo feminino, em idade escolar início da adolescência; Provas de atividade inflamatória geralmente normais . Duração de 1 a 2 meses (mas pode durar até 2 anos). Não deixa sequelas,porém a habilidade emocional pode persistir por longos períodos. CARACTERÍSTICAS: A. Movimentos involuntários ,abruptos,desordenados, maisevidente em extremidades e face; B. Cessam com o sono e pioram com o estresse, esforço físico e cansaço; C. Labilidade emocional; D. Fraqueza muscular; E. Pode ter associação com sintomas obsessivoscompulsivos. TESTES A. Sinal do pronador:pronação das mãos quando da elevação dos braços acima da cabeça; B. Escrita confusa; C. Fala pode ficar incompreensível DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL -Coréia induzida por drogas(psicotrópicos, neurolépticos, inibidores seletivos da receptação de serotonina(ISRS), antidepressivos tricíclicos, cocaína, etanol, teofilina/ betaadrenérgica, lítio,anticonvulsivantes,levodopa); -Coréia de encefalite viral, do LES e da sd. Antifosfolípide ; -Doença de Wilson e Coréia de Huntington; -Tireotoxicose; -Gravidica (sequela?); -Coréia familiar Tratamento: NICIAR PROFILAXIA PARA FEBRE REUMÁTICA *Requerem terapêutica sintomática imediata. *Em casos leves e moderados, inicia-se com o ácido valproico ou a reserpina. A reserpina tem sido particularmente útil em casos leves, mas tem o inconveniente de necessitar de formulação (não há apresentação comercialmente disponível) e de ocasionar hipotensão postural. *O haloperidol: muito eficiente no controle da sintomatologia: deve ser reservado aos casos mais graves pelo risco de sequelas tardias como a discinesia. Manifestações cutâneas São bastante raras em nosso meio, embora sejam bem características da doença. Os nódulos subcutâneos são formações com diâmetro médio de 1 cm que surgem em superfícies extensoras, sobre tensões e em couro cabeludo; sendo manifestações celulares, são marcadores de cardite grave. O eritema marginatum é uma manifestação raríssima,de fundo humoral, e caracterizado por máculas róseas confluentes, com bordas eritematosas e centro claro em regressão, não pruriginosas e sem descamação . Em geral, ocorre em tronco e raiz de membros (chamada classicamente de região de “traje de banho”). Nenhuma das manifestações cutâneas da FR requer tratamento específico. Profilaxia PRIMÁRIA A profilaxia primária pressupõe a erradicação precoce da infecção de orofaringe por estreptococos beta-hemolíticos do grupo A, prevenindo assim o aparecimento da FR; é baseada no diagnóstico precoce dos portadores de infecções estreptocócicas de orofaringe e em seu tratamento com antibióticos bactericidas. O diagnóstico rápido é essencial, devendo a infecção ser tratada nos primeiros dias do quadro, pois a persistência do microrganismo por mais de uma semana acarretará, nos indivíduos suscetíveis, a sequência de reações imunológicas que provocará o surto de FR. Utiliza-se de forma padrão os fármacos: Penicilina G benzatinada em dose única (600.000 UI para pacientes < 27 Kg e 1.200.00 UI para pacientes maiores ou igual a 27 Kg); Penicilina V por 10 dias (crianças 250 mg de 2-3x ao dia, adolescentes e adultos 500 mg de 2-3x ao dia). SECUNDÁRIA Para pacientes que já têm o diagnóstico de FR, é indicada a profilaxia secundária, a fim de prevenir novos surtos. Utiliza-se de forma padrão os fármacos: Penicilina G benzatinada a cada 2-3 semanas com injeção IM (600.000 UI para pacientes < 27 Kg e 1.200.00 UI para pacientes maiores ou igual a 27 Kg); Penicilina V via oral (250 mg 2x ao dia); Sulfadiazina via oral (0,5 g 1x ao dia para pacientes < 27 Kg e 1 g 1x ao dia para pacientes maiores ou iguais a 27 Kg). Endocardite infecciosa É a infecção microbiana do endocárdio ou endotélio vascular. Esta geralmente gera alterações estruturais anatômicas pré- existentes como: 9 Cardiologia Beatriz Pellizzon TVI -valvas anormais, defeito septal, cordas tendíneas, endocárdio normal, dispositivo, cardíaco, fístulas, coarctação e CHM assimétrico. Epidemiologia -maiores de 60 anos e homens apresentam maior tendência -usuários de drogas IV -dentição deficiente ou infecção dentária -doença valvar (proteica ou não) gera turbilhonamento de sangue, podendo gerar lesão -válvula proteica/implante – enxertos -dispositivo intravascular (cateter) -diálise Quadro clínico Variável: febre alta com toxemia ou febre baixa com sintomas inespecíficos Sintomas gerais: mal-estar, cefaleia, mialgias, artralgia, sudorese noturna, dor abdominal, dispneia, tosse, dor pleurítica. Podem variar de acordo com o órgão acometido. Sintomas relacionados as complicações Distorção e perfuração folhetos e obstrução fluxo (ICC agudo e crônico), rotura de cordoalhas (ICC aguda), fístula, extensão perivascular com abcesso, alteração sistêmica condução (principalmente abcesso perivalvares) e embolia coronária. cardíacas extracardíacas: SNC (artéria cerebral média > 90%), aneurisma micótico imunologica: artrite, glomerulonefrite, IRA. Agentes infecciosos Streptococcos: -viridians: pós infecção dentária -bovis ou gallolyticus: câncer de colon -aureus: principalmente usuarios de drogas Grupo HACEK Enterococco sp Fungos (candidíase sp) Aspectos clínicos Achados clínicos diversos – pensar em endocardite: -->febre diária persistente sem foco, febre presença vasculite periférica, evento neurológico agudo isquêmico e hemorrágico sem causa aparente e na presença de febre, alterações anatômicas pré-existentes e após manifestações invasivas cavidade oral, TGI baixo ou vias urinárias se infecção persistente. Classificação AGUDA De 1 a2 semanas. Toxidade importante a infecção metastática. Geralmente gerada por Streptococcos aureus. Estes destroem estruturas valvares e eventos embólicos. drogas SUBAGUDA Semanas ou meses. Toxicidade é discreta e raramente gera infecção metastática (embólica). Geralmente por Streptococcos viridias (principal) enterococco, staphylococco coagulase – negativo OU cocobacilos gran negativos. Diagnóstico – critérios de Duke Necessário 2 critérios maiores OU 1 maior e 3 menores OU 5 menores. rejeitada: diagnóstico diferencial confirmado, melhora febre 4 a 5 dias após introdução. ATB e sem agente material cirúrgico. CRITÉRIOS MAIORES -hemocultura positiva (duas ou mais com agentes típicos para endocardite infecciosa na ausência de fonte primária de infecção; OU culturas persistentes positivas: 2 hemoculturas positivas com mais de 12 horas de intervalo entre elas, ou positividade em todas de 3 ou mais, com intervalo entre a primeira e a última coleta maior que 1 hora; OU cultura positiva única para Coxiella Burnetti ou sorologia> 1800) -evidência de acometimento endocárdico (ECO positivo para endocardite infeciosa. Massa oscilante, sobre valvas ou estruturas de apoio, face regurgitante ou material implantado. *Vegetação/ Abcesso/ Deiscência de Prótese/ Perfuração valvar/ Nova regurgitação) CRITÉRIOS MENORES -Predisposição à Endocardite infecciosa (Cardiopatia de base, vicio a drogas venosas, cateteres endovenosos prolongados) -Febre acima de 38 graus -Fenômeno Vascular (embolia séptica de grandes artérias, infarto pulmonar, aneurisma micótico, complicações neurológicas Hemorragias cranianas/ conjuntival/ Lesões de Janeway) -Fenômeno Imunitário (glomerulonefrite, nódulos de Osler, fator reumatoide e manchas de Roth) Diagnóstico complementar Suspeitar em caso sopro novo ou mudança em um sopro prévio ou paciente com fatores risco. Fundoscopio: sangramento retina e uma área central de compensação (manchas Roth) Hemocultura: agente etiológico Hemograma completo, proteína-C reativa, velocidade de disseminação Ecocardiograma transtorácico e transesofágico: vegetação e complicações ECG: bloqueia sistema condução PET SCAN: apenas casos onde diagnóstico de imagem de ECO seja interpretável Tratamento Antibiótico IV: bactericida e por tempo prolongado, 4 a 6 semanas, será guiado pela hemocultura AGUDO: antibiótico empírico após coleta 3 amostras hemocultura (sintomas específicos) SUBAGUDA: iniciar antibiórico somente após resultado hemocultura (sintomas inespecíficos) nativa: 2 a 4 semanas próteses: 6 semanas CIRURGIA: realizarse o paciente está com insuficiência cardíaca aguda, em virtude endocardite OU agente resistente antibiótico OU presença abcessos OU bloqueios condução OU infecção persistente Complicações possíveis da endocardite -Cardíacas: distorção e perfuração de folhetos e obstrução ao fluxo (ICC aguda e crônica); rotura de cordoalhas (ICC aguda); fístulas; extensão perivalvar com abscesso (pode ter com alteração sistema de condução cardíaco) e embolia coronária. - Extra-cardíacas: embolização (aumenta o risco de vegetações maiores do que 10mm, pode ocorrer embolização de forma sistêmica no SNC - 90% na artéria cerebral média e aumenta a chance de ocorrência de aneurismas micóticos); artrite; glomerulonefrite e IRA. Tratamento clínico -Antibiótico terapia com duração de 4-6 semanas, sempre que possível, guiados pelos resultados das hemoculturas. - Hemocultura: EI aguda (iniciar empiricamente após coleta de 3 amostras de hemoculturana) e EI subaguda (iniciar antibiótico em casos determinados podese aguardar os resultados das hemoculturas). 10 Cardiologia Beatriz Pellizzon TVI Profilaxia Evidencias fracas pacientes ALTO RISCO *NÃO se sabe a eficiência Manipulação tecido gengival: perfuração mucosa tanto oral quanto trato respiratório; cirurgia para implante válvulas cardíacas protética ou materiais intravasculares ou intracárdicos protéticos. Cardiomiopatia São um grupo diverso de desordens do músculo causadas por desordens como hipertensão, valvopatias ou doenças congênitas do coração. É uma doença própria do coração sem ter uma patologia primária que levasse a repercussão no coração. Essas geralmente são resultado de hipertrofia ou dilatação inapropriada do ventrículo com progressiva falência do coração e desfecho por morte cardiovascular. Cardiomiopatia dilatada – CMD É a dilatação da câmara ventricular com disfunção contrátil sistólica. Devido a dilatação do coração perde a sua capacidade de contrair. Etiologia Conjunto de fatores genéticos, inflamatórios, tóxicos ou de causas metabólicas. VIRAL Indivíduos jovens , previamente saudáveis/ coxsackie vírus B ou parvovirus B19 e adenovirus. Geralmente autolimitada e curável. Porém, por razões desconhecidas alguns pacientes progridem para CMD. A hipótese provável: destruição miocárdica e fibrose imunomediada por componentes virais. No entanto, drogas imunossupressoras não melhoram o prognóstico. E a biópsia (bx) no quadro agudo mostrou inflamação, mas sequências do genoma viral foram demonstradas apenas num pequeno número de pacientes ALCÓOLICA Consumo crônico e excessivo. Patogenia desconhecida/ reversível; O etanol prejudica o funcionamento celular agindo negativamente no funcionamento da mitocôndria, síntese proteica e apoptose dos miócitos. Condição para reverter é a abstinência de álcool, mas progride se o paciente mantiver o consumo. A importância de se obter uma história de consumo tão precisa quanto possível deve ser enfatizada. Em adição ao seu papel em CMD, o uso excessivo de álcool está associado a hipertensão, o que pode agravar a CMD e pode gerar resistência ao tratamento. *** (> 90 g/ dia de álcool por > 5 anos). PERIPARTO Último mês de gestação até 6 meses após o parto. Geraleente idade materna avançada, afro-americanas e multíparas. Etiologia única ainda não foi definida. A função ventricular volta ao normal em 50% dos casos das mulheres afetadas durante os meses subsequentes à gestação, mas recidivas da CMD foram relatadas. OUTRAS CAUSAS Exposição a drogas, anormalidades metabólicas(hipotireoidismo) e certas etiologias inflamatórias (como sarcoidose e doenças do tecido conectivo). Formas familiares: 20 a 30% dos casos das CMD idiopáticas. Patologia Ocorre aumento das 4 câmaras cardíacas, com predomínio de dilatação. Mas pode ser limitada ao lado esquerdo ou direito. -Espessura pode estar aumentada, porém prevalece e é característica a dilatação e marcadamente desproporcional a qualquer hipertrofia concêntrica. -Ao microscópio há evidência de degeneração dos miócitos com hipertrofia irregular e atrofia das miofibrilas. Fibrose intersticial e perivascular é sempre extensiva Neste caso se terá uma hipertrofia, tendo um aumento da massa cardíaco. Quando se tem a espessura maior do que a cavidade ventricular se tem uma hipertrofia concêntrica, e quando se tem uma dilatação maior na cavidade ventricular do que na espessura se tem uma hipertrofia excêntrica, que é o caso das cardiopatias dilatadas. Fisiopatologia 1.Mecanismo de Frank-Starling: quanto maior a capacidade de distensão da fibra maior a força de contração 2.Ativação neuro-hormonal inicialmente aumenta a FC e a contratilidade dos miócitos, que ajuda o coração no início… 3.Diminuição do DC — redução do fluxo sanguíneo renal— secreção de renina — ativação eixo renina/angiotensina/ aldosterona— aumenta a Resistência Periférica (angiotensina II) e volume intravascular(aldosterona): no início isso ajuda a camuflar a IC. Mas esses mecanismos compensatórios acabam sendo danosos porque o aumento da RP torna mais difícil o bombeamento de sangue pelo VE e o aumento de sangue acaba distendendo mais ainda. E o retiramento de sangue aumenta a congestão pulmonar e sistêmica. Por outro lado, o aumento crônico nos níveis de angiotensina II e aldosterona contribuem diretamente no remodelamento miocárdico e na fibrose. As consequências dessa dilatação é que gera insuficiência mitral e tricúspide, dilatação atrial com posterior fibrilação atrial (arritmia dos átrios) e cada vez mais aumenta a dilatação da câmara. Os achados clínicos são: ICC, congestão pulmonar, dispneia, ortopneia, dispneia paroxística noturna, ascite, edema periférico. Diminuição da PA, estertor crepitantes. Ictus globoso e desviado, B3, sopro mitral e ou tricúspide. Turgência jugular, hepatomegalia. Exames complementares: RX TORAX: Área cardíaca aumentada e congestão pulmonar ECG: Sobrecargas atriais e ventriculares, arritmias(FA e TV), ondas Q, bloqueios de Ramo. ECOCARDIOGRAMA: 11 Cardiologia Beatriz Pellizzon TVI Avaliação Anatômica cardíaca de todas as estruturas (tamanho, volume, espessura), avaliação Funcional (normal, restritiva, avaliação do relaxamento), mobilidade segmentar e avaliação valvares (todo o aparato – folhetos/ anel/ cordoalhas/ musculo papilar). RNM: Imagens típicas – sarcoidose Diagnóstico diferencial ICo Um padrão de realce tardio pelo gadolínio não transmural ou subendocárdico em uma região de distribuição não coronariana em um ventrículo dilatado de causa não isquêmica. Ausência de uma inflamação aguda Tratamento Promover reversão do remodelamento da dilatação dos ventrículos; melhorar a função do miocárdio; melhorar os sintomas; prevenir complicações; melhorar a sobrevida. -Medicamentoso: IC, como em TODOS pacientes com IC abstenção de sódio excessivo na dieta, betabloqueadores e IECA/bloqueadores dos receptores De angiotensina II (BRA) são a base do tratamento para evitar a progressão da doença, mesmo na ausência de sintomas, e os diuréticos são a pedra angular da terapia de redução do edema periférico e congestão pulmonar em pacinetes com doença sintomática, com adição de antagonista de adosterona (espironolactona e esplerona) nos casos mais avançados. Ivabradina, um medicamento bradicardizante seletivo para ser acrescentado nos pacientes que não tenham redução adequada da frequência cardíaca com bloqueadores beta, ou que não possam tolerar os agentes betabloqueadores. -Prevenção e tratamento das arritmias: arritmias são comuns, são 40% das mortes por TV ou FV. É necessário manter os eletrólitos estáveis. Amiodarona (seguro FA e daqui supra, não reduz mortalidade). CDI (reduz mortalidade). Ressincronizadores (qualidade de vida e tolerância ao exercício) -Prevenção de eventos tromboembólicos: casos com história de tromboembolismo, fibrilaçãoatrial, trombo detectado em exame -Transplante cardíaco: em pacientes muito sintomáticos o TX oferece um prognóstico muito melhor em 5 anos, com sobreviventes em 5 a 10 anos: 74% a 55% respectivamente Cardiomiopatia hipertrófica - CMH Espessamento anormal da parede ventricular com relaxamento diastólico anormal, mas geralmente com função sistólica intacta. OBS: SEMPRE genética, o exame de triagem é pelo ECG. Vale apena estudo genético se mãe e pai apresentam, assim é importante para um planejamento familiar. É doença primária do músculo cardíaco, caracterizada por hipertrofia da parede ventricular, que ocorre na ausência de doença cardíaca ou sistêmica que justifiquem o desenvolvimento dessa alteração muscular. É a mais prevalente das cardiopatias de transmissão genética. Transmissão autossômica e penetrância variável. Etiologia Autossômica dominante e penetrância variável. Principal complicação: MORTE SÚBITA CARDIACA (MSC), sendo a principal causa de MSC em jovens atletas. Prevalencia na pop.geral: 0,02 a 0,23%(1:500)adultos/ pouco maior no sexo masculino e brancos/No Brasil 400mil portadores. 60% dos casos transmitida geneticamente de forma autossômica dominante . Patologia Septal assimétrica é a mais comum. Macroscopicamente: HVE (hipertrofia ventricular esquerda) 1) Assimétrica (maioria – 90% do septo) – obstrutiva ou não fluxo VSVE 2) Simétrica 3) Apical (> prevalência em japoneses) O tamanho da cavidade do VE é normal ou diminuída; o átrio esquerdo dilatado e observam- se as alterações anatômicas em valva mitral, como espessamento, alongamento das cúspides e inserção anômala dos músculos papilares Microscopicamente (apresenta caracteriscas típicas) -Cardiomiócitos com desarranjo dos feixes musculares e perda da arquitetura miocárdica. -Aumento do tecido conjuntivo intersticial com alteração morfológica das fibras de colágeno e formação de fibrose miocárdica Coronárias -Artérias e arteríolas coronárias 1) Lúmen reduzido (hiperplasia muscular lisa+ ↑ colágeno camada média) 2) Trajeto intramiocárdio (“ponte miocárdica”) até 30% dos pacientes. Fisiopatologia Redução da complacência e relaxamento diastólico da câmara afetada -Função Diastólica alterada Precoce: até antes da HVE, independente do grau ou extensão da HVE Em qualquer grau: Alteração relaxamento até quadros restritivos graves. -Obstrução da Via de Saída de VE Associação de fenômenos hemodinâmicos com alterações anatômicas do septo interventricular (SIV) e da valva mitral 1) HVE septal 2) Ejeção hiperdinâmica 3) Tração do folheto anterior da valva mitral em direção ao SIV – efeito venturi -Isquemia Miocárdica É secundária ao desbalanço entre a oferta e consumo de oxigênio. OBS: a hipertrofia torna a câmara rígida e não complacente, em geral do VE, a qual a resistência ao enchimento diastólico eleva a pressão diastólica final, assim se tem um aumento da pressão venosa pulmonar. À medida que aumenta a resistência ao enchimento, ocorre diminuição do débito cardíaco, este um efeito piorado devido a existência de qualquer gradiente de via de saída. Como a taquicardia proporciona menos tempo para enchimento, os sintomas tendem a surgir principalmente durante esforços ou taquiarritmias. Evolução clínica e história natural -taxas de mortalidade da CMH está entre 0,9 a 1,5% ao ano -Após CDI e TX cardíaco, a mortalidade diminuiu para cerca de 0,5% ao ano -CMH pode se manifestar em qualquer idade (qto mais cedo pior prognóstico) -Expectativa de vida normal (poucas ou nenhuma complicação) -Morte Súbita Cardíaca(MSC):geralmente em indivíduos jovens (60anos). -ICC progressiva com FE normal com ou sem gradiente obstrutivo -Fibrilação atrial (FA): piora da IC E risco fenômenos embólicos Quadro clínico 12 Cardiologia Beatriz Pellizzon TVI -A maioria dos pacientes com CMH é assintomática ou oligossintomática, e o diagnóstico é feito pela “detecção de sopros cardíacos” ou durante a “investigação familiar”. -Os sintomas mais comuns são: *Dispnéia (mais prevalente – 90%. Inicialmente aos grandes esforços progressiva) *Angina ao esforço (1/3 pacientes) *Palpitações (frequente – arritmias atriais e ventriculares) *Síncopes ou pré-síncope (20-25% e 20% - caracteriza alto risco) *ICC por dilatação VE e baixa fração de ejeção ocorre em < 5% OBS: Quando o indivíduo é sintomático observa-se dispneia aos esforços, dor torácica, tonteiras/síncope e palpitações. O exame físico pode ser completamente normal ou revelar apenas a 4ª bulha do VE, sendo considerado um método pouco sensível para avaliações de triagem. Em casos obstrutivos graves, pode-se constatar pulso digitiforme e sopro sistólico apical. Exame físico -Pode ser normal sem Obstrução da via de saída de ventrículo esquerdo (OVSVE) - Ictus amplo, forte e desviado para esquerda -B4 vigorosa contração atrial -B2 desdobramento paradoxal (atraso do fechamento valvar aórtico por obstrução) -Sopro sistólico rude, “crescendo-decrescendo”, que se inicia logo após B1, audível ao longo da borda esternal esquerda baixa resultante do fluxo turbulento na via de saída do ventrículo esquerdo (VSVE) -Sopro regurgitativo holossistólico suave no ápice irradiado para axila - Manobras (para diferenciação do sopro) Diagnóstico -Eletrocardiograma - ECG: Alterado > de 90% dos pacientes (pouco especifico) -Os achados mais comuns são: *sobrecarga VE e/ou AE *Alterações do segmento ST *Inversão da onda T *Onda Q profundas ≥ 40 ms com onda T positiva (2 derivações continuas) *Ondas T invertidas e profundas (“gigantes”), com mais de 10 mV nas derivações precordiais (acometimento apical) -Ecocardiograma - ECO: É o principal método de diagnostico da CMH Permite: *Estabelece diagnóstico *Localização *Grau da hipertrofia *Grau da obstrução *Avalia a valva mitral (30% SAM) *Volume do átrio esquerdo *Gradiente dinâmico Via de saída de VE (> 30 mmHg) Signicativo *Espessura ventricular ≥ 15 mm *Espessura ventricular ≥ 13 mm (parentes 1o grau) *Assimétrica: Relação septo/parede posterior > 1,5 mm US: Preto é onde tem sangue P=parede posterior S= septo A= aorta E=átrio esquerdo Teste genético: a análise do DNA constitui o método definitivo para a identificação da CMH Possibilita o diagnóstico fase pré-clínica (rastreamento familiar – caso índice só positivo em 60%) Ressonância magnética: 1)Diagnóstico *Imagem não diagnósticas pelo ECO *Diagnóstico diferencial HVE, coração de atleta e amiloidose 2) Prognóstico *Fibrose (relação arritmia – estratificação de risco de MSC ≥ 15% da massa ↑ 2 X) Teste ergométrico: * Estratificação de risco – Resposta anormal PA (elevação de ≤ 20 mmHg ou queda >20 mmHg da pressão arterial sistólica durante o esforço) aumenta risco de MSC (ambiente hospitalar) CINEANGIOCORONARIOGRAFIA *Para diagnóstico de outras doenças ESTUDO ELETROFISIOLÓGICO *Não é indicado para arritmia ventricular -Não há grandes estudos Finalidade: *Melhoras a capacidade funcional *Reduzir os sintomas *Prevenir a progressão Tratamento -A maioria dos sintomáticos beneficia-se apenas de terapia farmacológica Terapia invasiva são necessárias em menos de 10% dos casos Tratamento medicamentoso A finalidade é melhorar a capacidade funcional e reduzir os sintomas, além de prevenir a progressão. -Betabloqueadores – Escolha quando OVSVE e sintomáticos Reduzem o gradiente na VSVE em repouso e no esforço Doses tituladas. -Bloqueadores de canal de cálcio Não Dihidropiridínicos: diminuem a frequência cardíaca e a contração ventricular Utilizar quando os beta bloqueadores são CI ou ineficazes 1) Verapamil dose inicial de 40 mg (3x dia), max. De 480 mg dia 2) Diltiazem dose inicial 60 mg (3x dia), max. 360 mg dia Cuidado se G ≥ 100 mmHg ou PSAP elevada *Disopiramida (Não é mais produzida no Brasil)- inotrópico negativo *Diuréticos:Avaliação individual –risco de piora da obstrução Tratamento invasivo -Indicação: *Sintomáticos (CF III-IV) com terapia otimizada e G > 50 mmHg VSVE (em repouso e no esforço) *Sem OVSVE e sintomáticos quando o padrão restritivo predomina – TX cardíaco -Cardiomiectomia septal cirúrgica (escolha) -Ablação septal alcoólica percutânea -Estimulação cardíaca artificial (exceção) Complicações Fibrilação atrial: prevalência 25%. Eventos embólicos de 3,8%. Depende do tamanho do átrio esquerdo e insuficiência mitral. 13 Cardiologia Beatriz Pellizzon TVI Morte súbita: (1 a 2% anual) – arrítmica. Pode ser a primeira manifestação. Ocorre no exercício. Principal causa de morte súbita em jovem atleta. Critérios de MAU PROGNÓSTICO 1) Sobreviventes de Parada Cardiorrespiratória por Fibrilação Ventricular ou Taquicardia Vnetricular Sustentada. 2) História familiar de MS em parente de 1o grau com idade < 50 anos 3) Síncope recente inexplicada 4) Espessura septal ≥ 30 mm 5) Episódios de TVNS (taquicardia ventricular não sustentada) com freq. > 120 batimentos no Holter 6) Queda de PAS > 20 mmHg ou aumento de < 20mmHg ao esforço (TE) Recomendações Atividades físicas: -fenótipo presente: Desaconselhar as de moderada e alta – risco de MS (Conferência de Bethesda). Atividades de baixa intensidade podem ser liberadas (boliche, golfe, bilhar, tiro ao alvo). -fenótipo ausente: pode ser liberado a atividade física sem restrição Drogas antiarrítmicas (não há estudos randomizados). ***Uso de amiodarona não foi capaz de suprimir Morte Súbita. Utilizar na presença de TV e na impossibilidade de CDI. -PROFILAXIA PARA ENDOCARDITE INFECCIOSA -CARDIODESFIBRILADOR IMPLANTAVEL: ÚNICA MEDIDA QUE PODE PROLONGAR A SOBREVIDA. -ESC:TAXA DE RISCO DE MSC EM 5 ANOS - VARIÁVEIS: idade, espessura do septo valor do gradiente da VSVE, tamanho do AE, TVNS,história familiar de MSC e síncope. Cardiomipatia restritiva (CMR) Endurecimento anormal do miocárdio (devido a fibrose ou processo inflamatório) levando a um prejuízo do relaxamento diastólico, mas com a função sistólica normal ou praticamente normal. Definida como uma doença primaria ou secundaria do musculo cardíaco que causa rigidez e redução do relaxamento cardíaco, diminuindo o enchimento ventricular e redução do volume diastólico final de um ou ambos os ventrículos. Ocorre por -Diminuição do relaxamento e complacência ventricular -Obliteração endomiocárdica A função sistólica geralmente esta preservada Diagnóstico diferencial *Disfunção diastólica * Função sistólica preservada *Dilatação atrial *Ventrículos de tamanho normais *Espessura normal ou aumentada (depende se tem infiltração ou depósito) *Pode haver obliteração cavitária (endomiocardiofibrose) Clínica 1) Congestão sistêmica exuberante (estase jugular, hepatomegalia, ascite, edema de mmii e derrame pleural) 2) Pulmões limpos Diagnóstico Eletrocardiograma: Sobrecarga atrial, Baixa voltagem do QRS, ADVR Fibrilação Atrial, Distúrbios de condução. Radiografia de Tórax: área cardíaca normal ou pouco aumentada. Derrame pleural. Ecocardiograma: Função sistólica; Função diastólica; Dilatação atrial; Ausência da variação respiratória veia cava inferior; Espessura miocárdica aumentada (doenças de depósito, amiloidose, hiperrefringência e aumento da espessura atrial na amiloidose); Obliteração apical ventricular (endomiocardiofibrose e síndrome hipereosinofílica). Quadro clínico Este quadro da cardiopatia restritiva simula o quadro de pericardite constritiva, já que ambas tem comportamento restritivo. Assim, é de extrema importância a avaliação do pericárdio para diferenciação da pericardite constritiva, que tem tratamento cirúrgico curativo. -ECO (dos métodos é o menos sensível) -Tomografia (excelente para avaliar pericárdio) -Ressonância (vantagem no diagnóstico das doenças infiltrativas e de depósito) -Biopsia endomiocárdica (diagnóstico etiológico preciso nas doenças de depósito, como a hemocromatose e as mucopolissacaridoses, e nas doenças infiltrativas, como a Amiloidose) -CATE: Avaliação das pressões cavitárias (equalização na pericardite ≠ das infiltrativas - resultados não consensuais). As cardiomiopatias restritivas mais frequentes na prática clínica são: - Amiloidose: doença de depósito amiloide (paraproteína) tanto intra, como extracelular, substituição progressiva dos miócitos por material fibrilar amiloide, infiltração intersticial dos átrios, dos ventrículos e septo interatrial, aumento da refringência -Hemocromatose: depósito de ferro nos tecidos por excesso, forma hereditária ou secundária -Endomiocardiofibrose (deposição de tecido fibroso no endocárdio): obliteração da cavidade por tecido fibrótico e trombos organizados, com algum grau de penetração do tecido para o miocárdio subjacente e aparelho subvalvar – mitral e tricúspide (acomete musculo papilar), preserva a via de saída ventricular, doença crônica, insidiosa e acomete ambos os ventrículos (>VD) *Etiologia desconhecida – eosinofilia persistente, endêmica (países tropicais e subtropicais) *Clínica: 1) Dispnéia 2) Precordialgia *Ressonância e tomografia são o padrão ouro para o diagnóstico -Cardiomiopatia restritiva idiopática ou familiar *Esporádica (alguns casos é uma doença familiar) *Frequentemente associada a doenças genéticas (miopatias esqueléticas, síndrome de Turner e síndrome de Noonan) *Sintomas 2 e 3a décadas: ICC, distúrbio de condução e fenômenos embólicos Outras cardiomiopatias DISPLASIA ARRITMOGÊNICA DE VD -Genética: substituição do tecido cardíaco normal por um fibroadiposo (desmossomos) -Preferencialmente VD (50% biventricular e é raro o acometimento apenas o VE) -Local de acomentimento (trigono ou triângulo da displasia: infundíbulo anterior, ápice e porção diafragmática do VD), que pode evoluir para dilatações ou aneurismas -Prevalência 1:5.000, > homens (3:1) -20% das MS em atletas jovens (pode ocorrer como primeira manifestação) -Queixas mais comuns: palpitação e síncope no esforço -Caracterizada por: 14 Cardiologia Beatriz Pellizzon TVI 1) Arritmias ventriculares com padrão de BRE, ondas Epsilon, ondas T invertidas de V1-V4 -CDI 2) Dilatação e disfunção de VD MIOCARDIO NÃO COMPACTADO -Congênita que leva: 1) IC progressiva, 2) Arritmias 3) Eventos tromboembólicos. -Existe uma interrupção da progressão normal da compactação do miocárdio durante a vida embrionária com trabeculação e espessamento em duas camadas distintas − compactado e não compactado ECOCARDIOGRAMA (diagnóstico): 1) Aumento da espessura da parede miocárdica - Fina compacta lado epicárdico (C) - Muito espessa (NC) composta por no mínimo 3 trabeculações profundas com recessos do lado endocárdico 2) Relação NC/C > 2 (local de espessura máxima) 3) Fluxo entre os recessos (observado com doppler colorido) 4) Ausência de outra alteração cardíaca. RNM gadolínio (confirma diagnóstico) A relação NC/C > 2,3 na diástole é considerada diagnóstico. TRATAMENTO: *Drogas usadas na IC *Anticoagulantes (disfunção de VE, FA e embolia prévia) Miocardite/ Pericardite Miocardite É a do tecido miocárdico secundário a qualquer forma de lesão. Apresentação clínica: -dor torácica: parecida com ICO aguda -assintomática: (maioria) diagnosticada na investigação de cardiomiopatia dilatada. Paradoxo: pródromo viral de 30%. Crianças apresentam a guda enquanto adultos apresentam caridomiopatia dilatada. -ICC esquerda ou biventricular: dispnéia aos esforços, congestão pulmonar + ICC direita -fulminante: IC aguda ou MS – arritmias Detalhes dos sintomas -dor torácica: diagnostico diferencial com ICO suspeitar quando paciente fora da faixa etária e sem fatores de risco para ICO -ICC: sintomas de ICC: dispnéia aos esforços e em repouso; sinais: IC esquerda: congestão pulmonar e ou IC direita:congestão sistêmica: edema mmii, hepatomegalia, ascite, refluxo hepatojugular, derrame pleural, derrame pericárdico, turgência jugular. -morte súbita Etiologia INFECCIOSA 1) Viral (> incidência): variável epidemiológico até 1990 USA enterococos (Coxsakie) Atual: Parvovírus B-19/ Herpes 6 Brasil e Europa: Adenovírus/ Parvovírus/ Herpes HIV (50% necro) Hepatite C: Japão Dengue/ Chicungunha (57%) Influenza (5-10% epidemia 2009) COVID 19 (7% casos graves – dados em abr/20) 2) Bacteriana: C. Pertussis 3) Parasitária (Chagas) NÃO INFECCIOSA 1) Doenças Autoimunes: LES, Wegner, miosite, células gigantes, ... Febre Reumática 2) Hipersensibilidade Fármacos: Anfetaminas, antraciclinas, ciclofosfamida, azitromicina, clozapina, metildopa, fenitoína, transtuzumabe 3) Hipersensibilidade a toxinas: Abelha, vespa, escorpião, aranha 4) Doenças Sistêmicas: Churg-Strauss, Kawasaki, sarcoidose 5) Outros: Radiação Tempo de aparecimento -aguda -subaguda -crônica -fulminante Fisiopatologia -modelo (viral Coxsakie-Adenovírus) inf . linfócito: -modelo hipersensibilidade ou autoimune: infiltrado eosinofílico -modelo co infiltrado de células gigantes: associado a timoma- miastenia gravis Diagnóstico CRITÉRIOS DE DALLAS – PADRÃO OURO Mesma amostra inflamação + necrose —> MO, há presença de células inflamatórias (≥14 leucócitos por mm2 e/ou ≥7 linfócitos T por mm2) evidência de necrose de miócitos. -Biomarcadores : enzimas cardíacas como a toponina I ou T e CK- MB -Marcadores de necrose miocárdica: mostra o prognostico e evidencia grau de lesão, sua elevação é diferente do IAM, que há uma elevação persistente, que indica quadro agressão ativa. -RX de Tórax Área cardíaca depende da dilatação da cavidade ventricular Sinais de ICC esquerda (aumento da área cardíaca e congestão Pulmonar). -ECG - Eletrocardiografia Fase aguda: padrão isquêmico (alterações do segmento ST e da onda T); supra desnivelamento ST pode simular IAM; distúrbios de condução átrio-ventricular (sarcoidose/ Lyme); arritmias ventriculares e supraventriculares. Fase subaguda: sobrecargas cavitárias e bloqueios de ramo. 15 Cardiologia Beatriz Pellizzon TVI Se há acometimento do pericárdio associado (miopericardites): infradesnivelamento do segmento PR e supra desnivelamento ST difuso. -ECO – Ecodopplercardiograma Disfunção segmentar (igual a ICO); trombos intracavitários; "remodelamento” ventricular com comprometimento miocárdico difuso - CRÔNICO; acomete pouco a função do VD; miocardite fulminante: disfunção sistólica grave com diâmetros cavitários normais com o sem aumento da espessura da parede septal (EDEMA) - AGUDO; derrame pericárdico associado (nas miopericardites). -Tomografia RESSONANCIA NUCLEAR CARDICA CINTOLOGRAFIA MIOCÁRDICA Tratamento Não farmacologico -Prevenção primária: vacinas (influenza/ febre amarela/ difteria/ sarampo/ caxumba…). -Medidas gerais (IC estágio B e D): restrição sódio 2 a 3 g/dia; restrição hídrica se perfil B; cessação tabagismo e álcool; contraindicação uso AINH e não praticar “exercícios” por 6 meses ou mais depender da evolução. Farmacologico -Disfunção sistólica mesmo assintomática: IECA/BRA + Beta bloqueador. -Disfunção sistólica sintomática: espironolactona. -FA, trombo intracavitário ou fenômenos embólicos: anticoagulantes orais. -Quando há evidencia na biopsia que processo inflamatório ativo e/ou na miocardite periparto: pentoxifilina Pericardite Apresentação clínica: -dor torácica típica: aguda, ventilatório dependente, piora com decúbito dorsal e melhora com flexão anterior do tórax. Pródromo viral + febre = frequente -sinais e sintomas de ICD: edema de mmii, ascite, hepatomegalia, turgência jugular -choque cardiogênico obstrutivo (tamponamento) Detalhes dos sintomas -dor torácica: (antessente de virose) ventilatória dependente, atrit pericárdico, pode estar associada a febre e sinais de infecção -IC: IC direita: (pericardite constritiva) congestão sistêmica: edema de mmii, hepatomegalia, ascite, refluxo hepatojugular, derrame pleural, derrame pericárdico, turgência jugular -baixo débito: grave (choque obstrutivo: tamponamento, pulso paradoxal, sinal de kussmaul. 16 Cardiologia Beatriz Pellizzon TVI Etiologia INFECCIOSA 1) VIRAL (mais comum) enterovírus, ecovírus, Epstein barr, herpes simples, influenza e CMV 2) BACTERIANA (diversos agentes) contiguidade/ hematogênica pós-cirurgia cardíaca ou torácica 3) TUBERCULOSE: Imunodeprimidos NÃO INFECCIOSA 1) AUTOIMUNE: LES, Artrite Reumatóide, Polimiosite Esclerodermia, Dermatomiosite. PÓS-IAM (Sínd. DRESSLER) Febre Reumática 2) METABÓLICAS : IRC (20%) Urêmica ou associado a diálise 3) HIPOTIREOIDISMO 4) NEOPLASICAS (Primária e Secundária) 5) TRAUMA 6) IDIOPÁTICA Tempo de aparecimento -aguda: seca ou com derrame -crônica -recorrente -constritiva -derrame pericárdico com tamponamento (tempo de formação do líquido) Fisiopatologia -Aguda/ Crônica (inflamação: dor/febre/sintomas sistêmicos). Seca: sem líquido entre os folhetos. Derrame (transudato/ exsudato/ purulento/ colesterol/sangue): pequeno, moderado ou importante. Se crônico não há restrição - Tamponamento: alta velocidade de formação do liquido pericárdico (a capacidade de distensão é exaurida). Elevação abrupta da pressão intrapericárdica com CHOQUE OBSTRUTIVO -Sinais de ICC direita de longa evolução. Pericardite constritiva: Intensa fibrose e calcificação do pericárdio, com restrição da complacência Diagnóstico Não há um critério patognomônico -Marcadores de inflamação/ Infecção: leucocitose; proteínas da fase aguda (VHS/PCR); auto anticorpos - colagenoses (LES, AR, …). -Marcadores de necrose miocárdica apenas se comprometimento miocárdico associado -ECG – Eletrocardiograma (4 fases) Pericardite aguda (4 estágios): supra de ST côncavo e difuso , onda T apicoada com aumento da amplitude, infra do segmento PR (1); normalização de ST e PR, ode ter T chata (2); inversão de T difusa simulando isquemia (3) e retorno a normalidade depois de semanas ou meses do evento inicial (4). *** Alterações do ritmo podem ocorrer em qualquer estágio. Tamponamento/grandes volumes pericárdicos: baixa voltagem e alternância elétrica. -ECO - Ecodopplercardiograma Achados: depende da apresentação clínica 1)Espessamento 2)Derrame – seroso/fibrinoso/sanguinolento/purulento em volume variável (normal de 30 – 50 mL) 3)No tamponanmento: sinais de restrição ao enchimento diastólico (através do doppler – FLUXO) e colabamento diastólico de câmaras. -TOMOGRAFIA * -RESSONÂNCIA NUCLEAR CARDDÍACA * -Cintilografia Tamponamento cardíaco Ocorre quando a velocidade de formação do derrame pericárdico excede a complacência-capacidade elástica pericárdica (30-50 mL delíquido). Causas: trauma, ruptura cardíaca pós- IAM, ruptura aórtica com fistula Aopericárdica, complicações de procedimentos diagnósticos e terapêuticos (biópsia endocárdicas, estudo eletrofisiológicos, marcapasso cardíaco, oclusão de AAE, amplatzer). Exame físico: taquicardia, hipofonese, pressão venosa elevada, Hipotensão arterial e pulso paradoxal. Tratamento: punção de Marfan ou drenagem. Janela pericárdica subxifóide. Pericardite constritiva É secundária a inflamação aguda – Evolução crônica (leva meses à anos para ocorrer). Ocorre devido a aderência entre pericárdio visceral e parietal, gerado uma intensa fibrose com ou sem calcificação entre os folhetos pericárdicos. Causas mais comuns: idiopática; pósoperatório; radiação; tuberculose e pós-viral (menos comum). Clínica: *IC direita: ascite, desproporcional ao edema; KNOCK som agudo protodiastólico melhor audível BEE FT; pulso venoso jugular: 17 Cardiologia Beatriz Pellizzon TVI colapso “Y” proeminente; sinal de Kussmaul
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