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PRINCÍPIOS DESTINADOS Á PROTEÇÃO AMBIENTAL

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3. PRINCÍPIOS DESTINADOS Á PROTEÇÃO AMBIENTAL.
Os princípios são os mandamentos básicos e fundamentais nos quais se alicerça uma ciência, os que regem a proteção ambiental por sua vez, são de suma importância para a efetivação dessa resguarda e muitas vezes utilizados para auxiliar nas decisões de punição para alguns crimes ambientas. Deveras, é notório que os mesmos interligados com o ordenamento jurídico, nem sempre tem efetiva ação por si só, visto que devem sempre estar lincado há alguma normativa ou jurisprudência. Portanto, como enuncia Canotilho, “(…) os princípios são enunciações normativas, ou seja, normas, com elevado grau de abstração”. (2003, p. 1161)
Deve ocorrer a mudança em observar esses princípios, pois o direito ambiental é uma ciência nova, porém autônoma, conforme Fiorillo (2007, p.28), ou seja, essa proteção ambiental é regida pelos princípios gerais do direito e por seus próprios princípios, que devem passar a ser vistos como alicerce dessa preservação.
Acima de tudo, observa-se que os princípios do direito ambiental tem como foco proteger toda espécie de vida no planeta, propiciando uma qualidade de vida satisfatória ao ser humano das presentes e futuras gerações. Em destaque, proteção para as futuras gerações, a proteção ambiental e fundamental para a efetiva vivencia no futuro.
Podemos listar os seguintes princípios por considerá-los abrangentes e universais, além de estabelecerem parâmetros com os valores constitucionais, sendo eles: a) princípio do direito humano; b) princípio do desenvolvimento sustentável; c) princípio democrático ou da participação; d) princípio da prevenção (precaução ou cautela); e) princípio do equilíbrio; f) princípio do limite; g) princípio do poluidorpagador, do usuário-pagador e do protetor-recebedor; h) princípio do não retrocesso ou da proibição do retrocesso; e i) princípio da responsabilidade socioambiental.
Diante disso, pode-se destacar alguns que serão relatados abaixo.
3.1. PRINCIPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Dando início a amostra desses princípios, podemos destacar o princípio do desenvolvimento sustentável. A origem do desenvolvimento sustentável se deu no final da década de 1970, e tomou maior repercussão em um documento da ONU, o Relatório de Brundtland (1988), o referido relatório teve o nome de Nosso futuro comum, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente, presidida por Gro Harlem Brundtland. Este é um dos princípios de maior destaque, sendo o mesmo, o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades, conforme concebido no Relatório de Brundtland.
Ou seja, este se baseia na noção da necessidade da coexistência harmônica do desenvolvimento econômico com os limites ambientais, para que estes não se esgotem, mas que fiquem preservados para as futuras gerações
Desenvolvimento sustentável, no dizer de James Lovelock, “é um alvo móvel. Representa o esforço constante em equilibrar e integrar os três pilares do bem-estar social, prosperidade econômica e proteção em benefício das gerações atual e futuras”. Por meio desse princípio, o objetivo é melhorar a qualidade de vida, respeitando as capacidades de suporte do ecossistema. Portanto, o objetivo é reduzir a pobreza, a exclusão social e econômica, o consumismo, o desperdício e a degradação ambiental.
Destaca-se que o princípio do desenvolvimento sustentável esta lincado ao art. 225, caput da Constituição Federal e ao tratar da ordem econômica, no art. 170, VI, vejamos:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado impondo-se ao Poder Publico e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
VI- defesa do meio ambiente;
Esse princípio, nos evidencia que devemos mudar nossas atitudes desde as mais simples para que a mudança comece a acontecer, e isso se torna um desafio na sociedade contemporânea, pelo fato de que muitos se dizem preocupados com o futuro ambiental mas isso nem sempre é verídico. Nesse paradigma, Carlos Minc em seu livro Ecologia e Cidadania, discorre sobre isso, “a base é a educação ambiental em toda sua plenitude” (MINC, 2005, 01). Além disso, devemos destacar uma frase bastante divulgada pela ONG Greenpeace: “quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver secado e o último peixe for pescado, vocês vão entender que dinheiro não se pode comer”.
Isto posto, não há como negar a necessidade de investir em novas políticas públicas de uso dos recursos naturais, visto que a exploração sustentável é o caminho para a sustentabilidade contemporânea e futura. Ou seja, a riqueza e qualidade de vida de uma nação estão intimamente relacionadas à forma como utiliza os recursos ambientais.
3.2. PRINCIPIO DA PREVENÇÃO E DA PRECAUÇÃO
Para entendermos melhor o que vem a ser o princípio da prevenção e da precaução, vamos defini-lo. Primeiramente, como Granziera menciona:
a doutrina brasileira não distinguia os princípios da prevenção e da precaução, tratando-os como se fossem sinônimos, mas percebendo-se a necessidade da distinção dos dois princípios, passou a tratá-los individualmente, para fins de sistematização do direito ambiental, consistindo o princípio da precaução em um conceito mais restritivo do que o da prevenção (2011, p. 60)
Esse princípio, decorre do princípio 15° da Conferência do Rio/92. Diz o citado princípio: “De modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental”.
O referido princípio está previsto na Lei n. 11.105/2005, a lei da biossegurança, podemos destacar o art. 1°, vejamos:
 “Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados — OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente”.
É imprescindível destacar que este princípio foi consagrado no direito internacional ambiental, ou seja, o torna um princípio universal. O mesmo veio com a missão de dotar legisladores e líderes políticos de um instrumento de regulação internacional da inovação tecnológica e da atividade antrópica de uma maneira geral.
Destarte, há um ponto negativo, este foi criado dentro de um contexto jurídico que evolui lentamente, em comparação ao progresso da demanda social por certezas científicas sobre essas questões.
Ou seja, é necessário que se dê maior enfoque neste princípio, principalmente em sua evolução, visto que é necessário que ele evolua conforme se evolui a demanda social e o desenvolvimento ambiental.
3.3. PRINCÍPIO DO LIMITE
O princípio do limite, ou princípio do controle do poluidor, é aquele na qual a Administração tem o dever de fixar parâmetros para as emissões de partículas, de ruídos e de presença a corpos estranhos no meio ambiente, levando em conta a proteção da vida e do próprio meio ambiente.
O doutrinador, Edis Milaré em sua doutrina Direito do Ambiente, ressalva que este princípio “resulta das intervenções necessárias à manutenção, preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente”. (2001, p.114).
Com base nisso, podemos afirma que este princípio buscapermitir somente as condutas cujos impactos ao meio ambiente estejam compreendidos dentro de padrões fixados pela legislação ambiental e pela Administração Pública.
Esses limites na grande maioria, seguem padrões internacionais estabelecidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde), são padrões ambientais internacionais necessários para evitar problemas à saúde humana e ao meio ambiente.
3.4. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR, DO USUÁRIO-PAGADOR E DO PROTETOR-RECEBEDOR
Ora, para melhor destrinchamento, o princípio do poluidor-pagador está na redação do 13° e 16° princípio da Conferencia do Rio/92, vejamos:
PRINCIPIO 13°. Os Estados devem desenvolver legislação nacional relativa à responsabilidade e indenização das vítimas de poluição e outros danos ambientais. Os Estados devem, ainda, cooperar de forma expedita e determinada para o desenvolvimento de normas de direito internacional ambiental relativas à responsabilidade e indenização por efeitos adversos de danos ambientais causados, em áreas fora de sua jurisdição, por atividades dentro de sua jurisdição ou sob seu controle.
PRINCIPIO 16°. Tendo em vista que o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo decorrente da poluição, as autoridades nacionais devem promover a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, levando na devida conta o interesse público, sem distorcer o comércio e os investimentos internacionais.
Dessa forma, fica evidente que o poluidor deverá arcar com o prejuízo causado ao meio ambiente da forma absoluta, ressalta ainda, que o fato de o poluidor ser obrigado a reparar os danos causados não significa que ele poderá continuar a poluir. Outrossim, não sendo possível a recomposição total, o poluidor deverá ressarcir os danos em espécie cujo valor deverá ser depositado no fundo para o meio ambiente.
Já o princípio do protetor-recebedor, estabelece uma ligação contraria ao princípio do poluidor-pagador, este por sua vez, introduzido na legislação ambiental, propõe a ideia central de remunerar todo aquele que, de uma forma ou de outra, deixou de explorar os recursos naturais que eram seus, em benefício do meio ambiente e da coletividade, ou que tenha promovido alguma coisa com o propósito socioambiental, ou seja, beneficiar aquele que de alguma forma contribui com a preservação ecológica.
Ou seja, este envolve o mecanismo que se convencionou denominar de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Portanto, esse baseia-se na proteção do mercado de financiamento considerando os princípios do poluidor-pagador e do protetor-recebedor, ou seja, quem se beneficia dos serviços ambientais deve pagar por esses serviços, e quem contribui para a geração desses serviços deve ser afetado pôr a prestação desses serviços.
No caso do usuario-pagador este está relacionado ao usuário de um serviço publico qualquer. Ainda podemos enfatizar que este usuário-pagador não pode ser visto como um todo, independe de uso ou não, pois diferente do tributo, a fixação do montante da cobrança é realizada com a participação dos próprios usuários-pagadores, tendo o poder de reivindicar a revisão do valor a qualquer momento.
3.5. PRINCÍPIO DO NÃO RETROCESSO OU PROIBIÇÃO DO RETROCESSO.
Por outro lado, o princípio do não retrocesso ou da proibição do retrocesso vem sendo de extrema importância, visto que este por sua vez impede que novas leis ou atos venham a desconstruir conquistas ambientais, ou seja, e até para exemplificar após atingir certo status ambiental, o princípio veda que se retorne a estágios anteriores, prejudicando e alterando a proteção dos recursos naturais.
Em ressalva e analisando com a minha visão, o doutrinador Luis Paulo tem um grande entendimento a respeito do não retrocesso não admite excludente, explicando que a preservação ecológica é importante para a sobrevivência, vejamos:
“No nosso entender, este princípio não admite qualquer excludente, já que a higidez ambiental é importante à sobrevivência de todas as formas de vida. Abrir exceção é permitir a degradação e a destruição do ambiente e das conquistas que levaram décadas para ser alcançadas.” (2018, p. 118)
Ainda, tanto ao indivíduo (visão individualístico-intrageracional), como à coletividade presente e futura (visão coletivo-intrageracional e coletivo-intergeracional) se garantem contra a retroatividade da lei posterior os direitos adquiridos sob o regime antecedente que se incorporarem ao seu patrimônio.
Por fim, este princípio não se aplica somente no que tange às conquistas ambientais, mas também às sociais, econômicas, culturais etc. É o que torna este tão importante, afinal ele abrange um todo.
3.6. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
Diante desse artigo científico esse princípio é o devemos destacar, visto que este tem sido adotado por muitas empresas, instituições de ensino e atividades governamentais e não governamentais. Sua conceituação é simples, trata-se de política ecologicamente correta, passando a integrar até mesmo os currículos de profissionais de todas as áreas.
Sendo um princípio correlacionado e adotado por muitas empresas, também vem sendo observado pelas instituições financeiras, tratando-se de concessão de financiamento de projetos que deverá respeitar o princípio da responsabilidade socioambiental consubstanciado no atendimento de critérios mínimos para a concessão de crédito. O conjunto de regras denominado “Princípios do Equador” foi baseado em critérios estabelecidos pela International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial, para a concessão de crédito.
Podemos destacar uma instituição financeira, O Banco Real do Canadá, que reagiu as pressões de defensores ambientais que denunciaram seu financiamento a projetos de areia monazítica, reuniu 18 bancos internacionais em Toronto para um dia de aprendizado sobre as questões regulatórias, sociais e ambientais, que cercam as areias. Isso faz com que as instituições passem a ter mais precaução nos empréstimos certas empresas potencialmente poluidoras, levando-se em conta, sobretudo, o aquecimento global e os defensores do meio ambiente.

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