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Organização Morfofuncional do Sistema Cardiovascular Carolina de Souza - 219 1 Introdução Esse complexo sistema fechado desenvolve-se em vertebrados possibilitando aumento no tamanho corporal, bem como maior incremento em atividades metabólicas e, em mamíferos, é constituído por uma bomba geradora de fluxo (o coração), por uma série de vasos de distribuição e coleta e por um sistema extenso de capilares responsáveis pela troca de substâncias entre tecidos e sangue. Esse sistema composto de vasos é dividido, ainda, em dois circuitos em série: o primeiro, permite que ocorram trocas gasosas com o ambiente externo e é denominado circulação pulmonar, já o segundo tem por responsabilidade levar as substâncias fundamentais à manutenção da homeostase para outros tecidos (alguns tecidos, tais quais a cartilagem hialina, permanecem avasculares), sendo chamado de circulação sistêmica. Dessa forma, o sistema cardiovascular é responsável por gerar fluxo de sangue pelo organismo, de modo a: Controlar o Transporte de Gases; Garantir a Homeostase (É importante saber que o SNC desenvolve um endotélio especializado chamado de barreira hematoencefálica); Proporcionar Defesa; Preservar o volume do líquido extracelular. Estrutura do Coração Pode ser descrito como uma bomba dupla responsável por mover o sangue de modo sequencial pelas circulações pulmonar (lado direito) e sistêmica (lado esquerdo). Isso é possível por meio de um sistema elétrico de gênese e condução e estímulos elétricos que se propagam para os átrios e ventrículos, permitindo contração e relaxamento do músculo cardíaco. A parede cardíaca é composta majoritariamente por fibrócitos e células musculares estriadas cardíacas e variam em quantidade de acordo com a função e habilidade de desenvolver gradientes de pressão. Desse modo, é possível notar paredes finas nos átrios quando em comparação com os ventrículos e uma considerável diferença no ventrículo esquerdo, uma vez que esse é o lado que precisa desenvolver mais pressão maior para vencer a resistência vascular sistêmica e ejetar seu volume para o corpo. O sistema circulatório conta, ainda, com uma rede de vasos (sistema linfático) que transportam linfa e desembocam no sistema venoso. Organização Morfofuncional do Sistema Cardiovascular Carolina de Souza - 219 2 Estrutura e Classificação dos Vasos Sanguíneos Além do coração, o sistema cardiovascular é formado por uma rede de tubos que compreende uma extensão total de cerca de 50.000km, transportando por volta de 10.000L de sangue todos os dias. Essa rede é formada por veias e artérias que seguem um modelo estrutural comum, com algumas diferenças específicas para suas respectivas funções. Esse modelo histológico compartilhado é composto por três camadas ou túnicas: adventícia (mais externa), média (posição intermediária) e íntima (mais interna). Outros componentes da parede vascular são tecido adiposo perivascular, fibras nervosas não mielinizadas e células de linhagem de mastócitos e monócitos. Além disso, vasos de grande calibre recebem nutrição por meio de vasos específicos (vasa vasorum), sendo muito observados nas túnicas adventícia e média. Apesar da existência de um padrão, a composição dos vasos é diferente de acordo com sua função vascular, de modo que as artérias que compõem a macrocirculação são encontradas a partir do coração e consistem em artérias elásticas e artérias musculares (mais distais). As elásticas, como a aorta, possuem grande quantidade de fibras de elastina, e se dividem progressivamente em ramos menores, que também se ramificam, a fim de formar artérias com diâmetro reduzido e induzem alta resistência à passagem do fluxo sanguíneo (artérias de resistência e arteríolas). As arteríolas, compostas por uma grande quantidade de músculo liso, se ramificam em capilares (compostos essencialmente por uma lâmina basal e uma monocamada de endotélio) responsáveis por permitir a troca de nutrientes nos tecidos. Em seguida, os capilares convergem para formar vênulas, compostas por uma fina camada de elastina, colágeno e músculo liso, que também convergem para chegar às grandes veias (boa quantidade de músculo liso e colágeno) até que possam retornar ao coração pelo átrio direito. Vasos de maiores espessuras são indicativos de grande pressão exercida pelo sangue nesse vaso. A estrutura da túnica média está associada à função, elástica ou contrátil, da artéria, cada uma das funções mediada pela presença maior das células musculares lisas e lâminas elásticas. Organização Morfofuncional do Sistema Cardiovascular Carolina de Souza - 219 3 Uma grande diferença entre veias e artérias é a presença nas veias de valvas (formadas a partir do dobramento da túnica íntima). Essas valvas proporcional fluxo unidirecional de retorno ao coração, impedindo, então, que haja movimento retrógrado. O fluxo sanguíneo consiste em uma variação de volume por unidade de tempo e varia em função do metabolismo tecidual. Esse fluxo sai da aorta e se distribui pelos vasos, de modo que os fluxos regionais correspondem ao fluxo total, também conhecido como débito cardíaco. Desde a grande artéria até os capilares, há progressivo aumento na área de secção transversal do sistema vascular, havendo, consequentemente, diminuição da velocidade do sangue (razão entre o fluxo e a área). Essa velocidade decrescente possibilita, nos capilares, que as trocas sejam realizadas de modo eficiente, uma vez que a difusão tende a ser um processo relativamente demorado. Ainda, para que haja fluxo, é necessário antes que haja diferença de pressão entre dois pontos e, no corpo humano, essa diferença é dada pela alta pressão nas artérias (em especial a aorta) e a baixa pressão nas veias. A maior diferença de pressão ocorre nas arteríolas, vasos que conferem grande resistência à passagem do sangue. As artérias próximas ao coração possuem capacidade elástica de grande importância nos períodos de sístole e diástole cardíaca uma vez que, ao receber o volume de sangue ejetado Organização Morfofuncional do Sistema Cardiovascular Carolina de Souza - 219 4 durante a sístole, a parede arterial se expande, acumulando sangue que será impulsionado quando a parede da artéria retornar ao seu estado original, garantindo um fluxo contínuo.