Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Propedêutica Cardiovascular Pediátrica Cianose – até que se prove o contrário, a causa é pulmonar. Se for ofertado O2 e a cianose se manter, então é cardíaca. Intolerância ao exercício – detecta a intolerância em bebês durante a amamentação. Dispneia / taquipneia – principal manifestação de insuficiência cardíaca em crianças menores de 1 ano. Síncope – na criança e no adolescente, geralmente é a síncope vasovagal (que não representa doença cardíaca). Palpitações – na criança, a palpitação pode ocorrer por arritmia ou aumento de frequência cardíaca (ou seja, pode ser fisiológico ou não). Primeiro exame a ser feito: ECG. Se a criança continuar referindo palpitação, mesmo com ECG normal, pede-se o Holter (exame em que o paciente vai para casa com eletrodo torácico, fazendo leitura de ECG nas próximas 24h). Dor torácica – principal causa de dor em criança: osteocondrite. Para diferenciar dor óssea, muscular e articular de uma dor cardíaca – dor à palpação. Quando for origem cardíaca: acompanha palpitações, pode ter dispneia, geralmente tem histórico que sugere cardiopatia (síndromes ou diagnóstico prévio), migração anginosa (irradiação para o membro, principalmente lado esquerdo). Exame físico Em neonatos e lactentes podemos começar pela ausculta, principalmente exame físico cardiorrespiratório. Por último, cavidade oral e ouvido (cabeça e pescoço). Se necessário, fazer o exame físico no colo dos pais, deixa a criança mais colaborativa. Inspeção Do tórax e do corpo inteiro. Manifestações cardiovasculares: ICTERÍCIA – ex: doença hemolítica (ex: anemia falciforme, talassemia, eritroblastose fetal) – aumento de bilirrubina indireta PALIDEZ – pode ser por anemia: pode causar taquicardia, pode alterar tempo de enchimento capilar, diminui PA, alteração de nível de consciência, pode causar sopro em ausculta por aumento de viscosidade sanguínea, e até insuficiência cardíaca por anemia severa (cor anêmico). CIANOSE - ex: Tetralogia de Fallot – alterações: estenose da valva troncopulmonar (dificuldade em esvaziar o ventrículo direito aumentando a força de contração), hipertrofia de ventrículo direito, comunicação interventricular grande e desvio aórtico à direita. Assimetria de tórax (ABAULAMENTO PRECORDIAL) – tórax deformado devido alteração cardíaca. É uma má-formação, e por ser “molinha”, a parede torácica segue a alteração. Palpação Faz-se com a polpa digital dos 2º e 3º dedos. Em uma criança normal: o ICTUS CORDIS encontra-se no 5º espaço intercostal, na linha hemiclavicular esquerda. Tempo de enchimento capilar (perfusão periférica): o normal é o dedinho voltar a ficar vermelho em 1 a 2 segundos. Acima disso indica perfusão lentificada (IC). OBS: avalia-se tempo de enchimento capilar pelo dedo em >6 meses. Em bebezinhos <6 meses, o tempo de enchimento é avaliado pela palma da mão, no calcâneo ou no externo (pois a pele é muito fina). PULSOS CENTRAIS EM CRIANÇA: braquial e femoral (até <10 anos) PRESSÃO ARTERIAL: sempre deve ser aferida em crianças em atendimento de pronto socorro. Porém, em uma criança saudável sem risco de pressão arterial, em consulta de rotina, começa-se a aferir a PA pelo menos 1x/ano a partir dos 3 anos de idade. Se a criança for de risco (obesa, hipertensa), é aferida em todas as consultas desde a primeira consulta. Ausculta Focos igual o adulto. FOCO AÓRTICO: 2º espaço intercostal na borda esternal direita. FOCO PULMONAR: 2º EI, na borde esternal esquerda FOCO TRICÚSPIDE: 5º EI na borda esternal esquerda FOCO MITRAL: 5º EI, na linha hemiclavicular (linha que passa no meio da clavícula) esquerda. Ápice cardíaco IDENTIFICAÇÃO DE ESPAÇOS INTERCOSTAIS: Abaixo do ângulo: 2º EI BULHAS CARDÍACAS: fechamento de valvas cardíacas (fisiológico) 1ª BULHA CARDÍACA: fechamento das atrioventriculares (mitral e tricúspide) – durante a sístole, no fechamento as AV, o som é forte devido alta pressão. Coincide com o pulso, uma vez que é o momento de ejeção do sangue. 2ª BULHA CARDÍACA: valvas aórtica e pulmonar (semilunares) É possível diferenciar pela duração dos fenômenos e pelo pulso periférico/central (que coincide com a 1ª bulha) Sopro cardíaco O que pode gerar sopro? Estenose valvar - calcificação da valva; Insuficiência valvar - valva frouxa; Forame Oval Patente Comunicação IV Anemia grave (perda de fluxo laminar do sangue, turbilhonando) Febre (acelera a FC gerando o som) FASE: pode ser sistólico ou diastólico. LOCALIZAÇÃO: qual foco é mais bem auscultado Durante a sístole, se auscultar sopro na área mitral indica insuficiência de valva mitral Durante a diástole, a valva mitral deve estar aberta. Se houver sopro nessa fase, indica estenose. Durante a sístole, a valva aórtica deve se abrir. Se houver sopro, indica que ela se abriu pouco > estenose de valva aórtica Durante a diástole, a valva aórtica deve estar fechada. Se houver sopro, indica que não está corretamente fechada (está frouxa), ou seja, está insuficiente. Sopro em várias regiões do precórdio: indica comunicação INTENSIDADE: 1+ a 6+ IRRADIAÇÃO: o sopro pode irradiar para carótida, axilas ou não irradia. Deve ser indicado. CLASSIFICAÇÃO DE LEVINE DE INTENSIDADE DOS SOPROS CARDÍACOS: 1+ Sopro audível apenas com manobras específicas Ex: manobra de Valsalva, manobra de HandGrip, pedir para criança sentar e inclinar o peito para frente OU virar em decúbito lateral (isso aproxima o coração da parede torácica) 2+ Sopro audível, sem irradiações para carótida ou axila e não gera frêmitos à palpação. Não precisa fazer manobra. 3+ Sopro audível e que irradia para as carótidas (sopros aórticos) e para a axila (sopros mitrais). 4+ Sopro audível e que se acompanha de um frêmito (“tremor”) à palpação. 5+ Sopro que necessita apenas da borda da membrana do estetoscópio para ser ouvido. 6+ Sopro audível sem a necessidade do estetoscópio SOPRO INOCENTE Sopro sistólico, suave, de curta duração, com timbre vibratório ou musical, que muda de intensidade com a posição, sendo mais intenso com a criança em posição supina. Geralmente só sistólico, e em apenas uma parte da sístole. SOPRO PATOLÓGICO Sopro holossistólico, sopro diastólico, de intensidade maior ou igual a 3+/6, presença de segunda bulha anormal ou que aumenta de intensidade com a criança sentada ou de pé. Pega sístole toda e parte da diástole, e pega 3+ para cima 3ª E 4ª BULHAS SÃO INCOMUNS: 3ª Bulha: vibração das paredes ventriculares pela alta velocidade do sangue durante a fase de enchimento rápido. Indivíduos jovens. 4ª Bulha: Sístole atrial. Percussão A percussão do tórax faz durante o exame físico RESPIRATÓRIO, mas no exame cardiovascular não tem importância clínica, uma vez que não é possível detectar cardiomegalia por percussão. Insuficiência Cardíaca com Congestão Sistêmica (câmara direita) Se o lado direito estiver insuficiente, terá menor ejeção de sangue, causando acúmulo retrógrado em veia cava I e S. Na VC superior – congestiona cabeça e pescoço Na VC inferior – congestiona abdome e MMII O aumento de pressão dentro dos capilares, causará extravasamento de plasma. Pode acarretar: Edema de membros inferiores o O edema venoso é mole e depressível (SINAL DE GODET +). o Além disso, no edema venoso é possível fazer o pregueamento dos dedos do pé (SINAL STEMMER - ; o positivo seria linfedema, onde não é possível preguear). Ascite o Extravasamento de líquido para o espaço peritoneal o Para diferenciar ascite de gordura: SINAL DE PIPAROTE, MACICEZ MÓVEL (decúbito lateral, o líquido descedeixando a parte de baixo maciça e a de cima timpânica) e SEMICÍRCULO DE SKODA (perto do umbigo timpânico, e longe maciço) Hepatomegalia o Para diferenciar se o fígado foi empurrado/deslocado (ex: por hemotórax) ou se é de fato aumento do órgão: HEPATIMETRIA (percussão na linha hemiclavicular direita, medindo o tamanho da área maciça) o Ptose hepática: fígado deslocado para baixo mas não por aumento. Estase jugular Insuficiência Cardíaca com Congestão Sistêmica (câmara esquerda) O acúmulo retrógado causa edema pulmonar. Acarreta: Taquipneia Dispneia Estertores finos – som no fim da inspiração, indicando líquido intralveolar, colabando os alvéolos. o Na IC esquerda, não acompanha febre (diferente de uma pneumonia, que também teria estertores, mas teria febre) Sibilos CRIANÇAS COM CARDIOPATIAS GRAVES DESDE O NASCIMENTO, TERÃO ALTERAÇÕES NO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO. Baixo débito cardíaco – as células não oxigenadas da forma que deveriam – geralmente tem baixa estatura Alto consumo pelo miocárdio – um coração doente geralmente consome mais O2 e nutrientes do que um coração saudável Cansaço e interrupção das mamadas – ingere menos nutrientes Falta frequente na escola – geralmente ficam muito tempo afastas, então a criança tem dificuldade de aprendizado. Além de menor interação social. OBS: MIOCARDITE VIRAL AGUDA – alguns vírus podem causar problemas cardíacos
Compartilhar