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HEMODINÂMICA E FLUXO SANGUÍNEO O sistema circulatório é composto pelo coração como órgão central que através da função de “bomba” faz com que o sangue seja distribuído por toda a circulação sistêmica e forneça nutrientes suficientes para o funcionamento metabólico dos tecidos e órgãos. Funcionalmente, o coração se subdivide em direito e em esquerdo, onde o coração direito é responsável por levar sangue para o pulmão e o coração esquerdo leva sangue para toda a circulação sistêmica. O ventrículo esquerdo ejeta sangue a partir da artéria aorta para toda a circulação sistêmica, esse sangue percorre o ramo ascendente da aorta e as artérias elásticas de grande calibre que funcionam como reserva de sangue arterial e exercem o controle da pressão sanguínea. Posteriormente esse sangue percorre as ramificações das artérias elásticas, chega às arteríolas e capilares, vasos sanguíneos periféricos com capacidade de dilatação e contração com intensa influencia nos valores da pressão sanguínea por ser um local com forte resistência periférica. A troca de metabolitos entre o sistema circulatório e as células ocorrem nos capilares sanguíneos de pequeno calibre. Após a realização das trocas, o sangue segue pelas vênulas e chega às veias expansíveis responsáveis por armazenar sangue e por fim, o sangue retorna ao coração direito, mais especificamente ao átrio direito e posteriormente ao ventrículo direito onde é levado novamente ao pulmão pelas artérias pulmonares. Conforme mais distal do coração, os vasos do sistema circulatório diminuem de calibre, as grandes artérias e veias como a artéria aorta, artéria ilíaca, artéria femoral, as veias cavas e jugulares possuem um lúmen muito espesso e com capacidade de armazenar o sangue, não contribuindo para a resistência vascular devido a enorme quantidade de compostos elásticos na sua composição. Já as arteríolas, capilares e vênulas, apesar de terem diferenças morfológicas e histológicas entre si, são vasos de menores calibres que se localizam nas porções mais distais do sistema circulatório, e exercem uma grande influencia na resistência periférica fundamental para estabelecer os parâmetros de pressão arterial. Os vasos sanguíneos apresentam diferenças histológicas, morfológicas e na composição das estruturas que envolvem esses vasos de acordo com a função que desempenha no sistema circulatório. As artérias mais proximais do coração são denominadas de artérias elásticas devido a grande quantidade de componentes elásticos como colágeno e elastina, principalmente na camada média que fazem com que essas artérias sejam reservatórios de sangue e não contribuem muito para a resistência vascular. A ramificação das artérias elásticas compõe as artérias musculares altamente espessas com a túnica media bastante desenvolvida para suportar as elevadas pressões sanguíneas proveniente do coração e apresenta uma resistência periférica maior que as artérias elásticas. As artérias musculares se ramificam em arteríolas que apresentam um calibre menor e uma elevada quantidade de células musculares lisas na composição e esses vasos são os principais determinantes junto com os capilares da resistência sanguínea periférica. No sistema arterial, existem os capilares contínuos que são os vasos constituídos principalmente de células endoteliais e esse tipo de capilar é responsável por fornecer nutrientes e oxigênio por difusão para as células dos tecidos em geral. No sistema venoso, os capilares apresentam diferenças em relação aos capilares do sistema arterial, possuindo na sua composição a presenta de poros, por isso, são denominados de capilar fenestrado. Esses poros são essenciais para os capilares receberem os metabolitos provenientes dos tecidos, facilitando esses transporte para a circulação. Ainda na circulação venosa, existem as veias de médio calibre que constituem ramificações das veias expansíveis de grande calibre. A parede endotelial das veias são menos espessas que das artérias devido a pressão sanguínea ser menor e principalmente pelas veias possuírem a principal função fisiológica de armazenamento sanguíneo, consideradas os grandes reservatórios de sangue do organismo. Logo não contribuem praticamente em nada na resistência vascular, sendo principalmente vasos de reservatório. As artérias e veias possuem grandes diferenças estruturais entre esses vasos: as artérias possuem uma elevada quantidade de musculo liso e camadas laminares mais espessas com camadas elásticas responsáveis por suportar maior pressão sanguínea e possuir grande influencia na regulação da pressão arterial do organismo. As veias possuem menor quantidade de musculo liso e poucos componentes elásticos não permitindo que as veias possuam a capacidade elástica, além de possuírem menor influencia na resistência vascular. As veias possuem valvas em sua estrutura para garantir o retorno venoso e o fluxo unidirecional do sangue, além de serem o principal reservatório do sistema circulatório. As artérias conduzem sangue sob alta pressão e possuem um calibre descendente e diferenciadas conforme o tamanho, quantidade de tecido elástico ou muscular, espessura da parede e função, subdivididas em grandes artérias elásticas ou artérias condutoras, artérias musculares médias ou artérias distribuidoras e pequenas artérias e arteríolas. As grandes artérias elásticas ou artérias condutoras recebem o débito cardíaco, atuam como reservatório de pressão e possuem muitas camadas elásticas, ou seja, são os vasos sanguíneos que recebem sangue com maior pressão de todo o sistema, por isso, a necessidade de camadas elásticas abundantes e laminas espessas. As principal artéria elástica é a artéria aorta. As artérias musculares médias ou artérias distribuidoras são aquelas que se originam a partir da ramificação das artérias elásticas, possuem paredes com mais fibras musculares lisas, são responsáveis por ajustar o fluxo sanguíneo e suas paredes causam constrição temporária e rítmica propelindo e distribuindo o sangue. Os principais exemplos são a artéria radial, axilar e braquial. As arteríolas são aqueles vasos mais periféricos do sistema arterial que possuem lúmen relativamente pequeno e estreito, paredes musculares com menor quantidade de fibras elásticas, por isso, maior influencia na resistência periférica. Esses vasos controlam o enchimento nos leitos capilares e principalmente o nível da pressão arterial no sistema vascular (RVP). É importante ressaltar a relação entre o calibre das artérias e a influencia na pressão periférica: quanto maior o calibre, maior a capacidade elástica e, portanto, menor é a influencia sobre a resistência vascular, já as arteríolas que possuem pequenos calibres e pouca quantidade de fibras elásticas, exercem maior influencia na pressão periférica sanguínea por serem mais rígidas e menos maleáveis como as grandes artérias ou artérias elásticas condutoras. As arteríolas, os capilares responsáveis pelas trocas de metabolitos entre os tecidos e o sangue e as vênulas formam a microcirculação sanguínea localizada em regiões mais periféricas da circulação sistêmica. Ainda na circulação arterial, existem metarteríolas com capacidade de atuarem como canais de desvios do sangue. Entre essas metarteríolas e os capilares existem esfíncteres pré-capilares que quando estão relaxados permitem que o sangue chegue aos capilares e quando estão contraídos ou fechados fazem com que o sangue se desvie para essas metarteríolas. Os capilares possuem tubos endoteliais simples que unem as arteríolas e as vênulas e permitem a troca de materiais com o liquido extracelular ou intersticial tanto por difusão ou por rompimento das células, denominado de transporte endotelial. Dependendo da localização em que estão os capilares a composição estrutural pode variar: em locais como o musculo liso, pulmão e tecido conjuntivo encontra-se o capilar do tipo continuo. Nos rins, SNC, intestino delgado e glândulas endócrinas encontra-se capilares do tipo fenestrado com poros para a entrada de maior quantidade de metabólitos e na medula óssea, no fígado, no baço, na adeno-hipófise e na paratireoide encontra-se os capilares do tipo sinusoidal. Como os capilares são os vasos sanguíneos responsáveis por realizar as trocas entre o sangue e os tecidos, para isso são constituídos apenas do endotélio, não possuem camada de musculo liso e nem tecido fibroso como as artérias e veias. Devido a função de trocas metabólicas, os capilares apresentam ainda uma elevada proximidade com as células. No entanto, existem regiões do organismo como a barreia hematocefálica que necessita de uma permeabilidade extremamente seletiva para o fluxo de materiais que chegam aos tecidos. Para isso, existem estruturas denominadas de PERICITOS altamente ramificadas e contráteis que possuem a função de diminuir a permeabilidade capilar e garantir a seletividade dos materiais que saem do sangue em direção aos tecidos. São muito presentes na barra hematocefálica por exemplo. Os capilares após realizarem as trocas metabólicas levam o sangue para as vênulas, entrando na circulação venosa que irá levar o sangue para o pulmão a partir do lado direito do coração pelas artérias pulmonares. As veias podem ser subdivididas em veias profundas ou solitárias que são aquelas que não acompanham as artérias, também denominadas de veias satélites. Existe as veias superficiais e existe as veias comunicantes ou veias perfurantes que são responsáveis por ligar as veias profundas às veias superficiais. As veias da cabeça e tronco podem ser classificadas em veias viscerais quando drenam as vísceras ou órgãos e em veias parietais quando drenam as paredes daqueles segmentos. Como já se sabe, as veias são muito mais numerosas e possuem um calibre muito maior que as artérias, por isso não exercem tanta influencia na resistência capilar e nos índices de pressão sanguínea. A principal função das veias é de armazenamento sanguíneo e garantir o retorno venoso unidirecional do sangue para o coração a partir da presença de valvas. O retorno venoso recebe inúmeras influencias conforme a necessidade do fluxo sanguíneo do organismo, a musculatura esquelética e a musculatura respiratória, por exemplo, podem influenciar na intensidade desse retorno venoso. O conceito de pressão arterial é muito simples quando se leva em consideração o próprio nome como definição, ou seja, pressão arterial é justamente a pressão presente nas paredes das artérias para que o fluxo sanguíneo chegue nesses vasos partindo dos ventrículos tanto esquerdo quanto direito. Todo o fluxo sanguíneo do organismo é direcionado a partir de diferenças de pressão entre as cavidades em que o sangue está presente e para onde deve ir. No momento de contração ventricular, a pressão nesse local é tão grande que abre as valvas semilunares e o sangue flui em direção as artérias. Nas artérias, ocorre um processo de expansão devido a elevada quantidade de estruturas elásticas para que seja possível receber todo o sangue proveniente daquelas cavidades ventriculares, logo, as artérias atuam como um reservatório de pressão a partir da expansão das células elásticas. Quando o ventrículo inicia o período de diástole e a pressão interna ventricular diminui, as valvas semilunares se fecham para evitar que ocorra o refluxo de sangue para os ventrículos e é nesse exato instante que as artérias, antes expandidas, sofrem um processo de retração e o sangue é encaminhado pela circulação sanguínea a partir de um fluxo unidirecional até chegar a todos os capilares e ocorrer às trocas de metabólitos. Portanto, as artérias agem como se fossem um coração, alias o coração não é nada além de um vaso sanguíneo modificado que possui papel central na circulação, mas todos os vasos, principalmente da circulação arterial, possuem elevada capacidade contrátil para garantir o fluxo do sangue. O sangue flui para o sistema circulatório sempre a partir das diferenças de pressões entre as cavidades cardíacas e os vasos sanguíneos, de maneira unidirecional, sendo diretamente proporcional a diferença de pressão entre os locais e inversamente proporcional a resistência periférica dos vasos exercida principalmente pelas arteríolas. Fatores como o raio dos vasos sanguíneos, a viscosidade do sangue e o comprimento do sistema são essenciais para a determinação da resistência vascular e da velocidade do fluxo sanguíneo de maneira inversa. A velocidade do fluxo é, em geral, expressão em centímetros por minuto ou milímetros por segundo e o determinante principal da velocidade do fluxo é a área de secção transversal total dos vasos. Portanto, o fluxo sanguíneo é determinado pela variação de pressão, pelo resistência periférica sanguínea determinada pelo comprimento do vaso, viscosidade do sangue e raio do vaso sanguíneo. Logo, o fluxo sanguíneo é determinado por uma lei denominada de Lei de Pouiseuille: F = π.ΔP r4/ 8. L. ƞ. A área de secção transversal dos vasos corresponde a toda a área percorrida pelo sangue dentro de determinado sistema vascular, ou seja, a área total de secção dos capilares é muito maior que a área de secção de uma única artéria já que somando todas as áreas dos capilares é maior que a da artéria. Logo, quanto maior a área de secção, menor é a velocidade do fluxo de sangue nos vasos, por isso que a velocidade nos capilares é menor que nas artérias e veias. Ainda sobre o fluxo sanguíneo, fisiologicamente normal o fluxo é denominado de lamelar que consiste no fluxo de maneira “paralela” sem a formação de turbilhão como muito característicos em doença cardiovasculares em que o fluxo é denominado de turbilhonar podendo causar danos a parede do endotélio. A pressão sanguínea varia muito durante a circulação sistêmica, sendo maior na saída do ventrículo esquerdo e da artéria aorta e vai diminuindo conforme passa pelas artérias, arteríolas e capilares, sendo extremamente muito baixa nesses locais da circulação periférica. A pressão na circulação pulmonar é extremamente baixa, nas veias é praticamente nula, aumentando um pouco quando chega ao ventrículo direito e percorre o pulmão, voltando a ser nula até o sangue chegar ao VE para se reiniciar a circulação sistêmica. As artérias são como o coração e realizam também movimentos de sístole e diástole para o bombeamento do sangue para toda a circulação, ainda que as artérias realizem esses movimentos com mais facilidade que as arteríolas devido a quantidade de fibras elásticas, todos os vasos arteriais possuem sístole e diástole. Assim como o coração, as artérias possuem pressão sistólica e pressão diastólica que são aferidas pelos profissionais de saúde. A pressão sistólica geralmente corresponde a 120 mmHg e a pressão diastólica é de 80 mmHg para indivíduos com pressão normal, por isso fala-se que a pressão é de 12 por 8. A diferença entre a pressão sistólica e a pressão diastólica é denominada de pressão de pulso, que caso, os valores sejam muito próximos podem indicar alguma anomalia fisiológica e ser sinal da presença de patologia no sistema cardiovascular. Apenas o sistema arterial apresenta essas diferenças de pressões, enquanto o sistema venoso é basicamente mais estável. A pressão arterial reflete a pressão de propulsão criada pela ação do bombeamento do coração. Clinicamente mede-se a pressão arterial a partir do valor de pressão arterial média (PAM) utilizando uma formula que relaciona a pressão diastólica com a pressão de pulso chegando a um valor final muito mais próximo da pressão diastólica do que da pressão sistólica em si. A pressão arterial é estimada por esfigmomanometria que consiste em utilizar instrumentos como o manguito inflável e o estetoscópio para se chegar a um valor aproximado da pressão arterial. Inicialmente se infla o manguito até um valor acima da pressão sistólica máxima, comprimindo a artéria e interrompendo o fluxo sanguíneo e a partir disso, nenhum som pode ser ouvido pelo estetoscópio. Conforme o manguito vai sendo relaxado, o primeiro som a ser auscultado é equivalente a pressão sistólica já que essa pressão superou a pressão do manguito e o fluxo sanguíneo começou a ser reestabelecido. O ultimo som a ser auscultado é o da pressão diastólica, momentos antes do fluxo sanguíneo voltar ao normal e nenhum outro som ser auscultado novamente. A pressão arterial media depende principalmente de dois fatores fundamentais: o primeiro fato é debito cardíaco que corresponde ao volume de sangue ejetado pelo coração em um determinado intervalo de tempo para a artéria aorta. Quanto maior esse debito cardíaco, maior será a pressão arterial média, já que mais sangue chega à artéria aorta (elástica), é posteriormente distribuído pelas artérias musculares ou distribuidoras e por fim chega às arteríolas ou artérias de resistência na circulação periférica sanguínea. Ao chegar às arteríolas, encontra-se o segundo fator fundamental na determinação da pressão arterial media que é a resistência periférica. Devido às arteríolas não possuírem tanta camada elástica quanto às artérias, exercem maior influencia na resistência periférica e logo, alteram os valores de pressão arterial media. Quanto maior a resistência periférica, maior será a pressão arterial media (PAM). Na maioria dos casos de hipertensão, ocorre o aumento da resistência periférica nas arteríolas que fazem com que o sangue tenha mais dificuldade de passar das artérias distribuidoras para esses pequenos vasos. Logo, o acumulo de sangue nas grandes artérias distribuidoras e elásticas fazem com que tenha o aumento da pressão sanguínea arterial media nas grandes artérias. O aumento dessa PAM faz com que o coração tenha que exercer mais força para enviar sangue pela aorta (aumento de pré-carga), essa força excedente faz com que ocorra uma hipertrofia do miocárdio já que a Lei de Frank-Starling já não consegue compensar o tamanho esforço cardíaco e o miócitos tornam-se muito musculosos, perdendo a capacidade de distensão e o VE passa a apresentar-se insuficiente. Portanto, a PAM pode ser determinada por inúmeros fatores: o primeiro deles é o volume sanguíneo que é relativamente constante na circulação, sendo determinado através da ingestão de líquidos, perda de líquidos de forma passiva (como pelo suor) ou de forma ativa regulada pelos rins como no sistema RAA. Quanto maior o volume sanguíneo, maior é a PAM, como se fosse um balão com agua. O segundo fator é o próprio debito cardíaco que indica a quantidade de sangue (volume) ejetado pelo ventrículo esquerdo em um determinado intervalo de tempo. A FC e o volume sistólico (volume eliminado ao fim da sístole) são determinantes para o calculo do debito cardíaco. Quanto maior o debito cardíaco, maior é a PAM já que o sangue bombeia mais sangue em um intervalo de tempo para os vasos arteriais. O terceiro fator importante é a resistência periférica que é determinada principalmente pelo diâmetro das arteríolas. Quanto maior a resistência periférica, maior é o acumulo de sangue nas artérias e maior a PAM. O quarto e ultimo fator é a distribuição relativa do sangue entre os vasos sanguíneos arteriais e venosos determinada principalmente pelo diâmetro das veias. As veias atuam como um reservatório de sangue para a circulação sistêmica que pode ser distribuído para as artérias caso necessite. Se a pressão arterial cair, leva a um aumento da influencia simpática nas veias, comprimindo essas estruturas e aumentando o retorno venoso do sangue para o coração. Dessa forma, a constrição das veias permitem que mais sangue seja levado a porção arterial da circulação e aumentando o fluxo sanguíneo nessa porção a fim de elevar a pressão arterial média (PAM). O aumento da pressão sanguínea devido ao aumento do volume sanguíneo permite que o organismo adote mecanismos compensatórios na tentativa de reestabelecer os valores de pressão arterial ao normal. O primeiro mecanismo é baseado em uma resposta rápida do organismo, centrado principalmente nos vasos sanguíneos como a vasodilatação e diminuição do débito cardíaco, reduzindo a quantidade de volume que é ejetado para as artérias pelo coração, já que a resistência periférica já está elevada. O segundo mecanismo é baseado em uma resposta lenta dos rins, em que esse órgão aumenta a produção de urina, devido ao aumento de perfusão (quantidade de sangue que chega ao órgão) e consequentemente a eliminação de liquido do organismo através de uma urina muito diluída, diminuindo a quantidade de agua e também o volume sanguíneo por completo, ajustando a pressão arterial média. O principal determinante da resistência periférica é o calibre das arteríolas devido à capacidade de dilatação e constrição pela presença de musculo liso, ou seja, o raio do vaso já que fisiologicamente a viscosidade do sangue e o comprimento dos vasos permanece constante. A resistência periférica das arteríolas é determinada por inúmeros fatores, sendo eles tanto locais como sistêmicos, como o sistema nervoso simpático que inerva exclusivamente esses vasos e o sistema hormonal principalmente aqueles hormônios relacionados ao controle de volume sanguíneo. O primeiro mecanismo compensatório que visa regular a pressão arterial é a autorregulação miogênica baseada na observação que o estiramento súbito do vaso provoca contração muscular. Ou seja, a PA elevada promove uma distensão dos vasos sanguíneos, para compensar essa tamanha distensão, os vasos realizam uma reação vasoconstritora para reduzir o fluxo de sangue naquele local. Esse tipo de regulação é mais pronunciada em arteríolas, mas também ocorre em artérias, veias e vasos linfáticos e não precisa de influencias neurológicas e hormonais para ocorrer. O oposto também é verdadeiro, se ocorre à diminuição da PA, ocorre à contração vascular a fim de tentar elevar essa pressão baixa, logo, o musculo liso vascular ativa uma reação de vasodilatação para aumentar o fluxo sanguíneo. É importante ressaltar que essa regulação miogênica é algo intrínseco dos próprios vasos. O fluxo sanguíneo também é determinado a partir de um mecanismo LOCAL de sinais parácrinos (molécula parácrina significa moléculas que são liberadas por uma célula e vão atuar em uma célula vizinha) que são que influenciam o musculo liso vascular. Quanto maior for o metabolismo ou a necessidade metabólica daquele tecido local, maior deverá ser o fluxo sanguíneo naqueles vasos que drenam o local para fornecer mais nutrientes e oxigênio para a realização das atividades metabólicas. Existem dois tipos de hiperemia (aumento do fluxo sanguíneo nos vasos): o primeiro tipo é a hiperemia ativa que ocorre a partir do aumento do metabolismo no tecido e aumento da necessidade energética, ocorre a liberação de vasos dilatadores metabolitos no LEC, as artérias se dilatam, diminui a resistência e aumenta o fluxo sanguíneo. Com o aumento do fluxo, o suprimento de oxigênio e nutrientes para o tecido aumenta enquanto o metabolismo está aumentando. Outro tipo de hiperemia é a hiperemia reativa que ocorre quando o fluxo sanguíneo no tecido diminui, por exemplo, devido a uma obstrução provocando um quadro de hipóxia. As células endoteliais começam a sintetizar oxido nítrico que funciona como um vasodilatador provocando a vasodilatação das arteríolas a fim de aumentar o fluxo, a oclusão é removida, ocorre à diminuição de resistência e aumento do fluxo. Quando os vasodilatadores são removidos, as arteríolas sofrem constrição e o fluxo sanguíneo volta ao normal. Portanto, a principal diferença é que a hiperemia ativa parte do principio da necessidade metabólica do tecido, enquanto a hiperemia passiva é resultado de uma obstrução ou diminuição do fluxo devido a algum problema, ou seja, reage a determinada anomalia vascular. Ambos os mecanismos são regulatórios e compensatórios com elevada especificidade local. Partindo de um regulador local chega-se a um regulador sistêmico como o sistema nervoso, mais especificamente o sistema nervoso autônomo simpático. O sistema simpático inerva os vasos sanguíneos, enquanto o sistema parassimpática não inerva, por isso, se tiver um aumento da quantidade de noradrenalina sobre os receptores do tipo α1 provocando uma vasoconstrição periférica. Em casos de diminuição da noradrenalina ou uso de fármacos antagonistas, ocorre uma vasodilatação arterial periférica e redução do tônus muscular. Os receptores adrenérgicos do tipo α1 são responsáveis por promover a vasoconstrição periférica por estarem localizados principalmente nas arteríolas periféricas do sistema arterial. O sistema simpático atua de maneira a contrair os vasos sanguíneos e aumentar a PAM quando necessário. Portanto, o principal variante da resistência periférica, fator fundamental na determinação do fluxo sanguíneo, é o raio do vaso, já que o comprimento e a viscosidade do sangue permanece constante. Esse raio pode variar conforme mecanismos regulatórios tanto local como o aumento da necessidade metabólica dos tecidos ou falta dela devido a uma obstrução promovendo a vasodilatação e aumento do fluxo sanguíneo como algo compensatório. Ou pode variar conforme mecanismos sistêmicos como o sistema nervoso autônomo simpático que promove a vasoconstrição e o sistema hormonal controlando o volume sanguíneo e a quantidade de sangue como é o caso dos rins (RAA). Resumidamente, o fluxo sanguíneo depende de dois grandes fatores centrais para ocorrer: o primeiro deles é a diferença de pressão entre as cavidades. Essa pressão é denominada de pressão arterial média determinada por fatores como o volume sanguíneo, o debito cardíaco e o fluxo para fora das artérias (das artérias elásticas e musculares para as arteríolas). O volume sanguíneo é determinado pela quantidade de liquido presente no organismo e pela distribuição arterial-venosa (quantidade de sangue que retorna pelas veias no retorno venoso e é passado para o sistema arterial). O debito cardíaco é determinado pela FC e pelo volume sistólico (quantidade de sangue ejetada para as artérias), essa quantidade de sangue é determinada de maneira passiva pela Lei de Frank-Starling que relaciona força e tensão para a execução da contração ventricular e pode ser modulada por fatores nervosos ou hormonais. O segundo fator associado a diferença de pressão é a resistência periférica determinada por inúmeras variáveis como o raio dos vasos, viscosidade do sangue e comprimento dos vasos. Dentre essas três variáveis, o raio é o mais importante já que a viscosidade e o comprimento são teoricamente constantes. O raio é regulado de diversas maneiras, seja de maneira local ou de maneira sistêmica pelo sistema nervoso autônomo e hormonal. Portanto, o fluxo sanguíneo baseia-se em duas variáveis essenciais, a diferença de pressão e a resistência periférica. A distribuição sanguínea para fora das artérias é dividida conforme a necessidade de cada órgão e tecido, a distribuição não é equivalente para todos os órgãos de maneira exata. Ainda que a somatória final de todo o sangue para dentro e para fora é igual, ou seja, entra 4L/min pelas artérias, saem 4L/min da mesma forma. Essa distribuição do debito cardíaco varia conforme a necessidade momentânea de cada tecido. Por exemplo, em momentos de exercícios físicos ou de luta e fuga, os músculos esqueléticos chegam a receber 85% de todo o debito cardíaco. Em momentos de digestão, a irrigação para o intestino aumenta consideravelmente e assim por diante. Toda essa distribuição sanguínea só é possível devido ao arranjo paralelo das arteríolas, e o sangue é dividido de maneira igual para todas as arteríolas. No entanto, esse arranjo permite que seja feito um rearranjo e uma redistribuição do sangue caso alguma arteríola seja comprometida como em casos de alteração de resistência periférica de apenas uma ou duas arteríolas. O fluxo total para dentro dos vasos deve ser igual ao fluxo para fora desses vasos, independente do arranjo ou se necessário, de um rearranjo, a mesma quantidade de sangue que entrou pelos vasos, devem sair, em casos fisiologicamente normal. Apesar de toda a circulação sanguínea sistêmica apresentar inúmeros fatores regulatórios do fluxo sanguíneo, cada circulação regional possui seu fator predominante. Na circulação coronariana, o principal fator regulatório é o fator miogênico de autorregulação de forma intrínseca, seguido pelos efeitos do ciclo cardíaco (compressão extrínseca dos vasos intramiocárdicos). Na circulação esplâncnica o controle já é mais influenciado pelo sistema neural simpático e humoral a partir da ação de VIP, CCK (endócrinos) e histamina, 5-HT e prostaglandinas (parácrinos). E na circulação cerebral o principal mecanismo regulatório é o mecanismo simpático e a autorregulação metabólica. OBS: as proteínas e macromoléculas são transportadas por um mecanismo denominado de transcitose através do endotélio. Algumas vesículas podem se fundir formando canais temporários. A filtração capilar e a absorção ocorrem por fluxo de massa a partir da diferença de dois tipos distintos de pressão: a pressão hidrostática e a pressa oncótica ou coloidosmótica. A pressão hidrostática em si como o nome já diz é a pressão exercida pelo liquido ou pelo sangue propriamente dito. A pressão oncótica é a pressão exercida pelos componentes celulares do sangue, pelas proteínas e corpos celulares. Em um raciocínio simples, onde a pressão hidrostática é maior, maior é a pressão exercida pelo liquido sobre as paredes dos vasos, ou seja, onde existir mais liquido maior será a pressão hidrostática. Já a pressão oncótica é o contrario da pressão hidrostática, por meio das forças de osmose, a pressão oncótica é maior onde o gradiente de concentração é maior, ou seja, onde possui menos liquido, puxando o liquido para si de forma a equilibrar a concentração do meio. Essa dinâmica ocorre principalmente nos capilares sanguíneos, onde ocorre a troca de liquido entre os vasos e o espaço intersticial de maneira rápida para distribuir nutrientes para os tecidos e retirar metabolitos dos tecidos e serem levados pela circulação para serem eliminados. Nas arteríolas, muito sangue chega ao local de trocas, logo, a pressão hidrostática é muito maior dentro dos capilares do que fora dele, enquanto a pressão oncótica é muito maior no espaço intersticial devido ao gradiente de concentração. Nas vênulas, muito liquido está no espaço intersticial, logo, a pressão hidrostática fora do vaso é muito maior que dentro, enquanto a pressão oncótica tenta puxar esse liquido de volta para os vasos, sendo muito maior no interior deles do que no interstício. Dessa forma, o sangue flui entre os vasos e os tecidos levando nutrientes para os tecidos e retirando os metabolitos para serem levados aos locais de eliminação eliminados.
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