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DIREITO AMBIENTAL - 1 BIMESTRE

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DIREITO AMBIENTAL – 1º BIMESTRE
Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano 1972 A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, reunida em Estocolmo de 5 a 16 de junho de 1972, e, atenta à necessidade de um critério e de princípios comuns que ofereçam aos povos do mundo inspiração e guia para preservar e melhorar o meio ambiente humano, Proclama que: 1. O homem é ao mesmo tempo obra e construtor do meio ambiente que o cerca, o qual lhe dá sustento material e lhe oferece oportunidade para desenvolver-se intelectual, moral, social e espiritualmente. Em larga e tortuosa evolução da raça humana neste planeta chegou-se a uma etapa em que, graças à rápida aceleração da ciência e da tecnologia, o homem adquiriu o poder de transformar, de inúmeras maneiras e em uma escala sem precedentes, tudo que o cerca. Os dois aspectos do meio ambiente humano, o natural e o artificial, são essenciais para o bem-estar do homem e para o gozo dos direitos humanos fundamentais, inclusive o direito à vida mesma.
2. A proteção e o melhoramento do meio ambiente humano é uma questão fundamental que afeta o bem-estar dos povos e o desenvolvimento econômico do mundo inteiro, um desejo urgente dos povos de todo o mundo e um dever de todos os governos. 3. O homem deve fazer constante avaliação de sua experiência e continuar descobrindo, inventando, criando e progredindo. Hoje em dia, a capacidade do homem de transformar o que o cerca, utilizada com discernimento, pode levar a todos os povos os benefícios do desenvolvimento e oferecer-lhes a oportunidade de enobrecer sua existência. Aplicado errônea e imprudentemente, o mesmo poder pode causar danos incalculáveis ao ser humano e a seu meio ambiente. Em nosso redor vemos multiplicar-se as provas do dano causado pelo homem em muitas regiões da terra, níveis perigosos de poluição da água, do ar, da terra e dos seres vivos; grandes transtornos de equilíbrio ecológico da biosfera; destruição e esgotamento de recursos insubstituíveis e graves deficiências, nocivas para a saúde física, mental e social do homem, no meio ambiente por ele criado, especialmente naquele em que vive e trabalha.
4. Nos países em desenvolvimento, a maioria dos problemas ambientais estão motivados pelo subdesenvolvimento. Milhões de pessoas seguem vivendo muito abaixo dos níveis mínimos necessários para uma existência humana digna, privada de alimentação e vestuário, de habitação e educação, de condições de saúde e de higiene adequadas. Assim, os países em desenvolvimento devem dirigir seus esforços para o desenvolvimento, tendo presente suas prioridades e a necessidade de salvaguardar e melhorar o meio ambiente. Com o mesmo fim, os países industrializados devem esforçar-se para reduzir a distância que os separa dos países em desenvolvimento. Nos países industrializados, os problemas ambientais estão geralmente relacionados com a industrialização e o desenvolvimento tecnológico 5. O crescimento natural da população coloca continuamente, problemas relativos à preservação do meio ambiente, e devem-se adotar as normas e medidas apropriadas para enfrentar esses problemas. De todas as coisas do mundo, os seres humanos são a mais valiosa. Eles são os que promovem o progresso social, criam riqueza social, desenvolvem a ciência e a tecnologia e, com seu árduo trabalho, transformam continuamente o meio ambiente humano. Com o progresso social e os avanços da produção, da ciência e da tecnologia, a capacidade do homem de melhorar o meio ambiente aumenta a cada dia que passa.
6. Chegamos a um momento da história em que devemos orientar nossos atos em todo o mundo com particular atenção às conseqüências que podem ter para o meio ambiente. Por ignorância ou indiferença, podemos causar danos imensos e irreparáveis ao meio ambiente da terra do qual dependem nossa vida e nosso bem-estar. Ao contrário, com um conhecimento mais profundo e uma ação mais prudente, podemos conseguir para nós mesmos e para nossa posteridade, condições melhores de vida, em um meio ambiente mais de acordo com as necessidades e aspirações do homem. As perspectivas de elevar a qualidade do meio ambiente e de criar uma vida satisfatória são grandes. É preciso entusiasmo, mas, por outro lado, serenidade de ânimo, trabalho duro e sistemático. Para chegar à plenitude de sua liberdade dentro da natureza, e, em harmonia com ela, o homem deve aplicar seus conhecimentos para criar um meio ambiente melhor. A defesa e o melhoramento do meio ambiente humano para as gerações presentes e futuras se converteu na meta imperiosa da humanidade, que se deve perseguir, ao mesmo tempo em que se mantém as metas fundamentais já estabelecidas, da paz e do desenvolvimento econômico e social em todo o mundo, e em conformidade com elas.
7. Para se chegar a esta meta será necessário que cidadãos e comunidades, empresas e instituições, em todos os planos, aceitem as responsabilidades que possuem e que todos eles participem eqüitativamente, nesse esforço comum. Homens de toda condição e organizações de diferentes tipos plasmarão o meio ambiente do futuro, integrando seus próprios valores e a soma de suas atividades. As administrações locais e nacionais, e suas respectivas jurisdições, são as responsáveis pela maior parte do estabelecimento de normas e aplicações de medidas em grande escala sobre o meio ambiente. Também se requer a cooperação internacional com o fim de conseguir recursos que ajudem aos países em desenvolvimento a cumprir sua parte nesta esfera. Há um número cada vez maior de problemas relativos ao meio ambiente que, por ser de alcance regional ou mundial ou por repercutir no âmbito internacional comum, exigem uma ampla colaboração entre as nações e a adoção de medidas para as organizações internacionais, no interesse de todos. A Conferência encarece aos governos e aos povos que unam esforços para preservar e melhorar o meio ambiente humano em benefício do homem e de sua posteridade.
PRINCÍPIOS DE ESTOCOLMO 
 Princípio 1 O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar, tendo a solene obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente para as gerações presentes e futuras. A este respeito, as políticas que promovem ou perpetuam o apartheid, a segregação racial, a discriminação, a opressão colonial e outras formas de opressão e de dominação estrangeira são condenadas e devem ser eliminadas. 
 Princípio 2 Os recursos naturais da terra incluídos o ar, a água, a terra, a flora e a fauna e especialmente amostras representativas dos ecossistemas naturais devem ser preservados em benefício das gerações presentes e futuras, mediante uma cuidadosa planificação ou ordenamento.
Princípio 3 Deve-se manter, e sempre que possível, restaurar ou melhorar a capacidade da terra em produzir recursos vitais renováveis. 
 Princípio 4 O homem tem a responsabilidade especial de preservar e administrar judiciosamente o patrimônio da flora e da fauna silvestres e seu habitat, que se encontram atualmente, em grave perigo, devido a uma combinação de fatores adversos. Conseqüentemente, ao planificar o desenvolvimento econômico deve-se atribuir importância à conservação da natureza, incluídas a flora e a fauna silvestres. 
 Princípio 5 Os recursos não renováveis da terra devem empregar-se de forma que se evite o perigo de seu futuro esgotamento e se assegure que toda a humanidade compartilhe dos benefícios de sua utilização. 
 Princípio 6 Deve-se por fim à descarga de substâncias tóxicas ou de outros materiais que liberam calor, em quantidades ou concentrações tais que o meio ambiente não possa neutralizá-los, para que não se causem danos graves o irreparáveis aos ecossistemas. Deve-se apoiar a justa luta dos povos de todos os países contra a poluição.
Princípio 7 Os Estados deverão tomar todas as medidas possíveis para impedir a poluição dos mares por substâncias que possam por em perigo a saúde do homem, os recursosvivos e a vida marinha, menosprezar as possibilidades de derramamento ou impedir outras utilizações legítimas do mar 
 Princípio 8 O desenvolvimento econômico e social é indispensável para assegurar ao homem um ambiente de vida e trabalho favorável e para criar na terra as condições necessárias de melhoria da qualidade de vida 
 .Princípio 9 As deficiências do meio ambiente originárias das condições de subdesenvolvimento e os desastres naturais colocam graves problemas. A melhor maneira de saná-los está no desenvolvimento acelerado, mediante a transferência de quantidades consideráveis de assistência financeira e tecnológica que complementem os esforços internos dos países em desenvolvimento e a ajuda oportuna que possam requerer.
Princípio 10 Para os países em desenvolvimento, a estabilidade dos preços e a obtenção de ingressos adequados dos produtos básicos e de matérias primas são elementos essenciais para o ordenamento do meio ambiente, já que há de se Ter em conta os fatores econômicos e os processos ecológicos
 Princípio 11 As políticas ambientais de todos os Estados deveriam estar encaminhadas para aumentar o potencial de crescimento atual ou futuro dos países em desenvolvimento e não deveriam restringir esse potencial nem colocar obstáculos à conquista de melhores condições de vida para todos. Os Estados e as organizações internacionais deveriam tomar disposições pertinentes, com vistas a chegar a um acordo, para se poder enfrentar as conseqüências econômicas que poderiam resultar da aplicação de medidas ambientais, nos planos nacional e internacional.
Princípio 12 Recursos deveriam ser destinados para a preservação e melhoramento do meio ambiente tendo em conta as circunstâncias e as necessidades especiais dos países em desenvolvimento e gastos que pudessem originar a inclusão de medidas de conservação do meio ambiente em seus planos de desenvolvimento, bem como a necessidade de oferecerlhes, quando solicitado, mais assistência técnica e financeira internacional com este fim. 
 Princípio 13 Com o fim de se conseguir um ordenamento mais racional dos recursos e melhorar assim as condições ambientais, os Estados deveriam adotar um enfoque integrado e coordenado de planejamento de seu desenvolvimento, de modo a que fique assegurada a compatibilidade entre o desenvolvimento e a necessidade de proteger e melhorar o meio ambiente humano em benefício de sua população. 
 Princípio 14 O planejamento racional constitui um instrumento indispensável para conciliar as diferenças que possam surgir entre as exigências do desenvolvimento e a necessidade de proteger e melhorar o meio ambiente.
Princípio 15 Deve-se aplicar o planejamento aos assentamento humanos e à urbanização com vistas a evitar repercussões prejudiciais sobre o meio ambiente e a obter os máximos benefícios sociais, econômicos e ambientais para todos. A este respeito devem-se abandonar os projetos destinados à dominação colonialista e racista. Princípio 16 Nas regiões onde exista o risco de que a taxa de crescimento demográfico ou as concentrações excessivas de população prejudiquem o meio ambiente ou o desenvolvimento, ou onde, a baixa densidade da população possa impedir o melhoramento do meio ambiente humano e limitar o desenvolvimento, deveriam se aplicadas políticas demográficas que respeitassem os direitos humanos fundamentais e contassem com a aprovação dos governos interessados.
Princípio 17 Deve-se confiar às instituições nacionais competentes a tarefa de planejar, administrar ou controlar a utilização dos recursos ambientais dos estados, com o fim de melhorar a qualidade do meio ambiente. 
 Princípio 18 Como parte de sua contribuição ao desenvolvimento econômico e social deve-se utilizar a ciência e a tecnologia para descobrir, evitar e combater os riscos que ameaçam o meio ambiente, para solucionar os problemas ambientais e para o bem comum da humanidade. 
 Princípio 19 É indispensável um esforço para a educação em questões ambientais, dirigida tanto às gerações jovens como aos adultos e que preste a devida atenção ao setor da população menos privilegiado, para fundamentar as bases de uma opinião pública bem informada, e de uma conduta dos indivíduos, das empresas e das coletividades inspirada no sentido de sua responsabilidade sobre a proteção e melhoramento do meio ambiente em toda sua dimensão humana. É igualmente essencial que os meios de comunicação de massas evitem contribuir para a deterioração do meio ambiente humano e, ao contrário, difundam informação de caráter educativo sobre a necessidade de protegê-lo e melhorá-lo, a fim de que o homem possa desenvolver-se em todos os aspectos.
Princípio 20 Devem-se fomentar em todos os países, especialmente nos países em desenvolvimento, a pesquisa e o desenvolvimento científicos referentes aos problemas ambientais, tanto nacionais como multinacionais. Neste caso, o livre intercâmbio de informação científica atualizada e de experiência sobre a transferência deve ser objeto de apoio e de assistência, a fim de facilitar a solução dos problemas ambientais. As tecnologias ambientais devem ser postas à disposição dos países em desenvolvimento de forma a favorecer sua ampla difusão, sem que constituam uma carga econômica para esses países. 
 Princípio 21 Em conformidade com a Carta das Nações Unidas e com os princípios de direito internacional, os Estados têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos em aplicação de sua própria política ambiental e a obrigação de assegurar-se de que as atividades que se levem a cabo, dentro de sua jurisdição, ou sob seu controle, não prejudiquem o meio ambiente de outros Estados ou de zonas situadas fora de toda jurisdição nacional.
Princípio 22 Os Estados devem cooperar para continuar desenvolvendo o direito internacional no que se refere à responsabilidade e à indenização às vítimas da poluição e de outros danos ambientais que as atividades realizadas dentro da jurisdição ou sob o controle de tais Estados causem à zonas fora de sua jurisdição. 
 Princípio 23 Sem prejuízo dos critérios de consenso da comunidade internacional e das normas que deverão ser definidas a nível nacional, em todos os casos será indispensável considerar os sistemas de valores prevalecentes em cada país, e, a aplicabilidade de normas que, embora válidas para os países mais avançados, possam ser inadequadas e de alto custo social para países em desenvolvimento
 Princípio 24 Todos os países, grandes e pequenos, devem ocupar-se com espírito e cooperação e em pé de igualdade das questões internacionais relativas à proteção e melhoramento do meio ambiente. É indispensável cooperar para controlar, evitar, reduzir e eliminar eficazmente os efeitos prejudiciais que as atividades que se realizem em qualquer esfera, possam Ter para o meio ambiente,, mediante acordos multilaterais ou bilaterais, ou por outros meios apropriados, respeitados a soberania e os interesses de todos os estados.
Princípio 25 Os Estados devem assegurar-se de que as organizações internacionais realizem um trabalho coordenado, eficaz e dinâmico na conservação e no melhoramento do meio ambiente. 
 Princípio 26 É’ preciso livrar o homem e seu meio ambiente dos efeitos das armas nucleares e de todos os demais meios de destruição em massa. Os Estados devem-se esforçar para chegar logo a um acordo – nos órgãos internacionais pertinentes- sobre a eliminação e a destruição completa de tais armas.
ECO/92 - RJ 
 Em 1992, no Rio de Janeiro, representantes de quase todos os países do mundo reuniram-se para decidir que medidas tomar para conseguir diminuir a degradação ambiental e garantir a existência de outras gerações. A intenção, nesse encontro, era introduzir a idéia do desenvolvimento sustentável, um modelo de crescimento econômico menos consumista e mais adequado ao equilíbrio ecológico. Os encontros ocorreram no centro de convenções chamado Rio Centro. A diferença entre 1992 e 1972 (quando teve lugar a Conferência de Estocolmo) pode ser traduzida pela presença maciça de Chefes de Estado,fator indicativo da importância atribuída à questão ambiental no início da década de 1990. Já as ONGs fizeram um encontro paralelo no Aterro do Flamengo. O encontro paralelo era liberado para a população mediante pagamento. Além do encontro paralelo, certo é que as ONGs, conquanto não tivessem o direito de deliberar, participaram dos debates na CNUMAD de 1992.
Durante o evento, as forças armadas fizeram a proteção da cidade, gerando uma sensação de segurança, que motiva até hoje a defesa da utilização das forças armadas na segurança pública da cidade. O presidente da República Fernando Collor de Mello, transferiu, durante o evento a capital de Brasília para o Rio de Janeiro. Fazendo durante alguns dias, que o Rio voltasse a ser a capital do país, como foi de 1763 até 1960.
DOCUMENTOS OFICIAIS A Carta da Terra; Três convenções: Biodiversidade, Desertificação e Mudanças climáticas; uma declaração de princípios sobre florestas; a Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento; e a Agenda 21 (base para que cada país elabore seu plano de preservação do meio ambiente).
Convenção da Biodiversidade A Convenção da Biodiversidade foi o acordo aprovado durante a RIO-92, por 156 países e uma organização de integração econômica regional. Foi ratificada pelo Congresso Nacional Brasileiro e entrou em vigor no final de dezembro de 1993. Os objetivos da convenção são a conservação da biodiversidade, o uso sustentável de seus componentes e a divisão eqüitativa e justa dos benefícios gerados com a utilização de recursos genéticos. Neste documento destaca-se o “Protocolo de Biosegurança”, que permite que países deixem de importar produtos que contenham organismos geneticamente modificados. Dos 175 países signatários da Agenda 21, 168 confirmaram sua posição de respeitar a Convenção sobre Biodiversidade.
Agenda 21 O principal documento produzido na RIO-92, o Agenda 21 é um programa de ação que viabiliza o novo padrão de desenvolvimento ambientalmente racional. Ele concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Este documento está estruturado em quatro seções subdivididas num total de 40 capítulos temáticos. Eles tratam dos temas: Dimensões Econômicas e Sociais – enfoca as políticas internacionais que podem ajudar o desenvolvimento sustentável nos países em desenvolvimento, as estratégias de combate à pobreza e à miséria, as mudanças necessárias a serem introduzidas nos padrões de consumo, as inter-relações entre sustentabilidade e dinâmica demográfica, as propostas para a promoção da saúde pública e a melhoria da qualidade dos assentamentos humanos;
Conservação e questão dos recursos para o desenvolvimento – apresenta os diferentes enfoques para a proteção da atmosfera e para a viabilização da transição energética, a importância do manejo integrado do solo, da proteção dos recursos do mar e da gestão eco-compatível dos recursos de água doce; a relevância do combate ao desmatamento, à desertificação e à proteção aos frágeis ecossistemas de montanhas; as interfaces entre diversidade biológica e medidas requeridas para a proteção e promoção de alguns dos segmentos sociais mais relevantes - analisa as ações que objetivam a melhoria dos níveis de educação da mulher, bem como a participação da mesma, em condições de igualdade, em todas as atividades relativas ao desenvolvimento e à gestão ambiental. Adicionalmente, são discutidas as medidas de proteção e promoção à juventude e aos povos indígenas, às ONG's, aos trabalhadores e sindicatos, à comunidade científica e tecnológica, aos agricultores e ao comércio e a indústria.
Revisão dos instrumentos necessários para a execução das ações propostas - discute os mecanismos financeiros e os instrumentos e mecanismos jurídicos internacionais; a produção e oferta de tecnologias ecos-consistentes e de atividade científica, enquanto suportes essenciais à gestão da sustentabilidade; a educação e o treinamento como instrumentos da construção de uma consciência ambiental e da capacitação de quadros para o desenvolvimento sustentável; o fortalecimento das instituições e a melhoria das capacidades nacionais de coleta, processamento e análise dos dados relevantes para a gestão da sustentabilidade. A aceitação do formato e conteúdo da Agenda - aprovada por todos os países presentes à CNUMAD - propiciou a criação da Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS), vinculada ao Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC). A CDS tem por objetivo acompanhar e cooperar com os países na elaboração e implementação das agendas nacionais, e vários países já iniciaram a elaboração de suas agendas nacionais. Dentre os de maior expressão política e econômica, somente a China terminou o processo de elaboração e iniciou a etapa de implementação.
Conferindo a Agenda 21 As ONGs que participaram da RIO-92 acabaram desempenhando um papel fiscalizador, que pressiona os governos de todo o mundo a cumprir as determinações da Agenda 21. De 23 a 27 de junho de 1997, em Nova Iorque (chamada de "Rio+5"), foi realizada a 19ª Sessão Especial da Assembléia-Geral das Nações Unidas. Com o objetivo de avaliar os cinco primeiros anos de implementação da Agenda 21, o encontro identificou as principais dificuldades relacionadas à implementação do documento, priorizou a ação para os anos seguintes e conferiu impulso político às negociações ambientais em curso. Para os países em desenvolvimento, o principal resultado da Sessão Especial foi a preservação intacta do patrimônio conceitual originado na RIO-92. O documento final incorporou, assim, uma "Declaração de Compromisso", na qual os chefes de delegação reiteram solenemente o compromisso de seus países com os princípios e programas contidos na Declaração do Rio e na Agenda 21, assim como o propósito de dar seguimento a sua implementação.
Temas e desenvolvimentos Camada de ozônio: A Eco-92 embasou eventos como a conferência em Kyoto no Japão, em 1997, que deu origem ao Protocolo de Quioto, no qual a maioria das nações concordou em reduzir as emissões de gases que ameaçam a camada de ozônio. Ar e água: um congresso da ONU em Estocolmo em 2001, adotou um tratado para controlar 12 substâncias químicas organocloradas. Destinada a melhorar a qualidade do ar e da água, a convenção sobre Poluentes Orgânicos Persistentes pede a restrição ou eliminação de oito substâncias químicas como clordano, DDT e os PCBs. Transporte alternativo: os automóveis híbridos, movidos a gasolina e a energia elétrica, já reduzem as emissões de dióxido de carbono no Japão, na Europa e nos Estados Unidos. Ecoturismo: com um crescimento anual estimado em 30%, o ecoturismo incentivou governos a proteger áreas naturais e culturas tradicionais.
Redução do desperdício: empresas adotam programas de reutilização e Redução, como acontecia com as garrafas de PET no Brasil antes que as empresas fossem taxadas com impostos sobre sua compra dos catadores de lixo. Redução da chuva ácida: na década de 1980 os países desenvolvidos começaram a limitar as emissões de dióxido de enxofre, lançado por usinas movidas a carvão. A Alemanha adotou um sistema obrigatório de geração doméstica de energia através de célula fotoelétrica.
Convenção de Mudanças Climáticas e Protocolo de Quioto A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, estabelecida a partir da Eco-92 e da Agenda-21, foi ratificada pela maioria dos países, mas o mesmo não aconteceu com o Protocolo de Quioto. Essa diferença se deve ao fato de a convenção apresentar apenas propostas, sem estabelecer prazos, nem limites para a emissão de poluentes. Já o Protocolo de Quioto (1997 - Japão) estabeleceu metas para a redução da emissão de gases poluentes que intensificam o "efeito estufa", com destaque para o CO2. A ratificação do Protocolo de Quioto pelos países do mundo esbarrou na necessidade de mudanças na sua matriz energética. Os elevados custos recairiam, principalmente, sobre os países desenvolvidos, em especial os Estados Unidos. O presidente George W. Bush declarou que não iriasubmeter o avanço da economia norteamericana aos sacrifícios necessários para a implementação das medidas propostas, motivo pelo qual não ratificou o protocolo.
Rio+10 Dez anos após a ECO-92, a ONU realizou a Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, a chamada Rio+10 ou conferência de Joahnesburgo. O objetivo principal da Conferência seria rever as metas propostas pela Agenda 21 e direcionar as realizações às áreas que requerem um esforço adicional para sua implementação, porém, o evento tomou outro direcionamento, voltado para debater quase que exclusivamente os problemas de cunho social. Houve também a formação de blocos de países que quiseram defender exclusivamente seus interesses, sob a liderança dos EUA. Tinha-se a expectativa de que essa nova Conferência Mundial levaria à definição de um plano de ação global, capaz de conciliar as necessidades legítimas de desenvolvimento econômico e social da humanidade, com a obrigação de manter o planeta habitável para as gerações futuras. Porém, os resultados foram frustrados, principalmente, pelos poucos resultados práticos alcançados em Joahnesburgo. Em síntese, pode-se dizer que houve: Discussão em torno apenas dos problemas sociais.
Muitos países apresentaram propostas concretas, porém, ainda não saíram do papel – caso Agenda 21. Diversidade de opiniões e posturas, muitas vezes conflitantes. Maior participação da sociedade civil e suas organizações. Formação de grupos para defender seus interesses. O Brasil teve uma importante Iniciativa Latino-americana e Caribenha para o DS – ILAC e, Iniciativa de Energia – global Conclusões: A vanguarda ambientalista elencou centenas de propostas para os 21 objetivos da Agenda. Entre elas figuram universalizar o saneamento básico nos próximos dez anos, implantar redes de metrô e trens rápidos nas grandes aglomerações, democratizar a Justiça, universalizar o ensino em tempo integral e reestruturar o Proálcool, desvinculado dos interesses do velho setor sucroalcooleiro.
Princípios Norteadores do Direito Ambiental​
O que são os princípios?​
· São postulados necessários para que a ciência possa ser considerada autônoma ou seja, para que possa existir por si e situar-se em um contexto científico. ​
· São as proposições básicas, fundamentais, típicas, que condicionam todas as estruturas subsequentes de uma ciência. ( Cretella Junior)​
· Mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradias sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para a exata compreensão da ciência.  ( Bandeira de Mello)
Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito/dever  fundamental do homem​
· Direito Fundamental de 3ª Geração – status de cláusula Pétrea​
· Extensão do direito à vida quer sob o enfoque da própria existência física dos seres humanos, quer quanto ao respeito à dignidade /qualidade de vida​
· Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano de 1972​
· Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992​
· Carta da Terra de 1997​
· Artigo 225, caput da CF/1988​
Princípio da Prevenção​
· Prevenção trata dos riscos ou impactos já conhecidos pela ciência e pelos costumes .​
· Orienta as condutas humanas em todas as suas atividades​
· Se aplica  em relação ao perigo concreto, quando existem elementos para se afirmar que uma conduta ou atividade é efetivamente perigosa para o meio ambiente.​
· Alicerce do Direito Ambiental pois seus objetivos são fundamentalmente preventivos, sua atenção está sempre voltada para o momento anterior à da consumação do dano ou do mero risco​
· Premissa é de que o dano ambiental é sempre irreparável.​
Princípio da Precaução
· Aplica-se quando a informação científica é insuficiente, inconclusiva ou incerta e haja indicações de que os possíveis efeitos sobre o ambiente, a saúde das pessoas, dos animais ou a proteção vegetal possam ser potencialmente perigosos e incompatíveis com o nível de proteção escolhido. ​
· Procura instituir procedimentos capazes de embasar uma decisão racional na fase 3 de incertezas e controvérsias, de forma a diminuir os custos da experimentação. ​
· Princípio 15 da Declaração do Rio/1992 : “ a ausência de certeza científica  absoluta não deve servir de pretexto para procrastinar a adoção de medidas efetivas capazes de evitar o dano ao meio ambiente.”​
Princípio do Poluidor- Pagador ( Poluiu paga os danos)​
· Princípio voltado a atividade empresarial.​
· Teoria econômica de que os custos sociais externos que acompanham o processo produtivo  devem ser internalizados , os agentes econômicos devem levá-los  em conta ao elaborar os custos de produção e consequentemente, assumi-los. ​
· Imputar ao poluidor o custo social da poluição por ele gerada​
· Internalização dos custos externos. ​
· Declaração do Rio/1992 – Princípio 16​
· “ as autoridades nacionais devem procurar promover a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem segundo a qual o poluidor deve , em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais. “​
Princípio do Usuário-Pagador​
· Imposição ao usuário de uma contribuição pela utilização de recursos ambientais.​
· Lei 6938/1981 – artigo 4º, inciso VII​
· Funda-se no fato dos recursos naturais constituírem patrimônio da coletividade, interesse difuso.​
· O usuário paga naturalmente por um direito que lhe é outorgado pelo Poder Público competente como decorrência de um ato administrativo legal, o pagamento não tem conotação penal, e sim de contribuição pelo uso. ​
Princípio do Protetor -Recebedor​
· Lei 12.305/2010 – Política Nacional de Resíduos Sólidos – art. 6º, II.​
· Objetivo do princípio é que o custo zero dos serviços e recursos naturais acabe por conduzir o sistema de mercado à hiperexploração do meio ambiente.​
· Recompensa pelas atitudes virtuosas em prol do meio ambiente. PSA - Pagamento por serviços ambientais​
· Incentivo às externalidades positivas no processo produtivo​
· Aquele que preserva ou recupera os serviços ambientais tornar-se-ia credor de uma retribuição por parte dos beneficiários desses mesmos serviços. ​
· Aporte de incentivos e recursos, de origem pública ou privada, para aqueles que garantem a produção e a oferta do serviço ou produto obtido diretamente ou indiretamente da natureza. ​
Princípio do Desenvolvimento Sustentável
· Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano de 1972​
· Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992​
·  “ Desenvolvimento sustentável é aquele em que a presente geração utiliza somente os recursos naturais necessários para sua existência, lembrando de deixar o suficiente para a existência das próximas gerações. (ONU)​
· Direito Intergeracional /interesse difuso​
· Artigo 225 CF/1988​
Princípio da Cooperação
· Artigo 4, inciso IX da CF/1988 – “ Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade”​
· Interesse/Direito difuso​
· Um país signatário de acordos bilaterais e multilaterais, por força do direito internacional, passa a ser sujeito de obrigações contraídas nos termos estipulados. ​
· Lei 9.605/1998 – capítulo sobre Cooperação Internacional, intercâmbio quanto a produção de provas, exame de objeto e lugares, informações sobre  pessoas e coisas ...​
PRINCÍPIOS JURÍDICOS DO DIREITO AMBIENTAL
ENVIRONMENTAL LAW PRINCIPLES Luis Cláudio Martins de Araújo Advogado da União Professor de Direito Ambiental Pós-graduando em International Environmental Law pela Organização das Nações Unidas (United Nations Institute for Training and Research) Pós-graduado em Processo Constitucional pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Bacharel em Direito - PUC-RJ RESUMO: Não é possível analisar um sistema normativo sem que antes descortinemos o conteúdo, as características e o conceito dos Princípios que o compõem, notadamente em razão da sua singularidadeímpar e importância superior para a conformação harmônica do ordenamento jurídico. Desta forma, a detalhada análise dos Princípios Jurídicos, especificadamente os de Direito Ambiental, é de nodal importância para que entendamos o próprio sistema jurídico ambiental e o seu reconhecimento como categoria normativa própria. Neste sentido, necessário compreender o papel que os Princípios Jurídicos conferem à coerência e a unidade que uma rede normativa lógica e racional necessita, particularmente no sistema jurídico ambiental do novo milênio. Passemos assim à análise do tema, pontuando os tópicos que entendemos ocupar posição de destaque na matéria. 
PRINCÍPIOS JURÍDICOS - BREVES APONTAMENTOS
 Antes de adentrarmos na análise dos Princípios Jurídicos do Direito Ambiental se faz conveniente trazer 3 alguns breves apontamentos acerca dos Princípios Jurídicos em si, de forma a permitir que entendamos o atual estágio em que se encontram e seu papel no ordenamento jurídico. Assim sendo, cabe ressaltar que a doutrina costuma apontar que os Princípios Jurídicos passaram por três fases ou ciclos distintos: o jusnaturalista, o positivista e o póspositivista.
1 . Em cada uma destas fases ou ciclos, a compreensão dos Princípios partia de pressupostos diversos, em vista da realidade social vigente, que levavam a permanente transformação do seu objeto de análise. Ou seja, decantados da experiência social, a visão dos Princípios se regenera a partir de si mesma, se desenvolvendo e revelando todo o seu conteúdo significativo à luz da experiência jurídica. De toda sorte, pode-se afirmar que na fase jusnaturalista, os Princípios não passavam de valores identificados com postulados de justiça, sendo exortações morais em busca de um direito ideal ou um conjunto de verdades objetivas derivadas da lei divina e humana, razão pela qual não lhes era atribuída qualquer normatividade, havendo, portanto, um sentimento de que deveriam ser confrontados com ideais superiores e naturais. 
2 . Na verdade, o não reconhecimento dos Princípios como norma jurídica até então se dava por força de sua suposta natureza transcendente ou de seu conteúdo e vagueza, pelo 1 ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos. 2. ed. São Paulo: Malheiros. BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 8ª edição. São Paulo, Malheiros.2 BARROSO, Luis Roberto. O direito constitucional e a efetividade de suas normas: limites e possibilidades da constituição brasileira. 5. ed. Rio de Janeiro, Renovar. CANOTILHO, J.J. Gomes. Constituição dirigente e vinculação do legislador. Coimbra, Livraria Almedina, 1994. 4 que, acrescentando-se o fato de não lhes ser atribuída imperatividade, eram os Princípios qualificados como meras exortações, preceitos de ordem moral ou política, mas não verdadeiros comandos de Direito. Em seguida, já na fase juspositivista, os Princípios assumiram um papel secundário, passando a integrar os grandes códigos como fonte normativa subsidiária, ou, como válvula de segurança que garante o reinado absoluto da lei. Desse modo, os Princípios seriam extraídos do próprio direito positivo para impedir o vazio normativo, sendo vistos como meras pautas programáticas supralegais destituídos de força normativa, analisados apenas como elementos de colmatação de lacunas do sistema jurídico. 
3. Todavia, esses parâmetros se ampliaram e se enriqueceram no tempo, adquirindo novas possibilidades sem que esse processo jamais se interrompesse. Assim, recentemente, os teóricos verificaram que o antigo sistema do positivismo jurídico já não atendia aos anseios do mundo moderno, com a complexidade social, os conflitos de interesse e o pluralismo de idéias. Destruiu-se assim, antigas posturas arraigadas em concepções positivistas ou formalistas de todo gênero, passando-se a reconhecer uma atuação normativa do mais alto peso aos Princípios, podendo, assim como as regras positivamente estabelecidas, impor uma obrigação legal, superando antigas tradições em nome da concretização dos Princípios. Surge assim o pós-positivismo, propugnando uma mudança no pensamento jurídico até dominante, defendendo a idéias de que o positivismo jurídico não atende aos reclamos de um direito justo. 3 CANOTILHO, J.J. Gomes. Constituição dirigente e vinculação do legislador. Coimbra, Livraria Almedina, 1994. 5 Os Princípios ascendem assim ao status de norma jurídica, suplantando a crença de que teriam uma dimensão puramente axiológica, ética, sem eficácia jurídica ou aplicabilidade direta e imediata, superando a antiga postura que conferia aos Princípios a mera posição subsidiária em face dos atos de integração da ordem jurídica. Desta forma, pode-se afirmar que diante desta realidade pós-positivista, os Princípios estabelecem efeitos jurídicos, obrigando a adoção de condutas conformadas aos seus ditames, superando a concepção formalista de não reconhecimento normativo. Na verdade, diante da concepção pós-positivista, os Princípios estruturam o próprio sistema jurídico, orientando o comportamento de criação de normas e condutas.
4. Conclui-se, portanto, nessa ordem de idéias, que os Princípios são normas jurídicas impositivas que traduzem os valores ou os conceitos básicos materiais da sociedade, superada a concepção que via nos Princípios simples diretivas teóricas.
 2 PRINCÍPIOS AMBIENTAIS. CARACTERÍSTICAS
 Feita esta brevíssima análise acerca dos Princípios Jurídicos e suas características, passemos ao estudo dos Princípios Ambientais. 4 ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos. 2. ed. São Paulo: Malheiros. BARROSO, Luis Roberto. O direito constitucional e a efetividade de suas normas: limites e possibilidades da constituição brasileira. 5. ed. Rio de Janeiro, Renovar. 6 O Direito Ambiental, nascido do inquestionável direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado essencial à sadia qualidade de vida, está em permanente progresso, acompanhando o metabolismo social vigente em determinado período da civilização. A dialética entre a natureza e a realidade social é uma unidade constantemente oxigenada, que, longe de ser estanque, permanece em constante modificação. Esta continuidade evolutiva traz como reflexo direto a permanente criação de novos Princípios do Direito Ambiental, o que gera uma carga de dificuldade de elencar um rol fechado de Princípios Ambientais. Tal característica, é interessante pontuar, se espraia para a construção teórica da doutrina ambientalista, que acaba por não se debruçar de maneira uniforme no estudo dos Princípios Ambientais, bem como na nomenclatura e subdivisões a serem adotadas no seu objeto de análise.
5 . De toda sorte, a busca de uma definição de um rol possível de Princípios Ambientais sempre se faz conveniente e necessária para uma melhor delimitação do espectro analítico a ser abordado. Assim, a par da previsível dificuldade, tentará se desenvolver o tema dos Princípios do Direito Ambiental pautado nas principais construções jurídicas ambientais firmadas na esfera internacional (tratados, convenções e acordos internacionais de Direito Ambiental), bem como em instrumentos normativo-ambientais pátrios. Desse modo, irá se enfocar, em linhas muito gerais, os Princípios Ambientais que entendemos mais relevantes para 5 ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 4.ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000. MACHADO, Paulo Affonso de Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 10. ed. S. Paulo: Malheiros, 2002. 7 estimular discussões críticas sobre a matéria, permitindo tornar o conhecimento do tema mais voltado para realidade prática.
 2.1 PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO 
Iniciemos o estudo dos Princípios Ambientais pelo Princípio da Precaução por força de sua relevância na pauta do Direito Ambiental moderno. Em linhas gerais pode-se afirmar que o Princípio da Precaução deve ser lido como In dúbio pro natura ou In dúbio pro ambiente. Ou seja, se diante da tecnologia disponível pelo órgão técnico-ambiental em um determinado momento da história não conseguir se anteviros danos ambientais que determinada atividade ou empreendimento poderão originar, deve-se dar prevalência ao meio ambiente, não permitindo que a atividade ou empreendimento venham a se desenvolver até que se disponha de elementos suficientes para aferir as consequências que poderão ser geradas. No âmbito do Direito Ambiental Internacional, encontramos o Princípio da Precaução, exemplificativamente, no Princípio 15 da Declaração do Rio- Eco 92, ao dispor que os Estados deverão aplicar o critério de precaução Quando houver perigo de dano grave ou irreversível, a falta de certeza científica absoluta não deverá ser utilizada como razão para se adiar a adoção de medidas eficazes em função dos custos para impedir a degradação do meio ambiente. Cabe ainda pontuar que, por consequência do Princípio da Precaução, deriva o Principio da Prevalência da Norma Mais Benéfica ao Meio Ambiente, ou seja, diante de várias normas, mesmo que provenientes de diferentes fontes, 8 aplica-se sempre a que for mais favorável. É o que se extrai, por exemplo, do próprio art. 5°, §2° Lei 7661/88, que ao tratar do Zoneamento Costeiro, dispõe que no conflito entre as normas do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro e dos Planos Estaduais ou Municipais de Gerenciamento Costeiro, prevalecerá a norma mais restritiva.
 2.2 PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO 
Também de enorme relevância para o estudo do Direito Ambiental, o Princípio da Prevenção exige que o órgão técnico-ambiental ao permitir a atividade ou empreendimento nocivo ao meio ambiente, deva se valer de medidas tendentes a evitar ou reparar o dano ambiental. Em outras palavras, inicialmente o órgão técnicoambiental deverá buscar mecanismos para evitar o dano ambiental gerado pela atividade ou empreendimento, buscando soluções alternativas que não venham a lesar o ecossistema. Todavia, se não for possível evitar que o dano ambiental causado pela atividade ou empreendimento desenvolvido venha a ocorrer, deve-se ao menos buscar formas de reparação da lesão ambiental por meio de medidas compensatórias. Observa-se o Princípio da Prevenção no ordenamento jurídico nacional, dentre outros dispositivos, da leitura do art. 225 § 2º, da Carta maior de 1988 e art. 4º, VI, lei 6938/81, ao dispor que a Política Nacional do Meio Ambiente visará à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida.
2.3 PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE O Princípio da Responsabilidade é nodal para todo o tênue equilíbrio do sistema jurídico-ambiental, determinando que aquele que causa o dano ambiental deve responder nas esferas penal, civil e administrativa. Naturalmente, por força das próprias regras gerais do direito, o autor poderá responder em qualquer uma ou mesmo nas três esferas, visto que os campos penal, civil e administrativa não se comunicam (exceto na hipótese de se provar a inexistência do fato ou da autoria na esfera penal, quando então se afastará a responsabilidade civil e administrativa- art. 66 e 67 do Código de Processo Penal e 935 do Código Civil Brasileiro de 2002). É exatamente por força do Princípio da Responsabilidade que o art. 225 § 3º, da Carta Maior de 1988 dispõe que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Por outro lado, também pelo Princípio da Responsabilidade, o art. 4º, VII, 1ª parte lei 6938/81 traz a imposição ao poluidor da obrigação de indenizar os danos causados. Lembra-se que o poluidor é a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável direta ou indiretamente por atividade causadora de degradação ambiental (art. 3º, IV, lei 6938/81). Por sua vez, a poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou 10 sanitárias do meio ambiente; ou lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos (art. 3º, III, lei 6938/81). Já a degradação da qualidade ambiental é a alteração adversa das características do meio ambiente (art. 3º, II lei 6938/81)67 . Por fim, deve ser lembrado que a Declaração do Rio (Eco 92) traz a exigência de que os Estados devam desenvolver as legislações nacionais relativa à responsabilidade e à indenização referente às vitimas de danos ambientais, em clara referência ao Princípio da Responsabilidade. 
2.4 PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR O Princípio do Poluidor-Pagador possui sua origem na Recomendação C (72) 128 do Conselho da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE) de 26 de maio de 1972 que prega o uso racional dos recursos ambientais. Na verdade, o Princípio do Poluidor-Pagador não é uma autorização para poluir contanto que se pague pelo dano gerado pela atividade nociva ao meio ambiente. A melhor interpretação que deve ser dada ao Princípio do Poluidor-Pagador se liga ao denominado “Custo Ambiental”, assim entendido todos os valores despendidos por força das obrigações impostas pelas normas ambientais no controle e prevenção da poluição.
 6 O Superior Tribunal de Justiça no REsp 647.493-SC, entendeu que a União pode responder pelos danos ambientais, inclusive pela omissão no dever de fiscalizar. 7 O Superior Tribunal de Justiça no REsp 222.349-PR, entendeu inclusive que o novo proprietário pode ser considerado parte legítima para responder ação por dano ambiental, independente da existência ou não de culpa. 11 Desta forma, seguindo a lógica do Princípio do Poluidor Pagador, o empreendedor deve internalizar todos os “Custos Ambientais” gerados por sua atividade, onde se inclui naturalmente os custos gerados pela poluição que eventualmente venha a causar. Em nenhuma hipótese, ressalta-se, o empreendedor deve deslocar o “Custo Ambiental” para o consumidor por meio do repasse dos valores ambientais para o custo dos produtos. Lembra-se ainda que no direito pátrio, o Princípio do Poluidor-Pagador se faz presente no art. 4º, VII, Lei 6938/81, que ao tratar dos objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente, traz a imposição ao poluidor da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados. Encontramos também o Princípio do Poluidor-Pagador no âmbito do Direito Ambiental Internacional, exemplificativamente, no Princípio 16 da Declaração do RioEco 92, ao dispor que “as autoridades nacionais devem fomentar a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em conta que o poluidor deve arcar com os custos da contaminação”. Da mesma forma, na esfera internacional, o Protocolo de Kyoto é um exemplo do Princípio do Poluidor-Pagador, na medida em que gera a obrigação dos Estados-Parte de arcar com os custos da redução de emissões de gases poluentes. 
2.5 PRINCÍPIO DO USUÁRIO-PAGADOR O meio ambiente, como sabido, não está na titularidade de qualquer pessoa, seja física, seja jurídica, de direito público ou de direito privado. O meio ambiente é bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. É bem difuso 12 transindividual de natureza indivisível, cujos titulares são pessoas indeterminadas ligadas por circunstâncias de fato. Portanto, a lógica do Princípio do Usuário-Pagador demanda que se alguém se aproveita dos recursos ambientais deve suportar isoladamente os custos pela sua utilização. Logo, não deve se falar em terceiros tolerando os custos daqueles que se beneficiaram pelo emprego dos bens ecológicos. Assim, observa-se claramente a incidência do Princípio do Usuário-Pagador no art. 4º, VII, in fine, Lei 6938/81, que ao tratar dos objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente traz a imposição ao usuário da contribuição pela utilização de recursos ambientais. Também é emblemática da incidência do Princípio do Usuário-Pagadora Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9433/97), ao trazer dentre seus instrumentos a cobrança pelo uso de recursos hídricos (art. 5º, IV Lei 9433/97). Pela Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) a água passa a ser um bem de domínio público (art. 1º, I Lei 9433/97), inalienável (art. 18, Lei 9433/97), limitado e dotado de valor econômico (art. 1º, II Lei 9433/97). Assim, por decorrência destas características, em especial do reconhecimento da água como bem econômico, há a possibilidade de cobrança pelo uso de recursos hídricos (arts. 19 e s. Lei 9433/97), incentivando, dentre outros objetivos, a racionalização do seu uso. O art. 36 da Lei 9985/2000- a Lei do SNUC- ao tratar da compensação ambiental, também deve ser lembrado quando se analisa o Princípio do Usuário-Pagador. Ocorre nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental. Assim, o empreendedor é obrigado a apoiar, com, no mínimo, meio por cento dos custos totais do empreendimento, a implantação e 13 manutenção de unidade de conservação de Proteção Integral. É tratado também pelos art 31 a 34 do Decreto 4340/2002 e regulamentado pela Resolução CONAMA 371/20068 . 
2.6 PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O Princípio do Desenvolvimento Sustentável também é basilar para compreensão do Direito Ambiental hodierno, devendo-se por força de sua realização, compatibilizar o desenvolvimento econômico com a preservação do meio ambiente. Em âmbito doméstico, observa-se sua clara diretriz, exemplificativamente, no art. 170, VI, da Carta magna de 1988, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003, ao dispor que a ordem econômica tem por fim a defesa do meio ambiente mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. Da mesma forma, dentre os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente (art. 4º, I, lei 6938/81), há a exigência da compatibilização entre o desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico. 8 O STF na ADI 3378 entendeu inconstitucional as expressões “não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento” e “o percentual”, constantes no art. 36, da Lei 9.985/2000. Haveria empreendimentos que não causam impacto ambiental. Dessa forma, o órgão ambiental competente é que fixaria o montante compatível e proporcional ao grau de impacto ambiental do empreendimento analisado. Considerou-se, entretanto, que a compensação ambiental não violaria o princípio da legalidade, já que a própria lei impugnada previu o modo de financiar os gastos da espécie, nem ofenderia o princípio da harmonia e independência dos Poderes, visto que não houve delegação do Poder Legislativo ao Executivo da tarefa de criar obrigações e deveres aos administrados. 14 A sociedade internacional também se preocupou com Princípio do Desenvolvimento Sustentável, como se observa em inúmeros instrumentos de Direito Ambiental Internacional, tais como a Convenção de Estocolmo de 1972 e o Relatório Nosso Futuro Comum da Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1987 (Relatório Brundtland). Os Princípios 1 e 4 da Declaração do Rio de Janeiro de 1992 (ECO-92), da mesma forma, busca o Desenvolvimento Sustentável ao disporem que: os seres humanos constituem o centro das preocupações relacionadas com o desenvolvimento sustentável, tendo direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com a Natureza. A fim de alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção do meio ambiente deverá constituir parte integrante do processo de desenvolvimento e não poderá considerar-se de forma isolada.
 2.7 PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO DEMOCRÁTICA OU DA PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA O Princípio da Participação Democrática ou da Participação Comunitária se liga à democracia direta ou participativa, ao rezar que o melhor modo de tratar as questões ambientais é com a participação de todos os cidadãos interessados9 . Assim, no plano nacional, toda pessoa deverá ter acesso às informações de que dispõem as autoridades públicas sobre o meio ambiente, incluída a informação sobre os materiais e as atividades que oferecem perigo a suas 9 Princípio 10 da Eco 92 15 comunidades, assim como a oportunidade de participar dos processos de tomada de decisões. Os Estados também deverão facilitar e fomentar a sensibilização e a participação do público, devendo ainda ser proporcionado acesso efetivo aos procedimentos judiciais e administrativos. Por outro lado, também é dever não só do Poder Público, mas também da coletividade defender o meio ambiente e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (art. 225, caput, da Carta maior de 1988). Da mesma forma, a legislação referente ao Acesso Público à Informação Ambiental (Lei 10650/2003 e 9º, VII e XI Lei 6938/81) e à Educação Ambiental (art. 225, § 1º, VI, da Carta maior de 1988; Lei 9795/99 e art. 2º, X, Lei 6938/81) traduzem desdobramentos do Princípio da Participação Democrática ou da Participação Comunitária. 
2.8 PRINCÍPIO DA UBIQÜIDADE O dano ambiental pelas suas próprias características não encontra fronteiras. Assim, como se dessume pela lógica, os incidentes ambientais ocorridos em determinada localidade, geram prejuízos aos ecossistemas por todo o globo. Assim, esta preocupação transfronteiriça exige a notificação imediata sobre os desastres naturais ocorridos em determinado Estado que possam produzir efeitos nocivos ao meio ambiente de outros Estados. Desta forma, os Estados devem cooperar efetivamente para desestimular ou evitar o deslocamento e a transferência 16 a outros Estados de quaisquer atividades e substâncias que causem degradação ambiental grave ou se considerem nocivas à saúde humana. Por outro lado, os Estados onde ocorrerem os danos ambientais deverão proporcionar as informações pertinentes e notificar previamente e de forma oportuna os Estados que possam se ver afetados por atividades passíveis de ter consideráveis efeitos ambientais nocivos. E, por fim, por força do Princípio da Ubiqüidade, a comunidade internacional deverá fazer todo o possível para ajudar os Estados que sejam afetados.
2.9 PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE Pelo Princípio da Solidariedade, todos aqueles que praticarem condutas ou atividades consideradas lesivas ao meio ambiente responderão solidariamente pelo dano ambiental (art. 225, § 3º, da Carta maior de 1988 e art. 4º, VII, 1ª parte lei 6938/81). Assim, há a obrigação de todos os causadores do dano ambiental de reconstituir o meio ambiente degradado de forma solidária, pelos danos diretos ou indiretos, independente da existência ou não de culpa. Por outro viés, os Estados deverão cooperar na elaboração de novas leis internacionais sobre responsabilidade e indenização pelos efeitos adversos dos danos ambientais. Além do que, os Estados deverão cooperar com o espírito de solidariedade mundial para conservar, proteger e restabelecer a saúde e a integridade do ecossistema global. Ainda assim, em conseqüência, os Estados deverão respeitar o Direito Ambiental Internacional, proporcionando proteção ao meio ambiente e cooperando para seu 17 melhoramento, devendo, na medida do possível, tratar os problemas ambientais mundiais com base no consenso internacional.
 2.10 PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DA PROTEÇÃO DEFICIENTE Há um dever fundamental por parte do Poder Público e da coletividade na proteção ao meio ambiente. Desta forma, a proteção ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, direito fundamental de terceira dimensão, não pode ser insuficiente, cabendo aos Estados promulgar leis eficazes de proteção aos ecossistemas. Assim, pelo Princípio da Vedação da Proteção Deficiente, os objetivos e prioridades em matérias de regulamentação do meio ambiente devem refletir o contexto ambiental e de desenvolvimento às quais se aplicam, vedando a criação de normas ambientais inadequadas. 
2.11. PRINCÍPIO DA EQUIDADE NA PARTICIPAÇÃO INTERGERACIONAL. O Princípio da Equidade na ParticipaçãoIntergeracional se direciona ao futuro, impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações (art. 225, caput, da Carta maior de 1988 e Princípio 3 da Eco 92). Assim, o direito ao desenvolvimento deve ser exercido de forma tal que responda eqüitativamente às necessidades de desenvolvimento e ambientais das gerações atuais e vindouras. 18.
2.12 PRINCÍPIO DO RESPEITO À IDENTIDADE CULTURAL E INTERESSES DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS E GRUPOS FORMADORES DA SOCIEDADE O Princípio do Respeito à Identidade Cultural e Interesses das Comunidades Tradicionais e Grupos Formadores da Sociedade está previsto, exemplificativamente, no Princípio 22 da Declaração do Rio de Janeiro de 1992 (ECO-92) e art. 216 da Carta Maior de 1988. Possui direta relação com o Meio Ambiente Cultural, exigindo a garantia da preservação do patrimônio cultural brasileiro, portador de referência à identidade, à ação, e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. O Princípio do Respeito à Identidade Cultural e Interesses das Comunidades Tradicionais e Grupos Formadores da Sociedade prega que os povos indígenas e suas comunidades, assim como outras comunidades locais, desempenham um papel fundamental na ordenação do meio ambiente e no desenvolvimento por força de seus conhecimentos e práticas tradicionais. Assim, os Estados devem reconhecer e prestar o apoio devido à identidade, cultura e interesses das comunidades tradicionais e grupos formadores da sociedade e velar para que participem efetivamente no desenvolvimento sustentável. 3 CONCLUSÃO Ao se analisar os Princípios de Direito Ambiental, observa-se que o respeito aos ecossistemas e à qualidade ambiental, perpassa por um pacto global firmado pelos 19 Estados e pela coletividade na preservação e no melhoramento da vida natural e humana. Assim, a proteção da dignidade da vida humana no Planeta Terra não poderá ser garantida sem atenção aos Princípios de Direito Ambiental desenvolvidos no permanente debate da comunidade internacional e doméstica. Além do que, mais que meras exortações morais, os Princípios de Direito Ambiental são normas jurídicas imperativas, dotadas de eficácia jurídica, e cujo conteúdo deve ser obedecido em âmbito local, regional e internacional. Conclui-se assim, que os Princípios Ambientais formam os pilares do próprio sistema jurídico ambiental, exortando toda coletividade neste pacto interplanetário ao cumprimento de suas diretivas de proteção ao meio ambiente.
Princípio da responsabilidade intergeracional ambiental
“(...) Não destruirás o seu arvoredo, colocando nele o machado, porque dele comerás; pois que não o cortarás (pois do arvoredo do campo é mantimento par ao homem)”, Deuteronômio cap. 20, versículo 19. Desde os tempos Bíblicos o corte de árvores frutíferas, mesmo em tempo de guerra, era proibido e apenado com açoites para os infratores. De fato, a proteção do ambiente, visando o futuro das pessoas, é tema de preocupação desde os primórdios. 
Com o desenvolvimento da educação ambiental, questionou-se a necessidade de encontrar mecanismos que efetivamente pudessem melhorar a condição de vida, para as presentes e futuras gerações, e também para barrar a ação predatória humana, surgindo os primeiros estudos de uma legislação específica para esse fim, dando origem ao Direito Ambiental como ciência. 
Os fundamentos de uma ciência são as regras básicas, os  conceitos e princípios onde ela encontra baliza para seu desenvolvimento. O Direito Ambiental encontra sua coluna de existência num estudo muito complexo e amplo, que envolve o conhecimento de várias ciências, como por exemplo, a biologia, sistemas educacionais, ciências sociais e políticas,  princípios de Direito Internacional e etc.
No tocante aos princípios, pode-se afirmar que seu conhecimento é de extrema importância sempre que se iniciam os estudos de uma ciência, qualquer que seja, para que se possa entender melhor sua aplicação e seus resultados. O Direito Ambiental, mesmo sendo uma ciência jurídica moderna, já conta com princípios específicos que o diferenciam dos demais ramos do Direito, todos eles enraizados e fortalecidos nas Convenções Internacionais, nas Soft Laws e no Brasil, sacramentado na Constituição Federal de 1988 e das leis posteriores e anteriores a ela.
O estudo do Direito Ambiental não deve limitar-se aos dispositivos legais, estendendo-se a aplicação de seus próprios princípios às conceituações e estudos das diversas ciências culturais e sociais. Essa nova categoria de ciência pode e deve fornecer elementos para uma revisão da legislação, adequando-se a nova realidade e às expectativas mundiais de preservação ambiental.
Com isso, nasce no seio do Direito Ambiental Moderno, a Responsabilidade Intergeracional Ambiental, visando a proteção do meio ambiente para as presentes e futuras gerações, através de uma sistema jurídico diferenciado, único, que busca não só reparar o dano ambiental, como também, preveni-lo, analisando o risco e o dano ambiental de forma não autônoma e apartada, mas conjuntamente.                                
2 PRINCÍPIO OU REGRA
2.1 Distinção entre Princípios e Regras
Muitos autores já propuseram definições para as diferentes espécies normativas, descrevendo os fundamentos mais importantes para a distinção entre regras e princípios. Humberto Ávila, em sua obra "Teoria dos Princípios", elabora um panorama da evolução da distinção entre princípios e regras, investigando as concepções mais significativas acerca da distinção entre esses dois tipos de normas.
Para Josef Esser, “princípios são aquelas normas que estabelecem fundamentos para que determinado mandamento seja encontrado. Mais do que uma distinção baseada no grau de abstração da prescrição normativa a diferença entre pricípios  e as regras seria uma distinção qualitativa[2]." Então, o critério distintivo seria, para Esser, a função de fundamento normativo para a tomada de decisão.
Na mesma linha de pensamento de Josef Esser, o doutrinário Kari Larenz define os princípios como "normas de grande relevância para o ordenamento jurídico, na medida em que estabelecem fundamentos normativos para interpretação e aplicação do Direito, deles decorrendo, direta ou indiretamente, normas de comportamento"[3]. Os princípios seriam as conexões entre uma hipótese de incidência e uma conseqüência jurídica.
 Canaris[4] deliberou duas características que afastariam os princípios das regras. Primeiramente, o conteúdo axiológico: "os princípios, ao contrário das regras,possuiriam um conteúdo axiológico explícito e careceriam, por isso, de regras para a sua concretização". Em segundo lugar, "há o modo de interação com outras normas: os princípios, ao contrario das regras, receberiam seu conteúdo de sentindo somente por meio de um processo dialético de complementação e limitação”.  Para Humberto Ávila, o pensamento de Canaris "acrescenta novos elementos aos critérios distintivos antes mencionados, na medida em que se qualifica como axiológica a fundamentação exercida pelos princípios e se predica como distintivo seu modo de interação”. 
 Contudo, foi na tradição anglo-saxônica que a definição de princípios recebeu decisiva contribuição. No estudo de Dworkin, o autor fez um ataque ao Positivismo, sobretudo no que se refere ao modo aberto de argumentação permitido pela aplicação do que ele viria a definir como princípios[5]. A distinção elaborada por Dworkin não consiste numa distinção de grau, mas numa diferenciação quanto à estrutura lógica, baseada em critérios classificatórios, em vez de comparativos, pois as regras são aplicadas no modo tudo ou nada (all-or-nothing), ou seja, no caso de colisão entre regras, uma delas deve ser considerada inválida. Em contrapartida, os princípios não determinam a decisão, mas contem fundamentos, os quais devem ser conjugados com outros fundamentos provenientes de outros princípios. Os princípios, deferente das regras, possuem uma dimensão de peso. Dworkin afasta asduas espécies normativas, pois se baseia mais intensamente no modo de aplicação e no relacionamento normativo, conforme explica Humberto Ávila[6].
 Seguindo as considerações de Dworkin, para Robert Alexy, "a distinção entre regras e princípios é que os princípios são normas que ordenam que algo seja realizado na maior medida possível, dentro das possibilidades jurídicas e reais existentes"[7]. Assim, o âmbito das possibilidades jurídicas é determinado pêlos princípios e regras opostas. Em contrapartida, as regras são normas que podem ser ou não válidas. Se uma regra é válida, então há de se fazer o que ela exige, nem mais nem menos. Portanto, as regras contêm determinações no âmbito do fático e juridicamente possíveis. Isto significa que a diferença entre regras e princípios é qualitativa e não de grau. Toda norma é uma regra ou um princípio.
 Os princípios ordenam que algo deva ser realizado na maior medida possível, tendo em conta as possibilidades jurídicas e fálicas. Portanto, os princípios não contêm mandamentos definitivos senão apenas "prima fade".    
 Os princípios necessitam do conteúdo de determinação no que concerne aos princípios contrapostos e as possibilidades fálicas.
 Conspícua é o caso das regras. Como as regras exigem que se tenha exatamente o que nelas se ordena, contém uma determinação no âmbito das possibilidades jurídicas e fálicas, o que pode conduzir à sua invalidade. Porém, se tal não é o caso, vale então definitivamente o que a regra diz.
 Para Humberto Ávila, essa evolução doutrinária, além de indicar que há distinções fracas (Esser, Larenz e Canaris) e fortes (Dworkin e Alexy) entre princípios e regras, demonstra que os critérios usualmente empregados para distinção são:
"Em primeiro lugar, há o critério do caráter  hipotético-condicional, que se fundamenta no fato de as regras possuírem uma hipótese e uma conseqüência que predeterminam a decisão, sendo aplicadas ao modo se ou então, enquanto os princípios apenas indicam o fundamento a ser utilizado pelo aplicador para futuramente encontrara regra para o caso concreto”.
“Em segundo lugar, há o critério do modo  final de   aplicação, que se sustenta no fato de as regras serem aplicadas de modo absoluto tudo ou nada, ao passo que os princípios são aplicados de modo gradual.”       
“Em terceiro lugar, o critério do  relacionamento normativo, que se fundamenta na idéia de a antinomia entre as regras consubstanciar verdadeiro conflito, solucionável com a declaração de invalidade de uma das regras ou com a criação de uma exceção, ao passo que o relacionamento entre princípios consiste num imbricamento, solucionável mediante ponderação que atribua uma dimensão de peso a cada. um deles.”
“Em quarto lugar, há o critério do  fundamento axiológico, que considera os princípios, a contrário das regras, como fundamento axiológicos para a decisão a ser tomada”(Ávila, 2005, 30 e 31). 
Todos esses critérios de distinção são importantes, pois o Princípio da Intergeracionalidade é parte dos Direitos Fundamentais do Homem, inserido dentro do Meio Ambiente. Oportuno se torna dizer que, não há em que se falar numa separação entre o princípio da intergeracionalidade e o meio ambiente, O reconhecimento desse meio ambiente no ordenamento jurídico nacional, como Direito Fundamental, baseia-se no artigo 225 da Constituição Federal e, no âmbito internacional, nas Declarações Internacionais - "Soft Law ". Pois como tal, é entendimento doutrinário de que este é uma extensão do direito à vida, constante no artigo 5° "caput" de nossa Constituição e no artigo 3° da Declaração Universal dos Direitos Humanos.         
Robert Alexy, em sua obra "Teoria de los Derechos Fundamentales ", discorre sobre a estrutura da norma de direito fundamental[8]. A distinção entre regras e princípios é um dos pilares da teoria dos direitos fundamentais.   
O autor considera que para a teoria dos direitos fundamentais, o mais importante é a distinção entre as regras e princípios. Sem ela, não pode existir uma teoria adequada dos limites, nem uma teoria satisfatória da colisão e tampouco uma teoria suficiente sobre o papel que desempenham os direitos fundamentais no sistema jurídico.
Podemos extrair a ilação clara e insofismável que faz-se tão necessário uma distinção e definição e regras preliminarmente, antes de se iniciar o estudo do Princípio da Intergeracionalidade, sabendo que dele emanam outros princípios ambientais importantes.
3 Análise do Princípio do Intergeracional
3.1 Origem Institucional do Princípio Intergeracional
 3.1.1 Nos tratados, convenções, e declarações internacionais – Soft Law
De uma maneira geral, por muito tempo, no Brasil e no Mundo, a poluição era vista como um indicativo de progresso – uma percepção que perdurou até os problemas se tornarem evidentes. As primeiras iniciativas relacionadas ao controle da poluição tiveram como foco a proteção do trabalhador, no ambiente de trabalho, por meio do desenvolvimento de normas de saúde e segurança ocupacional, cujas primeiras sementes, nos Estados Unidos da América, foram plantadas no início do século XX. Posteriormente, a preocupação passou a ser a população situada nos arredores de indústrias e outros empreendimentos responsáveis pela emissão de poluentes para o meio ambiente. 
Com uma melhor compreensão dos efeitos resultantes das atividades humanas sobre meio ambiente, houve uma evolução no modelo de regulamentação ambiental internacional, que passou a incorporar os conceitos de planejamento e gerenciamento dos recursos naturais, além dos mecanismos de coerção.  
O Princípio da responsabilidade Intergeracional surgiu no universo jurídico com  Tratados, Convenções e Declarações Internacionais - também conhecidas como “Soft Law”. Essa evolução institucional pode ser analisada e divida em três grandes marcos no contexto jurídico internacional. 
O inicio se dá com a Conferência das Nações Unidas, sobre o ambiente humano, reunindo-se em Estocolmo – Suécia -  em junho de 1972. Tendo adotado uma Declaração comportando um preâmbulo e vinte e seis princípios. Estes últimos deviam constituir o fundamento de toda a ação no domínio do ambiente. Do ponto de vista jurídico, alguns dos princípios revestem-se de particular importância. O primeiro afirma o direito fundamental do homem à liberdade, à igualdade, e a condições de vida satisfatória num ambiente cuja qualidade lhe permita viver na dignidade e no bem-estar. Nessa linha, a declaração de direito fundamental ao meio ambiente, na Conferência de Estocolmo de 1972, integra a “terceira geração” de direitos humanos – à qual pertencem também os direitos à autodeterminação dos povos, à paz e ao desenvolvimento[9] – e constitui, sem dúvida, a um marco importante nesse movimento de universalização dos direitos humanos[10].
A inovação dessa terceira geração de direitos é a ampliação dos beneficiários dos direitos humanos não apenas no espaço – o que já era meta dos direitos sociais, de segunda geração, pela eliminação da exclusão social – mas também no tempo, concebendo-se como destinatários de proteção especial os direitos humanos das pessoas ainda não nascidas, as gerações futuras, daí a qualificação de direitos transindividuais ou transgeracionais[11]. 
Os vinte e seis princípios nela afirmados compreendem, de certo modo, uma extensão da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, documento que inaugura a era contemporânea dos direitos humanos[12]. 
Entretanto, passados alguns anos da Declaração de Estocolmo, seus efeitos concretos pouco se fizeram sentir. A industrialização mundial prosseguia em ritmo avassalador e crescentemente desigual, aumentando, com isso, a destruição do meio ambiente e o uso indiscriminado de recursos naturais não renováveis.
Contudo, durante a década de 1980, ante a constatação dos limitados resultados concretos da Declaração de Estocolmo, a Assembléia geral da Organização das Nações Unidas decidiu pela convocação de uma nova conferencia, mas que fosse precedida de medidas de uma nova conferência, que pudesse indicar os problemascentrais preparatórias a abordar e os rumas a adotar. Foi então instituída uma comissão de alto nível, sob a presidência da ministra Gro Harlem Bruntland, da Noruega em 1984, e integrada por vinte membros, dez representantes de países em desenvolvimento e dez de países desenvolvidos,  para conduzir os trabalhos preparatórios[13].
A Comissão Bruntland, como foi conhecida, foi encarregada de:
- “Propor estratégias ambientais de longo prazo para obter um desenvolvimento sustentável por volta do ano 2000 e daí em diante;
- Recomendar maneiras para que a preocupação com o meio ambiente se traduza em maior cooperação entre os países em desenvolvimento e entre estágios diferentes de desenvolvimento econômicos e social e leve à consecução de objetivos comuns e interligados que considerem as interrelações de pessoas, recursos, meio ambiente e desenvolvimento;
- Considerar meios e maneiras pelos quais a comunidade internacional possa lidar mais eficientemente com as preocupações de cunho ambiental;
- Ajudar a definir noções comuns relativas a questões ambientais de longo prazo e os esforços necessários para tratar com êxito os problemas da proteção e da melhoria do meio ambiente, uma agenda de longo prazo a ser posta em prática nos próximos decênios, e os objetivos a que aspira a comunidade mundial”[14]. 
 Para que esses objetivos fossem alcançados, a Comissão trabalhou durante três anos, até 31 de dezembro de 1987, quando entregou seu Relatório à Assembléia Geral das Nações Unidas.
 O que mais contribuiu a Comissão Bruntland, para o estudo do surgimento institucional do principio da responsabilidade intergeracoinal, foi propor o conceito de Desenvolvimento Sustentável. Marco de suma importância para este estudo.
 O desenvolvimento sustentável foi proposto para garantir o atendimento das necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem também às suas. O desenvolvimento sustentável não é um estado permanente de harmonia, mas um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, a orientação dos investimentos, os rumos do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão de acordo com as necessidades atuais e futuras[15].
 Em seu sentido mais amplo, a estratégia do desenvolvimento sustentável visa a promover a harmonia entre os seres humanos e entre a humanidade e a natureza. No contexto especifico das crises do desenvolvimento e do meio ambiente surgidas nos anos 80 – que as atuais instituições políticas e econômicas nacionais e internacionais ainda não conseguiriam e talvez não consigam superar – a busca do desenvolvimento sustentável requer a elaboração e concretização desses regimes diferenciados para a realização do desenvolvimento sustentável depende de um conjunto de medidas políticas, institucionais, administrativas, econômicas, sócias e de tecnologia que transcendem os campos de direito interno e do direito internacional[16]. 
 Observa-se, então, que esse conceito é um ato de fé ou um desejo filosófico de preservação que requer melhor especificação do ponto de vista prático. Existe uma boa dose de subjetividade na definição do que sejam necessidades futuras e, além disso, existe a questão do grau de desenvolvimento da região ou país em questão. Os parâmetros do desenvolvimento sustentável em um país com a força econômica do Japão devem ser certamente diferentes dos de um país da África Oriental, cujo consumo de energia masl supera os 2.000 kcal/dia de sobrevivência[17].   
 A Comissão Bruntland colaborou grandiosamente para que o Princípio da Responsabilidade Intergeracional tivesse seu avanço institucional no campo internacional. Entretanto, até aqui esse princípio não foi claramente enunciado, trazendo ao conhecimento somente uma política de meio ambiente às futuras gerações. Contudo, no inicio da década de 1990, uma Conferência realizada no Brasil marca o processo de evolução dessa responsabilidade intergeracional.
 A cidade do Rio de Janeiro foi sede da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUCED), realizada de 3 a 14 de junho de 1992. A reunião ficou conhecida como Rio-92, e a ela compareceram delegações nacionais de 175 países. 
Essa conferência ficou conhecida como Conferência da Terra, Conferência do Rio ou como Rio- 92. Importantes documentos foram elaborados na Rio-92, que apontaram um comportamento mais responsável de toda sociedade:
Agenda 21 -  programa de ação global, em 40 capítulos;
- Declaração do Rio, em um conjunto de 27 princípios pelos quais deve ser conduzida;
- Interação dos humanos com o Planeta;
- Declaração de princípios sobre Florestas;
- Convenção sobre diversidade biológica;
- Convenção - quadro sobre Mudanças Climáticas - que culminou no Protocolo de Kyoto em 1997;  
A Agenda 21 definiu políticas essenciais para alcançar um modelo de desenvolvimento sustentável que atendesse as necessidades dos pobres e reconhecesse os limites do desenvolvimento, de forma a atender às necessidades globais. As necessidades foram definidas não só levando em conta os interesses econômicos, mas incorporando as necessidades de um sistema global que inclui tanto a dimensão ambiental quanto a humana.  
Contudo, o documento mais importante - para esse estudo – que foi assinado durante a Conferência da Terra -  Rio 92 - foi a Declaração do Rio, contendo 27 princípios delineadores da política econômica ambiental moderna. Dentro dessa proteção político – econômica, surge o tema Desenvolvimento, que remete ao estudo do já apresentado Desenvolvimento Sustentável. A Declaração do Rio nada mais é do que a consolidação dos muitos outros Estudos de Proteção ao meio ambiente, reafirmando o que fora posto e apresentado na Conferência de Estocolmo e na Comissão Bruntland.
Na Declaração do Rio, o princípio norteador da Responsabilidade para as Futuras Gerações está presente no Princípio 3: “O desenvolvimento deve ser promovido de forma a garantir as necessidades das presentes e futuras gerações”. Destarte, a Responsabilidade Intergeracional Ambiental (para as Futuras Gerações) foi, de forma explícita, petrificada nos dos Tratados, Convenções e Declarações Internacionais e, gradualmente vem sendo introduzidas nos Diplomas Internacionais.
3.1.2 Incorporação pelo ordenamento jurídico nacional 
No Brasil, a evolução do princípio da Responsabilidade Intergeracional Ambiental, de certa forma, foi semelhante à que ocorreu em outros países, tendo sido criada uma estrutura bastante complexa para o seu desenvolvimento através das “Soft Law”.
Contudo, a introdução da matéria ambiental na Lei Maior brasileira é um marco histórico de inegável valor, dado que as constituições que precederam a de 1988 jamais se preocuparam com a proteção do meio ambiente de maneira específica e global. Nelas, sequer uma vez foi empregada a expressão ‘meio ambiente’, revelando a total despreocupação com o próprio espaço em que vivemos.
Na Constituição Federal, o Capítulo VI, referente especificamente ao meio ambiente, incorpora várias disposições de lei federal anterior, a Lei nº 6.938, de 31.08.81, tida como um marco na área ambiental, dando a essas disposições status constitucional. Além disso, a partir da promulgação da Constituição Federal, passou-se , obrigatoriamente, a tratar a questão ambiental inserindo-a na luta pela melhoria da qualidade de vida da população, já que o Capítulo VI faz parte do Título VIII da Constituição, denominado “Da Ordem Social”. Mais importante que a existência desse Capítulo é o fato de o meio ambiente, assim como a preservação adequada dos recursos naturais, estar contemplado ao longo de todo o texto constitucional, incluindo a dimensão ambiental nos vários setores do País.
A principal disposição acerca do Direito Ambiental encontra-se no art. 225 da Constituição Federal, in verbis:
"Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preserva-lo para as presentes e futuras

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