Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DEFINIÇÃO História da contabilidade a partir da perspectiva das escolas de pensamento da contabilidade, com destaque para os eventos causadores de mudanças estruturais em sua abordagem. Normas Brasileiras de Contabilidade profissionais e técnicas. PROPÓSITO Apresentar o caminhar histórico da contabilidade e a longa transição da perspectiva de controle do patrimônio para a outra de prestação de informações. Esse caminhar revela-se na queda das escolas europeias e na ascensão da escola norte-americana, uma perspectiva particular sobre as escolas de pensamento da contabilidade. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever a evolução histórica da contabilidade, sobretudo os eventos disruptivos MÓDULO 2 Comparar as escolas de pensamento da contabilidade: europeias, norte-americana e brasileira MÓDULO 3 Identificar a construção teórica da contabilidade por meio de postulados, princípios e convenções INTRODUÇÃO Nesse tema, estudaremos a evolução histórica da contabilidade, com ênfase nos principais eventos e nas rupturas e consolidações ao longo da sua trajetória. Estudaremos também as escolas de pensamento da contabilidade e a construção teórica da contabilidade, com a prevalência do valor preditivo da informação contábil e da essência sobre a forma. Por fim, aprenderemos sobre as Normas Brasileiras de Contabilidade. Fonte: pressfoto / freepik MÓDULO 1 Descrever a evolução histórica da contabilidade, sobretudo os eventos disruptivos EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE Embora existam evidências de registros contábeis rudimentares datados de milhares de anos atrás, o marco zero da história da contabilidade é usualmente definido em algum ponto da Idade Média. Originada a partir da necessidade de registrar transações mercantis primárias, a contabilidade nasceu como atividade essencialmente técnica, prática, dispensando uma base teórica que a justificasse. Apenas muito depois, com a consolidação do processo contábil nas etapas de (i) reconhecimento, (ii) mensuração e (iii) evidenciação, a contabilidade ascendeu como ciência social e sua base teórica foi constituída. RECONHECIMENTO Tradução do evento econômico para linguagem binária universal. MENSURAÇÃO Atribuição de valores aos eventos econômicos traduzidos. EVIDENCIAÇÃO Comunicação desses eventos por meio de demonstrações padronizadas. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Fonte: Katemangostar / freepik A teoria da contabilidade pode ser definida como as tentativas feitas para explicar, influenciar e aperfeiçoar os três objetivos da contabilidade: reconhecimento, mensuração e evidenciação. RECONHECIMENTO O reconhecimento ou a tradução do evento econômico para linguagem binária universal implica transformar esse evento em entidades contábeis primárias: ativo, passivo, patrimônio líquido, receita e despesa. Para tal, utiliza-se uma linguagem binária, o par débito/crédito. MENSURAÇÃO Implica atribuir valor aos eventos econômicos traduzidos. O critério de atribuição de valor dependerá da natureza contábil do evento traduzido, se ativo, passivo, patrimônio líquido e assim por diante. EVIDENCIAÇÃO Consiste em dar publicidade aos eventos econômicos, tornando-os compreensíveis pelos usuários com interesse na informação. Neste vídeo, iremos compreender, em linhas gerais, a Evolução Histórica da Contabilidade. O INÍCIO Embora qualquer tipo de atividade seja um objeto em potencial da ciência contábil, uma vez que as etapas de reconhecer, mensurar e evidenciar não se limitam a atividades econômicas tradicionais, a história da contabilidade é uma história de avanços e consolidações, em linha com os avanços da atividade econômica. E essa história não começa com a atividade comercial e industrial da era moderna. Sempre que os assuntos econômicos progrediram além das condições mais básicas de produção e troca, surgiram sistemas de registro e formalização de transações baseados em contas. Há muitos registros contábeis anteriores aos séculos XIII e XIV (SIDEBOTHAM et al., 1970). A metodologia moderna que, hoje, denominamos contabilidade, porém, tem como marco histórico a criação do método de registro "partida dobrada", em resposta aos desafios da atividade comercial crescente, nos séculos XIII e XIV. A profissão contábil, por sua vez, ganhou impulso a partir das demandas econômicas da Revolução Industrial. Quanto maior a complexidade da estrutura de produção e troca, maior a demanda por informações financeiras fidedignas. Fonte:Jacopo de Barbari / wikimedia O primeiro livro publicado sobre contabilidade é de autoria do monge franciscano Luca Pacioli, um erudito reconhecido em sua época. Pacioli incluiu em sua obra Summa di Aritmetica Geometria Proportioni et Proportionalita ('Tudo sobre Aritmética, Geometria e Proporção') , publicada em 1494, uma seção sobre contabilidade intitulada"De Computis et Escrituras", onde descreve o método de registro "partida dobrada". Essa seção foi republicada no ano 1504 como obra individual sob o título "La Scuola Perfetta dei Mercanti" ('A Perfeita Escola de Comerciantes') . Pacioli esclarece ainda no livro que não foi o inventor da dupla entrada, afirmando que ele apenas descrevia o método usado em Veneza havia mais de 200 anos. A descrição do método feita por Pacioli é considerada muito clara pelos teóricos da contabilidade (SIDEBOTHAM et al., 1970). No capítulo 34 da Summa, ele afirma: [...] E, PORTANTO, NUNCA DEVE SER UMA QUANTIA ENTRADA EM CRÉDITO QUE TAMBÉM NÃO SEJA ENTRADA NO MESMO MONTANTE EM DÉBITO. (Pacioli, 1494) Pacioli também defende o balanço anual de contas, embora o procedimento não fosse obrigatório, pois não havia regulamentos da lei ou convenções da sociedade para exigir isso. No capítulo 29 da Summa ele afirma: [...] É SEMPRE BOM BALANCEAR OS LIVROS A CADA ANO, ESPECIALMENTE PARA AQUELES QUE NEGOCIAM EM SOCIEDADE, POIS, COMO DIZ O PROVÉRBIO – "BALANÇOS FREQUENTES FAVORECEM AMIZADES. (Pacioli, 1494) Os registros contábeis da Idade Média, embora simples, já estabeleciam a separação entre os registros da entidade e o dos proprietários, um embrião do que viria a ser o Patrimônio Líquido e o posterior princípio da entidade. Fonte: Wikipedia Ex-sede do Banco Medici O desenvolvimento do comércio no século XIV fez surgir conglomerados empresariais com filiais espalhadas pela Europa, exigindo um aperfeiçoamento da metodologia de registro das transações. Um exemplo interessante desse período vem de Florença, região de grande poder econômico e sede do Banco Medici, pertencente à tradicional família de mesmo nome, considerada a mais rica da Europa à época. SAIBA MAIS BANCO MEDICI O Banco Medici, desde a sua criação em 1397 e até sua derrocada em 1494, foi uma das instituições mais prósperas e respeitadas da Europa. Além da realização de negócios bancários consideráveis, em Florença e em outras cidades italianas – e em grandes centros comerciais no exterior, por meio de filiais –, o banco operava vários estabelecimentos industriais, sobretudo têxteis. A estrutura societária adotada pelos Medici não era diferente em essência das holdings modernas e suas subsidiárias. Nesse ambiente, cada filial e cada fábrica eram uma entidade separada, com parceiros, capital e contas separados, embora a família Medici tivesse um controle acionário em cada uma delas. O Banco Medici foi uma das primeiras entidades a utilizar o método das partidas dobradas utilizando débitos e créditos. Qualquer outro sistema mais simples teria sido inadequado para o alcance, volume e complexidade de suas transações. De acordo com Sidebotham et al. (1970), uma cópia do balanço de cada agência era enviada todos os anos à Florença e estava sujeita à auditoria, sobretudo quanto ao controle de vencimentos das operações de crédito e dos créditos duvidosos. As contas utilizadas pelos Medici continham provisões para salários, dívidas incobráveis e contingências, e essas provisões podiam ser usadas para corrigirlucros de exercícios anteriores. UM NOVO IMPULSO: A SOCIEDADE ANÔNIMA O papel de Pacioli como disseminador do método das partidas dobradas foi bem sucedido. Após a publicação da Summa em 1494, as partidas dobradas ganharam a Europa. E a Europa foi o palco de outra sequência importante de eventos para o desenvolvimento da contabilidade. javascript:void(0) A Companhia Holandesa das Índias Orientais, fundada em 1602, foi a primeira empresa a emitir ações com responsabilidade limitada para seus acionistas. As ações eram transferíveis e podiam ser negociadas na Bolsa de Amsterdã, também estabelecida em 1602. Nos anos subsequentes, o conceito de sociedade por ações, com existência permanente, responsabilidade limitada e ações negociadas em bolsa de valores, tornou-se uma forma importante da organização empresarial (SCOTT, 2015). Fonte: Wikipedia Símbolo da Companhia Holandesa das Índias Orientais A demanda por informações financeiras sobre as empresas cujas ações eram negociadas motivou uma longa transição para a contabilidade financeira. De um sistema que permitia ao comerciante controlar suas próprias operações, a contabilidade evoluiu para um sistema capaz de informar os investidores que não estavam envolvidos nas operações diárias da empresa. A disponibilização de informações em bases regulares não era suficiente para satisfazer a necessidade dos novos usuários da informação contábil. Era necessário que tais informações também fossem confiáveis, fidedignas. Essa demanda adicional estabeleceu as bases para o desenvolvimento da auditoria e da regulação governamental acerca da prestação de informações. Em 1844, com a publicação da Companies Act, a Lei das Empresas Inglesas, surge pela primeira vez a exigência de fornecimento de um balanço auditado aos acionistas. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Fonte: Patrick Hendry / unsplash No fim do século XIX, impulsionada pelo advento das máquinas a vapor, a Revolução Industrial representou novo impulso ao desenvolvimento da contabilidade. O crescimento das unidades fabris, antes compostas de um líder e meia dúzia de empregados, para fábricas imensas, com centenas de operários, exigiu um outro tipo de abordagem contábil. Dessa vez, voltada para a contabilidade industrial, controle de estoques, custos de produção, embrião do que viria a ser a contabilidade de custos. O desenvolvimento da contabilidade de custos foi a resposta da contabilidade aos crescentes problemas enfrentados pelos industriais sob as condições comerciais mais competitivas do início do século XX. O protagonismo dos Estados Unidos nos mercados internacionais eliminou o monopólio antes detido pelos ingleses. Nesse cenário, a definição de preços competitivos exigia meios efetivos de identificação e controle dos custos de produção. Para Sidebotham et al. (1970), havia desafios particularmente complexos à época. O primeiro deles tratava da distinção entre custos fixos e variáveis, ou seja, custos que permanecem constantes, independentemente do nível de produção, e custos que variam conforme a produção se expande ou contrai. Isso tem implicações óbvias quando mudanças no nível de produção são enfrentadas. Outro desafio era a apropriação dos custos indiretos à produção. Conceitos derivados da gestão científica, que tiveram um rápido desenvolvimento nos Estados Unidos na primeira década do século XX, foram introduzidos na contabilidade de custos. A divisão da fábrica em "centros de produção", nos quais os custos indiretos poderiam ser alocados com base nas horas-máquina utilizadas derivam dessa confluência de conhecimentos. O CRASH DE 1929 No início do século XX, os principais desenvolvimentos na contabilidade financeira surgiram nos Estados Unidos, cujo poderio econômico crescia rapidamente. Segundo Scott (2015), a introdução do imposto de renda corporativo nos Estados Unidos, em 1909, deu grande impulso à mensuração do lucro e, em consequência, motivou o surgimento de novos conceitos que permitiam deduções do lucro, como a depreciação do capital fixo. Contudo, a contabilidade ainda era uma atividade bastante desregulamentada, permitindo toda a sorte de manipulações e superveniência de ativos. Uma das práticas mais criticadas da época eram as frequentes reavaliações de ativos fixos, que levavam a superestimações do imobilizado, as quais forneceram o combustível para o excesso de valorização da Bolsa de Valores, descolado da realidade. Fonte: Ijeab / freepik O crash de 1929, uma mistura explosiva de crédito em excesso e de especulação em ativos mobiliários, provocou uma forte resposta regulatória. A mais relevante foi a criação da Comissão de Valores Mobiliários (SEC), em 1934, órgão regulador do mercado de valores mobiliários, cujo mandato é a proteção de investidores por meio de uma estrutura baseada em divulgação de informações adequadas. Na contabilidade, o efeito mais visível foi a fixação do custo histórico como base de mensuração, uma resposta direta ao descontrole provocado pelas constantes reavaliações de ativos. A QUEBRA DE CONFIANÇA DOS ANOS 1990 O fim dos anos 1990 e o início do século XXI foram o palco da bolha da internet. A chamada nova economia apresentava modelos de negócios concentrados na prestação de serviços e baseados na internet. Contrariamente aos segmentos tradicionais da economia, muitas dessas empresas, especialmente as recém-criadas, com pouco ou nenhum histórico de lucros, praticamente não apresentavam ativos fixos, a geração de caixa era negativa e o interesse despertado por elas derivava de expectativas quanto ao crescimento futuro. Para isso, relatavam um fluxo de receitas com expectativa de rápido crescimento, em linha com o crescimento do acesso à internet. Contudo, as estimativas se mostraram exageradas e tiveram de ser revertidas, levando ao colapso desse segmento, do qual poucas empresas resistiram. Dois exemplos clássicos de fraudes contábeis desse tipo são os casos da Enron Corp. e Worldcom Inc. Fonte: freepik / freepik Esses e muitos outros casos de fraude ocorreram independentemente do fato de que as demonstrações financeiras das empresas envolvidas foram auditadas e consideradas aderentes à regulação norte- americana. Como resultado, a confiança do público nos relatórios financeiros e no funcionamento do mercado de capitais foi severamente abalada. O resultado da perda de confiança do público foi o aumento da regulamentação (SCOTT, 2015). A Lei Sarbanes-Oxley, aprovada pelo Congresso dos EUA em 2002, foi a resposta mais objetiva à crise. Essa lei é abrangente, destinada a regular a atividade de auditoria e ampliar o alcance da governança corporativa, minimizando a chance de novas fraudes acontecerem. A criação do Comitê de Auditoria é consequência da Lei Sarbanes-Oxley, assim como a criação do Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB), agência com mandato para estabelecer padrões de auditoria e inspecionar e disciplinar auditores de empresas listadas em bolsa. Outras disposições da Lei Sarbanes-Oxley vão de encontro a fragilidades que permitiram o surgimento de casos de fraudes contábeis, como da Enron Corp: 1 A restrição de serviços não vinculados à auditoria, mas oferecidos pelas empresas de auditoria aos seus clientes, como serviços de consultoria, avaliações. 2 O reporte do resultado da auditoria pelo auditor ao conselho de administração e não ao CEO da empresa. 3 A composição do comitê de auditoria por diretores independentes da administração da empresa. A CRISE FINANCEIRA DE 2007-2008 O significativo aumento da carga regulatória após a crise de confiança dos anos 1990 não impediu que velhas práticas voltassem a ser utilizadas indiscriminadamente apenas uma década mais tarde. Uma dessas práticas era a utilização de sociedades de propósito específico (SPE) para isolar em outra entidade parte da atividade operacional da empresa "controladora". A relação societária entre a empresa "controladora" e a SPE é juridicamenteconfusa (daí as aspas). Embora haja elementos suficientes para configurar a relação de controle, a regulação, à época, autorizava a não consolidação dos balanços. Isso permitia que parcelas indesejáveis de ativos e passivos fossem deslocadas para essas empresas e lá ficassem isolados, não contaminando o balanço da controladora. Fonte: racool_studio / freepik Esse artifício foi utilizado a exaustão no caso Enron Corp. Por meio dessas empresas, a Enron contratava empréstimos no sistema financeiro e transferia esses recursos para a empresa, mantendo as dívidas isoladas nas SPE. Como não havia consolidação, a maior parte dos passivos da Enron não apareciam e a empresa era tida como saudável. Quando, por determinação da SEC, a Enron consolidou todas as SPE, a realidade foi desmascarada e a empresa mostrou-se insolvente. Cerca de dez anos depois, o mesmo artifício foi usado por vários bancos norte-americanos para alavancar suas posições em hipotecas. Bancos são entidades altamente reguladas. Submetidos aos denominados Acordos de Capital, também conhecidos como Acordos de Basileia, devem respeitar limites mínimos de patrimônio para operar no mercado financeiro. Tais limites relacionam os ativos de risco da instituição ao seu patrimônio líquido. Dessa forma, há um limite mínimo de alavancagem que deve ser respeitado. Diferentemente de empresas de outros segmentos econômicos, bancos não podem alavancar indiscriminadamente, pois para cada adicional de risco registrado no ativo é necessária uma contrapartida na forma de capital. Fonte: jcomp / freepik Para burlar esses limites e registrar mais ativos de risco, na forma de operações de financiamento imobiliário, do que o capital disponível suportaria, bancos norte-americanos utilizaram SPE para registrar operações de financiamento imobiliário por eles originadas. Como as SPE não eram consideradas bancos, não observavam os limites mínimos de capital, o que permitiu uma alavancagem muito além da admitida para os bancos. Esse foi o combustível da crise financeira: o excesso de crédito concedido pelos bancos turbinou o preço dos imóveis até que uma crise de confiança desmontou o castelo de cartas. As SPE, por sua vez, eram financiadas com passivos de curto prazo, na ordem de dois anos de maturidade, enquanto mantinham operações de crédito de até 30 anos no ativo. Quando a crise de confiança nas hipotecas subprime se manifestou, essas SPE não conseguiram rolar seus passivos e foram buscar financiamento nos bancos "controladores". Isso impôs aos bancos a recompra dessas operações de financiamento imobiliário. A reentrada dessas operações nos ativos dos bancos fez com que o capital dos bancos se mostrasse muito inferior ao exigido pela regulação para fazer face ao risco dos ativos. Adicionalmente, a queda no valor das hipotecas provocada pela crise impôs perdas severas aos bancos. Perdas que excediam em muito seu patrimônio líquido, aprofundando a crise financeira que exigiu a intervenção governamental para socorrer os bancos. A CONTABILIDADE BASEADA EM PRINCÍPIOS E OS FORMULADORES DE PADRÕES CONTÁBEIS O último grande impulso na contabilidade deve-se à combinação de dois desenvolvimentos. O primeiro é a harmonização das normas contábeis em escala mundial com a ascensão de dois formuladores de padrões contábeis: O FINANCIAL ACCOUNTING STANDARDS BOARD (FASB) Responsável pelo estabelecimento de padrões contábeis nos Estados Unidos. O INTERNATIONAL ACCOUNTING STANDARDS BOARD (IASB) Formulador de padrões contábeis para os demais países, sediado na Inglaterra. O segundo desenvolvimento relevante é a prevalência da contabilidade baseada em princípios sobre a contabilidade baseada em regras. A ascensão de formuladores de padrões contábeis e a consequente definição de padrões contábeis abrangentes e de aplicação obrigatória deriva da dificuldade que a diversidade de práticas contábeis impõe a comparações entre empresas. Nesse ambiente, a capacidade de produzir informações úteis para amparar a tomada de decisões é comprometida. Vejamos o contexto em que o FASB e o IASB surgiram: 1 O FASB surgiu em 1973 e é uma organização independente, composta de sete membros remunerados em período integral, com mandatos de cinco anos renováveis. No mesmo ano, a SEC reconheceu oficialmente o FASB como formulador de padrões contábeis de aplicação obrigatória nos Estados Unidos, conferindo a uma organização privada o mandato de emitir padrões contábeis. Já o IASB foi criado em 2001, sucedendo o International Accounting Standards Committee (IASC), organismo que exercia funções similares desde sua criação em 1973 pelos organismos profissionais de contabilidade de dez países desenvolvidos. Diferentemente do FASB, o alcance do IASB é mundial. Também diferentemente do FASB, a entrada em vigor dos pronunciamentos emitidos pelo IASB, os IFRS, não é automática. Os reguladores locais devem referendar os IFRS localmente para sua conversão em regulação contábil obrigatória. No presente, os IFRS são obrigatórios para as empresas de capital aberto de 166 países. DEZ PAÍSES DESENVOLVIDOS Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos, França, Irlanda, Japão, México, Países Baixos e Reino Unido. 2 No Brasil, a decisão de convergir aos padrões contábeis internacionais foi determinada pela Lei 11.638 de 2017. A partir dela, Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), foi encarregado de realizar a transição dos padrões contábeis emitidos pelo IASB para o ambiente doméstico. Criado pela Resolução CFC n. 1.055/05, o CPC tem como objetivo: javascript:void(0) O ESTUDO, O PREPARO E A EMISSÃO DE DOCUMENTOS TÉCNICOS SOBRE PROCEDIMENTOS DE CONTABILIDADE E A DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES DESSA NATUREZA, PARA PERMITIR A EMISSÃO DE NORMAS PELA ENTIDADE REGULADORA BRASILEIRA, VISANDO À CENTRALIZAÇÃO E UNIFORMIZAÇÃO DO SEU PROCESSO DE PRODUÇÃO, LEVANDO SEMPRE EM CONTA A CONVERGÊNCIA DA CONTABILIDADE BRASILEIRA AOS PADRÕES INTERNACIONAIS. (Código do Processo Civil - CPC, 2002) O CPC possui quatorze membros, sendo que cada uma das sete entidades que o formam nomeia dois membros. Além dos 14 membros, são convidados a participar representantes de outras entidades privadas e dos reguladores do mercado financeiro. Os pronunciamentos emitidos pelo CPC, que invariavelmente são traduções dos pronunciamentos emitidos pelo IASB, não têm valor normativo, pois o CPC carece de competência legal para tal. Dessa forma, para que os pronunciamentos se tornem obrigatórios, é necessário que os reguladores, que detêm a competência normativa, referende-os por meio de atos normativos. Para que os CPC se tornem obrigatórios para as sociedades anônimas de capital aberto, a CVM deve referendá-los. No caso das instituições financeiras, o Conselho Monetário Nacional deve fazê-lo e, assim por diante, de acordo com o segmento regulado. De maneira geral, os reguladores referendam os pronunciamentos tão logo o CPC os emite. A única exceção é o Conselho Monetário Nacional (CMN), que referendou poucos pronunciamentos para o Sistema Financeiro Nacional. Um exemplo é o IFRS 9 (CPC 48) que trata de instrumentos financeiros. O profundo efeito desse pronunciamento nas instituições financeiras e o risco que uma convergência precipitada poderia trazer para a estabilidade financeira levou o CMN e o BC a estabelecer um cronograma de convergência que estimasse os impactos do IFRS 9 (CPC 48) no sistema financeiro. Embora emitido pelo CPC no fim de 2016, a norma não havia entrado em vigor até a produção desse conteúdo. QUATORZE MEMBROS javascript:void(0) javascript:void(0) Associação de Companhias Abertas (Abrasca); Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec Nacional); B3 Brasil Bolsa Balcão; Conselho Federal de Contabilidade (CFC); Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon); Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi); Entidades representativas de investidoresdo mercado de capitais. CONVIDADOS Banco Central do Brasil (BC); Comissão de Valores Mobiliários (CVM); Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB); Superintendência de Seguros Privados (Suseo); Federação Brasileira de Bancos (Febraban); Confederação Nacional da Indústria (CNI); e Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). Fonte: Rawpixel.com / freepik A ascensão de formuladores de padrões contábeis de origem anglo-saxônica (FASB e IASB) levou ao segundo desenvolvimento contemporâneo relevante: a prevalência da regulação contábil baseada em princípios em relação à regulação contábil baseada em regras. Os padrões contábeis baseados em regras, típicos de países cuja tradição jurídica deriva do direito comum, estabelecem regras detalhadas para o tratamento contábil dos eventos. Em contrapartida, padrões contábeis baseados em princípios, típico de países cuja tradição jurídica deriva do direito de costumes (consuetudinário), define as linhas gerais do tratamento contábil a ser adotado e deixa a cargo do julgamento do profissional (contador, auditor) a alternativa escolhida. A adoção de padrões contábeis baseados em princípios significa que a referência para a elaboração de padrões contábeis passa a ser a estrutura conceitual, o que garante que a divulgação financeira será relevante para os investidores, e que os requisitos de reconhecimento e de mensuração serão baseados nas características qualitativas da informação contábil (SCHIPPER, 2003). A consequência prática desse modelo é que a sustentação da atuação profissional não estabelece critérios específicos para o tratamento de situações particulares. Um sistema contábil baseado em princípios oferece diretrizes para o julgamento profissional de cada situação particular, em vez de especificar claramente como promover a classificação, o reconhecimento, a mensuração e a divulgação de cada evento econômico (DANTAS et al., 2010). A justificativa é que o oferecimento de um referencial para o julgamento profissional, combinado com a possibilidade de o contador e o auditor decidirem a melhor forma de elaborar e divulgar as informações a respeito das operações da empresa, permite a consideração da essência do negócio, tendo em vista que nem todas as nuances de uma operação poderiam ser apropriadamente antecipadas pelos reguladores. A contabilidade é um organismo vivo e em constante adaptação e aperfeiçoamento. A contínua transformação do ambiente econômico e das necessidades das empresas e dos usuários de informações contábeis são agentes de mudança que catalisam o processo de evolução da contabilidade. O futuro reserva desafios ao cumprimento dos objetivos da contabilidade de reconhecer, mensurar e evidenciar os eventos econômicos, mas é certo também que os profissionais e acadêmicos de contabilidade estarão à altura deles. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ACERCA DO COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC), ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A) Trata-se de um órgão público subordinado à Comissão de Valores Mobiliários. B) Desde a respectiva criação, em 2005, além dos pronunciamentos técnicos, o CPC passou a emitir as resoluções do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). C) O CPC tem prerrogativas legais, portanto a aplicação das próprias normas é obrigatória. D) Os pronunciamentos técnicos emitidos pelo CPC subsidiam a emissão de normas que permitem a convergência da Contabilidade Brasileira com os padrões internacionais. 2. ADAPTADA DE FCPC - 2019 - UNILAB - TÉCNICO EM CONTABILIDADE BASEADO NO METÓDO DAS PARTIDAS DOBRADAS, CRIADO NO SÉCULO XVI PELO FRADE FRANCISCANO LUCA PACIOLO, PODEMOS AFIRMAR QUE: A) Não existe Débito sem Crédito correspondente. B) Haverá sempre um Crédito e um Débito de Valores iguais. C) Existem para cada lançamento de Débito, dois lançamentos de Créditos. D) Sempre a soma dos valores creditados será igual a soma dos valores debitados às contas envolvidas. GABARITO 1. Acerca do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), assinale a alternativa correta: A alternativa "D " está correta. O CPC não tem competência normativa, razão pela qual necessita que os reguladores, que detêm a competência normativa, os referendem por meio de atos normativos. 2. Adaptada de FCPC - 2019 - Unilab - Técnico em Contabilidade Baseado no Metódo das Partidas Dobradas, criado no século XVI pelo frade franciscano Luca Paciolo, podemos afirmar que: A alternativa "D " está correta. Segundo Pacioli, "nunca deve ser uma quantia entrada em crédito que também não seja entrada no mesmo montante em débito". O lançamento pode envolver um ou mais registros a débito e um ou mais registros a crédito. A única restrição é que o total de débitos seja igual ao total de créditos. MÓDULO 2 Comparar as escolas de pensamento da contabilidade: europeias, norte-americana e brasileira ESCOLAS DE PENSAMENTO DA CONTABILIDADE Já vimos que, embora os registros históricos que sugerem práticas contábeis primitivas se percam no tempo, o início formal da contabilidade se dá com a publicação da obra Summa di Aritmetica Geometria Proportioni et Proportionalita, do frei italiano Luca Pacioli. Fonte: Stockholms Universitetsbibliotek / Wikimedia Página de rosto da Summa de aritmética, geometria, proporções e proporcionalidade por Luca Pacioli, edição de 1523. Fonte: Jacopo de' Barbari / Wikimedia Retrato de Luca Pacioli (1445–1517) com um aluno, atribuído a Jacopo de 'Barbari'. RELEMBRANDO Assim como você viu no Módulo 1, Pacioli não é o criador das técnicas publicadas em seu livro, onde afirma que apenas descreveu técnicas largamente utilizadas pelos comerciantes italianos, em particular o método das partidas dobradas. Apesar de não ser o autor da técnica, Pacioli é o responsável por sua difusão. Com a publicação de sua obra, a técnica básica de escrituração contábil ganhou a Europa e tornou-se dominante. Por esse motivo, alguns autores definem a publicação de Pacioli como o início do pensamento científico da contabilidade (IUDÍCIBUS; MARION, 1999). Houve, porém, poucos avanços dignos de nota, de modo que seria mais adequado redefinir esse período de relativa estagnação como período pré-científico. CONTISMO Após Pacioli, mas ainda no período pré-científico, a primeira escola de pensamento contábil relevante nasceu na França: o Contismo (RICKEN, 2003). Um dos participantes mais ativos dessa escola foi Matthieu La Porte que editou o livro La science des négocians et teneurs de livres, em 1712. Lopes de Sá (1997) assinala que: A OBRA DESSE EMINENTE AUTOR PARECE TER ABERTO O CAMINHO PARA UMA SUPREMACIA DA FRANÇA, NO SÉCULO XVIII E EM PARTE DO XIX, SENDO RESPONSÁVEL PELA ACELERAÇÃO DA MENTALIDADE CIENTÍFICA EM CONTABILIDADE. (Lopes de Sá, 1997) Até o início do século XIX, o Contismo ainda possuía muitos seguidores, apesar do surgimento de novas escolas (RICKEN, 2003). Somente nas primeiras décadas desse século é que o Contismo foi sufocado pela Escola Lombarda de Francesco Villa e pela Escola Personalista, de Francesco Marchi e depois Giuseppe Cerboni, difundidas principalmente na Itália. A ESCOLA LOMBARDA A Escola Lombarda é considerada a primeira escola científica e é uma amostra do vigoroso desenvolvimento que a contabilidade enfrentou no século XIX. Essa escola é identificada pela obra La Contabilità applicata alie amministrazioni private e pubbliche, de Francesco Villa, publicada em 1840. Esse autor busca desvincular a contabilidade de uma abordagem "mecânica", somente com números e lançamentos, para mostrá-la como uma fonte de informação auxiliadora na gestão do negócio. Dessa forma, o fator que mais impulsionou o desenvolvimento da Escola Lombarda foi a ligação estabelecida entre a contabilidade e a administração, demonstrando o quanto a contabilidade pode auxiliar no controle de gestão (RICKEN, 2003). Fonte: rawpixel-com / Freepik Fonte: Wikimedia Retrado de Francesco Marchi A ESCOLA PERSONALISTA O próximo impulsono desenvolvimento da contabilidade veio novamente de outra escola italiana: A Escola Personalista, cujo expoente era Francesco Marchi. Essa corrente tinha ligação com conceitos jurídicos, pessoais, e também com a administração. Foram os personalistas, por exemplo, que conceituaram a entidade como um conjunto de direitos e obrigações, demonstrando assim que as contas sempre se referem a fatos ligados às pessoas, pois os direitos e obrigações são também em relação a indivíduos (LOPES DE SÁ, 1997). Uma variante da Escola Personalista foi a Escola Personalista das Contas, estabelecida por Giuseppe Cerboni, em 1873. Ele construiu a teoria personalista das contas, a partir do trabalho de Marchi (RICKEN, 2003). O mesmo defendia que a contabilidade, no fim do século XIX, já havia saído da era de transição pré-científica, entrando definitivamente no estágio científico. Nesse estágio, ela não mais simplesmente registrava e contava as riquezas, mas contribuía nas áreas jurídica e administrativa das entidades. Fonte: Freepik / Freepik A teoria personalista teve extraordinário impulso com o trabalho desenvolvido por Cerboni, que teve grande interesse pelo aspecto jurídico das relações entre o proprietário e a entidade. aspecto esse não abordado no trabalho de Marchi. Marchi não abrodou esse aspecto em seu trabalho e, por isso, é considerado o iniciador da teoria personalista, enquanto Cerboni é o construtor (SCHMIDT, 2000). Na teoria personalista, cada conta assume a configuração de uma pessoa no seu relacionamento com a empresa ou entidade (NEVES; VICECONTI, 2009). Assim: Podemos concluir, então, que as obrigações e o patrimônio líquido são pessoas credoras e representam aquelas pessoas que têm a receber da sociedade, enquanto os bens e direitos são pessoas devedoras em relação à entidade. Na época, não existia o conceito de pessoa jurídica, tal como conhecemos atualmente, e o comerciante era considerado o proprietário dos bens que adquiria e comercializava. Os relacionamentos comerciais eram pessoais. Dessa forma, o dinheiro que ele entregava ao banqueiro como depósito seria o correspondente da moderna conta "Bancos conta movimento"; a importância que ele devia a outro comerciante corresponderia à conta fornecedores e assim por diante. Segundo essa teoria, as contas se classificam em contas dos: Embora dominante no século XIX, a Escola Personalista era alvo de críticas, cujos principais argumentos eram: Fonte: flaticon / Freepik A contabilidade estava se transformando em um campo com conteúdo excessivo por querer englobar toda a administração da entidade. Fonte: flaticon / Freepik As funções econômicas variavam demasiadamente de uma entidade para outra. Contudo, Cerboni pensava ter encontrado um sistema de funções administrativas único, que serviria para todas as entidades. Fonte: flaticon / Freepik Os administradores não podem ser considerados devedores ou credores do proprietário; devem se responsabilizar apenas pela gestão da empresa. Um embrião da Teoria do Agente e Principal. ESCOLA VENEZIANA OU CONTROLISTA Do caldo resultante das críticas à Escola Personalista, surge a Escola Veneziana ou Controlista ou ainda Teoria Materialista, representada por Fabio Besta. Para Besta, a administração econômica se distingue da geral, pois o objetivo principal daquela é a produção de mais riqueza, enquanto o objetivo da administração geral é apenas o ato de administrar ou organizar. Diferentemente dos personalistas, os controlistas não utilizavam o raciocínio jurídico, mas sim uma realidade materialista, motivo pelo qual estudaram a organização administrativa de forma que pudessem defender o controle das riquezas que era o que acreditavam ser correto (RICKEN, 2003). Para Fábio Besta, de nada adianta ter somente um direito, se não é possível usufruir dele. É necessário que o bem esteja de posse da empresa, para que ela possa considerá-lo seu e de seu direito. Ele assinala que: O VALOR DE UMA COISA SE REFERE À DISPONIBILIDADE E AO SEU LIVRE USO, EM SUMA, A SUA POSSE, A QUAL JAMAIS SERÁ PLENA SE NÃO LHE É ASSEGURADO ISTO NO PRESENTE E NO FUTURO, SEM LIMITE DE TEMPO, OU SEJA, ENQUANTO DURAR. (RICKEN, 2003) Na Teoria Materialista, as contas representam relações materiais e se classificam em dois grandes grupos: I Contas materiais ou integrais, que representam bens direitos Obrigações. II Contas diferenciais, que representam as contas do patrimônio líquido e suas variações inclusive as receitas e despesas. (NEVES; VICECONTI, 2009) O patrimônio é constituído pelas contas materiais ou integrais, ou seja, as contas representativas dos bens, direitos e obrigações. As contas de patrimônio líquido, que representam a diferença entre os bens os direitos e as obrigações são as contas diferenciais. MODERNA ESCOLA ITALIANA OU AZIENDALISMO A Escola Controlista é sucedida pela Moderna Escola Italiana ou Aziendalismo, com destaque para a figura de Gino Zappa, que criticava os que faziam da contabilidade um simples instrumento e propunha uma ciência da economia aziendal, que deveria preocupar-se com todos os fenômenos aziendais, assumindo a gestão e organização de toda azienda (RICKEN, 2003). Também não achava correto ter uma posição totalmente pragmática, preocupando-se somente com a forma de registrar e esquecendo- se da ciência que é a essência da forma. Segundo Lopes de Sá (1997): O AZIENDALISMO, A ECONOMIA DAS EMPRESAS, A ECONOMIA AZIENDAL, OU AS CIÊNCIAS GERENCIAIS – SEJA QUE DENOMINAÇÃO SE PRETENDA DAR A ESSE CONJUNTO DE DISCIPLINAS QUE ESTUDAM OS FENÔMENOS OCORRIDOS NAS CÉLULAS SOCIAIS –, FOI UMA CONCEPÇÃO QUE SE FORMOU AO LONGO DE MUITOS ANOS, CONSOLIDANDO-SE LENTAMENTE, POR MEIO DA CONTRIBUIÇÃO DE DIVERSOS ESTUDIOSOS, CADA UM SOMANDO-SE A ESSE COMPLEXO. (Lopes de Sá, 1997) ESCOLA PATRIMONIALISTA O impulso intelectual seguinte na sequência de desenvolvimento da contabilidade é a Escola Patrimonialista de Vicenzo Masi. Fundamentada em uma crítica ao argumento central do Contismo, para o qual o registro das contas era o mais importante dentro da contabilidade e, portanto, preocupavam-se mais com a forma como o evento seria registrado do que com sua essência, o patrimônio. Ricken (2003) assinala que a sociedade sempre precisou registrar aquilo que possuía por necessidade de se saber quantos eram seus bens e como melhor administrá-los. Com isso, percebe-se que, de fato, o foco de preocupação sempre esteve na riqueza e não no registro da riqueza. Dessa forma, o argumento central do Patrimonialismo sempre esteve presente, embora até aquele ponto não tivesse sido reconhecido como escola de pensamento ou teoria. Os Patrimonialistas estendiam essa crítica a outras escolas além da Contista, como a personalista, a controlista e a aziendalista, pois alegavam que elas também davam mais importância à forma (que é apenas a parte instrumental de nossa disciplina, ou seja, os registros e as demonstrações), do que à essência (que é a parte fundamental que deveríamos nos ocupar, ou seja, o estudo do fenômeno patrimonial). Segundo Neves e Viceconti (2009), na Teoria Patrimonialista, o patrimônio é o objeto a ser administrado. Dividindo-se da seguinte maneira: as contas que representam a situação estática são separadas das contas que representam a situação dinâmica. Vejamos: CONTAS PATRIMONIAIS Representam a situação estática, ou seja, bens, direitos, obrigações com terceiros e o patrimônio líquido. CONTAS DE RESULTADO Representam a situação dinâmica, ou seja, as contas que alteram o patrimônio líquido: receitas e despesas. ESCOLA NEOCONTISTA A partir do fim do século XIX, a França novamente busca um patamar de destaque na Contabilidade, com a nova escola denominada Neocontista. Essa escola surge com um movimento que contraria o personalismo das contas (Cerboni) e defende o valor das contas. Seu principal colaborador foi Jean Dumarchey que reelaborou o Contismo como corrente de pensamento. Segundo Dumarchey (1933):O VALOR É A PEDRA ANGULAR DA CONTABILIDADE. PARA ELE, A IDEIA DE VALOR É QUE FUNDAMENTA A TEORIA DA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E DAS CONTAS, QUE DEVEM REFLETIR O VALOR DOS COMPONENTES PATRIMONIAIS. PARA DUMARCHEY, A CONTABILIDADE É UMA CIÊNCIA SOCIAL, QUE APENAS USA A MATEMÁTICA PARA SEU AUXÍLIO, ASSIM COMO MANTÉM RELAÇÃO COM ECONOMIA, SOCIOLOGIA E FILOSOFIA. (Dumarchey , 1933) Segundo a doutrina da Escola Neocontista, as contas são divididas em ativo, passivo e situação líquida. As contas do ativo e do passivo são representadas por valores concretos (ou valores diretos ou reais), e a conta da situação líquida é representada por valores abstratos (ou derivados) (SCHMIDT, 2000). DECADÊNCIA DA ESCOLA EUROPEIA Para Iudícibus (1997), os defeitos da escola europeia são os seguintes: (I) NA RELATIVA FALTA DE PESQUISA INDUTIVA SOBRE A QUAL EFETUAR GENERALIZAÇÕES MAIS EFICAZES; (II) EM SE PREOCUPAR DEMASIADAMENTE COM A DEMONSTRAÇÃO DE QUE A CONTABILIDADE É CIÊNCIA, QUANDO O MAIS IMPORTANTE É CONHECER BEM AS NECESSIDADES INFORMATIVAS DOS VÁRIOS USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL E CONSTRUIR UM SISTEMA CONTÁBIL DE INFORMAÇÃO ADEQUADO; (III) NA EXCESSIVA ÊNFASE NA TEORIA DAS CONTAS, ISTO É, NO USO EXAGERADO DAS PARTIDAS DOBRADAS, INVIABILIZANDO, EM ALGUNS CASOS, A FLEXIBILIDADE, NECESSÁRIA, PRINCIPALMENTE, NA CONTABILIDADE GERENCIAL; (IV) NA FALTA DE APLICAÇÃO DE MUITAS DAS TEORIAS EXPOSTAS, TALVEZ POR IMATURIDADE DO SISTEMA ECONÔMICO E INSTITUCIONAL; (V) NA QUEDA DE NÍVEL DE ALGUMAS DAS PRINCIPAIS FACULDADES, PRINCIPALMENTE ITALIANAS, SUPERPOVOADAS DE ALUNOS, COM PROFESSORES MAL REMUNERADOS, TRABALHANDO CADA UM POR SUA CONTA E RISCO, DANDO EXPANSÃO MAIS A IMAGINAÇÃO DO QUE A PESQUISA SÉRIA DE CAMPO E DE GRUPO. (IUDÍCIBUS, 1997) Enquanto declinavam as escolas europeias, florescia a Escola Norte-Americana com suas teorias e práticas contábeis, favorecida não apenas pelo apoio de uma ampla estrutura econômica e política, mas também pela pesquisa e trabalho sério dos órgãos associativos (AMORIM, 1999). A ESCOLA NORTE-AMERICANA DE CONTABILIDADE: A VITÓRIA DA INFORMAÇÃO SOBRE O PATRIMÔNIO A escola norte-americana ergueu-se com toda força, principalmente, com o desenvolvimento industrial. A escola desenvolvia-se por meio da atuação das associações, com grande ênfase em satisfazer os vários usuários da contabilidade. Fonte: Isis França / unplash A escola norte-americana tem como principal característica seu aspecto prático, que trata dos aspectos gerenciais (como contabilidade de custos, controle orçamentário, análise de demonstrações contábeis e outros), mas também trata dos aspectos financeiros da Contabilidade. Nos aspectos teóricos, a escola norte-americana voltou-se para a explicação da prática contábil. Um dos principais pontos que também fizeram com que essa escola pendesse para o lado prático foi a época em que ela surgiu. Nesse período, a demanda por informações gerenciais (para fins de gestão e administração das empresas) e também de informações financeiras (para atender a acionistas, investidores, credores e ao governo) era muito intensa. Com isso, a contabilidade passava a ter um papel cada vez mais complexo dentro das organizações. Segundo Iudícibus e Marion (1999) e Iudícibus (1997), algumas razões da ascensão da Escola Norte-Americana são: Ênfase no usuário da informação contábil: a contabilidade é apresentada como algo útil para a tomada de decisões; atender os usuários é o grande objetivo. Ênfase na contabilidade aplicada: principalmente na contabilidade gerencial. Ao contrário dos europeus, não havia uma preocupação com a teoria das contas, ou em querer provar que a contabilidade é uma ciência. Atribuição de importância à auditoria: a preocupação com a transparência para os investidores das sociedades anônimas (e outros usuários) nos relatórios contábeis deu à auditoria uma importância central. VOCÊ PERCEBE O INTERESSE DA ESCOLA NORTE-AMERICANA EM SATISFAZER OS USUÁRIOS CONTÁBEIS, SEJAM ELES QUAIS FOREM, EMPRESÁRIOS, ACIONISTAS, GOVERNO E OUTROS? A ESCOLA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE Veremos a seguir as raízes da contabilidade no Brasil: Considera-se que a Escola Aziendalista foi a primeira escola que oficialmente ensinou contabilidade em nosso país, baseando-se principalmente nas obras de Fabio Besta, como você já viu. A decadência das escolas europeias, acompanhada pela ascensão da escola norte-americana, porém, também teve consequências no Brasil. Procura das universidades em busca da qualidade: grandes quantias foram dedicadas para as pesquisas no campo contábil. O grande avanço e o refinamento das instituições econômicas e sociais. O investidor médio é um homem que deseja estar permanentemente bem informado, sobretudo no curto prazo, mas também no médio e no longo prazos. Essa demanda exige dos preparadores de demonstrações financeiras a capacidade de evidenciar tendências. O governo, as universidades e os corpos associativos de contadores empregam grandes quantias para pesquisas sobre princípios contábeis. O Instituto dos Contadores Públicos Americanos é um órgão atuante em matéria de pesquisa contábil, ao contrário do que ocorre em outros países. Gradualmente, a influência externa sobre a escola brasileira foi migrando da Escola Italiana para a Escola Norte-americana. Segundo Marion (1986), a mudança de enfoque da Escola Italiana para a Escola Norte-americana deu-se em função da influência de algumas empresas de auditoria, que acompanhavam as multinacionais norte-americanas. MULTINACIONAIS NORTE-AMERICANAS As multinacionais, por meio de manuais de procedimentos e treinamento, formaram profissionais que preparariam as normas contábeis em nível governamental, influenciando, assim, as empresas menores, incluindo legisladores e outros. Para Schmidt (2000), a contabilidade nacional pode ser dividida entre antes de 1964 e depois de 1964: O ANO DE 1976 MARCOU UMA NOVA FASE PARA O DESENVOLVIMENTO DA CONTABILIDADE BRASILEIRA COM A PUBLICAÇÃO, EM 15 DE DEZEMBRO, DA NOVA LEI DAS SOCIEDADES POR AÇÕES. (Schmidt, 2000) Antes desse momento histórico, a Escola Brasileira sofria maior influência das escolas europeias; depois dele, passou a ser mais influenciada pela escola norte-americana. A convergência brasileira às normas internacionais de contabilidade por meio da Lei n. 11.638/07 aproximou a escola brasileira das escolas anglo-saxãs de maneira definitiva. A uniformização decorrente do processo de convergência eliminará as particularidades locais em prol de uma escola de contabilidade única, internacional. javascript:void(0) Neste vídeo, descreveremos, em linhas gerais, as principais Escolas de Pensamento da Contabilidade. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ADAPTADA DE CESPE - 2016 - POLÍCIA CIENTÍFICA - PE - PERITO CRIMINAL - CIÊNCIAS CONTÁBEIS A CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA DO PATRIMÔNIO É CONCEPÇÃO DA ESCOLA CONTÁBIL: A) aziendalista. B) patrimonialista. C) contista. D) personalista. 2. ADAPTADA DE ENADE 2015 - QUESTÃO 10 AS ÁREAS DO CONHECIMENTO EMBASAM-SE EM PRESSUPOSTOS E MÉTODOS CIENTÍFICOS DE DIVERSAS ESCOLAS DE PENSAMENTO. ESPECIFICAMENTE NA ÁREA DA CONTABILIDADE, AS ESCOLAS DE PENSAMENTO NORTE-AMERICANA E ITALIANA SÃO AS PRINCIPAIS CORRENTES EM QUE SE FUNDAMENTA A CONTABILIDADE BRASILEIRA. ACERCA DESSAS ESCOLAS, ASSINALE A OPÇÃO CORRETA: A) A italiana enfatiza a abordagem informacional, enquanto a escola norte-americana confere grande importância à sistematização do plano de contas. B) A norte-americana adota a visão estabelecida pelo neopatrimonialismo, enquanto a escola italiana assume como principal foco a geração das informações contábeis para seus diversos usuários. C) A italiana prioriza as necessidades dos usuários das informações contábeis, enquanto a escola norte- americana demonstra excessiva preocupação em caracterizar a contabilidade como ciência. D) A norte-americana considera a contabilidade uma fornecedora de informaçõeseconômicas relevantes para os diversos usuários, enquanto a escola italiana defende que a contabilidade deve estudar apenas os eventos que afetam o patrimônio das entidades. GABARITO 1. Adaptada de CESPE - 2016 - POLÍCIA CIENTÍFICA - PE - Perito Criminal - Ciências Contábeis A contabilidade como ciência do patrimônio é concepção da escola contábil: A alternativa "B " está correta. Na Teoria Patrimonialista, o patrimônio é o objeto a ser administrado. Surge como uma crítica ao contismo e suas variantes, as quais acusava de privilegiar a forma, o registro, em relação à essência, o patrimônio. 2. Adaptada de ENADE 2015 - Questão 10 As áreas do conhecimento embasam-se em pressupostos e métodos científicos de diversas escolas de pensamento. Especificamente na área da contabilidade, as escolas de pensamento norte-americana e italiana são as principais correntes em que se fundamenta a contabilidade brasileira. Acerca dessas escolas, assinale a opção correta: A alternativa "D " está correta. A escola norte-americana volta-se à prestação da informação contábil útil, amparada nos conceitos de relevância e representação fidedigna, e voltada à entidade moderna, onde proprietário e gestor não se confundem. As escolas europeias focavam, ora os registros, ora o patrimônio, num ambiente em que a moderna pessoa jurídica não existia e o proprietário e o gestor eram a mesma pessoa. MÓDULO 3 Identificar a construção teórica da contabilidade por meio de postulados, princípios e convenções OS PRINCÍPIOS DA CONTABILIDADE Fonte: Volkan Olmez / unsplash Em 4 de outubro de 2016, o CFC revogou as resoluções n. 750/93 e n. 1.282/10, que estabeleciam os enunciados dos princípios fundamentais de contabilidade. No presente, a estrutura conceitual básica da contabilidade é fornecida pelo CPC 00 – Estrutura Conceitual. Fonte: Scott Gra h am / unsplash javascript:void(0) javascript:void(0) Não é possível, porém, dizer que os princípios de contabilidade deixaram de existir. Os conceitos subjacentes a esses princípios, que derivam dos postulados contábeis, permeiam os pronunciamentos e o domínio de seus fundamentos continua necessário. Embora formalmente substituídos pela Estrutura Conceitual, continuam citados em livros e artigos acadêmicos. POSTULADO Vamos começar entendendo o que é postulado. Para isso, observe as definições a seguir: OS POSTULADOS SÃO PROPOSIÇÕES OU OBSERVAÇÕES DE CERTA REALIDADE NÃO SUJEITAS À VERIFICAÇÃO E CONSTITUEM A LEI MAIOR DA CONTABILIDADE, POIS DEFINEM O AMBIENTE ECONÔMICO, SOCIAL E POLÍTICO NO QUAL ATUA, O SEU OBJETO DE ESTUDO E A SUA EXISTÊNCIA NO TEMPO. (IUDÍCIBUS, 2009) POSTULADOS CONTÁBEIS SÃO ENUNCIADOS QUE DISPENSAM EXPLICAÇÕES, GERALMENTE ACEITOS PELA VIRTUDE DA SUA CONFORMIDADE COM OS OBJETIVOS DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS, QUE RETRATAM O AMBIENTE ECONÔMICO, POLÍTICO, SOCIAL E LEGAL NO QUAL A CONTABILIDADE DEVE FUNCIONAR. OU SEJA, OS POSTULADOS SÃO ENUNCIADOS MAIS GENÉRICOS AOS QUAIS SE LIGAM OS PRINCÍPIOS E CONVENÇÕES. Riahi-Belkaoui (2000) Portanto, é correto dizer que os postulados representam alicerces sobre os quais se desenvolve o raciocínio contábil, isto é, os postulados são balizadores essenciais para o alcance dos objetivos propostos. São dois os postulados de contabilidade consagrados no Brasil, como veremos a seguir. POSTULADO DA ENTIDADE O Postulado da Entidade estabelece o Patrimônio como sendo o objeto da contabilidade. Afirma a necessidade de diferenciação entre o patrimônio próprio e o patrimônio da entidade jurídica, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. É imprescindível distinguir corretamente a pessoa física da pessoa jurídica. Conceituar entidade contábil é importante porque define o campo de interesse e, em consequência, delimita os objetivos e atividades possíveis, assim como os atributos correspondentes que podem ser escolhidos para inclusão nos relatórios financeiros (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 1999). Um enfoque à definição da entidade contábil consiste em determinar a unidade econômica que exerce controle sobre recursos, aceita responsabilidade por assumir e cumprir compromissos e conduz a atividade econômica. Nesses termos, uma entidade contábil pode, teoricamente, ser constituída a partir de qualquer organização humana com existência formal na realidade ou não. Pode ser uma pessoa física, uma empresa, um município, um estado, ou um país. O patrimônio é condição fundamental para a existência da entidade contábil, ou seja, apenas quando o patrimônio está juridicamente formalizado como pertencente à entidade poderá ser objeto da contabilidade. Fonte: snowing / freepik Essa exigência restringe o escopo de aplicação do conceito de entidade às entidades formalmente constituídas. Naturalmente, o patrimônio pode ser decomposto em partes, segundo os mais variados critérios, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, assim como o patrimônio de diversas entidades independentes pode ser agregado para constituir um grupo econômico. Tudo em nome do interesse do usuário da informação contábil. Contudo, nenhuma rearrumação do patrimônio dará origem a novas entidades. Nesses casos, o que se obtém são unidades de natureza econômico-contábil. Fonte: Governo Federal Logo MEI Avançando do abstrato para o concreto, pense numa pessoa física constituída como microempreendedor individual (MEI). Considerando que o MEI exerce controle sobre recursos, aceita responsabilidade por assumir e cumprir compromissos e conduz a atividade econômica, o MEI é uma entidade contábil, embora seja uma pessoa física. Pense, agora, em um exemplo contrário: o grupo econômico Petrobras, com mais de uma centena de empresas sob controle da holding. Cada uma dessas empresas é uma entidade contábil independente com patrimônio juridicamente formalizado. Interessa, no entanto, ao usuário da informação contábil uma visão consolidada do grupo econômico, o que motiva a formação de uma unidade de natureza econômico-contábil, representada pela consolidação do grupo econômico Petrobras numa única "empresa" reunindo as informações de todas as empresas integrantes do grupo. Tal "empresa" não possui autonomia sobre o patrimônio, razão pela qual não forma uma entidade contábil. De maneira similar, o interesse do usuário final da informação contábil do grupo Petrobras pode voltar-se para a atuação da empresa em setores específicos da economia. Nesse sentido, as informações das empresas do grupo que atuem em segmentos econômicos específicos são consolidadas numa única "empresa", formando também uma unidade de natureza econômico-contábil, mas não uma entidade. O patrimônio de uma entidade é o conjunto de bens, direitos e de obrigações para com terceiros juridicamente formalizados como pertencentes à entidade. Veja o quadro abaixo. Patrimônio Bens Obrigações Direitos O patrimônio pertence à entidade e não se confunde com o patrimônio dos sócios. Do patrimônio deriva o conceito de patrimônio líquido, mediante a equação considerada básica na contabilidade, conforme abaixo: (Bens + Direitos) - Obrigações = Patromônio Líquido Patrimônio Bens Obrigações Direitos Patrimônio Líquido O patrimônio líquido não é uma dívida da entidade para com seus sócios ou acionistas, pois eles não emprestam recursos para que ela possa ter vida própria; os recursos são entregues à entidade para que formem seu patrimônio. POSTULADO DA CONTINUIDADE O Postulado da Continuidade prevê que o processo contábil deve ser desenvolvido supondo-se que a entidade nunca terá um fim, ou seja, não tem prazo estimado de duração. A suspensão das suas atividades pode provocar efeitos na utilidade de determinados ativos, com a perda, até mesmo integral, de seu valor. A queda no nível de ocupação pode também provocar efeitos semelhantes. De maneira geral, as entidades contábeis são constituídaspara atuar por um período indeterminado (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 1999). A implicação imediata dessa premissa é que a entidade contábil continuará funcionando por tempo suficiente para cumprir seus compromissos existentes. O conceito fundamental de continuidade fundamenta a utilização do custo histórico como base de valor. As implicações do conceito da continuidade, também denominado "going concern", na composição do patrimônio da entidade, são mais bem compreendidas quando utilizamos seu contrário. EXEMPLO Pense, por exemplo, em uma empresa que cessou suas atividades, portanto, teve sua continuidade interrompida e vamos avaliar seus efeitos. Os ativos avaliados pelo custo histórico devem ser reavaliados pelo preço de liquidação, ou venda forçada. Dessa forma, todo o imobilizado deve sofrer um impairment correspondente à diferença entre o custo histórico e o valor de venda forçada. Ativos diferidos, ou seja, despesas reconhecidas como ativos em obediência ao conceito da competência (visto mais à frente), devem ser baixados como despesa, uma vez que a atividade operacional que geraria as receitas futuras que amparam o registro do ativo não acontecerão. A redução do valor do patrimônio líquido da entidade é a contrapartida contábil desses eventos e revela o valor embutido na presunção de continuidade. PRINCÍPIOS A ciência contábil sustenta-se em princípios. Princípios são verdades fundamentais; uma lei ou doutrina abrangente, da qual outras decorrem, ou nas quais outras estão baseadas; uma verdade geral; uma proposição básica ou premissa fundamental; uma máxima; um axioma; um postulado. São, portanto, uma lei ou regra geral considerada diretriz de ação; uma base aceita de conduta ou prática. É preciso diferenciar os princípios em sua concepção filosófica das concepções legais definidas nas estruturas conceituais do regramento contábil (IUDÍCIBUS et al., 2020). Fonte: freepik / freepik Os princípios se originaram da necessidade de transformar a abstração dos postulados em elementos práticos que disciplinassem o comportamento do profissional de contabilidade, no curso de suas atividades de escrituração dos fatos e transações e elaboração de demonstrativos. Além disso, os princípios permitiriam aos demais usuários estabelecer parâmetros de comparação e credibilidade, a partir dos critérios adotados na elaboração dessas demonstrações. A última versão dos princípios de contabilidade anterior à revogação, elencava os seguintes princípios: Entidade Continuidade Oportunidade Princípio do custo como base de valor Competência Prudência CONVENÇÕES Convenções são conceitos que servem como um guia para o profissional da área contábil, normatizando padrões de conduta na hora de escriturar os fatos contábeis, tais como: Objetividade Conservadorismo Materialidade Evidenciação VALOR PREDITIVO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS O valor preditivo da informação contábil deriva da característica qualitativa fundamental de relevância. Nos termos da Estrutura Conceitual, a informação contábil-financeira será relevante quando fizer diferença nas tomadas de decisões dos usuários das informações contábeis e, para isso, deve ter valor preditivo, valor confirmatório ou ambos. Uma informação contábil-financeira possui valor preditivo quando puder ser utilizada como um dado de entrada em processos utilizados pelos usuários para predizer resultados futuros da entidade que reporta a informação. Essa informação com valor preditivo não precisa ser uma predição ou uma projeção, mas deve permitir que os usuários possam fazer suas próprias predições. Fonte: pch.vector / freepik Do ponto de vista do FASB, normatizador norte-americano, o conceito de valor preditivo é definido como a qualidade da informação em auxiliar os usuários a aumentar a probabilidade de realização de previsões corretas sobre os efeitos de eventos passados e presentes (FASB, 1990). O American Accounting Association Committee (AAAC), citado por Hendriksen e Van Breda (1999), sugere a existência de ao menos quatro caminhos pelos quais a informação contábil apresentaria valor preditivo. Veja a seguir um resumo de todos eles: VALOR PREDITIVO Direto Previsões feitas com base em fluxos de caixa projetados. Indireto Previsões feitas com base em fluxos de caixa passados. Indicadores de orientação Fornecimento de informações que definem tendências de comportamento, como, por exemplo, resultados negativos levando à deterioração de fluxos de caixa. Informação comprovadora Fornecimento de variáveis de natureza contábil que podem ser usadas para prever outras variáveis. São informações com elevado poder explicativo, como resultados positivos recorrentes supõem uma boa gestão da entidade. EXEMPLO Como exemplo de valor preditivo da informação contábil, podemos citar: os investidores que avaliam empresas (valuation) com base em informações contábeis; o efeito que as informações contábeis causam na cotação de empresas quando as demonstrações contábeis são divulgadas. De forma semelhante, é a partir de informações sobre o estado financeiro atual de uma companhia e das mudanças observadas nesse estado, que previsões de sucesso, fracasso, crescimento ou estagnação podem ser inferidas. Os usuários da informação contábil preferem fontes de informação e métodos analíticos que tenham maior valor preditivo para atender a seus objetivos específicos. Valor preditivo, aqui, significa valor como input num processo preditivo, e não, como uma previsão direta. A pesquisa acadêmica em contabilidade é rica em exemplos do caráter preditivo da informação contábil. A partir da análise de 255 empresas listadas na Brasil Bolsa Balcão, Teixeira et al. (2013) descrevem o valor preditivo das demonstrações contábeis como forma de segregar as empresas lucrativas das intermediárias e, por extensão, das deficitárias. Os autores concluíram que há um valor de previsão alto nos índices calculados a partir dos demonstrativos contábeis, identificando a composição do endividamento como principal fonte de segregação das entidades analisadas. ESSÊNCIA SOBRE A FORMA A prevalência da essência sobre a forma se conecta à característica qualitativa da informação financeira útil denominada representação fidedigna. Para serem úteis, informações financeiras não devem apenas representar fenômenos relevantes, mas também representar de forma fidedigna a essência dos fenômenos que pretendem representar. Quando essência e forma não forem as mesmas, a essência deve ser privilegiada para que o fenômeno econômico seja representado de maneira fidedigna. Fonte: cookie_studio / freepik A investigação superior da contabilidade, aliada à sua técnica e lógica, tende a aplicar o princípio da essência sobre a forma, a fim de obter uma autônoma interpretação dos fatos que ocorrem no patrimônio (SILVA, 2011). O princípio da essência sobre a forma regula como entender substancialmente um acontecimento, no seu funcionamento real, de existência, de interpretação, sobre a sua forma de expressão (SILVA, 2011). A forma é a materialização da essência, ou sua manifestação demonstrativa; se o fato acontece, há uma essência, e o registro é uma forma de torná-lo inteligível, então, o primeiro passo para se ver a forma é que a essência exista como fenômeno. Para que haja essência sobre a forma, deve haver realidade, existência, substância, mas em conexão com os fenômenos patrimoniais. Deve, portanto, haver o fato, sem o qual não há como avançar em qualquer análise. No exemplo citado a seguir, você vai entender que, para que haja essência sobre a forma, deve haver realidade, existência, substância, mas em conexão com os fenômenos patrimoniais: UMA EMPRESA PODE LEGALIZAR A SUA EXISTÊNCIA COM O TÍTULO DE CRÉDITO, NO VALOR DE $ 1.000.000,00, MAS EMITIDO POR UM DEVEDOR QUE NÃO TEM CAPACIDADE PARA PAGAR... A FORMA MOSTRA UMA COISA E A ESSÊNCIA OUTRA, OU SEJA, NÃO COINCIDEM, MAS PREVALECE O QUE É VERDADEIRO E SUBSTANCIAL [...]TEM-SE INTERPRETADO, EM MATÉRIA AZIENDAL, COMO ESSENCIAL, TUDO O QUE É NECESSÁRIO À PRODUÇÃO DA ATIVIDADE E QUE DE FATO ACONTECE, POSSUINDO SUBSTÂNCIAS E REALIDADE [...] CONTABILMENTE, O ESSENCIAL, SOB A ÓTICA DO SUBSTANCIAL, JUSTIFICA A SUA EXISTÊNCIA EM FACE DE UMA CONEXÃO DO FENÔMENO PATRIMONIAL COM O "NECESSÁRIO" OU COM O ADMITIDO COMO NECESSÁRIO. (Iudícibus apud Silva, 2011) NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE: PROFISSIONAIS E TÉCNICAS As normas brasileiras de contabilidade (NBC) são um conjunto de regras editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) cujo propósito é regulamentar a atividade contábil no Brasil. Os padrões definidos pelas NBC definem as diretrizes de conduta ética e norteiam tecnicamente a aplicação dos procedimentos contábeis. As NBC dividem-se em duas categorias. TÉCNICA Reúnem os detalhes relacionados aos conceitos e procedimentos da área. PROFISSIONAL Servem para regulamentar as ações dos contadores em seu exercício. As NBC seguem os mesmos padrões de elaboração e estilo utilizados nas normas internacionais e compreendem as normas propriamente ditas, as Interpretações Técnicas e os Comunicados Técnicos. Veja a seguir um extrato dos principais pontos das NBC: ESTRUTURA As Normas Brasileiras de Contabilidade Profissionais se estruturam conforme segue: I - Geral - NBC PG - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas indistintamente a todos os profissionais de Contabilidade; II - do Auditor Independente - NBC PA - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas, especificamente, aos contadores que atuam como auditores independentes; III - do Auditor Interno - NBC PI - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas especificamente aos contadores que atuam como auditores internos; IV - do Perito - NBC PP - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas especificamente aos contadores que atuam como peritos contábeis. A estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade foi definida através da Resolução CFC 1.328/2011. NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE PROFISSIONAIS As Normas Brasileiras de Contabilidade Profissionais se estruturam conforme segue: I - Geral - NBC PG - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas indistintamente a todos os profissionais de Contabilidade; II - do Auditor Independente - NBC PA - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas, especificamente, aos contadores que atuam como auditores independentes; III - do Auditor Interno - NBC PI - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas especificamente aos contadores que atuam como auditores internos; IV - do Perito - NBC PP - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas especificamente aos contadores que atuam como peritos contábeis. NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE TÉCNICA As Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas se estruturam conforme segue: I - Geral - NBC TG - são as Normas Brasileiras de Contabilidade convergentes com as normas internacionais emitidas pelo International Accounting Standards Board (Iasb); e as Normas Brasileiras de Contabilidade editadas por necessidades locais, sem equivalentes internacionais; As NBC TG são segregadas em: a) normas completas que compreendem as normas editadas pelo CFC a partir dos documentos emitidos pelo CPC que estão convergentes com as normas do Iasb, numeradas de 00 a 999; b) normas simplificadas para PMEs que compreendem a norma de PME editada pelo CFC a partir do documento emitido pelo Iasb, bem como as ITs e os CTs editados pelo CFC sobre o assunto, numerados de 1000 a 1999; c) normas específicas que compreendem as ITs e os CTs editados pelo CFC sobre entidades, atividades e assuntos específicos, numerados de 2000 a 2999. II - do Setor Público - NBC TSP - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público, convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Público, emitidas pela International Federation of Accountants (Ifac); e as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público editadas por necessidades locais, sem equivalentes internacionais; III - de Auditoria Independente de Informação Contábil Histórica - NBC TA - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Auditoria convergentes com as Normas Internacionais de Auditoria Independente emitidas pela Ifac; IV - de Revisão de Informação Contábil Histórica - NBC TR - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Revisão convergentes com as Normas Internacionais de Revisão emitidas pela Ifac; V - de Asseguração de Informação Não Histórica - NBC TO - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Asseguração convergentes com as Normas Internacionais de Asseguração emitidas pela Ifac; VI - de Serviço Correlato - NBC TSC - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas aos Serviços Correlatos convergentes com as Normas Internacionais para Serviços Correlatos emitidas pela IFAC; VII - de Auditoria Interna - NBC TI - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicáveis aos trabalhos de Auditoria Interna; VIII - de Perícia - NBC TP - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicáveis aos trabalhos de Perícia; IX - de Auditoria Governamental - NBC TAG - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Auditoria Governamental convergentes com as Normas Internacionais de Auditoria Governamental emitidas pela Organização Internacional de Entidades Fiscalizadoras Superiores (Intosai). INTERPRETAÇÃO TÉCNICA E COMUNICADO TÉCNICO A Interpretação Técnica tem por objetivo esclarecer a aplicação das Normas Brasileiras de Contabilidade, definindo regras e procedimentos a serem aplicados em situações, transações ou atividades específicas, sem alterar a substância dessas normas. O Comunicado Técnico tem por objetivo esclarecer assuntos de natureza contábil, com a definição de procedimentos a serem observados, considerando os interesses da profissão e as demandas da sociedade. INOBSERVÂNCIA A inobservância às Normas Brasileiras de Contabilidade constitui infração disciplinar sujeita às penalidades previstas nas alíneas de "c" a "g" do art. 27 do Decreto-Lei nº 9.295/46, alterado pela Lei nº 12.249/10, e ao Código de Ética Profissional do Contador. Neste vídeo, iremos compreender, em linhas gerais, os principais Postulados, Princípios e Convenções da Contabilidade. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. CONSULPLAN - 2017 - TRF - 2ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - CONTADORIA (ADAPTADA) A RESOLUÇÃO CFC N. 1.374/2011 APRESENTA, ENTRE OUTROS, OS CONCEITOS DAS CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL-FINANCEIRA ÚTIL; UMA DESSAS CARACTERÍSTICAS É A RELEVÂNCIA. SOBRE ELA, A RESOLUÇÃO AFIRMA QUE UMA INFORMAÇÃO, PARA SER RELEVANTE, DEVE TER VALOR PREDITIVO, VALOR CONFIRMATÓRIO OU AMBOS. DE ACORDO COM A RESOLUÇÃO CFC N. 1.374/2011, A INFORMAÇÃO CONTÁBIL-FINANCEIRA TEM VALOR PREDITIVO SE: A) Somente for uma predição ou uma projeção. B) For confirmada pela informação confirmatória. C) não for capaz de retroalimentar – servir de feedback – avaliações prévias (confirmá-las ou alterá-las). D) Puder ser utilizada como dado de entrada em processos empregados pelos usuários para predizer futuros resultados. 2. ADAPTADA DE IADES - 2019 - CRF-RO - CONTADOR NA CONTABILIDADE BRASILEIRA, EM DECORRÊNCIA DO PROCESSO DE CONVERGÊNCIA PARA AS NORMAS INTERNACIONAIS, PASSOU A PREVALECER O PRINCÍPIO DA ESSÊNCIA SOB A FORMA, ISTO É, O REGISTRO DEVE TER BASE NA REALIDADE ECONÔMICA DA TRANSAÇÃO, INDEPENDENTEMENTE DA FORMA JURÍDICA. COM BASE NESSA INFORMAÇÃO, AS DUPLICATAS DESCONTADAS CLASSIFICAM-SE: A) no passivo. B) no ativo circulante. C) nas contas de compensação. D) nas contas de resultado. GABARITO 1. CONSULPLAN - 2017 - TRF - 2ª REGIÃO - Analista Judiciário - Contadoria (adaptada) A Resolução CFC n. 1.374/2011 apresenta, entre outros, os conceitos das características qualitativas da informação contábil-financeira útil; uma dessas características é a relevância.Sobre ela, a Resolução afirma que uma informação, para ser relevante, deve ter valor preditivo, valor confirmatório ou ambos. De acordo com a Resolução CFC n. 1.374/2011, a informação contábil-financeira tem valor preditivo se: A alternativa "D " está correta. O valor preditivo pressupõe a utilização da informação como um dado de entrada em processos utilizados pelos usuários para predizer resultados futuros da entidade ou que permitam a retroalimentação (feedback) de previsões já feitas. 2. Adaptada de IADES - 2019 - CRF-RO - Contador Na contabilidade brasileira, em decorrência do processo de convergência para as normas internacionais, passou a prevalecer o princípio da essência sob a forma, isto é, o registro deve ter base na realidade econômica da transação, independentemente da forma jurídica. Com base nessa informação, as duplicatas descontadas classificam-se: A alternativa "A " está correta. Quando essência e forma não forem as mesmas, a essência deve ser privilegiada para que o fenômeno econômico seja representado de maneira fidedigna. Em consequência um desconto de duplicata, antes registrado como uma redução do ativo duplicatas a receber, passou a ser registrado como passivo, uma vez que sua essência é de operação de crédito tomada pela entidade. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste tema, vimos a evolução histórica da contabilidade e a longa transição de uma perspectiva de controle do patrimônio para outra de prestação de informações. Esse caminhar revela-se na queda das escolas europeias e na ascensão da escola norte-americana, uma perspectiva particular sobre as escolas de pensamento da contabilidade. A prevalência do valor preditivo da informação contábil e da essência sobre a forma representam a vitória da abordagem informacional sobre a abordagem puramente patrimonial. REFERÊNCIAS AMORIM, L. P. A evolução histórica dos cursos de contabilidade em Santa Catarina. Florianópolis: CRCSC, 1999. DANTAS, J. A.; NYIAMA, J. K.; RODRIGUES, F.; MENDES, P. C. Normatização contábil baseada em princípios ou em regras? Benefícios, custos, oportunidades e riscos. RCO – Revista de Contabilidade e Organizações, FEA-RP/USP, v. 4, n. 9, p. 3-29, 2010. DUMARCHEY, J. Teoria Positiva da Contabilidade. 2. ed. Revista de Contabilidade e Comércio, Porto, 1933. Hendriksen, E.; Van Breda, M. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1999. IUDÍCIBUS, S. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1997. IUDÍCIBUS, S. Teoria da Contabilidade. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2000. IUDÍCIBUS, S. Contabilidade Gerencial. 6. ed. reimpr. São Paulo: Atlas, 2009. IUDÍCIBUS, S. Teoria da Contabilidade. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2015. IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. Introdução à Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1999. IUDÍCIBUS, S.; OLIVEIRA, V. R. F.; NIYAMA, J. K.; BEUREN, I. M. Reflexões sobre as bases filosóficas dos princípios contábeis. Revista Contemporânea de Contabilidade, Florianópolis, v. 17, n. 42, p. 158- 173, jan./mar., 2020. LOPES DE SÁ, A. História geral e das doutrinas da contabilidade. São Paulo: Atlas, 1997. MARION, J. C. Metodologia de Ensino da Contabilidade (ou geral). Revista Brasileira de Contabilidade, v. 16, n. 57, p. 7-9, 1986. Neves, S.; Viceconti, P. Contabilidade básica. 14. ed. São Paulo: Frase, 2009. Niyama, J.; Iudícibus, S.; Beuren, I. M. Reflexões sobre as bases filosóficas dos princípios contábeis. Revista Contemporânea de Contabilidade, Florianópolis, v. 17, n. 42, p. 158-173, 2020. RIAHI-BELKAOUI, A. Accounting Theory. USA: Cengage Learning EMEA, 2000. RICKEN, L. S. Principais diferenças entre as escolas europeia e norte-americana e a influência destas escolas no Brasil. Monografia (Curso de Ciências Contábeis) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003. SCHIPPER, K. Principles-Based Accounting Standards. Accounting Horizons, v. 17, 1, p. 61-72, 2013. SCHMIDT, Paulo. História do Pensamento Contábil. Porto Alegre: Bookman, 2000. SCOTT, W. Financial Accounting Theory. 7. ed. Toronto: Pearson, 2015. Sidebotham, R.; BROWN, R.; CHANDLER, G.; DAVIS. W. A. Introduction to the Theory and Context of Accounting. Oxford: Elsevier, 1970. SILVA, A. O Princípio da essência sobre a forma e o leasing. Revista Mineira de Contabilidade, Belo Horizonte, ano 12, n. 41, p. 34-41, 2011. TEIXEIRA, S. A. et al. Análise discriminante como preditiva de dificuldades financeiras em empresas brasileiras do mercado acionário. Revista Catarinense da Ciência Contábil – CRCSC, Florianópolis, v. 12, n. 36, p. 38-52, 2013. EXPLORE+ A história da contabilidade é rica em eventos que provocaram mudanças estruturais em sua abordagem. Nas sugestões de leitura a seguir, são apresentadas a evolução histórica da contabilidade, com destaque para as rupturas no pensamento e prática da contabilidade que a transformaram no que é hoje. História do pensamento contábil: com ênfase na história da contabilidade brasileira. Antonio Carlos Ribeiro da Silva e Wilson Thomé Sardinha Martins A history of accounting and accountants. Richard Brown CONTEUDISTA José Américo Pereira Antunes CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
Compartilhar