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VELOCIDADE DE HEMOSSEDIMENTAÇÃO Considerações sobre tecnologia, correlação e intervalo de referência Introdução A velocidade de hemossedimentação (VHS) é amplamente usada como um teste de triagem que indiretamente e inespecificamente mede a presença de inflamação. Valores elevados de VHS podem ser observados em uma variedade de condições incluindo infecções, malignidade, doença renal, estados inflamatórios e doenças autoimunes. Tradicionalmente, a VHS é medida no sangue total usando EDTA como anticoagulante, que é então diluído e colocado em tubos de vidro específicos e deixados para sedimentar durante um período de 1 hora. Após o perído de 1 hora de sedimentação, a altura da coluna de hemácias é medida para determinar a distância alcançada pelas hemácias durante a sedimentação. Apesar de ser de fácil execução, os métodos manuais de VHS são demorados, trabalhosos e aumentam o potencial do operador se expor a um material biológico de risco. Além disso, os métodos manuais de VHS são impactados por diversos outros fatores: ambientais (vibração, variações de temperatura), condições específicas da amostra (anemia e morfologia anormal dos eritrócitos) e técnicas operacionais (execução do teste e leitura do resultado).¹ Os eritrócitos normais tem uma rede de cargas negativas que confere uma força de repulsão entre as hemácias. Um aumento de proteínas como fibrinogênio, alfa e beta globulinas e imunoglobulinas reduzem a carga negativa das hemácias. Isso promove a formação do rouleaux e aglutinação das hemácias, que leva a uma aceleração na sedimentação das hemácias e o aumento da VHS. A sedimentação das hemácias ocorre em tres estágios: formação do rouleaux, onde as hemácias se agregam nos primeiros 10 minutos; sedimentação, que ocorre nos 40 minutos seguintes; e o empacotamento das células, que ocorre nos últimos 10 minutos. Apesar do nome do teste e de como o resultado é reportado (milímetros/hora), a VHS não cronometra a taxa de sedimentação. Na verdade, a VHS é uma medida da quantidade de sedimentação determinada pela altura da coluna de eritrócitos no intervalo de 1 hora. Vários métodos de VHS podem não considerar todas as fases da sedimentação e podem estar sujeitos à diferentes interferências e proteínas geradas em diversos estados da doença. Os analisadores de VHS da série Alifax® usam a tecnologia de fotometria capilar que elimina as desvantagens dos métodos manuais, fornecendo os resultados em 20 segundos, aumentando a eficiência e o tempo de resolução do laboratório (TAT) (Figura 1). A tecnologia de fotometria por capilaridade é listada nas recomendações do Instituto de Padronização Clínica e Laboratorial (CLSI) para o teste de VHS (H02-A5) como uma alternativa aos métodos tradicionais de VHS. ² Amostras para o teste de proficiência para os sistemas Alifax são disponibilizadas pelos fornecedores de testes de proficiência, como o Colégio de Patologistas Americanos (CAP). Figura 1: Representação da agregação de eritrócitos usando a Tecnologia de Fotometria Capilar Requisitos das amostras As amostras devem ser coletadas com o anticoagulante EDTA K2 ou K3. O tempo ótimo de estocagem da amostra até a realização do teste é de até 4 horas após a coleta, devendo ser mantida à temperatura ambiente. Amostras refrigeradas são aceitas para o teste até 24 horas após a coleta, devendo ser mantidas à temperatura ambiente por aproximadamente 15 minutos antes do teste. Consulte mais informações sobre a coleta e manipulação da amostra nas instruções de uso do analisador. Os sistemas Alifax não requerem o uso de tubos especiais de coleta para a determinação dos resultados da VHS. Um único tubo com EDTA pode ser usado para todos os testes hematológicos de rotina, reduzindo os custos dos tubos de coleta e aumentando a eficiência pré-analítica. Ao contrário dos sistemas que lêem o resultado da VHS através da parede do tubo o sistema Alifax trabalha com a aspiração do frasco fechado, eliminado a interferência de excesso de rótulos no tubo. Tabela 1: Intervalos de referência da VHS pelo método Alifax. Correlações Um estudo de correlação foi realizado pela Sysmex, onde 201 amostras frescas de sangue total coletadas com EDTA-K2 foram processadas no analisador Alifax Roller 20PN e os resultados foram comparados com os obtidos pelo método Westergren modificado DISPETTE 2 Salina. As amostras foram processadas primeiro no Alifax Roller 20PN sem pré-mistura da amostra. O modo de análise interna com homogeneização da amostra pelo analisador foi usado para todos as amostras testadas no sistema Alifax. Após o procedimento no sistema Alyfax as amostras foram testadas no método DISPETTE de acordo com as instruções do fabricante.³ Todos os testes e resultados foram executados pelo mesmo laboratorista para eliminar a variabilidade de operador para operador associada com o método manual de VHS. Os resultados obtidos no Alifax Roller 20PN variaram de 2 a 120 mm. Usando o teste de regressão linear simples, o slope foi de 1.064 (95% CI 0.973 a 1.156), o intercept foi de 12.5 (95% CI 9.5 a 15.5) e o coeficiente de correlação (R) foi de 0.8526. (Figura 2) A VHS mede o fenômeno de sedimentação de eritrócitos que é impactado pela presença de várias proteínas plasmáticas e por fatores específicos da amostra de sangue. Na verdade, não mede o analito em si, como uma dosagem de hemoglobina ou colesterol. Testes para analitos como hemoglobina ou colesterol estão altamente padronizados entre os fabricantes e são calibrados com calibradores rastreáveis a um método de referência. Não há um calibrador padrão para a VHS reconhecido internacionalmente. É importante notar que, devido à maneira como a VHS mede o fenômeno de sedimentação das hemácias e não um analito (como a hemoglobina ou colesterol em uma reação de fotometria de ponto final) pode haver mais imprecisão nos resultados da VHS. Por causa desses fatores os estudos comparativos entre diferentes métodos de VHS podem não mostrar altos níveis de correlação como esperaríamos encontrar com um analito altamente padronizado. O fenômeno de sedimentação dos eritrócitos é impactado pelo efeito de várias proteínas plasmáticas, assim como de outros fatores relacionados à amostra de sangue. Por isso, os resultados de VHS podem não se correlacionar com os resultados da proteína C-reativa e fibrinogênio. Intervalos de referência Devido aos vários fatores que influenciam a VHS os laboratórios, quando reportam os resultados do teste, historicamente tem usado os intervalos de referência fornecidos pela literatura. Para estabelecer os intervalos de referência da VHS tem que ser feita uma extensa triagem para identificar os indivíduos realmente “normais”. Os indivíduos desse tipo de estudo devem ser excluídos se tiverem qualquer uma das seguintes condições: • História de autoimunidade, doenças inflamatórias ou diabete • Uso de qualquer medicamento ou suplementos • Tabagismo • Uso de álcool • Gravidez • Período menstrual • Doença ou cirurgia recentes • Níveis elevados de marcadores bioquímicos de inflamação como PC-R e fibrinogênio Como os resultados da VHS são dependentes do sexo e idade, um número suficiente de sujeitos “normais” masculinos e femininos em diferentes faixas etárias deveriam ser avaliados. Tal estudo de intervalo de referência para identificar indivíduos “normais” não é possível ou prático. É similar a outros analitos como os marcadores tumorais ou drogas terapêuticas que requerem uma avaliação clínica extensa ou outro tipo de avaliação para determinar o intervalo de referência. Um grande estudo excluindo sujeitos com qualquer dos critérios descritos acima, foi realizado por Piva et al.⁴ para determinar os valores de referência da VHS para o método Alifax (Tabela 1). Idade (anos) Nº de indivíduos Sexo Percentil 2.5 (CI 95%) Percentil 97.5 (CI 95%) Figura 2: Analisador Alifax®Roller PNTM versus DISPETTE® 2 Salina (Westergren modificado) Sesgo medioRegr. Deming Línea 1:1 0-14 15-50 15-50 51-70 51-70 >70 80 190 150 120 130 170 34 (26-41) 37 (36-39) 28 (20-30) 39 (38-45) 37 (31-44) 46 (45-55) M e F F M F M M e F 2 (2-2) 2 (2-2) 2 (2-2) 2 (2-2) 2 (2-2) 3 (3-3) Um estudo de concordância entre métodos foi realizado pela Sysmex usando 100 amostras de sangue colhidas com EDTA-K2. Essas amostras residuais eram de pacientes masculinos e femininos de 18 a 94 anos. As amostras foram testadas no Alifax Roller 20PN e no método de Westergren modificado DISPETTE 2 Salina. Considerando o sexo e idade do paciente, os resultados foram classificados como normais ou anormais usando os valores de referência mostrados na Tabela 1 para o método Alifax. Para o método DISPETTE os intervalos de referência usados foram do Clinical hematology: principles, procedures, correlations⁵ (Lotspeich-Steininger, et al) e são mostrados na Tabela 2. Das 100 amostras, 84 tiveram a mesma interpretação (normal Tabela 2: Intervalo de referência do método DISPETTE. IntervaloSexo <50 >50 <50 >50 Masculino Masculino Feminino Feminino 0-15 0-20 0-20 0-30 ou anormal) considerando os intervalos de referência de cada método. Das 16 amostras com interpretações discordantes, 9 amostras tinham resultados no limite e próximos ao valor superior do intervalo de referência para um ou ambos métodos. Algumas discordâncias nas interpretações dos resultados são esperadas quando são comparados valores de VHS obtidos por diferentes metodologias. Isso pode ser devido à presença de proteínas plasmáticas associadas com certos estados patológicos, ou outros fatores específicos da amostra.⁶ Para monitorar a progressão da doença em certos estados clínicos (i.e., doença reumática ou mieloma múltiplo), alguns clínicos monitoram os valores da VHS ao longo do tempo. Quando a metodologia utilizada é mudada, os laboratórios devem notificar os clínicos sobre essa alteração. Outra opção é reportar os valores da VHS com uma mensagem sobre a mudança de método por um tempo após a implemetação da nova metodologia. Isso ajudará a aumentar a concientização dos clínicos de que uma mudança no resultado provavelmente pode ser devido à mudança do método, mais do que uma alteração na condição do paciente. Resumo Sistemas automatizados, como os analisadores de VHS da família Alifax, fornecem resultados com mais rapidez e eficiência do que os métodos manuais. Eles também eliminam os problemas associados com os métodos manuais, incluindo as influências de fatores ambientais e variabilidades técnicas entre os diferentes operadores. Diferentes métodos usados na determinação da VHS podem ter susceptibilidades variadas a interferentes e proteínas geradas em diversos estados da doença. Os intervalos de referência devem ser adotados quando novas metodologias do teste da VHS são implementadas. Bibliografia 1. Jacobs, David S., Dwight K. Oxley, and Wayne R. DeMott. Jacobs & DeMott, Laboratory Test Handbook, Hudson (Cleveland), OH: Lexi-Comp, 2001. 2. “H02-A5, Procedures for the Erythrocyte Sedimentation Rate Test, 5th Edition”, Clinical and Laboratory Standards Institute, Wayne, PA, May 2011. 3. DISPETTE® 2 Saline Package Insert (FH1600), March 2016. 4. Piva, E., Sanzari, M., Servidio, G., et al. (2001). Length of Sedimentation Reaction in Undiluted Blood (Erythrocyte Sedimentation Rate): Variations with Sex and Age and Reference Limits. Clinical Chemistry and Laboratory Medicine, 39(5), pp. 451-454. Retrieved 4 Dec. 2018, from doi:10.1515/CCLM.2001.071. 5. Lotspeich-Steininger, C. A., StieneMartin, E. A., & Koepke, J. A. (1992). Clinical hematology: Principles, procedures, correlations. Philadelphia: Lippincott. 6. Kim M, Ju Y-S, Lee EJ, et al. Erythrocyte sedimentation rate measured using microhemagglutination is not elevated in monoclonal gammopathy compared with other diseases. Int J Lab Hem. 2018;40:540–548. https://doi. org/10.1111/ij- lh.12859 Idade (anos) Sysmex Corporation 1-5-1 Wakinohama-Kaigandori, Chu-ku, Kobe 651-0073, Japan Tel. +81 (78) 265-0521 www.sysmex.co.jp Sysmex do Brasil Indústria e Comércio Ltda. Rua do Paraíso, 148 - Conj. 31 - Paraíso São Paulo/SP - CEP 04103-000 - Brasil Tel. +55(11) 3145-4300 www.sysmex.com.br Sysmex Colombia S.A.S Calle 90 #12-28 Oficinas #11 y 16 Bogotá, Colombia. Tel. +57 (1) 658-1683 www.sysmex.com.co Sysmex Chile SpA. Badajoz 45, oficina 1701, Torre B, Las Condes C.P. 756 0941, Santiago, Chile. Tel. +56 (2) 2940-2369 www.sysmex.cl Sysmex Diagnósticos México S. de R.L. de C.V. Paseo de la Reforma #250 esq. Niza Piso 8 Colonia Juárez, México, D.F. Tel. +52 (55)3600-7106 www.sysmex.com.mx Sysmex America, Inc. 577 Aptaski Road Lincolshire, IL 60069, U.S.A. Tel. +1 (847) 996-4500 www.sysmex.com/us M KT 0 4/ 20 19 V 0 2
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