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- -1 CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA BIOMECÂNICA AXIAL E APENDICULAR Renato Ramos Coelho - -2 Olá! Você está na unidade . Conheça aqui a biomecânica e os ajustes posturaisBiomecânica Axial e Apendicular necessários para o alinhamento do corpo humano. Para isto, é importante que você se lembre da diferenciação entre movimento osteocinemático, que é o movimento ósseo visível, e o movimento artrocinemático, que ocorre entre as superfícies articulares. Para isso, lembre-se da regra côncavo convexo, que é baseada na mecânica das alavancas! Sempre que uma superfície convexa articula em uma côncava, movimentos artrocinemáticos e osteocinemáticos ocorrem em sentidos opostos, quando é uma côncava sobre uma convexa, os movimentos ocorrem em um mesmo sentido (ZATSIORSKY, 2008). Bons estudos! - -3 1. Biomecânica do Esqueleto Axial O efeito da biomecânica sobre o esqueleto é fundamental para a manutenção da postura bípede e para aaxial dinâmica respiratória (NEUMANN, 2011). Para melhor compreendermos sobre isso, dividimos o assunto da seguinte forma: Biomecânica da articulação temporomandibular (ATM) Biomecânica da Coluna vertebral e Postura Biomecânica respiratória 1.1 Biomecânica da ATM Na o côndilo da mandíbula, convexo, articula com a eminência articular do temporal, também ligeiramenteATM convexa, daí a necessidade do disco bicôncavo. Com isto a articulação entre o temporal e o disco faz mais translação, enquanto a articulação entre o disco e o côndilo da mandíbula tem mais movimento rotacional. Outro ponto relevante nesta da ATM tem a ver com o formato dos dentes. Os incisivos são maisbiomecânica adaptados para cortar o alimento e, como se posicionam anteriormente, a uma maior distância perpendicular do eixo articular, estão no ponto em que a capacidade de produção e torque é maior, favorecendo à sua função. Os molares, por sua vez, têm um e uma localização anatômica que os ajuda a triturar os alimentosdesign (LIZARELLI, 2010). Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /50b8a6cd79efb5765b803fa9698572d1 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/50b8a6cd79efb5765b803fa9698572d1 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/50b8a6cd79efb5765b803fa9698572d1 - -4 1.2 Biomecânica da Coluna Vertebral A melhor forma de entender as analisá-la a partir do centro derelações biomecânicas da coluna vertebral é massa (CM) que, em posição ortostática, encontra-se ao nível de S2 (ZATSIORSKY, 2008). Outro ponto relevante nesta análise é que o corpo tende a se alinhar de forma que os olhos sempre fiquem direcionados para frente e alinhados. Assim, ajustes posturais são importantes para que, independente da postura adotada, continuemos olhando para frente (MAGEE, 2010). Como o CM da cabeça é anterior à atlanto-occiptal cerca de 3 cm, tem-se uma tendência da cabeça à , queflexão tem de ser balanceada pela ação dos músculos extensores da cabeça e da cervical alta, em especial dos suboccipitais (NEUMANN, 2011). Nas lordoses cervical e lombar, a linha do CM é posterior às vertebras. Por isso, a cervical tende à , mas, os músculos do grupo pré-vertebral do pescoço, em especial os longos daextensão cabeça e do pescoço impedem esse movimento, estabilizando dinamicamente o pescoço (MIRANDA, 2008). A protrusão da cervical, normalmente associada ao aumento da tensão passiva de esternocleidomastoideo (ECM), é uma condição em que há maior anteriorização do CM da cabeça, sobrecarregando os subocciptais e diminuindo a capacidade de estabilização dos pré-vertebrais (MAGEE, 2010). Assim, essa alteração postural pode levar a necessidade de intervenção no ECM e, em função de sua relação com a clavícula, até mesmo o realinhamento do ombro. Na , a linha do CM passa sobre os corpos vertebrais, o que diminui a necessidade de ações musculares torácica adicionais para a manutenção da postura. No entanto, em casos de hipercifose, há anteriorização do tórax e, por consequência, passa a ser necessária a ação dos eretores de espinha torácicos para a manutenção da postura (MAGEE, 2010). Outra condição que altera esta linha na torácica é a protrusão de ombros, que também pode ser decorrente de uma hipercifose, uma vez que ela altera o formato do gradil costal e, por consequência, da escapulotorácica (ET), ou do excesso de rotação medial da glenoumeral (GU), normalmente causado por hiperatividade ou encurtamento dos músculos peitorais, em especial do maior, ou fraqueza de adutores de escápula (OATIS, 2016). Assim, a avaliação da postura relativa do complexo articular do ombro envolve a análise da posição relativa da ET e da GU, com a análise de possíveis encurtamentos e fraquezas musculares que possam alterar a relação da articulação com a linha do CM. O é um músculo que também merece atenção especial, uma vez que age sobre o ombro,grande dorsal realizando adução, extensão, hiperextensão, rotação medial, abdução horizontal e depressão da escápula e sobre a coluna lombar e pelve, aumentando a lordose lombar e a anteversão pélvica. Essa ação sobre lombar e pelve se dá quando o ombro está abduzido ou flexionado em mais de 90º, ou mesmo em menores angulações, caso o grande dorsal esteja encurtado (MIRANDA, 2008). - -5 A , por ter uma curvatura lordótica, também tem suas vértebras anteriores à linha do CM, o que forçarialombar sua extensão. Este movimento é impedido pelos ligamentos anteriores, em especial o longitudinal anterior e pela musculatura abdominal, em especial os transversos e a sua ação concomitante com a fáscia toracolombar (MIRANDA, 2008). No entanto, a ação da fáscia, como foi visto no capítulo Cinesiologia Axial e Apendicular, é dependente do de um mecanismo de amplificação hidráulica que ocorre em função do volume dos músculos multífidos (WILLARD , 2012). Com isso, a estabilização dinâmica da lombar e, por consequência daet al. sacroilíaca, é dependente da magnitude da lordose lombar, da estrutura ligamentar e fascial e dos músculos abdominais e dos multífidos. Além das relações com a linha do CM, também é importante para a avaliação da biomecânica da coluna vertebral a análise de sua (ADM). Embora normalmente estas medidas sejam feitas com umamplitude de movimento goniômetro, de forma a aferir medidas angulares, testes lineares ou que usem referências corporais também podem ser utilizados (CESAR , 2019). McKenzie (1998) sugere, para a coluna cervical, o uso de referênciaset al. do próprio avaliado, de forma a dar a ele um feedback de sua condição. Segundo esse protocolo, espera-se para a flexão cervical que o queixo toque o peito, para a rotação que o queixo se alinha ao ombro e, para a extensão, que a base do nariz fique paralela ao solo, não há referência para a flexão lateral. Para a , por sua vez, McKenzie (1997) sugere a referência de tocar os dedos das mãos nos dedoscoluna lombar dos pés, sem flexionar o joelho, durante a avaliação do ritmo lombopélvico, o que corrobora com o esperado para o teste de sentar e alcançar e suas variações (CESAR , 2019). Para a extensão da lombar, a referência é oet al. tronco paralelo ao chão (McKENZIE, 1997). Fique de olho O iliopsoas é flexor e adutor de quadril, o que implica que ele também aumenta a lordose lombar e faz a anteversão pélvica. No entanto, se ele for recrutado juntamente com os abdominais, em especial o reto, numa situação em que a pelve entra em retroversão, suas fibras passarão de posteriores ao eixo longitudinal do quadril para anteriores, o que faz com que ele aja como flexor de coluna e retroversor da pelve. Este fenômeno é chamado de paradoxo do psoas (OATIS, 2016). - -6 1.3 Biomecânica Respiratória A dinâmica envolve a biomecânica do . O primeirorespiratória sistema respiratório e eventos bioquímicos evento é a entrada do ar para os pulmões. Para isso, ocorre o movimento do rebaixamento da cúpula diafragmática, que é uma resposta a contraçãodo diafragma (McARDLE , 2016). Esse movimento éet al. suficiente em repouso, mas, durante o exercício, associa-se ao movimento de alça de balde que ocorre nas costelas superiores, e de abertura do gradil costal, que ocorre nas costelas inferiores, ambos ocorrem pela ação dos intercostais externos e elevadores de costela, podendo haver também recrutamento de escalenos, peitorais e ECM em função da demanda por O2. Como os pulmões são aderidos à parede torácica, o movimento causa uma pressão intratorácica negativa que promove a entrada de ar (NORKIN; LEVANGIE, 2001). À medida que o ar se direciona para os alvéolos, há uma diminuição do calibre das vias respiratórias, observa-se que a velocidade de fluxo do ar diminui gradativamente, favorecendo as trocas gasosas, que obedecem a Lei de Fick (BRUNETTI, 2008). ; Apesar de o CO2 ter maior PM, sua difusão é mais rápida que a do O2, por ser mais solúvel. Assim, o ideal é que se calcule estes dados a partir da pressão parcial de O2 (PO2) e de CO2 (PCO2). Observe que qualquer condição que implique em alterações da pressão externa ou interna, em alterações da espessura da membrana alveolar, no aumento do espaço morto fisiológico (área em que deveria ocorrer troca gasosa, mas, por algum motivo, não ocorre), em alterações do pH ou da temperatura tecidual implica em alterações da dinâmica da permuta gasosa (GUYTON; HALL, 2017). Quando estamos em , a expiração ocorre em função do relaxamento da musculatura inspiratória.repouso Havendo maior demanda expiratória, ela se torna ativa, com ação de abdominais, transverso do tórax e intercostais internos, que são os mesmos músculos recrutados durante o espirro, a tosse e a manobra de valsalva (NORKIN; LEVANGIE, 2001). Fique de olho A manobra de valsalva ocorre durante a expiração forçada com a glote fechada, ou seja, sem que ar seja exalado. Ela causa maior estabilização de abdome e coluna lombar, mas, também aumenta a pressão intra-abdominal e a pressão arterial (PA). Isto causa uma diminuição reflexa do retorno venoso, o que diminui a quantidade de sangue que chega ao coração, o que diminui o volume de ejeção e, por consequência, a PA, podendo levar à isquemia do SNC e de extremidades (McARDLE , 2016).et al. - -7 - -8 2. Biomecânica do esqueleto apendicular O efeito da biomecânica sobre o é particularmente importante em função das açõesesqueleto apendicular musculares responsáveis pela manutenção da postura estática e do equilíbrio, quando há movimento. O estudo dessas ações musculares envolve aprofundamento incluindo a organização estrutural do músculo (fusiforme e penado), a análise muscular a partir de vetores e o uso de diagramas de corpo livre. Os são aqueles em que as fibras são paralelas ao seu eixo longitudinal, semmúsculos fusiformes necessariamente perfazer todo o comprimento muscular. Com isto, são músculos que tem grande capacidade de encurtar, garantindo movimentos de maiores amplitudes. Nos , as fibras encontram-se anguladas em relação ao eixo longitudinal do músculo. Com issomúsculos penados eles tem maior capacidade de produção de tensão, por conter mais fibras por unidade de volume muscular. Mas, como o ângulo de penação aumenta à medida que o músculo contrai, sua capacidade de produção de tensão também é limitada a pequenas amplitudes e a maiores velocidades de ação muscular (HALL, 2016). Independentemente da arquitetura muscular, a sua linha de ação, ao conectar origem e inserção, representa a direção de um , o tipo de ação muscular representa o sentido de deslocamento deste vetor e a quantidadevetor de tensão muscular gerada representa a intensidade deste vetor. Desta forma, há uma semelhança entre a linha de ação de um músculo e o vetor força que o representa. Como este vetor muscular tem um ponto de aplicação, capaz de causar a rotação em um determinado eixo articular, tem-se a geração de torque (MIRANDA, 2008). O é um conceito da engenharia que se vale de esquemas para a análise cinética ediagrama de corpo livre cinemática de um corpo. Nele, são representados os vetores de força e dos momentos de torque que interagem e incidem sobre o corpo estudado, permitindo uma análise macro dos sistemas de força presentes. Este sistema, por sua vez, é o somatório das forças que agem sobre um corpo em função de sua duração, intensidade e direção (NEUMANN, 2011). Para o estudo do , portanto, o diagrama de corpo livre ajuda na análise das açõesesqueleto apendicular musculares durante uma conduta motora. Isto envolve a relação do movimento analisado com a ação da gravidade, os segmentos corporais envolvidos, os movimentos osteocinemáticos e artrocinemáticos nas articulações envolvidas, a ação muscular e a cadeia cinética em que o movimento ocorreu (ZATSIORSKY, 2008). Para sua melhor compreensão dividimos o estudo do esqueleto apendicular em: Biomecânica de cintura escapular e MMSS Biomecânica da cintura pélvica e MMII Biomecânica da Marcha - -9 - -10 2.1 Biomecânica de cintura escapular e MMSS O alinhamento da é fundamental para a manutenção da linha do CM sobre S2, no entanto ela também éET dependente do formato do tórax. A hipercifose torácica tende a abduzir as escápulas, podendo também levar à rotação medial da GU. Já a retificação da torácica leva a retração da ET, que ficam aduzidas. Desta forma, a análise biomecânica da tem de, necessariamente, começar pela curvatura torácica cintura escapular (LUDEWIG; REYNOLDS, 2009). A articulação possui posição de repouso em 55º de abdução e 30º de abdução horizontal, sua maiorGU congruência se dá em abdução total com rotação lateral e o padrão capsular, ou seja, a sequência de movimentos que são perdidos em função de lesões, é rotação lateral, abdução e rotação medial (MAGEE, 2010). Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /250abe0c706da5e3364e1a560b05de09 Esses movimentos são fundamentais para que os cumpram a sua função de posicionar o complexoMMSS articular punho mão (CAPM) no espaço. Assim, a biomecânica do ombro envolve a sua capacidade de alcance, que varia de acordo com a altura (H) do sujeito. No alcance mínimo (0,146H), o úmero encontra-se justaposto ao corpo e, no máximo (0,462H) flexionado ou abduzido em 90º. Desta forma, qualquer objeto que seja imprescindível à execução do trabalho tem de estar dentro de uma área circular compreendida entre estes dois raios (IIDA; BUARQUE, 2016). Além dos limites impostos pelo alcance, o , e as limitações que ele impõe, também são relevantes para aREU saúde do ombro. com aparência de simples, como a flexão do ombro, envolve a ação de deltoideMovimentos anterior, peitoral maior (parte clavicular) e coracobraquial, de cabeça curta do bíceps, manguito rotador, serrátil Fique de olho A síndrome cruzada de ombros caracteriza-se pelo desequilíbrio causado pela hiperativação de trapézio superior, peitorais, elevador de escápula e ECM. Com isso, o avaliado apresenta protrusão de ombros e cabeça e rotação medial de GU, com alterações do ritmo escapuloumeral (REU) podendo haver queixa de dor cervical com foco em trapézio superior e de discinesia no complexo articular do ombro (SAHRMANN, 2016). https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/250abe0c706da5e3364e1a560b05de09 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/250abe0c706da5e3364e1a560b05de09 - -11 anterior e trapézio como sinergistas. O mesmo pode ser observado na abdução, que envolve deltoide e supraespinhal como agonistas e cabeça longa do bíceps, infraespinhal, redondo menor, serrátil anterior e trapézio como sinergista. Com isso, observa-se que é necessário muito controle motor para a execução destes movimentos (MIRANDA, 2008). Outro ponto a se considerar, além das restrições impostas pela ação muscular, são as . restrições anatômicas Em movimentos em cadeia aberta, a cabeça do úmero, convexa, tem um movimento artrocinemático contrárioao osteocinemático. O controle deste movimento dá-se em função da ação dos músculos do manguito rotador (NEUMANN, 2011). Havendo descontrole do manguito, na abdução e flexão de ombro acima de 90º pode haver impacto da cabeça do úmero sob o acrômio, o que pode lesionar os tendões da cabeça longa do bíceps braquial e do supraespinhal, além da bursa subacromial. Caso o acometido tenha o acrômio em gancho, condição que pode ser uma variação anatômica ou o início de um processo degenerativo, há possibilidade de um impacto no ombro ocorrer mesmo em ângulos inferiores à 90º (MAGEE, 2010). Quadro 1 - Movimentos do REU Fonte: Elaborado pelo autor, 2020. #PraCegoVer: o quadro apresenta os movimentos e as ações musculares do REU. O cotovelo é um complexo formado por três articulações envoltas por uma única cápsula articular: umeroulnar; umerorradial; radioulnar proximal (RUP). A umeroulnar realiza flexão e extensão, sua posição de repouso é em 70º de flexão e 10º de supinação, sua máxima congruência se dá em extensão com supinação e o padrão capsular é flexão seguido de extensão. A umerorradial também realiza flexão e extensão, sua posição de - -12 repouso é extensão e supinação completa, a máxima congruência se dá em 90º de flexão e 5º de supinação e o padrão capsular é o mesmo da umeroulnar (MAGEE, 2010). Como a tróclea do úmero é convexa, e o olecrano côncavo, nos movimentos distal-proximal, ou seja, em que o antebraço se move em relação ao braço, a artrocinemática é igual à osteocinemática, tanto para umeroulnar quanto umerorradial (NORKIN; LEVANGIE, 2001). A estabiliza o cotovelo, impedindo o estresse em varo e realiza, juntamente com a radioulnar distal (RUD)RUP pronação e supinação (MIRANDA, 2008). Sua posição de repouso é 35º de supinação com 70º de flexão de cotovelo, a máxima congruência ocorre com 5º de supinação e o padrão capsular é limitação igual para pronação e supinação (MAGEE, 2010). O alinhamento biomecânico do cotovelo forma um entre o braço e o antebraço de 5º em valgo emângulo homens e de 10 a 15º de valgo em mulheres. Normalmente este ângulo desaparece com o antebraço pronado, cotovelo estendido ou em flexão total de cotovelo (NORKIN; LEVANGIE, 2001). O é constituído pelo rádio e a ulna, RUP, RUD e a sindesmose da radioulnar média (RUM). As áreasantebraço mais a lesões desta região envolvem os epicôndilos do úmero, em função dos tendões comuns dossensíveis extensores (lateral), dos flexores (medial) e da Bursa olecraniana (MIRANDA, 2008). Fique de olho A ação muscular durante a flexão de cotovelo é extremamente dependente da posição do antebraço. O bíceps braquial é motor primário apenas quando o antebraço se encontra supinado, o braquial é motor primário em todas as posições de antebraço e o braquiorradial apenas age como flexor de cotovelo se o antebraço estiver em neutro (MIRANDA, 2008). Fique de olho A limitação da ADM de prono supino no antebraço está diretamente relacionada a lesões no ombro. Isto ocorre porque, na falta de ADM de pronação, torna-se necessária mais rotação medial da GU e, na falta de ADM de supinação, mais rotação lateral. Dessa forma, antes de prescrever exercícios que exijam muito prono supino, é fundamental que você confira a ADM disponível e que, durante a execução, repare no movimento de valgo dinâmico do cotovelo, causado pelo déficit de supinação, ou de varo dinâmico, causado pelo déficit de pronação (OATIS, 2016). - -13 O é formado por rádio, ulna, RUD, ossos do carpo, metacarpos, falanges (cinco proximais, quatro médias eCAPM cinco distais) e sesamoides. A RUD participa da pronação e supinação, sua posição de repouso é 10º de supinação, a posição de máxima congruência é 5º de supinação e o padrão capsular é dor nos extremos de rotação. A tem de repouso em neutro, com leve desvio ulnar (MAGEE, 2010), embora seja maisarticulação radiocárpica funcional com um pouco de extensão e com flexão de dedos, por prover vantagem mecânica para os músculos extensores de punho e dedos (Iida e Buarque, 2016). A máxima congruência se dá em extensão e o padrão capsular é redução igual de flexão e extensão. As tem posição de repouso em neutro, com leve flexão, máxima congruência em extensão e semintercárpicas padrão capsular. As mediocárpicas, tanto proximais quanto distais, tem repouso em neutro, com leve flexão e desvio ulnar, máxima congruência se dá em extensão com desvio ulnar e o padrão capsular é redução igual de flexão e extensão. A II a V possuem ADM restrita, auxiliando as . Seu repouso é emcarpometacarpeanas metacarpofalangeanas neutro, máxima congruência é flexão total, padrão capsular diminui ADM em todas as direções (MAGEE, 2010). A I realiza flexão/extensão, abdução/adução, e oposição do polegar (NORKIN; LEVANGIE, 2001). O repousoCMC é em neutro, máxima congruência é oposição completa e o padrão capsular é abdução e depois extensão (MAGEE, 2010). Os sesamoides são polias anatômicas para os flexores do polegar (EATHORNE, 2005). As metacarpofalangeanas têm posição de repouso em leve flexão, máxima congruência em oposição total no I dedo e em flexão total nos demais, o padrão capsular é flexão, seguido de extensão. As interfalangeanas tem repouso em leve flexão, máxima congruência em extensão completa e padrão capsular de flexão e extensão (MAGEE, 2010). Na região palmar medial, na qual se formam os músculos lumbricais, há conexão entre os tendões dos flexores profundos e dos extensores dos dedos. Além disso, nos dedos II a V, os flexores superficiais e profundos se cruzam, de forma que os flexores profundos se estendem até as falanges distais e os superficiais inserem nas falanges médias. Portanto, quanto mais distal está o objeto manipulado, maior a ativação de flexores profundos dos dedos (MIRANDA, 2008). - -14 2.2 Biomecânica de cintura pélvica e MMII Embora faça parte da transição , a análise biomecânica da cintura pélvica é dependente do ângulolombossacra lombossacro, uma vez que ele participa da determinação da posição relativa do sacro e da pelve. Ele é formado entre a superfície do corpo de S1 e uma linha horizontal (NORKIN; LEVANGIE, 2001), e normalmente, tem cerca de 30º o seu aumento implica em nutação do sacro e anteversão pélvica e sua diminuição implica em contranutação do sacro e retroversão pélvica (OATIS, 2016). Outra referência para a posição da pelve são as espinhas ilíacas (EIAS) e anterossuperior posterossuperior (EIPS). As EIAS devem estar alinhadas com a EIPS ou, entre elas, não pode haver um ângulo superior a 15º. Se este ângulo for maior, tem-se anteversão da pelve, se a EIPS estiver abaixo da linha da EIAS, tem-se retrovesão pélvica. O último desalinhamento da pelve é a antepulsão (em inglês sway back), caracterizado pela anteriorização da pelve associada a extensão de quadril e cifose toracolombar (MAGEE, 2010). Além de alterações do alinhamento da pelve no plano sagital, também há possibilidade de desalinhamentos no plano frontal, com um lado elevado em relação ao outro, ou no plano transverso, em que um lado está anteriorizado ou posteriorizado em relação ao outro. Novamente, a referência para se analisar estas alterações passa pela palpação das EIAS e EIPS (CHAITOW, 2001). Assim, o desalinhamento no plano frontal implica em EIAS e EIPS mais elevados de um lado do que do outro, o que pode ser causado por discrepância de comprimento de MMII (MAGEE, 2010) ou por uma síndrome de abdutores (SAHRMANN, 2016). A rotação da pelve caracteriza- se pela anteriorização de uma EIAS e EIPS em relação às outras (MAGEE, 2010). Fique de olho Sahrmann (2016) nomeou a condição clínica em que há diferença de atividade de flexores de quadril e extensores lombares quando comparado a extensores de quadril e abdominais como síndrome pélvica cruzada. Assim, essa síndrome pode se manifestar como hiperlordose associada à anteversão pélvica e flexão de quadril, como retroversão pélvica associada à retificação da coluna lombar e extensão de quadril, ou como anteriorizaçãoda pelve associada a extensão de quadril e cifose toracolombar, caracterizando a antepulsão pélvica. Fique de olho A síndrome de abdutores ocorre em função da hiperatividade ou encurtamento dos adutores de quadril, tensor da fáscia lata contralateral e quadrado lombar homolateral, associado à inibição de glúteo médio homolateral e rotadores laterais de quadril contralaterais. - -15 O também participa do alinhamento da pelve, inclusive o seu ligamento iliofemoral possui umaquadril arquitetura em Y exatamente pare evitar a linha do CM, que passa posterior ao eixo articular, o leve para a extensão (DÂNGELO; FATTINI, 2007). Na relação entre o quadril e a pelve, no plano frontal, especial atenção deve ser dada a avaliação do , em especial durante a marcha na fase de apoio médio, em que esteglúteo médio músculo fraco leva ao deslocamento homolateral da pelve. A do quadril é 30º de flexão, 30º de abdução e leve rotação lateral, a posição de máxima posição de repouso congruência é extensão, rotação medial e abdução. O padrão capsular é flexão, abdução e rotação medial, mas esta ordem é variável. Em ortostatismo a carga sobre o quadril é de 0,3x o peso corporal, em apoio unipodal 2,6x, andando entre 1,3 e 5,8x, subindo escada 3,0x e correndo mais do que 4,5x. O é orientado lateral, anterior e inferior e a cabeça do fêmur superior, posterior e medial. Com iss,acetábulo têm-se dois ângulos de relevância clínica, o de anteversão e o cervicodiafisário. O ângulo de anteversão equivale ao alinhamento entre a cabeça do fêmur e os côndilos femorais, indicando a projeção da cabeça do fêmur no plano frontal. Ao nascer ele tem cerca de 30º, diminuindo com a idade até ficar entre 8 e 15º no adulto. Sua diminuição implica em retroversão femoral e seu aumento em anteversão, refletindo na posição relativa de todo o MI e da pelve (MAGEE, 2010) O ângulo liga a cabeça e o eixo longitudinal do . Também é maior na infância (média decervicodiafisário fêmur 145º) e diminui gradativamente com a idade. O seu aumento caracteriza a coxa valga e, sua diminuição, a coxa vara (MIRANDA, 2008). O joelho é biaxial fazendo flexão/extensão e rotação quando fletido em ao menos 30º (ZATSIORSKY, 2008). Sua posição de repouso é 25º de flexão, posição de máxima congruência é extensão total, rotação lateral da tíbia e o padrão capsular é flexão seguido de extensão (MAGEE, 2010). Suas duas , patelofemoral e tibiofemoral são independentes (SHAHABPOUR , 2005). Suaarticulações et al. estabilização se dá por ligamentos, cápsula e músculos que cruzam a articulação, mantendo um alinhamento em valgo, em função do côndilo medial ser mais distal e proeminente (Goldblatt e Richmond, 2003). Este alinhamento em valgo, influencia no ângulo Q, formado entre a linha que conecta a EIAS ao centro da patela e a que conecta o meio da patela à tuberosidade da tíbia. Ele é mais acentuado em mulheres, em função da largura do quadril e varismo de coxa. Este ângulo coloca as linhas de força do quadríceps e do tendão patelar não inibição de glúteo médio homolateral e rotadores laterais de quadril contralaterais. Caracteriza-se por postura em anteversão pélvica, elevação da pelve do lado afetado, rotação medial de quadril e pronação do pé, mais acentuados contralateral à síndrome (SAHRMANN, 2016). - -16 colineares, levando a patela a uma tendência de lateralização durante as angulações iniciais da flexão joelho, podendo, inclusive, luxar para fora do sulco , o que é impedido pela ação das fibras oblíquas dointercondilar músculo vasto medial – VMO (NORKIN; LEVANGIE, 2001). A carga sobre a em atividades dinâmicas varia de 0,3x o peso corporal quando se está parado empatelofemoral ortostatismo até 7x o peso corporal acima do joelho durante o agachamento (MAGEE, 2010). Outra consequência deste alinhamento em varo do é que a não tem um eixo fixo para flexãojoelho tibiofemoral /extensão, o que demonstra a importância dos meniscos para sua estabilização, uma vez que estes movimentos não ocorrem de forma pura, com a flexão associada à rotação medial e, a extensão, à lateral. Para as rotações o eixo é a tibiofemoral medial (NORKIN; LEVANGIE, 2001). A do complexo articular do pé envolve a marcha e, para que ela ocorra de forma funcional,avaliação funcional é fundamental de ao menos 10º (20º para subir degraus) e maior que 20º, adorsiflexão flexão plantar pronação não pode apresentar alterações temporais (ou seja, a presença fora das fases da marcha em que ela é esperada) e nem espaciais (quando o desabamento do arco plantar longitudinal medial é muito grande) e a supinação deve se restringir às fases de choque de calcanhar e impulsão (MAGEE, 2010). Alterações no podem, portanto, causar reflexo na posição relativa de todo o MI, da cintura pélvica e daCATP coluna toracolombar. A pronação do pé, ou o excesso de varo de antepé ou retropé, ou mesmo o varismo ou torção tibial medial levam o MI a rotação medial, enquanto a supinação ou a torção tibial lateral levam o MI a rotação lateral. A rotação do MI implica em rotação de joelho e quadril que, por consequência, também roda a pelve e a coluna lombar (BARWICK , 2012). et al. A linha do CM é anterior a articulação do tornozelo, de forma que há tendência a dorsiflexão, que é evitada pela tensão passiva dos flexores plantares (MAGEE, 2010). Fique de olho A linha do CM passa pela tibiofemoral, de forma que, em ortostatismo, o peso corporal incida diretamente sobre o joelho, não havendo necessidade de estabilização muscular. No entanto, alterações posturais como o genu flexo (joelho semi fletido) ou genu recurvatum (joelho hiperestendido), que podem ser causa ou consequência de alterações no pé ou na pelve, alteram esta posição da linha do CM, obrigando o corpo a se adaptar a uma estabilização ativa dessa articulação (MAGEE, 2010). - -17 2.3 Biomecânica da marcha A é a principal função dos MMII. Sua análise abrange a vista no plano frontal e sagital, mas com omarcha cuidado de se verificar as alterações que ocorrem no plano transverso, uma vez que elas estão associadas à progressão em diagonal e a sobrecargas excessivas em especial nos joelhos (CHUTER; DE LONGE, 2012). Para a análise, devemos considerar dois momentos, o de e o de . O apoio equivale o momento em que oapoio oscilação pé toca o chão, com o choque de calcanhar e que sai do chão com a impulsão, a oscilação ocorre enquanto o pé não toca o chão. Ressaltamos que a marcha se inicia com uma flexão de tronco, que desloca o CM anteriormente, gerando um desequilíbrio que é compensado com o primeiro passo (NORKIN; LEVANGIE, 2001). Quadro 2 - Fases da marcha Fonte: Elaborado pelo autor, 2020. - -18 #PraCegoVer: o quadro apresenta as fases de apoio da marcha e o quadro com as fases de oscilação da marcha Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /5f6957a5b75617a5befc3793f84332a0 é isso Aí! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • ver a biomecânica do esqueleto axial; • apreender as características da biomecânica da ATM; • compreender as características da biomecânica da coluna vertebral; • ver a cinesiologia do esqueleto apendicular, • compreender a cinesiologia da cintura escapular e MMSS, • compreender a cinesiologia da cintura pélvica e MMII, bem como na marcha. • Referências BARWICK, A.; SMITH, J.; CHUTER, V. The relationship between foot motion and lumbopelvic–hip function: A review of the literature. , v. 22, p. 224-231, 2012.The Foot BRUNETTI, F. . 2. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2008.Mecânica dos Fluidos CÉSAR, E. P. Testes lineares. : DANTAS, E. H. M.; CONCEIÇÃO, M. C. S. C. et al. In Manual de Avaliação de . Barueri, SP: Manole, 2019.Flexibilidade CHAITOW, L. – Avaliação e diagnóstico pelo toque. Barueri, SP: Manole, 2001.Técnicas de Palpação CHUTER, V. H.; DE JONGE, X. A. K. J. Proximal and distal contributions to lower extremity injury: A review of the literature. , v. 36, p. 7-15, 2012.Gait and Posture DÂNGELO, J.G.; FATTINI, C. A. . 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2007.Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar EATHORNE, S. W. The wrist: clinical anatomy and physical examination. ,Primare Care Clinical Office Practice v. 32, p. 17-33, 2005. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. . 13. ed. São Paulo: Elsevier, 2017.Tratado de Fisiologia Médica HALL, S. J. . 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.Biomecânica Básica • • • • • • • https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/5f6957a5b75617a5befc3793f84332a0 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/5f6957a5b75617a5befc3793f84332a0 - -19 IIDA, I; BUARQUE, L. : Projeto e Produção. 3. ed. São Paulo: Blucher, 2016.Ergonomia LIZARELLI, R. F. Z. 4. ed. São Paulo: MMO, 2010.Protocolos Clínicos Odontológicos. LUDEWIG, M. P. REYNOLDS, J. F. The Association of Scapular Kinematics and Glenohumeral Joint Pathologies. , v. 39, n. 2, p. 90 – 104, 2009.Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy MIRANDA, E. . 7. ed. São Paulo: Sprint, 2008.Bases de Anatomia e Cinesiologia NETTER, F. H. . 6. ed. Elsevier, 2015.Atlas de Anatomia Humana NORKIN, C. C.; LEVANGIE, P. K. : Uma Abordagem Prática e Abrangente. 2. ed.Articulação Estrutura e Função Rio de Janeiro: Revinter, 2001. MAGEE, D. J. . 5. ed. 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Biomecânica do Esqueleto Axial 1.1 Biomecânica da ATM Assista aí 1.2 Biomecânica da Coluna Vertebral 1.3 Biomecânica Respiratória 2. Biomecânica do esqueleto apendicular 2.1 Biomecânica de cintura escapular e MMSS Assista aí 2.2 Biomecânica de cintura pélvica e MMII 2.3 Biomecânica da marcha Assista aí é isso Aí! Referências
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