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1 Rafaela Pamplona Farmacologia Médica AINEs Antiinflamatórios Não Esteroidais ▪ São compostos analgésicos simples com ampla variedade de aplicações clínicas - Antiinflamatório: inibem a vasodilatação, diminuem o aumento de fluxo local e o edema gerado em função das prostaglandinas - Analgésico: impedem a ação das prostaglandinas nas fibras nervosas nociceptivas, pois a prostaglandina atuando nessas fibras sensibiliza outros mediadores químicos como a bradicinina que levam a propagação da dor, ou seja, os AINES diminuem ou impedem a propagação do estímulo doloroso - Antipirético (dipirona e paracetamol): reduzir a temperatura corporal elevada em função da febre. A febre ocorre pela ação das prostaglandinas, como os AINES inibem as prostaglandinas, atenuam essa ação - Antiagregantes plaquetário (AAS) ▪ Agem por meio da inibição da enzima ciclo-oxigenase (COX) para reduzir a produção de endoperoxidases cíclicas ▪ Têm efeitos colaterais comuns que envolvem os sistemas gástrico, renal, cardiovascular, hematológico e respiratório ▪ As preocupações relacionadas à segurança cardiovascular levaram à remoção de muitos inibidores COX-2 do mercado ▪ Os AINEs são drogas utilizadas para inibir a resposta inflamatória exacerbada ▪ Atua na reposta inflamatória precoce, reduzindo os sinais flogísticos: dor, calor, rubor, edema e perda de função ▪ São essas condições que nos levam a prescrever uma droga antiinflamatória não hormonal ▪ O termo “não hormonal” é utilizado para distingui-las dos antiinflamatórios esteroides que são os glicocorticoides que também inibem o processo inflamatório, mas por outro mecanismo e também por terem ação antialérgica ▪ A maioria dos AINEs são administrados oralmente, com as exceções do cetorolaco e do parecoxibe (adm IV), e do diclofenaco (adm oral, IV e retal). ▪ São ácidos orgânicos fracos, sendo absorvidos rapidamente no estômago e intestino delgado - pH do estomago mais baixo que o do intestino delgado mais medicamento na forma não-ionizada ↑ absorvível - Mas a principal fonte de absorção é o ID, devido sua maior área ▪ Os AINEs têm alta biodisponibilidade devido a um limitado metabolismo hepático de primeira passagem ▪ São moléculas altamente ligadas a proteínas e, como resultado, podem deslocar outras medicações ligadas a proteínas, levando a concentrações mais altas de medicamento livre e maior risco de eventos adversos Ex.: deslocamento de varfarina da albumina, levando a maior risco de sangramento ▪ A biotransformação é, em grande parte, hepática, com metabólitos excretados na urina Mecanismo de Ação ▪ Geralmente possuem o mesmo mecanismo de ação - Funcionam por meio da inibição da função da enzima ciclo-oxigenase (COX), reduzindo a produção de prostaglandinas (PG) ▪ A lesão tecidual prejudica a integridade da membrana, que libera fosfolipídios ▪ Fosfolipídios de membrana, são ácidos graxos, que dentro da célula são convertidos em ácido araquidônico pela fosfolipase A2 ▪ O ácido araquidônico é um substrato que é metabolizado pelas enzimas ciclooxigenase e lipooxigenase - Ciclooxigenase (COX): produz prostaglandina COX-1: fisiológica COX-2: fisiológica e patológica COX-3: “cox-1” do cérebro - Lipoxigenase: produz leucotrienos Broncoconstritor 2 Rafaela Pamplona ▪ A aspirina (AAS) é um inibidor irreversível da COX, os AINEs restantes funcionam de maneira reversível = antiagregantes plaquetário ▪ A COX existe em 3 isoformas: COX-1, COX-2, e COX-3 - COX-1 Forma constitutiva Papel fisiológico Presente nas células plaquetárias, estomacais e renais Na plaqueta: o ácido araquidônico é convertido em tromboxano A2 (TXA2), responsável pela agregação plaquetária (hemostasia primária). A agregação plaquetária ativa a cascata de coagulação (hemostasia secundária), em que o fator tissular vira trombina, que é responsável por converter fibrinogênio em fibrina, estabilizando o coagulo No estomago: a cox-1 produz PGE1 e PGI2, prostaglandinas relacionadas com a formação do muco protetor No rim: a cox-1 produz PGE2, uma prostaglandina vasodilatadora. Dilatar os vasos renais, significa aumentar a taxa de filtração glomerular - COX-2 Forma induzida Tem papel fisiológico (rim e vaso), mas fica aumentada nos processos inflamatórios No rim: produz PGE2, aumentando a vasodilatação e a filtração glomerular No vaso: produz PGI2, antiagregantes plaquetário e vasodilatadora Lesão tecidual promove a exacerbação da COX-2, quando as prostaglandinas são liberadas surgem os sinais flogísticos: dor, calor, rubor e edema A percepção de dor (nocicepção) é devido as prostaglandinas serem capazes de ativas as fibras tipo C, responsáveis por levar o estimulo ao SNC AINEs para reduzir inflamação 3 Rafaela Pamplona Formas de analgesia ↳ AINEs: analgesia periférica, age bloqueando a transmissão do local da lesão até a medula ↳ Opioides: analgesia central, age bloqueando a transmissão da informação entre a medula ao encéfalo. Ex.: morfina, codeína, tramadol. Tromboxano A2 é antagonista fisiológico da PGI2 Aumento do TXA2 → aumento da agregação plaquetária aumento do risco de trombose Aumento da PGI2 → aumenta o risco de hemorragia Diferenças estruturais entre a COX-1 e a COX-2 - Posição 523: responsável por criar o bolsão COX-1: isoleucina COX-2: valina - Bolsão hidrofílico: afinidade por enxofre COX-1 COX-2 - Abertura do canal COX-1: mais estreito COX-2: mais largo - COX-3 Gene da cox-1 Somente no cérebro AINEs para baixar a febre Quando estimulada produz prostaglandinas, principalmente do tipo E (PGE), responsável pela vasodilatação cerebral ↳ Cefaleia ↳ Termostato fisiológico – Hipotálamo Processos inflamatórios, infecciosos produzem toxinas que libera PGE, que atua reprogramando o hipotálamo, permitindo que a temperatura se eleve ▪ Aprendendo cada efeito dos COXs sabe para que serve e quais efeitos adversos causam ▪ O grau de inibição de cada isoenzima determina seu perfil de efeitos colaterais ▪ Visão geral - Desencadeamento do evento por substância estranha ou por lesão física - Recrutamento de células inflamatórias - Ativação para liberação de mediadores inflamatórios Leucotrieno – contrai a musculatura PGE2 – dilatação do vaso Tromboxano – estimula a agregação plaquetária PGI2 – inibe a agregação plaquetária 4 Rafaela Pamplona Prostaglandinas ▪ Principal mediador inflamatório ▪ As prostaglandinas são produzidas por mastócitos, macrófagos, células endoteliais etc, e estão envolvidas nas reações vasculares e sistêmicas da inflamação ▪ Funções fisiológicas das prostaglandinas - Estimulação da agregação plaquetária (TXA2) - Inibição da agregação plaquetária (PGI2) - Relaxamento vascular (PGE2, PGI2) - Contração vascular (PGF, TXA) - Contração brônquica (PGF2, LCT, LTD, TXA) - Relaxamento brônquico (PGE2) - Proteção da mucosa gástrica (PGE1, PGI2) - Manutenção do fluxo renal e regulação do metabolismo de Na+ e K+ (PGE1, PGI2) - Indução da contração uterina (PGE1, PGE2, PGF2) - Produção de febre (PGE2) - Hiperalgesia por potencialização dos mediadores da dor (PGI2) - Sensibilização das terminações nociceptivas periféricas (PGI2) Ações Farmacológicas ▪ Fármaco ideal → COXIBs = seletivos da COX-2 - Preservar as ações fisiológicas (COX -1) - Bloquear as ações patológicas (COX-2 - inflamatórias) ▪ Efeito antitrombótico tromboxano (TXA2) ↓ plaqueta ↓ X agregação ↑ inibição irreversível da COX-1 pelo ASS - Molécula de ácido acetilsalicílico (AAS): efeitos diferentes dependendo da concentração <320mg: bloqueia apenas COX-1 Ação antiagregação plaquetária >320mg: bloqueia COX-1 e COX-2 Ação antiinflamatória e antiagregante plaquetário - Agressão à mucosa estomacal Diretamente por ser ácido Indiretamente por inibir a produção de muco - Síndrome de Reye: rara e gravíssima Síndrome restrita a crianças com infecções virais que usavam AAS Ocorre alteração hepática aguda, rápida e grave, não permitindo a conversão de amônia em ureia A intoxicação por amônia causa lesão cerebral irreversível, chamada de encefalite hepática OBS.: TODOS os AINEs podem causar essa síndrome em crianças com infecções virais, EXCETO dipirona e paracetamol AAS 500mg: febre reumática ASS 100mg: antitrombótico ↳ Outro antitrombótico: clopidogrel ▪ Efeitos adversos – para os não seletivos - TGI Dispepsia, náuseas e vômitos Doença ulcerosa (usuários crônicos) ~ Erosões e petéquias ~ Distúrbios gastrointestinais ~ Hemorragia grave/perfurações - Rim Insuficiência renal aguda: indivíduos com distúrbios no Sistema NA e da renina (inibição da vasodilatação compensatória) Nefropatia analgésica ~ Nefrite crônica ~ Necrose papilar renal - Plaquetas Interferência na coagulação sanguínea 5 Rafaela Pamplona Classificação dos AINEs ▪ Salicilatos Ex.: AAS e Sulfassalazina ▪ Derivados do paraminofenol Ex.: Paracetamol ▪ Derivados do ácido fenilacético Ex.: Diclofenaco ▪ Derivados do ácido propiônico Ex.: Ibuprofeno e Naproxeno ▪ Ácidos enólicos Ex: Meloxican ▪ Derivados pirazólicos Ex.: Dipirona ▪ Outros Ex.: Nabumetona e Nimesulida Reclassificação Geral dos AINEs ▪ Inibidores da COX 1 e COX 3 - ASS em baixas doses como antiplaquetário - Cetorolaco de trometamina (Toragesic) Administração sublingual – ação rápida Analgésico mais potente, fora os opioides Pouquíssimo antiinflamatório ▪ Inibidores não seletivos – atuam sobre as três COX - ASS em altas doses – acima de 320mg - Piroxican (feldene) Sublingual – ação rápida Muito utilizado para cólica Bloqueia mais a COX-1 que a COX3 ↳ Mais efeito analgésico e antiinflamatório - Diclofenaco - Ibuprofeno Atualmente, o mais utilizado no SUS ▪ Inibidores relativamente seletivos COX 2 COX1 e COX3 - Nimesulida - Etodolaco - Meloxican - Ponstan – ácido mefenâmico Alta seletividade (tropismo) para as prostaglandinas uterinas Antiinflamatório exclusivo para cólica ▪ Inibidores seletivos COX 2 (COXIBES) - Etoricoxibe - Celecoxibe – se liga 100x mais a COX-2 ▪ Inibidores seletivos COX 3 - Não há ação antiinflamatória - Não há alteração na função gástrica, renal e plaquetária - Usados como analgésico (receptores canabinóides) e antipirético - Dipirona (+ forte): bloqueia a COX-3 e as fibras tipo C Dupla função: diminui a produção do mediador químico e bloqueia o nociceptor - Paracetamol AAS – Salicilatos ▪ AAS – ácido acetilsalicílico ▪ Único AINE com ação antitrombótica ▪ Pro-fármaco: só é ativado ao entrar em contato com as enzimas sanguíneas - Reparil gel: forma ativo, com efeito analgésico e diminuição de edema ▪ Ligação irreversível da COX-1 (tempo médio de vida das plaquetas por 7 dias) ▪ Ação não antiinflamatória: distúrbios cardiovasculares ▪ Câncer de colo retal e Alzheimer: ensaios clínicos ▪ Farmacocinética - Ácido fraco → boa absorção - Rapidamente hidrolisada: esterases plasma e tecidos - Salicilato ▪ Mecanismo de ação: ligação irreversível da COX-1 ▪ Efeitos adversos - Comuns e específicos Salicismo – tríade ↳ zumbido, vertigem, diminuição da audição (náuseas e vômitos) - Síndrome de Reye Raro: encefalopatia hepática após doença viral em crianças - Piora da asma ▪ Interações com outros fármacos - Varfarina: ação anticoagulante, quando associado à AINE (antiagregante plaquetário) ocorre a inibição de dois mecanismos, favorecendo o risco de hemorragia Principais antiinflamatórios por ter preferência pela COX2 6 Rafaela Pamplona Derivados do Paraminofenol ▪ Paracetamol ou acetaminofeno (EUA) ▪ Mecanismo de ação - Inibidor seletivo de COX-3 - Fraco inibidor de COX-1 e COX- 2 → não interferindo na pressão arterial ▪ Inibe a síntese de PG no cérebro - Fraca atividade antiinflamatória: boa ação analgésica e antipirética - Sem efeitos adversos comuns aos AINES ▪ Farmacocinética - Administrado por via oral: 30 – 60min - Meia vida: 2 – 4h - Metabolização hepática Intoxicação – dose máxima de 3,2g/dia ↳ Hepatopata até 2g/dia Metabolizado pela via enzimática do citocromo P450, que gera NAPQI, um metabolito intermediário hepatóxico, em altas doses não consegue ser neutralizado, causando necrose hepática Derivados do Ácido Fenilacético ▪ Diclofenaco sódico: início e término do efeito rápido ▪ Diclofenaco potássio: início e término do efeito tardios ▪ Diclofenaco colestiramina: início mais rápido e ação mais prolongada (ideal) - Entre as 3 formas de apresentação, a mudança está na farmacocinética ▪ Mecanismo de ação - Bloqueador não seletivo de COX - Inibição competitiva reversível rápida da COX-1 (lembrar da COX-3) e COX-2 ▪ Propriedades farmacológicas: antiinflamatório (COX-2), analgésico e antipirético (COX-1/3) ▪ Efeitos adversos: devido ao bloquei da COX-1 - Distúrbios gastrointestinais - Reações cutâneas e alérgicas - Diminuição da função renal Derivados do Ácido Propiônico ▪ Ibuprofeno - Bloqueia as 3 COX - Efeito adverso devido ao bloqueio da COX1 Diminuição da agregação plaquetária e vasodilatação, aumentando o risco de hemorragia Diminuição da produção do muco protetor no estomago, aumentando risco de lesão gástrica Diminuição da filtração glomerular, sendo um risco para nefropatas e hipertensos, pois a diminuição da filtração diminui a eliminação de Na+, levando a retenção de Na+ e agua, aumentando a pressão arterial ▪ Naproxeno ▪ Fenoprofeno ▪ Cetoprofeno - Único que inibe a COX e a LOX - Considerado o único AINE seguro para pacientes asmáticos, em casos moderados e graves A utilização de outro AINE promove o bloqueio das COX, mas não dos LOX, logo todo o ácido araquidônico produzido na inflamação será utilizado como substrato para os LOX, formando leucotrienos, que irão atuar na musculatura lisa provocando broncoconstrição ▪ Fluviprofeno ▪ Mecanismo de ação - Bloqueador não seletivo de COX - Inibição competitiva reversível rápida da COX1 e COX2 ▪ Propriedades farmacológicas - Antiinflamatórias: naproxeno é 20x mais potente que AAS - Analgésico e antipirético - Cetoprofeno: inibe COX e LOX – uso em asmáticos ▪ Efeitos adversos - Gastrointestinais (menos que o AAS) - Cefaleia - Tonturas 7 Rafaela Pamplona Ácidos Enólicos (oxicans) ▪ Piroxican: sublingual – ação rápida ▪ Meloxican ▪ Tenoxican ▪ Mecanismo de ação - Inibição competitiva reversível rápida da COX-1 - Meloxican: inibição mais seletiva para COX-2 ▪ Propriedades farmacológicas - Analgésicos - Antipiréticos - Antiinflamatórios ▪ Efeitos adversos - Distúrbios gastrointestinais - Meloxican: efeitos indesejados quase nulos Derivados da Pirazolona ▪ Fenilbutazona ▪ Oxifenilbutazona ▪ Dipirona - Seletivo para COX-3 - Atua como analgésico e antipirético, sendo desprovida de atividade antiinflamatória ▪ Efeito adversos - Náuseas, vômitos e desconforto gastrointestinal - Reações cutâneas - Dipirona Único AINE com efeito anti-hipertensivo Associada a alterações sanguíneas: aplasia medular, causando leucopenia, agranulocitose e trombocitopenia Outros AINEs ▪ Nimesulida - Mais seletiva para COX-2 - Moderados efeitos indesejados - Hepatotoxicidade: acima de 200mg/dia Pacientes com lesão renal podem ultrapassara dose máxima, causando lesão hepática Pacientes com lesão hepática não metabolizam direito tornando-a mais tóxica - Uso em pacientes alérgicos à AAS - Não usar em crianças menores de 12 anos COXIBs – altamente seletivos para COX-2 ▪ São medicamentos controlados pela portaria 344, a mesma que controla ansiolíticos, antidepressivos, medicamentos opioides - Utilizado em pacientes crônicos - Não apresenta nenhuma vantagem antiinflamatória, sua prescrição está associada a contraindicação ao bloqueio da COX-1. Ex.: úlcera gástrica - Aumento do risco de infarto Bloqueio continuo da COX2 ↳ A não função da PGI2: favorece a agregação plaquetária ↳ Continuação do TXA2: estimula a agregação plaquetária ↑ risco de tromboembolismo em pcts com distúrbios cardiovasculares, ↑3a10x risco de IAM ▪ Celecoxib (celebra) - Altamente seletivo da COX-2 - Especificidade para a COX-2/-1 in vivo 7x - Biodisponibilidade de 36% - Pico de concentração plasmática em 3h - 97% ligado a proteínas plasmáticas - Meia-vida de eliminação de 8 – 12h ▪ Etoricoxib (arcoxia) - Altamente seletivo da COX-2 - Especificidade para COX-2/-1 in vivo – 106x - Biodisponibilidade de aproximadamente 100% - Pico de concentração plasmática 1h - 92% ligado a proteínas plasmáticas - A dose de 120mg foi retirada do mercado - Interações: inibidores de ECA e diuréticos tiazídicos ▪ Parecoxib - Altamente seletivo da COX-2 - Administração parenteral (IV ou IM) - Uso hospitalar: para redução do uso de morfina ▪ Efeitos adversos cardiovasculares - Eventos trombóticos - Hipertensão Inibição da PGE2 e PGI2 – ação vasodilatadora e antitrombótica Não inibição do TXA2 – ação vasoconstrictora e pró-trombótico ▪ Efeitos adversos renais - Diminuição da taca de filtração glomerular por inibição da COX-2 renal ▪ Outros efeitos adversos - Urticária, angioedema, agravamento de convulsões 8 Rafaela Pamplona Contraindicações para uso de AINEs ▪ História de ulcera péptica ▪ Intolerância aos AINEs ▪ Sangramento, hemorragias espontâneas ▪ Insuficiência renal, disfunção renal, ICC, hipoglicemia, cirrose hepática, depleção de Na+, uso concomitante de drogas nefrotóxicas ▪ Idade maior que 60 anos ▪ Crianças e adolescentes com viroses (síndrome de Reye) ▪ Asmáticos ▪ Gestantes: risco de fechamento prematuro do ducto arterial fetal Corticosteróides Antiinflamatórios Esteroidais ▪ São hormônios esteroides produzidos no córtex adrenal a partir do colesterol ▪ Os glicocorticoides possuem grande utilidade farmacológica por serem agentes antiinflamatórios potentes e eficazes ▪ Principais utilidades dos corticoides: antiinflamatório, imunossupressor, antialérgico, reduzir edema cerebral, tratamento para leucemia e septicemia ▪ A imunossupressão pode aumentar o risco de infecções ▪ Se dividem em - Glicocorticoides: cortisol - Mineralocorticoides: aldosterona - Androgênios: hormônios sexuais ▪ Hidrocortisona (= cortisol) é o principal GC secretado - Antiinflamatório natural ▪ Os corticoides sintéticos mimetizam a ação do cortisol, mas com maior potência ▪ Principais exemplos: betametasona, dexametasona, prednisona, prednisolona, triancinolona (omcilon® → afta) Glândula Suprarrenal ▪ Medula: mais interna - Secreta adrenalina ▪ Córtex: mais externa - Secreta hormônios esteroides (=corticosteroides), que são hormônios derivados do colesterol Mineralocorticoides (MCs): aldosterona ↳ Balanço hídrico: aumenta a reabsorção de Na+ e água, e acelera a perda urinária de K+ ↳ Secreção é estimulada pela angiotensina II e pela concentração plasmática de K+ Glicocorticoides (GCs): cortisol ↳ Ação antiinflamatória, imunossupressora e antialérgica ↳ Regulação da resposta antiinflamatória ~ atividade imune ~ Bloqueia a produção de citocinas pelas células imunes ↳ Metabolismo de nutrientes (carboidratos, lipídios e proteínas) ~ [Glicose] plasmática ~ Gliconeogênese e glicogenólise ~ Catabolismo proteico ↳ Secreção estimulada pelo ACTH, que por sua vez, é estimulado pelo estresse 9 Rafaela Pamplona Seletividade dos receptores entre MCs e GCs acabam repercutindo como efeitos adversos Androgênios: hormônios sexuais ↳ Estimula o desenvolvimento das características sexuais ↳ Secreção estimulada pelo ACTH Síntese dos Hormônios Esteroides ▪ Controlados pelo eixo hipotálamo-hipófise-adrenal ▪ Inicia com a conversão do colesterol em pregnenolona ▪ A pregnenolona é o precursor intermediário comum as três vias distintas, o que ira determinar é a síntese é a expressão tecidual especifica de determinadas enzimas em cada zona do córtex suprarrenal ▪ A partir da pregnenolona, o metabolismo dos esteroides pode prosseguir ao longo de três vias distintas para produzir mineralocorticoides, glicocorticoides ou andrógenos ▪ Mecanismo de síntese e regulação - Cortisol estimula o hipotálamo a liberar CRF (fator regulador de corticotrofina) – retroalimentação - CRF estimula a adenohipófise a liberar ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) - O ACTH no córtex da glândula suprarrenal converte colesterol em pregnenolona - De acordo com a zona do córtex suprarrenal a pregnenolona pode ser transformada em cortisol, aldosterona ou estradiol Glicocorticoides ▪ Cortisol - Antiinflamatório endógeno - Sintetizado a partir do colesterol (4 anéis esteroides) ▪ Liberação depende do ciclo circadiano, ciclo do sono-vigília - Começa a ser produzido por volta da 00h, com pico pela manhã, por volta de 8h - A queda se dá ao longo do dia, com a menor concentração a noite, por volta das 20h 10 Rafaela Pamplona ▪ Melhor horário para administração dos fármacos é pela manhã, mantendo elevado os níveis séricos ▪ O cortisol atua por meio de feedback negativos - A partir de 15 dias contínuos de uso de corticosteroide exógeno o organismo já entende como algo patológico, levando a diminuição da produção endógena - Feedback negativo: níveis de cortisol inibem a liberação de CFR, que estimula menos a liberação de ACTH - Após 15 dias de uso é necessário fazer desmame do medicamento, sendo retirado de forma lenta e gradual para o hipotálamo realizar feedback positivo, estimulando a suprarrenal a liberar cortisol na quantidade adequada (10 a 20mg/dia) ▪ Os glicocorticoides são utilizados com antiinflamatórios, imunossupressores e antialérgicos ▪ Os fármacos precisam ter maior concentração e potência que o cortisol biológico para ter efeitos ▪ Além do ciclo circadiano, a liberação de cortisol também sofre influência - Estresse: provoca inflamação no corpo, como o cortisol é antiinflamatório, ocorre liberação. Mas altos níveis de cortisol, também faz imunossupressão, favorecendo surgimento de lesões e infecções - Temperatura: o frio metabolismo liberação de cortisol; o calor liberação de cortisol - Opioides: aumentam a liberação de cortisol Metabolismo do Cortisol ▪ Cerca de 90% do cortisol está ligado a proteínas plasmáticas ▪ CBG (globulina de ligação de corticosteroide) é a principal proteína plasmática carreadora de cortisol endógeno ▪ Albumina: proteína plasmática carreadora de cortisol exógeno ▪ Apenas as moléculas livres estão biodisponíveis, sofrendo difusão para o interior da célula ▪ No citoplasma, o receptor GR (receptor de glicocorticoide) encontra-se ligado a proteína choque térmico (Hsp90) ▪ Quando o cortisol se liga ao receptor GR a Hsp90 é liberada ▪ O cortisol ligado ao receptor GR entram no núcleo, atuando na transcrição de genes ▪ A transcrição genica pode ser inibida ou estimulada, devido a essa característica ocorre a pluralidade dos efeitos ▪ Os glicocorticoidesproduzem anexina 1 (ANXA1), mediador antiinflamatório, que atua na inibição da fosfolipase A2 ▪ Sem a fosfolipase A2 não há formação de ácido araquidônico ▪ Sem ác. araquidônico não há formação de prostaglandinas e leucotrienos, principais mediadores da inflamação ▪ O bloquei da formação de leucotrienos, principal mediador da asma, permite que o corticoide seja usado como antiinflamatório em pacientes asmáticos ▪ O fígado é responsável pela inativação do cortisol no plasma (+ hidrossolúvel) possibilitando a excreção renal Efeitos Antiinflamatórios e Imunossupressores ▪ Potente efeito - Inibição das manifestações precoces e tardias da inflamação Precoce: rubor, calor, dor e edema 11 Rafaela Pamplona Tardia: cicatrização, reparação da lesão e reação proliferativa (usado para tratar queloide) - Patógenos invasores - Queimadura - Hipersensibilidade - Doença autoimune Efeitos sobre as Células Inflamatórias ▪ Menor saída de neutrófilo do sangue para a lesão ▪ Redução da distribuição leucocitária - da capacidade de ação do sistema imune ▪ Redução da ativação de neutrófilo e macrófago - da capacidade de ação do sistema imune ▪ Redução da ativação da células T-helper - Antiinflamatório, imunossupressor e antialérgico ▪ Redução da atividade dos osteoblastos e aumento dos osteoclastos, predispondo a osteoporose (efeito adverso) - da densidade óssea, por ser antagonista da vit D ▪ Redução da função dos fibroblastos e menor produção de colágeno, diminuindo o reparo - da capacidade de cicatrização (tratar queloide) Efeitos sobre os Mediadores Inflamatórios e Imunes ▪ Inibe a transcrição gênica da COX-2 ▪ Redução de interleucinas pro-inflamatórias, IL-2/3/ 6 do PAF, TNF-α e fatores de adesão celular ▪ Redução da [componentes] do sistema complemento ▪ Redução da liberação de histamina, IgG - Imunossupressor e antialérgico ▪ Aumento de fatores antiinflamatórios como IL-10 e anexina1 Efeitos Metabólicos e Sistêmicos ▪ Carboidratos, proteínas e lipídios - Redução da captação da glicose e gliconeogênese - Tendência a hiperglicemia - Aumento do catabolismo e diminuição do anabolismo de proteínas: atrofia muscular - Redistribuição da gordura ▪ Minerais - Cálcio: redução da absorção e aumento da excreção - Retenção de Na+ e excreção de K+ Farmacocinética ▪ Administração: VO, IV, IM, tópico, colírio, aerossol, injeção intra-articular e gotas nasais. A via tópica é menos tóxica ▪ Ligação com proteínas plasmáticas - Fisiológico: 10 a 20 mg/dia - CBG: corticoide endógeno - Albumina: corticoide exógeno ▪ Hidrocortisona - Meia vida: 90min - Duração da ação: 2 a 8h OBS.: AINES são contraindicados em gestantes, independe do período gestacional, devido risco teratogênico, sendo sempre administrado corticoide Efeitos Adversos ▪ Só ocorre com o uso prolongado e dose elevada ▪ Não ocorre na terapia de reposição, pois as doses são baixas ▪ Síndromes associadas a concentração de glicocorticoides no sangue - Doença de Addison Baixa concentração de glicocorticoides Congênita: baixa capacidade de produção de corticoide Adquirida: interrupção abrupta de corticoide exógeno Manifestação clínica: fadiga, anorexia, hipotensão, hiperpigmentação, glicemia Tratamento: reposição hormonal com hidrocortisona, baixas doses e potência semelhante ao endógeno, produzindo poucos efeitos colaterais OBS.: Pct com doença autoimune que faz uso prolongado de corticoide pode desenvolver Addison, caso sofra um acidente, fique inconsciente e seu quadro não necessite de corticoide, dificultando o controle hemodinâmico e fisiológico - Síndrome de Cushing Uso prolongado ou alta concentração de glicocorticoides Com o uso continuo dos GCs (efeitos reversíveis) ~ Redistribuição dos lipídios, aumentando a concentração de gordura na região abdominal, nuca (giba) e rosto ~ Diminui secreção de insulina (causar hiperglicemia) ~ Osteoporose (irreversível) ~ Reduz massa muscular nos membros, devido ao aumento do catabolismo proteico ↳ Pele mais delgada (menos colágeno e queratina), provocando maior propensão a lesões e maior dificuldade de cicatrização ~ Aumenta a retenção de Na+ e água = edema e ↑PA 12 Rafaela Pamplona ▪ Efeitos - Diminuição da resposta imunológica Infecção simples pode se tornar grave - Insônia - Úlceras pépticas Principais Usos Clínicos ▪ Alterações na função da suprarrenal - Doença de Addison - Hiperplasia suprarrenal congênita ▪ Teste de supressão do cortisol após dexametasona - Diagnosticar Síndrome de Cushing Congênita - Para o teste é utilizada dexametasona na noite anterior ao exame Individuo normal: pela manhã apresenta baixos níveis de cortisol (feedback Θ) Cushing congênito: níveis permanecem elevados devido a produção autônoma da suprarrenal ▪ Estimulação da maturação pulmonar do feto - 2 a 3 doses de Betametasona Alta penetração placentária, em pequenas doses já produz efeito necessário - Antes da 35 semanas o feto não produz surfactante, o corticoide estimula - Reduz a síndrome do desconforto respiratório em prematuros ▪ Distúrbios não suprarrenais - Tratamento antiinflamatório/imunossupressor Asma Conjuntivite, rinite ~ Para conjuntivite, só associado a antibiótico Alergias graves Quadros de inflamação aguda Artrite reumatoide, púrpura trombocitopênica, LES Prevenção de rejeição de enxertos/transplantes ▪ Câncer hematológico - Leucemia linfocitária aguda, mieloma múltiplo ▪ Redução do edema cerebral (tumores cerebral) - Dexametasona+manitol(diurético) = edema cerebral 13 Rafaela Pamplona Comparação dos principais agentes corticosteroides usados para tratamento sistêmico (usando hidrocortisona como padrão) Composto Afinidade pelos receptores GC Potência aproximada no uso clínico Duração de ação após adm oral Comentários Antiinflamatória Retenção de Na+ hidrocortisona (cortisol) 1 1 1 curta fármaco de escolha para terapia de reposição cortisona 0,01 0,8 0,8 curta baixo custo; inativa até ser convertida em hidrocortisona; não é usada como antiinflamatória por ter efeitos mineralocorticoides corticosterona 0,85 0,3 15 curta ---- prednisolona 2,2 4 0,8 intermediária efeitos antiinflamatórios e imunossupressores sistêmicos prednisona 0,05 4 0,8 intermediária inativa até ser convertida em prednisolona metilprednisolona 11,9 5 mínima intermediária antiinflamatório e imunossupressor triancinolona 1,9 5 nenhuma intermediária relativamente mais tóxica que as outras dexametasona 7,1 30 mínima longa efeito antiinflamatório e imunossupressor; usada para evitar retenção hídrica (edema cerebral); supressão da produção do hormônio ACTH betametasona 5,4 30 desprezível longa efeito antiinflamatório e imunossupressor; usada para combater retenção hídrica Dexa e beta: potencias elevadíssimas, altíssima afinidade pelos receptores, com muito efeito adverso, mas com menor retenção hídrica (pouco seletivo para mineralocorticoide) 14 Rafaela Pamplona Anestésicos Locais ▪ São um conjunto de substâncias capazes de inibir a percepção das sensações, sobretudo da dor, e de impedir o movimento ▪ Na anestesia local não há perda de consciência ▪ Todo anestésico é vasodilatador - Melhora a oxigenação cerebral nas grandes altitudes ▪ Todo anestésico causa metemoglobina, principalmente a prilocaína - O ferro do grupo heme da hemoglobina é oxidado, ocorrendo bloqueio do transporte de oxigênio pelos eritrócitos, diminuindo a oxigenação periférica - Principais manifestações clínicas: cianose, náuseas, sedação, convulsões e coma Analgésicos são inibidores específicos das vias da dor Anestésicos locais sãoinibidores inespecíficos das vias sensoriais periféricas (incluindo a dor), motoras e autônomas ▪ Antiguidade - Suco da papoula é extraído o ópio (= morfina) - Asfixia temporária: isquemia cerebral, inconsciência momentânea - Imobilização dos membros ▪ Histórico - É definida como um bloqueio reversível da condução nervosa numa região limitada, determinando perda das sensações sem alteração do nível de consciência - 1860 – Niemam Uso do primeiro anestésico local na medicina e odontologia – cocaína (Erythroxycolon coca) - 1880 – Von Srep Estudou os efeitos farmacológicos da cocaína - 1905 – Ein Horn Estudos para desenvolver substitutos sintéticos da cocaína Síntese da procaína (Novocaina®) – princípio ativo anestésico semelhante a cocaína Mecanismo de Ação dos Anestésicos Locais ▪ O anestésico faz com que o estimulo não consiga atingir o limiar de excitabilidade ▪ O limiar é atingido pelo potencial de ação (despolarização) ▪ O anestésico local exerce seu efeito por meio do bloqueio dos canais de sódio dependentes de voltagem, impedindo a despolarização, que inibe a propagação dos potenciais de ação ao longo dos neurônios ▪ Bloqueio da sensação de dor - Interferência propagação do impulso nervoso periféricos aferentes - Impede a produção e condução do potencial de ação ao bloquear o canal de sódio - Ordem da perda de sensações Dor, temperatura, tato, cinestesia e tônus muscular ↳ Dor primeira a ser perdida e a última a voltar Propriocepção ou cinestesia: é a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais, sem utilizar a visão. Permite a manutenção do equilíbrio postural e a realização de diversas atividades práticas. Resulta da interação das fibras musculares que trabalham para manter o corpo na sua base de sustentação, de informações táteis e do sistema vestibular, localizado no ouvido interno ▪ Toxicidade: bloqueio de impulsos SNC, músculo esquelético, liso e cardíaco (efeito sistêmicos) - Risco: AL para ser excretado precisa ser absorvido pela corrente sanguínea, pois por atuar bloqueando os canais de sódio http://pt.wikipedia.org/wiki/Tato http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_vestibular http://pt.wikipedia.org/wiki/Ouvido_interno 15 Rafaela Pamplona - Ao entrar na corrente sanguínea pode agir sistemicamente, no coração pode provocar arritmia - Para evitar, o ideal é que seja absorvido lentamente, para não ter potência para gerar efeitos nos outros órgãos ▪ Principal característica dos AL: vasodilatação, aumenta o risco de efeitos adversos ▪ Para evitar a rápida absorção, aumentando inclusive o tempo de ação, seu uso é associado a adrenalina (vasoconstritor) Características dos Anestésicos Locais ▪ Todos AL estão disponíveis na forma de sais (cloridato) ▪ Todos os anestésicos são bases fracas - pKa entre 8 e 9 ▪ Todos os anestésicos possui - Porção hidrofílica: parte capaz de permitir que o AL se misture no tecido - Porção lipofílica: parte capaz de atravessar a bainha de mielina e bloquear os canais de sódio ▪ Classificados em - Ésteres (procaína) ou amidas (lidocaína): preserva a porção hidrofílica e lipofílica, mudando apenas o grupo funcional. Amida: injetável, alergias segurança Ésteres: pomadas Hipótese do Receptor Modulado ▪ Os diferentes estados de conformação do canal de sódio (em repouso, vários fechados, aberto e inativado) ligam-se aos anestésicos locais com diferentes afinidades ▪ Os AL possuem maior afinidade pelos estados fechado, aberto e inativado dos canais de sódio do que pelo estado em repouso ▪ O mecanismo de inibição do canal envolve a oclusão física do poro e a restrição da ativação do canal ▪ Para que ocorra reabertura de um canal ligado a um fármaco, o AL precisa dissociar-se do canal e permitir que o canal retorne a seu estado de repouso ▪ Em altas concentrações, os AL ligam-se a um número suficiente de canais de repouso de baixa afinidade para impedir a condução do impulso pKa X pH Lidocaína ↔ lido+ + OH- molecular ionizada ▪ O AL ao ser injetado, parte sofre ionização, a parte que permanece na forma molecular é capaz de penetrar na célula, podendo seguir pelo 16 Rafaela Pamplona - Bloqueio via hidrofílica: AL penetra no meio intracelular, sofre ionização, em que o cátion atua no bloqueio do canal de Na+ - Bloqueio via hidrofóbica: AL através da membrana já alcança o receptor ▪ pH e ionização: o que define o grau de ionização é o pH do meio (equação de Henderson – Hasselbach) ▪ Inflamação X AL - A reação está em equilíbrio em tecidos normais, na qual a dissociação é importante, pois a lidocaína na fração molecular é importante para atravessar a bainha de mielina, mas a lidocaína catiônica é a que tem a capacidade de bloquear os canais de sódio de forma mais eficiente - Quando do tecido está inflamado ou com a presença de pus, o meio de torna mais ácido com a presença de H+, que vai reagir com o OH- e formar água, deslocando o equilíbrio da reação (lei de Le Chatelier) para direita e diminuir a forma molecular, consequentemente a penetração nos nervos - Nos locais com inflamação o meio se torna mais ácido, diminuindo o grau de ionização, que consequentemente diminui o de penetrabilidade do anestésico, necessitando maior dose - O ideal é diminuir o processo inflamatório para depois aplicar o anestésico ▪ Os efeitos causados pelos AL dependem da - Frequência de descarga - Posição da fibra - Diâmetro da fibra - Mielinização Típicos Locais de Injeção de AL ▪ Canal vertebral e ao seu redor - Bloqueio epidural: injeção extradural de anestésicos locais - Bloqueio caudal: tipo específico de bloqueio epidural, em que uma agulha é introduzida no canal caudal pelo hiato sacral - Bloqueio peridural: as injeções ao redor de nervos periféricos (ex.: bloqueio paravertebral) - Bloqueio espinal: a injeção no líquido cérebro-espinhal no espaço subaracnóideo (intratecal) Vias de Administração ▪ Tópica ▪ Infiltração ▪ Bloqueios regionais: bloqueio entre dois pontos ▪ Peridural ▪ Dor neuropática Principais AL ▪ A diferença entre os AL está relacionada a farmacocinética ▪ Lidocaína - Anestésico Padrão: sempre usado como comparação Mais antigo e seguro - Muito utilizado para arritmia pós-infarto Afinidade por tecido isquêmico Bloqueia o canal de Na+ impedindo o batimento prematuro (antiarrítmico) - Rápido início de ação (2 – 3 min) - Duração de ação rápida Forte ação vasodilatadora 17 Rafaela Pamplona - Associação com vasoconstritor Para aumentar o tempo de ação e diminuir sangramento CUIDADO com a região: risco de isquemia e necrose da região - Metabolizada pelo fígado e excretada pelo rim - Toxicidade Superdosagem inicialmente estimula e em seguida deprime o SNC ▪ Mepivacaína - Potência anestésica similar à lidocaína Ideal para locais em que não se pode utilizar vasoconstrictor, que precisa maior tempo de duração - Início rápido de ação (1,5 – 2 min) - Duração da ação Discreta vasodilatação - Metabolizada pelo fígado e excretada pelo rim - Toxicidade Semelhante a lidocaína Pouco metabolizada pelo feto ▪ Prilocaína - Potência anestésica similar à lidocaína - Início rápido mais lento (2 – 4min) - Vasodilata menos que lidocaína e mepivacaína, porém não é comercializada no Brasil sem vasoconstritor Sempre associado a felipressina ↳ Agonista α 1 ↳ Vasoconstritor não adrenérgico ↳ Contrai o vaso, sem efeito no coração ↳ Menor controle do sangramento em procedimentos - Metabolizada pelo fígado e pulmões e excretada pelo rim - Indicações Hipertensose diabéticos descompensados, usuários de drogas (cocaína) e antidepressivos - Contraindicação DPOC e anemia: a felipressina ao passar pelo pulmão produz orto-toluidina, Metabólito (orto- toluidina) pode causar metemoglobinemia Grávidas: a estrutura química da felipressina é semelhante a ocitocina, hormônio responsável por induzir a contração uterina ▪ Bupivacaína - Potência anestésica 4x superior à lidocaína - Início de ação lento (6 – 10min) - Ação vasodilatadora maior que a lidocaína Associação com vasoconstritor - Longa duração da ação (3h ou 12h) - Mistura racêmica Levobupivacaína: efeito anestésico Dexabupivacaína: efeito cardiotóxico - Metabolizada pelo fígado e excretada pelo rim - Toxicidade: maior potência Cardiotoxicidade 4x maior que a lidocaína Dexabupivacaína: efeito cardiotóxico ▪ EMLA - Eutetic Mixture of Local Anestesic (mistura eutética) PF inferior Permite a penetração na camada queratinizada da pele - Colocação de cateter Propriedades dos AL Dose Máxima dos AL em Adultos Uso Clínico dos AL ▪ Anestesia espinhal para bloqueio autonômico em condições isquêmicas ▪ Infusão epidural lenta em concentrações baixas é usada para analgesia pós-operatória, semelhante a infusão de opioide epidural ▪ Injeções epidurais repetidas do AL pode causar taquifilaxia ▪ Formas parenteral dos AL são usadas no tratamento da dor neuropática (combinada a outros fármacos) 18 Rafaela Pamplona Vasoconstritores ▪ Possibilita maior tempo do contato do AL com as fibras nervosas e diminuição do sangramento - Vasoconstritor simpatomiméticas (aminas) Catecolaminas ou não-catecolaminas ↳ Epinefrina: mais usada ↳ Norepinefrina (25% da potência da epinefrina e RAM) e corbadrina ↳ Felipressina (5% da ação vaso da epi e nenhuma ação em beta) - Vasoconstritor NÂO simpaticomimético Felipressina ↳ Análogo da vasopressina: contrai o vaso sem afetar o coração ↳ Associado com prilocaína: indicado para hipertenso descompensado, diabéticos descompensado, usuários de drogas, pacientes em uso de antidepressivos ↳ Não possui o mesmo grau de hemostasia que a epinefrina (0,03UI/ml): havendo menor controle do sangramento durante procedimentos Toxicidade dos AL 1) Efeitos sistêmicos após a absorção 2) Neurotoxicidade local – proximidade à medula ▪ Causas - Sobredosagem Injeções repetidas (absoluta): volume maior que o necessário Injeção intravascular acidental (relativa): volume certo, mas aplicado diretamente no vaso (relacionado ao domínio da técnica) ▪ Sintomas SNC - Sonolência, tontura, distúrbios visuais e auditivos Doses baixas - Gosto metálico, dormência da língua Sinais precoces de toxicidade - Nistagmo, contração muscular, convulsão Altas doses - Depressão generalizada do SNC - Uso de benzodiazepínicos pode diminuir a toxicidade, pois ansiolíticos também são analgésicos, diminuindo a dose e consequentemente a toxicidade ▪ Sintomas SCV - Bloqueio dos canais de sódio cardíaco Arritmias Altas doses, bloqueiam os canais de cálcio - Colapso cardiovascular – raro Bupivacaína (mistura racêmica) ↳ Levobupivacaína – efeito anestésico ↳ Dexabupivacaína – efeito cardiotóxico ▪ Efeitos hematológicos - Prilocaína: metemoglobinemia ▪ Reações alérgicas - Éster: metabolizados em derivados do ácido para- aminobenzóico (PABA) – reação cruzada - Amidas: raras ▪ Tratamento: não há antidoto, tratamento de suporte e sintomático - Oxigênio a 100% - Abortar convulsões: uso de benzodiazepínicos - Suporte cardiovascular - Tratar a acidose (devido ao grande consumo de O2 local) 19 Rafaela Pamplona 20 Rafaela Pamplona Anti-histamínicos ▪ Histamina é uma amina biogênica ▪ Autacoide: molécula é secretada localmente para aumentar ou diminuir a atividade das células adjacentes ▪ Importante mediador dos processos alérgicos e inflamatórios ▪ Localizada em: mastócitos, linfócitos, neurônios e células gástricas ▪ Participa da regulação da secreção de ácido gástrico, neurotransmissão e imunomodulação ▪ Anti-histamínicos - Receptor H1: antialérgico - Receptor H2: protetor gástrico Histamina ▪ Mediador das reações alérgicas imediatas e inflamatórias - Receptor H1 - Quimiotática para leucócitos ▪ Papel na secreção gástrica - Receptor H2 - CES (células enterocromafins) ↳ Secretagogo ácido estomacal ▪ Neurotransmissor e neuromodulador - Receptor H3 - Cérebro ↳ Controle neuroendócrino ↳ Regulação cardiovascular ↳ Termorregulação ↳ Estado de vigília ▪ Principais ações da histamina Síntese e Armazenamento da Histamina ▪ Síntese e armazenamento: mastócitos e basófilos - Histamina é sintetizada a partir da L-histidina - Dentro do mastócito a histamina fica ligada ao sulfato de heparina ou condroitina, sendo armazenada em vesículas (forma inativa) - IgE sensibiliza o mastócitos, que ativa a adenilciclase, forma AMPc e ativa proteína quinase, permitindo a entrada de cálcio - A entrada de cálcio induz a fusão das vesículas de histamina com a membrana, liberando a histamina, processo chamado de desgranulação mastocitária - No sangue, a histamina se desliga da heparina, que na forma livre torna-se ativada, podendo se ligar aos receptores H1, H2, H3 ou H4 (H1 e H2 – interesse clínico) - Mecanismo de ação: os receptores estão localizados na superfície da membrana, acoplados a proteína G H1 Gq (excitatória) ativa fosfolipase C IP3 → Ca2+ DAG → pKc H2 Gs (excitatória) ativa adenilciclase AMPc → pKa H3 Gi (inibitória) inibe a adenilciclase reduz o AMPc, não produz efeito sobre a célula H4 Liberação imunológica ↳ Reações de hipersensibilidade Tipo I, II e III ↳ Feedback negativo: H2 Liberação química e mecânica ↳ Relacionada a medicamentos ~ A morfina e tubocurarina promove a desgranulação dos mastócitos ~ Sintomas: prurido e rubor 21 Rafaela Pamplona - Reservatório de renovação lenta: nos mastócitos e basófilos, é armazenada em grandes grânulos, e a liberação envolve a desgranulação completa das células - Reservatório de renovação rápida: localiza-se nas células ECL gástricas e nos neurônios histaminérgicos do SNC. Essas células sintetizam e liberam histamina quando necessário para a secreção de ácido gástrico e a neurotransmissão - As vias oxidativas no fígado degradam rapidamente a histamina circulante a metabólitos inertes, que são excretados pela urina Efeitos da Histamina ▪ Sensibilidade varia com a espécie ▪ Sistema nervoso – receptor H1 - Estimulador das terminações nervosas sensitivas Dor e prurido (H1): reações urticariforme e a picadas de inseto ▪ Sistema cardiovascular – receptor H1 e H2 - Redução da pressão sanguínea sistólica e diastólica Vasodilatação arteríolas e esfíncter pré-capilares - Aumento da força e frequência cardíaca Ação direta (H2) e taquicardia reflexa - Rubor, calor e cefaleia Histamina induz a liberação de NO, que atua como vaso dilatador, gerando esses sintomas - Edema Separação das células endoteliais → transudação perivascular ▪ Músculo liso bronquiolar - Broncoconstrição (asmáticos) Receptor H1, está acoplado a proteína Gq, responsável por ↑[Ca2+], causado broncoconstrição Teste da hiperreatividade brônquica: aplica-se histamina e avalia a capacidade pulmonar, através da espirometria ↳ Resposta neural hiperativa ↳ Identificar asma e fibrose cística: indivíduos com essas patologias são de 100 a 1000x mais reativos a molécula de histamina ▪ Músculo liso do TGI - Contração → Diarreia H1 Seres humanos menos sensíveis ▪ Outros músculos lisos - Gestantes: aborto em situações de reação anafilática▪ Tecido secretor - Poderoso estimulante da secreção gástrica de ácido - Secreção intestinal H2 nas células parietais – Gs H3 em algumas espécies inibem a secreção Uso Clínico da Histamina ▪ Prova de função pulmonar - HRB (hiperreatividade brônquica): aerossol ▪ Toxicidade e contraindicações - Efeito dose dependente: rubor, hipotensão, taquicardia, cefaleia, pápulas, broncoconstrição e mal-estar no TGI Liberação após ingestão de peixe contaminado - Não deve ser administrada em pacientes asmáticos, com úlcera e gestantes Prova de função pulmonar → monitoramento Antagonistas da Histamina ▪ Antagonista fisiológico: adrenalina ▪ Inibidores da liberação: cromolina e nedocromil ▪ Antagonistas dos receptores histamínicos - Bloqueio de H1: ação sobre reações alérgicas e cinetose Antialérgicos - Bloqueio de H2: tratamento de úlcera péptica Protetor gástrico 22 Rafaela Pamplona - Bloqueio de H3 e H4: uso experimental Não confundir!! Anti H1 antialérgico - 1ª geração - 2ª geração X Anti-H2 protetor gástrico Antagonistas dos Receptores H1 ▪ Antialérgico ▪ 1ª Geração - Maior coeficiente de partição (grau de lipossolubilidade) - Mais lipossolúveis - Maior distribuição, ou seja, maior facilidade de penetrar nos tecidos, causando efeitos colaterais Efeitos sedativos Bloqueio nos efeitos autônomos: diminui acetilcolina, adrenalina ▪ 2ª geração - Menor coeficiente de partição (grau de lipossolubilidade) - Menos lipossolúveis - Menor distribuição no SNC ▪ Farmacocinética - Rapidamente absorvidos por via oral - Ampla distribuição pelo organismo – SNC - Metabolismo hepático Cetoconazol (inibidor enzimático) X 2ª geração ↳ Aumento da toxicidade dos anti-histamínicos - Duração de ação 1ª geração: 4 – 6h 2ª geração: 12 – 24h ▪ Farmacodinâmica - Ação bloqueadora apenas muscular Bronquiolar e gástrico - Efeitos autônomos (1ª geração) Bloqueio dos sistemas colinérgico, noradrenérgico e serotonérgico - Sedação (1ª geração) Diferente da ação por sedativo-hipnótico Efeito paradoxal em crianças - Antinauseante e antiemética (1ª geração) Prevenção de cinetose (náusea e vômito) ↳ Inibe os receptores do núcleo vestibular - Efeitos antiparkinsonianos Ação anticolinérgica Parkinsonismo: antipsicóticos - Anestesia local 1ª geração: bloqueio de canal de sódio: difenidramina e prometazina - Antialérgico: inibição da ação da histamina Note que estes fármacos inibem a recaptação neuronal de noradrenalina – ação semelhante à da cocaína ▪ Uso clínico - Reações alérgicas Prevenção ou tratamento: rinite, urticária, dermatite atópica Asma brônquica e angioedema são ineficazes ↳ Angioedema é desencadeado pela histamina, mas mantido por cininas peptídicas, portanto o tratamento com anti-histamínicos é ineficaz - Cinetose e distúrbios vestibulares Difenidramina (benadryl®), prometazina (fenergan®), meclizina (meclin®), dimenidrinato (dramin®) - Náuseas e vômito na gravidez Meclizina, dimenidrinato - Podem causar tolerância ▪ Toxicidade - Sedação - Ação anticolinérgica - Excitação e convulsão em crianças - Hipotensão postural - Reações alérgicas - Efeitos teratogênicos Doxilamina (Bendectin®) ▪ Interações farmacológicas - Cardiotoxicidade dos metabólitos ativos 23 Rafaela Pamplona Terfenadina ou astemizol + cetoconazol ou ATB macrolídeo ou suco de toranja (CYP3A4) ↳ O aumento da concentração sérica dos anti- histamínicos causados pela inibição enzimática do (cetoconazol ou ATB macrolídeo ou suco de toranja (CYP3A4)), leva ao bloqueio dos canais de potássio e arritmias - 1ª geração + agente depressores do SNC Operação de máquinas e direção ▪ Principais fármacos Anti-H1 1ª Geração 2ª Geração Buclizina – buclina® (↑apetite) Hidroxizina – hixizine® (prurido) Meclizina® (enjoo na gravidez) Cetirizina – zyrtec® (vertigem) Levocitirizina – zyxem® (vertigem) Ciproeptadina – apetivan® (↑apetite) Dimenidrinato – dramin® Prometazina – fenergan® Fexofenadina – alegra® Desloratadina – desalex® Loratadina – claritin® Protetores Gástricos ▪ O estômago é protegido por inúmeros fatores que atuam na defesa mucosa, sendo vários deles estimulados pela geração local de prostaglandinas e NO ▪ A ruptura dessas defesas pode causar a formação de úlcera gástrica ou duodenal ▪ O tratamento e a prevenção desses distúrbios relacionados com a acidez são feitos diminuindo a acidez gástrica e aumentando a defesa da mucosa ▪ Os fármacos utilizados podem ser divididos em - Fármacos que reduzem a acidez intragástrica Antiácidos Antagonistas dos receptores H2 Inibidores da bomba de prótons - Fármacos que promovem a defesa da mucosa Sucralfato Análogos das prostaglandinas Compostos de bismuto 24 Rafaela Pamplona Doença Acidopéptica ▪ São afecções que causam erosões ou ulcerações da mucosa ▪ Úlcera péptica: duodenal ou gástrica ▪ Síndrome de Zollinger-Ellison - Tumor nas células pancreáticas que produzem gastrina - Caracterizado por doença péptica grave (úlceras/doença esofágica) causada por hipergastrinemia secundária a gastrinoma, resultando na secreção aumentada de ácido gástrico ▪ Fatores importantes - Secreção de ácido gástrico - Resistência mucosa ao ácido – muco - Helicobacter pylori - AINES – salicilatos Regulação da Secreção de H+ ▪ A secreção de ácido gástrico é um processo contínuo e complexo, em que múltiplos fatores centrais e periféricos contribuem para a secreção de H+ pelas células parietais, regulando a secreção ácida pela bomba de prótons ▪ Bomba de prótons: H+, K+ ATPase - Mecanismo mais eficiente de secreção de ácido gástrico ▪ Fatores que regulam a bomba de prótons - Fatores neuroniais: acetilcolina (ACh) Se liga a receptores muscarínicos M3 - Fatores parácrinos: histamina (metabolismo basal) Atua via receptores H2 - Fatores endócrinas: gastrina Se liga aos receptores de colecistocinina tipo 2 (CCK2) ▪ A ativação dos receptores M2 e CCK2 resulta na abertura de canais de Ca2+ e liberação de Ca2+, dos reservatórios intracelulares e, consequentemente, aumento da [Ca2+] citosólica ▪ A ativação dos receptores H2 excita a adenilato ciclase a aumentar os níveis intracelulares de AMPc, ativando a pKa, que fosforila as proteínas envolvidas com o transporte da bomba de prótons do citoplasma para a membrana plasmática da célula parietal 25 Rafaela Pamplona Antagonistas de ACh ▪ Pirenzepina – cimetidina® - Antagonista M1 Bloqueia a ação da ACh no receptor M1 Não ativação da bomba de prótons Não libera HCl Antagonistas de Histamina – Anti-H2 ▪ A histamina é o mecanismo de liberação de ácido gástrico basal mais importante, principalmente durante a noite ▪ Antagonistas dos receptores H2 - Inibição seletiva e competitiva, reduzindo a secreção ácida pelas células parietais ▪ Atualmente no mercado - Ranitidina Saiu do mercado por apresentar elevados níveis de N- nitrodimetilamina (NDMA), componente pró- cancerígeno - Cimetidina 26 Rafaela Pamplona Muita interação medicamentosa: inibe a atividade do citocromo P450, atrasando a biotransformação de vários fármacos Efeitos antiandrogênicos: causa ginecomastia, galactorreia - Famotidina Mais utilizada, porém tem custo elevado - Nizatidina Custo elevado Reduz o débito cardíaco e a frequência cardíaca ▪ Uso clínico - Úlcera péptica duodenal e gástrica Controla os sintomas e promove cicatrização; profilaxiade recidivas 1x ao dia (à noite) ↳ Os antagonistas de H2 são particularmente efetivos na inibição da secreção de HCl noturna, mediado pela histamina ↳ A secreção de HCl estimulada pelo alimento depende também a ACh e gastrina, na qual esses fármacos não interferem - Esofagite Erosiva – DRGE 2x ao dia Doses maiores - Síndrome de Zollinger-Ellison - Uso em UTI e emergências ▪ Farmacodinâmica - Bloqueio seletivo H2 - Secreção ácida e motilidade Histamina, gastrina, agente colinomiméticos - Outros efeitos Nizatidina: reduz DC e frequência Cimetidina e ranitidina: são inibidores enzimáticos Ranitidina: inibe metabolismo de fase II do paracetamol em animais Cimetidina: possui efeitos antiandrogênicos ▪ Toxicidade: cimetidina - Comuns Tontura, sonolência, cefaleia e erupções cutâneas - Menos comuns Idoso: fala arrastada, delírio e confusão Ginecomastia e galactorréia Impotência reversível Discrasias sanguíneas Hepatotoxicidade Gravidez (atravessa a placenta) e lactação - Adm EV lenta (30 min): evita bloqueio de H2 no coração Bradicardia e hipotensão ▪ Interação farmacológicas – cimetidina - Varfarina, fenitoína, propranolol, quinidina, lidocaína, teofilina, diazepam, carbamazepina, ADT, sulfonilureias, antagonistas de canais de cálcio - Ajuste de dose nefropata - Aumento da biodisponibilidade do etanol Antiácido ▪ Atua apenas neutralizando o ácido que já foi secretado ▪ Não é utilizado para tratamento de doenças acidopéptica, sendo usado apenas para tratamento sintomático (pirose) ▪ Precisa ser tomado 1h após a refeição e o efeito bloqueador da acidez gástrica perdura por 2h ▪ São necessárias altas doses de antiácidos para aumentar o pH gástrico de forma significativa ▪ São bases fracas - Redução da acidez e aumento do pH - Estimulação da síntese de prostaglandinas - Hidróxido de magnésio ou de alumínio, bicarbonato de sódio e um sal de cálcio - Acelerar o processo de cicatrização; pouca ação na dor - Posologia incômoda ▪ Efeitos adversos - Sais de magnésio: efeito catártico (diarreia) - Hidróxido de alumínio: constipação - Bicarbonato de sódio e carbonato de cálcio: eructação e alcalose sistêmica (absorção de cátions) - Acomete pacientes com comprometimento renal (aumento do pH sanguíneo) ▪ Interferência na absorção de fármacos 27 Rafaela Pamplona - O aumento do pH gástrico, induzido pelo antiácido, pode alterar o grau de ionização, assim como a dissolução de fármacos que são dependentes de um pH gástrico baixo por exemplo, o cetoconazol que tem sua desintegração e dissolução prejudicadas pelo aumento do pH gástrico. O contrário também pode ser observado, a absorção da amoxicilina é aumentada quando o pH gástrico é elevado Inibidores da Bomba de Prótons ▪ Antisecretores de ácida gástrico mais potentes ▪ Inibidores irreversíveis da bomba H+/K+ ATPase, nas células parietais, que realiza a etapa final da secreção ácida ▪ Dose única diária (95 a 100% de inibição) ▪ Todos os IBPs inibem a secreção ácida independente da natureza da estimulação - Omeprazol (pró-fármaco) de ativação não hepática, sua ativação é na célula parietal, sendo o único pode ser adm IV - Lansoprazol (pró-fármaco) - Pantoprazol - Esomeprazol: maior tempo de ação ▪ Uso clínico - Úlcera péptica, DRGE e prevenção de recidivas - Superiores aos anti-H2 na cicatrização de úlcera induzida por AINES - Aprovado na terapia de combinação da H. pylori ▪ Bioativação do omeprazol - O omeprazol é absorvido no intestino delgado e por ser pró- fármaco necessita de ativação em meio ácido - É acumulado na célula parietal, onde sofre ativação devido a exposição ao enxofre - Ocorre conversão do omeprazol em sulfenamida - A sulfenamida interage de modo covalente com grupos sulfidrila na bomba de prótons, inibindo irreversivelmente a sua atividade - Os outros três inibidores da bomba de prótons sofrem conversões análogas ▪ Efeitos adversos - Bem tolerados: cefaleia, diarreia e dor abdominal - Supressão da barreira ácida contra bactéria - Redução da absorção de vitamina B12 A vitamina B12 necessita do ácido para ser liberado do alimento e consequentemente absorvida - Aumento do risco de fraturas de quadril Redução da absorção de cálcio ou inibição dos osteoblastos - Hipergastrinemia Tumores em animais – efeito tropico, estimula o crescimento celular Os níveis de gastrina são regulados pelo pH gástrico A inibição do ácido aumenta os níveis de gastrina ▪ Clopidogrel X IBP (inibidor enzimático) - O clopidogrel é um pró-fármaco cuja sua ativação depende da mesma isoenzima hepática que os IBP inibe, portanto os IBP podem reduzir a ativação do clopidogrel Protetores da Mucosa ▪ Antisecretores de ácida gástrico - Sucralfato (sal de sacarose) - sucrafilm® Atua como “band-aid” no estômago Sal de açúcar que deve ser misturado a água, ao chegar no estomago – meio ácido, adquire consistência de gel O gel possui afinidade pelo tecido lesionado, depositando-se na lesão, permitindo a cicatrização da lesão Liga-se ao tecido necrótico, protegendo a lesão do acido Estimula a síntese de prostaglandina Necessita de pH ácido para ser ativado → não podendo ser associado aos inibidores de bomba 28 Rafaela Pamplona Posologia:4x ao dia → rapidamente degradado Uso clínico ↳ UTI: prevenção de sangramento do TGI por estresse - Misoprostol → Cytotec® Análogo da prostaglandina E1: papel citoprotetor Prevenção de úlcera por uso de AINES: uso crônico Inibição da secreção gástrica: inibição de AMPc estimulado pela histamina Toxicidade ↳ Diarreia dose-dependente ↳ Efeito estimulante sobre o útero
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