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Carla Bertelli – 5° Período Vertigem Revisar o Sistema Vestíbulo Coclear A orelha é o órgão receptor para a audição e equilíbrio, tem 3 regiões: orelha externa, média e interna Orelha Externa: A orelha externa é formada pelo pavilhão auricular (a parte externa visível que comumente chamamos de “orelha”), pelo conduto auditivo externo e pela face externa da membrana timpânica. O pavilhão auricular é responsável por direcionar as ondas sonoras vindas de todas as direções para o meato acústico externo, por meio do qual se propagam e chegam até o tímpano. A membrana timpânica tem em sua composição fibras colágenas que lhe conferem elasticidade e lhe permitem vibrar de acordo com a frequência e a intensidade das ondas sonoras recebidas. A vibração produzida no tímpano é propagada pelas estruturas das orelhas média e interna até que as informações nela contidas sejam transmitidas ao sistema nervoso e percebidas como som. Orelha Média: A orelha média é composta pela face interna da membrana timpânica, 3 ossículos e 2 músculos. Os 3 ossículos são o martelo, que mantém contato com a face interna da membrana timpânica, a bigorna e o estribo, que se articula com a orelha interna. As vibrações produzidas pela membrana timpânica são transmitidas ao martelo, que as transmite para a bigorna que, por sua vez, as transmite ao estribo, formando o sistema tímpano-ossicular. A passagem das vibrações por essa cadeia amplifica o som, pois a mesma onda produzida no tímpano é transferida a estruturas cada vez menores, mantendo a mesma frequência e intensidade. A platina do estribo é a sua porção final, que se articula com a janela oval, na orelha interna. Os dois músculos são o tensor do tímpano, que mantém a tensão da membrana timpânica, e o estapédio, que auxilia na movimentação do estribo. Esses músculos funcionam de maneira antagônica: quando o tensor do tímpano tensiona o tímpano, o estapédio relaxa sua ação sobre o estribo e vice-versa. A contração e o relaxamento desses músculos otimiza a propagação do som, funcionando com um adaptador de impedância (que é a facilidade para transmissão de energia que um meio oferece), pois, ao receber uma onda de baixa frequência, a membrana timpânica se afrouxa, melhorando a transmissão dos sons graves, ao passo em que, ao receber uma onda de alta frequência, a membrana se contrai, facilitando a transmissão de sons agudos. Orelha Interna: Responsável pela audição e também equilíbrio. A orelha interna está incrustada no osso temporal e é formada por duas partes: uma mais anterior e inferior, que é a cóclea, e outra mais posterior e superior, que é o aparelho vestibular. Essa parte superior, que abriga o aparelho vestibular, que é composto pelos canais semicirculares, pelo sáculo e pelo utrículo, compõe o sistema vestibular, um dos pilares que garantem o equilíbrio corporal. A parte inferior que abriga a cóclea é a parte que se comunica com o estribo da orelha média e participa da audição. A cóclea é uma estrutura espiralada, composta por 3 compartimentos separados por membranas: a rampa timpânica, a rampa vestibular e a rampa média. A vibração transmitida pelo estribo para a janela oval leva ao deslocamento do líquido que preenche as rampas timpânica e vestibular, a perilinfa. O movimento da perilinfa é transmitido ao longo da rampa vestibular para a rampa timpânica e chega até a janela redonda, a extremidade final do sistema de rampas da cóclea. A rampa média se localiza entre as rampas timpânica e vestibular e possui em seu interior outro líquido, a endolinfa, que também vibra pelo contato com os compartimentos adjacentes. Dentro da rampa média, sobre a membrana basilar, que a divide da rampa timpânica, existe uma estrutura chamada órgão de Corti, que possui neuroepitélio ciliado, disposto em fileiras. Acima do órgão de Corti está a membrana tectória. As células ciliadas do órgão de Corti se apoiam sobre a membrana basilar e seus cílios mantém contato com a membrana tectória. Quando ocorre vibração na perilinfa, a membrana basilar também vibra e impulsiona as células ciliadas contra a membrana tectória, levando a despolarização dos cílios, o que gera potencial elétrico nessas células, que é transmitido pelo nervo auditivo até o sistema nervoso central. O órgão de Corti funciona, então, como transdutor biológico, pois converte a energia mecânica em energia elétrica, que é transmitida por neurônios até o cérebro. A membrana basilar percorre toda a extensão da cóclea e apresenta fibras de diferentes tamanhos, que vibram de acordo com a frequência do som captado, como se fossem as cordas de uma harpa. As fibras nas partes mais baixas da cóclea são mais curtas e esticadas e percebem os sons mais agudos, enquanto aquelas nas partes mais altas são mais longas e frouxas, percebendo sons mais graves. Ou seja, o conteúdo da informação que será enviada ao cérebro é determinado pela região da membrana basilar que é estimulada. As fibras dessa membrana são capazes de detectar todos os sons audíveis pelo ouvido humano. Essa disposição da membrana basilar, com áreas específicas captando diferentes frequências recebe o nome de distribuição tonotópica Labirinto ósseo: cavidade no osso com um sistema de canais tortuosos, é preenchido por um fluído transparente chamado perlinfa (contínua ao fluído cerebrospinal que fica no espaço subaracnóideo). Tem 3 partes: • Canais semicirculares: Abrigam receptores para a aceleração rotacional da cabeça; • Vestíbulo: Abriga receptores para o equilíbrio estático e a aceleração linear; Suspenso na sua perilinfa tem duas partes ovais do labirinto membranáceo, o utrículo e o sáculo; • Cóclea: câmara em espiral na parte inferior do labirinto ósseo. Se enrola em duas voltas ao redor do modíolo (pilar ósseo) que parece um parafuso e fica no ápice da cóclea, ele tem uma projeção óssea espiralada chamada lamina espiral óssea; Em seu núcleo ósseo passa o nervo coclear; Vertigem Carla Bertelli – 5° Período Labirinto Membranoso – Sacos e ductos com paredes membranosas que acompanham o contorno do labirinto ósseo. É preenchido por endolinfa e sua parede é de tecido conjuntivo revestido com um epitélio escamosos simples que tem os receptores para equilíbrio e audição. Tem: • Ductos semicirculares: dentro dos canais semicirculares, tem os receptores sensitivos para os movimentos de virar a cabeça. Cada ducto tem uma intumescência chamada de ampola membranácea dentro da ampola óssea. Tem uma crista ampular cada. As três cristas contem células receptoras que medem a aceleração rotacional da cabeça. Elas tem células de sustentação e células ciliadas receptores. Os cílios projetam-se na cúpula ampular e suas partes basais fazem sinapse com as fibras do nervo vestibular; • Utrículo e sáculo: ficam no vestíbulo e possuem os receptores sensitivos responsáveis por monitorar a posição e aceleração linear da cabeça. Utrículo: contínuo aos ductos semicirculares; Sáculo: contínuo ao ducto coclear. Eles abrigam a mácula que é um epitélio sensitivo, que tem células receptoras capazes de monitorar a posição da cabeça quando ela está imóvel – equilíbrio estático -, elas também monitoram as mudanças em linha reta na velocidade e direção da cabeça – aceleração linear -. A mácula é um retalho de epitélio, tendo células de sustentação colunas e receptores, as células ciliadas, que fazem sinapse com as fibras sensitivas do nervo vestibular. A ponta de seus cílios ficam na membrana dos estatocônios (disco gelatinoso com os cristais estatocônios ou otólitos). • Ducto coclear: é espiralado, fica na cóclea e contém os receptores sensitivos para audição. Ele é cheio de endolinfa e fica entre duas câmaras de perilinfa,a rampa do vestíbulo e a rampa do tímpano, que são contínuas entre si no ápice da cóclea, na região chamada helicotrema; O seu teto, que o divide da rampa do vestíbulo é a membrana vestibular. Seu assoalho é a lamina espiral óssea e uma camada de fibras chamada membrana basilar, ela sustenta o órgão espiral (epitélio receptor para a audição). Esse epitélio tem células de sustentação colunares, uma fileira de células ciliadas internas e duas fileiras de células ciliadas externas (células receptores). A ponta dos cílios (estereocílios) é incorporada na membrana tectoria gelatinosa e na base as células ciliadas fazem sinapse com as fibras sensitivas do nervo coclear. As fibras nervosas pertencem aos neurônios bipolares, onde seus corpos celulares ocupam um gânglio espiral na lamina espiral óssea e no modíolo e suas fibras centrais se projetam para o encéfalo. As células ciliadas internas e externas têm três estereocílios de tamanho crescente e estão dispostas linearmente e em padrão W, respectivamente Via do Equilíbrio – transmite informações sobre a posição e movimentos da cabeça pelo nervo vestibular até o tronco encefálico. • A maioria das informações vão para os centros encefálicos inferiores (centros reflexos primários), não para o córtex; • Os núcleos vestibulares no bulbo e no cerebelo são os centros encefálicos que processam as informações sobre equilíbrio; • Uma via menos importante leva informações da posição e movimentos da cabeça até o córtex, as fibras do nervo vestibular vão para os núcleos vestibulares, depois para o tálamo e depois para a parte superior da ínsula do cérebro; O cerebelo suaviza e coordena os movimentos do corpo que são comandados por outras partes do encéfalo, além de manter a postura e o equilíbrio A cóclea é o principal órgão sensorial da audição, não tendo muita conexão com o equilíbrio, porém os canais semicirculares, o utrículo e o sáculo fazem parte do mecanismo de equilíbrio; • São canais interconectadas cheios de líquido (endolinfa com muito K+ e pouco Na+, secretado por células epiteliais), tendo os dois órgão otolíticos (parecem sacos), o sáculo e o utrículo, e os 3 canais semicirculares que se ligam ao utrículo nas suas bases. Carla Bertelli – 5° Período • O líquido geralmente se movimenta para o lado oposto, mas as vezes demora para voltar ao normal, dando a sensação de continuar girando; • Os 3 canais semicirculares detectam a aceleração rotacional. → Canal horizontal ou lateral: detecta rotações que associamos com o giro; → Canal posterior: detecta a rotação esquerda- direita; → Canal anterior: detecta a rotação para frente e para trás. Em uma das extremidades de cada canal tem uma câmara alargada, a ampola, com uma estrutura sensorial, a crista (células pilosas e uma massa gelatinosa). Também é composta pela cúpula (massa gelatinosa) que se estende por toda a ampola, fechando-a. A mácula fica na superfície interna de cada utrículo e sáculo, tem 2 mm de diâmetro. • Mácula do utrículo: no plano horizontal na superfície inferior dele, determina a orientação da cabeça quando ela está ereta; • Mácula do sáculo: no plano vertical e sinaliza a orientação da cabeça quando a pessoa está em decúbito. Ela é coberta por uma camada gelatinosa (membrana otolítica) com cristais de carbono de cálcio, as estatocônias/otólitos, além de células ciliadas, das quais as bases e os lados fazem sinapse com as terminações sensoriais do nervo vestibular. O aparelho vestibular possui líquido e fica na orelha interna, as células pilosas/ciliadas respondem a mudanças na aceleração rotacional, vertical e horizontal e no posicionamento. Elas possuem um único cílio longo, chamado de cinocílio, que estabelece um ponto de referência para a direção da curvatura, pois quando elas se curvam, os filamentos de ligação entre eles abrem e fecham canais iônicos. O movimento em uma direção provoca a despolarização das células e na direção oposta a hiperpolarização As células pilosas liberam neurotransmissores nos neurônios sensoriais primários do nervo vestibular (o nervo vestibulococlear). Esses neurônios fazem sinapses nos núcleos vestibulares do bulbo ou no cerebelo. Fisiologia Vestibular O utrículo e o sáculo respondem à aceleração linear, enquanto os canais semicirculares respondem à aceleração angular. Essas respostas são mediadas por células ciliadas e transmitidas ao gânglio vestibular e, em seguida, aos núcleos vestibulares. Em circunstâncias normais, a atividade neural nos labirintos é igual nos dois lados. Convém imaginar a ação de cada sistema vestibular como se “empurrasse” em direção ao lado oposto. Quando os dois labirintos empurram igualmente, o sistema está em equilíbrio e a função é normal. Quando a atividade de um labirinto está diminuída, o labirinto oposto empurra os olhos, os membros e o corpo em direção ao lado com atividade diminuída. As manifestações clínicas de disfunção vestibular incluem vertigem, oscilopsia, náuseas, vômito, nistagmo, hipermetria e lateropulsão. • O nistagmo é consequência de uma sacada corretiva iniciada pelos campos oculares frontais em resposta ao desvio do olhar para o lado do labirinto menos ativo. Assim, o componente rápido do nistagmo ocorre em sentido oposto ao labirinto com atividade diminuída. Sem informações visuais para corrigir os erros (i. e., com os olhos fechados), os pacientes com diminuição aguda da atividade do labirinto apresentam desvio dos membros em direção ao lado hipoativo no teste dedo-nariz. Ao tentarem caminhar com os olhos fechados, desviam-se para o lado do labirinto hipoativo. No teste da marcha de Unterberger-Fukuda, eles se viram para o lado hipoativo. • Quando há doença ou disfunção dos dois labirintos, como nos efeitos ototóxicos de fármacos, não há desequilíbrio vestibular e, portanto, não há nistagmo, vertigem, hipermetria e manifestações semelhantes. Todavia, pacientes com doença labiríntica bilateral têm grande dificuldade de estabilidade e equilíbrio. Carla Bertelli – 5° Período Vertigem • Otoneurologia – Estudo da audição e do equilíbrio e sua relação com o SNC • Labirintopatia – Qualquer afecção de causa não infecciosa que envolva o labirinto • Labirintite – Qualquer infecção do labirinto de origem infecciosa • Vestibulopatia – Se usa quando ainda não se sabe se o problema é no labirinto ou se é central O equilíbrio depende da integração de 3 componentes: sistema vestibular, visão e propriocepção. Logo, uma falha em qualquer um deles gera desequilíbrio de informação e por isso se tem esse sintoma, de uma informação errônea no cérebro. Tudo isso gera reflexos: vestíbulo-ocular e vestíbulo-espinhal Vertigem – Tipo de tontura rotatória. Pode ser objetiva quando o paciente sente que os objetos estão girando, ou subjetiva quando o paciente sente que ele próprio gira Tontura (não rotatória) – É qualquer sensação errônea de movimento (desequilíbrio, sensação de flutuação, afundamento, sensação de cabeça oca, lateropulsão, sensação de queda) A vertigem é um sintoma, sendo a sensação que o paciente tem de estar girando em torno do ambiente ou o ambiente estar girando em torno dele. Mais raramente é descrita como uma sensação de movimento em báscula no plano horizontal, movimento ascendente e descendente ou ilusão de rotação horária ou anti-horária no plano frontal. Na maioria das vezes a vertigem decorre da lesão ou disfunção no aparelho vestibular ou da porção vestibular do VIII É muitas vezes a queixa de tontura como sinônimo de vertigem, diagnosticada como labirintite, usada erroneamente.A labirintite não é a causa mais frequente de vertigem. A labirintite pressupõe um componente inflamatório do aparelho vestibular (bacteriana ou viral) Vertigem é a ilusão de movimento do corpo ou do ambiente. Ela pode estar associada com outros sintomas, como impulsão (a sensação de que o corpo está sendo arremessado ou puxado no espaço), osciloscopia (uma ilusão visual de movimento para trás e para a frente), náusea, vômitos ou marcha atáxica. A vertigem central costuma ser menos intensa e geralmente há outros sinais e sintomas neurológicos. Os distúrbios vestibulares periféricos causam mais náuseas, vômito e sintomas autônomos que os distúrbios centrais. O desequilíbrio tende a ser mais intenso nas lesões centrais, e muitas vezes os pacientes não conseguem ficar de pé ou caminhar. Os sintomas associados são úteis quando presentes. Os sintomas aurais (perda auditiva, zumbido, dor ou plenitude auricular) sugerem causa periférica. A fraqueza ou dormência facial ocorre nas lesões do oitavo nervo no ângulo pontocerebelar. Os processos no tronco encefálico geralmente causam sinais adjacentes proeminentes; a vertigem isolada é rara. Por vezes, a vertigem pode ser manifestação de doença das vias vestibulares mais rostrais, incluindo o lobo temporal. A vertigem é a sensação de movimentação do ambiente (rotação, turbilhão, lateropulsão, inclinação). Às vezes, usa-se o termo “vertigem verdadeira” para descrever esse sintoma. Quando há vertigem verdadeira, o problema geralmente é um distúrbio vestibular periférico agudo. A vertigem objetiva produz a sensação de que o ambiente está girando, enquanto a vertigem subjetiva produz a sensação de que o paciente está girando. A ausência de vertigem verdadeira não exclui doença vestibular periférica, sobretudo se houver doença bilateral, como na ototoxicidade por fármacos. A vertigem central é causada por doença do SNC; a vertigem periférica é causada por doença do aparelho vestibular periférico ou de suas conexões. Pacientes com lesões do SNC podem não apresentar vertigem verdadeira. Pacientes com vertigem verdadeira, sobretudo quando causada por lesão periférica, costumam apresentar sintomas vegetativos como náuseas e vômito, decorrentes de projeções para os centros bulbares de vômito, além de palidez e sudore-se. O neuroma acústico provoca perda unilateral gradual da função vestibular e é mais propenso a causar Carla Bertelli – 5° Período desequilíbrio que vertigem verdadeira. Alguns outros distúrbios graves podem apresentar-se como tontura sem vertigem verdadeira, como arritmias cardíacas e hipotensão ortostática disautonômica. Os médicos não devem dar importância excessiva à presença ou à ausência de vertigem verdadeira ao avaliarem a seriedade da queixa de tontura de um paciente. A tontura pode ser constante ou intermitente. Quando intermitente, como na VPPB, uma das causas mais comuns de tontura, os episódios podem ser tão frequentes que a descrição inicial pode dar a impressão de que os sintomas são constantes. Se os episódios forem intermitentes, a duração das crises é importante, e um dos aspectos mais importantes para distinguir entre vertigem central e periférica. Na vertigem por VPPB, a crise dura de 10 a 30 s; em outras vestibulopatias periféricas, como na doença de Ménière, a crise dura horas; e na insuficiência vertebrobasilar, os episódios duram minutos. A exploração dos fatores precipitantes é muito útil. A tontura pode ser espontânea ou provocada por movimento da cabeça, movimento do corpo, ao ficar de pé ou ao deitar. A presença de sintomas associados, como náuseas, vômito, marcha cambaleante, desvio dos olhos, oscilopsia, distúrbios do equilíbrio, prostração, zumbido, perda auditiva, autofonia (percepção da reverberação da própria voz) ou perda da consciência, é importante. • Ilusão de movimento, geralmente rotatório • Pode ser acompanhada de náuseas, vômitos, tinnitus e hipoacusia • Sensação do paciente estar girando em torno de objetos ou vice-versa (vertigem objetiva) ou a sensação de a cabeça estar girando (vertigem subjetiva) • Reconhecida a queixa de tontura como vertigem deve-se esclarecer se é uma vertigem periférica ou central Os canais semicirculares são estruturas pareadas (orelhas esquerda e direita) que normalmente respondem ao movimento de maneira simétrica. Com a doença da orelha interna, a descarga de repouso ou a descarga estimulada pelo movimento pode ser alterada em uma orelha. Essa alteração produz respostas assimétricas e resulta na percepção de vertigem. Por exemplo, otólitos em movimento livre que estão localizados inadequadamente dentro dos canais semicirculares, como na vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), podem produzir vertigem posicional à medida que os otólitos se movem sob a influência da gravidade e sinalizam de forma inadequada que a cabeça está virando quando, na verdade, não está Os impulsos deixam o aparelho vestibular pela parte vestibular do nervo vestibulococlear (nervo craniano VIII), entram no tronco encefálico logo abaixo da ponte, anteriores ao cerebelo, e seguem para os quatro núcleos vestibulares do tronco encefálico e para o cerebelo. A partir daí os impulsos percorrem dois caminhos que contribuem para as manifestações clínicas da vertigem: (1) o fascículo longitudinal medial (FML) e (2) o trato vestibuloespinal, que se conectam aos neurônios motores que suprem os músculos das extremidades. Em indivíduos com sistemas vestibulares saudáveis, essas conexões permitem que os olhos compensem o movimento do corpo em diferentes direções e mantenham um eixo visual estável em relação ao ambiente. No entanto, os pacientes com aparelho vestibular defeituoso podem dar passos em falso ou outros movimentos do corpo, o que é diferente da ataxia verdadeira, pois eles tentam corrigir uma mudança imaginária na posição As conexões entre os núcleos vestibulares e o sistema autônomo são responsáveis pela transpiração, náuseas e vômitos que comumente acompanham um ataque de vertigem. As conexões entre os núcleos vestibulares e o cerebelo são responsáveis pela influência moduladora desse órgão na atividade motora. O nistagmo ocorre quando a informação vestibular sincronizada se torna desequilibrada. Tipicamente, resulta de doença vestibular unilateral, que causa estimulação assimétrica dos músculos retos medial e lateral do olho. Essa atividade sem oposição provoca um movimento lento dos olhos para o lado do estímulo, independentemente da direção do desvio dos olhos. Carla Bertelli – 5° Período Vertigem periférica: • Afetam labirinto da orelha interna ou a divisão vestibular do nervo vestibulococlear (VIII) • Intermitente • Duração: curtos períodos • Produção de menos desconforto quando comparada à de origem central • Nistagmo SEMPRE presente (unidirecional geralmente; Nunca vertical) • Lesões periféricas: produzem sintomas extras de disfunção da orelha interna ou do nervo VIII = perda auditiva; zumbido Lesão no labirinto e/ou nervo vestibular até a sua entrada no núcleo vestibular. Pode ter tinnitus (zumbido) e hipoacusia. O corpo tende a pender para o lado da lesão durante a queda ou Teste de Romberg, mas não compromete a marcha. Pode haver prostração, sudorese, palidez e perda breve da consciência. Também pode apresentar nistagmo • Horizontal, rotatória ou misto • Fatigável (diminui com o tempo) • Desaparece ao se fixar o olhar • Não há mudança de direção do movimento • Componente lento aponta para o lado da lesão Vertigem Posicional Paroxística Benigna – Causa mais frequente de vertigem. Episódiosbreves, duram poucos segundos, comumente desencadeados por mudanças na posição da cabeça (virar-se na cama, olhar para cima, deitar ou levantar, curvarse). Não associados a zumbidos ou surdez. Ataques intensos podem levar a sensação persistente de desequilíbrio, podendo durar horas e provocar quedas. Se dá pelo desprendimento de otólitos do utrículo que flutuam nos canais semicirculares (principalmente o posterior) provocando aceleração anormal da endolinfa e deflecção anormal da cúpula quando o paciente faz movimentos rápidos com a cabeça Pode ser devido a traumas, infecções virais, alterações isquêmicas degenerativas, e sem causa específica (mais comum). É autolimitada, geralmente resolvendo-se em semanas ou meses Vertigem Postural Fóbica – Segunda causa mais comum. Combinação de sintomas subjetivos: vertigem oscilatória, instabilidade postural, desequilíbrio, que ocorrem em ataques breves. Desencadeados por situações específicas (locais movimentados, medo de sair de casa ou cair, ansiedade, depressão, pânico, agorafobia) Doença de Méniere – Episódios recorrentes e intensos de vertigem, acompanhados de hipoacusia, tinnitus, prostração, náuseas e vômitos. Duração variável (minutos a horas). É provocada por um aumento no volume circulante de endolinfa dentro do labirinto membranoso por desequilíbrio entre síntese e reabsorção. Tríade: hipoacusia flutuante, tinnitus e vertigem recorrente que quando idiopática (sem razão aparente) é a doença de Meniere Os sintomas são precedidos de pressão no ouvido, zumbido progressivo ou piora na audição. Ocorre deterioração progressiva da audição com o passar do tempo. Labirintite Bacteriana – Extensão do processo infeccioso prévio no ouvido médio, meninges ou mastóide. Vertigem, náuseas, vômitos, hipoacusia importante, cefaleia, hipertermia, secreção purulenta. Vertigem medicamentosa: Causadores principais: aminoglicosídeos, anticonvulsivantes (fenobarbital, fenitoína, carbamazepina), furosemida, antidepressivos, anti-hipertensivos, quimioterápicos, metais pesados Falencia vestibular súbita: Neuronite vestibular; Ocorre a partir de infecção viral no nervo vestibular; Perda abrupta da função de um dos labirintos = Quadro de vertigem súbita e persistente, intensa prostração, náusea, vômitos; Mais comum: ocorrer episódio único; Geralmente não associada a zumbidos/surdez; Piora com movimentos da cabeça = Tendência do paciente de se manter imóvel; Geralmente: há histórico de infecção respiratória aguda; Melhora: em dias ou semanas; Outras Carla Bertelli – 5° Período causas: TCE, neuropatia diabética, obstrução da artéria terminal labiríntica, encefalite do tronco cerebral Vertigem por trauma craniano: Concussão do labirinto; Desaparecimento dos sintomas dentro de dias/semanas; Pode cronificar = vertigem posicional episódica Vertigem central: • Origem: sistema nervoso central • Lesões que afetam núcleos vestibulares do tronco cerebral/suas conexões • Raramente é decorrente de lesão cerebral cortical • Pode ocorrer com ou sem nistagmo – na presença de nistagmo: pode ser vertical, unidirecional ou multidirecional e pode ter caráter diferente nos dois olhos • Vertigem por lesões cerebrais pode ser acompanhada de sinais intrínsecos do tronco cerebral ou sinais cerebelares: déficits motores ou sensoriais, hiper-reflexia, respostas extensora plantares, disartria ou ataxia dos membros Lesão no núcleo vestibular ou demais projeções superiores. Não há hipoacusia ou tinnitus. Pode estar associado a sintomas neurológicos como: disartria, ataxia, diplopia, perda da consciência, déficits focais sensitivos ou motores ou dos nervos cranianos. • Manobra índex-índex: desvio do índex no sentido oposto a o componente rápido do nistagmo • Avaliar pares cranianos e função cerebelar (disdiadococinesia, dismetria e tremor intencional) – alterações sugerem vertigem central. • Marcha compro metida - Zigue-zague • Aumenta ao fechar os olhos (sinal de Romberg +) → paciente pode cair. • Pode haver persistência do sinal por mais de três semanas • Muda a direção dos abalos • Nistagmo de direção diferente em cada olho (atáxico) • Abalos em qualquer direção que não a horizontal. Isquemia Vertebrobasilar: vertigem costuma estar acompanhada de outros sintomas e disfunção do tronco cerebral: Disartria, Zumbido, Perda Flutuante da Audição, Diplopia, Paresias, Parestesias Bilaterais, Pode ser acompanhada de diminuição do nível de consciência; Att: Vertigem isolada não deve ser considerada como isquemia cerebral; AITs do território vertebrobasilar podem ter vertigem como único sintoma Aura da Enxaqueca Basilar: Vertigem costuma ser seguida por cefaleia; vertigem costuma estar acompanhada de outros sintomas e disfunção do tronco cerebral: Disartria, Zumbido, Perda Flutuante da Audição, Diplopia, Paresias, Parestesias Bilaterais, Pode ser acompanhada de diminuição do nível de consciência; Att: Vertigem isolada não deve ser considerada como isquemia cerebral; Acidentes vasculares ou Isquêmicos de tronco ou cerebelo: (geralmente associada a outros sinais de déficit neurológico); No infarto cerebelar, a vertigem e a perda severa do equilíbrio podem ser as únicas manifestações iniciais Espondilose Cervical: Osteófitos podem levar à compressão dos forames transversos durante a extensão ou rotação forçada do pescoço = compressão da artéria vertebral (produz episódios transitórios de vertigem e nistagmo) Outras causas centrais: Neoplasias, Esclerose Múltipla (EM) e Epilepsia Vestibular Causas Fisiológicas Cinetose: Vertigem que ocorre em meios de transporte; Cursa com náusea e mal-estar; Discrepância na sensação de aceleração corporal que não é confirmada pelos demais sistemas de equilíbrio e é mais comum em crianças. Vertigem das alturas: Sensação subjetiva de instabilidade postural que afeta pessoas em lugares altos, associada a medo de uma queda e alterações vegetativas. Posições da Cabeça Não Habituais: Exemplo: um indivíduo que estende exageradamente o pescoço ao trocar uma lâmpada. Carla Bertelli – 5° Período Diagnóstico Diferencial O primeiro passo no diagnóstico diferencial da vertigem é localizar o processo patológico às vias vestibulares periféricas ou centrais. Certas características da vertigem, incluindo a presença de quaisquer anormalidades associadas, podem ajudar a diferenciar entre causas centrais e periféricas Quando o paciente indica que a vertigem ocorre com uma alteração de posição, as manobras de Nylen-Bárány ou Dix-Hallpike são usadas para precipitar essa circunstância. A cabeça é rapidamente abaixada 30 graus abaixo do plano horizontal. Esse processo é repetido com a cabeça e os olhos virados inicialmente para a direita e, então, para a esquerda. Os olhos são observados para verificar nistagmo, e o paciente é solicitado a verificar o início, a gravidade e o cessamento da vertigem. VPPB: Curso de tempo: segundos recorrentes e duradouros; História: breve, desencadeada pelo movimento da cabeça; Nistagmo: torção aprimorada; Marcha: normal; Sintomas auditivos: nenhum; Achados diagnósticos: positiva, manobra de dix-hallpike Neurite vestibular: Curso de tempo: episódio único com duração de dias; História: início subagudo de vertigem severa e constante com náusea e vômito significativos; Nistagmo: torção horizontal ou horizontal; Marcha: Via para o lado afetado; Sintomas auditivos: perda auditiva (labiríntite aguda); Achados de diagnóstico: teste positivo de impulso da cabeça, nistagmo suprimido por fixação visual Enxaqueca vestibular: Curso de tempo: Minutos recorrentese duradouros a dias; História: História anterior da enxaqueca. Vertigem acompanhada por sintomas de enxaqueca; Nistagmo: geralmente nenhum; Marcha: anormal durante ataques de vertigem; Sintomas auditivos: nenhum; Conclusões de diagnóstico: ataques de vertigem resolvem com medicamentos agudos da enxaqueca Doença de Ménière: Curso de tempo: horas recorrentes e duradouras; História: perda auditiva, zumbido e plenitude da orelha; Nistagmo: torção horizontal ou horizontal; Marca: pode ter prejudicado a marcha e o desequilíbrio; Sintomas auditivos: presente; Conclusões de diagnóstico: a audiometria repetida mostra uma perda auditiva flutuante e de baixa frequência Se episódio único, aventar as principais hipóteses diagnósticas: neurite vestibular, labirintopatia traumática ou infecciosa, fístula perilinfática, ansiedade/ pânico e Acidente Vascular Cerebral de fossa posterior. Se episódios recorrentes, as principais hipóteses são: Vertigem Postural Paroxística Benigna, hidropsia endolinfática, insuficiência vértebro-basilar e migrânea vestibular No caso de um paciente com comprometimento vestibular exclusivo, quatro perguntas são fundamentais: • Trata-se de uma síndrome vestibular aguda (neurite vestibular ou AVC de fossa posterior) ou algum tipo de vertigem recorrente (VPPB ou Doença de Méniére)? • Trata-se de uma lesão vestibular periférica ou central? • É necessária a investigação com exame de imagem? • É necessária a internação do paciente? No com lesão vestibular aguda existe um ponto de corte bem definido em que relata ter ocorrido o início dos sintomas. Além disso, os sintomas ocorrem de maneira progressivo durante dias e melhora após dias ou semanas. Esses pacientes queixam-se de vertigem com nítida sensação de rotação, desequilíbrio, náusea e vômito. Os episódios recorrentes de vertigem estão geralmente associados à doença de Ménière ou VPPB. No caso da VPPB, em que a vertigem que ocorre apenas durante algum movimento específico, pode ajudar a diferenciar de uma síndrome vestibular aguda, esta última não apresenta posição específica. A principal finalidade da abordagem da tontura na emergência é a exclusão, a partir da anamnese e exame neurológico, de causas centrais da síndrome vestibular aguda. A aplicação dos testes clínicos diagnósticos tem alta sensibilidade para distinguir entre causas centrais e periféricas. Se o paciente apresenta nítidos sintomas ou sinais de tronco, como diplopia, déficit motor ou sensitivo, alterações de coordenação, disfagia ou disartria, o diagnóstico de vertigem de origem central é claro. No entanto, alguns pacientes apresentam exclusivamente sintomas vestibulares, e sabe-se que muitos desses pacientes têm lesões isquêmicas, como AVC de fossa posterior. Para confirmar a origem da síndrome vestibular aguda é necessário realizar exames neurológicos específicos: teste do impulso da cabeça, avaliação do nistagmo O teste de impulso da cabeça é bastante conhecido no exame do paciente em coma, como manobra dos olhos de boneca. Ele testa o reflexo vestíbulo-ocular (VOR). É realizado instruindo o paciente a manter os olhos em um Carla Bertelli – 5° Período alvo distante enquanto usa seus óculos de prescrição usuais. A cabeça é então girada rápida e imprevisivelmente pelo examinador, aproximadamente 15°, a posição inicial deve estar a aproximadamente 10° da frente. espontâneo e teste de desvio Skew. A resposta normal é que os olhos permaneçam no alvo. A resposta anormal é que os olhos são arrastados para fora do alvo pela virada da cabeça (em uma direção), seguida por uma sacada de volta ao alvo após a virada da cabeça. Essa resposta indica um teste de impulso da cabeça deficiente no lado da virada da cabeça, implicando uma lesão vestibular periférica (orelha interna ou nervo vestibular) desse lado. O teste do desvio skew identifica a presença do estrabismo vertical. O desalinhamento vertical dos olhos resulta de uma assimetria do tônus vestibular e a informação otolítica de repouso que segue para os núcleos oculomotores. Esse estrabismo O paciente olha para um ponto na face do examinador e este oclui alternadamente o olho direito e esquerdo, observando se há ou não correção do olhar para a linha mediana. Embora possa estar presente em síndromes periféricas, o olhar desalinhado é sugestivo de comprometimento de fossa posterior. Pode ser observado com a oclusão alternada dos olhos Manobra Nylen-Barany É uma manobra para provocar nistagmo. Coloca o paciente sentado na maca com a cabeça voltada para o lado a ser pesquisado. Depois o paciente é posto em decúbito com a cabeça ligeiramente inclinada para baixo e daí ocorre o nistagmo. Na vertigem periférica ele tem um período de latência de alguns segundos antes de surgir e é menos intenso ao se repetir. Dura menos que 1 minuto (esgotável) e pode desencadear vertigem. Na vertigem central ele dura mais que 1 minuto, não tem período de latência, se repete com a mesma intensidade a cada teste (inesgotável), vertigem leve ou sem vertigem (nesse caso ele pode ser considerado central). Pacientes com queixas típicas de lesão vestibular periférica aguda, a rigor, não necessitam de exame de imagem. No entanto, o diagnóstico diferencial entre lesões periféricas e centrais nem sempre é fácil. O médico pode lançar mão da escala ABCD2 para avaliar a possibilidade de solicitar um exame de imagem. Esse é o escore utilizado como preditor de risco de AVC isquêmico, durante os primeiros sete dias após a ocorrência de um Ataque Isquêmico Transitório (AIT), mas que também nos auxilia a diferenciar um possível causa central na vertigem, como AVC de fossa posterior. Estudos demonstraram um risco de AVC acima de 30% em pacientes com escore ABCD2 de 6 pontos, em relação aos pacientes com escores ABCD menores. Procurar nistagmo e sua caracterização, testar coordenação do paciente, em particular com prova do índex-nariz. Observar se o paciente apresenta disdiadococinesia, alterações de marcha e se apresenta sinal de Romberg positivo e de que padrão. O diagnóstico diferencial dos pacientes com tontura e alteração de equilíbrio inclui sobretudo alterações vestibulares e cerebelares. Também seriam incluídas como diagnóstico diferencial doenças que evoluíssem com alterações de propriocepção, como as lesões de coluna posterior, porém tais doenças caracteristicamente não apresentam vertigem, que é a falsa sensação de movimentação ou rotação, como a descrita neste caso. Os pacientes com alterações vestibulares costumam apresentar sensação de vertigem intensa, de caráter intermitente e não contínuo e que piora com a movimentação. A grande maioria dos pacientes apresenta nistagmo de caráter horizonto-rotatório, nunca vertical. Pode apresentar alteração do equilíbrio no teste de Romberg com piora típica com o fechar dos olhos. Os pacientes com alterações cerebelares, por sua vez, apresentam uma vertigem de caráter contínuo, menos intensa, sem piora com a movimentação. O nistagmo pode estar presente, embora com menor frequência do que nos pacientes com alterações vestibulares e pode ser horizonto-rotatório ou vertical; quando vertical, é altamente sugestivo de patologia cerebelar. Os pacientes apresentam ainda alterações de coordenação, com dismetria na prova de índex-nariz e a disdiadococinesia, que é a dificuldade em realizar movimentos rápidos alternantes, testado pela realização de movimentos de pronação e supinação das mãos. Ocorrem ainda alterações de equilíbrio, com dificuldade em se manter em pé, mas com alterações que não pioram com os olhos fechados.
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