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– º Sistema Vestibular Objetivo 1: Descrever a anatomia do sistema vestibular. • Anatomia do Sistema Vestibular - O sistema vestibular informa sobre a posição e o movimento da cabeça, provendo-nos com o sentido do equilíbrio, além de auxiliar na coordenação dos movimentos da cabeça e dos olhos e nos ajustes da postura corporal. - Enquanto o sistema vestibular opera normalmente, estamos, em geral, desatentos de seu funcionamento. Entretanto, sua função é interrompida, resultam sensações desagradáveis, como sensações “de virar o estômago”, que normalmente associamos a doenças do movimento (ou cinetose): vertigem, náusea e uma sensação de desequilíbrio e movimentos incontroláveis dos olhos. • Labirinto Vestibular - O sistema vestibular, assim como o sistema auditivo, utiliza células ciliadas para traduzir os movimentos. - Nos mamíferos, todas as células ciliadas estão confinadas em conjuntos de câmaras interconectadas, denominadas labirinto vestibular - O labirinto fica no ouvido interno - O labirinto vestibular inclui dois tipos de estruturas com diferentes funções: 1- Os órgãos otolíticos, que detectam a força da gravidade e as inclinações da cabeça 2- Os ductos semicirculares, que são sensíveis à rotação da cabeça. - O propósito básico de cada estrutura é transmitir a energia mecânica, derivada do movimento da cabeça, às células ciliadas. - Cada estrutura é sensível a um tipo diferente de movimento, não devido a diferenças nas células ciliadas, mas pelas estruturas especializadas dentro das quais estão dispostas as células ciliadas. – º - Os órgãos otolítico pareados, denominados sáculo e utrículo, são câmaras relativamente grandes próximas ao centro do labirinto. - Os ductos semicirculares são as três estruturas em forma de arco do labirinto. - Existe um conjunto de órgãos vestibulares de cada lado da cabeça, dispostos como imagens especulares entre si. - Cada célula ciliada dos órgãos vestibulares estabelece uma sinapse excitatória com a terminação de um axônio sensorial do nervo vestibular, um ramo do nervo vestibulococlear (VIII nervo craniano). - Existem aproximadamente 20 mil axônios no nervo vestibular de cada lado da cabeça e seus corpos celulares estão situados no gânglio vestibular de Scarpa. – º • Órgãos Otolóticos - O sáculo e o utrículo detectam mudanças no ângulo da cabeça, como também a aceleração linear dela. - Quando você inclina a cabeça, o ângulo entre os órgãos otolíticos e a direção da força gravitacional mudam. - A aceleração linear também gera força em proporção à massa de um objeto. - As forças decorrentes da aceleração linear são as do tipo que você encontra quando sobe ou desce de elevador ou em um carro, enquanto este arranca ou para. - Cada órgão otolítico contém um epitélio sensorial, chamado de mácula, que está orientado verticalmente dentro do sáculo e horizontalmente dentro do utrículo quando a cabeça está aprumada. - A mácula vestibular contém células ciliadas, que estão dispostas em uma camada constituída de células de sustentação, com seus estereocílios projetando-se para dentro de uma cobertura gelatinosa - Os movimentos são transduzidos pelas células ciliadas na mácula quando os feixes de estereocílios são defletidos. – º – º - Os órgãos otolíticos tem a presença de diminutos cristais de carbonato de cálcio, chamados de otocônias, - As otocônias estão incrustadas na cobertura gelatinosa da mácula, próximas às pontas dos feixes de estereocílios, e são o elemento-chave para a sensibilidade da mácula a inclinações. - Elas possuem uma densidade superior à da endolinfa circundante. - *Quando o ângulo da cabeça muda ou quando a cabeça sofre aceleração, uma força (inércia ao movimento) é exercida sobre as otocônias que, por sua vez, exercem uma força no mesmo sentido sobre a cobertura gelatinosa, movendo-a levemente e inclinando os estereocílios das células ciliadas. - Cada célula ciliada tem um cílio especialmente longo, chamado de cinocílio. - A inclinação dos estereocílios na direção do cinocílio resulta em uma despolarização, o potencial excitatório do receptor. - A inclinação dos estereocílios na direção oposta ao cinocílio resulta em hiperpolarização, inibindo a célula. - A célula é especializada seletivamente à direção dos estereocílios. Se os estereocílios forem inclinados perpendiculares à direção preferencial, eles respondem fracamente. - A cabeça pode se inclinar e se movimentar em qualquer direção, mas as células ciliadas do utrículo e do sáculo estão orientadas para detectar efetivamente todas as direções. - A mácula do sáculo está orientada mais ou menos verticalmente, ao passo que a mácula do utrículo está em orientação horizontal - O conjunto sáculo e utrículo de um lado da cabeça é uma imagem especular do conjunto do outro lado, de modo que, quando um determinado movimento da cabeça excita as células ciliadas de um lado, ele tende a inibir as células ciliadas na localização correspondente do outro lado. - Assim, qualquer inclinação ou aceleração da cabeça excita algumas células ciliadas, inibe outras e não exerce efeito algum sobre as demais. Por meio da utilização simultânea da informação codificada pela população total de células ciliadas otolíticas, o sistema nervoso central pode interpretar todos os possíveis movimentos lineares de forma inequívoca. – º • Ductos Semicirculares - Os ductos semicirculares detectam movimentos de rotação da cabeça, como sacudi-la de um lado para o outro ou no movimento de assentir, inclinando a sua cabeça para cima ou para baixo. - Os ductos semicirculares detectam a aceleração, mas de uma forma diferente. – º - A aceleração angular é gerada por movimentos rotacionais repentinos e constitui-se no estímulo primário para os ductos semicirculares. - As células ciliadas dos ductos semicirculares estão agrupadas em uma camada de células, a crista, localizada dentro de uma protuberância do ducto, chamada de ampola - Os estereocílios projetam-se para dentro da cúpula gelatinosa, a qual se estende no lúmen da ampola. - Todas as células ciliadas na ampola possuem seus cinocílios orientados no mesmo sentido, indicando que todas as células ficam excitadas ou inibidas conjuntamente. - Os ductos semicirculares são preenchidos com endolinfa, o mesmo fluido que preenche a escala média da cóclea. - Quando o ducto sofre uma repentina rotação, os estereocílios se inclinam - *A medida que a parede do ducto e a cúpula começam a girar, a endolinfa tende a se atrasar em relação ao movimento, devido à inércia. - O movimento mais lento da endolinfa exerce uma força sobre a cúpula. - Essa força encurva a cúpula, que inclina os estereocílios, os quais, por sua vez (dependendo da direção da rotação), podem excitar ou inibir a liberação de neurotransmissor das células ciliadas para as terminações axonais do nervo vestibular. - Se a rotação da cabeça for mantida em velocidade constante, a fricção da endolinfa nas paredes do ducto determinará que os dois se movam juntos, o que reduz, até cessar, o encurvamento da cúpula após 15 a 30 segundos. - Esse tipo de rotação prolongada da cabeça não é uma situação à qual que você se exponha muito frequentemente, a menos que aprecie certos brinquedos de parques de diversões. - Quando a rotação da cabeça (e de seus ductos) finalmente cessa, a inércia da endolinfa provoca a inclinação da cúpula no sentido oposto, gerando uma resposta oposta das células ciliadas e uma sensação temporária de rotação no sentido contrário. - Esse mecanismo explica por que você se sente tonto e desequilibrado sempre que, para de repente de girar seu corpocomo um pião – seus ductos semicirculares estavam enviando a mensagem de que seu corpo ainda estava girando, agora na direção oposta. - Juntos, os três ductos semicirculares de cada lado da cabeça auxiliam na sensação de todos os ângulos possíveis de rotação. Isso é assegurado porque cada ducto faz par com outro de mesma orientação do lado oposto da cabeça – º - Enquanto a rotação excita as células ciliadas de um ducto, ela inibe as células ciliadas do ducto correspondente contralateral. - Esse sistema de “liga-desliga” – cada rotação causa uma excitação de um lado e uma inibição do outro otimiza a habilidade do encéfalo de detectar movimentos rotacionais. Objetivo 2: Explicar a neurofisiologia e conexões do sistema vestibular. • Fisiologia da Orelha Interna - A orelha interna é composta pelos labirintos anterior e posterior - O labirinto anterior ou cóclea é responsável pela audição, enquanto o labirinto posterior ou vestíbulo é responsável pelo equilíbrio. - O labirinto posterior é composto por: sáculo, utrículo, canais semicirculares e suas respectivas ampolas. - O sáculo e o utrículo possuem células ciliadas sensitivas que se localizam nas máculas e são envoltas pela membrana otolítica (onde se encontram os otólitos). - As células ciliadas possuem dois tipos diferentes de cílios, os estereocílios (curtos) e os cinocílios (mais longos). - O sáculo e o utrículo são responsáveis pela percepção de movimentos lineares da cabeça, porque durante este tipo de movimento, a membrana otolítica sofre uma deflexão, provocando a movimentação dos estereocílios em direção ao cinocílio (figura 2), o que culmina na despolarização da célula ciliada sensitiva. – º - Há três canais semicirculares (CSCs): 1) anterior ou superior; 2) posterior ou inferior 3) lateral ou horizontal. - O CSC lateral é sensível à movimentação da cabeça em rotação horizontal. - Já os CSCs verticais (superior e inferior) são sensíveis à movimentação da cabeça em rotação para cima e para baixo. – º - Os canais semicirculares têm nas suas extremidades uma região mais dilatada denominada ampola, que possui a crista ampular, região com células ciliadas com função sensitiva. - Os cílios destas células são cobertos pela cúpula, uma massa gelatinosa. Durante a rotação da cabeça, há uma deflexão da cúpula e a despolarização das células ciliadas. - O primeiro neurônio da via vestibular está localizado no gânglio vestibular ou de Scarpa. - Há duas divisões do nervo: a inferior (que parte do sáculo e do canal semicircular inferior) e a superior (que parte do utrículo e dos canais semicirculares lateral e superior). • Vias Vestibulares e Reflexos Vestibulares - *As vias vestibulares centrais coordenam e integram as informações sobre os movimentos da cabeça e do corpo e as utilizam para controlar a eferência dos neurônios motores que ajustam a posição da cabeça, dos olhos e do corpo. - *Os axônios vestibulares primários do VIII nervo craniano fazem conexões diretas com os núcleos vestibulares lateral e medial, no mesmo lado do tronco encefálico, bem como com o cerebelo. - Os núcleos vestibulares também recebem aferências de outras partes do encéfalo, incluindo do cerebelo e dos sistemas sensoriais somático e visual, combinando, desse modo, a informação vestibular aferente com os dados sobre o sistema motor e de outras modalidades sensoriais. - Os núcleos vestibulares, por sua vez, projetam-se para vários alvos rostrais a eles, no tronco encefálico, e caudais, para a medula espinhal. – º - *Por exemplo, os axônios dos órgãos otolíticos projetam-se para o núcleo vestibular lateral, o qual se projeta, então, via tracto vestibulospinal, aos neurônios motores espinhais que controlam os músculos das pernas, auxiliando na manutenção da postura - *Essa via auxilia na manutenção da postura ereta corporal, mesmo no convés de um barco que balança. - *Os axônios dos ductos semicirculares projetam-se ao núcleo vestibular medial, o qual envia axônios pelo fascículo longitudinal medial para excitar os neurônios motores dos músculos do tronco e do pescoço que orientam a cabeça. - *Essa via auxilia na orientação da cabeça, mesmo quando o corpo esteja dando pinotes. - *De maneira similar aos demais sistemas sensoriais, o sistema vestibular faz conexões com o tálamo e, então, com o neocórtex. - *Os núcleos vestibulares enviam axônios ao núcleo ventral posterior (VP) do tálamo, o qual se projeta para regiões próximas à representação da face, no córtex somatossensorial primário e na área cortical motora primária. -*A nível cortical, ocorre considerável integração cortical das informações sobre os movimentos corporais, dos olhos e do campo visual. - É provável que o córtex mantenha continuamente uma representação da posição e da orientação do corpo no espaço, o que é essencial para a nossa percepção de equilíbrio e para o planejamento e a execução de movimentos complexos e coordenados • Reflexo Vestíbulo-Ocular (RVO) – º - *Uma função muito importante do sistema vestibular central é manter os seus olhos orientados para uma determinada direção, mesmo enquanto você estiver dançando freneticamente. - Isso é realizado pelo reflexo vestíbulo-ocular (RVO). - *Cada olho pode ser movido por um conjunto de seis músculos extrínsecos dos olhos. O RVO opera pela sensação das rotações da cabeça e, imediatamente, comanda um movimento compensatório dos olhos na direção oposta. - O movimento ajuda a manter a sua linha de visão fixa em um alvo visual. - Como o RVO é um reflexo disparado pela aferência vestibular, mais do que pela aferência visual, ele opera surpreendentemente bem, até mesmo no escuro ou quando os olhos estão fechados. - O RVO, é responsável por estabilizar as imagens em movimento vistas pelos olhos. - *O funcionamento do RVO depende de conexões complexas dos ductos semicirculares com o núcleo vestibular e deste aos núcleos dos nervos cranianos oculomotor e abducente que excitam os músculos extrínsecos oculares. - A Figura 11.34, que mostra apenas a metade do componente horizontal desse circuito, ilustra o que acontece quando a cabeça gira à esquerda e o RVO induz os dois olhos a virarem à direita. - Os axônios do ducto semicircular horizontal esquerdo inervam o núcleo vestibular esquerdo, o qual envia axônios excitatórios ao núcleo do VI nervo craniano (núcleo abducente) contralateral (lado direito). - Os axônios motores do núcleo abducente, por sua vez, excitam o músculo reto lateral do olho direito. - Outra projeção excitatória do abducente cruza a linha sagital mediana, de volta para o lado esquerdo, e ascende (via fascículo longitudinal medial) para excitar o núcleo do III nervo craniano (núcleo do nervo oculomotor), o qual excita o músculo reto medial do olho esquerdo. - Com a missão cumprida, assim parece: ambos os olhos são puxados para a direita. - Para obter resposta a rotações da cabeça em qualquer direção, o circuito RVO completo inclui conexões similares entre o ducto horizontal direito, os outros ductos semicirculares e os outros músculos extrínsecos oculares que controlam os movimentos oculares. – º Objetivo 3: Descrever as patologias associadas ao sistema vestibular. - O sistema vestibular pode ser lesado de várias maneiras; por exemplo, altas doses de antibióticos, como a estreptomicina, podem ser tóxicas às células ciliadas. - As pessoas com lesões bilaterais dos labirintos vestibulares mostram enorme dificuldade para fixar a visão nos alvos em movimento. - Quando as pessoas com distúrbios vestibulares não podem estabilizar uma imagem sobre a retina em movimento, elas podem ter a sensação desconcertantede que o mundo está constantemente se movendo à sua volta. Essa sensação pode resultar em dificuldades para caminhar e se manter em pé. – º - Ajustes compensatórios podem ser desenvolvidos com o tempo, à medida que o sistema nervoso aprende a substituir as informações vestibulares por mais sinalizações visuais e proprioceptivas para ajudar nos movimentos precisos e suaves • Vertigem e Nistagmo - A vertigem e o nistagmo são os sintomas vestibulares mais comuns e estão presentes na maior parte das vestibulopatias. - A vertigem é a sensação de rotação, seja do ambiente ou do próprio corpo, decorrente de um desequilíbrio ou assimetria do tônus entre os vestíbulos direito e esquerdo. - O nistagmo, por sua vez, é o movimento involuntário e repetitivo do globo ocular, sendo a manifestação clínica da assimetria de tônus entre os músculos da musculatura ocular extrínseca, que é mantido pelo sistema vestibular. - O nistagmo pode ser horizontal, vertical ou rotatório, mas pode apresentar dois componentes, sendo, por exemplo, horizonto-rotatório. - O nistagmo periférico geralmente tem sentido único, sendo horizonto-rotatório ou horizontal e sofre um efeito inibidor pela fixação ocular, ou seja, reduz sua intensidade com a fixação ocular. Além disso, ele tem uma fase lenta (de origem labiríntica) e uma fase rápida (de origem central, no tronco encefálico) e geralmente está acompanhado de vertigem intensa e sintomas neurovegetativos como náuseas. - A pesquisa do nistagmo pode ser: – º • Espontânea, apenas observando o paciente em posição neutra e olhando para frente; • Semiespontânea, observando o paciente enquanto ele olha 30º para direita, para esquerda, para cima e para baixo. - É essencial que pacientes com vertigem ou nistagmo tenham seu equilíbrio avaliado. - O equilíbrio estático pode ser avaliado por meio do teste de Romberg, - Quando o paciente tem uma lesão periférica (do labirinto) ele tende a cair para o lado do labirinto comprometido. - No caso de lesões centrais, a tendência é que a queda ocorra para frente ou para trás. - Já o equilíbrio dinâmico é avaliado por meio da observação da marcha do paciente em linha reta. - A marcha atáxica ou espástica indica alguma lesão central, enquanto desvios da linha reta indicam alguma lesão vestibular. • Vertigem Postural Paroxística Benigna (VPPB) - São crises vertiginosas intensas durando poucos segundos, relacionadas com certos movimentos da cabeça, como olhar para cima ou virar-se rapidamente. - A etiologia pode estar associada ao trauma craniano, neuronite vestibular, pós- estapectomia, vestibulopatia recorrente, Ménière ou infecções. - Mais comum acometer pessoas entre 40 e 60 anos. ⇝ Fisiopatologia – º - A mudança da posição da cabeça provoca o deslocamento anormal dos otólitos e ocasiona uma vertigem rápida com duração de segundos associada a um nistagmo posicional paroxístico característico. - Pode ter 2 subtipos: 1- Canalitíase, o mais comum, que ocorre quando o otólito que se desprendeu ficou solto e boiando na endolinfa do canal semicircular; 2- Cupulolitíase, em que tem a degeneração do utrículo, levando à liberação de otocônias (cristais de carbonato de cálcio) que irão se alojar na crista ampular do ducto semicircular posterior interferindo na fisiologia normal das estruturas ali existentes. -O canal semicircular posterior é o mais acometido, sendo responsável por mais de 70% dos casos, porque tem posição mais inferior, tanto em ortostase quanto em posição supina. 20% ocorre no CSC lateral e cerca de 6% CSC no CSC superior. ⇝ Quadro Clínico - Vertigem precipitada por movimentos da cabeça, acompanhado de nistagmo. - O nistagmo inicia-se após um período de latência de alguns segundos, intensifica-se e gradualmente melhora em cerca de 20 a 30 segundos. - É rotacional, com fase rápida batendo em direção à orelha estimulada, podendo estar acompanhado de uma componente vertical (se CNS posterior envolvido) ou horizontal (se CNS lateral envolvido). - Não há sintomas auditivos (hipoacusia, zumbidos, plenitude aural). ⇝ Diagnóstico - O diagnóstico é clínico e realizado através de manobras. O teste mais conhecido é o de Dix- Hallpike: • Paciente sentado, com a cabeça rotacionada 30º para a direita; • Deita-se em decúbito dorsal com a cabeça para fora da maca, mantendo assim a cabeça em extensão e rotação lateral a 30o; • Para o diagnóstico deve-se identificar, dentro de alguns segundos, o nistagmo, que pode ser rotatório e vertical para cima (CSC posterior), vertical para baixo (CSC superior, mas também pode ter origem central) ou horizontal (CSC lateral). – º - Se positivo, o paciente apresentará vertigem e nistagmo com as características supracitadas >> Indica VPPB - Diz-se que a VPPB é subjetiva quando o paciente apresenta vertigem durante a manobra, sem que se observe o nistagmo. Ainda assim, está indicado o tratamento que também é realizado através de manobras – eficácia superior a 70%. ⇝ Tratamento - O tratamento é feito pela manobra de Epley, que visa o reposicionamento dos otólitos: - A partir da última posição da manobra de Dix-Hillpike, vira-se a cabeça do paciente para o lado contralateral (mantendo angulação de 30o) por cerca de 30 a 60 segundos • O paciente vira-se para decúbito lateral, mantendo a rotação da cabeça, e permanece nesta posição por 30 a 60 segundos. • O paciente é levantado e mantido sentado na maca, ainda com a rotação da cabeça em 30o para a esquerda, por mais 30 a 60 segundos. - As manobras podem ser acompanhadas por complicações como: sintomas neurovegetativos (náuseas, sudorese), migração para canal semicircular lateral e canalith jam (bloqueio canalicular). – º • Neurite Vestibular - A neurite vestibular é a inflamação do nervo vestibular, sendo a divisão superior a mais acometida. - Comumente, relata-se uma infecção de vias aéreas superiores (IVAS) recente. - A vertigem é moderada a severa, de início súbito e sem sintomas auditivos (hipoacusia e zumbidos). ⇝ Diagnóstico - O diagnóstico é feito pela observação do nistagmo, que pode ser espontâneo, semiespontâneo ou após a manobra de head-shake, que consiste em virar a cabeça do paciente de um lado para outro várias vezes, por 10 a 20 segundos. - Sendo neurite vestibular, o nistagmo é horizontal e se direciona para o lado sadio. - Já o nistagmo de origem central tende a ser prolongado, vertical (após a estimulação no plano horizontal) e desconjugado (diferente) entre os 2 olhos. - Ademais, para diferenciar lesões periféricas e centrais, preconiza-se a realização da bateria HINTS (Head Impulse test, Nistagmo Típico e Skewdeviation): • Head Impulse test ou teste do impulso encefálico – virar cabeça para esquerda e para direita (nesta ordem) por algumas vezes enquanto o paciente mantém o olhar fixo entre os olhos do examinador. - O teste é positivo é constatado através da presença de sacadas (movimento compensatório dos olhos que o paciente é obrigado a fazer para manter o olhar fixo) e denota reflexo vestíbulo- ocular defasado em relação à movimentação da cabeça, ou seja, uma lesão vestibular ipsilateral ao lado testado. • Nistagmo Típico (central ou periférico) – como supracitado • Skew deviation – Oclusão alternada de cada um dos olhos do paciente. Em lesões centrais, um globo ocular fica mais baixo que o outro (estrabismo vertical). - Se qualquer um dos itens da bateria HINTS não assume padrão periférico é necessário complementar a investigação com exames de imagem (como a tomografia computadorizada), buscando possíveis causas centrais (ataque isquêmico transitório – AIT – ou acidente vascular cerebral - AVC).• Migrânea Vestibular – º - Cefaleia migrânea que se segue por vertigem. - Acomete principalmente mulheres ⇝ Fisiopatologia - A depressão alastrante do sistema nervoso central (SNC) ocasiona o vasoespasmo da artéria auditiva interna, o que compromete a irrigação do labirinto e desencadeia os sintomas labirínticos. ⇝ Quadro Clínico - Pacientes com migrânea vestibular costumam cursar com cefaleia, vertigem, desequilíbrio e sensação de “cabeça vazia”. - A cefaleia é caracteristicamente migrânea: unilateral, pulsátil, com fotofobia e fonofobia. A coincidência entre cefaleia e vertigem ocorre em apenas 25 a 50% dos casos. - Há também a apresentação de sintomas auditivos: hipoacusia, zumbidos e plenitude aural. - Geralmente, a audiometria é normal na migrânea vestibular, o que possibilita o diagnóstico diferencial com Ménière. • Síndrome de Meniere - Ménière é uma patologia que decorre de uma hidropsia endolinfática, que causa hipertensão no labirinto, sobretudo no ducto coclear e no sáculo. - Quando idiopática, denomina-se doença de Ménière, e quando é secundária, síndrome de Ménière. A síndrome de Meniére pode ser causada por: • Infecções virais ou por sífilis; Doenças autoimunes; Doenças metabólicas ou hormonais. ⇝ Quadro Clínico - Os 4 sintomas clássicos da Ménière são: • Vertigem episódica (3 a 4 horas); • Perda auditiva progressiva ou flutuante; • Zumbido; – º • Plenitude aural; - A maioria dos casos é unilateral, mas 30% dos casos apresenta-se de forma bilateral. Na audiometria observa-se uma perda auditiva neurossensorial inicialmente em frequências graves (baixas). ⇝ Diagnóstico De acordo com os critérios diagnósticos, Ménière pode ser definida ou provável. - Ménière definida: • 2 ou mais episódios de vertigem (de 20 minutos a 12 horas); • Perda auditiva neurossensorial em frequências graves a médias na orelha afetada (audiometria) em pelo menos uma ocasião; • Sintomas auditivos flutuantes, como zumbido e plenitude aural; • Nenhum outro diagnóstico que justifique tais sintomas. - Ménière provável: • 2 ou mais episódios de vertigem (de 20 minutos a 24 horas); • Sintomas auditivos flutuantes, como zumbido e plenitude aural; • Nenhum outro diagnóstico que justifique tais sintomas. • Cinetose - A cinetose é uma síndrome que envolve náuseas, vômitos, sialorreia, sudorese e palidez, desencadeada quando se está em movimento (viagens de carro ou embarcação, por exemplo). - Acomete qualquer idade, sendo mais comum entre mulheres. - É decorrente da estimulação excessiva do sistema vestibular e também do conflito entre os sistemas responsáveis pela manutenção do equilíbrio: vestibular, visual e proprioceptivo. • Labirintopatias Metabólicas \ Hormonais - Disfunções metabólicas ou hormonais que levam à alteração do potencial endococlear, já que a composição da endolinfa é afetada principalmente por alterações nas concentrações de Na+ e K+. – º - É mais comum em mulheres a partir da 3a década. - A queixa mais comum é a vertigem, sendo cíclica, mas o paciente pode referir também “cabeça vazia” e zumbidos. - Entre as alterações metabólicas e hormonais se encontram: • Hipoglicemias, hiperglicemias, hiperinsulinemia, resistência periférica a insulina, que interferem na bomba sódio-potássio-ATPase existente na estria vascular. • Hipo ou hipertireoidismo: Causam lesão direta das células ciliadas e alterações hemodinâmicas (vasculares), assim como bioquímicas (perfil lipídico). • Alterações ovarianas: Podem ocorrer em todas as fases de vida da mulher (ciclo menstrual, gestação, climatério) e causam hidropsia endolinfática secundária, com os seguintes sintomas: vertigem, cefaleia e compulsão por doces. – º Objetivo 4: Diferenciar a síndrome vestibular periférica da central. • Síndrome Vestibular Central - Lesão nos núcleos vestibulares ou de suas conexões com o SNC (Tratos) estruturas *O sistema vestibular faz conexões com o cerebelo, com os núcleos dos nervos oculomotor e abducente (que controlam a motricidade ocular), a medula espinhal e o córtex cerebral. *As conexões vestíbulo-oculares são responsáveis pela coordenação dos movimentos oculares durante a movimentação da cabeça, enquanto o trato vestíbulo-espinhal auxilia na manutenção da postura ereta. As conexões cerebelares modulam essas atividades ⇝ Quadro Clínico - As vertigens são de menor intensidade, entretanto são mais contínuas - O nistagmo pode ser múltiplo (Ex: Horizonto-Rotatório) e unilateral - A direção do desvio na prova do índex e na prova de Romberg é variável - É incompleta: Não apresenta alterações auditivas (surdez, zumbido), porque não vai afetar a cóclea - Síndrome Incompleta: Por não apresentar alterações auditivas – º - É desarmônica: O nistagmo vai ser unilateral e múltiplo (desvio de acordo com a direção0 - O nistagmo pode ser horizontal, rotatório ou vertical - O nistagmo pode ser espontâneo e posicional - Associados a sintomas e sinais de lesão de estruturas vizinhas do tronco encefálico - Pode acometer os pares de nervos V, VI, VII, IX, X, XII - O paciente sempre vai apresentar uma instabilidade, sendo ela intensa, a modo que o paciente não consegue se manter de pé ou caminhar durante a fase aguda - O paciente vai apresentar déficit proprioceptivo - O paciente vai ter alteração na marcha - Pode apresentar: Ataxia Assimétrica, Hipermetria Ipislateral, Hemiparesia Ipislateral, Ataxia Cerebelar, Tetraparesia - No teste de desequilíbrio não altera com os olhos fechados - Oscilações para frente e para trás - Pode ter a presença de disartria - Geralmente a ataxia de membros está presente ⇝ Causas - Vasculares, Tumores, Drogas, Doenças Infecciosas, Trauma • Síndrome Vestibular Periférica - Acomete o sistema vestibular periférico (lesão nos receptores, labirintos ou dos nervos) - Canais semicirculares, utrículo, sáculo, nervo vestibular - Crises de vertigem - Nistagmo – º - O nistagmo é encontrado na fase lenta para o lado da lesão - O nistagmo é horizontal ou rotatório e espontâneo - Alteração do equilíbrio - No teste de Romberg tem desvio lateral da cabeça e do corpo para o lado da lesão - Desvio do índex - Alteração na marcha (Ataxia Assimétrica) - Não apresenta déficit proprioceptivo - Síndrome Completa: Tem todas as alterações clínicas de uma alteração vestibular (zumbido, surdez) - Síndrome Harmônica: Nistagmo em ambos os lados - Não apresenta disartria - Não apresenta ataxia de membros - O paciente consegue caminhar, apesar do desequilíbrio, diferentemente da central, que nem isso os pacientes conseguem - Equilíbrio piora com os olhos fechados, entretanto consegue ficar com os pés juntos com os olhos abertos - No teste do equilíbrio apresenta oscilações laterais - Pode acomete o VII par de nervo - Pode apresentar Síndrome de Horner Síndromes: Labirintopatias, Neurites, VPPB Objetivo 5: Diferenciar os tipos de nistagmos. - O nistagmo é reflexo do sistema vestibular sobre a movimentação ocular. – º - Traz dois componentes: lento, tem origem em fibras que atravessam o fascículo longitudinal medial e a formação reticular; rápido, com origem na formação reticular. 1- Causas Periféricas: - Geralmente cursam com nistagmos que cedem em 24-48h e com crises que duram cerca de horas, fatigáveis com a fixação do olhar e que não mudam de sentido com a fixação do olhar para o lado. 2- Causas Centrais: - A vertigem, o nistagmo, a náusea e os vômitos são mais pronunciados nas lesões centrais. - Contudo,uma observação frequente é nistagmo pronunciado sem vertigem em grau correspondente, o que não ocorre com doenças periféricas. - O nistagmo de causa central pode ser uni ou bidirecional, puramente horizontal, vertical ou rotatório, e caracteristicamente piora com fixação visual, geralmente dura minutos (quando associado a ataques). • Nistagmo Vestibular - Causado por lesões ou desordens do sistema vestibular (a parte do ouvido interno que regula o equilíbrio e o movimento dos olhos) - Pode ser periférico ou central • Nistagmo espontâneo - A fase lenta do nistagmo vestibular espontâneo geralmente ocorre na direção da lesão e a fase rápida, em direção oposta porque a lesão vestibular aguda costuma causar hipoatividade do labirinto. – º - Os achados são semelhantes aos produzidos por irrigação da orelha com água gelada e ocorrem porque o labirinto normal empurra os olhos na direção do lado acometido e o córtex provoca uma sacada corretiva que se afasta do lado anormal. - Em razão da influência dos três diferentes canais semicirculares, a fase rápida do nistagmo vestibular pode ocorrer em mais de uma direção e sua soma cria um componente rotatório misto raramente observado em outros distúrbios. - Quando está presente apenas no olhar na direção da fase rápida, o nistagmo é denominado de primeiro grau. - O nistagmo de segundo grau está presente no olhar primário. - O nistagmo de terceiro grau (componente rápido em sentido oposto ao do olhar) raramente ocorre em qualquer outro tipo de nistagmo. - Vertigem, surdez e zumbido também ajudam a caracterizar o nistagmo como vestibular. - Ao avaliar o nistagmo, a presença de um componente de torção sugere origem periférica. A amplitude aumenta com o olhar na direção da fase rápida. - O nistagmo vestibular periférico (causado por doença do labirinto ou do oitavo nervo) é intensamente inibido por fixação visual. - Vídeo que mostra o nistagmo vestibular: http://www.youtube.com/watch?v=mghGeKkNBzQ. - A incapacidade da fixação visual de inibir o nistagmo sugere que este possa ter origem central, geralmente uma lesão cerebelar ou do tronco encefálico. - O nistagmo espontâneo por lesão central pode ser puramente horizontal ou vertical. - Não há nistagmo em indivíduos normais, mas pacientes com desequilíbrio vestibular podem ter nistagmo espontâneo de curta duração com fase rápida em sentido oposto ao do lado anormal. • Nistagmo posicional - Quando o nistagmo não é espontâneo, é possível provocá-lo colocando-se a cabeça do paciente em posição específica. - Para fazer a manobra de Dix-Hallpike (Hallpike ou Nylen-Barany), passa-se o paciente da posição sentada para o decúbito dorsal com a cabeça estendida 45° e girada 45° para um lado, de modo que a orelha fique em posição inferior. O paciente é recolocado em posição sentada e a manobra é repetida na direção oposta. - Os sintomas devem surgir quando a orelha afetada está em posição inferior. - Tipo de nistagmo posicional: http://www.youtube.com/results?search_query=33753387&aq=f. http://www.youtube.com/watch?v=mghGeKkNBzQ http://www.youtube.com/results?search_query=33753387&aq=f – º - Caso ocorra vertigem ou nistagmo, o paciente é mantido na posição que provocou os sintomas até que estes cessem, depois o movimento é repetido para verificar se há recorrência. - Na VPPB, o nistagmo surge após latência de aproximadamente 3 a 10 s, às vezes de até 40 s; persiste por 20 a 30 s, raramente por até 1 min e diminui aos poucos (fadiga ou habituação) depois de cerca de 30 s ainda que a cabeça continue na posição provocadora. - Na maioria das vezes, esse tipo de nistagmo posicional é causado por doença vestibular periférica. - Embora rara, a vertigem posicional pode ocorrer quando há lesão central, sobretudo perto do quarto ventrículo, mas as características do nistagmo são diferentes. - Na lesão central, pode não haver latência, e muitas vezes o nistagmo surge assim que a cabeça é posta na posição provocadora. - O nistagmo posicional central típico é vertical (com fase rápida para cima ou para baixo), sem o componente rotatório observado nas lesões periféricas. - Nas lesões centrais, pode haver desequilíbrio na intensidade do nistagmo, da vertigem e de náuseas, ao contrário das lesões periféricas nas quais o nistagmo, a vertigem e as náuseas geralmente têm intensidades comparáveis. - O nistagmo posicional pode ser dividido em um tipo paroxístico, que é fugaz, fatigável, muitas vezes difícil de reproduzir e associado a vertigem acentuada - E um tipo estático, sem fadiga, que persiste enquanto a cabeça é mantida na posição de provocação, muitas vezes com pequena vertigem associada. - O tipo estático pode ocorrer nas lesões vestibulares centrais ou periféricas, mas a ausência de supressão visual aumenta a probabilidade de lesão central. • Nistagmo optocinético (opticocinético, optomotor) - O nistagmo optocinético (NOC) é um fenômeno fisiológico normal, às vezes afetado por doenças. - É o nistagmo conjugado induzido por uma sucessão de estímulos visuais móveis. - O NOC ocorre sempre que os olhos são obrigados a acompanhar uma série de objetos que passam rapidamente, como postes telefônicos observados da janela de um carro ou trem em movimento. - A avaliação clínica é feita movendo-se um alvo listrado, um tambor giratório ou uma fita de tecido com listras ou quadrados, diante do paciente e solicitando-se que ele “conte” as listras do tambor ou as listras ou os quadrados da fita – º - A fita típica de avaliação de NOC é branca, mede 90 cm, tem uma série de quadrados vermelhos de 5 cm de lado a intervalos de 5 cm e é movimentada no campo de visão do paciente. - Em indivíduos alertas normais, um estímulo de NOC induz nistagmo súbito com a fase rápida em sentido oposto ao movimento da fita. - A resposta é intensificada se o indivíduo olhar na direção da fase rápida. - Comparam-se as respostas nos dois sentidos. Objetivo 6: Explicar as manobras de de Dix-Hallpike, Epley, e a prova calórica. - Com o paciente sentado na mesa de exame olhando para frente com os olhos abertos, médico roda a cabeça do paciente 45º para a direita - Em seguida, o médico segura a cabeça do paciente enquanto deita o paciente rapidamente em posição supina, terminando com a cabeça pendente em ângulo de 20º em relação a mesa - O paciente permanece nessa posição por 30 segundos - Em seguida o paciente retorna a posição inicial e é observado por mais 30 segundos - A manobra é repetida dessa vez rodando a cabeça do doente para o lado esquerdo - O teste é positivo quando qualquer uma dessas manobras induz a vertigem com o seu nistagmo - Essa manobra é considerada padrão ouro para diagnóstica VPPB - Quando, na realização da manobra de Dix-Hallpike, surge nistagmo vertical sem componente rotatório e que persiste por mais de 30-40 segundos ou enquanto a cabeça do paciente é mantida na posição provocadora, levanta-se suspeita de uma lesão central – º (vertigem paroxística posicional central). • Manobra de Epley - A partir da última posição da manobra de Dix-Hillpike (deitado com a cabeça rotacionada para a direita), vira-se a cabeça do paciente para o lado contralateral (lado esquerdo), mantendo angulação de 30º por cerca de 30 a 60 segundos • O paciente vira-se para decúbito lateral, mantendo a rotação da cabeça, e permanece nesta posição por 30 a 60 segundos. • O paciente é levantado e mantido sentado na maca, ainda com a rotação da cabeça em 30o para a esquerda, por mais 30 a 60 segundos. - As manobras podem ser acompanhadas por complicações como: sintomas neurovegetativos (náuseas, sudorese), migração para canal semicircular laterale canalith jam (bloqueio canalicular). - Esta manobra é usada para tratar vertigem posicional paroxística benigna retornando os otólitos deslocados do canal semicircular posterior para o utrículo. Se a vertigem ocorrer durante qualquer uma das posições, essa posição é mantida até que a vertigem cesse. • Prova Calórica – º - Objetivo: A prova calórica possibilita a avaliação funcional de cada labirinto separadamente e, desta forma, permite comparar as respostas entre os labirintos direito e esquerdo. - A inspeção do meato acústico externo deve preceder a estimulação calórica, a fim de se conhecer a anatomia do meato e verificar a presença de possível cerúmen. - Quando presente, o cerúmen deve ser removido para permitir a entrada adequada do fluxo de ar ou água durante a irrigação. - A prova calórica é realizada com o indivíduo na posição supina com a cabeça inclinada 30° para frente ou com o paciente sentado, com a cabeça inclinada 60° para trás. - Nesta posição, os 18 canais semicirculares laterais ficam posicionados no plano vertical possibilitando melhor estimulação calórica. - A estimulação calórica deve ser realizada com os olhos fechados (OF), ou olhos abertos e escuridão total. - Deve-se evitar a luminosidade na sala de exame durante a prova, pois o potencial córneo- retinal é sensível à luz, que pode alterar a amplitude do nistagmo. - O tipo de estimulação frequentemente utilizado na prova calórica é a estimulação calórica bitérmica. A prova calórica pode ser realizada tanto com água quanto com ar. - No Brasil, são utilizados estimuladores a ar com temperaturas de 42°C e 18°C ou 42°C e 20°C. - Na ausência de nistagmo pós-calórico às temperaturas usuais, estímulos gelados devem ser utilizados, como por exemplo, 18°C, 12°C, 10°C e 0°C. - O paciente deve ser orientado a permanecer de olhos fechados durante e logo após a estimulação, para o registro do nistagmo pós-calórico. - A abertura dos olhos, com a fixação de um ponto a frente do paciente, deve ocorrer apenas mediante solicitação do examinador. Fisiológico é: - As irrigações com água ou ar às temperaturas quentes desvio do olhar para o lado oposto da orelha estimulada - Nessa prova avalia – º - As estimulações com temperaturas frias geram desvio do olhar para o mesmo lado da orelha estimulada - São consideradas alterações quantitativas do nistagmo pós-calórico: hiporreflexia, hiper- reflexia e a arreflexia. Hiporreflexia é uma redução anormal do nistagmo pós-calórico; hiperreflexia é um aumento exacerbado do nistagmo pós-calórico e a arreflexia é a ausência de nistagmo pós-calórico às temperaturas convencionais e geladas. - Na presença de respostas intensas (hiper-reflexia) ou respostas muito reduzidas (hiporreflexia) na primeira estimulação ou em uma única estimulação, a pesquisa do nistagmo pós- calórico, nesta irrigação, deve ser repetida para a confirmação do achado. - Nistagmo pervertido: É a presença do nistagmo pós-calórico do tipo vertical ao invés do nistagmo horizontal ou horizonto-rotatório. É um sinal raro. Se estiver presente nas quatro estimulações calóricas, indica lesão central. - Nistagmo invertido: É um nistagmo que aparece na direção oposta à fisiologicamente esperada. Por exemplo: durante a prova calórica quente da orelha direita se espera um nistagmo com direção para o lado da orelha estimulada, ou seja, nistagmo para a direita. - Caso o nistagmo ocorra para a esquerda, coloca-se a cabeça do paciente 120º para baixo (Manobra V de Brunnings) e se a direção do nistagmo for invertida para a direita, este deve ser considerado como nistagmo invertido. O nistagmo invertido deve ocorrer nas quatro estimulações e é um sinal central raro. - O método de escolha para a exploração da motricidade ocular extrínseca no paciente em coma é a estimulação calórica do labirinto. Objetivo 7: Descrever o Hints to infarct - HINTS é a sigla em inglês para teste de impulso horizontal da cabeça (head horizontal impulse test), nistagmo periférico típico (nystagmus) e ausência de desvio skew (test for skew deviation) com audição normal. - Este teste realizado em três etapas é muito útil na diferenciação entre lesões periférica e central em um contexto de síndrome vestibular aguda. - Quando o head impulse test (HIT) é anormal (padrão periférico), o nistagmo tem características periféricas típicas (unidirecional ), e não há nem desalinhamento vertical dos olhos e tem perda auditiva, a bateria HINTS plus indica lesão periférica - Se qualquer um dos itens da bateria não assumir padrão periférico, isto implica em complementação da investigação para causas centrais. – º - HINTS to INFARCT ou literalmente do inglês “dicas para infarto” é uma ferramenta do exame físico em que INFARCT é sigla para impulso normal, alternância de fases rápidas do nistagmo (fast-phase alternating) equivalente a mudanças de direção e refixação no covertest. - A correta aplicação destas etapas semiológicas permite 100% de sensibilidade e 96% de especificidade em identificar AVC em pacientes com vertigem com duração maior que 24 horas e um fator de risco vascular Ataxia Vestibular - Ocorre devido a danos da via vestíbulo-ponto-cerebelar - A ataxia vestibular resulta das mesmas lesões (centrais e periféricas) que causam a vertigem. - Quadro clínico: O nistagmo está presente, sendo tipicamente unilateral, e pronunciado ao se olhar para o lado contralateral do envolvimento vestibular. - Não ocorre disartria. - A falta de coordenação dos membros é aparente quando o paciente tenta ficar de pé ou caminhar. - Tendência para cair para um lado - Marcha em Estrela - Ataxia vestibular leva à perda do equilíbrio, gerando vertigens e náuseas http://www.abc.med.br/p/vida-saudavel/325850/nauseas+e+vomitos+eles+te+incomodam.htm – º Romberg na Ataxia Vestibular - O paciente é colocado em posição ortostática, com os calcanhares unidos e pontas dos pés separados em 30°, cabeça reta, braços ao longo do corpo na posição anatômica, olhos fechados (para inibir a visão) durante um minuto. - O exame é considerado alterado se houver queda. - Quando o teste traz dúvidas, podemos sensibilizá-lo através de algumas manobras: - Manobra de Jendrassik: mãos em oposição e cotovelos na horizontal. - Romberg-Barre: colocando-se em pé um diante do outro, em linha reta, diminuindo a base de sustentação. - Nas afecções centrais, a queda ocorre geralmente para frente ou para trás (Romberg clássico) enquanto nos distúrbios do sistema proprioceptivo, não há lado preferencial para a queda. - Nas cerebelopatias o paciente procura manter a base alargada (abasia), caindo ao aproximar os pés, mesmo de olhos abertos. - Classicamente quando há queda com lateralização para direita ou esquerda pede-se ao paciente para girar a cabeça primeiro para a direita e depois para a esquerda para observar se há alteração na direção da queda, dependendo da posição do labirinto posterior. Isto caracteriza um Romberg Vestibular - O paciente cai para o lado do labirinto acometido - O paciente vai demorar um pouquinho para cair, vai ter uma latência (diferentemente do Roomberg Sensitivo, que o paciente cai de vez ) - Lesão Vestibular Periférica Unilateral: - Inicialmente o paciente tende a cair para o lado do labirinto hipofuncionante (Romberg). - O paciente não é sensível as variações visuais apenas, porém quando a aferência proprioceptiva é modificada pelo aparelho, ao mesmo tempo em que a aferência visual, o paciente perde o equilíbrio. - O tempo e latência entre o estímulo e o reflexo do paciente, em geral, são iguais ao indivíduo normal. - Tanto para uma lesão unilateral aguda ou crônica,as provas vestibulares clássicas são mais eficientes para identificação da lesão, porém a posturografia pode ser muito útil na monitorização da melhora do paciente. – º • Referências Neurociências Desvendando o Sistema Nervoso – Mark Bear – 4ª ed. R. SNELL. Neuroanatomia Clínica, Guanabara. 7ed. Guia Prática de Procedimentos Fonoaudiológicos na Avaliação Vestibular – Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia – 2011
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