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LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E SINDICAL PROF.A MA. TAMARA SIMÃO ARDUINI Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-reitor: Prof. Me. Ney Stival Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Felipe Veiga da Fonseca Luana Ramos Rocha Marta Yumi Ando Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Eudes Wilter Pitta Paião Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Kamila Ayumi Costa Yoshimura © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................................................5 1. DIREITO DO TRABALHO .........................................................................................................................................6 1.1 PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO ....................................................................................................................................6 1.1.1 APLICAÇÃO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL ......................................................................................................6 1.1.2 PRINCÍPIO DA CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA ...................................................................................................7 1.1.3 PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO MISERO ...........................................................................................................7 1.2 PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE ..............................................................................................................8 1.3 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO ..........................................................................8 1.4 PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE SALARIAL ..................................................................................................9 1.5 PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE .........................................................................................................9 INTRODUÇÃO À LEGISLAÇÃO TRABALHISTA PROF.A MA. TAMARA SIMÃO ARDUINI ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E SINDICAL 4WWW.UNINGA.BR 2. RELAÇÃO DE TRABALHO E EMPREGO .................................................................................................................9 2.1 O EMPREGADOR .................................................................................................................................................. 10 2.2 O EMPREGADO .................................................................................................................................................... 10 2.2.1 EMPREGADO DOMÉSTICO ...............................................................................................................................11 2.2.2 EMPREGADO APRENDIZ ................................................................................................................................. 12 2.2.3 EMPREGADO RURAL ....................................................................................................................................... 13 2.2.4 EMPREGADO EM DOMICÍLIO ......................................................................................................................... 14 2.2.5 EMPREGADO TEMPORÁRIO .......................................................................................................................... 14 3. CONTRATO DE TRABALHO ................................................................................................................................... 15 3.1 CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE TRABALHO .......................................................................................... 16 3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS DE TRABALHO ......................................................................................... 17 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 18 5WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Diariamente nos deparamos com relações que são tuteladas pelo direito do trabalho, seja quando vamos ao supermercado ou à farmácia e somos atendidos pelo balconista, quando contratamos uma empregada doméstica ou somos contratados em um novo emprego, enfim, é um ramo do direito que se faz muito presente em nossa realidade. Por conta disso, é importante compreender alguns conceitos básicos para que possamos lidar da melhor maneira possível com determinadas situações. Na primeira unidade, iniciaremos os estudos acerca do direito do trabalho, abordando os fundamentos e princípios aplicáveis à relação que se estabelece entre o empregador e o empregado. Discutiremos sobre os requisitos necessários para a configuração da relação do emprego, para que o empregado possa ter seus direitos resguardados e tutelados pela Consolidação da Leis Trabalhistas (CLT), ressaltando as diferenças entre a relação de trabalho e a relação empregatícia. Eis que, embora referidos intuitos sejam confundidos facilmente, possuem certas peculiaridades que os tornam diferentes. Estudaremos também a figura do empregador e do empregado, discorrendo sobre os direitos e as obrigações de ambas as partes, diferenciando as categorias de empregado e suas peculiaridades. Por fim, examinaremos o contrato de trabalho e suas principais características. 6WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1. DIREITO DO TRABALHO O direito do trabalho é o ramo do direito que regula a relação que se estabelece entre empregador e empregado, prevendo direitos e deveres para ambas as partes, de modo a tentar equilibrar o vínculo que se forma entre o contratante e o prestador de serviços. O trabalhador, na maioria das vezes, é a parte mais fraca dessa relação; devido a isso, se tornou imprescindível a intervenção do Estado na defesa de seus direitos, o que ensejou a criação dessa especialidade do direito (CÂNDIDO, 2013, p. 4). É importante mencionar que as normas que disciplinam o direito do trabalho são encontradas na Constituição Federal, na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), nas súmulas do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e em Orientações Jurisprudenciais (OJ). O direito do trabalho surgiu para garantir direitos mínimos aos trabalhadores, como férias, salário, décimo terceiro, licença-maternidade e paternidade, aposentadoria, seguro desemprego e FGTS. A finalidade principal desse ramo do direito é proteger o empregadoem sua hipossuficiência perante o empregador, assegurando melhores condições de trabalho (CÂNDIDO, 2013, p. 4). Para entender com maior clareza o direito do trabalho, além das normas previstas expressamente na legislação, bem como em súmulas e orientações jurisprudenciais, é indispensável conceituar também os princípios que norteiam o referido ramo do direito. Os princípios formam a base do direito, pois criam sustentação para a legislação; portanto, compreendê-los significa entender o fundamento e a razão do direito do trabalho. Alguns princípios encontram-se previstos expressamente na Constituição Federal ou na legislação infraconstitucional; outros são implícitos à norma jurídica, como veremos com mais clareza nos próximos tópicos. 1.1 Princípio da Proteção É o fundamento basilar do direito do trabalho, pois corresponde ao seu objetivo principal, que é a proteção do trabalhador. Sua principal finalidade é compensar as desigualdades econômica e jurídica existentes na relação de trabalho. O referido princípio se subdivide em: aplicação da norma mais favorável, condição mais benéfica e in dubio pro misero (BRANCHIER; TESOLIN, 2012, p. 158). 1.1.1 Aplicação da norma mais favorável O princípio da aplicação da norma mais favorável significa dizer que, quando existirem duas ou mais normas aplicáveis à relação de trabalho, deve ser utilizada a que for mais benéfica ao trabalhador. Por exemplo, se a CLT prever que o adicional noturno é de 20% sobre a hora normal e a convenção coletiva estabelecer 50%, deve ser aplicada a convenção, por ser a norma mais vantajosa ao trabalhador (BRANCHIER; TESOLIN, 2012, p. 158-159). O direito do trabalho foi criado para proteger o trabalhador na medida de sua hipossuficiência perante o empregador; portanto, há uma desigualdade inegável na relação que se forma entre empregador e empregado. O princípio da aplicação da norma mais favorável busca a efetivação dessa proteção, para que, nos casos de pluralidade de normas vigentes e aplicáveis ao mesmo caso, não corra o risco de ser utilizada a norma que cause uma desvantagem ainda maior ao empregado, sempre com fundamento na proteção da parte mais fraca na relação de trabalho. 7WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1.1.2 Princípio da condição mais benéfica O contrato de trabalho celebrado entre empregador e empregado pode perdurar por um longo período de tempo e, durante sua vigência, algumas cláusulas podem sofrer alterações. O princípio da condição mais benéfica dispõe que, se durante o contrato de trabalho sobrevier cláusula que resulte em prejuízo direto ou indireto ao trabalhador, é assegurada a aplicação da norma prevista anteriormente, mais benéfica ao empregado. Na lei brasileira, o referido princípio está previsto no Art. 468 da CLT (ALCANTARA, 2018, p. 37-38). Por esse princípio, se a norma anterior for mais vantajosa ao empregado, ainda que a alteração no contrato seja mais recente, será aplicada a cláusula prevista anteriormente, com a condição mais proveitosa (ALCANTARA, 2018, p. 37-38). Para que não reste dúvida sobre a utilização desse princípio, o TST editou a Súmula 51, que dispõe: “As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento” (BRASIL, 2003). Verifica-se que o referido princípio tem aplicabilidade com relação às cláusulas contratuais, ou seja, existe um contrato de trabalho e surge de uma nova cláusula que, ainda que seja mais moderna, não será aplicada se causar algum prejuízo ao trabalhador. 1.1.3 Princípio do in dubio pro misero Em um processo judicial, se subsistirem dúvidas, o magistrado deve optar pelo julgamento em favor do empregado, como uma forma de assegurar a tutela dos direitos dos trabalhadores, partes consideradas mais frágeis (BRANCHIER; TESOLIN, 2012, p. 158-159). A aplicação do princípio da norma mais favorável ensejou algumas dúvidas na prática e, para solucionar a temática, surgiram duas teorias: a teoria da cumulação ou atomista, que defende que as normas comparadas deverão ser utilizadas de forma que apenas a sua parte mais benéfica seja usada, ou seja, há um fracionamento das normas; e a do conglobamento, que diz que a norma não pode ser fracionada para o seu uso no caso concreto, pois cada preceito normativo deve ser compreendido globalmente, ou seja, em sua integralidade. Atualmente, a jurisprudência e a doutrina dominante consideram a teoria do conglobamento como a mais adequada, pois em relação à teoria da cumulação é como se uma nova norma fosse legislada a cada vez que é aplicada, o que prejudica a segurança jurídica. 8WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA O princípio da proteção é a espécie que se divide em três subprincípios: aplicação da norma mais favorável, condição mais benéfica e in dubio pro misero. Como visam salvaguardar o trabalhador, é possível que sejam facilmente confundidos, sendo necessário se atentar às suas particularidades para aplicá-los corretamente ao caso concreto. Em suma, o princípio da aplicação da norma mais favorável tem cabimento quando houver mais de uma norma em vigor e aplicável ao mesmo caso, ou seja, há uma pluralidade de normas e a que deve ser utilizada é a que for mais benéfica ao trabalhador. Já o da condição mais benéfica diz respeito às cláusulas contratuais, partindo da premissa de que existe um contrato de trabalho, com cláusulas determinadas. Se posteriormente surgir uma nova cláusula que for trazer qualquer tipo de prejuízo ao trabalhador, ainda que mais moderna, será assegurada a aplicabilidade da norma mais favorável, mesmo que mais antiga. E o do in dubio pro misero é adotado quando o juiz tem dúvidas sobre o processo, devendo utilizar-se da interpretação que for mais favorável ao empregado. Nota-se que, embora semelhantes, os referidos princípios possuem certas especificidades que os diferenciam, sendo indispensável se atentar a elas para não cometer erros na prática. 1.2 Princípio da Irrenunciabilidade O princípio da irrenunciabilidade está previsto no Art. 9º da CLT e dispõe que o trabalhador não pode renunciar voluntariamente às vantagens concedidas pelo direito do trabalho, ou seja, as partes não podem abrir mão de direitos de ordem pública que protegem o empregado e são dotadas por obrigatoriedade. Por exemplo, não é permitido que o trabalhador abdique do seu direito a férias, pois o referido direito é uma norma cogente que não pode ser renunciada, mesmo que por vontade única e exclusiva do empregado (BRANCHIER; TESOLIN, 2012, p. 158-159). As normas do direito do trabalho são imperativas e, em razão disso, não se permite que sejam modificadas, alteradas ou extintas pela simples vontade das partes. Se os referidos direitos chegarem a ser desconsiderados, em acordos celebrados entre as partes, por exemplo, eles serão considerados nulos (BRANCHIER; TESOLIN, 2012, p. 158-159). 1.3 Princípio da Continuidade da Relação de Emprego A relação de trabalho é formalizada por um contrato firmado entre empregador e empregado. Por esse princípio, presume-se que esse contrato, em regra, seja por prazo indeterminado, até que as partes queiram rescindi-lo (CÂNDIDO, 2013, p. 7). O referido princípio visa à preservação do vínculo empregatício, objetivando dar maior segurança econômica ao trabalhador e também uma expectativa de estabilidade, fazendo com que o empregado se sinta mais tranquilo psicologicamente (ALCANTARA, 2018, p. 28). 9WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Cabe ao empregador provar o término da relação de emprego, conforme se infere do texto da Súmula 212 do TST, pois o princípio da continuidade constitui uma presunção favorável ao trabalhador (BRASIL, 2005). Existemas exceções de contrato a termo, que são aqueles com prazo de vigência pré- determinado, mas, em regra, os contratos são pactuados por prazo indeterminado, assegurando ao trabalhador o direito de não ser despedido arbitrariamente ou sem justa causa a qualquer tempo e, se isso ocorrer, deverá ser indenizado (ALCANTARA, 2018, p. 30). 1.4 Princípio da Irredutibilidade Salarial A Constituição Federal, em seu Art. 7º, inciso VI, prevê a irredutibilidade salarial quando dispõe a seguinte garantia: “Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo” (BRASIL, 1988). Infere-se desse princípio que o salário não pode ser reduzido pelo empregador. A referida medida visa assegurar estabilidade econômica para o empregado; no entanto, trata-se de uma norma de indisponibilidade relativa e pode ser alterada por meio de acordo ou convenção coletiva (ALCANTARA, 2018, p. 23-24). Além disso, com o passar do tempo, o salário, mesmo que indiretamente, acaba sendo reduzido, uma vez que os reajustes não são condizentes com a realidade econômica, o que faz com que o empregado perca substancialmente seu poder aquisitivo e, nesses casos, não há nada que ele possa fazer. 1.5 Princípio da Primazia da Realidade Para Alex Sander Branchier e Juliana Daher Delfino Tesolin (2012, p. 160), o princípio da primazia da realidade significa que “No direito do trabalho, vale o que ocorre no mundo real, e não no formal”. O referido princípio serve para que a verdade dos fatos, chamada de verdade real, prevaleça sobre a documental. É muito utilizado no direito do trabalho e impede que ocorram fraudes, tais como não assinatura na carteira de trabalho, assinaturas em documentos em branco etc. 2. RELAÇÃO DE TRABALHO E EMPREGO Embora pareçam a mesma coisa, a relação de trabalho e a de emprego são institutos diferentes. A relação de trabalho é o gênero do qual a relação de emprego é a espécie. Para Cristina Cândido, A relação de trabalho abrange os empregados com registro em carteira e também o trabalhador autônomo, o avulso e o eventual. Já a relação de emprego abrange os empregados que são subordinados diretamente ao empregador. Exemplo típico é o empregado regido pela CLT (2013, p. 21). Portanto, nem toda relação de trabalho é necessariamente uma relação de emprego. Sempre que houver um prestador e um tomador de serviços, haverá uma relação de trabalho. Já a relação de emprego exige que o empregado labore com pessoalidade, habitualidade, subordinação e onerosidade, requisitos estes elencados no Art. 3º da CLT (ALCANTARA, 2018, p. 50). 10WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A pessoalidade significa que o empregado precisa prestar seu serviço pessoalmente, ou seja, é imprescindível que o trabalho seja realizado por ele mesmo. O empregado não pode se fazer substituir por outra pessoa, sob pena de caracterizar um novo vínculo empregatício. A habitualidade revela que o serviço precisa ser prestado de maneira contínua, não pode ser eventual. A subordinação quer dizer que o empregado é subordinado ao empregador, devendo cumprir as ordens por ele proferidas. E a onerosidade aponta que o trabalho prestado precisa de uma contrapartida, que é o pagamento (ALCANTARA, 2018, p. 51-52). Desse modo, estando presentes os requisitos previstos no Art. 3º da CLT, haverá uma relação de emprego. Ausente qualquer um dos requisitos mencionados, caracteriza-se uma relação de trabalho; assim, por exemplo, se a prestação de serviços for eventual, será uma relação de trabalho, já que a relação de emprego exige habitualidade. Em regra, empregador e empregado realizam um contrato de prestação de serviços. Antes de abordar o contrato de trabalho em si, vamos tratar dos sujeitos que o pactuam, ou seja, as partes do negócio jurídico: empregador e empregado. 2.1 O Empregador A CLT prevê em seu Artigo 2º, parágrafo 1º: “Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos de atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços” (BRASIL, 1943). Qualquer pessoa, física ou jurídica, pode ser considerada como empregador, até mesmo as empresas individuais, profissionais liberais, associações ou instituições, mesmo que não tenham fins lucrativos (ALCANTARA, 2018, p. 47). Além das empresas, em seu Art. 2º, §1º, a CLT amplia as possibilidades de empregador, por equiparação, para os profissionais liberais; instituições de beneficência; associações recreativas e instituições sem fins lucrativos. Infere-se do parágrafo supracitado que podem ser considerados como empregadores os advogados, médicos, contadores etc. (BRASIL, 1943). O empregador possui alguns poderes que podem ser exercidos na relação de trabalho, desde que dentro dos limites legais e sem prejudicar o empregado, tais como: poder de direção, de organização, de controle e disciplinar (ALCANTARA, 2018, p. 47-48). O poder de direção quer dizer que cabe ao empregador direcionar a maneira como o empregado deve desempenhar o serviço. O poder de organização significa que o empregador pode ter normas e regulamentos internos atinentes à disciplina, direitos e deveres do trabalhador, desde não causem prejuízo ao empregado. O poder de controle indica que, como o empregador pode direcionar a forma como o empregado deve trabalhar, por conseguinte, pode também fiscalizar se está sendo feito como foi determinado, como uma vigilância no espaço de trabalho. E o poder disciplinar refere-se à possibilidade de o empregador aplicar sanções ao empregado que não estiver realizando seu trabalho, como foi determinado previamente (ALCANTARA, 2018, p. 47-48). 2.2 O Empregado Com relação ao empregado, a CLT dispõe em seu Artigo 3º, parágrafo único: Art. 3º Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único. Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual (BRASIL, 1943). 11WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA O empregado é toda pessoa física que presta seus serviços a um tomador, com pessoalidade, habitualidade, onerosidade e subordinação. É importante ressaltar que trabalhador é o gênero e empregado a espécie. Para que seja considerado empregado, é necessário preencher os requisitos elencados no Artigo 3º da CLT (CÂNDIDO, 2013, p. 10). O direito do trabalho é aplicado apenas aos empregados, porque existem trabalhadores, como, por exemplo, o autônomo e o eventual, que são regulamentados pelo direito civil, pois a natureza dessa relação é de prestação de serviços e não trabalhista (CÂNDIDO, 2013, p. 10). Portanto, para que seja considerado empregado, com o respectivo vínculo empregatício, é necessário ser pessoa física, ou seja, não é possível que a pessoa jurídica seja consagrada como empregada. O serviço deve ser prestado com habitualidade e pessoalidade, com subordinação perante o empregador e com recebimento de salário como contraprestação. Os empregados se dividem em alguns tipos, são eles: doméstico, aprendiz, rural, urbano, em domicílio e temporário. 2.2.1 Empregado doméstico O trabalho doméstico é regido pela Lei 150/2015; no entanto, nos pontos em que esta for omissa, aplica-se a CLT, conforme prevê o Art. 19 da lei supracitada. O empregado doméstico é aquele que trabalha com pessoalidade, de forma contínua e subordinada, com onerosidade, no âmbito residencial, sem finalidade lucrativa, por mais de dois dias por semana, conforme dispõe o Art. 1º da LC 150/2015 (BRANCHIER; TESOLIN, 2012, p. 162). No caso do trabalhador doméstico, verifica-se que o empregador não é uma empresa, é uma pessoa física que não obtém lucro com o trabalho prestado. São considerados trabalhadores domésticos: o jardineiro, ababá, a cozinheira, a faxineira, o caseiro e o motorista particular (CÂNDIDO, 2013, p. 11). A Constituição Federal prevê alguns dos direitos dos trabalhadores domésticos em seu Art. 7º, parágrafo único, são eles: o salário mínimo ou o piso salarial estadual, fixado em lei; décimo terceiro; duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e 44 semanais; repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; horas extras com remuneração de, no mínimo, 50% à hora normal, limitando-se a duas horas extras por dia; férias anuais remuneradas acrescidas de um terço constitucional; férias em dobro, quando concedidas ou pagas fora do prazo; licença-maternidade de 120 dias; licença paternidade de cinco dias; aviso prévio; aposentadoria; seguro contra acidentes de trabalho; irredutibilidade do salário; FGTS equivalente a 8% da remuneração; adicional noturno equivalente a 20% do valor da hora normal; salário família e vale transporte (CÂNDIDO, 2013, p. 11). Além dos direitos previstos anteriormente, o empregado doméstico faz jus ao registro em sua carteira de trabalho, sob pena de multa a ser aplicada em face do empregador e até mesmo a propositura de uma reclamação trabalhista. Importante ressaltar ainda que esses direitos são de aplicação imediata, ou seja, já passam a valer instantaneamente, sem a necessidade de regulamentação (CÂNDIDO, 2013, p. 11). 12WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA O vídeo Empregados Domésticos: Direito do Trabalho, do professor Guilherme de Luca, faz uma síntese bem clara sobre essa categoria de empregados, que pode facilitar o entendimento do tema e acrescentar informações relevantes: LAC CONCURSOS. Empregados domésticos: direito do trabalho. 2018. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=eHv9TO3_ECA>. 2.2.2 Empregado aprendiz Na CLT é considerado menor o trabalhador com idade entre 14 e 18 anos, conforme redação do art. 402 da CLT, todavia no tocante ao contrato de aprendiz este pode ser estendido até que o empregado complete 24 anos nos termos do art. 428 da CLT, vejamos: Art. 428. Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação. § 1o A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, matrícula e freqüência do aprendiz na escola, caso não haja concluído o ensino médio, e inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em formação técnico- profissional metódica. § 2o Ao aprendiz, salvo condição mais favorável, será garantido o salário mínimo hora. § 3o O contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por mais de 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de aprendiz portador de deficiência. § 4o A formação técnico-profissional a que se refere o caput deste artigo caracteriza-se por atividades teóricas e práticas, metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho. § 5o A idade máxima prevista no caput deste artigo não se aplica a aprendizes portadores de deficiência. § 6o Para os fins do contrato de aprendizagem, a comprovação da escolaridade de aprendiz com deficiência deve considerar, sobretudo, as habilidades e competências relacionadas com a profissionalização. § 7o Nas localidades onde não houver oferta de ensino médio para o cumprimento do disposto no § 1o deste artigo, a contratação do aprendiz poderá ocorrer sem a frequência à escola, desde que ele já tenha concluído o ensino fundamental. § 8o Para o aprendiz com deficiência com 18 (dezoito) anos ou mais, a validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na CTPS e matrícula e frequência em programa de aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica. 13WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A CLT, em seu Art. 429, prevê uma cota para contratação de aprendizes de, no mínimo, 5% e de, no máximo, 15% do total de empregados do estabelecimento. No entanto, os referidos limites não são aplicados se o empregador for uma entidade sem fins lucrativos que tenha como finalidade a educação profissional. Vale destacar que o aprendiz também tem direito ao FGTS, mas com alíquota diferenciada, de apenas 2% (CÂNDIDO, 2013, p. 12). Com relação à jornada de trabalho do empregado aprendiz, o Art. 432 da CLT dispõe que não pode exceder seis horas diárias, sendo proibida a prorrogação e a compensação de jornada. E o § 1º do mesmo artigo faz a ressalva de que o limite da jornada pode ser de até oito horas diárias para os aprendizes que já tiverem concluído o ensino fundamental, se nelas forem contabilizadas as horas destinadas à aprendizagem teórica (BRASIL, 1943). O Art. 433 da CLT estabelece as formas de extinção do contrato de aprendizagem, são elas: a pedido do aprendiz; no momento em que o contrato completar o prazo de vigência de dois anos; quando o aprendiz alcançar os 24 anos de idade; por falta disciplinar grave ou desempenho insuficiente na função que exerce e em caso de ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo (BRASIL, 1943). É importante mencionar que o aprendiz não é um estagiário, pois o estágio não é regulamentado pela CLT, mas por legislação específica (Lei 6.494/77 e Decreto 84.497/82). O estagiário, desde que preenchidos os requisitos legais, não é um empregado, mas um aluno, matriculado em curso superior, que faz atividades extracurriculares para complementar seu ensino e presenciar a prática do que aprende em seu curso; já o aprendiz é um empregado, que possui um contrato especial de trabalho. 2.2.3 Empregado rural A Constituição Federal de 88 equiparou os trabalhadores rurais aos urbanos, portanto o empregado rural também possui os direitos sociais previstos no Art. 7º. No entanto, a CLT não se aplica à referida classe, que é regulamentada pela Lei 5.889/73 (CÂNDIDO, 2013, p. 13). A definição de empregado rural encontra-se no Art. 2º da Lei 5.889/73, que dispõe: “Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário” (BRASIL, 1973). Ainda que a CLT não se aplique aos empregados rurais, é necessário preencher os requisitos da pessoalidade, onerosidade, habitualidade e subordinação (CÂNDIDO, 2013, p. 13). O Art. 3º da Lei 5.889/73 discorre sobre o empregador rural e o conceitua da seguinte forma: “[...] é a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agro econômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados” (BRASIL, 1973). Para identificar se o empregado é considerado rural ou urbano, primeiro é necessário verificar se o empregador se enquadra no conceito trazido pelo Art. 3º da Lei 5.889/73. Sendo o empregador considerado rural, por conseguinte, o empregado também será. É preciso mencionar que o trabalhador rural não se confunde com o doméstico. Se no local de prestação de serviço tiver uma plantação, mas sem o objetivo de lucro, ou seja, para o próprio consumo do empregador, o trabalhador será enquadrado como empregado doméstico, como o caseiro, por exemplo. No entanto, se essa plantação for para vender a produção para terceiros, com finalidade lucrativa, o empregado será rural. Portanto, para ser considerado rural, o empregado tem que prestar seus serviços para um empregador que comercialize a produção(CÂNDIDO, 2013, p. 13-14). 14WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 2.2.4 Empregado em domicílio O empregado em domicílio é aquele que realiza seu trabalho em sua casa. Não existe qualquer diferença entre um empregado em domicílio e um empregado que realize suas tarefas nas dependências da empresa, desde que haja subordinação, ou seja, mesmo laborando em sua residência, o empregado tem que cumprir com suas obrigações (CÂNDIDO, 2013, p. 14). O Art. 6º da CLT prevê claramente que não há distinção entre o trabalho realizado a distância, na residência do empregado ou dentro do estabelecimento do empregador, desde que estejam presentes os requisitos exigidos para caracterização da relação de emprego (BRASIL, 1943). Logo, o fato de o empregado realizar suas tarefas em seu domicílio, ou seja, fora das dependências da empresa, não é suficiente para corromper o vínculo de emprego. Como não há distinção entre os empregados pelo simples fato de o serviço ser prestado em domicílio, esses funcionários possuem os mesmos direitos e benefícios que os demais contratados pelo empregador (CÂNDIDO, 2013, p. 14). 2.2.5 Empregado temporário O trabalho temporário é regulamentado pela Lei 6.019/74, que prevê, em seu Art. 2º: Art. 2º Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física contratada por uma empresa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços (BRASIL, 1974). O empregado temporário é aquele que presta serviços ao empregador pelo prazo máximo de três meses, para substituição de pessoal ou quando houver um grande aumento nos serviços. Só é autorizado que o trabalhador temporário execute seus serviços em empresas urbanas (CÂNDIDO, 2013, p. 14). Podem ser citados, como exemplo, os casos de funcionários que são contratados temporariamente para exercerem a função de vendedores em estabelecimentos comerciais em que o movimento aumenta substancialmente no fim do ano, ou ainda aqueles que trabalham cobrindo as férias de outro empregado, a fim de evitar desfalque de funcionários na empresa. É vedada apenas a contratação de trabalhadores temporários para substituição de funcionários que estejam em greve, em razão da proibição expressa prevista no Art. 2º, §1º da Lei 6.019/74 (BRASIL, 1974). Após discorrer sobre as partes que celebram os contratos regidos pelas leis trabalhistas, quais sejam, empregador e empregado, passaremos a tratar detalhadamente, no próximo tópico, das peculiaridades dos contratos de trabalho. 15WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 3. CONTRATO DE TRABALHO Os contratos trabalhistas, como qualquer outro instrumento contratual, além de suas peculiaridades, precisam atender aos requisitos legais comuns aos negócios jurídicos em geral, são eles: as partes, o objeto e a manifestação de vontade (ALCANTARA, 2018, p. 122). O Art. 104 do Código Civil prevê que, para o negócio jurídico ser considerado válido, é necessário que o agente tenha capacidade, o objeto a ser contratado deve ser lícito, possível, determinado ou determinável e a forma deve ser a prescrita ou não proibida em lei (BRASIL, 2002). Isso significa que os contratantes não podem se enquadrar nas hipóteses de incapacidade absoluta ou relativa previstas no Código Civil, pois o artigo é claro ao dispor que é indispensável a capacidade das partes. De igual modo, o objeto do contrato deve ser lícito e, ainda que não previsto expressamente em lei, não pode ferir a moral e os bons costumes. Deve ser também determinado ou determinável pelo seu gênero, pela qualidade ou pela quantidade. E a sua forma deve ter previsão legal ou não ser vedada por lei (ALCANTARA, 2018, p. 122-123). Atendendo aos referidos requisitos, temos um contrato válido legalmente, que deve ser firmado sempre com fundamento no ordenamento jurídico e na vontade dos contratantes (ALCANTARA, 2018, p. 122-123). Os contratos, por sua natureza, têm o poder de criar, modificar, resguardar, adquirir e extinguir direitos e relações jurídicas de cunho patrimonial, desde que esteja de acordo com a vontade das partes e em consonância com os requisitos legais (ALCANTARA, 2018, p. 122-123). Na seara trabalhista, os contratos de trabalho possuem algumas particularidades, mas não estão dispensados dos requisitos comuns aos negócios jurídicos previstos no Art. 104 do Código Civil. Na CLT, a definição de contrato encontra-se prevista expressamente no Art. 442, que diz: “Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego” (BRASIL, 1943). Desse conceito, podemos extrair que o contrato de trabalho é o acordo formulado entre empregador e empregado, em que o empregador oferece uma remuneração e o empregado aceita, se comprometendo a prestar seus serviços de forma continuada. Infere-se também do Artigo 442 da CLT que os contratos de trabalho, quanto à sua forma, podem ser tácitos, quando pactuados verbalmente, ou expressos, quando forem reduzidos a termo. Portanto, a lei não exige que o contrato seja escrito para que possua validade, basta o acordo de vontades e a presença dos requisitos da relação de emprego (BRANCHIER; TESOLIN, 2012, p. 168). Ainda que o contrato seja tácito, ou seja, pactuado verbalmente de acordo com a vontade das partes, é indispensável que o empregador faça a anotação na carteira de trabalho em até 48 horas, fazendo constar uma síntese dos termos da contratação, como a data da admissão, a remuneração e as condições especiais do contrato, sob pena de multa a ser aplicada ao empregador, pois nenhum empregado pode ser admitido sem apresentar sua carteira de trabalho (BRANCHIER; TESOLIN, 2012, p. 168). No entanto, caso o empregador não faça a anotação na carteira de trabalho como manda a lei, o que valerá para a Justiça do Trabalho é a realidade dos fatos, pois a verdade real deve prevalecer sobre a documental, com fundamento no princípio da primazia da realidade, que já foi abordado anteriormente (CÂNDIDO, 2013, p. 20-21). 16WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A carteira de trabalho é um documento de extrema importância para o empregado, pois é nela que ficam anotados os termos do contrato de trabalho. Contudo, ela não é o único meio de prova que o funcionário pode utilizar para demonstrar a relação empregatícia, que pode ser evidenciada por qualquer documento que seja hábil para atestar o vínculo, além da prova testemunhal. A justiça do trabalho busca proteger o empregado na relação que se estabelece com o empregador; no entanto, para que ele possa ter seus direitos tutelados, é indispensável que estejam presentes os requisitos caracterizadores da relação de emprego e também que os contratos pactuados entre empregador e empregado atendam aos requisitos legais. 3.1 Características do Contrato de Trabalho Via de regra, os contratos de trabalho não possuem forma especial. Em alguns casos, podem até mesmo serem informais, pactuados apenas verbalmente. No entanto, essa não é a forma mais recomendada, pois nessa hipótese, os meios de prova para eventual reclamação trabalhista são mais limitados (CÂNDIDO, 2013, p. 22). São consensuais, pois nascem da livre manifestação e vontade das partes e também qualificados como intuitu personae, pois exigem que o empregado preste seus serviços com pessoalidade, ou seja, não pode se fazer substituir por um terceiro (CÂNDIDO, 2013, p. 22). São contratos bilaterais, também chamados de sinalagmáticos, que preveem direitos e obrigações recíprocas para ambas as partes. O empregado se compromete a prestar seu serviço nos termos exigidos pelo empregador e este a pagar seu salário, como contraprestação.Por conseguinte, deve ser comutativo, ou seja, com equivalência ao trabalho realizado e à remuneração recebida (CÂNDIDO, 2013, p. 22). É de trato sucessivo, pois as obrigações se renovam, não cessam com o cumprimento de uma única prestação. E onerosos, pois o empregado deve ser remunerado; ele tem direito ao recebimento de salário. Impende frisar que, se o trabalho for voluntário, ou seja, sem onerosidade, não haverá vínculo empregatício (CÂNDIDO, 2013, p. 22). Para saber mais sobre o tema tratado nesta unidade, consulte a seguinte obra: BARROS, A. M. Curso de direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: LTR, 2013. 17WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 3.2 Classificação dos Contratos de Trabalho Quanto à forma, os contratos de trabalho podem ser tácitos ou expressos. O contrato tácito é aquele em que o empregado presta serviços ao empregador com pessoalidade, habitualidade, onerosidade e subordinação; no entanto, as partes não externaram essa vontade de forma explícita. Já o expresso é aquele em que as condições de trabalho são estipuladas de maneira clara, de forma escrita ou verbal (BRANCHIER; TESOLIN, 2012, p. 168). O contrato de trabalho pode também ser verbal ou escrito. Nada impede que o empregador e o empregado pactuem as condições dos serviços apenas verbalmente, pois, como já mencionado, o que vale é a verdade dos fatos. Então, ainda que não haja anotação na CTPS, a relação de emprego não deixa de existir. No entanto, existem contratos que exigem a forma escrita, como, por exemplo, o contrato celebrado com o menor aprendiz (CÂNDIDO, 2013, p. 24). Com relação ao prazo, os contratos trabalhistas podem ser determinados ou indeterminados, conforme se infere do previsto no Art. 443 da CLT: Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente. §1º Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada. §2º O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; b) de atividades empresariais de caráter transitório; c) de contrato de experiência. §3º Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria (BRASIL, 1943). A regra é que o prazo do contrato seja indeterminado, em razão do princípio da continuidade da relação de emprego. Mas admitem-se algumas exceções de contratos por prazo determinado, como, por exemplo, os contratos de experiência e os temporários. Nesses casos, as partes já têm conhecimento prévio sobre a data da extinção da relação de empregado (CÂNDIDO, 2013, p. 24). Além dos contratos supracitados, há também o contrato de experiência, que tem o objetivo de avaliar quais as habilidades profissionais do indivíduo a ser contratado e também mostrar a ele as vantagens e desvantagens da empresa empregadora. A duração é de até 90 dias e, se o referido prazo se exceder, o contrato passa a ser por prazo indeterminado. Nesta unidade, abordamos os sujeitos que integram os contratos de trabalho e suas particularidades. Após a formalização do contrato e o início da prestação de serviços, inicia-se uma rotina de trabalho, que será abordada na próxima unidade. 18WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, demonstramos a importância do direito do trabalho para regulamentar as relações de emprego, tutelando o empregado na medida de sua hipossuficiência perante o empregador e garantindo melhores condições de trabalho. Aprendemos sobre as diferenças entre relação de trabalho e relação de emprego e os reflexos que cada uma traz para as partes. Distinguimos as espécies de empregados, ressaltando as principais características de cada uma delas e definimos também o conceito de empregador. Encerramos a unidade, fazendo uma análise detalhada do contrato de trabalho, suas características e classificações, ressaltando a possibilidade de sua extinção, por iniciativa do empregado e do empregador e como isso repercute no momento do cálculo das verbas trabalhistas. 1919WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................21 1. JORNADA DE TRABALHO ........................................................................................................................................22 1.1 INTERVALOS ...........................................................................................................................................................24 1.2 DESCANSO SEMANAL REMUNERADO ...............................................................................................................24 2. FÉRIAS......................................................................................................................................................................26 3. REMUNERAÇÃO E SALÁRIO ..................................................................................................................................28 3.1 ADICIONAIS ...........................................................................................................................................................30 3.1.1 ADICIONAL DE HORAS EXTRAS .........................................................................................................................30 3.1.2 ADICIONAL NOTURNO .......................................................................................................................................31 3.1.3 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.......................................................................................................................31 DA ROTINA DE TRABALHO PROF.A MA. TAMARA SIMÃO ARDUINI ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E SINDICAL 20WWW.UNINGA.BR 3.1.4 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE .................................................................................................................. 31 3.1.5 ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA ...................................................................................................................32 3.2 DA FOLHA DE PAGAMENTO ...............................................................................................................................32 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................33 21WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Nesta unidade, abordaremos a rotina de trabalho propriamente dita, abrangendo a jornada de trabalho, os intervalos e períodos de descanso que são assegurados ao empregado, a remuneração a ser recebida, detalhando, inclusive, sobre os adicionais previstos na legislação. A limitação da jornada foi uma grande conquista para os empregados, pois impede longos turnos de trabalho, permitindo que os funcionários possam labutar e realizar outras atividades que são indispensáveis para a saúde física e mental de todos. Justamente em razão disso é de extrema importância a concessão dos intervalos e os descansos semanais remunerados, que também serãotratados nesta unidade, pois é por meio deles que os empregados conseguem descansar e recompor suas energias para voltar ao trabalho. Também será discutido nesta unidade sobre remuneração e salário, discorrendo sobre as divergências entre os referidos institutos, ressaltando a possibilidade de o trabalhador labutar em condições que ensejem o recebimento de algum adicional e também como os pagamentos devem ser efetuados para evitar o salário complessivo, que é vedado pela legislação. 22WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 1. JORNADA DE TRABALHO A jornada de trabalho é o período durante o qual o empregado presta seus serviços ou permanece à disposição de seu empregador. A fixação da jornada de trabalho é de extrema importância, pois ela visa impedir que o funcionário passe longos períodos no emprego, por questão de segurança e saúde do trabalhador. Um empregado que trabalha doze horas por dia, por exemplo, não tem tempo de desfrutar de sua família, muito menos para o lazer; acaba se tornando debilitado física e psicologicamente, aumentando consideravelmente os riscos de acidente ou doença do trabalho. Diante disso, o legislador limitou a jornada de trabalho em 8 horas diárias, podendo ser estendida para 10, na hipótese de trabalho extraordinário, e 44 horas semanais (CÂNDIDO, 2013, p. 37). A duração do trabalho pode chegar a 10 horas diárias, excedendo o limite legal, por motivo de força maior; para realizar ou concluir um serviço inadiável ou caso a sua inexecução possa causar grande prejuízo. Em ambos os casos, a remuneração da hora extra deve ser de, no mínimo, 50% da hora normal (CÂNDIDO, 2013, p. 39). A Constituição Federal limitou a jornada de trabalho para que fosse possível ao empregado conciliar seu ofício com o lazer, a convivência familiar e o descanso, melhorando sua qualidade de vida, a fim de evitar eventuais prejuízos com acidentes e doenças do trabalho. A limitação da jornada de trabalho é de tamanha importância que a Declaração Universal de Direitos Humanos, em seu Artigo XXIV, prevê que “[...] toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas” (ONU, 1948). Além da limitação da jornada, a CF, em seu Art. 7º, inciso XIII, prevê sobre a compensação e redução, mediante acordo ou convenção coletiva. A compensação é a possibilidade de as horas trabalhadas a mais serem descontadas na jornada de outros dias de trabalho, de modo que, no final do período, o empregado obedeça à jornada normal, sem que haja o pagamento de horas extras. É o chamado banco de horas. A reforma trabalhista manteve o limite de jornada diária de 8 horas prevista constitucionalmente, mas trouxe a possibilidade do regime de compensação, em que o empregado pode trabalhar até 12 horas consecutivas e descansar por outras 36 horas. É o regime chamado de 12x36, e caso o empregador e o empregado optem por ele, é necessário que seja firmado um acordo por norma coletiva assinada pela empresa e pelo sindicato da classe. Apenas as empresas do setor de saúde podem firmar esse instrumento com cada empregado individualmente, sem a necessidade de participação do sindicato. 23WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Algumas categorias de trabalhadores já foram vitoriosas e conseguiram a redução de sua jornada de trabalho, como, por exemplo, os bancários; no entanto, para a grande maioria, a limitação de 8 horas diárias ainda se mostra como regra (ALCANTARA, 2018, p. 141). Existem casos em que a jornada de trabalho dos empregados é diferenciada, porque a atividade do empregador não pode parar e, em razão disso, é necessário que os funcionários trabalhem em revezamento, uns sucedendo os outros, de maneira habitual e contínua, possibilitando a não interrupção do trabalho (ALCANTARA, 2018, p. 141-142). Normalmente, nesses casos, a jornada de trabalho é de 6 horas por dia, mas o Art. 7º, inciso XIV, da CF possibilita que essa jornada seja alterada e avance para 8 horas diárias. Vale ressaltar que, de acordo com o que prevê a legislação, essas duas horas trabalhadas a mais não serão computadas como horas extras, ou seja, serão remuneradas ao empregado como horas normais (BRASIL, 1988). O horário de trabalho de cada funcionário deve ser devidamente anotado em livros de registros e, caso o empregador possua mais de 10 funcionários, é obrigatório o lançamento dos horários de entrada e saída, por registro manual, mecânico ou eletrônico. Vale mencionar que os cartões pontos utilizados para demonstrar a duração da jornada de trabalho que forem uniformes são considerados inválidos como meio de prova perante a Justiça do Trabalho, em razão do previsto na Súmula 338, item III do TST (CÂNDIDO, 2013, p. 38). Alguns empregados são excluídos do regime de livro ponto, por expressa previsão legal, conforme se infere do Art. 62 da CLT: Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo: I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados; II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial. III - os empregados em regime de teletrabalho. Parágrafo único - O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento) (BRASIL, 1943). No caso dos empregados que exercem atividades exclusivamente externas, como, por exemplo, o vendedor que fica viajando, passando em estabelecimentos de várias cidades e oferecendo seus produtos, é completamente impraticável o controle de sua jornada. Portanto, o empregador deve fazer constar em sua CTPS que exercerá função incompatível com a fixação de horário de trabalho (CÂNDIDO, 2013, p. 45). A jornada pode ser diurna ou noturna. É considerada diurna quando ocorrer das 5 às 22h, e noturna das 22 às 5h. A referida informação é de extrema importância para o computo do adicional noturno para aqueles funcionários que exercerem suas funções nesse período. A jornada de trabalho não é ininterrupta, ou seja, ela possui intervalos interjornada e intrajornada, como será abordado detalhadamente no próximo tópico. 24WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 1.1 Intervalos Os intervalos inter e intrajornadas, em regra, não são remunerados, salvo se o contrário for estabelecido em convenção ou acordo coletivo de trabalho. Silvano Alves Alcantara pondera que, Em uma mesma jornada diária de trabalho, deve haver o intervalo intrajornada, que deverá ser de, no mínimo, 1 hora e de, no máximo, 2 horas se a jornada ultrapassar 6 horas, podendo ser reduzido para até 30 minutos, por meio de acordo ou convenção coletivos de trabalho. Sendo maior do que 4 horas e não excedendo a 6 horas, deverá ser de 15 minutos (ALCANTARA, 2018, p. 145). O intervalo intrajornada é aquele destinado ao repouso e à alimentação do empregado e, conforme supracitado, irá variar conforme o tempo de trabalho diário do funcionário. A referida matéria encontra guarida no Art. 71 da CLT, que dispõe: Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. § 1º - Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório umintervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas. § 2º - Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho (BRASIL, 1943). Já o intervalo interjornada é aquele existente entre duas jornadas, que deve ser de, no mínimo, 11 horas. Por exemplo, o trabalhador que labora das 8 às 18h terá direito ao intervalo intrajornada, pois sua jornada ultrapassa seis horas diárias, e também ao interjornada, que é o intervalo compreendido das 18h, quando sai do trabalho, até as 8h do dia seguinte, quando deve retornar. O intervalo interjornada é um período de descanso concedido ao empregado após determinado período de trabalho, no entanto possui natureza distinta do descanso semanal remunerado, popularmente chamado de DSR, que será abordado no próximo tópico. 1.2 Descanso Semanal Remunerado O descanso semanal remunerado (DSR) está previsto no Art. 7º, inciso XV: “[...] repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos” (BRASIL, 1988). Para ter direito ao DSR, o empregado deve ter cumprido integralmente seu horário de trabalho durante seis dias consecutivos, sem faltas, atrasos ou saídas durante o expediente. Se nesse período ocorrer algum atraso ou falta injustificada, perde o direito ao DSR. As faltas injustificadas são aquelas que não possuem nenhum amparo e que possibilitam ao empregador o desconto do dia não trabalhado. Se as faltas injustificadas forem constantes, podem inclusive caracterizar abandono de emprego, o que refletirá nas verbas trabalhistas a serem recebidas pelo empregado (ALCANTARA, 2018, p. 159-160). Se o empregado cumprir com pontualidade sua jornada de trabalho, em regra, a cada sete dias trabalhados, um deles deve corresponder a descanso, sem qualquer desconto, pois, como o próprio nome diz, o DSR deve ser remunerado pelo empregador (BRANCHIER; TESOLIN, 2012, p. 177). 25WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA As faltas justificadas mantêm o direito ao DSR. Segundo Alex Sander Branchier e Juliana Daher Delfino Tesolin, são consideradas justificadas: a) as previstas no art. 473 da CLT; b) a ausência justificada pelo empregador; c) a paralisação do serviço nos dias em que, por conveniência do empregador, não tenha havido trabalho; d) a ausência do empregado, até três dias consecutivos, em virtude de casamento; e) a falta ao serviço com fundamento na lei sobre acidente de trabalho; f) a doença do empregado, devidamente comprovada; g) nos vestibulares para ingresso em estabelecimento de ensino superior (BRANCHIER; TESOLIN, 2012, p. 177). A remuneração do DSR deve ser equivalente a um dia de serviço, para aqueles que laboram por dia, semana, quinzena ou mês. Para os que trabalham por hora, o repouso deverá ser proporcional à sua jornada normal de trabalho, contando, inclusive, as horas extras prestadas (BRANCHIER; TESOLIN, 2012, p. 178). A CLT diz que o DSR deve ser preferencialmente aos domingos, no entanto existem estabelecimentos que funcionam de maneira ininterrupta, inclusive aos domingos. Ainda assim, o DSR, sendo um direito do funcionário, não pode deixar de ser observado. Nesses casos, os empregadores costumam fazer acordos coletivos com os sindicatos para estabelecer uma escala de revezamento e para que os empregados possam usufruir de sua folga durante a semana. Os feriados também são considerados descansos remunerados, ou seja, o empregador deve pagá-los aos funcionários, pois esses dias não podem ser descontados de seus respectivos salários. Vale frisar que, se os empregados tiverem que labutar nos dias de repouso, a remuneração deve ser feita em dobro, a não ser que a empresa determine outro dia de folga (BRANCHIER; TESOLIN, 2012, p. 178). O repouso do empregado é de extrema importância para sua saúde física, mental e também para evitar a exaustão e a queda em seu desempenho. Desse modo, trabalhar nos dias de repouso é admitido apenas em hipóteses excepcionais, como no caso de força maior, devendo o empregador comunicar o fato à Delegacia Regional do Trabalho, ou ainda para realizar ou concluir trabalhos que são inadiáveis ou que sua inexecução possa trazer grande prejuízo ao empregador (BRANCHIER; TESOLIN, 2012, p. 178). O direito do trabalho busca resguardar a integridade do empregado e, justamente em razão disso, os intervalos e descansos são tão importantes, pois o trabalho diário é cansativo e os empregados também precisam ter tempo para que possam se socializar, conviver e prestar auxílio a suas famílias, interagir com a comunidade e também desfrutar do lazer. A concessão das férias é outro exemplo disso, pois além de oferecer um descanso maior ao trabalhador, elas podem aumentar a eficiência no desempenho de suas funções. Então, apresentaremos, a seguir, alguns aspectos significativos a respeito das férias. 26WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 2. FÉRIAS As férias são mais um exemplo de período em que o empregado descansa e recebe remuneração, que agora tem ainda um adicional. O Art. 7º, inciso XVII da Constituição, prevê que o trabalhador tem o direito de usufruir de férias anualmente, recebendo pelo menos um terço a mais que seu salário normal (BRASIL, 1988). A concessão das férias tem como objetivo recarregar as energias do empregado, física e psicologicamente, fazer com que ele tenha lazer, viaje, conviva com sua família por um tempo maior e se desligue completamente de suas funções habituais por certo tempo. Além disso, um trabalhador descansado tem menor probabilidade de apresentar problemas para o empregador, como, por exemplo, um acidente de trabalho. Elas podem ser individuais, quando concedidas a cada empregado individualmente, ou coletivas, quando fornecidas para todos os empregados de uma empresa (CÂNDIDO, 2013, p. 63). É direito do empregado, após trabalhar por doze meses consecutivos, ficar afastado de suas funções por até 30 dias e ainda assim receber seu salário. Esse prazo pode variar de acordo com determinadas situações, conforme preceitua o Art. 130 da CLT: Art. 130. Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção: I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes; Il - 24 (vinte e quatro) dias corridos quando houver tido 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas; III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas; IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas (BRASIL, 1943). Além das hipóteses previstas no artigo supracitado, a lei ainda traz a possibilidade de o empregado vender parte de suas férias e, consequentemente, isso interferirá na quantidade de dias que ficará em descanso (ALCANTARA, 2018, p. 161-162). O trabalhador tem a faculdade de comercializar até dez dias de suas férias e transformá- los em remuneração, ou seja, um terço do período que poderia ficar afastado ele fica exercendo suas atividades normalmente e recebe remuneração por isso, trata-se de um abono pecuniário. Essa venda é um direito do empregado e o empregador não pode recusar (ALCANTARA, 2018, p. 162). 27WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Não podemos confundir o terço constitucional com o abono pecuniário. O terço constitucional diz respeito à previsão contida no Art. 7º, inciso XVII da CF, que dispõe que a remuneração das férias deve ser em valor superior de pelo menos um terço, ou seja, o empregado recebe o valor dos rendimentos mensais, com o acréscimo de um terço. Já o abono pecuniário está previsto no Art. 143 da CLT e traz a possibilidade de o empregado vender até um terço de suas férias; é a conversão em dinheiro de um terço dos dias de férias a que o empregado tem direito.As férias devem ser concedidas quando o empregado tiver trabalhado por um ano ininterrupto e quem decide qual o melhor período para que o trabalhador fique afastado é o empregador, independentemente de sua concordância. Elas devem ser fornecidas em um único período, podendo, excepcionalmente, ser divididas em até três intervalos, desde que seja respeitado o mínimo de 14 dias corridos para um dos períodos e de 5 dias para os demais (BRASIL, 1943). Verifica-se que existem dois períodos distintos: o aquisitivo e o concessivo. O primeiro é o período de 12 meses, que dá direito ao empregado de gozar de férias de 30 dias. O segundo é o período de 12 meses subsequentes ao período aquisitivo. O empregado deve usufruir de suas férias dentro do período concessivo, sob pena de o empregador ter que arcar com uma multa pecuniária no mesmo valor do que deveria receber o empregado, se tivesse tirado suas férias no tempo certo, ou seja, ocasiona o pagamento em dobro (ALCANTARA, 2018, p. 163). O empregador deve efetuar o pagamento das férias em até dois dias antes do seu início, sob pena de o empregador ter que fazer o pagamento em dobro, inclusive do terço constitucional. A criação dessa regra teve o intuito de resguardar o empregado, pois de nada adiantaria ele iniciar o gozo de suas férias sem receber nada ou receber apenas após o seu término (CÂNDIDO, 2013, p. 67). Existem casos em que o empregado pode perder o seu direito a férias. São as hipóteses trazidas pelo Art. 133 da CLT: Art. 133 - Não terá direito a férias o empregado que, no curso do período aquisitivo: I - deixar o emprego e não for readmitido dentro de 60 (sessenta) dias subsequentes à sua saída; II - permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por mais de 30 (trinta) dias; III - deixar de trabalhar, com percepção do salário, por mais de 30 (trinta) dias, em virtude de paralisação parcial ou total dos serviços da empresa; e IV - tiver percebido da Previdência Social prestações de acidente de trabalho ou de auxílio-doença por mais de 6 (seis) meses, embora descontínuos (BRASIL, 1943). Nesses casos, começará a contar um novo período aquisitivo quando o empregado retornar ao serviço e o período da interrupção deve ser devidamente anotado na carteira de trabalho (BRASIL, 1943). 28WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Durante as férias, o contrato de trabalho fica interrompido e tanto o empregador quanto o empregado não podem praticar conduta no sentido de rompê-lo, ou seja, não pode haver pedido de demissão ou dispensa sem justa causa. Entretanto, ao retornar das férias, o empregado não tem garantia de estabilidade. Dentre os aspectos abordados sobre a rotina de trabalho, ainda é necessário tratar sobre a remuneração do empregado e como sua folha de pagamento deve vir discriminada, pois aquele que presta seus serviços tem direito à contraprestação, conforme veremos no próximo tópico. 3. REMUNERAÇÃO E SALÁRIO A remuneração pode ser conceituada como o conjunto dos ganhos de um empregado, ou seja, é a reunião de todos os valores recebidos por ele. Portanto, ela abrange tanto o salário propriamente dito, que é o valor devido pela execução do trabalho, bem como as gorjetas. De início, já podemos concluir que remuneração e salário, embora sejam facilmente confundidos, são dois institutos completamente diferentes. A remuneração é a totalidade do que o funcionário recebe, compreendido pela soma do pagamento direto feito pelo empregador a título de salário e do pagamento indireto feito por terceiros com gorjetas. Sintetizando, podemos dizer que a remuneração é o salário mais as gorjetas (CÂNDIDO, 2013, p. 69-70). As gorjetas são aqueles valores pagos por terceiros, geralmente, clientes. Elas podem ser cobradas na nota de serviço, como, por exemplo, os restaurantes que cobram 10% do valor da conta como taxa, ou podem ser pagas de forma espontânea pelo cliente, sendo que, em ambos os casos, o pagamento é facultativo. As gorjetas incidem na base de cálculo de apenas alguns reflexos trabalhistas, são eles: férias e o terço constitucional, décimo terceiro salário, fundo de garantia. Portanto, não terão incidência nas horas extras, no adicional noturno, no descanso semanal remunerado nem no aviso prévio (ALCANTARA, 2018, p. 146). O salário é considerado como a parte fixa da remuneração, que independe de outras verbas e é pago diretamente pelo empregador. É o valor devido pela execução do trabalho, bem como pelo tempo à disposição do empregador. Em regra, deve ser pago em dinheiro, em dia útil e no ambiente de trabalho, durante o expediente ou imediatamente após o seu encerramento, salvo nas hipóteses de ser efetuado por depósito em conta corrente. Integram o salário a importância fixada no contrato de trabalho firmado entre empregador e empregado, as comissões e as gratificações (ALCANTARA, 2018, p. 146). Para saber mais sobre os temas tratados neste capítulo, consulte a seguinte obra: CARRION, V. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho: legislação complementar/jurisprudência. 37. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. 29WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Existem algumas parcelas que, embora sejam adimplidas pelo empregador, não possuem natureza salarial, mas indenizatória; portanto, não integram o salário e, por conseguinte, não têm reflexos na base de cálculo das verbas trabalhistas. São elas: as ajudas de custo, diárias de viagem, auxílio alimentação, prêmios e abonos. O Art. 458 da CLT traz a possibilidade de o salário ser pago em dinheiro ou in natura/ utilidade. Se for em dinheiro, é indispensável que seja pago na moeda corrente no país, mediante recibo ou comprovante de depósito e, se for em utilidade, ao menos 30% deve ser em dinheiro (BRASIL, 1943). O salário utilidade, também chamado de in natura, quer dizer que o empregador pode pagar parte do salário do empregado em alimentação, habitação, vestuário, dentre outras prestações. Para ser considerado como salário utilidade, é indispensável que o seu fornecimento seja habitual, pois se não tiver habitualidade, pode se enquadrar como uma bonificação. Também é imprescindível que seja algo benéfico ao empregado, como academia ou aluguel, por exemplo. Não é admitido como salário utilidade o fornecimento de cigarros ou bebidas alcoólicas. A CLT prevê claramente no Art. 458 sobre a possibilidade do salário utilidade, mas traz alguns limites no tocante à habitação e alimentação no §3º do artigo supracitado: “A habitação e a alimentação fornecidas como salário-utilidade deverão atender aos fins a que se destinam e não poderão exceder, respectivamente, a 25% (vinte e cinco por cento) e 20% (vinte por cento) do salário-contratual” (BRASIL, 1943). O Art. 458, §2º da CLT, dispõe sobre algumas utilidades concedidas pelo empregador que não são consideradas como salário: Art. 458 [...] § 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; II - educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; III - transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; IV - assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde; V - seguros de vida e de acidentes pessoais; VI - previdência privada; VII - o valor correspondente ao vale-cultura (BRASIL, 1943). O legislador criou a regra prevista nesse artigo no intuito de incentivar a concessão da utilidade pelo empregador, pois, dessa forma, o empregador pode fornecer mais benefícios aos empregadose sobre eles não são pagos os encargos trabalhistas e previdenciários, o que beneficia ambas as partes (CÂNDIDO, 2013, p. 74). Além do salário e das gorjetas, quando o empregado realiza determinadas funções em condições que sejam mais danosas à saúde física e mental, ele faz jus a um acréscimo no valor do salário chamado de adicional. 30WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Os vídeos Remuneração e Salário - Remuneração e Remuneração e Salário - Características do Salário, ambos da professora Camila Martinelli, fazem uma síntese das principais diferenças entre os institutos da Remuneração e do Salário, explicando suas especificidades e implicações na prática trabalhista: TRILHANTE. Remuneração e salário: remuneração. 2019. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=LXnxecUvQZ8>. TRILHANTE. Remuneração e salário: características do salário. 2019. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=LXnxecUvQZ8>. 3.1 Adicionais Os adicionais são acréscimos pagos ao empregado em razão do maior desgaste na prestação de serviços. Nosso ordenamento jurídico prevê esse acréscimo em pelo menos cinco situações: adicional de horas extras, adicional noturno, adicional de insalubridade, adicional de periculosidade e adicional de transferência. É importante ressaltar que, ainda que o empregado esteja exercendo suas funções em situações que ensejam o recebimento de todos os adicionais supracitados, não é possível cumular o de insalubridade e o de periculosidade; é necessário optar por um dos dois (ALCANTARA, 2018, p. 147-148). 3.1.1 Adicional de horas extras Já mencionamos que a jornada de trabalho, em regra, é de oito horas diárias, mas que, em determinadas situações, é possível que o empregado faça horas extras, desde que não ultrapasse duas horas diárias, salvo em casos excepcionais em que o trabalho não pode ser parado e que seja inadiável (ALCANTARA, 2018, p. 147-148). Embora a previsão legal seja a de que o empregado não pode fazer mais que duas horas extras por dia, em situações em que o trabalho não pode ser adiado e que a necessidade exige que perdure por mais tempo, será possível o labor além desse limite, que também deve ser remunerado com o adicional (ALCANTARA, 2018, p. 147-148). O adicional de horas extras obriga o empregador a remunerar o empregado em valor correspondente a, pelo menos, 50% do valor atribuído à hora normal. Essa porcentagem é mínima, pois, se negociada, pode alcançar patamares ainda maiores (ALCANTARA, 2018, p. 147-148). 31WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 3.1.2 Adicional noturno O adicional noturno deve ser de, pelo menos, 20% sobre o valor da hora diurna para o empregado urbano e de 25% para o rural (BRASIL, 1943). É importante esclarecer que é considerado como período noturno aquele compreendido entre 22h de um dia e 5h do dia seguinte, para os trabalhadores urbanos, e o das 21h de um dia até às 5h do dia seguinte para os rurais (ALCANTARA, 2018, p. 149). Vale destacar que a CLT prevê que a hora noturna não possui 60 minutos, ou seja, ela é reduzida e deve ser computada como sendo de 52min60s, mas o referido dispositivo tem utilização apenas para os trabalhadores urbanos, não se aplicando aos rurais (ALCANTARA, 2018, p. 147-148). Outra ressalva feita pela CLT é a do trabalho do menor, pois o Art. 7º, §1º, dispõe de forma taxativa que é terminantemente proibido o trabalho do menor em atividades noturnas (BRASIL, 1943). 3.1.3 Adicional de insalubridade O adicional de insalubridade é direito daquele trabalhador que exerça suas funções em condições insalubres, acima dos limites tolerados pelo Ministério do Trabalho (CÂNDIDO, 2013, p. 75). Para Silvano Alves Alcantara, São consideradas atividades insalubres aquelas que exponham o empregado a condições nocivas à saúde, acima dos limites de tolerância fixados, seja em razão da natureza e da intensidade do agente, seja em razão do tempo de exposição aos seus efeitos (ALCANTARA, 2018, p. 147-148). A porcentagem do valor adicional relativo à insalubridade irá depender do grau de exposição do empregado ao agente nocivo. Se o grau for baixo, o adicional será de 10%; se for médio, de 20% e, se for alto, de 40%. Tudo isso calculado sobre o valor do salário mínimo (BRASIL, 1943). Assim como no trabalho noturno, o menor também não pode trabalhar em atividades insalubres. 3.1.4 Adicional de periculosidade A CLT considera como atividade perigosa, para incidência do adicional de periculosidade, aquela em que o empregado fica exposto a certas situações que impliquem risco acentuado, tais como: produtos inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; roubos ou outras espécies de violência física nas atividades de profissional de segurança, tanto patrimonial quanto pessoal. Também são consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta (CÂNDIDO, 2013, p. 70). O adicional é de 30% sobre o salário do empregado, sem a incidência dos acréscimos, dos prêmios, das bonificações ou da participação nos lucros. De igual modo, é proibido o trabalho do menor em funções consideradas perigosas (ALCANTARA, 2018, p. 151). 32WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 3.1.5 Adicional de transferência O adicional de transferência é devido ao trabalhador que for transferido em caráter provisório para um local diverso do seu domicílio e é estipulado em 25% do salário do empregado (ALCANTARA, 2018, p. 151). 3.2 Da Folha de Pagamento O empregado que trabalha durante o mês inteiro, muitas vezes em atividades que podem até mesmo ser prejudiciais à sua saúde, tem direito a receber sua remuneração totalmente discriminada, para não caracterizar o salário complessivo, que é proibido por lei. O salário complessivo é aquele sem qualquer distinção dos valores na folha de pagamento. Para evitar que caracterize esse tipo de remuneração, o empregador deve garantir que, no holerite do empregado, conste todas as verbas discriminadas por tudo que o colaborador fez nos últimos trinta dias (ALCANTARA, 2018, p. 171). A emissão da folha de pagamento, com a discriminação de tudo o que está sendo pago e descontado, é obrigatória para efeito de fiscalização trabalhista e previdenciária. Portanto, ela é importante tanto para o empregado, que tem conhecimento do que está recebendo, quanto para o empregador, que fica com uma cópia da folha e se resguarda para eventual ação trabalhista. Portanto, todas as empresas, por força de lei, independentemente de seu potencial econômico, devem emitir mensalmente a folha de pagamento de todos os seus funcionários. 33WWW.UNINGA.BR LE GI SL AÇ ÃO T RA BA LH IS TA E S IN DI CA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme vimos nesta unidade, a delimitação da jornada de trabalho foi uma grande evolução, pois evita que o trabalhador tenha que ficar à disposição do empregador em jornadas exaustivas, o que prejudica não só a sua saúde física, mas também mental. Trabalhando por oito horas diárias e com os descansos semanais remunerados, o empregado tem tempo para fazer outras coisas, como, por exemplo, ir à academia, conviver com sua família, dar atenção aos filhos, enfim, ter acesso também ao lazer e tudo isso se reflete em sua qualidade de vida. Empregados saudáveis rendem mais, não dão prejuízos ao empregador e estão menos sujeitos a acidentes de trabalho; portanto, a delimitação da jornada de trabalho foi um avanço imensurável para a proteção do trabalhador. De igual modo, discorremos sobre a importância das férias, período em que o trabalhador pode se desligar por completo da empresa, renovar suas energias, descansar e, mesmo afastado, receber sua remuneração. Por fim, foi tratado sobre remuneração e salário, pois aquele que trabalha durante 30 dias ininterruptos
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