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Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. Formas de Estado: unitário, regional, autônomo, federal. Sistemas de governo: presidencial, parlamentar, semi-presidencial, diretorial. Sistemas eleitorais: majoritário, proporcional, distrital. Estado Moderno Formação do Estado Moderno: em 1942 invasão das Américas por Cristóvão Colombo e retomada de Granada (sul da Espanha), com a expulsão dos mouros. Focos de Poder do Estado Moderno: Rei, senhores feudais (nobres) e servos Período Anterior Poder fragmentado, não concentrado Domínio de Império (multinacional, multiétnico – imperador não assume diretamente administração do império) Formação do Estado Moderno na Europa Unificação econômica (moeda nacional e bancos nacionais) Unificação do poder interno (formação de exército nacional) Formação de polícia nacional Estabelecimento de soberania interna Afirmação do poder do rei perante os poderes dos nobres (senhores feudais) Poder do rei mantido por justificativa (teoria do direito divino) Estabelecimento de soberania externa Afirmação do poder interno sobre os poderes externos (Impérios e Igreja) Não submissão automática ao papa e ao poder imperial (multiétnico, multinacional e descentralizado) Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. Unificação Expulsão dos mais diferentes Uniformização dos menos diferentes Rei unifica o Estado moderno; torna o direito territorial (antes era vinculado ao vassalo). Assume um reino multiétnico Métodos de Uniformização de Valores e Comportamentos Religião Fator uniformizador fundamental dos grupos étnicos Intolerância religiosa e cultural como consequência Espanha: religião católica (unificadora dos espanhóis). Escolha de idioma comum Itália: apenas 3% da península itálica falava italiano em 1860; Espanha: castelhanos (grupo hegemônico); França: francos (grupo hegemônico); Reino Unido: ingleses (grupo hegemônico sobre os escoceses, irlandeses e galeses). Comportamento Fiscalização do comportamento dos integrantes do Estado; Dificuldade de lidar com diferenças, com minorias (Estado intolerante, uniformizador). Uniformização no Direito Direito de família Direito de propriedade Finalidades da Uniformização de Valores e Comportamentos Construção de uma identidade nacional como requisito para o exercício do poder soberano Criação de uma nacionalidade (conjunto de valores de identidade) Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. Padronização do comportamento Idiomas oficiais da Espanha (nacionalidades espanholas pré-existentes) Castelhano, basco, galego, catalão, valeciano e andaluze. Fragmentação da Iugoslávia Macedônia, Sérvia, Croácia, Montenegro, Bósnia, Eslovênia e Kosovo. Formação do Estado Moderno na América Latina Estado nacional formado a partir de lutas pela independência Estado construído por parcela minoritária da população (elites econômicas e militares) Exclusão de milhões de índios e africanos imigrantes da ideia de nacionalidade Processo de alienação, aculturamento e perda das raízes Direito de família e direito de propriedade estabelecido pelo invasor europeu Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. Características do Estado Moderno Territorial Poder organizado Povo nacional Soberania interna (poder supremo) e soberania externa (independência) Comprometimento da soberania interna FARC na Colômbia favelas no Rio de Janeiro movimento zapatista no México Direito do Estado Moderno Direito de família Direito de propriedade Turquia Grandes cidades ocidentalizadas (Ancara, Istambul) Interior com grande influência oriental Toda teoria surge de determinado contexto (necessidade de contextualização). Toda teoria é construída para explicar uma realidade específica, temporal e espacialmente. Estado Moderno Absolutista Constitucional: Liberal, Social, Socialista e Nazifascista Elementos essenciais do Estado constitucional Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. Limitação do poder do Estado Normas de organização do Estado Normas de distribuição de competências Normas de separação de poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) Declaração dos direitos fundamentais do indivíduo 1ª Fase do Estado Constitucional Liberal Busca trazer a segurança jurídica por meio da Constituição (ausência de elemento superior à Constituição). Constituição Inglesa: Constituição costumeira / consuetudinária (Israel, Canadá, Austrália e Nova Zelândia) Ausência de poder constituinte originário (ausência de Constituição no sentido formal) Ausência de texto sistematizado e organizado Bases da Constituição Inglesa 1º status quo (direito estatutário): norma escrita e produzida pelo Parlamento inglês (leis esparsas desde o século XII) 2º decisões judiciais (common law e cases law) common law: direito comum ou consuetudinário (presente nas decisões judiciais, nas sentenças); precedente judicial semelhante à jurisprudência, mas leva em consideração a situação fática (vida do caso), sendo um direito vivo, mais detalhado e aprovundado 3º convenções constitucionais (constitutional conventions) Constituição dos Estados Unidos Produto formal de poder constituinte originário (presença de Constituição no sentido formal) Presença de Constituição no sentido material Houve somente 1 texto constitucional, mas diversas interpretações distintas Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. Mudança de significado das palavras com o tempo “todos os homens nascem livres e iguais em direito”: em 1776, homens como homens brancos (exclusão de negros, índios e mulheres); em ???, após a guerra civil americana, homens como homens brancos e negros (exclusão de índios e mulheres); em 1964, homens como homens do sexo masculino (exclusão de mulheres); em 1972, homens como todas as pessoas (homens e mulheres) necessidade de integridade do sistema, de coerência, lógica entre interpretações sucessivas Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. Estado liberal Poder limitado Direitos individuais e direitos políticos (voto censitário) Ausência de direitos sociais e de direitos econômicos Função do Estado Manutenção da ordem interna (polícia) e da soberania externa (Forças Armadas) Pilares da liberdade liberal (alimentação da economia liberal) Estado mínimo Propriedade privada Justificativa do voto censitário quanto mais dinheiro a pessoa tem, mais ela colabora economicamente com o Estado, devendo ter mais direitos na vida política do Estado Problemas do Estado liberal no final do século XIX 1-) desigualdade de condições de competição acúmulo de capital como condição para a revolução burguesa: vantagem inicial da burguesia em relação ao restante da população; conquista do Oeste americano como o maior caso de mobilidade social da história 2-) conservadorismo econômico Criação de mecanismos de conservação do espaço econômico conquistado pelos ricos Ex: dumping (manutenção do preço do produto abaixo do custo, até destruir o concorrente mais fraco) 3-) desregulamentação Lógica da economia liberal: Políticas Resultados Estado mínimo livre iniciativa Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos EduardoSousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. propriedade privada livre concorrência desregulamentação livre mercado Necessidade de criação de um Estado regulamentador, de modo a conseguir os resultados esperados (livre iniciativa, livre concorrência e livre mercado). Lei Sherman (1890): primeira lei moderna que marca o intervencionismo estatal para combater a prática do conservadorismo econômico. 1980: entrada do ultraconservadorismo no poder nos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Japão; sob o pretexto de realizar liberalismo econômico, realizam a desregulamentação da economia; isso ocasionou forte processo de concentração econômica, embora a teoria e o discurso fossem liberais Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. Capitalismo Liberal x Capitalismo Conservador A prática econômica é liberal mas, a partir dela, surge o capitalismo conservador. Determinadas políticas econômicas levam a determinados resultados: Lógica da economia liberal: Políticas Resultados Estado mínimo livre iniciativa Propriedade privada livre concorrência Desregulamentação livre mercado Liberais desejam modificar as políticas para alcançar os resultados. Século XIX Uso das máquinas em larga escala, na produção de bens. Elevado grau de exploração do trabalhador. Revolução Francesa: foi uma revolução moderna, mas os vitoriosos foram os liberais. O Estado liberal não regula a relação de trabalho nem a relação econômica. Presença de revolta difusa (criminalidade) na sociedade. Principal causa da criminalidade é econômica: 90% da criminalidade é de origem econômica Solução para isso é a política econômica, não o direito penal O Estado é conduzido por pessoas que representam interesses particulares. A eficiência ou ineficiência do Estado depende de tais pessoas. Os conservadores criam uma justificativa / ideologia / estória, com distorção proposital da realidade: Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. o problema do crime é o criminoso o criminoso teria escolhido o caminho do mal, devendo ser enquadrado no direito penal (penitenciária) o criminoso seria um louco, denvendo ser tratado pela psiquiatria (manicômio) na realidade, é o sistema que gera condutas criminosas criminalidade e psquiatria não resolvem o problema da criminalidade, pois não combatem o fato gerador o não combate ao fato gerador possui dois destinos possíveis: Estado totalitário ou caos social Fases do Estado Moderno 1ª Fase Poder limitado Direito individual Direito político Voto censitário Requisitos: nacionalidade (1º), idade (2º), escolaridade (3º), gênero (4º) e econômica (5º) 2ª Fase Poder limitado Direito individual Direito político Voto igualitário masculino Requisitos: nacionalidade (1º), idade (2º), escolaridade (3º) e gênero (4º) Na Suíça, até 1972, a mulher não tinha direito a voto. Nesta fase, o requisito econômico para votação é extinto, com inserção significativa de novos votantes. Isso altera a composição do parlamento, visto Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. que os novos votantes apóiam partidos com interesses diversos dos partidos até então dominantes. Com isso, há mudança das leis, o que será um passo para a 3ª fase do Estado moderno liberal. 3º Fase (Transição) Poder limitado Direito individual Direito político Fase de transição entre o constitucionalismo liberal e o novo constitucionalismo. O Estado, gradualmente, deixa de ser liberal e passa a ser intervencionista. A lei constitucional não se altera, mas a legislação infraconstitucional sofre modificações. Surgem os direitos trabalhistas e os direitos previdenciários. Na França, já no início do século XIX, havia uma legislação trabalhista. A legislação previdenciária inicia-se na Áustria, em 1870, sendo seguida pela Alemanha. Na Europa, o marco são os movimentos sociais de 1870, antecedidos pelos de 1848. O Estado começa a mudar de postura, iniciando a preocupação social. Na década de 1920, alguns estados norte-americanos criam algumas leis trabalhistas. A Suprema Corte americana interpretou que tais leis eram ofensivas à liberdade do indivíduo em trabalhar ou não. Por exemplo, proibir um menor de trabalhar era retirar seu direito de escolha pelo trabalho. As leis trabalhistas e previdenciárias são insuficientes para mudar a conjuntura de desigualdade e conflitos do mundo ocidental. A 1ª Guerra Mundial é o marco divisor de águas para o Constitucionalismo, com o declínio do Estado liberal clássico. Surgem dois novos tipos de Estado: o Estado social e o Estado socialista. No mundo, a 1ª Constituição social surgiu em 1917, com a Revolução Mexicana (Emiliano Zapata), sendo a 1ª constituição a trazer conteúdos econômicos e sociais em seu texto. Na Europa, a 1ª constituição social surgiu na Alemanha, foi a Constituição de Weimar. Na Alemanha, sobe ao poder o partido moderado SPD (Partido Socialista Democrata), que depois se dividiu em KPD e o USPD (Partido Socialista Democrata Independente). Os grandes empresários alemães, ao Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. cederem a reivindicações históricas dos trabalhadores alemães, oriundas de 1870, acabam enfraquecendo o SPD. A Constituição de Weimar é interpretada de diferentes formas: uma mais social-democrática (predominante); uma socialista; uma direitista. Do ponto de vista formal, a maior parte das constituições do mundo são sociais e democratas. Formalmente, não há mais textos constitucionais liberais, nem nazi-fascistas. A Constituição social delimita normas que organizam a estrutura do Estado, separam os poderes do Estado e distribuem as respectivas competências. O Estado pode fazer somente aquilo que a lei expressamente autoriza; os cidadãos podem fazer tudo, exceto o que a lei expressamente não autoriza (proíbe). O Estado social não rompe com as conquistas do Estado liberal, não havendo ruptura absoluta com o passado: separação dos poderes; garantias fundamentais; limites do poder do Estado. O Estado social rompe com o Estado liberal ao trazer novos direitos, que são os direitos sociais e os direitos econômicos. Os direitos fundamentais que existiam no Estado liberal são revistos (relidos), surgindo também novos direitos, que passam a ser considerados direitos fundamentais da pessoa: os direitos sociais (trabalhistas, previdenciários, saúde pública, educação pública, moradia); os direitos econômicos (o Estado passa a exercer a atividade econômica ao lado do setor privado, bem como regulamentar a atividade econômica do setor privado). Surge também um princípio jurídico que é a ideia da função social da propriedade; antes, a propriedade privada era direito absoluto do proprietário; agora, estabeleceram-se mecanismos de acesso à propriedade e ao uso da propriedade, com a necessidade de cumprir a função social da propriedade. Na Suécia, nenhuma terra pode ser cercada para impedir o acesso das pessoas, que podem usá-la para recreação em rios, por exemplo. Na Constituição brasileira, a propriedade possui três funções sociais: função social da propriedade rural (produtividade, respeito ao meio ambiente, respeito ao trabalhador rural e dignidade do morador rural); função social da propriedade urbana, que inclui IPTU progressivo (Arts. 184, 185 e 186 da Constituição). Surge a ideia da indivisibilidade (indissolubilidade) dos direitos humanos, ou seja, os direitos humanos são considerados interdependentes. Tal idéia passa se consolida no mundo a partir de uma resoluçãoda ONU de 1973. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) possui 20 artigos que se Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. referem a direitos individuais e políticos. Os dois pactos do bloco socialista enfatizam os direitos econômicos. Em 1973, uniram-se os direitos individuais e políticos aos direitos econômicos, em uma relação de interdependência. O Estado social apresenta diferentes designações, utilizadas neste curso como sinônimos: Estado providência; Estado assistencialista; Estado de bem-estar social; Estado social-liberal. Um dos principais teóricos do Estado social no pós-Segunda Guerra Mundial será John Maynard Keynes, avançando no grau de sofisticação teórica. A Constituição de 1988 estabelece 4 formas de ganho: juros, com limite de 12% ao ano; renda (especulação, aluguéis) Três formas de Estado: Estado liberal; Estado socialista; Estado social (híbrido entre os dois anteriores). Pode haver governos com políticas mais socializantes ou mais liberalizantes. A No Brasil, a 1ª Constituição é de 1824, sendo fruto de um acordo entre latifundiários. A 2ª Constituição é de 1891, que é formalmente liberal, mas conservadora na prática. Formalmente, o voto era livre (voto não censitário); na prática, o havia controle dos votos pela política do café com leite. A 1ª experiência real brasileira com democracia representativa, com sufrágio universal, foi em 1946, após a 2ª Guerra Mundial. A fase de transição do Estado liberal (3ª fase) inicia-se em 1920, com os movimentos sociais, embora ainda dominem os conservadores. Segundo Washington Luís, a questão social é uma questão de polícia. A 3ª Constituição do Brasil é uma constituição social. Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. Ler Constituições: URSS; Alemanha; Itália; Estados Unidos. Bem Vindo ao Deserto do Real Zizek Criança, a Alma do Negócio Reportagem do Youtube Ideologia e Constitucionalismo José Luis Quadros de Magalhães Estado Socialista Formado em 1917, com a revolução bolchevique, que forma, em 1918, a URSS, primeiro Estado socialista do mundo. Há uma ruptura (não absoluta) com a estrutura capitalista e com os princípios do constitucionalismo liberal. Manteve-se a idéia de Estado, de poder limitado, de separação de poderes, de divisão de competências. Presença dos quatro tipos de direito: individuais, políticos, sociais e econômicos. No liberalismo, prevalece o individualismo: direito individual, liberdade individual, propriedade privada, privacidade. No socialismo, prevalece o coletivismo: igualdade, solidariedade e coletivismo. O Estado social busca um equilíbrio entre o direito individual e o direito coletivo. No socialismo, os direitos individuais e políticos são limitados, condicionados à concepção de um objetivo maior: a constituição de uma sociedade comunista. O Estado socialista teria por finalidade preparar a sociedade para o comunismo, em que não existe Estado. No primeiro momento, haveria a ruptura com o capitalismo; no segundo momento, haveria a consolidação de uma sociedade socialista; no terceiro momento, haveria a formação de uma sociedade comunista. Condicionantes aos direitos individuais e políticos: a liberdade é condicionada à concepção de um Três principais diferenças entre o Estado social e o Estado socialista: 1ª Diferença: econômica No Estado social, há a formação de uma economia de mercado regulamentada pelo Estado para atingir determinadas finalidades econômicas e sociais. Há a propriedade privada, a propriedade do Estado e a propriedade coletiva. Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. No Estado socialista, há uma ruptura da economia capitalista (propriedade privada da indústria, dos bancos, do comércio, do campo – círculo virtuoso de acumulação e investimento). Na economia socialista, há o círculo virtuoso de produção e repartição. Há a propriedade do Estado e a propriedade coletiva. (No Estado liberal, há a propriedade privada). 2ª Diferença: direitos humanos No Estado social, os direitos individuais e políticos são direitos de implementação imediata, enquanto os direitos sociais e econômicos eram direitos de implementação gradual. Na prática, muitos dos direitos sociais e econômicos permaneceram somente no âmbito constitucional, uma vez que não havia mecanismos jurídicos para implementar tais direitos na prática. Atualmente, o Judiciário vem suprindo as deficiências do Executivo em garantir os direitos sociais dos cidadãos. No Estado socialista, os direitos individuais e políticos eram sacrificados em favor da constituição do comunismo, dando prioridade aos direitos sociais (educação, saúde, moradia) e econômicos. 3ª Diferença: finalidade A finalidade do Estado social é a permanência do Estado social, a efetividade da Constituição social. A finalidade do Estado socialista é acabar o Estado socialista e criar o comunismo. A contradição é que se aumentou o poder do Estado para, posteriormente, acabar com tal poder; o problema é que o poder é cativante. A Revolução Industrial russa ocorreu em 1905. A revolução de 1917 expandiu-se em regiões mais pobres, menos industrializadas. 1. Nazifascismo Interesses Conservadores Conservadores: grandes corporações que criarão mecanismos de conservação de seu espaço no mercado; defesa do processo de conservação de riqueza; diminuição do espaço do mercado de livre concorrência. Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. O capitalismo social tenta restringir os privilégios dos conservadores, ao passo que o socialismo rompe totalmente com os privilégios dos conservadores. Financiadores à ascensão de Hitler ao poder: Mannesman, General Motors, Standard Oil, Ford, Krupp etc. Fascismo no Japão: Yamaha, Suzuki, Mitsubishi Fascismo na Itália: Fiat. 2. Grandes Potências Grandes potências industriais de 1910 era dividida em 2 grandes grupos: um dos países que tinham grande espaço para a exploração dos recursos naturais (EUA, Inglaterra e França); um dos países que não tinham muito espaço para a exploração dos recursos naturais (Alemanha, Itália e Japão). Inglaterra: Austrália, Nova Zelândia, parte da China, Iraque, Kuwait. França: Líbano, Síria, noroeste da África, Guiana Francesa. As causas das duas grandes guerras mundiais são econômicas: disputa pela exploração dos recursos naturais das colônias. Alemanha, Itália e Japão precisam de espaço e organizam-se por sua disputa. Finalidades do nazifascismo: Reordenação da economia; Afastamento da ameaça da expansão do socialismo; Espaço para a expansão econômica. 3. Eugenia No século XIX, um médico alemão defendia a purificação alemã, por meio do controle da reprodução. Isso partia do princípio de um padrão de perfeição do ser humano. Nos Estados Unidos, em 1904, Theodore Roosevelt defendia o controle da reprodução no país, de modo a evitar que pessoas “inadequadas” tivessem descendentes. Para ele, o bebê ideal para a reprodução era branco, de pele rosada, cabelos claros. Na Suécia, o projeto eugênico durou até 1972. A política era de incentivo ou desestímulo à reprodução. Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. Na Alemanha, o processo foi intensificado. O discurso era de que o povo alemão estava contaminado pelos estrangeiros, o que resultava no nascimento de alemães com defeitos físicos ou mentais. Chegaram a exterminar cerca de 70 mil alemães que apresentavam defeitos físicos ou mentais. Em 1939, surgiu uma fazendaem que se escolhia os melhores reprodutores homens, que faziam sexo com várias mulheres, para gerar bebês ideais. Na URSS, também houve projeto de eugenia, mas com outras matrizes ideológica e biológica. A idéia era a criação do ser humano socialista, intelectualmente evoluído. Stalin descobriu o projeto e mandou matar os médicos envolvidos. No Brasil, no século XIX, houve uma política de branqueamento, realizava via o estímulo à imigração de suíços. A Constituição de 1934 atribui, entre as funções do presidente da República, estabelecer política de eugenia no país. A estratégia nazista é tocar as pessoas pela emoção: as propagandas eram sofisticadas; o discurso de Hitler era muito organizado, com música nacionalista, marcha militar, vários adeptos do nazismo com bandeira; valorização dos adeptos do nazismo; todos usando o mesmo uniforme; realização de discurso de socialização. Hitler busca filiação de diferentes grupos: operários desempregados; jovens; operários; camponeses. Hitler evita qualquer discurso de conflito de classes, que desune a Alemanha. Hitler distorce o discurso socialista de internacionalização do conflito entre o proletariado e o empresariado para o discurso de conflito entre as raças. Entre o operariado, há uma resistência (sindicatos), que é fortemente esmagada. Nazismo: Partido Nacional Socialista Operário Alemão Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. Democracia: governo do povo. Até meados do século XVIII, o exercício do poder político se legitima na tríade formada por religião, tradição e autoridade (como algo a mais que a pessoa tem que lhe dá direito de falar sobre isso). Essa tríade irá se fragmentar aos poucos: inicia-se com a Revolução Puritana e a Religião Gloriosa; consolida-se com a Revolução Francesa. A partir de então, prevalece o princípio da soberania popular (democracia: prevalência do princípio da vontade popular). Há divergências entre os autores sobre o que é democracia. Se é vontade do povo, o povo não poderia a todo tempo alterar suas vontades? Nesse caso, não seria a democracia uma permanente instabilidade, tendo em vista que o povo altera sua vontade a todo tempo. A democracia tenderia a ser um regime instável. A característica fundamental da Constituição moderna é que ela é um texto dotado de supralegalidade: não pode ser alterado por leis. Assim, a vontade do povo só pode mudar as coisas dentro do que a Constituição permite que ele mude. A finalidade da Constituição, nesse caso, é a permanência (estabilidade, ordem) de direitos fundamentais do indivíduo. A Constituição atual estabelece direitos fundamentais que permite que o povo exerça seu poder, representado por deputados e senadores, respeitando tais direitos, pois o povo tende a ser “ditatorial”. Somente quando se garante os direitos fundamentais da pessoa, é que a pessoa. Entre democracia e Constituição, há tensão, não oposição. Em certos momentos da história, pode ser que a Constituição não responda mais aos anseios da vontade do povo. Nesse caso, pode ocorrer uma revolução, instituindo-se nova Revolução. Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. Pós Segunda-Guerra Mundial (1939-1945) URSS EUA 1-) New Deal (1933) 2-) Conferência de Bretton Woods (1944) Causas das Guerras Mundiais Conflito de interesses entre as seis grandes potências mundiais (Reino Unido, França e Estados Unidos x Alemanha, Itália e Japão). As grandes empresas da Alemanha, Itália e Japão, ao lado das grandes empresas norte-americanas, financiam os regimes nazifascistas. Quem tinha reivindicação, financia o regime nazifascista para a guerra e beneficia-se no final da guerra, tendo suas reivindicações atendidas: grandes empresas da Alemanha, Itália, Japão, junto com as grandes empresas dos Estados Unidos, Reino Unido e França. 1ª Guerra Mundial: guerra que destruiu o campo, mas desestabilizou as economias. 2ª Guerra Mundial: guerra que destruiu o campo e o parque industrial. Formação do G7 Reunião para discutir a Europa reunida, após a Segunda Guerra Mundial. Era necessário criar um espaço econômico comum na Europa, a criação de um espaço federal que garantisse a união econômica entre os países da Europa. Havia, na Europa Oriental, uma expansão do socialismo real, iniciada na União Soviética. Quase todos os regimes socialistas eram alinhados a Moscou, com exceção da Iugoslávia e da Albânia, esta durante certo período. Reunião com 600 líderes da Europa Ocidental, liderados por Winston Churchill. Tratados formados: Benelux, Euraton, Europa do Carvão e do Aço; Tratado de Roma. Alemanha, Itália e Japão ganharam mercado, para poder unir a Europa Ocidental contra a expansão socialista. A resistência aos regimes nazifascistas na Europa foi realizada principalmente por socialistas e comunistas. No Japão, isso não ocorreu. Contudo, os países vencedores não colocaram no poder dos países derrotados os socialistas e os comunistas, dada a ameaça socialista. Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. Para reconstruir a economia dos países arrasados, os Estados Unidos precisavam de indivíduos aptos e capazes de estabelecer o capitalismo: Krupp, Olivete, Mannesman, Ferrari. Assim, suas empresas foram devolvidas a eles. É formada uma aliança para criar um estado de bem-estar social na Europa. Criam-se constituições nos países derrotados. Mundo Bipolar Pós-Guerra Expansão socialista até a década de 1980: China, Vietnã, Laos, Camboja, Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Egito, Cuba, Nicarágua, El Salvador, Guatemala e Honduras. Episódios Importantes do Mundo Pós-Guerra: 1-) New Deal Plano de intervencionismo estatal, que aplicou a teoria de Keynes. Reação à crise de 1929, que foi uma crise de superprodução, decorrente da falta de planejamento macro. Os empresários não encontravam mercado para seu produto, os bancos não recebiam o retorno do financiamento fornecido aos empresários (cerca de 1000 bancos quebraram em 1929 nos Estados Unidos). O Estado começa a regulamentar a economia, de modo a manter o equilíbrio entre o consumo e a produção, evitando inflação, deflação e quebra das empresas. Condições para o crescimento econômico: capacidade de produção; capacidade de geração de energia; infraestrutura básica (rodovias, portos, aeroportos). O Estado é o único capaz de investir nas condições para o crescimento econômico. Aplicando a teoria de Keynes, Roosevelt inicia investimento estatal em obras de infraestrutura, gerando ciclo virtuoso: criação de empregos; aumento do consumo agrícola e industrial; crescimento da produção agrícola e da produção industrial. Além disso, Roosevelt investe no bem-estar social: cria sistema de previdência social. 2-) Conferência de Bretton Woods Participação dos países capitalistas vencedores da Segunda Guerra Mundial. Discussão de como construir um sistema capitalista razoável, de modo a evitar o surgimento de novos conflitos mundiais. Antes da 2ª Guerra Mundial: total ausência do Estado na economia; câmbio flutuante; especulação desenfreada; competição internacional. Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. Objetivo de conseguir um mínimo de estabilidade econômica mundial. Keynes sugeriu a criação de uma forma de economia cooperativa, em que os estados mais ricos auxiliassem os mais pobres em situações de desestabilização econômica. A proposta de Keynes não foi aceita. Proposta aceita: proposta norte-americana; criação de um sistema econômico para a estabilidade, mas sem cooperação econômica entre os países, mas competição econômica. Medidas da proposta americana:dólar como moeda internacional; câmbio fixo entre o dólar americano e o ouro; lastro da moeda norte-americana em ouro, o que dava sustentação à emissão do dólar. O Sistema de Bretton Woods dura até 1971, com o fim do câmbio fixo garantido pelos Estados Unidos. Instituições criadas em Bretton Woods: Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). FMI Criado para socorrer o sistema financeiro. Sua finalidade é evitar crises econômicas como a crise de 1929, por meio de empréstimos a países com necessidades econômicas (pagamento de dívidas dos países). Ex: empréstimo do FMI ao Brasil, para pagamento ao Bank Boston e para o Citibank. A crise de 2008 foi muito superior à capacidade do FMI em socorrer. BIRD Banco internacional para promover a reconstrução da Europa e o desenvolvimento dos países capitalistas menos desenvolvidos. O auxílio financeiro do BIRD é condicionado à adoção de políticas econômicas pelo país auxiliado. Isso provocou uma padronização do modelo econômico, que causaria a globalização econômica na década de 1990. 3-) Plano Marshal (1947-1953) Projeto de reconstrução da Europa Ocidental, em que os Estados Unidos transferem bilhões de dólares para a Europa, sendo que parte desse recurso é fundo perdido (sem pagamento). No pós-guerra, a Europa Ocidental estava completamente arrasada, destruída: os alvos iniciais da guerra eram indústrias, quartéis, infraestrutura (usinas de energia, aeroportos, portos). Vantagens aos Estados Unidos: único país capaz de fornecer serviços, produtos e bens de produção à Europa; gratidão européia ao país; garantia de que a Europa Ocidental permanecesse capitalista, ficando sob comando dos Estados Unidos. Efeitos 1947-1980 Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. Europeu Retomada do crescimento econômico: aumento da arrecadação de tributos sem aumentar a alíquota tributária (manutenção da mesma carga tributária); grande geração de emprego (criação de sociedades de quase pleno emprego); redução da demanda social (excluídos do sistema econômico). Tripê do estado de bem-estar social: saúde pública; educação pública; previdência social. Estados Unidos Ideia de estacionar a arrecadação econômica, de modo a dar maior lucratividade às grandes empresas. O Estado e as empresas dependem um do outro. O Estado viabilizou o capitalismo. Atualmente, há muito mais dólar do que riqueza real produzida. Atualmente, 95% da circulação monetária mundial é virtual. Atualmente, Suécia cresce a um ritmo de 6% ao ano, com elevada carga tributária e economia combinada. Forte adoção da política de bem-estar social nos países escandinavos. Organização Territorial do Estado (Formas de Estado) 1-) Unitário Simples Desconcentrado (delegação) Descentralizado 2-) Regional 3-) Autonômico 4-) Federal 2 níveis ou 3 níveis simétrico ou assimétrico centrífugo ou centrípeto Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. A maior parte dos Estados do mundo atual são estados unitários descentralizados: Uruguai, Chile, Bolívia, Equador, Portugal, Grécia, Dinamarca. O Estado regional e o Estado autonômico são formas que vão aparecer no século XX. O Estado regional aparece com a Constituição da Itália de 1947. Reino Unido, Bolívia, Equador e Chile passam por um processo de descentralização. O Estado autonômico aparece com a na Espanha em 1978, existindo atualmente somente na Espanha. O embrião do federalismo ocorreu com as cidades-estados gregas. Os suíços, desde o século XIII, formam a Confederação Helvética, constituída de cidades-estados: eles se unem não para uniformizar; a união é para manter a diversidade e a autonomia de cada cidade frente ao surgimento do absolutismo. Posteriormente, surgirão cidades-estados francesas e cidades- estados italianas. Cada cidade-estado suíça possui sua própria Constituição, seu próprio Direito Penal. Os Estados Unidos formaram uma confederação em 1777, um ano após a transformando-se em federação somente em 1787 Confederação: união de Estados soberanos. Federação: união de Estados membros, não soberanos. Atualmente, há 27 federações, correspondendo a 40% da população mundial. Brasil,Argentina, México, Estados Unidos, Canadá, Rússia, Índia, África do Sul, Austrália são Estados federais.Suíça, Bélgica, Áustria, Malásia e Indonésia também são Estados federais. O Brasil é um Estado federal de 3 níveis, simétrico e centrífugo. Os Estados Unidos são de 2 níveis, simétrico e centrípeto. O Canadá é assimétrico e centrífugo. Separação horizontal: Executivo, Legislativo e Judiciário. Separação vertical: União, Estados e Municípios. Estado Unitário Primeira forma de organização do poder do Estado moderno. Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. Estado Unitário simples: o rei exerce todo seu poder na esfera territorial do Estado. Os comandos do rei eram enviados às cidades por decreto real, através de um mensageiro. Era necessário alguém que fiscalizasse se a vontade do rei é cumprida. Para cada cidade importante do reino, o rei nomeava um representante: para dizer a vontade do rei e fiscalizar se sua vontade está sendo cumprida. Tais pessoas exercem o poder em nome do rei. Tal Estado é inviável, devido à necessidade de um mínimo de desconcentração de poder: o rei deveria delegar poder a seus representantes. O representante não tem autonomia, não decidindo por conta própria. Tal poder absoluto estava dentro dos limites de comunicação e possibilidade de fiscalização da época. A ideia de delegação de competência, surgida nessa época, existe até os dias atuais. Portugal e Espanha: aumentam a organização de poder territorial. Modelo da França: Estado nacionais; regiões; departamentos; comunas; avan ???. Modelo da Espanha: comunidades autônomas; províncias; municipalidades; Modelo de Portugal: A mesma terminologia é utilizada com funções diferentes em países diferentes. Há determinadas funções administrativas típicas de cada divisão do território. O território de Minas Gerais foi dividido em 25 regiões administrativas em 1994. Em São Paulo, foi implantado o sistema das subprefeituras. A divisão em regiões administrativas é adequado para facilitar a fiscalização pela população. Cada região é criada baseada a partir de uma identidade, com problemas comuns. As províncias ou os departamentos são uniões de municípios. Os problemas sociais em geral (transporte, saneamento, habitação, coleta de lixo, etc.) continuam aumentando. O Estado do século XX não consegue tratar de tudo sem a descentralização: há descentralização de serviços e de Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. território. O Estado cria uma estrutura desconcentrada de serviços cada vez mais complexa; tal estrutura cresce muito e fica cada vez mais pesada, impossibilitando que tudo passe pelo poder central. Na desconcentração, o representante delegado não pode decidir por conta própria. Surge então a necessidade de descentralização. Na descentralização vai existir a autonomia. Autonomia como capacidade de se autogerir, de se autoadministrar, de fazer leis próprias. O Estado inicia a descentralização dos serviços e dos territórios. O Estado confere a cada província, região, município, uma personalidade jurídica própria (existente com responsabilidades próprias, patrimônio próprio, competências próprias). A descentralização é muito recente para a maior parte dos Estados unitários: a França sofre descentralização a partir de 1982; a Itália, a partir de 1870. Um órgão público(prefeitura, ministério da educação, etc.) não tem personalidade jurídica, mas o município (autarquia territorial) tem personalidade jurídica. Com a descentralização, há transferência de competência para a pessoa jurídica. Tais esferas passam a ter governos próprios, administradores próprios. O Estado unitário descentralizado (descentralização de competência administrativa, mas não legislativa ou judiciária). No Brasil, fundação pública e autarquia são a mesma coisa atualmente no Brasil. Autarquia: criada pelo Estado, sem fins econômicos, atuando em setores na qualidade do Estado sem fins econômicos; possui gestor, recurso e orçamento próprios. Há autonomia das universidades brasileiras em relação ao governo; a atribuição de indicação do reitor da universidade não deveria ser do presidente da República ou do governador do Estado. A universidade é um espaço de construção do conhecimento livre, não devendo depender nem do mercado, nem do governo. O Estado cria duas entidades públicas para atuar na economia: empresa pública (Caixa Econômica, Cemig); Sociedade de Economia Mista (parte do capital é aberto para o setor privado) (Petrobrás, Cemig, Banco do Brasil). Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. Há três tipos de fundação: Fundação de direito público: igual à autarquia na prática. Fundação de direito privado com natureza pública, mas com recursos privados. Fundação de direito privado com natureza pública, mas criada com recursos públicos (Fundep). 1-) Estado Unitário Simples teórico, impossível de ser implementado Desconcentrado delegação de competências (autorização a outro de atuar em nome do detentor do poder) divisão do Estado Unitário em diversas esferas administrativas – Estado nacional, regiões, províncias ou departamentos e municipalidades desconcentração tanto territorial quanto de serviços () Descentralizado Surgimento de um ente autônomo, com personalidade jurídica própria (transferência de competências) Criação de entes descentralizados de serviços: autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista, empresas públicas Autarquias e fundações públicas: hospitais, escolas, universidades. Descentralização do Estado Unitário Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. Poder Executivo: competências administrativas e competências de governo; maior parte das competências no Estado Unitário. Poder Legislativo: competências legislativas ordinárias e competências administrativas Poder Judiciário: competências juridicionais Competências constitucionais: poder soberano, poder constituinte. No Estado Unitário Descentralizado, há apenas descentralização de competências executivas. O Legislativo continua unitário. O Judiciário é unitário, porém desconcentrado (juiz singular ou juiz de 1ª instância localizado nas principais cidades). A França é um Estado Unitário Descentralizado. 2-) Estado Regional Além da descentralização administrativa em 4 níveis, há também a descentralização legislativa em 2 níveis: poder legislativo nacional e poderes legislativos nas diversas regiões. O primeiro Estado Regional surgiu na Itália em 1939. O grau de descentralização permitido na Itália é muito superior ao grau de descentralização de Estados Unitários. Na França e na Itália, há a preponderância do Executivo (desequilíbrio dos três poderes). A ideia de equilíbrio dos poderes é formulada nos Estados Unidos. Existência de normas administrativas. Norma administrativa ou ato administrativo normativo: decreto, regulamento, estatuto, regimento, instrução normativa, resolução, enunciado, portaria, ordem de serviço, circular do Banco Central. No Brasil, os atos administrativos normativos não podem criar direitos. Na França e na Itália, podem. Lei ou norma legislativa: pode criar direito. A única coisa que muda de um Estado Regional em relação ao Estado Unitário Descentralizado é que há uma descentralização de competências legislativas em 2 níveis. Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. 3-) Estado Autonômico. Além da descentralização administrativa em 4 níveis, da descentralização legislativa em 2 níveis, há mudança da forma como o Estado nacional é organizado, ordenado: no Estado Regional, o estado Nacional elabora o estatuto de autonomia para todas as regiões; no Estado Autonômico, os estatutos de autonomia são elaborados pelas próprias comunidades autônomas e, então, são submetidos ao Estado nacional (necessária aprovação do Parlamento). Verificação do estatuto de autonomia pelo Parlamento: não violação à Constituição do país; não viesado politicamente (ausência de viés político). A Espanha é um Estado Autonômico. A Constituição estabelece competência para o Estado espanhol. Todas as competências não previstas na Constituição, os entes autônomos podem assumir ou abrir mão delas (escolha realizada periodicamente). Geralmente, os entes autônomos assumem as competências possíveis. No Brasil: justiça comum federal; justiça do trabalho (federal); justiça eleitoral (federal); justiça militar (federal); justiça comum dos Estados. Há somente três estados membros em que ainda há justiça militar: São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. No Brasil, não há juiz municipal, mas juiz estadual de 1ª instância localizado em cidade do interior. Justiça Estadual: cuida das questões criminais, cíveis, etc. Juiz Singular (1ª instância) → Juiz do Tribunal de Justiça (2ª instância) (aplica a lei federal) → Juiz do Superior Tribunal de Justiça (divergência entre interpretações de tribunais de justiça) → Juiz do Supremo Tribunal Federal (guardião da Constituição) Justiça Federal Juiz Federal (1ª instância) → Juiz do Tribunal Regional Federal (2ª instância) → Juiz do Superior Tribunal de Justiça (divergência entre interpretações de tribunais de justiça) → Juiz do Supremo Tribunal Federal (guardião da Constituição) Justiça do Trabalho Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. Juiz do Trabalho (1ª instância) → Juiz do Tribunal Regional do Trabalho (2ª instância) → Juiz do Tribunal Superior do Trabalho (3ª instância) → Superior Tribunal Federal (guardião da Constituição) Justiça Eleitoral: sazonal (funciona em época de eleição – juízes emprestados de outros poderes) Juiz Eleitoral (1ª instância) → Juiz do Tribunal Regional Eleitoral (2ª instância) → Juiz do Tribunal Superior Eleitoral Juiz Militar Juiz Militar (1ª instância) → Juiz do Tribunal Superior Militar (2ª instância) Em todas as justiças, se envolver questão constitucional, cabe recurso ao Superior Tribunal Eleitoral (STF). Finalidade teórica do direito: justiça, não paz social. Finalidade prática do direito: paz social, não justiça. pessoa jurídica: invenção do século XIX; atualmente, há até dano moral a pessoa jurídica e crime praticado por pessoa jurídica Estado Unitário: descentralização apenas das competências administrativas. Estado Regional e Estado Autonômico: descentralização também das competências legislativas; descentralização de cima para baixo no regional e de baixo para cima no autonômico. Federalismo Forma de Estado mais descentralizada de Estado: descentralização de todas as competências. Atualmente, há 24 países que adotam a forma federal: com exceção da China, os de grandes dimensões territoriais adotam o Federalismo. Competências Administrativas do Governo (três esferas de competências administrativas) Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto LuizQuadros – FDUFMG. União: pessoa jurídica de direito público interno; somente no Estado federal, fala-se em União. Estados Membros: pessoas jurídicas de direito público interno. Municípios: pessoas jurídicas de direito público interno. Em cada uma das esferas (níveis de entes federados), pode haver uma descentralização interna das consequências. O município de São Paulo é o único município descentralizado do Brasil: existência de diversas subprefeituras, que possuem autonomia, recursos próprios e gestores próprios. Em Belo Horizonte, há uma desconcentração administrativa. A Constituição de Minas Gerais previu a possibilidade de criação de 25 regiões administrativas no estado, no intuito de facilitar a gestão do território: o governador nomearia um gestor para auxiliá-lo na administração do Estado. Nem por desconcentração, essas regiões se consolidaram. Ao se criar a estrutura institucionalizada das regiões, esvaziar-se-ia o poder político das autoridades locais. Estado Federal: pessoa jurídica de direito público internacional; único autorizado a representar o país e seu povo na ordem internacional. Não há hierarquia entre as três esferas: cada uma possui sua competência, seu recurso e seu legislador. Porém, as três esferas são subordinadas ao Estado Federal: todas devem observar a Constituição Federal. Presidente da República: acumula a função de chefe de Estado (Estado Federal) e de chefe de governo (União). Competências legislativas (três esferas) Legislativo da União: senadores e deputados federais. Legislativo dos Estados Membros: deputados estaduais. Legislativo dos Municípios: vereadores. Não se pode descentralizar internamente cada uma das esferas: a descentralização depende de alteração constitucional. Não há hierarquia entre as esferas. Competências Judiciais (duas esferas) Judiciário Federal (União) Judiciário Estadual (Estados Membros) Resumo para a monitoria de Teoria do Estado – 2011/2 – Carlos Eduardo Sousa – Professor Roberto Luiz Quadros – FDUFMG. Havendo controvérsias entre os tribunais (federal e estadual) de interpretação de uma lei federal, realiza-se um recurso especial no STF (uniformização). Nos Estados Unidos, há uma terceira esfera: o juiz de condado. Competências Constitucionais (ponto central do federalismo, essência do federalismo) Somente no federalismo ocorre descentralização de competências constitucionais (essência do federalismo). Geralmente, ocorre descentralização em duas esferas (dois níveis): dos 24 Estados Federais, 21 possuem 2 esferas. No Brasil, há 3 esferas; na Bélgica e na Venezuela, também. Cerca de 3% dos condados norte-americanos já adotam suas próprias constituições. Federalismo de 2 esferas: União (esfera autônoma, mas não soberana); Estados Membros. Federalismo de 3 esferas: União; Estados Membros; Não há subordinação do Estado em relação a qualquer competência da União na formação de sua Constituição. Porém, há uma subordinação da Constituição Estadual em relação à Constituição Federal. Não se trata de uma subordinação hierárquica, política, mas de controle da constitucionalidade realizada pelo judiciário da União sobre as Constituições Estaduais. No caso de omissão da Constituição Federal, em cada matéria há uma interpretação de constitucionalidade ou inconstitucionalidade da Constituição Estadual. Antes, os municípios apresentavam uma lei complementar estadual, única para todos os municípios; os municípios não eram entes federais, sendo subordinados aos Estados Membros. A partir da Constituição de 1988, os municípios brasileiros receberam competências constitucionais, deixando de ser organizados pelos Estados Membros: cada município terá sua Constituição Municipal ou Lei Orgânica Municipal; os municípios passam a ter poder de se auto-organizar.
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