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Prévia do material em texto

DESCRIÇÃO
Noções sobre agentes públicos e suas principais características como instrumento de
materialização dos princípios da Administração Pública.
PROPÓSITO
Compreender os principais conceitos e normas jurídicas relacionados ao regime jurídico
aplicável aos agentes públicos, seus direitos e obrigações constitucionais e legais.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar este conteúdo, tenha em mãos a Constituição Federal de 1988 e a Lei n. 8.112,
de 10 de dezembro de 1990.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Distinguir cada tipo de agente público e o tipo de regime a ele aplicável
MÓDULO 2
Identificar as regras de acesso ao serviço público, estabilidade e direitos sociais aplicáveis aos
agentes públicos
MÓDULO 3
Categorizar os direitos e deveres aplicáveis aos servidores públicos e as responsabilidades
decorrentes de eventual conduta ilícita
INTRODUÇÃO
Vamos aprender sobre as principais características relacionadas aos agentes públicos, quais
são os tipos de agentes identificados pela doutrina, assim como o regime jurídico atinente a
cada um. Por fim, vamos descobrir como isso se relaciona com o conceito de cargo, emprego e
função na Administração Pública.
MÓDULO 1
 Distinguir cada tipo de agente público e o tipo de regime a ele aplicável
AGENTES POLÍTICOS, SERVIDORES
ESTATAIS E SERVIDORES PÚBLICOS
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello (2003), a expressão “agentes públicos”
engloba, de maneira genérica e indistinta, sujeitos que servem ao Poder Público — de forma
ocasional ou esporádica — como instrumentos de sua vontade.
Em relação ao ordenamento jurídico normativo, o art. 2º da Lei n. 8.429/1992 define como
agente público.
[...] TODO AQUELE QUE EXERCE, AINDA QUE DE
FORMA TRANSITÓRIA OU NÃO REMUNERADA, POR
ELEIÇÃO, NOMEAÇÃO, DESIGNAÇÃO, CONTRATAÇÃO
OU OUTRA FORMA DE INVESTIDURA SEM VÍNCULO,
MANDATO, CARGO, EMPREGO OU FUNÇÃO DA
ADMINISTRAÇÃO DIRETA, INDIRETA OU
FUNDACIONAL DE QUALQUER UM DOS ENTES DA
FEDERAÇÃO. (ART. 2º DA LEI N. 8.429/1992)
Art. 2º da Lei n. 8.429/1992
O Código Penal, por sua vez, em seu art. 327, prevê também a figura do “funcionário público”,
expressão que corresponde à categoria de agente púbico, sendo este: “para os efeitos penais,
quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função
pública”. Atualmente, a expressão “funcionário público” não é mais utilizada, embora o texto
legal possa servir a título exemplificativo para conceituar agente público.
 ATENÇÃO
Existem conceitos e classificações criadas por autores específicos que você pode encontrar em
seus estudos. Aqui, utilizaremos a classificação mais atual utilizada pelos principais autores de
Direito Administrativo.
Para fins didáticos, deve-se considerar como agente público todo aquele que exerce função
pública. Trata-se, portanto, de um gênero que abrange algumas espécies com características
próprias, sendo alguns regidos por estatuto próprio, pela Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), por regime especial ou mesmo sem um vínculo específico com o poder público, quando
há mera colaboração, conforme veremos.
Nesse sentido, o conceito de agente público é amplo, podendo ser dividido e classificado em
espécies apontadas pelos autores. Embora existam nomenclaturas diferentes em alguns livros,
para fins didáticos, é correto classificar os agentes públicos em três espécies:
AGENTES POLÍTICOS
PARTICULARES EM COLABORAÇÃO COM O PODER
PÚBLICO
SERVIDORES ESTATAIS
 
Foto: Shutterstock.com
AGENTES POLÍTICOS
De acordo com Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2011), não há uniformidade de pensamento
quanto ao conceito de agentes políticos na doutrina. Apesar disso, o conceito mais adequado
consideraria tais agentes como aqueles que desempenham “típicas atividades de governo e
exercem mandato, para o qual são eleitos apenas os chefes dos poderes executivos federal,
estadual e municipal, os ministros e secretários de Estado, além de senadores, deputados e
vereadores”. A característica central seria a atividade de governo mediante eleição (salvo para
Ministros e Secretários, os quais são nomeados livremente para auxiliar o chefe do Executivo).
As regras, direitos e deveres dos agentes públicos estão estabelecidos em lei específica e pela
Constituição Federal de 1988.
 ATENÇÃO
Apesar desse conceito, vale destacar que há, de acordo com o Supremo Tribunal Federal
(STF) — vide RE 228.997/SP — e com a doutrina mais atual, uma tendência em se considerar
também agentes políticos os membros da Magistratura e do Ministério Público, tendo em
vista seu regime jurídico constitucional.
Também é importante ressaltar que o STF já chegou a afirmar que os membros do Tribunal de
Contas da União (TCU) não são considerados agentes políticos (Rcl 6.702 AgR-MC/PR).
PARTICULARES EM COLABORAÇÃO COM O
PODER PÚBLICO
Os particulares em colaboração com o poder público são aqueles que atuam, em situações
excepcionais e sem perder a qualidade de particular, em nome do Estado. Essas situações
excepcionais podem ser temporárias ou ocasionais, mesmo sem vínculo jurídico estabelecido.
Eles são classificados em quatro espécies:
 
Foto: Senado Federal / Wikimedia commons / CC-BY-2.0.
DESIGNADOS
Aqueles que são convocados pelo Poder Público para exercerem múnus público (obrigação de
participar quando convocados), como os mesários nas seções eleitorais e os jurados no âmbito
do júri.
 
Foto: Shutterstock.com.
VOLUNTÁRIOS
Aqueles que atuam de forma voluntária nas repartições, escolas, hospitais públicos ou
situações de calamidade por meio de programa de voluntariado oferecido pelo Poder Público.
 
Foto: Shutterstock.com.
DELEGADOS
Aqueles que atuam mediante delegação do Estado para prestação de serviço público por meio
de ato ou contrato, como as concessionárias e permissionárias de serviço público.
 
Foto: Caroline Ferraz / Sul21.com.br / CC BY-NC-SA 3.0 BR.
CREDENCIADOS
Aqueles que atuam em virtude de credenciamento do Poder Público, como os médicos
privados em convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS).
SERVIDORES ESTATAIS
Os servidores estatais ou agentes administrativos são aqueles que exercem função pública
mediante vínculo administrativo com o Estado. Nesse caso, há uma relação de trabalho de
natureza profissional com os entes da Administração Pública. Geralmente, a doutrina
caracteriza servidores estatais por critério de exclusão entre as classificações acima.
De acordo com a doutrina, os servidores estatais ou agentes administrativos podem ser
divididos em três espécies:
SERVIDORES PÚBLICOS OU ESTATUTÁRIOS
São aqueles que possuem vínculo de trabalho permanente com a Administração decorrente da
lei/estatuto. O vínculo decorrente dessa relação advém da própria lei sem a celebração de
contrato de emprego. Não há assinatura da carteira de trabalho, já que não há contrato. O
vínculo surge, após a nomeação, mediante termo de posse.
SERVIDORES CELETISTAS
São aqueles que possuem vínculo contratual com o Estado, mantendo relação de emprego sob
o regime da CLT, subsidiariamente às normas previstas em leis específicas. É importante
destacar que, na atualidade, a contratação dos empregados celetistas é voltada aos entes de
direito privado (exemplo: Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista e Fundações
Públicas regidas pelo direito privado). Embora não possuam estabilidade, de acordo com a
doutrina, é necessário que a dispensa de empregados celetistas seja motivada.
SERVIDORES TEMPORÁRIOS
São aqueles contratados para atendimento em caráter excepcional de necessidades não
permanentes dos órgãos. O art. 37 da CF/1988 estabelece três requisitos para ocorrer a
regular contratação dos servidores temporários, sendo eles:
Serviço temporário: lei específica deverá prever as características e limites de duração
dos contratos temporários.
Interesse público: devendo ser justificado pela autoridade responsável pela contratação
temporária.
Excepcionalidade: a contratação deverá ser feita apenas em situações excepcionais.
A Lei n. 8.745/1993regula esse tipo de contratação no âmbito federal, mas cada ente
federativo tem liberdade para estabelecer seu regime jurídico por lei própria. É importante
destacar que eles não adquirem estabilidade e não é obrigatória a realização de concurso
público para a contratação desses agentes.
Os militares são considerados com regime jurídico diferenciado e, portanto, estudados em
disciplina própria: o Direito Militar.
 
Foto: Shutterstock.com
[...] OS MILITARES ESTÃO SUJEITOS A ESTATUTOS
PRÓPRIOS ESTABELECIDOS ATRAVÉS DE LEI
ESTADUAL ESPECÍFICA, NOS CASOS DOS MILITARES
DOS ESTADOS, OU LEI FEDERAL (NO CASO DOS
MILITARES DAS FORÇAS ARMADAS), DISPONDO
SOBRE OS LIMITES DE IDADE, A ESTABILIDADE, OS
DIREITOS E DEVERES, A REMUNERAÇÃO, AS
PRERROGATIVAS AFETAS À CARREIRA MILITAR.
SANTOS, 2016, p. 266-267
No vídeo a seguir, o professor Marcílio da Silva Ferreira Filho faz um panorama sobre os tipos
de agentes públicos. Vamos assistir!
REGIME ESTATUTÁRIO, TRABALHISTA,
ESPECIAL E JURÍDICO ÚNICO
Os servidores estatais ou agentes administrativos são submetidos a certos regimes jurídicos de
acordo com sua classificação. Esses regimes variam quanto às garantias, direitos, vantagens,
responsabilidades, entre outros.
REGIME ESTATUTÁRIO
O regime estatutário é o regime aplicável aos servidores denominados de “estatutários” em
decorrência de uma vinculação legal/estatutária. Nessa hipótese, o regime decorre
integralmente da lei (chamada de estatuto) que rege o vínculo dos servidores. Não há contrato
de emprego firmado pelos agentes (a carteira de trabalho não é assinada), mas apenas o
termo de posse que determina a aquiescência da pessoa com o regime jurídico legal. A título
de exemplo, os servidores públicos federais são regidos pela Lei n. 8.112/1990.
POR ESTABELECER DIREITOS E DEVERES PRÓPRIOS, O
REGIME ESTATUTÁRIO POSSUI ALGUMAS NUANCES,
DIFERENÇAS E CARACTERÍSTICAS ÚNICAS ENTRE OS
DEMAIS REGIMES, SENDO ELAS: ESTABILIDADE DO
SERVIDOR PÚBLICO, REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA
SOCIAL (RPPS), POSSIBILIDADE DE DISPONIBILIDADE
REMUNERADA NOS CASOS DE EXTINÇÃO DE CARGO
PÚBLICO ETC. AS SUAS GARANTIAS, DEVERES, DIREITOS
ETC. ESTÃO FIXADAS NA LEI DE CADA ENTE.
REGIME JURÍDICO ÚNICO
Cada ente federativo possui liberdade para criar lei que defina o regime jurídico aplicável aos
servidores de sua Administração Direta, autarquias e fundações públicas de direito público.
Ocorre que, de acordo com o art. 39, caput, da Constituição de 1988, é vedada a opção de
adoção de mais de um regime simultâneo. Logo, o ente deverá aplicar ou o regime de cargos
ou de empregos públicos. Isso é o que chamamos de regime jurídico único, que, como regra,
segue o modelo estatutário.
 ATENÇÃO
Houve grande polêmica sobre o regime estatutário após a aprovação da Emenda
Constitucional 19/1998. Esse diploma normativo alterou a Constituição para permitir a
utilização de mais de um regime jurídico pelos entes federativos (o que incluiria a utilização do
regime trabalhista da CLT), extinguindo o regime jurídico único. Analisando a referida alteração,
o Supremo Tribunal Federal concedeu medida liminar, por meio da ADI 2.135, para suspender,
até a decisão final, a nova redação dada pela Emenda Constitucional 19/1998.
Sendo assim, a regra atual, de acordo com a doutrina e o STF, é a aplicação do regime jurídico
único para a Administração Direta Federal, autarquias e fundações públicas de direito público
federal e a liberdade de cada ente para definir qual regime jurídico aplicará para seus
empregados, ressalvada a implantação de mais de um regime no mesmo ente.
O REGIME JURÍDICO ÚNICO, NO ÂMBITO FEDERAL, É O
REGIME ESTATUTÁRIO, DELIMITADO PELA LEI N. 8.112/1990,
QUE É UTILIZADO COMO MODELO POR DIVERSOS ENTES
FEDERATIVOS. ESSE DIPLOMA NORMATIVO ESTABELECEU O
ESTATUTO APLICÁVEL A TODOS OS SERVIDORES FEDERAIS
DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA, AUTÁRQUICA E FUNDACIONAL
DE DIREITO PÚBLICO.
REGIME TRABALHISTA
O regime trabalhista, por sua vez, é o regime aplicável aos servidores celetistas dos entes
privados da Administração Pública (ex.: empresas públicas, sociedades de economia mista e
fundações públicas regidas pelo direito privado). Além desses casos, a CLT também será
aplicada no âmbito federal de forma subsidiária à Lei n. 9.962/2000 (regime de emprego
público do pessoal da administração federal direta, autárquica e fundacional).
Conforme mencionado, o contrato de trabalho para o regime trabalhista — feito pelo ente
privado da Administração Pública — deverá ser firmado por prazo indeterminado.
De acordo com a Súmula 390, II, do Tribunal Superior do Trabalho, o empregado de empresa
pública ou de sociedade de economia mista não possui a estabilidade prevista no art. 41, da
CF/1988.
 ATENÇÃO
De acordo com a doutrina, embora os servidores com vínculo pelo regime trabalhista não
possuam estabilidade, há posicionamento de que a rescisão deverá ser feita de forma
motivada, garantindo o contraditório aos servidores das empresas públicas e sociedades de
economia mista com atuação na execução de serviços públicos. O tema foi reconhecido pelo
STF como de repercussão geral e deverá ser julgado em breve (Tema 1022).
REGIME ESPECIAL
Além do regime estatutário e trabalhista, há também o regime especial aplicável aos servidores
temporários do Poder Público. Conforme mencionado, não se aplica nesses casos a CLT, nem
o regime jurídico único, mas sim lei específica que trate sobre o assunto. Importante destacar
que, no âmbito federal, o diploma normativo que regula esse regime é a Lei n. 8.745/1993.
Cada ente federativo tem liberdade para editar sua própria lei sobre o assunto.
 ATENÇÃO
De acordo com a doutrina, as ações decorrentes de controvérsias dos servidores temporários
são de competência da justiça comum e não da justiça trabalhista. Esse foi o entendimento do
STF no Rcl 4351 MC-AgR/PE.
CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA
O desempenho de atividades em nome da Administração Pública pode acontecer por três
formas:
FUNÇÃO PÚBLICA
CARGO PÚBLICO
EMPREGO PÚBLICO
FUNÇÃO PÚBLICA
A função pública é qualquer atividade exercida em nome do Estado, seja por meio de cargo, de
emprego ou de uma simples designação. Se uma pessoa executa atividades em prol da
administração pública, estará exercendo uma função pública. Assim, por exemplo, um mesário
da Justiça Eleitoral, embora não tenha cargo ou emprego, exerce uma função pública por atuar
em nome do Estado mediante designação.
A FUNÇÃO PÚBLICA REFERE-SE ÀS TAREFAS QUE SERÃO
EXECUTADAS PELO AGENTE PÚBLICO. NESSE SENTIDO,
TODO CARGO OU EMPREGO POSSUI UMA FUNÇÃO. PORÉM,
NEM TODA FUNÇÃO POSSUI UM CARGO OU EMPREGO, JÁ
QUE HÁ FUNÇÕES SEM CARGO, COMO AS ATRIBUÍDAS A UM
PARTICULAR EM COLABORAÇÃO COM O PODER PÚBLICO.
CARGO PÚBLICO
O cargo público, por sua vez, é definido pela natureza estatutária (legal) do vínculo. Quem
possui cargo público detém uma vinculação legal decorrente da posse, não havendo
necessidade de assinar contrato de emprego.
 
Foto: Shutterstock.com
DE ACORDO COM CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE
MELLO (2003, P. 234), CARGOS PÚBLICOS SÃO
“UNIDADES DE COMPETÊNCIA A SEREM EXPRESSAS
POR UM AGENTE, PREVISTAS EM NÚMERO CERTO,
COM DENOMINAÇÃO PRÓPRIA, RETRIBUÍDAS POR
PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO E
CRIADAS POR LEI”.
Levando em consideração o ordenamento jurídico normativo, o art. 3º da Lei n. 8.112/1990
estabelece cargo público como um conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na
estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor.
CARGO PÚBLICO É UM CONJUNTO DE ATRIBUIÇÕES E
RESPONSABILIDADES DESIGNADAS A UM SERVIDOR
PÚBLICO COM VÍNCULO ESTATUTÁRIO — DE NATUREZA
PROFISSIONAL E PERMANENTE — PARA A CORRETA
EXECUÇÃO DE SUAS ATIVIDADES. PARA CRIAR,
TRANSFORMAR E EXTINGUIR CARGOS PÚBLICOS É
NECESSÁRIA EXPRESSA PREVISÃO EM LEI DE
COMPETÊNCIA DO PODER PARA O QUAL SERÁ DESIGNADO,
CONFORME ART. 48, X, DA CF/1988.
É importante ressaltar que há duas exceções ao parágrafo anterior:
 
Congresso Nacional. Foto: P - A - S / Wikimediacommons / CC BY-SA 2.0.
javascript:void(0)
A primeira é em relação à dispensa de lei para nomeação de cargos de serviços auxiliares nos
órgãos do Poder Legislativo. Para esse caso, basta a edição de resolução de cada uma das
casas do Congresso Nacional.
 
Palácio do Planalto. Foto: Gastão guedes / Wikimedia commons / CC BY-SA 4.0.
A segunda é em relação ao art. 84, VI, da CF/1988, que estabelece competência ao Presidente
da República, mediante decreto, para extinguir cargos e funções públicas, quando vagos.
De acordo com a doutrina, o cargo público tem três classificações:
QUANTO À ESFERA DE GOVERNO
Federais (União), estaduais (estados), distritais (Distrito Federal) e municipais (municípios).
QUANTO À POSIÇÃO ESTATAL
Essa classificação refere-se à estrutura organizacional, sendo dividida em:
cargos de carreira (cargos organizados em classes ou categorias escalonadas com
possibilidade de progressão funcional e promoção);
cargos isolados (cargos não organizados e não escalonados sem possibilidade de
progressão funcional e promoção).
QUANTO À GARANTIA CONFERIDA AO OCUPANTE
javascript:void(0)
Essa classificação refere-se à garantia que o cargo público dá ao agente integrante de sua
estrutura, sendo dividida em:
cargo em comissão (também chamado de comissionado ou de confiança),
designado para atribuições de direção, chefia ou assessoramento a serem preenchidas
por quaisquer pessoas, integrantes ou não da Administração Pública, mediante livre
nomeação, sem aprovação e nomeação em concurso público do qual poderá ser
exonerado sem motivação;
cargo efetivo, ocupado por agente devidamente aprovado em concurso público,
podendo vir a adquirir estabilidade em três anos, mediante vínculo estatutário após o
prazo fixado legalmente;
cargo vitalício, regime semelhante ao do efetivo, mas com maior garantia, já que a
perda do cargo dar-se-á apenas com sentença judicial transitada em julgado. Importante
destacar que a perda não será admitida por meio de decisão meramente administrativa. A
vitaliciedade será adquirida, em regra, em dois anos.
Vale destacar que, conforme art. 37, V, da Constituição, “as funções de confiança, exercidas
exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos
em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento”. Assim, o
dispositivo constitucional traz regramento distinto quanto à função de confiança e ao cargo em
comissão.
 COMENTÁRIO
Enquanto a função de confiança é destinada apenas para aqueles que já possuem um cargo
efetivo (ex.: Auditor Fiscal é nomeado Superintendente), o cargo em comissão pode ser
preenchido por qualquer pessoa, inclusive por aquele que não seja servidor efetivo, desde que
um percentual mínimo seja destinado a servidores de carreira.
EMPREGO PÚBLICO
O emprego público se refere ao vínculo profissional entre a Administração Pública e os agentes
regidos pela CLT por meio da celebração de contrato.
OS EMPREGADOS PÚBLICOS DEVERÃO ATENTAR-SE ÀS
NORMAS FIXADAS POR MEIO DO “CONTRATO DE EMPREGO”
PARA O DESEMPENHO DE SUAS ATIVIDADES. ESSAS
NORMAS DEVERÃO RESPEITAR TANTO A CONSTITUIÇÃO
FEDERAL DE 1988 QUANTO A CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS
TRABALHISTAS.
Embora o vínculo seja regido pela CLT, para que o contrato de emprego seja celebrado e o
emprego público efetivado, é necessário que o empregado público tenha sido previamente
aprovado em concurso público, em virtude da exigência de observância ao princípio da
impessoalidade, previsto no art. 37, caput, da CF/1988.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CONTENHA, RESPECTIVAMENTE, UM
EXEMPLO DE AGENTE POLÍTICO E UM DE SERVIDOR ESTATUTÁRIO:
A) Deputado Estadual de Minas Gerais e os voluntários do “Amigos da Escola”.
B) Vereador do município de Tabocas e os mesários.
C) Ministro da Saúde e os empregados da Caixa Econômica Federal.
D) Juiz Federal e os empregados do Banco do Brasil.
E) Secretário da Saúde do Ceará e os analistas judiciários do Tribunal de Justiça de Goiás.
2. DE ACORDO COM A DOUTRINA, OS SERVIDORES ESTATAIS
POSSUEM QUATRO TIPOS DE REGIMES: REGIME ESTATUTÁRIO,
TRABALHISTA, ESPECIAL E JURÍDICO ÚNICO. SOBRE O ASSUNTO,
ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) Cada ente federativo deve adotar o regime estatutário aplicável aos servidores públicos
federais.
B) O Regime Jurídico Único é aplicável apenas para a Administração Pública Direta.
C) Embora os empregados celetistas não possuam estabilidade, o contrato de trabalho pelo
regime trabalhista deverá ser feito por prazo indeterminado.
D) Dependendo do caso, poderá ser aplicada a CLT no regime especial.
E) As ações decorrentes de litígios relacionados ao regime especial são de competência da
justiça do trabalho.
GABARITO
1. Assinale a alternativa que contenha, respectivamente, um exemplo de agente político
e um de servidor estatutário:
A alternativa "E " está correta.
 
Embora sejam agentes públicos, esses dois tipos de agentes possuem diferenças. Os agentes
políticos exercem função política de Estado por meio de cargos estruturais à organização
política do país. Já os servidores estatutários exercem função pública por um vínculo
permanente com a Administração Pública em uma relação estabelecida por lei.
2. De acordo com a doutrina, os servidores estatais possuem quatro tipos de regimes:
regime estatutário, trabalhista, especial e jurídico único. Sobre o assunto, assinale a
alternativa correta:
A alternativa "C " está correta.
 
De acordo com a doutrina majoritária, não se admite estabilidade aos detentores de emprego
público. Porém, o contrato de trabalho a ser celebrado deverá ser feito por prazo
indeterminado, podendo ser rescindido caso o empregado pratique alguma falta grave
estabelecida na CLT.
MÓDULO 2
 Identificar as regras de acesso ao serviço público, estabilidade e direitos sociais
aplicáveis aos agentes públicos
REGRAS CONSTITUCIONAIS, CONCURSO
PÚBLICO E CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA
O ingresso no serviço público como servidor estatutário ou celetista dar-se-á, como regra, após
aprovação em concurso com posterior nomeação e posse do cargo. Nesse sentido, a
Constituição Federal de 1988, em seu art. 37, II, e a legislação brasileira trazem algumas
regras e requisitos para a realização do certame para provimento de cargos. Os cargos
públicos, conforme o art. 37, I, da CF/1988, podem ser preenchidos por brasileiros e
estrangeiros, na forma da lei.
O ART. 37, II, DA CF/1988 ESTABELECE O CONCURSO
PÚBLICO COMO A REGRA DE INGRESSO NO SERVIÇO
PÚBLICO. ESSA PREVISÃO CONSTITUCIONAL É UM REFLEXO
DOS PRINCÍPIOS DA IMPESSOALIDADE, MORALIDADE E
ISONOMIA NO ACESSO A CARGOS PÚBLICOS, POIS HÁ
ANÁLISE EM CRITÉRIOS DE SELEÇÃO OBJETIVOS ANTES,
DURANTE E APÓS O CERTAME.
PORÉM, COM BASE NO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE, A LEI
PODERÁ DEFINIR OUTRAS EXIGÊNCIAS PARA O INGRESSO
NA CARREIRA PÚBLICA, DESDE QUE RESPEITE O MÉRITO
DO SUJEITO COMO CRITÉRIO DE AVALIÇÃO NA ESCOLHA.
Alguns cargos públicos, no entanto, não precisam de aprovação em concurso por previsão
constitucional expressa. A doutrina elenca algumas exceções dessa regra que estão
previstas no próprio texto constitucional, sendo elas:

 
Foto: Shutterstock.com.
CARGOS EM COMISSÃO (ART. 37, II, DA CF/1988)
Não há necessidade de aprovação em concurso público para o exercício de funções de
direção, chefia e assessoramento previstos em lei. Por serem cargos de confiança pessoal,
eles são de livre nomeação e exoneração, independentemente de motivação (ad nutum).
SERVIDORES TEMPORÁRIOS OU CONTRATAÇÃO
TEMPORÁRIA (ART. 37, IX DA CF/1988)
Essa hipótese constitucional determina que a Administração Pública poderá contratar
profissionais, sem a obrigatoriedade de concurso público, para atender necessidade temporária
de excepcional interesse público.
 
Foto: Shutterstock.com.


 
Foto: Ana de Oliveira / Flickr / CC BY-NC 2.0.
CARGOS ELETIVOS
Essa hipóteserefere-se aos agentes políticos nomeados para representarem a sociedade após
eleição democrática. Por tratar-se da vontade do povo, não é necessária a submissão em
prova e títulos.
EX-COMBATENTES
Essa hipótese refere-se aos combatentes que tenham participado de forma efetiva na Segunda
Guerra Mundial, de acordo com o art. 35, I, do ADCT.
 
Foto: Shutterstock.com.


 
Foto: Dênio Simões / Agência Brasília / NETHIS – Núcleo de Estudos sobre Bioética e
Diplomacia em Saúde.
AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE E AGENTES DE
COMBATE ÀS ENDEMIAS
De acordo com a Lei n. 11.350/2006, para esses agentes, é necessária a realização de um
processo seletivo público diferenciado de provas ou, se for o caso, de provas e títulos.
Existem também outras hipóteses constitucionais que permitem a nomeação pelo Chefe do
Executivo, sem prévia aprovação em concurso público, como a nomeação dos Ministros dos
Tribunais de Contas, do Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça, assim
como também do Superior Tribunal Militar, Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal Superior
Eleitoral, e ainda do quinto constitucional.
O concurso público é um procedimento de seleção que deve seguir regras objetivas e
embasadas na constituição e na lei. Algumas das principais regras são:

PRAZO DE VIGÊNCIA
O edital deverá definir o prazo de validade do concurso público, mas para isso deverá respeitar
a regra constitucional prevista no art. 37, III, da CF/1988 (prazo de validade de dois anos
prorrogável por igual período).

ALTERAÇÕES EDITALÍCIAS
Após a publicação do edital, tanto a Administração Pública quanto os participantes do certame
estarão vinculados aos seus termos, de acordo com o princípio de vinculação ao instrumento
convocatório. Contudo, em casos específicos e excepcionais — devidamente justificados em
alterações legislativas nos casos de modificação do regime de cargos e empregos a serem
preenchidas —, o Poder Público poderá alterar algumas disposições editalícias.

CONTROLE JUDICIAL
Por ser um ato discricionário da Administração Pública, tanto o edital quanto o concurso público
não se sujeitam ao controle do Poder Judiciário no que se refere ao mérito, com base no
princípio da separação dos poderes. Porém há uma exceção: o instrumento convocatório
estará sujeito ao controle jurisdicional — desde que seja provocado — caso ele estabeleça
critérios de escolha ou requisitos de admissão que passem dos limites dos princípios da
razoabilidade e isonomia.

OBSERVÂNCIA DA ORDEM DE CLASSIFICAÇÃO
Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso
público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos
concursados para assumir cargo ou emprego na carreira, conforme art. 37, IV, da CF/1988.

RESERVA DE VAGAS PARA PESSOAS PORTADORAS
DE DEFICIÊNCIA
De acordo com o art. 37, VIII, da CF, a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão. No âmbito
federal, o art. 5º, § 2º, da Lei n. 8.112/1990, prevê 20% para fins de reserva.

FASES DO CONCURSO
Conforme o art. 11 da Lei n. 8.112/1990, o concurso será de provas ou de provas e títulos,
podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o regulamento do
respectivo plano de carreira, condicionada a inscrição do candidato ao pagamento do valor
fixado no edital, quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de isenção
nele expressamente previstas.
Nesse sentido, em regra, o curso lógico para o ingresso no serviço público seria a publicação
do edital e a realização do concurso público com devida aprovação, nomeação e posse do
servidor, entrando em exercício na sequência. No curso desse trâmite, algumas questões
chegaram a ser suscitadas e geraram questionamentos perante a jurisprudência. Entre elas,
destacaram-se:
EXIGÊNCIA DE EXAME PSICOTÉCNICO
CLÁUSULA DE BARREIRA
DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO
EXIGÊNCIA DE EXAME PSICOTÉCNICO
O exame psicotécnico em sede de concurso público só pode ocorrer se contar com previsão
expressa em lei e no edital. De acordo com a Súmula Vinculante 44 do STF: “Só por lei se
pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público”. Entende-se
também que o referido exame, caso realizado, deve seguir critérios objetivos (STF, AI 758.533
QO-RG).
CLÁUSULA DE BARREIRA
A cláusula de barreira foi outra questão analisada pelo STF. Essa cláusula é uma previsão,
contida em Edital, que permite apenas um número de candidatos passar para as próximas
fases do concurso. A título de exemplo, seria permitir que apenas os duzentos melhores
classificados na prova objetiva passem para a segunda fase e realizem uma discursiva. O
debate chegou ao STF, que definiu que tal previsão editalícia é constitucional (RE 635739).
DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO
Outro ponto também analisado pela Suprema Corte diz respeito ao direito subjetivo à
nomeação de candidatos aprovados dentro do número de vagas, mas não nomeados pela
Administração Pública. O Supremo Tribunal Federal decidiu, em 2007, que o candidato
aprovado dentro do número de vagas definido no instrumento convocatório possui direito
subjetivo à nomeação, com base nos princípios da boa-fé e segurança jurídica.
Assim, por exemplo, se um concurso é lançado com vinte vagas de preenchimento imediato e
um candidato é aprovado na décima colocação, ele tem direito subjetivo à nomeação, podendo
ajuizar demanda para obrigar o Estado a nomeá-lo dentro do prazo de validade do concurso.
Registre-se que a Súmula 15 do STF dispõe que “[d]entro do prazo de validade do concurso, o
candidato aprovado tem direito à nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância
da classificação”.
 ATENÇÃO
De acordo com o STF, o candidato aprovado no número de vagas tem direito subjetivo à
nomeação:
Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital;
Quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação;
Quando surgirem novas vagas ou for aberto novo concurso durante a validade do
certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por
parte da administração nos termos acima (tese definida no RE 837.311).
Ocorre que, para essa regra, há uma exceção. De acordo com o Supremo, a Administração
Pública poderá deixar de convocar os candidatos dentro do número de vaga desde que ela
demonstre — de forma comprovada e justificada — situação excepcional por motivo de
necessidade superveniente (RE 598.099).
É necessário destacar que, mesmo se o candidato for nomeado, ele deverá preencher os
requisitos legais e constitucionais para ocupar o cargo, como:
 
Imagem: Governo Brasileiro / Wikimedia commons / Domínio público.
NACIONALIDADE BRASILEIRA
De acordo com o art. 37, I, da CF/1988, para ingressar no serviço público brasileiro, é
necessário que o agente seja brasileiro nato ou naturalizado. Admite-se o preenchimento de
cargo público por estrangeiro, na forma da lei.
 
Foto: Senado Federal / Wikimedia commons / CC-BY-2.0.
GOZO DE DIREITOS POLÍTICOS
De acordo com o art. 5º, II, da Lei n. 8.112/1990, quem não estiver em pleno gozo de direitos
políticos não poderá ingressar na carreira pública federal. Ressalta-se que a CF/1988
estabelece algumas hipóteses de perda ou suspensão dos direitos políticos, como no caso do
art. 37, § 4º.
 
Foto: Merdo / Desciclopédia / CC BY-NC-SA 3.0.
QUITAÇÃO COM AS OBRIGAÇÕES MILITARES E
ELEITORAIS
De acordo com o art. 5º, III, da Lei n. 8.112/1990, deverá ser demonstrada a quitação com as
obrigações militares e eleitorais para o acesso ao cargo público estatutário civil federal.
 
Foto: Shutterstock.com.
APTIDÃO FÍSICA E MENTAL PARA O EXERCÍCIO DAS
FUNÇÕES DO CARGO
Essa regra pode impedir a posse apenas quando as vedações físicas ou mentais sejam
amparadas nas funções específicas do cargo a ser assumido.
 
Foto:Shutterstock.com
ATIVIDADE JURÍDICA
De acordo com o art. 93, I, da CF/1988, existem hipóteses em que será exigida, para o
ingresso no serviço público, a demonstração de tempo de atividade na área jurídica como
forma de atestar a experiência devida para a execução das funções a serem desempenhadas.
No vídeo a seguir, o professor Marcílio da Silva Ferreira Filho comenta aspectos sobre a
estabilidade dos servidores públicos. Vamos assistir!
ESTABILIDADE, DIREITO DE GREVE,
DIREITOS SOCIAIS E SINDICALIZAÇÃO
O vínculo dos servidores públicos com a Administração Pública é estabelecido por meio do
regime estatutário que prevê direitos, deveres e prerrogativas inerentes a esses servidores,
com base na lei ou na Constituição Federal de 1988. Vejamos mais detalhadamente a seguir:
ESTABILIDADE
Uma das prerrogativas conferidas a ocupantes de cargo efetivo, por meio do Texto
Constitucional e por lei, é a estabilidade.
A estabilidade é uma prerrogativa dos servidores públicos que advém da Constituição Federal
de 1988. Ela atribui aos servidores públicos, detentores de cargos de provimento efetivo, após
preenchidos os requisitos constitucionais, permanência no serviço público, desde que não
infrinjam alguma situação estabelecida pela própria Constituição.
A ESTABILIDADE É ADQUIRIDA APENAS PELOS AGENTES
DETENTORES DE CARGO PÚBLICO EFETIVO. A EFETIVIDADE
É UM ATRIBUTO DO CARGO PÚBLICO E UM REQUISITO
INDISPENSÁVEL PARA A AQUISIÇÃO DA ESTABILIDADE.
IMPORTANTE DESTACAR QUE ESSA PRERROGATIVA NÃO É
CONFERIDA AOS DETENTORES DE EMPREGO PÚBLICO OU
DE CARGOS EM COMISSÃO.
O servidor público, detentor de cargo de provimento efetivo, adquirirá a estabilidade após o
preenchimento de dois requisitos cumulativos: três anos de efetivo serviço no cargo e a
aprovação em avaliação especial de desempenho, por comissão especialmente constituída.
O prazo para aquisição da estabilidade e desenvolvimento do estágio probatório é o mesmo:
três anos (STF, AI 754802).
 ATENÇÃO
De acordo com o STF, “o ato de exoneração do servidor é meramente declaratório, podendo
ocorrer após o prazo de três anos fixados para o estágio probatório, desde que as avaliações
de desempenho sejam efetuadas dentro do prazo constitucional”. Assim, por exemplo, se a
avaliação do estágio probatório ocorreu nos três anos, mas a exoneração só saiu no quarto
ano, ela será válida. (STF, RE 805.491 AgR)
De acordo com o art. 41, § 1º, da CF/1988, existem hipóteses em que o servidor público
estável perderá o cargo mesmo após a aquisição da estabilidade, sendo elas:

Em virtude de sentença transitado em julgado.

Mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa.

Mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar,
assegurada ampla defesa.
Essa última hipótese (avaliação periódica de desempenho) depende de lei complementar, que
— até o presente momento — ainda não foi editada. Assim, por se tratar de uma norma
constitucional de eficácia limitada, a terceira hipótese não tem aplicação prática até o advento
da lei complementar.
 SAIBA MAIS
Importante: Vitaliciedade diferencia-se de estabilidade, uma vez que a primeira possui uma
prerrogativa maior em relação à segunda quanto à perda do cargo (na vitaliciedade, só se
perde o cargo por sentença judicial transitada em julgado).
 
Foto: Shutterstock.com.
DIREITO DE GREVE
Embora os servidores públicos ocupantes de cargo efetivo tenham estabilidade, é conhecido e
pacificado na doutrina e jurisprudência que esses agentes possuem direito de greve (art. 37,
VII, da CF/1988). A CF/1988 determinou que para ele ser exercido é necessária a edição de lei
específica.
Acontece que a referida lei específica ainda não foi editada. O Supremo Tribunal Federal, além
de ter decidido que esse artigo se refere a uma norma de eficácia limitada, determinou que,
enquanto não houver a edição da respectiva lei específica a regulamentar a greve dos
servidores, será utilizada, até então, a Lei n. 7.783/1989 (lei geral de greve), julgamento que
ocorreu nos Mandados de Injunção n. 670, 708 e 712.
Sobre o assunto, o STF também decidiu que os dias parados por greve de servidor devem ser
descontados, exceto se houver acordo de compensação (RE 693456). No mesmo julgado, o
STF afirmou que o desconto não será devido se a greve for causada em decorrência de ilícito
cometido pelo Poder Público.
 ATENÇÃO
Vale ressaltar a vedação constitucional de movimentos paredistas aos servidores militares. O
art. 142, IV, da CF/88 proíbe que os servidores que prestam serviços às Forças Armadas (ex.:
Exército, Marinha, Aeronáutica, militares e Corpos de Bombeiro) façam greve, pois poderia
prejudicar as relações necessárias à garantia e manutenção da sociedade. O STF entende que
policiais civis e todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança
pública também não podem exercer o direito de greve (ARE 654.432).
DIREITOS SOCIAIS
É conhecido pelo ordenamento jurídico brasileiro que o direito de greve é uma similaridade
aplicada tanto para os servidores públicos quanto para os trabalhadores urbanos e rurais (art.
9º da CF/1988). Ocorre que o próprio Texto Constitucional traz outras similaridades entre esses
agentes e trabalhadores, por exemplo os direitos sociais. De acordo com o art. 39, § 3º da
CF/1988, aplicam-se aos servidores públicos, ocupantes de cargos efetivos, os seguintes
direitos sociais:
Salário mínimo
(art. 7º, IV e VII)
Décimo terceiro salário
(art. 7º, VIII)
Adicional noturno
(art. 7º, IX)
Salário-família
(art. 7º, XII)
Duração de trabalho não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais
(art. 7º, XIII)
Repouso semanal remunerado
(art. 7º, XV)
Hora extra (mínimo de 50%)
(art. 7º, XVI)
Férias anuais remuneradas e adicional de férias
(art. 7º, XVII)
Licença à gestante
(art. 7º, XVIII)
Licença-paternidade
(art. 7º, XIX)
Proteção ao mercado de trabalho da mulher
(art. 7º, XX)
Redução dos riscos inerentes ao trabalho
(art. 7º, XXII)
Proibição de diferença de salários por motivos discriminatórios
(art. 7º, XXX)
SINDICALIZAÇÃO
Além do direito de greve e dos direitos sociais acima, o art. 37, IV, da CF/1988 garante aos
servidores públicos a livre associação sindical. Ela objetiva a construção e facilitação do
diálogo entre um grupo de servidores com o ente público na busca por boas condições de
trabalho. Além da sindicalização ser optativa para esses agentes, é necessário apontar que é
vedada a celebração de acordo ou convenção coletiva com a Administração Pública para fins
de aumento salarial, conforme Súmula 679 do STF.
 
Imagem: Shutterstock.com.
REMUNERAÇÃO E APOSENTADORIA
REMUNERAÇÃO
Como qualquer empregado e trabalhador, o servidor público tem direito de ser remunerado
pelos seus serviços prestados. Tanto o estatuto do servidor público federal quanto a
Constituição Federal possuem previsões quanto à remuneração desses agentes.
O sistema constitucional prevê duas formas de contraprestação, com regramentos diferentes:
Por remuneração
Por subsídio
NO SISTEMA POR REMUNERAÇÃO, MAIS COMUM NO ÂMBITO
ADMINISTRATIVO, O SERVIDOR RECEBE O VENCIMENTO
(VALOR BÁSICO PELO DESEMPENHO DO CARGO) E PODE
RECEBER TAMBÉM VANTAGENS PECUNIÁRIAS, COMO
ADICIONAIS, GRATIFICAÇÕES E/OU INDENIZAÇÕES. O
SOMATÓRIO DO VENCIMENTO E DAS VANTAGENS É
DENOMINADO DE REMUNERAÇÃO OU DE VENCIMENTOS (NO
PLURAL). CADA LEGISLAÇÃO TEM LIBERDADE PARA FIXAR
SUAS REGRAS REMUNERATÓRIAS, OBSERVADAS AS
REGRAS DA CONSTITUIÇÃO.
Para que os servidores públicos gozem dessa contraprestação, em regra, é necessária a
edição de lei específica que defina o quanto devem receber, sendo cada um dos Poderes do
Estado responsável pela edição dessa lei para os seus agentes. Entretanto, a Constituição
estabelece algumas exceções referentes à exigibilidade de edição de lei, como a edição de
decreto legislativo para definir a remuneração do Presidente da República e do Vice-
Presidente (art. 40, VIIIda CF/1988) e os subsídios dos Vereadores (art. 29, VI, da CF/1988).
Por ser uma contraprestação decorrente da natureza alimentar, a remuneração do servidor
público é irredutível e não poderá sofrer atrasos em seu pagamento. Entretanto, de acordo
com o Supremo Tribunal Federal, a irredutibilidade prevista no art. 37, XV da Constituição
Federal refere-se ao caráter nominal e não real. Logo, a irredutibilidade não se estende às
perdas decorrentes do aumento inflacionário.
 VOCÊ SABIA
É admitido o desconto da remuneração do servidor público quando sobrevir alguma imposição
legal/decisão judicial ou consignação em folha de pagamentos.
Existe, também, outra forma de pagamento realizada pelo Poder Público: o subsídio, que é
uma forma de pagamento realizada em parcela única, sendo atribuída a parte dos cargos do
serviço estatal. Nesse modelo, é vedado o pagamento de gratificação, adicional, abono,
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória. Apesar disso, é possível o
pagamento de verbas indenizatórias e direitos constitucionais (ex.: décimo terceiro).
O SUBSÍDIO PODERÁ SER IMPLEMENTADO PARA OS
SERVIDORES DE ACORDO COM A FACULDADE DO PODER
PÚBLICO, EXCEPCIONADO PARA AS CARREIRAS QUE SUA
INSTITUIÇÃO SEJA OBRIGATÓRIA. O ART. 39, § 4º, DA CF,
PREVÊ QUE A SISTEMÁTICA DE SUBSÍDIO É APLICÁVEL A
MEMBRO DE PODER, O DETENTOR DE MANDATO ELETIVO,
OS MINISTROS DE ESTADO E OS SECRETÁRIOS ESTADUAIS
E MUNICIPAIS.
Conforme mencionado, cada um dos Poderes do Estado é responsável pela edição da lei que
fixa a remuneração de seus agentes. Acontece que essa lei deverá respeitar o requisito
constitucional do teto remuneratório, conforme estabelecido pela Emenda Constitucional
19/1998 e 41/2003. Essas emendas estabeleceram as seguintes regras como requisitos na
definição das remunerações:
Teto remuneratório, subteto estadual e municipal
Teto
remuneratório
Subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal
Subteto
estadual (e
do DF)
Subsídio do Governador (Executivo)
Subsídio dos Deputados Estaduais/Distritais (Legislativo)
Subsídio dos desembargadores dos TJs em 90,25% do subsídio do
ministro do Supremo Tribunal Federal (Judiciário, Ministério
Público, Defensoria Pública e Procuradorias)
Subteto
municipal
Subsídio do Prefeito
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 ATENÇÃO
De acordo com a doutrina, não se submetem ao teto remuneratório as verbas de natureza
indenizatória (exemplo: valores de diárias pagos pelo servidor), direitos sociais (exemplo:
décimo terceiro salário), abono de permanência (art. 40, § 19º da CF/1988) e remuneração da
atividade de magistério (exemplo: ministro do Supremo Tribunal Federal que também exerce
função como cargo público de professor).
 
Imagem: Shutterstock.com.
APOSENTADORIA
Além da remuneração, os servidores públicos, assim como os trabalhadores urbanos e rurais,
também podem se aposentar, havendo um regime especial para os ocupantes de cargo público
efetivo. Esse direito estabelece aos servidores o recebimento de uma remuneração/provento
após determinado tempo de serviço e preenchimento de certos requisitos sem se manter na
execução de sua atividade original.
Diferentemente dos empregados privados, os servidores públicos, detentores de cargo efetivo,
vinculam-se ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), que possui regras próprias de
aposentadoria. Seguem algumas de suas características:
 
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CARÁTER CONTRIBUTIVO DO REGIME
Após a edição da Emenda Constitucional 20/1998, não será levado em conta apenas, para o
cálculo e concessão de aposentadoria, o tempo de serviço público, mas sim o de contribuição.
 
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CONTAGEM RECÍPROCA DE TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO
Será considerado como tempo de contribuição qualquer dos regimes de previdência com que o
agente tenha contribuído, salvo o tempo de contribuição simultânea entre o exercício particular
de professor e em cargo público.
 
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CARÁTER SOLIDÁRIO
Não é aplicado o regime de capitalização, logo, o agente não contribui para seu benefício de
forma isolada. No RPPS, os servidores contribuem para a manutenção de todo o sistema.
Com o advento das alterações promovidas por Emendas Constitucionais, sendo a mais recente
a reforma de previdência, seguem as hipóteses atuais de aposentadoria dos servidores
públicos federais:
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ
APOSENTADORIA COMPULSÓRIA
APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ
Será concedida a aposentadoria por invalidez após a apresentação de um laudo médico oficial
que demonstre a incapacidade do agente para a prestação de serviço público, sendo, portanto,
concedida a aposentadoria com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, salvas as
hipóteses do art. 40, I, da CF/1988.
APOSENTADORIA COMPULSÓRIA
De acordo com o art. 40, II, da CF/1988, a aposentadoria compulsória será aplicada, tanto para
homens quanto para mulheres, quando o agente completar 75 anos, sendo pago com
proventos proporcionais ao tempo de contribuição, podendo ser integral, nos casos em que o
agente tenha contribuído o tempo necessário.
APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA
Após a reforma da previdência, para ter acesso à aposentadoria voluntária, é necessário que o
servidor público federal apresente o preenchimento dos seguintes requisitos: idade (65 anos
para os homens e 62 para as mulheres), tempo de trabalho (10 anos de serviço público, sendo
5 no cargo). Nesse caso, a renda será 60% da média de todos os salários de contribuição,
sendo assegurado o salário mínimo.
Os critérios acima estabelecidos foram determinados pela Constituição Federal, porém, em
alguns casos, os critérios poderão ser diferenciados para a concessão do benefício. O art. 40,
§ 4º, da CF/1988 estabelece que os portadores de deficiência, os agentes que exerçam
atividades de risco e aqueles cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que
prejudiquem a saúde ou integridade física poderão — mediante Lei Complementar — ter
critérios diferenciados para concessão de benefício.
 COMENTÁRIO
De acordo com a Lei n. 10.887/2004, a alíquota de contribuição do regime próprio de
previdência social do servidor público é de 11%. Vale destacar que os servidores inativos que
ganham acima do teto do RPPS também contribuem sobre tudo o que o provento ultrapassar
do teto, sendo o valor da alíquota de 14%.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. QUANTO ÀS REGRAS CONSTITUCIONAIS E LEGAIS DO CONCURSO
PÚBLICO, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) É prescindível a aprovação em concurso público para cargo em comissão, uma vez que se
trata de cargo de confiança pessoal.
B) De acordo com a CF/1988, para ingressar no serviço público, é necessário que o agente
seja brasileiro nato ou português naturalizado brasileiro.
C) Viola a Constituição Federal de 1988 qualquer previsão editalícia que exija demonstração de
tempo de atividade jurídica como condição para ingresso no serviço público.
D) O prazo de validade expresso pela CF/1988 para os editais é de dois anos, prorrogável por
mais um ano.
E) Por ser um ato discricionário, é vedado, em qualquer circunstância, controle judicial nos
concursos públicos.
2. ESTUDAMOS QUE A ESTABILIDADE É UMA PRERROGATIVA DOS
SERVIDORES PÚBLICOS QUE ADVÉM DO PRÓPRIO TEXTO
CONSTITUCIONAL. ELA POSSIBILITA QUE OS SERVIDORES EFETIVOS
PERMANEÇAM NO SERVIÇO PÚBLICO, DESDE QUE NÃO INFRINJAM
ALGUMA SITUAÇÃO PREVISTA PELA CONSTITUIÇÃO. SOBRE ESSE
TEMA, ASSINALE A AFIRMATIVA CORRETA:
A) De acordo com a jurisprudência, a estabilidade é conferida tanto para os agentes detentores
de cargo efetivo quanto para os empregados de empresas públicas e sociedades de economia
mista.
B) Estabilidade e vitaliciedade não possuem diferenças, uma vez que os dois institutos
protegem os servidores públicos contra eventuais perseguições ou demissões injustificadas
pela Administração Pública.
C) De acordo com a doutrina, o servidor público poderáperder o cargo, após a aquisição da
estabilidade, por meio do deferimento de alguma tutela ou segurança no curso de uma ação
judicial.
D) Existem dois requisitos para a aquisição da estabilidade: três anos de efetivo serviço e
aprovação em avaliação especial de desempenho.
E) O servidor público, após a aquisição da estabilidade, perderá o seu cargo apenas por meio
de sentença judicial transitada em julgado.
GABARITO
1. Quanto às regras constitucionais e legais do concurso público, assinale a alternativa
correta:
A alternativa "A " está correta.
 
Por se tratar de cargo de confiança, é dispensável a realização de concurso público para o
preenchimento de vagas de cargos em comissão. Nesse sentido, não há estabilidade, uma vez
que são de livre nomeação e exoneração.
2. Estudamos que a estabilidade é uma prerrogativa dos servidores públicos que advém
do próprio Texto Constitucional. Ela possibilita que os servidores efetivos permaneçam
no serviço público, desde que não infrinjam alguma situação prevista pela Constituição.
Sobre esse tema, assinale a afirmativa correta:
A alternativa "D " está correta.
 
Para que o servidor público possa adquirir a estabilidade, é necessário que ele preencha dois
requisitos: três anos de efetivo serviço no cargo e aprovação em avaliação especial de
desempenho, por comissão especialmente constituída.
MÓDULO 3
 Categorizar os direitos e deveres aplicáveis aos servidores públicos e as
responsabilidades decorrentes de eventual conduta ilícita
DIREITOS E VANTAGENS DOS
SERVIDORES ESTATUTÁRIOS
O estatuto dos servidores públicos federais (Lei n. 8.112/1990) estabeleceu direitos e
vantagens, que materializam os princípios da administração pública na execução dos serviços
públicos. Esses direitos e vantagens estão previstos no Título III da Lei n. 8.112/90, sendo eles:
Vencimento e remuneração
Vantagens
Férias
Licenças
Afastamentos
Concessões
VENCIMENTOS
Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
A ele podem ser acrescidas vantagens, que são parcelas pecuniárias acrescidas ao
vencimento dos servidores públicos em decorrência de condição fática prevista em lei. Logo,
quando preenchidas, o servidor terá direito de recebê-las. Elas são divididas em:
Indenizações

Gratificações

Adicionais
 SAIBA MAIS
O somatório do vencimento e das vantagens é chamado de remuneração ou de “vencimentos”,
no plural. O servidor público tem direito a receber como remuneração (total) pelo menos um
salário mínimo, conforme Súmula Vinculante 16.
INDENIZAÇÕES
Indenizações são vantagens pagas como uma forma de reparar eventuais gastos feitos pelo
servidor na prestação da atividade pública. Elas possuem natureza ressarcitória, portanto, não
são consideradas acréscimo patrimonial. O Estado deverá ressarcir o prejuízo causado ao
servidor que precisou despender seus próprios recursos para prestar o serviço público. De
acordo com a Lei n. 8.112/1990, elas são divididas em quatro tipos:
 
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DIÁRIA
Indenização devida quando houver deslocamento temporário para prestação do serviço
público, como as despesas de alimentação e locomoção urbana. A lei traz algumas exceções,
como no caso de o deslocamento do servidor ocorrer dentro da mesma região metropolitana,
aglomeração urbana ou microrregião, constituídas por municípios limítrofes e regularmente
instituídas ou em áreas de controle integrado mantidas com países limítrofes, nos quais há
extensão de jurisdição e competência dos órgãos.
 
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AJUDA DE CUSTO
Essa indenização será paga quando houver deslocamento permanente da sede, com mudança
de domicílio e no interesse da Administração Pública. Esse tipo de indenização não objetiva
custear as despesas com a mudança, já que o Estado deverá custear gastos de transporte
tanto do servidor quanto de sua família, assim como a passagem, bagagem e os bens
pessoais.
 
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TRANSPORTE
Essa indenização será devida quando houver despesas relacionadas à execução de serviços
públicos externos por meio próprio de locomoção por força das atribuições inerentes ao cargo.
 
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AUXÍLIO-MORADIA
Essa indenização será paga para o servidor que tiver sido deslocado de sua sede para exercer
cargos em comissão de DAS 4, 5 e 6, cargos de natureza especial ou de ministros de estado.
Para que ele seja devido, é necessário que não exista imóvel funcional disponível para uso
pelo servidor, que o cônjuge ou o companheiro do servidor não ocupe imóvel funcional; que o
servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou tenha sido proprietário promitente
comprador, cessionário ou promitente cessionário de imóvel no Município onde for exercer o
cargo; que nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba auxílio-moradia; que o
município no qual assuma o cargo em comissão ou função de confiança não se enquadre
dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião; que o servidor
não tenha sido domiciliado ou tenha residido no Município, nos últimos doze meses, aonde for
exercer o cargo em comissão ou função de confiança; que o deslocamento não tenha sido por
força de alteração de lotação ou nomeação para cargo efetivo; que o deslocamento tenha
ocorrido após 30 de junho de 2006.
GRATIFICAÇÕES
As gratificações foram regulamentadas no art. 61, I, II e IX da Lei 8.112/1990, sendo divididas
em:
GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO
GRATIFICAÇÃO NATALINA
GRATIFICAÇÃO POR ENCARGO DE CURSO OU
CONCURSO
GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO
É paga ao agente pelo exercício de uma função de direção, chefia ou assessoramento. Ela é
uma forma de remuneração devida em virtude do exercício de funções não inerentes à
estrutura do cargo de origem do agente.
GRATIFICAÇÃO NATALINA
É devida ao servidor até o dia 20 de dezembro de cada ano. Ela é calculada a partir da
proporção de doze avos da remuneração de dezembro para cada mês de serviço público que
tenha sido prestado pelo agente.
GRATIFICAÇÃO POR ENCARGO DE CURSO OU
CONCURSO
É devida para o servidor que:
atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvimento ou treinamento
regularmente instituído no âmbito da Administração Pública Federal;
participar de banca examinadora ou de comissão para exames orais, para análise
curricular, para correção de provas discursivas, para elaboração de questões de provas
ou para julgamento de recursos intentados por candidatos;
participar da logística de preparação e de realização de concurso público envolvendo
atividades de planejamento, coordenação, supervisão, execução e avaliação de
resultado, quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas atribuições
permanentes;
participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame vestibular ou de concurso
público ou supervisionar essas atividades.
ADICIONAIS
Os adicionais são acréscimos patrimoniais estabelecidos por meio do art. 61, VI, VII e VIII da
Lei n. 8.112/1990. Para que eles sejam devidos, é necessário que o servidor dependa de uma
situação fática que não configure vantagem pessoal. De acordo com a referida lei, eles podem
ser divididos em:

 
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ADICIONAL PELO EXERCÍCIO DE ATIVIDADES
INSALUBRES, PERIGOSAS OU PENOSAS
É devido para os servidores que exercem atividades prejudiciais à saúde, como aqueles que
têm contato com substâncias tóxicas, com perigo de vida ou atividades que exijam grande
esforço para serem realizadas.
ADICIONAL PELA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
EXTRAORDINÁRIO
Refere-se à hora extra. Ele é uma verba acessória devida ao servidor que trabalha além de sua
jornada de trabalho diária por conta da necessidade do serviço público. O tempo de hora extra
não poderá ultrapassar duas horas por jornada, sendo remunerado com adicional de 50% a
mais em relação à hora normal.
 
Foto: Shutterstock.com.


 
Foto: Shutterstock.com.
ADICIONAL NOTURNO
É devido para os servidores que trabalham entreas vinte e duas horas até as cinco horas do
dia seguinte em um percentual de 25% da remuneração da hora normal. Vale ressaltar que a
hora noturna tem duração de cinquenta e dois minutos e trinta segundos, logo, o servidor fará
jus tanto ao adicional noturno, quanto ao cômputo diferenciado da hora de trabalho no turno
noturno.
ADICIONAL DE FÉRIAS
Deverá ser pago ao servidor público por conta de suas férias. Ele corresponde a 1/3 de sua
remuneração.
 
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
FÉRIAS
De acordo com o art. 7º, XVIII, e o art. 39, § 3º, da Constituição Federal, o terceiro direito e
vantagem conferido ao servidor estatutário são as férias. É necessário que o agente complete
doze meses de exercício (período aquisitivo) para que consiga gozar de seu primeiro período
de férias (30 dias). A Lei n. 8.112/1990 estabelece três características próprias desse direito
para os servidores públicos, sendo elas:

ACUMULAÇÃO
O servidor poderá acumular o período de férias por, no máximo, dois períodos. Essa opção não
se refere a uma faculdade do agente público, mas sim do próprio interesse da Administração
Pública.

PARCELAMENTO
Essa característica trata-se de uma possibilidade de parcelamento das férias em três períodos.
Essa hipótese é uma faculdade do servidor público que poderá ser aceita ou não pela
Administração Pública.

INTERRUPÇÃO
De acordo com o art. 80, da Lei n. 9.527/1997, o servidor poderá ter suas férias interrompidas
caso atue na prestação de atividade de interesse público. Contudo, ela poderá ser interrompida
uma única vez no mesmo período, e o restante será usufruído pelo servidor sem uma nova
interrupção.
LICENÇAS
O quarto direito e vantagem conferido ao servidor são as licenças. Em algumas situações
legais, o servidor público poderá se afastar do exercício da atividade pública de forma regular
sem configurar ausência injustificada. Com base na Lei n. 8.112/1990, existem sete hipóteses
de licenças:
POR MOTIVO DE DOENÇA FAMILIAR
Para fazer jus a essa licença, o servidor deverá comprovar por junta médica oficial que alguma
pessoa da família (exemplo: cônjuge, companheiro, pais, filhos, padrasto, madrasta, enteado
ou dependente) esteja doente, dependa de sua assistência direta e que seja difícil conciliar a
ajuda com o exercício de sua função pública. Aprovada a licença, o servidor terá direito de até
60 dias (com remuneração), podendo esse prazo ser prorrogado por até 90 dias (sem
remuneração).
POR MOTIVO DE AFASTAMENTO DO CÔNJUGE
Acontece quando o cônjuge do servidor é deslocado para outro lugar do território nacional, ou
exterior, para exercício de mandato eletivo (Poder Legislativo ou Executivo). Ela não tem prazo
definido em lei, podendo ser até mesmo concedida por tempo indeterminado.
PARA EXERCÍCIO DE ATIVIDADE POLÍTICA
Licença concedida ao servidor que queira participar das eleições como candidato. Ela é
fracionada em dois momentos:
escolha do servidor, na convenção partidária, até a véspera do registro da candidatura na
justiça eleitoral (sem remuneração);
registro da candidatura e até dez dias após as eleições (com remuneração em um prazo
máximo de até três meses).
PARA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO MILITAR
Será concedida para o servidor que prestar atividade militar. Ela dura todo o tempo do serviço
militar. Logo, quando terminar o exercício da referida função, a licença será expirada.
POR MOTIVO DE INTERESSE PARTICULAR
Trata-se de uma licença imotivada, ou seja, o servidor não precisa explicar o motivo. Ela
poderá ser concedida por até três anos, improrrogáveis e sem remuneração, ao critério da
Administração Pública, tendo em vista o interesse público.
PARA CAPACITAÇÃO
O servidor público terá direito a até três meses de licença (com remuneração) para participar
de curso de capacitação, desde que ele cumpra cinco anos de efetivo exercício no serviço
público. Vale ressaltar que os períodos são inacumuláveis, ou seja, se o servidor completar dez
anos de exercício, ele não terá direito a seis meses de curso de capacitação.
PARA DESEMPENHO DE MANDATO CLASSISTA
De acordo com o art. 92, da Lei n. 8.112/1980, é assegurado ao servidor o direito à licença
(sem remuneração) para o desempenho de mandato em confederação, federação, associação
de classe de âmbito nacional, sindicato representativo da categoria ou entidade fiscalizadora
da profissão ou, ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade cooperativa
constituída por servidores públicos para prestar serviços a seus membros.
AFASTAMENTOS
O quinto direito e vantagem conferido aos servidores são os afastamentos, que são outras
hipóteses de ausência do servidor público para o exercício de outras atividades de interesse
coletivo ou social. A Lei n. 8.112/1990 cita quatro tipos de afastamentos:

PARA O EXERCÍCIO DE MANDADO ELETIVO
Afastamento de servidores eleitos, em cargos efetivos, para a funções com representatividade
popular. Essa hipótese trata-se de uma manifestação clara da soberania do interesse público
em virtude de um processo democrático. A Constituição Federal traz alguns casos em que o
servidor poderá acumular o exercício das funções em mandato eletivo, como nos casos dos
vereadores.

PARA SERVIR A OUTRO ÓRGÃO OU ENTIDADE
Afastamento do servidor público cedido para exercício em outro órgão ou entidade da União,
dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, para o exercício de cargo em comissão,
função de confiança ou outros descritos por lei.

PARA ESTUDO OU MISSÃO NO EXTERIOR
Afastamento com a finalidade de estudo ou missão oficial fora do país. Para que ele seja
concedido, é necessária a autorização do Presidente da República, Presidente dos Órgãos do
Poder Legislativo e do Presidente do Supremo Tribunal Federal. De acordo com a lei, essa
ausência não poderá exceder quatro anos.

PARA PARTICIPAÇÃO EM PROGRAMA DE PÓS-
GRADUAÇÃO STRICTO SENSU NO BRASIL
Afastamento concedido ao servidor público para participação em programa de pós-graduação
stricto sensu (mestrado, doutorado e pós-doutorado) em instituição de ensino superior no
Brasil.
CONCESSÕES
O sexto e último direito e vantagem conferidos aos servidores são as concessões. Elas,
também, são hipótese de ausência – como efetivo serviço – do servidor no serviço público. De
acordo com a Lei n. 8.112/1990, elas são divididas em:
 
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DOAÇÃO DE SANGUE
1 dia
 
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ALISTAMENTO ELEITORAL
2 dias
 
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CASAMENTO OU LUTO PELO FALECIMENTO DO
CÔNJUGE, COMPANHEIRO, PAIS, MADRASTA,
PADRASTO, FILHOS, ENTEADOS, MENOR SOB
GUARDA E TUTELA OU IRMÃOS
8 dias
DEVERES E RESPONSABILIDADES DOS
SERVIDORES ESTATUTÁRIOS
Conforme estudado, por terem um vínculo com o Estado diferente dos celetistas e temporários,
os servidores públicos possuem direitos próprios decorrentes da Constituição ou de seu
respectivo estatuto. Além desses direitos, os servidores estatutários devem laborar de modo
eficiente e produtivo para que honrem os princípios da Administração Pública. Para isso, a Lei
n. 8.112/1990 estabelece deveres aos servidores estatutários:
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EXERCER COM ZELO E DEDICAÇÃO AS ATRIBUIÇÕES
DO CARGO
Em consonância com o princípio da eficiência do serviço público, o servidor estatutário deverá
exercer com zelo, cuidado e dedicação as atribuições de seu cargo, tanto em caráter
quantitativo quanto qualitativo.
SER LEAL ÀS INSTITUIÇÕES A QUE SERVIR
A lealdade às instituições pressupõe a observância tanto de regras quanto dos princípios da
atividade administrativa. Além disso, esse dever proíbe o uso da imagem institucional
desvinculada do interesse público.
 
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OBSERVAR AS NORMAS LEGAIS E
REGULAMENTARES
Em consonância com o princípio da legalidade, o servidor estatutário deve observar todas as
normas jurídicas no exercício da atividade administrativa.
CUMPRIR ORDENS SUPERIORES, EXCETO QUANDOMANIFESTAMENTE ILEGAIS
De acordo com o poder hierárquico, o servidor público deverá acatar e cumprir as ordens
superiores, salvo quando manifestamente ilegais.
 
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ATENDER COM PRESTEZA
ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por
sigilo;
à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de
situações de interesse pessoal;
às requisições para a defesa da Fazenda Pública: o servidor público deverá atender com
presteza e agilidade quaisquer solicitações vindas dos superiores ou de qualquer
cidadão, salvo as informações sigilosas.
Nesse sentido, estará configurada como ato ilícito a demora ou lentidão injustificada na
prestação do serviço público.
LEVAR AS IRREGULARIDADES DE QUE TIVER
CIÊNCIA EM RAZÃO DO CARGO AO CONHECIMENTO
DA AUTORIDADE SUPERIOR OU, QUANDO HOUVER
SUSPEITA DE ENVOLVIMENTO DESTA, AO
CONHECIMENTO DE OUTRA AUTORIDADE
COMPETENTE PARA APURAÇÃO
Em respeito aos princípios da moralidade e legalidade, o servidor público deverá comunicar
qualquer irregularidade de que tiver ciência à autoridade superior competente.
 
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ZELAR PELA ECONOMIA DO MATERIAL E A
CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO
O servidor público deverá zelar pela economia de todo o material utilizado na execução do
serviço público e pela conservação da repartição pública, uma vez que ela faz parte do
patrimônio público.
GUARDAR SIGILO SOBRE ASSUNTO DE REPARTIÇÃO
O servidor público tem o dever de guardar sigilo sobre assunto de repartição. Importante
destacar que constitui infração administrativa sujeita à sanção de demissão a revelação de
segredo da qual o servidor tenha se apropriado em razão do cargo.
 
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MANTER CONDUTA COMPATÍVEL COM A
MORALIDADE ADMINISTRATIVA
Em harmonia com o princípio da moralidade, o servidor público deverá pautar suas condutas
em padrões éticos. Atos de improbidade, desonestos e imorais configuram ofensa ao decoro
administrativo.
SER ASSÍDUO E PONTUAL AO SERVIÇO
O servidor público deverá comparecer assiduamente ao local de trabalho. Importante destacar
que a chefia poderá descontar na remuneração do servidor se ele faltar ou atrasar
injustificadamente.
 
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TRATAR COM URBANIDADE AS PESSOAS
Durante o exercício da atividade pública, os servidores deverão prezar pelas boas maneiras,
linguagens e cortesia, tanto na forma verbal quanto não verbal, como na escrita e nos gestos.
REPRESENTAR CONTRA ILEGALIDADE, OMISSÃO OU
ABUSO DE PODER
Para preservar os princípios da administração pública, o servidor deverá representar contra
qualquer ilegalidade, omissão ou abuso de poder. De acordo com o parágrafo único do artigo
acima, a representação deverá ser encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela
autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegurando ampla defesa ao
representado.
 
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 ATENÇÃO
Conforme estabelecido pela Lei n. 8.112/1990, o servidor estatutário que atentar contra um
desses deveres poderá ser responsabilizado na esfera civil, penal e administrativa, conforme
a natureza do ato. A referida lei regulamenta as penalidades que podem ser aplicadas a esses
agentes por meio do regime disciplinar. Importante destacar que deverá ser oportunizado ao
servidor o contraditório e ampla defesa antes, durante e após a apuração da conduta ilícita.
RESPONSABILIDADE DOS SERVIDORES
PÚBLICOS
Constituídos os direitos e deveres dos servidores públicos, o estatuto do servidor federal (Lei n.
8.112/1990) também estabeleceu a responsabilidade dos servidores públicos quando houver a
prática de condutas ilícitas. As consequências das práticas dessas condutas ensejarão a
responsabilização na esfera penal, civil e administrativa. Vejamos a seguir:
SANÇÕES PENAIS
Serão aplicadas ao servidor que cometer crimes ou contravenções no exercício da atividade
pública, sendo aplicadas as disposições previstas na legislação penal.
SANÇÕES CIVIS
Serão aplicadas ao servidor que praticar infrações que ensejem dano à Administração Pública
ou a terceiros. Esse tipo de sanção está previsto na Lei n. 8.429/1992.
SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
Serão aplicadas ao servidor que descumprir normas funcionais. Esse tipo de sanção está
previsto na Lei n. 8.112/1990.
É POSSÍVEL QUE O SERVIDOR PÚBLICO SOFRA –
CUMULATIVAMENTE – SANÇÕES EM CADA UMA DESSAS
ESFERAS. CADA UMA DESSAS INSTÂNCIAS É
INDEPENDENTE (PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA DE
INSTÂNCIAS) ENTRE SI E TEM SEU FUNDAMENTO DIVERSO
DAS OUTRAS, LOGO, NÃO HÁ A OCORRÊNCIA DE BIS IN
IDEM.
Cada legislação dos entes federativos pode definir o regime disciplinar dos seus servidores
públicos no âmbito da responsabilidade administrativa. Vejamos a definição de Marçal Justen
Filho para a responsabilidade administrativa:
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CONSISTE NO DEVER DE O AGENTE ESTATAL
RESPONDER PELOS EFEITOS JURÍDICO-
ADMINISTRATIVOS DOS ATOS PRATICADOS, NO
DESEMPENHO DA ATIVIDADE ADMINISTRATIVA
ESTATAL, INCLUSIVE SUPORTANDO A SANÇÃO
ADMINISTRATIVA COMINADA EM LEI PELA PRÁTICA
DE ATO ILÍCITO.
JUSTEN FILHO, 2009, p. 850
Conforme visto, em regra, as esferas são independentes e podem aplicar sanções de forma
isolada e cumulativa em relação às demais. Porém, a legislação apresenta uma exceção:
quando o servidor for absolvido na esfera penal por inexistência de fato ou negativa de autoria.
Por consequência, o servidor deverá ser absolvido na esfera civil e administrativa quando
houver a incidência de uma dessas hipóteses.
 COMENTÁRIO
O estatuto do servidor público federal abrange, também, a possibilidade de as sanções
patrimoniais serem transmitidas aos herdeiros e sucessores do servidor público falecido que
tenha cometido alguma sanção, nos limites da herança.
No vídeo a seguir, o professor Marcílio da Silva Ferreira Filho fala sobre as diferentes espécies
de responsabilidade do servidor público. Vamos assistir!
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. EM RELAÇÃO AOS DIREITOS E VANTAGENS DOS SERVIDORES
ESTATUTÁRIOS DEFINIDOS PELA LEI N. 8.112/1990, ASSINALE A
AFIRMATIVA CORRETA:
A) Ajuda de custo refere-se ao custo do servidor em relação ao deslocamento temporário para
prestação do serviço público, como despesas relacionadas a alimentação ou locomoção.
B) O adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas é devido apenas
ao trabalhador urbano ou rural, uma vez que o servidor estatutário não pode valer-se das
normas estabelecidas pela CLT.
C) As férias são um direito constitucional aplicável ao servidor público, logo, elas não poderão,
em hipótese nenhuma, ser interrompidas.
D) A licença por motivo de interesse particular refere-se a uma licença imotivada, podendo ser
concedida por até quatro anos com remuneração.
E) É possível que o servidor acumule o período de férias por, no máximo, dois períodos, e,
caso queira, poderá parcelar suas férias em três períodos.
2. JOÃO, SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL, FOI INDICIADO NA ESFERA
PENAL POR CORRUPÇÃO PASSIVA. DE FORMA CONJUNTA E
INDEPENDENTE, A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ABRIU UM PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR PARA CONSTATAR OS FATOS ILÍCITOS
ATRIBUÍDOS A JOÃO. OCORRE QUE, DURANTE A AUDIÊNCIA CRIMINAL,
O JUIZ SENTENCIOU EM FAVOR DE JOÃO POR ALEGAR “INEXISTÊNCIA
DE FATO”. APÓS ALGUNS MESES, A SENTENÇA FOI TRANSITADA EM
JULGADO. ASSINALE A AFIRMATIVA VERDADEIRA:
A) A Administração Pública não poderá absolver João na esfera administrativa, uma vez que
as esferas são independentes e não se comunicam.
B) A Administração Pública poderá absolver João na esfera administrativa desde que fique
comprovado que ele não praticou o ato ilícito.
C) A Administração Pública poderá aplicar uma sanção branda a João uma vez que ele foi
absolvido na esfera criminal.
D) A Administração Pública deverá isentar João de eventuais puniçõesna esfera administrativa
tendo em vista que a “inexistência de fato” é uma exceção à regra da independência das
instâncias.
E) A Administração Pública deverá absolver João na esfera administrativa, porém deverá
aplicar advertência por ter “manchado” a imagem da União.
GABARITO
1. Em relação aos direitos e vantagens dos servidores estatutários definidos pela Lei n.
8.112/1990, assinale a afirmativa correta:
A alternativa "E " está correta.
 
De acordo com a Lei n. 8.112/1990, o servidor público poderá acumular o período de férias por,
no máximo, dois períodos e parcelar suas férias em até três períodos. Porém, o parcelamento
dependerá de aprovação da Administração Pública.
2. João, servidor público federal, foi indiciado na esfera penal por corrupção passiva. De
forma conjunta e independente, a Administração Pública abriu um processo
administrativo disciplinar para constatar os fatos ilícitos atribuídos a João. Ocorre que,
durante a audiência criminal, o juiz sentenciou em favor de João por alegar “inexistência
de fato”. Após alguns meses, a sentença foi transitada em julgado. Assinale a afirmativa
verdadeira:
A alternativa "D " está correta.
 
As instâncias são independentes entre si, podendo, até mesmo, ocorrer acumulação de
sanções cíveis, penais e administrativas em face de um agente público. Porém, de acordo com
a doutrina e jurisprudência, a Administração Pública deverá isentar o servidor público de
qualquer sanção desde que ele seja absolvido por “inexistência de fato” ou “negativa de
autoria” na esfera criminal.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Abordamos as principais características dos agentes públicos e os tipos de regime em que se
enquadram. Em consonância com os princípios constitucionais, o Estado promove eficiência na
prestação do serviço público ao definir regras para cada tipo de agente que o integra.
Como vimos, as regras de acesso ao serviço público – temporário ou indeterminado –
viabilizam um bom arranjo para a estrutura organizacional do Estado. Além disso, analisamos
os principais direitos e deveres dos agentes públicos que possibilitam a garantia e segurança
da fiel execução do serviço público e possíveis responsabilidades por eventuais condutas
ilícitas.
FALA, MESTRE!
Mestres de diversas áreas do conhecimento compartilham as informações que tornaram suas
trajetórias únicas e brilhantes, sempre em conexão com o tema que você acabou de estudar!
Aqui você encontra entretenimento de qualidade conectado com a informação que te
transforma.
Reflexões sobre a Reforma Administrativa
Sinopse: Gustavo Binenbojm, professor de Direito Administrativo, apresenta uma análise
crítica sobre alguns pontos apresentados pela Reforma Administrativa.
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crítica sobre alguns pontos apresentados pela Reforma Administrativa.
Reforma Administrativa e as Desigualdades no Serviço Público
Sinopse: Carlos Ari Sundfeld, Presidente da Sociedade Brasileira do Direito Público, fala sobre
os problemas do RH do Estado, as desigualdades entre os servidores públicos, os caminhos
possíveis para resolvê-los, e analisa a maneira que a reforma administrativa lidou com eles.
Sinopse: Carlos Ari Sundfeld, Presidente da Sociedade Brasileira do Direito Público, fala sobre
os problemas do RH do Estado, as desigualdades entre os servidores públicos, os caminhos
possíveis para resolvê-los, e analisa a maneira que a reforma administrativa lidou com eles.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Consultado em
meio eletrônico em: 25 fev. 2021.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Consultado em meio
eletrônico em: 25 fev. 2021.
BRASIL. Ato das disposições constitucionais transitórias. Consultado em meio eletrônico
em: 25 fev. 2021.
BRASIL. Emenda Constitucional 19/1998. Consultado em meio eletrônico em: 25 fev. 2021.
BRASIL. Emenda Constitucional 20/1998. Consultado em meio eletrônico em: 25 fev. 2021.
BRASIL. Emenda Constitucional 41/2003. Consultado em meio eletrônico em: 25 fev. 2021.
BRASIL. Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989. Consultado em meio eletrônico em: 25 fev.
2021.
BRASIL. Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Consultado em meio eletrônico em: 25
fev. 2021.
BRASIL. Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992. Consultado em meio eletrônico em: 25 fev.
2021.
BRASIL. Lei nº 8.745, de 9 de dezembro de 1993. Consultado em meio eletrônico em: 25 fev.
2021.
BRASIL. Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004. Consultado em meio eletrônico em: 25 fev.
2021.
BRASIL. Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998. Consultado em meio
eletrônico em: 25 fev. 2021.
BRASIL. Lei nº 9.962, de 22 de fevereiro de 2000. Consultado em meio eletrônico em: 25 fev.
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BRASIL. Lei nº 11.350, de 5 de outubro de 2006. Consultado em meio eletrônico em: 25 fev.
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CARVALHO, M. Manual de direito administrativo. 6. ed. Salvador: JusPODIVM, 2019.
DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
JUSTEN FILHO, M. Curso de direito administrativo. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
MEIRELLES, H. L. Direito administrativo brasileiro. 22. ed. São Paulo. Malheiros, 1997.
MELLO, C. A. B. Curso de direito administrativo. São Paulo: Malheiros, 2003.
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meio eletrônico em: 25 fev. 2021.
STF – SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Súmula 15. Consultado em meio eletrônico em: 25
fev. 2021.
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eletrônico em: 25 fev. 2021.
STF – SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Súmula Vinculante 44. Consultado em meio
eletrônico em: 25 fev. 2021.
TST – TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. Súmula nº 390, de 25 de abril de 2005. Diário
de Justiça, Brasília, 25 abril 2005. Consultado em meio eletrônico em: 25 fev. 2021.
EXPLORE+
Veja como Fernanda Barboza Dias aborda a responsabilidade de agentes públicos em
atos praticados no enfrentamento da emergência de saúde pública da COVID-19 em seu
artigo MP 966/20 e (ir)responsabilidade jurídica de agentes públicos, publicado em 28 de
maio de 2020 no portal Migalhas.
CONTEUDISTA
Marcílio da Silva Ferreira Filho
 CURRÍCULO LATTES
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