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Exegese (20 Unid - Teo - SEC) (2)

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TEOLOGIA
EXEGESE: CULTURA 
HEBRAICA E GREGA
Adelino Francisco de Oliveira
http://unar.info/ead2
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 1 - DEFINIÇÕES E PRINCÍPIOS GERAIS DA EXEGESE 
Adelino Francisco de Oliveira 
1 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” 
 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
 
Olá, prezado aluno, seja bem vindo a esse espaço virtual e interativo de estudo. 
 
Objetivos: 
A aula dessa primeira unidade contempla como objetivo fundamental apresentar 
as definições e os princípios gerais da exegese. A proposta consiste em aprender o que 
é a exegese. 
 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
A palavra exegese é de origem grega (εξηγησιs − exégesis ek+egéomai), tendo 
como significado pensar, interpretar, tirar para fora do texto. Assim, o trabalho do 
exegeta não consiste em acrescentar algo ao texto e sim extrair o sentido mais genuíno, 
original do texto. Aliás, o exegeta mais competente é justamente aquele que deixa o 
texto falar e não aquele que coloca suas palavras e visão de mundo no texto. 
A exegese constitui-se como a ciência do estudo bíblico, na medida em que 
mergulha o mais intensamente no texto, vislumbrando alcançar sua verdade mais 
profunda, o sentido último e original de cada palavra escrita. 
Assim, o exegeta é o pesquisador que procura alcançar, o mais possível, o 
sentido original do texto, a intenção genuína e primeira do autor. Quanto mais 
informações houver sobre o texto – contexto, autor, termos de época etc – mais 
subsídios o exegeta terá para alcançar a sua profundidade. 
Pode-se fazer exegese de todo texto, não é uma ciência exclusivamente para a 
Bíblia. No que se refere aos Livros Sagrados, das grandes tradições religiosas – 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 1 - DEFINIÇÕES E PRINCÍPIOS GERAIS DA EXEGESE 
Adelino Francisco de Oliveira 
2 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” 
 
judaísmo, cristianismo e islamismo – o trabalho sério, crític e isento do exegeta pode 
significar um caminho para a superação de conflitos e tantos desencontros. 
 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
 Com o intuito de aprofundar o conhecimento sobre o sentido da exegese, 
destacamos o texto abaixo, extraído do verbete exegese, do Dicionário de Conceitos 
Fundamentais de Teologia. Leia o verbete com atenção, pois a definição apresentada 
será uma referencia fundamental ao longo dos estudos que realizaremos no decorrer 
dessa disciplina. 
 
 
EXEGESE/CIÊNCIA BÍBLICA 
Hermenêutica. Escritura/Canôn. Palavra de Deus 
Exegese e "crítica histórica" 
Enquanto "exegese" vem mencionada juntamente com "ciência bíblica", 
o conceito significa necessária e terminologicamente "interpretação" de cada 
um dos escritos do AT e NT, que se acha de acordo com as afirmações e as 
exigências da "crítica histórica". Semelhante conceito de "exegese histórico-
crítica" deve-se permanentemente à obtenção de moderna compreensão de 
teologia cristã, como paulatinamente veio se impondo desde o Iluminismo e 
que se manifesta determinada sobretudo por um trato distanciado com 
referência à tradição dogmática eclesial. Desde suas primeiras manifestações 
no fim do século XVII, os questionamentos levantados por esta "exegese" 
distinguem-se por referir toda a teologia cristã primariamente ao seu horizonte 
histórico, aí justificando-a e tornando-a inteligível. O interesse que dirige o seu 
esforço de conhecer jamais, portanto, se deu por satisfeito com a pesquisa 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 1 - DEFINIÇÕES E PRINCÍPIOS GERAIS DA EXEGESE 
Adelino Francisco de Oliveira 
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” 
 
científica dos inícios, mas sempre visou também e expressamente o 
desenvolvimento moderno, criticamente sopesada por referência a si, de toda 
a teologia cristã. Sob semelhante aspecto teológico-global, que não se quer 
perder de vista, foi e é o resultado mais duradouro da "exegese histórico-
crítica" o fato de ela ter proposto sempre de novo criticamente e mantido 
inexoravelmente a questão acerca do modo como deve começar a teologia 
cristã. Confrontando assim duradouramente os fundamentos dogmáticos da 
teologia cristã com os seus inícios bíblicos e problematizando-os desta forma 
característica, a "exegese histórico-crítica" impede que a teologia cristã chegue 
a fechamento dogmático de sua tarefa. Neste sentido, ela representa 
permanente desafio, a que, uma vez mais, só se pode responder com a 
teologia inteira. Considerada assim, a "ciência bíblica histórico-crítica" é pura e 
simplesmente a "ciência de base" (Blank 1979) da teologia cristã. Enquanto tal, 
ela não deve nem pode jamais levar em consideração que problemas os seus 
resultados possam levantar para a teologia. Pelo contrário, ela deve - nisto 
sendo fiel à história - formular os seus questionamentos "histórico-críticos" 
também quando estes possam se tornar um peso incomodo para a teologia. 
"Histórico". Sob estes pressupostos, sempre válidos, da história do espírito 
e da pesquisa, a exegese "histórico-crítica" é "histórica" porque nela sempre se 
trata da atualização do sentido de um texto formulado no passado. E para que 
a característica "histórica", assim buscada programaticamente, de um texto 
aflore, cabe a essa exegese fazer com que se veja a intenção de dizer de um 
texto do AT ou do NT dentro das circunstâncias sempre concretas do seu 
surgimento histórico e no processo do devir de suas distintas fases de tradição. 
Mas porque, ao fazê-lo, ela tem em vista os textos bíblicos jamais de outra 
maneira do que como processos vitais dominados linguisticamente, a exegese 
jamais se poderá contentar com meramente descrever as superficialidades 
lingüísticas sempre existentes. Pelo contrário, ela dirige as suas indagações 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 1 - DEFINIÇÕES E PRINCÍPIOS GERAIS DA EXEGESE 
Adelino Francisco de Oliveira 
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” 
 
para a determinação de sentido de textos do AT e do NT, a qual deriva de 
rigorosa correlação das eventuais experiências históricas contemporâneas do 
texto, bem como dos processos sociais de vida que se acham por detrás dos 
textos a serem interpretados e de suas fases de formação literária na época. 
Com esta "intenção "histórica", a exegese, de início, distancia as afirmações, 
buscadas na Bíblia, do presente: a estranheza daqueles textos do AT e do NT, 
textos que se situam no passado de forma que não pode ser de novo trazida 
para o presente, é o resultado primeiro e sempre decisivo. Pois diversamente 
da interpretação pré-crítica de outrora, a “exegese histórico-crítica" não 
começa com a questão hermenêutica acerca da relevância para o presente de 
textos bíblicos. Também não parte para a compreensão imediatamente, 
destinada à aplicação. Mas permanece, em todos os seus procedimentos, 
advogada do primitivo sentido do texto. Isso não significa exatamente que ela 
perca de vista o presente: à medida 
que torna inteligíveis textos do AT e do NT no horizonte original de sua época, 
ela os arranca da utilização subjetiva de textos e de atualização não-mediada 
dos mesmos. Ela limita o quadro de tolerância para a compreensão aplicativa 
direta, sem desvalorizar tal compreensão nem contestá-Ia em seu direito em 
princípio. 
2. "Crítico". Já com base no que dissemos até agora, pode ter ficado claro com 
que abrangência e competência a exegese histórico-crítica deve cumprir sua 
tarefa crítica. A opção, por ela feita com referência aos textos do AT e do NT, 
pelo critério de compreensão contemporâneo-antiga, acarreta 
inevitavelmente que ela é "crítica" em diversos níveis a um só tempo. 
(Dicionário de Conceitos Fundamentais de Teologia. São Paulo, Paulus, 1993). 
 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 2 - A CONSTITUIÇÃO DO CÂNON DAS ESCRITURAS 
Adelino Francisco de Oliveira 
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS“DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Olá, prezado aluno, seja muito bem vindo para essa aula. 
 
Objetivos: 
O tema da aula consiste em apresentar o processo de formação e constituição 
do cânon da Bíblia hebraica. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
 A definição do cânon do Antigo Testamento decorre de um longo processo 
histórico, que aglutina genuínas tradições. Em uma visão panorâmica, o Antigo 
Testamento é formado por um conjunto de 46 livros, divididos em quatro partes 
fundamentais: 
 Pentateuco: cinco livros compondo a Torah – Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, 
Deuteronômio. 
 Livros Históricos: Josué, Juízes, Rute, 1 Samuel, 2 Samuel, 1 Reis, 2 Reis, 1 
Crônicas, 2 Crônicas, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, 1 Macabeus, 2 
Macabeus. 
 Livros Poéticos e Sapienciais: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos 
Cânticos, Sabedoria, Eclesiástico (Sirácida). 
 Livros Proféticos: Isaías, Jeremias, Lamentações, Baruc, Ezequiel, Daniel, Oséias, 
Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, 
Malaquias. 
Dessa lista de livros, não fazem parte da Bíblia hebraica apenas os que foram 
escritos em ambiente de diáspora, em língua grega: Tobias, Judite, Sabedoria, 
Eclesiástico e Baruc. Os dois livros de Macabeus também não fazem parte da coleção 
de livros da tradição da Bíblia hebraica, que é composta por 39 livros. 
 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 2 - A CONSTITUIÇÃO DO CÂNON DAS ESCRITURAS 
Adelino Francisco de Oliveira 
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
 Para uma melhor compreensão do processo de composição do cânon da Bíblia 
destacamos o texto abaixo, extraído da obra Como a Bíblia foi Escrita. 
 
O CÂNON DAS ESCRITURAS 
(...) A fixação do cânon do Antigo Testamento, isto é, o encerramento do 
conjunto de livros que ele constitui de tal forma que não se possa acrescentar ou tirar 
mais nada, é o fruto de uma série de acontecimentos cuja compreensão relaciona-se 
com a consciência religiosa. Para se compreender bem o que se passou a esse respeito 
entre o fim do século I de nossa era e o concílio de Trento (1545-1563), é preciso 
rememorar-se alguns fatos. 
O que vimos até aqui, a variedade dos livros do Antigo Testamento e o caráter 
heterogêneo de tais livros, a longa história de sua redação, que atravessa pelo menos 
uma dúzia de séculos, exclui à primeira vista a idéia de uma única e mesma unidade. 
Entretanto, como observamos ao evocar a tradução grega de Alexandria no fim do 
século III a.c., a idéia de um corpus de livros que apresentasse certa unidade de fundo e 
de intenção já estava a caminho, muito provavelmente desde o Exílio na Babilônia em 
587. No entanto, a tradução grega não será suficiente para "fechar" esse conjunto, pois, 
como já observamos, nos séculos II e I a.C., vai ser acrescentado certo número de livros, 
a maior parte redigida em grego. 
Assim, no momento do nascimento de Cristo e, portanto, da chegada do 
Cristianismo, duas idéias e práticas coexistiam na consciência de Israel: a idéia de dispor 
de Escrituras de referência, como testemunha o próprio Cristo que vem para "cumpri-
Ias", e a possibilidade de se acrescentar novos livros a essas Escrituras. 
No decorrer do século I de nossa era, a conjugação de dois acontecimentos irá 
levar à fixação do cânon, isto é, como a própria palavra grega indica, o estabelecimento 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 2 - A CONSTITUIÇÃO DO CÂNON DAS ESCRITURAS 
Adelino Francisco de Oliveira 
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de uma "regra" intocável para a determinação do conjunto de livros que se tornaria 
para os cristãos o Antigo Testamento, e para os judeus simplesmente a Bíblia. 
Há de início o desenvolvimento do Cristianismo, que levou algumas décadas 
para se distinguir do Judaísmo, tanto aos olhos dos pagãos como dos judeus e mesmo 
aos olhos dos próprios cristãos. Ora, desde meados do século I de nossa era, os cristãos 
passam a produzir Escrituras que, de uma forma ou de outra, poderiam ser 
incorporadas à "biblioteca" de Israel, continuando-a. É verdade que as coisas não 
corriam soltas, como mostrava já há três séculos a existência de toda uma literatura 
judaica que se distinguia do que iria se tomar o Antigo Testamento: trata-se da 
literatura "intertestamentária", como era às vezes chamada. Não se assimilava, portanto, 
sem critério tudo ou qualquer coisa a essas Escrituras, que reclamavam para si Cristo e 
às quais a primeira geração cristã iria se referir para falar de sua morte e ressurreição. 
Mas pode se apostar que se o povo judeu tivesse passado em totalidade para Cristo, 
certo número desses livros cristãos teriam sido colocados na seqüência dos livros dos 
Macabeus e da Sabedoria, quites a nem todos os aceitar. 
Mas aqui se dá um segundo acontecimento, o incêndio do Templo pelas tropas 
de Tito no ano 70 de nossa era. Os responsáveis pela comunidade de Israel se refugiam 
então em Jabné, pequena cidade do sul de Jafa, a espera de uma restauração do 
Templo e do culto. Porém, os anos se passam e essa restauração se torna cada vez 
mais incerta, surgindo mesmo a perspectiva da dispersão ou até mesmo da 
desintegração do núcleo intelectual e cultural da comunidade. Assim, os responsáveis 
por Israel definiram um conjunto de reformas para se protegerem não só desse perigo 
mas também do que lhes parecia ser o perigo cristão. É a consciência desse duplo risco 
que contribuirá para a primeira fixação do cânon do Antigo Testamento. 
Tratava-se de separar os escritos cristãos, que começavam a difundir-se, de um 
conjunto de textos "que maculava as mãos", expressão que significava a sacralidade dos 
livros, que obrigava uma purificação, tanto antes como após o manuseio. Assim 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 2 - A CONSTITUIÇÃO DO CÂNON DAS ESCRITURAS 
Adelino Francisco de Oliveira 
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decretou-se que o evangelho segundo são Mateus "não maculava as mãos"; portanto 
não era sagrado. 
Como esses escritos cristãos se difundiam por meio do grego e citavam as 
Escrituras em grego, foi decidido então excluir a Bíblia grega dessa sacralidade. Desse 
modo não só os livros escritos em grego antes do advento do Cristianismo, como o 
livro da Sabedoria e os livros dos Macabeus, não deveriam figurar na Bíblia Judaica. 
No entanto, o reconhecimento exclusivo das Escrituras hebraicas não se passou 
sem problemas. Houve discussão e hesitação em se admitir o Cântico dos Cânticos, 
Coélet e os últimos capítulos de Ezequiel que descrevem um templo ideal. Foi 
finalmente a autoridade moral de um grande rabino, o rabino Aquiba, que em nome da 
tradição dos Pais, salvou esses livros. Mas o Sirácida, que era talvez conhecido em 
hebraico naquela época, foi assim mesmo excluído. 
Dessa forma, a fixação do cânon das Escrituras, isto é, a constituição do cânon 
hebraico foi estabelecida em grande parte, contra o Cristianismo que no entanto iria 
adotá-Io. A Bíblia hebraica fará autoridade na Igreja, embora o Septuaginta tenha 
permanecido alguns séculos no Ocidente e mais ainda no Oriente, e mesmo que a 
Tradição tivesse mantido em seu cânon os livros escritos ou conservados unicamente 
em grego. 
Por certo, as discussões não foram definitivamente encerradas no fim do século I 
de nossa era. Não entraremos em detalhes sobre os questionamentos que surgiram 
aqui e lá no Cristianismo em torno da presença de tal ou tal livro no cânon. Com Lutero 
e a Reforma haverá novamente um grande questionamento. O cânon luterano se 
manterá dentro do cânon hebraico enquanto que o concílio de Trento manterá os livros 
escritos ou preservados em grego, o que explica as diferenças entre a Bíblia protestante 
e a católica, a que nos referimos no início deste livro. 
A questãoestará assim definitivamente resolvida? Além de permanecer aberta 
ao diálogo entre católicos e protestantes, ela se coloca ainda em relação à Bíblia grega 
ou Septuaginta. (...). 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 2 - A CONSTITUIÇÃO DO CÂNON DAS ESCRITURAS 
Adelino Francisco de Oliveira 
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” 
 
 
(GILBERT, Pierre. Como a Bíblia foi Escrita: Introdução ao Antigo e ao Novo Testamento. 
São Paulo, Paulinas, 1999, pp. 92-95). 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 3 - DA EXEGESE À HERMENÊUTICA 
Adelino Francisco de Oliveira 
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” 
 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Olá, prezado aluno, sinta-se acolhido para mais esse encontro. 
 
Objetivos: Nessa aula apresentaremos a distinção fundamental entre o trabalho 
de exegese e a perspectiva da hermenêutica. 
 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
A palavra hermenêutica tem origem na língua grega e pode ser traduzida como 
interpretação. Em linhas bem gerais, a hermenêutica busca interpretar o sentido de um 
texto, de maneira a aplicar sua mensagem em um outro contexto. Assim, por meio da 
hermenêutica o texto passa a ser interpretado e atualizado. 
É interessante pensar a hermenêutica como uma chave-mestra, capaz de abrir o 
sentido mais genuíno do texto, tornando-o compreensível ao leitor. A partir da 
compreensão do texto é que a hermenêutica avança no sentido de atualizar a 
mensagem que estava escondida, submersa no texto, trazendo-a, aplicando-a para um 
novo contexto. 
A hermenêutica necessita da exegese. O conhecimento produzido pela exegese 
torna-se a base fundamental para as articulações da hermenêutica. Sem uma exegese 
séria e profunda, as atualizações e aplicações propostas pela hermenêutica ficam 
anacrônicas e superficiais. 
A hermenêutica é fundamental, pois a linguagem religiosa não é autoevidente. O 
texto religioso tem uma forma característica e própria, que exige, para uma 
compreensão fidedigna, a hermenêutica. 
Talvez os graves conflitos religiosos que marcam o contemporâneo tenham 
como base a fragilidade de uma hermenêutica sem o amparo da exegese. 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 3 - DA EXEGESE À HERMENÊUTICA 
Adelino Francisco de Oliveira 
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” 
 
Para aprofundar a concepção sobre a relevância da hermenêutica na dinâmica 
de compreensão do texto bíblico, destacamos o filme Em Busca da Terra Prometida, 
produzido pela Verbo Filmes, sob a coordenação do biblista Prof. Dr. Shigueyuki 
Nakanose. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://verbofilmes.org.br/index.php?id_product=18&controller=product 
 
Direção: José Gaspar Guimarães 
Roteiro: Enilda de Paula Pedro e José Gaspar Guimarães. 
Conteúdo: Centro Bíblico Verbo 
Coordenação: Shigueyuki Nakanose. 
Ano: 2000. 
Realização: Verbo Filmes. 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 3 - DA EXEGESE À HERMENÊUTICA 
Adelino Francisco de Oliveira 
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” 
 
Sinopse: 
 
Em Busca da Terra Prometida – A formação do Povo de Deus 
 
O sonho de fazer parte de um povo que tenha terra, cidadania e uma vida abençoada 
está no coração da humanidade. Ao longo da história, muitos grupos têm buscado 
concretizar esse sonho. O povo de Israel, cuja história é contada na Bíblia, foi um deles. 
Esse vídeo quer nos ajudar a entender como esse povo se formou. De onde veio? Onde 
se localizou? Quem fazia parte desse povo? O que os uniu nessa luta por terra e uma 
vida mais abençoada? E... o que tudo isso diz para nossa vida hoje? 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
 Vislumbrando avançar na compreensão da importância da hermenêutica, 
destacamos como leitura de referência o verbete hermenêutica, do Dicionário de 
Conceitos Teológicos. 
 
HERMENÊUTICA 
 
A convicção de que fazer teologia significa com a reflexão tornar 
responsável a fé no autotestemunho de Deus em Jesus de Nazaré 
é parte desde há muito tempo da autocompreensão cristã. Em contrapartida, a 
tese de que a teologia, por sua vez, só se pode realizar 
responsavelmente como reflexão hermenêutica caracteriza apenas uma 
corrente de muita influência do pensamento teológico de nosso século, em cuja 
segunda metade a "herrnenêutica" parece ter sido alçada ao nível de "palavra-
chave do tempo" (Kern/Splete), Trata-se, porém, de termo extremamente 
cambiante. O seu especto semântico atinge desde um cânon de normas 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 3 - DA EXEGESE À HERMENÊUTICA 
Adelino Francisco de Oliveira 
13 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” 
 
técnicas de interpretação (Aristóteles), passando pela fundamentação teórica da 
linguagem e do conhecimento próprios da metodologia hermenêutica 
(Schleiermacher/Dilthey), até a uma análise ontológica da existência tendo 
como critério "método da linguagem" (Gadamer). Esta pluralidade de sentidos 
evidencia um pendor que, através do prisma cronológico e sob o obetivo, 
manifesta movimento de pensar cada vez mais radicalizante, que quer do texto 
como "objeto" chegar ao "ser do texto" (Wilson). Corresponde-lhe, na teologia, 
a tentativa de entender hermenêutica não mais somente como momento 
parcial necessário do trabalho teológico, mas de constituir a teologia como 
todo como hermêneutica, cuja tarefa deveria consistir em captar e explicitar 
reflexivamente aquele "evento de palavra" (Ebeling) que se passa entre a 
"Palavra nas palavras" (Barth) da Escritura e a fé enquanto resposta adequada à 
Palavra-proposta de Deus. Não obstante a realização concreta deste proposta 
possa ser muito diversa em seus vários representantes, a teologia hermenêutica 
deve- se considerar como unidade que se funda na ciência comum de reação à 
situação problemática especificamente da Modernidade, ou seja, determinada 
pelo prisma da história efeitos sobretudo da Reforma e do iluminismo. Em 
decorrência, obtém o seu perfil próprio essencialmente contrapondo-se ao 
fundo das tradições hermenêuticas confessionais, por um lado, bem como no 
confronto com as heranças do iluminismo, por outro lado, portanto na 
polêmica com os questionamentos crítico-ideológicos da teoria crítica e do 
racionalismo crítico (cf. a este respeito, p. ex., as controvérsias de 
Gadamer/Habermas e Ebeling/Albert). 
 (Dicionário de Conceitos Fundamentais de Teologia. São Paulo, Paulus, 1993). 
 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 4 - DELIMITAÇÕES DE TEXTOS NA BÍBLIA 
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Olá, caro aluno, seja muito bem vindo a esse espaço interativo de construção de 
conhecimento. 
 
Objetivos: 
Na aula de hoje abordaremos a questão das delimitações de textos na Bíblia – as 
pericopes. 
 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
 O texto bíblico, nas modernas traduções da Bíblia, é apresentado com divisões 
por meio de títulos. Tais títulos não pertencem ao texto original. Foram acrescentados 
para uma melhor organização a favorecer o processo de leitura. 
 No entanto os títulos bíblicos não foram colocados de maneira aleatória. É 
evidente que cada título, por si só, já cumpre a função de reforçar uma ideia ou mesmo 
uma percepção sobre o texto. O título demarca o início e o fim de um determinado 
texto. 
 As delimitações originais da bíblia decorrem do conteúdo do próprio texto, que 
apresenta certa introdução, um desenvolvimento e uma conclusão. Essas três 
dimensões demarcam o que se designa de perícope. 
 O termo perícope tem origem na língua grega e significa, grosso modo, cortar 
ao redor. A perícope, então, é uma parte do texto, um fragmento, que é destacado por 
transmitir um conteúdo coerente e completo. Assim, a perícope consiste em uma parte 
do texto, pequena ou mesmo longa, que apresenta sentidocompleto. 
 A divisão do texto bíblico em perícope é um recurso importante para se 
aprofundar a análise daquele texto, daquela parte específica. No processo de 
composição da Bíblia, é possível se identificar várias camadas de textos, compostas 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 4 - DELIMITAÇÕES DE TEXTOS NA BÍBLIA 
Adelino Francisco de Oliveira 
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” 
 
inclusive em períodos diferentes. A separação de uma determinada perícope permite 
uma análise mais profunda e pontual do texto em questão. 
 Às vezes um longo capítulo bíblico pode trazer diversas perícopes, compostas 
inclusive em épocas e períodos diferentes da história. Daí a importância de se destacar 
o texto por perícopes. A análise do texto por meio das perícopes possibilita uma 
compreensão mais fiel e genuína do texto, de maneira a separar ideias e concepções 
que não pertencem ao mesmo período. 
 A não demarcação do texto bíblico por perícopes pode conduzir a sérios e 
graves erros de compreensão, levando a equívocos quando a mensagem final do texto. 
Esse parece ser um erro muito comum nos dias de hoje, onde as pessoas e mesmo as 
religiões acabam lendo o texto, fora de contexto, sem nenhum critério, 
comprometendo a própria compreensão profunda da mensagem revelada. 
As pessoas em geral gostam de abrir a Bíblia e ler um pequeno texto, visando 
um momento de oração ou mesmo buscando inspiração para prosseguir o dia. Esse 
pequeno trecho escolhido pode ser uma perícope, desde que tenha sentido completo. 
Cabe ressaltar que cada perícope contempla uma mensagem completa. Isso não 
significa que se deva ler apenas uma determinada perícope em isolado. A Bíblia deve 
ser compreendida em sua totalidade. Sem a visão de totalidade, a mensagem pode não 
ser alcançada em sua profundidade. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
A compreensão das delimitações de textos na Bíblia configura-se como muito 
importante para o estudo exegético. Visando aprofundar mais esse assunto, 
destacamos o fragmento de texto abaixo, extraído da obra Palavra e Deus, Palavra 
da Gente. Leia o texto com atenção. 
 
 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 4 - DELIMITAÇÕES DE TEXTOS NA BÍBLIA 
Adelino Francisco de Oliveira 
16 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” 
 
DELIMITAÇÕES DE TEXTOS 
Às vezes precisamos selecionar trechos da Bíblia para fins de oração, ensino, 
pregação ou estudo. É nessa hora que notamos a importância de aprender a 
demarcar corretamente onde começa e onde termina o texto que nos interessa. 
Delimitar é fixar limites no texto que selecionamos. E selecionar é, de alguma 
forma, recortar e retirar o texto de seu contexto maior. Quando isso não é feito de 
forma adequada, facilmente perdemos seu sentido. É como interromper a fala de 
alguém pela metade e interpretá-Ia sem que a pessoa possa completar o raciocínio. 
Se eu citar, por exemplo, apenas Mateus 5,43 ("Vocês ouviam o que foi dito: 
ame o.seu próximo e odeie o seu inimigo"), o sentido da mensagem ficará 
comprometido ou completamente distorcido. O verdadeiro e definitivo sentido está 
em seu complemento: "Eu porém lhes digo: amem os seus inimigos e rezem por 
aqueles que perseguem vocês!" (Mateus 5,44). 
A distorção acontece toda vez que lemos um texto pela metade ou 
empregamos uma frase solta da Bíblia fora de seu contexto. O mal-entendido só se 
desfaz quando o discurso é delimitado corretamente em sua totalidade, do começo 
ao fim. 
Um texto com começo, meio e fim constitui uma unidade que pode ser 
entendida por si mesma, sem recorrer a outros textos. Por isso, é chamado de 
pericope (que quer dizer cortar em volta de). 
O estudo de um texto bíblico, seja carta, milagre, parábola ou oráculo 
profético, passa primeiramente por sua delimitação. É o momento de definir a 
perícope. 
Vejam um exemplo. A narração iniciada em Gênesis 1,1: "No princípio, Deus 
criou o céu e a terra", não termina no último versículo do capítulo 1, mas sim em 
Gênesis 2,4a: "Essa é a história da criação do céu e da terra". Só quando 
delimitamos o começo e o final da narrativa podemos finalmente ter diante dos olhos 
o texto completo, cuja forma identificaremos como relato da criação. 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 4 - DELIMITAÇÕES DE TEXTOS NA BÍBLIA 
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Como então identificar onde começa e onde termina um texto, se nem sempre 
sua delimitação corresponde à divisão em capítulos e versículos? Uma forte mudança 
na forma é uma pista, como também alguma alteração no cenário, no tema, de 
personagens, datas ou acontecimentos que o texto vinha trazendo. 
Continuemos com o exemplo, em Gênesis 2,4-5, encontramos uma ruptura na 
seqüência da narrativa. A primeira sentença (2,4a) fecha e conclui o relato da criação 
iniciado em Gênesis 1,1. O que vem escrito logo em seguida, em 2,4b, interrompe o que 
já foi relatado anteriormente, iniciando outro relato. Há quebra na continuidade. 
Observemos mais de perto. 
A sentença: "Quando Javé Deus fez a terra e o céu" (2,4b) já pertence a outro 
texto, pois inaugura nova forma de narrar a criação, que continua em 2,5: "ainda não 
havia na terra nenhuma planta do campo, pois no campo ainda não havia brotado 
nenhuma erva: Javé Deus não tinha. feito chover sobre a terra e não havia homem que 
cultivasse o solo". As obras criadas no terceiro e sexto dias (1) 1-12.26), conforme a 
narrativa anterior, são completamente ignoradas em 2,4b-5. Isso indica que estamos 
diante de outro relato da criação (2,4b-25), diferente e independente do anterior (1,1-
2,4a). 
A distinção entre as duas perícopes, Gênesis 1,1-2,4a e 2,4b-25, é amostra da 
importância da delimitação de um texto. Temos aqui duas narrativas da criação 
originalmente independentes uma da outra. Essa descoberta nos ajuda a perceber a 
riqueza da mensagem que cada texto bíblico em sua singularidade e autonomia pode 
nos comunicar. 
(RODRIGUES, Maria Paula, org. Palava de Deus, Palavra da Gente: As formas literárias na 
Bíblia. São Paulo, Paulus, 2004, pp. 33-34). 
 
 
 
 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 5 - FORMAS LITERÁRIAS 
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Olá, prezado aluno, novamente sinta-se acolhido nesse espaço virtual e 
interativo de estudo. 
 
Objetivos: 
Na presente aula analisaremos as formas literárias presentes nos textos bíblicos. 
A compreensão das formas literárias revela-se como fundamental para a compreensão 
da própria mensagem bíblica. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
 A Bíblia compõe-se como um livro complexo. Na verdade é a reunião de muitos 
livros. Daí o termo bíblia, que do grego significa justamente livros. Os livros que 
constituem a Bíblia não foram escritos por um único e mesmo autor, nem em um 
mesmo período histórico. Assim, é possível se identificar na Bíblia diversas formas 
redacionais. 
 A forma consiste na maneira como o livro ou texto foi escrito. Por trás da forma 
se descortina a visão e a intenção dos escritores. A forma diz respeito à estruturação e 
organização concreta do texto. Assim, o texto bíblico pode estar escrito, construído 
utilizando-se de diversas formas – novela, poesia, fábula, relato histórico, parábola etc. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
 Para avançar na compreensão das formas de escrita na Bíblia, destacamos para 
leitura básica o texto abaixo. 
 
 
 
INTENÇÃO DAS FORMAS BÍBLICAS 
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Em Atos 8,26-40 temos o relato do encontro entre Filipe e o eunuco etíope, 
que está voltando de sua peregrinação a Jerusalém. Sentado em seu carro, o alto 
funcionário da rainhada Etiópia lê Isaías, mas não consegue entendê-lo. Filipe o 
alcança, senta-se a seu lado e acompanha a leitura: "Ele foi levado como ovelha ao 
matadouro. E como um cordeiro perante o seu tosquiador, ele ficava mudo e não 
abria a boca". O eunuco então pergunta: "Por favor, me explique: de quem o 
profeta está dizendo isso? Ele fala de si mesmo ou se refere a outra pessoa?" 
O eunuco quer saber o sentido do texto que lê. Então, pergunta a Filipe: qual 
foi a intenção do profeta, dizer de si ou de outro? 
Essa pergunta também a fazemos constantemente ao abrir a Bíblia: o que 
quer dizer este texto? O que estava querendo falar o autor? Por isso, não basta 
saber qual é a forma fixa utilizada em determinado texto, senão também com que 
finalidade e propósito. Vamos a alguns exemplos. 
Tempo dos Juízes. Abimelec tinha matado os próprios irmãos e convencido 
o povo a proclamá-lo rei. Joatão, que escapara de ser assassinado, quis alertar o 
povo, reunido, para o perigo iminente. Para isso, contou uma fábula: as árvores 
querem alguém para reinar sobre elas, as frutíferas se recusam a aceitar o convite; 
só o espinheiro aceita, e usa desse poder para ameaçar e subjugar as outras 
árvores. A intenção de Joatão era clara: comparar a figura do rei ao spinheiro, e 
assim questionar a própria realeza em Israel (veja Juízes 9,1-21). Neste caso, fica 
bem claro como a mensagem em forma de fábula ajuda a produzir o efeito 
desejado: mostrar os perigos da realeza para o povo. 
Como essa fábula, encontramos nos textos bíblicos outras histórias, contos, 
casos, parábolas. Jesus também foi um bom contador de histórias, e utilizava-as 
para questionar seus seguidores e ouvintes sobre a vida, sobre o reino de Deus. 
Não queria se mostrar inacessível, distante ou separado das pessoas comuns. Ao 
contrário, dava um ensinamento novo, com autoridade e, ao mesmo tempo, que 
chegava ao coração das pessoas. 
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Um bom exemplo da importância da intenção num texto encontramos nos textos 
apocalípticos. Muitos pensam que as descrições que o encontramos, por exemplo, 
no Apocalipse de João, são relatos fiéis do que está para acontecer num futuro 
talvez não distante. Foi assim na virada do milênio. Mas o Apocalipse não fala do 
futuro, e sim do presente. Descreve a situação das comunidades cristãs sob o 
Império Romano, e as incita a continuar fiéis na estrada de Jesus. Entendida assim, 
a intenção fica clara. 
 (...) Resumindo, é muito importante nos perguntarmos sobre a intenção de 
cada texto da Bíblia. Textos cuja finalidade foi mal interpretada já levaram a muita 
confusão na Igreja. Por isso, o estudo das formas é um instrumento importante 
para entender melhor o que a Bíblia tem a dizer também para nós hoje. 
UM TEXTO PARA CADA CONTEXTO 
Já vimos que o ambiente e as intenções que determinam nossa comunicação 
definem também nosso jeito de falar ou escrever. Entre dois namorados a conversa não 
é "prezado senhor, respeitável senhora"; e no ambiente de trabalho dificilmente vamos 
tratar as pessoas por "meu bem" ou "amorzinho". Isso porque o modo de falarmos 
também indica nossos objetivos em determinado momento. Sendo assim, existe uma 
relação de ida e vinda entre o contexto em que nos encontramos e as formas de nossa 
comunicação: um influencia o outro. 
Mas não é só isso. Determinada forma de nos expressarmos pode indicar 
também nosso jeito de olhar certa realidade e de comunicá-Ia. Vamos logo a um 
exemplo da Bíblia. Em 2 Reis 14,23-29 temos a notícia sobre um rei de Israel, de nome 
Jeroboão, que governou entre os anos 787 e 747 antes de Cristo. É bem verdade que o 
texto reconhece que o rei não foi fiel a Javé, mas de resto o relato é bastante elogioso a 
seu respeito: fala das conquistas militares, dos novos territórios dominados por Israel. 
Inclusive considera Jeroboão um instrumento de Javé para a salvação de Israel, pois 
realizou as palavras do profeta Jonas (é deste profeta que vai falar, muito tempo mais 
tarde, o livro de Jonas encontrado na Bíblia). 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 5 - FORMAS LITERÁRIAS 
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Temos, portanto, um relato sobre conquistas e realizações do rei Jeroboão. O 
que pretende esse texto? Ele não apenas informa sobre o que o rei fez, mas passa uma 
imagem dele, destacando sua coragem e ação. Com isso, quer fazer com que leitor e 
leitora simpatizem com ele: mesmo sendo infiel a Javé, o rei ao menos cumpre a 
palavra do profeta! 
O texto então interpreta certa realidade, oferece uma versão sobre o reinado de 
Jeroboão. Mas. essa versão, essa imagem é bastante diferente da que temos ao ter o 
livro de Amós, profeta que atuou no tempo de Jeroboão. Aí o que lemos é que seu 
reinado é responsável pelo empobrecimento do povo, pela violência que corre por 
toda parte, pela fome que atinge as famílias; pela injustiça que massacra os pobres. E o 
texto ainda afirma que Javé vai destruir seu reinado (Amós 7,9). Como entender isso? 
Um texto e outro falam a respeito da mesma personalidade de maneiras tão 
diversas! 
Essa contradição também se explica pelas formas que os dois textos 
assumem. O primeiro é um relato de ações e realizações do rei, que parece resumir 
os "Anais dos Reis de Israel" (2 Reis 14,28), espécie de Diário Oficial da época. Daí 
não poderia surgir outra coisa: somente uma imagem simpática e positiva do rei! 
Já em Amós, o que encontramos são principalmente oráculos, falas do 
profeta. Ou então relatos de visões que ele teve. Tanto oráculos como visões falam 
da realidade de forma a questioná-Ia, nunca a aceitá-Ia. As formas que os textos da 
profecia assumem indicam um olhar crítico sobre o que está acontecendo e 
sugerem sua transformação. 
 
 (RODRIGUES, Maria Paula, org. Palavra de Deus, Palavra da Gente: As formas literárias 
na Bíblia. São Paulo, Paulus, 2004, pp. 33-34). 
 
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UNIDADE 6 - DIMENSÕES FUNDAMENTAIS DA CULTURA HEBRAICA 
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Olá, prezado aluno, sinta-se acolhido para mais essa aula da disciplina Exegese: 
Cultura Hebraica e Grega. 
 
Objetivos: O encontro de hoje tem como foco central apresentar alguns 
aspectos fundamentais da cultura hebraica. 
 
1. DIMENSÕES FUNDAMENTAIS DA CULTURA HEBRAICA 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
 Assim como as formas de redação, o conhecimento sobre os gêneros literários 
presentes no processo de redação dos textos da Bíblia desvela-se com fundamental 
para a análise exegética. O conhecimento dos gêneros literários possibilita uma 
compreensão mais profunda da mensagem do texto bíblico. 
 Diferentemente das formas de escrita, que contemplam uma dimensão tangível, 
concreta, os gêneros literários designa os vários tipos ou modelos de textos. 
 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
 Visando ampliar a compreensão sobre os gêneros literários na Bíblia, 
destacamos o texto abaixo. 
 
 FORMA E GÊNERO LITERÁRIO 
 
Até aqui falamos da [orma de um texto. Vamos agora introduzir outra expressão: 
gênero literário. O que será isso? 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 6 - DIMENSÕES FUNDAMENTAIS DA CULTURA HEBRAICA 
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(...) Falamos de gênero e de forma. São coisas diferentes. Gênero literário 
designa os vários tipos ou modelos de texto que podemos encontrar. Forma indica o 
texto real, do jeito como ele aparece para nós. É a diferença que existe entre o 
molde e a roupa. O molde determina a forma da roupa, assim como o gênero 
determina a forma do texto. 
Como um guarda-roupa reúne peças deroupa de diferentes modelos, a 
Bíblia contém textos pertencentes a inúmeros gêneros. É isso que vamos 
aprofundar daqui por diante. 
Agora queremos chamar a atenção para um detalhe. Geralmente 
encontramos formas com um único gênero. Mas pode haver um texto que seja 
feito de mais de um gênero. Veja, por exemplo, o Salmo 22. Ele é feito de uma 
lamentação (22,2-19), uma súplica (22,20-22) e uma promessa (22,23-30). Veja 
também o Salmo 69; acontece coisa semelhante. (...). 
É o caso também do Salmo 22. O salmo é a forma, o texto concreto; 
lamentação, súplica e promessa são os gêneros ou modelos que estão refletidos ali. 
Cada um deles expressa sentimentos próprios, responde a intenções diferentes. E isso 
deve ser considerado quando se toma o texto querendo descobrir seu sentido, sua 
mensagem. Isso vale para os textos bíblicos em geral. 
(...) Dependendo dos gêneros que identificamos no texto, faremos esta ou 
aquela interpretação, descobriremos este ou aquele sentido. (...). 
No caso da Bíblia, teremos a oportunidade de verificar que essas questões são 
da maior importância, inclusive porque os gêneros mais utilizados naquela época não 
são necessariamente os que nós mais usamos. Daí o cuidado que se deve ter na leitura 
e interpretação dos textos bíblicos: muitas das dificuldades de compreensão vêm 
dessas questões ligadas à forma e ao gênero literário. 
Por outro lado, a atenção a essa problemática pode nos levar a perceber 
aspectos surpreendentes nos textos. Se, por exemplo, voltamos ao Salmo 22, vamos 
nos surpreender ao encontrar nele não apenas o lamento, mas também a confiança e o 
olhar para dias melhores, tudo fortalecido pela fel Por isso, ânimo e coragem no 
caminho: estas reflexões abrirão muitas pistas na compreensão dos textos da Bíblia. 
PRINCIPAIS GÊNEROS MAIORES 
Vamos logo partir de um exemplo concreto. O que é um evangelho? 
Conhecemos tanto a palavra que a pergunta pode estranhar. Mas vamos lá, pois 
podemos ter surpresas. 
Nas cartas do apóstolo Paulo, no Novo Testamento, esta palavra refere-se ao 
conteúdo da pregação do grande missionário. Ela significa "boa notícia": expressa 
aquilo que o apóstolo prega a respeito de Jesus. Por isso mesmo, podemos falar 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 6 - DIMENSÕES FUNDAMENTAIS DA CULTURA HEBRAICA 
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em vários evangelhos, como o próprio Paulo reconhece na carta às comunidades 
da Galácia: outros missionários pregam sobre Jesus de outra forma, com outros 
conteúdos (veja Gálatas 1,6-11). 
Por outro lado não deixa de ser surpreendente que Paulo chame sua 
pregação a respeito de Jesus de "evangelho" ou "boa notícia": não é estranho 
chamar dessa forma a proclamação sobre um crucificado (veja 1 Corintios 1,22-23)? 
Escândalo e loucura... 
Mas a palavra evangelho no Novo Testamento pode designar outra coisa. 
Quatro livros levam o nome de "evangelho": Mateus, Marcos, Lucas e João. Nesses 
casos, a palavra não designa somente um conteúdo, mas sim o gênero literário: 
refere-se ao livro que narra a trajetória daquele que trouxe uma boa notícia para os 
pobres e abandonados. Temos aqui uma modificação no sentido da palavra 
evangelho. 
A primeira obra em que essa palavra adquiriu este novo sentido, de gênero 
literário, foi o Evangelho segundo Marcos (vej a 1,1). Este gênero literário maior tem em 
seu interior vários gêneros menores: parábolas, narrativas de milagres, diálogos de 
controvérsia... 
Temos outros gêneros literários maiores na Bíblia. Vamos a alguns exemplos. 
Inicialmente a carta: as de Paulo são as mais conhecidas, mas temos outras. Nelas temos 
ações de graças, pedidos, exortações, saudações, reflexões e outros gêneros menores. 
Os atos são também um gênero, onde são relatadas ações de um ou mais personagens; 
é o caso dos Atos dos Apóstolos. Nele encontramos relatos de milagres, discursos, 
narrativas de viagem... 
Temos ainda a obra histórica, com a finalidade de oferecer um relato a respeito de 
determinado período da história do povo de Deus. A mais extensa e importante delas é 
a chamada "Obra Histórica Deuteronomista", composta elos livros do Deuteronômio, 
Josué, Juizes, 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis. Quanta variedade encontramos aí] Poemas (veja 
Juízes 5; 1 Samuel 2,1-10), narrações sobre profetas (l Reis 17-2 Reis 10), apólogo 
(história em que árvore 
fala: Juízes 9,8-15), parábola (2 Sãmuel12,l-4), relatos sobre reis (é o conteúdo de quase 
todo 1 e 2 Reísl), leis (o Deuteronômio é um código legal). 
O apocalipse é um gênero literário maior, e suas características são fáceis de 
perceber (embora nem sempre sejam fáceis de compreender!). O nome vem 
justamente do livro do Apocalipse de João, o melhor (mas não o único) exemplo bíblico 
deste gênero. 
Já o caso da profecia é mais complexo. Temos de pensar no movimento 
histórico dos profetas e profetisas em Israel. Desses, alguns receberam registro e outros 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 6 - DIMENSÕES FUNDAMENTAIS DA CULTURA HEBRAICA 
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não. Outra coisa são os livros proféticos em nossas Bíblias, com características muito 
diversas uns dos outros. Outra coisa ainda é o gênero literário profecia, marcado 
principalmente pela presença da palavra de Javé comunica da ao profeta. O livro de 
Amós, por exemplo, é feito de oráculos de Javé ao profeta e visões que ele teve, 
também da parte de Javé. 
Há outros gêneros maiores na Bíblia, mas por enquanto ficamos com esses. Eles 
terão chamado nossa atenção para a importância de considerar essas questões em 
nossa leitura da Bíblia. Mais uma ferramenta: 
ORGANIZANDO AS FERRAMENTAS 
1. Forma e conteúdo. Todo texto tem forma e conteúdo. O conteúdo é a informação 
transmitida. A forma é a maneira como a informação é transmitida. Juntos, 
compõem o sentido do texto. 
2. Formas fixas. No dia-a-dia e na Bíblia usamos formas de linguagem para nos 
comunicar. Algumas são fixas, isto é, repetem-se em situações parecidas. 
3. Intenção das formas. Cada forma literária surge numa diferente situação do 
cotidiano, a partir de interesses particulares. A intenção está relacionada com o 
objetivo do autor ao escrever seu texto. 
4. Função das formas. As formas literárias podem ser usadas de acordo com as 
necessidades do leitor. A função da forma está relacionada com o uso que o leitor 
faz do texto. 
5. Gênero x forma. O gênero literário é o modelo usado para dar forma a um texto 
concreto. Enquanto gênero é um conceito abstrato, a forma é concreta, está presente 
e visível nos textos reais. 
6. Identificação. Podemos identificar um gênero comparando textos entre si. A 
comparação ajudará a ver as características comuns a ambos e a identificar o 
modelo seguido em sua construção. 
7. Gêneros misturados. Um mesmo texto pode refletir vários gêneros literários. O 
autor é livre para compor peças literárias a partir de modelos diferentes, conforme 
seu estilo e talento. 
8. Gênero maior e gênero menor. Os gêneros maiores são indicados pelo conjunto 
das características literárias de um texto mais extenso. Os menores são os modelos 
mais específicos, que se unem para compor os modelos maiores. 
9. Importância do estudo. Há inúmeros gêneros literários na atualidade e na Bíblia. 
Conhecê-los ajuda o leitor a compreender em profundidade a mensagem que o 
autor intencionava comunicar. 
 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 6 - DIMENSÕES FUNDAMENTAIS DA CULTURA HEBRAICA 
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 (RODRIGUES, Maria Paula, org. Palavra de Deus, Palavra da Gente: As formas literárias 
na Bíblia. São Paulo, Paulus, 2004, pp. 23-29). 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 7 - DIMENSÕES FUNDAMENTAIS DA COSMOVISÃO HEBRAICA 
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Olá, prezado aluno, sinta-se acolhido para mais essa aula da disciplina Exegese: 
Cultura Hebraica e Grega. 
 
Objetivos: 
O encontro de hoje tem como foco central apresentar alguns aspectos 
fundamentais da visão cultural hebraica. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
 A grande maioria dos livros que compõem a Bíblia foi escrito em hebraico. 
Praticamente quase todo o Antigo Testamento foi redigido em hebraico. O Novo 
Testamento foi totalmente escrito em grego. Mas o importante é que mesmo quando o 
escritor sagrado utilizava-se da língua grega ele estava pensando em consonância com 
a cultura hebraica. Assim, a cultura hebraica compõe-se como o substrato cultural 
fundamental da Bíblia. 
 Não é possível se conhecer realmente a Bíblia sem primeiro se compreender 
dimensões fundamentais da cultura hebraica. Quando maior for a imersão na cultura 
hebraica, mais condições se cria para uma compreensão refinada, elevada dos textos 
sagrados. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
 A cosmovisão judaica 
Mas quais as posições básicas do judaísmo? O judaísmo era não só uma religião, 
uma doutrina mística e teológica, mas também todo um substrato cultural de uma 
civilização mediterrânea. Tem sua história e seus princípios registrados na Bíblia, na 
parte correspondente ao Velho Testamento. Em sua literatura teológica, o povo judeu 
sempre se entendeu como um povo privilegiado, com quem Deus fizera uma aliança e 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 7 - DIMENSÕES FUNDAMENTAIS DA COSMOVISÃO HEBRAICA 
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a quem prometera um destino muito importante e significativo, ultrapassadas as 
dificuldades de toda ordem que deveria enfrentar historicamente. 
O que subjaz a toda essa narrativa bíblica? Que é um Deus todo-poderoso, 
senhor e criador do Universo, que promete salvar o povo judeu, por ele escolhido para 
ser seu representante na Terra. Note-se que não se trata de salvar o indivíduo como tal, 
mas a comunidade, o povo que for fiel a Deus, sendo essa salvação um acontecimento 
histórico, uma vez que se dará no decorrer da história; os homens que constituem a 
comunidade que será salva são os indivíduos concretos: os judeus não enfatizam então 
a distinção e a dualidade corpo e alma. Portanto, o que se tem de básico na visão 
judaica são os seguintes princípios: 1. a historicidade, o sentido da história dos 
acontecimentos; 2. o sentido do coletivo, do caráter comunitário prevalecendo sobre o 
individual; 3. o sentido da unidade do homem e da valorização do corpo; 4. a visão de 
Deus como um ser pessoal, cheio de reações análogas às dos homens com quem a 
comunidade judaica se relaciona e faz alianças. 
O texto seguinte, extraído do Deuteronômio, um livro bíblico do Antigo 
Testamento, dá bem a idéia de como o judaísmo considerava Deus e suas relações com 
os homens. Esse livro é tido como o Evangelho do Antigo Testamento e expõe os 
discursos de Moisés ao povo israelita. 
"7 Quando o Senhor teu Deus te tiver introduzido na terra, de que vais 
tomar posse, e tiver exterminado diante de ti muitas nações o Heteu e o 
Gergeseu e o Amorreu, e o Cananeu e o Ferezeu, e o Heveu, e o Jebuseu, sete 
nações muito mais numerosas e mais fortes do que tu, e o Senhor teu Deus tas 
tiver entregado, tu as combaterás até ao extermínio. Não farás aliança com elas 
nem as tratarás com compaixão, nem contratarás com elas matrimônios. Não 
darás tua filha a seu filho, nem tomarás sua filha para teu filho; porque ela 
seduzirá o teu filho para que me não siga, mas sirva antes a deuses estranhos, e 
o furor do Senhor se acenderá, e te destruirá logo. Mas antes ao contrário fareis 
assim: Deitai abaixo os seus altares e quebrai as estátuas, e cortai os bosques, e 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 7 - DIMENSÕES FUNDAMENTAIS DA COSMOVISÃO HEBRAICA 
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queimai as esculturas. Porque tu és um povo consagrado no Senhor teu Deus. O 
Senhor teu Deus te escolheu para seres um povo particular, entre todos os 
povos que há na terra. Não (foi) porque excedêsseis em número todas a nações 
que o Senhor se uniu a vós, e vos escolheu, sendo vós menos em número do 
que todos os outros povos, mais foi porque o Senhor vos amou e guardou o 
juramento que tinha feito a vossos pais; por isso vos tirou com mão poderosa, e 
vos resgatou da casada escravidão, do poder de Faraó, rei do Egito. E saberás 
que o Senhor teu Deus é o Deus forte e fiel que guarda o seu pacto e a sua 
misericórdia até mil gerações com aqueles que o amam e observam os seus 
preceitos, e que castiga prontamente os que o aborrecem de modo a exterminá-
Ios e a não diferir por mais tempo, dando-lhes imediatamente o que merecem. 
Guarda, pois, os preceitos e cerimônias e ordenações que eu hoje te 
mando observar. Se, depois de teres ouvido estas ordenações as guardares e 
praticares, também o Senhor teu Deus guardará a teu respeito o pacto e a 
misericórdia que jurou a teus pais, e te amará e te multiplicará, e abençoará o 
fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, o teu trigo, e a vindima, e o azeite, e 
os bois, e os rebanhos das tuas ovelhas na terra que ele jurou a teus pais dar-te. 
Serás bendito entre todos os povos. Não haverá no meio de ti quem seja estéril 
de um nem de outro sexo, nem entre os homens nem entre os teus rebanhos. O 
Senhor afastará de ti todas as doenças; e não fará cair sobre ti, mas sobre os 
teus inimigos as terríveis pragas do Egito, que tu conheces. Devorarás todos os 
povos, que o Senhor teu Deus está para te entregar. Não os pouparão teus 
olhos, e não servirás aos seus deuses, para que não venham a ser causa da tua 
ruína. 
Se disseres no teu coração: Estas nações são mais numerosas do que eu, 
como poderei eu extingui-Ias? Não temas mas lembra-te do que o Senhor teu 
Deus fez a Faraó e a todos os Egípcios, das grandíssimas pragas que os teus 
olhos viram, e dos milagres, e dos prodígios e da mão poderosa e do braço 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 7 - DIMENSÕES FUNDAMENTAIS DA COSMOVISÃO HEBRAICA 
Adelino Francisco de Oliveira 
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estendido com que o Senhor teu Deus te tirou para fora: o mesmo fará ele a 
todos os povos que temes. Além disso o Senhor teu Deus mandará vespas 
contra eles, até destruir e exterminar todos os que tiverem fugido ou viverem 
podido esconder-se. 
Não os temerás, porque o Senhor teu Deus está no meio de ti. Deus 
grande e terrível. Ele mesmo destruirá estas nações diante de ti pouco a 
pouco, e por partes. Tu não as poderás destruir a um tempo, a fim de que se 
não multipliquem contra ti as feras da terra. E o Senhor teu Deus os dará em teu 
poder, e os fará morrer até que todos sejam destruídos. E entregará nas tuas 
mãos os seus reis, e farás perecer os seus nomes de debaixo do céu. Ninguém te 
poderá resistir, até que os tenhas reduzido a pó. Queimarás no fogo as suas 
esculturas; não cobiçarás a prata nem o ouro de que são feitas, nem delas 
tomarás nada para ti, para que não tropeces, visto serem a abominação do 
Senhor teu Deus. E não levarás para a tua casa coisa alguma de ídolo, para que 
te não tomes anátema, como ele o é. Detestá-Io-ás como imundície, e abominá-
lo-ás como coisa imunda e sórdida, porque é um anátema. 
8 Tem muito cuidado em observar todos os preceitos que eu hoje 
prescrevo para que possais viver, e multiplicar-vos, e, tendo entrado, possuais a 
terra pela qual o Senhor jurou a vossos pais. E recordar-te-ás de todo o caminho 
por onde o Senhor teu Deus te conduziu pelo deserto durante quarenta anos, 
para te castigar, e para te provar, e para que tomasse manifesto o que estava 
dentro de teu coração, se guardarás ou não os seus mandamentos. Afligiu-tecom a fome, e deu-te por sustento o maná, que tu desconhecias e teus pais, 
para te mostrar que o homem não vive só do pão, mas de toda a palavra que sai 
da boca de Deus. O teu vestido, com que te cobrias, não chegou a gastar-se 
com a velhice, e o teu pé não foi magoado, e este é o quadragésimo ano. Para 
que reconheças no teu coração, que do mesmo modo que um homem instrui 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 7 - DIMENSÕES FUNDAMENTAIS DA COSMOVISÃO HEBRAICA 
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seu filho, assim o Senhor teu Deus te instruiu a ti, para que guardes os 
mandamentos do Senhor teu Deus, e andes os seus caminhos e o temas." 
Deuteronômio, 7-8, Bfblia sagrada. 9' ed. São Paulo, Paulinas, 1955, p. 207-208. (Trad, Pe. Matos 
Soares.) 
(SEVERINO, Antônio Joaquim. Filosofia. São Paulo, Cortez, 1992, pp. 45-48). 
 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 8 - APROXIMAÇÃO ÀS TRADIÇÕES JUDAICAS 
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
 
Prezado aluno, seja muito bem vindo a esse espaço virtual e interativo de 
estudo. 
 
Objetivos: 
Nesse encontro, estruturado em dois momentos de aula desenvolveremos uma 
aproximação às tradições judaicas, vislumbrando compor uma visão de conjunto sobre 
a própria tradição bíblica. 
 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
 O judaísmo compõe-se como uma riquíssima tradição cultural e religiosa. A base 
fundamental das tradições judaicas encontra-se na Torah e na Bíblia Hebraica em geral. 
 Ter uma visão de conjunto das tradições judaicas desvela-se como fundamental 
para a compreensão da própria Bíblia. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
 Visando avançar no conhecimento de conjunto das tradições fundamentais do 
judaísmo, destacamos o texto abaixo. 
 
O NASCIMENTO DO MONOTEÍSMO: O JUDAÍSMO 
Primeira religião monoteísta, o judaísmo é organizado ao mesmo tempo em 
torno de um livro santo, a Torá, ou "Ensinamento", e em torno da história de um povo. 
Os hebreus vão formar uma nação ao final da narrativa fundadora do Êxodo do Egito: 
os israelitas são oriundos das doze tribos federadas por Moisés, depois por seu 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 8 - APROXIMAÇÃO ÀS TRADIÇÕES JUDAICAS 
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sucessor Josué, cujo pai comum é Jacó, rebatizado "Israel" por Deus, com Israel 
significando "EI (deus) é minha força". 
O termo "judeu" é oriundo do grego ioudaîos, depois do latim judaeus, que 
designava os habitantes da Judeia. Yehoudi em hebreu designa os residentes de 
Yehoudah, antigo reino de judá, e de sua capital Jerusalém. A partir do século II antes 
de nossa era, o termo "judeu" dizia respeito mais a uma nacionalidade do que a um 
pertencimento religioso. É bem verdade, porém, que pertencer a uma religião ainda era 
ser naturalmente ligado à terra de origem. 
Os fiéis à Lei de Moisés e ao deus único de seus pais, os patriarcas Abraão, Jacó 
e Isaac, não vivem apenas na Judeia, mas no território do antigo reino de Davi e 
Salomão, que, segundo a narrativa bíblica, no primeiro milênio antes de nossa era, 
estende-se das margens do Eufrates, a leste, até o território de Gaza, a oeste. Após 
invasões sucessivas (assírios, babilônios, persas, gregos e depois romanos), numerosas 
diásporas judias se instalam pelo mundo, principalmente na Babilônia, depois em 
Alexandria e em Roma. O estudo da Torá deverá então adaptar-se ao seu entorno 
histórico, às suas traduções e a seus numerosos comentários e interpretações, como o 
Talmude. 
 
O MUNDO NO TEMPO DE MOISÉS 
 
Do tempo dos deuses ao tempo dos homens. 
O mundo no tempo de Moisés é um verdadeiro vulcão, onde é difícil 
encontrar um espaço de paz e estabilidade. Os grandes impérios desmoronam uns 
após os outros libertando alguns povos e condenando outros ao nomadismo. No 
Oriente Próximo, é o fim da Idade do Bronze e o nascimento do pensamento 
monoteísta, enquanto na China se desenvolve a religião do Tao e na Índia começa a 
primeira época védica. 
 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 8 - APROXIMAÇÃO ÀS TRADIÇÕES JUDAICAS 
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O Êxodo dos hebreus - 1450 ou 1250 a.C. 
O Êxodo bíblico dos hebreus sob autoridade de Moisés é em geral fixado em 
uma dessas duas datas. A hipótese mais provável, porém, é a das ondas sucessivas 
(desde 1500 a.C.) de hebreus vindos do Egito para juntar-se a outros hebreus já 
instalados na terra de Canaã, futura "Terra Prometida". Aproveitando a guerra entre o 
Egito e o Império Hitita, os hebreus conseguirão se impor aos reis cananeus divididos 
(1380-1350 a.C). 
 
O DECÁLOGO, UM VERDADEIRO CÓDIGO DE SOCIEDADE 
O Decálogo, ou os Dez Mandamentos, são as injunções pronunciadas por Deus 
do alto do monte Sinai para as crianças de Israel, sete semanas após o Êxodo do Egito. 
Esses mandamentos serão em seguida inscritos pelo dedo de Deus sobre duas tábuas 
de pedra, as Tábuas da Aliança, entregues a Moisés para serem colocadas na Arca da 
Aliança, que será, a partir do reinado de Salomão, posta no abrigo do Santo dos 
Santos, a câmara mais sagrada do templo de Jerusalém. 
 
TRÊS FESTAS FUNDADORAS 
As três festas de peregrinação a Jerusalém são de início festas agrícolas. Seus 
significados serão enriquecidos por acontecimentos históricos celebrados no mesmo 
período. Essas festas fundadoras consagrarão acontecimentos míticos no judaísmo, 
depois no cristianismo e no islã. 
 
A Páscoa 
A Páscoa, Pessach em hebreu, é originalmente a festa da primeira lua da 
primavera e o período da primeira colheita da cevada. É a festa da renovação da 
natureza, do renascimento dos campos, das árvores frutíferas e do rebanho. O Êxodo 
do Egito, a liberação dos hebreus escravizados pelo faraó, exprime o renascimento de 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
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um povo. O anjo da morte enviado por Deus para tomar a vida dos recém-nascidos do 
Egito "passará" sobre as casas dos hebreus, protegidos pelo sinal de Deus traçado nas 
portas com o sangue do cordeiro pascal sacrificado para a ocasião. Pessach é chamada 
também "Passagem", por adaptação do termo grego paskha e do latino pascha, que 
são a tradução dessa palavra. 
O sacrifício do cordeiro pascal consagra a Deus o primeiro cordeiro recém-
nascido dos rebanhos a fim de garantir sua fertilidade. Na tradição judia, o consumo de 
alimentos ou de pão fermentado é proibido durante sete dias. A festa de Páscoa 
corresponde realmente a uma festa ainda mais antiga, a festa dos ázimos. A Páscoa 
cristã celebrará a ressurreição de Jesus no domingo de Páscoa. O sangue de Jesus fará 
as vezes do sangue do cordeiro pascal para garantir a ressurreição do povo e, depois, 
de seus fiéis em geral. A Páscoa também celebra aqui a "passagem" da morte para a 
vida nova, como o Êxodo do Egito foi a passagem da servidão para a liberdade. 
Pentecostes 
Pentecostes, Shavuot em hebreu, é a Festa das Semanas, ocorrendo sete 
semanas, ou quarenta e nove dias, após a Páscoa, por ocasião da colheita do trigo. A 
palavra "pentecostes" é oriunda do grego pentekoste, "quinquagésimo". Foi no 
quinquagésimo dia após o Êxodo do Egito que Moisés recebeu os Dez Mandamentos 
proclamados por Deus sobre o monte Sinai. Shavuot celebra ao mesmo tempo as 
colheitas, a doação da Lei e a Aliança que inscreve Israel no grande desígnio divino. 
Essa festa de peregrinação marca o ponto culminante da marcha rumo à liberdade, que 
se exprime através da doação da Lei. Essa celebração faz também parte do pensamento 
cristão, já que Pentecostes é o dia em que o Espírito Santodesce sobre os discípulos de 
Jesus. O apóstolo Pedro solda então a primeira pedra da futura igreja cristã batizando 
os primeiros fiéis. O islã, por sua vez, celebrará a "Noite do Destino", aniversário da 
revelação do Corão a Maomé. Essa festa ocorre durante o mês do Ramadã. A data não 
corresponde exatamente a Pentecostes, apenas porque o calendário muçulmano é 
baseado no ciclo lunar, que se desloca uma dúzia de dias a cada ano. 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
 
Olá, caro aluno, bem vindo a mais essa aula. 
 
Objetivos: O presente encontro compõe-se como o segundo momento de aula 
que propõe uma aproximação às tradições judaicas, vislumbrando construir uma 
compreensão de conjunto sobre a própria tradição bíblica. 
 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
 Ampliar e aprofundar o conhecimento sobre os aspectos fundamentais da 
tradição judaica revela-se de extrema relevância para o estudo exegético da Bíblia. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
 Para desenvolver essa temática, destacamos, como leitura de referência, o texto 
reproduzido logo abaixo. 
 
A Festa das Cabanas 
A Festa das Cabanas, Festa das Tendas, ou ainda Festa dos Tabernáculos, em 
hebreu Sukot, a terceira festa de peregrinação, acontece na primeira lua de outono. 
Essa celebração da vida ocorre no período em que o comprimento dos dias diminui e o 
inverno se anuncia. É tempo de recolher os frutos dos esforços. É a festa das vindimas. 
Para colher a vinha, as famílias se instalam durante oito dias em cabanas de folhagem. 
Sukot é também a celebração dos quarenta anos de êxodo no deserto, um 
tempo em que os hebreus viviam em tendas antes de se confinar na Terra Prometida. 
No período bíblico, Sukot é a festa da peregrinação mais amplamente respeitada. A 
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destruição do templo de Jerusalém pelos romanos em 70 d.C. levará ao fim as 
peregrinações agrícolas e diminuirá sua importância. 
Mas a festa de outono conservará seu significado primitivo de uma estação 
perigosa para o homem, por causa da luz baixa, da natureza se enfiando na terra e do 
homem tendo de lutar novamente para sobreviver. Com efeito, o vinho obtido das 
uvas colhidas tem a cor do sangue da vida. O cristianismo colocará o outono sob a 
proteção de são Miguel, combatente da luz contra as trevas, como os romanos o 
colocaram sob a proteção de Dioniso. 
 
A TORÁ, "ENSINAMENTO" OU TESTEMUNHO? 
O cristianismo dá à Torá o nome de Antigo Testamento e, às vezes, de Primeiro 
Testamento. Em latim, testamentum significa “aliança". O pensamento cristão estima 
que a aliança entre Deus e os homens se desenvolve em dois períodos indissociáveis: 
uma primeira aliança firmada com Abraão e em seguida com Moisés, e depois uma 
segunda aliança concluída na crucificação e na ressurreição de Jesus. A partir do século 
VII, o islã verá na doação divina do Corão a Maomé a expressão de uma terceira e 
definitiva aliança de Alá com seus fiéis. Mas se o Corão retoma certos profetas do 
judaísmo e do cristianismo, como Abraão, Moisés ou ainda Jesus, a Torá ou os 
evangelhos não serão acrescentados ao Corão. 
 
Um milênio de redação 
A Torá é concebida no período de um milênio. Escritos em hebreu do século VII 
ao século I a.C., os textos serão redigidos em aramaico, depois traduzidos em grego, e 
em breve outros textos serão redigidos diretamente nessa língua. 
A Torá reúne numerosos escritos, entre os quais o Pentateuco, os cinco livros 
supostamente redigidos por Moisés. O Gênesis relata a criação do mundo, dos homens 
e a aliança firmada através da narrativa de Abraão. O Êxodo conta a vida de Moisés e a 
saída dos hebreus do Egito. O Levítico estabelece as regras de pureza que os 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 9 - APROXIMAÇÃO ÀS TRADIÇÕES JUDAICAS II 
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sacerdotes devem respeitar. Os Números tratam do recenseamento dos israelitas, e o 
Deuteronômio, ou “Segunda Lei", retoma textos anteriores, certamente redigidos entre 
725 e 695 a.C. O Pentateuco de Moisés termina com sua morte, enquanto os hebreus 
se encontram no limiar da Terra Prometida. Outros livros são acrescentados: os 
profetas, os Juízes, os Salmos, Jó, a narrativa de Ruth, o Cântico dos Cânticos, Qohelet 
ou o Eclesiastes, as Lamentações, a narrativa de Ester, depois os livros de Daniel, de 
Esdras, de Nehemia e as Crônicas, que se apresentam como uma visão teológica da 
história de Israel. 
 
OS BONS CONSELHOS NÃO TÊM RELIGIÃO 
"O que queres que os homens façam para ti, faze para ti mesmo e para eles", 
aconselha o Novo Testamento nos evangelhos de Mateus e de Lucas. Essa Regra de 
Ouro é inspirada pelo versículo do Levítico: "Amarás ao teu próximo como a ti mesmo". 
O sábio fariseu Hilel, o Antigo, exprimirá a mesma preocupação do Outro, no século I 
a.C., ensinando a seus alunos: "Não faças ao outro o que não queres que ele te faça". 
 
MOISÉS: PROFETA OU LEGISLADOR? 
Nascido na tribo de Levi, no Egito, num período sombrio em que o faraó 
ordenou que jogassem no Nilo todos os recém-nascidos hebreus, o futuro Moisés será 
escondido por sua mãe até ela decidir colocá-lo numa arca, um cesto de junco servindo 
de berço, e atira-lo ao rio, abandonando-o a seu destino. A filha do faraó recolherá o 
menino e o criará como seu próprio filho. Profeta ou legislador de gênio, libertador e 
visionário, Moisés executa o que ninguém antes dele tinha podido realizar. Ele muda a 
percepção que a humanidade tinha de si mesma. 
A mensagem principal da Lei deixada por Moisés é antes de tudo o monoteísmo 
e a recusa de toda forma de idolatria. Essa nova lei é também uma verdadeira 
revolução social governando as relações entre o homem e seu 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 9 - APROXIMAÇÃO ÀS TRADIÇÕES JUDAICAS II 
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próximo; por exemplo, ao limitar a duração da servidão a seis anos e o tempo e 
trabalho a seis dias consecutivos. 
 
O QUE É UMA SINAGOGA? 
Locais destinados à prece pública, aos estudos religiosos e à vida da 
comunidade, as sinagogas aparecem certamente no século VI a.C., durante o período 
de exílio dos judeus na Babilônia. Do grego sunagôgê, "ir junto", chama-se em hebraico 
Beit Knesset, "casa da assembleia". O primeiro testemunho concreto da construção de 
uma sinagoga data do século III antes da era cristã, no Egito, mas foi no século I que 
as sinagogas se institucionalizaram na terra de Israel e na diáspora. Após a destruição 
do templo deJerusalém, em 70 d.C., as sinagogas assumem uma importância essencial 
na perpetuação do culto judaico, já que a prece e o estudo da Torá substituem os 
sacrifícios de outrora. O culto no templo exigia a intervenção dos sacerdotes, mas numa 
sinagoga o papel individual adquire toda a sua importância. 
Cada sinagoga, reprodução simbólica do templo de Jerusalém, contém uma 
"arca santa", uma pequena peça fechada que abriga a Torá. A arca, câmara equivalente 
ao Santo dos Santos, fica em geral situada sobre a parede 
oriental da sinagoga, voltada para Jerusalém, de modo que os fiéis, enquanto 
permanecem diante da Torá, possam ao mesmo tempo orar em direção a Jerusalém. 
(BANON, Patrick. Para Conhecer Melhor as Religiões. São Paulo, Claro Enigma, 2010, pp. 
111-117). 
 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 10 - MIDRASH – INTERPRETAR E APROFUNDAR O TEXTO REVELADO 
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CONHECENDOA PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Olá, prezado aluno, sinta-se acolhido para mais uma aula sobre Exegese – 
cultura hebraica e grega. 
 
Objetivos: 
O encontro dessa aula tem como proposta fundamental compreender a Midrash 
hebraica, como dinâmica de interpretação e aprofundamento do texto sagrado. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
 A palavra Midraxe vem da raiz hebraica darash, significando examinar, procurar, 
buscar o sentido. A midrash consiste em um genro literário de interpretação e 
aprofundamento da mensagem do texto bíblico. 
 Por meio da midrash-halacá se interpreta as próprias leis contidas na tradição da 
Bíblia e do Talmud. A midrash-agadá é utilizada para se interpretar as histórias 
sagradas. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
 Para desenvolver essa temática, destacamos, como leitura de referência, o texto 
reproduzido logo abaixo, extraído da obra A Águia e a Galinha, do teólogo Leonardo 
Boff. 
Os hebreus, povo que na Antigüidade ocupava o atual território de Israel, 
desenvolveram, com grande capacidade, esse gênero literário. Os mestres em Israel, os 
rabinos e os comentadores dos textos sagrados da Bíblia e do Talmud, chamavam este 
gênero de midraxe. Utilizavam-no com a intenção de atualizar e aprofundar a 
mensagem dos pais de sua fé. 
Existem dois tipos de midraxe: o halacá e o hagadá. O midraxe-halacá explica e 
comenta, atualizando, as leis judaicas. O midraxe-hagadá amplia histórias bíblicas 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 10 - MIDRASH – INTERPRETAR E APROFUNDAR O TEXTO REVELADO 
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enfeitando-as com dados verdadeiros, legendários ou fantásticos. O objetivo é sempre 
tirar lições edificantes e ampliar o sentido para a vida. Com isso animavam as buscas de 
seu povo e conferiam brilho à peregrinação humana. É 'esse segundo tipo de midraxe 
que nos vai interessar. 
Antes de começar a nossa história, vamos dar um exemplo de midraxe-hagadá. O 
livro do Gênesis, primeiro livro histórico da Bíblia, narra a criação do céu e da terra e de 
todos os seres. Narra a origem de Adão a partir do pó da terra e de Eva, a partir de 
uma costela de Adão. Aí encontramos também o que Deus disse: "não é bom que Adão 
esteja só; vou dar-lhe uma companheira que lhe esteja à altura" (Gênesis 2,18). 
Dentre todos os animais não havia nenhum que pudesse ser para Adão um 
interlocutor adequado. Então Deus criou Eva a partir do lado de Adão. Comumente se 
fala de forma errônea que Deus criou Eva da costela de Adão. Em hebraico se usa a 
palavra zela que significa propriamente lado e não costela. É uma metáfora para significar 
que Eva foi tirada não da cabeça de Adão, para ser sua senhora. Nem dos pés, para ser 
sua escrava. Mas do seu lado, do lado do coração, para ser sua companheira. Ela sim é 
e poderá ser a interlocutora de Adão, conforme ele mesmo exclama ao vê-Ia diante de 
si: "eis o osso dos seus ossos, a carne da minha carne... por isso o homem-varão deixará 
o pai e a mãe e se unirá à sua mulher; serão uma só carne" (Gênesis 2,23-24). 
Um outro texto do mesmo livro relata que "Deus criou o ser humano à sua 
imagem, à imagem de Deus o criou, macho e fêmea ele os criou" (Gênesis 1,27; 5,2). 
A humanidade, segundo esses textos, se realiza sempre sob a forma de homem 
e mulher, sob a diferença de masculino e feminino. Ela é composta por Adãos e por 
Evas. Há uma relação profunda entre homem e mulher. Eles se buscam no sono e na 
vigília. Há atração, fascínio e magia no relacionamento entre eles. 
Por que é assim? Para responder a essa questão, elaborou-se um midraxe-hagadá. 
Ele diz o seguinte: Originalmente o ser humano era simultaneamente masculino e 
feminino. E ao mesmo tempo varão e mulher. No mesmo e único corpo, tinha rosto e 
aparelho genital masculino na frente e feminino atrás. 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 10 - MIDRASH – INTERPRETAR E APROFUNDAR O TEXTO REVELADO 
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Por causa do pecado, diz o midraxe-hagadá, Deus cortou este ser ao meio. Assim 
se separaram o homem e a mulher, cada um com seu respectivo corpo. Por isso, 
homem e mulher vivem até hoje separados. Mas, por uma paixão inata, eles estão 
incansavelmente à procura de sua respectiva cara-metade. Sentem-se atraídos um pelo 
outro. Apaixonam-se mutuamente. Enamoram-se. Amam-se. E, por fim, se casam. 
Quando se unem amorosamente, fundem-se então um no outro. Tornam-se 
novamente uma só carne. E assim refazem o projeto originário de Deus. 
Esse midraxe-hagadá quer esclarecer a unidade plural do ser humano, masculino 
e feminino. Dá as razões da separação que os atormenta. Explica a atração que vigora 
entre eles. E fundamenta a vontade de se fundirem numa só realidade viva, através do 
amor. Esse amor pode ser tão forte que os faz abandonar pai e mãe e fundar uma nova 
família. 
(BOFF, Leonardo. A Águia e a Galinha: Uma metáfora da condição humana. 40ª ed. 
Petrópolis, Vozes, 2003, pp. 38-42). 
 
REFLETINDO COM O CINEMA 
 
O tema da cultura judaica e suas ricas tradições é sugestiva e interessantemente 
retradada no filme Um Violinista no Telhado. Leia logo abaixo a sinopse do filme. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 10 - MIDRASH – INTERPRETAR E APROFUNDAR O TEXTO REVELADO 
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Título: Um Violinista no Telhado 
Ano: 1971. 
Direção: Norman Jewison 
 
No início do século XX, judeus e cristãos vivem pacificamente, mas sem se misturar, em 
uma aldeia na Rússia sob o regime czarista. O leiteiro judeu decide casar suas duas 
filhas, Tzeitel (Rosalind Harris) e Hodel (Michele Marsh), e, como era costume na época, 
o casamento é arranjado pelo pai. As duas não se sentem satisfeitas com o pretendente 
e o pai é levado ao seu limite quando uma das filhas decide se casar com um não-
judeu, o que faz com que a declare como morta. Nesta situação de conflito, o czar 
expulsa todos os judeus de Anatevka, o que faz com que a família seja condenada ao 
exílio e à dispersão. 
 
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-4515/ 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 11 - DIMENSÕES DA COSMOVISÃO GREGA 
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
 
Caro aluno seja muito bem-vindo para a esse espaço virtual e interativo de estudo. 
 
Objetivos: Nessa aula apresentaremos os aspectos fundamentais da cosmovisão 
grega. A proposta consiste em destacar características básicas da cultura helênica. 
 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
 O Novo Testamento foi completamente redigido na língua grega, pois os 
primeiros cristãos viveram sob o impacto do helenismo – a expansão e difusão da cultura 
grega para além do território da Grécia. 
 Compreender a cosmovisão grega desvela-se como fundamental para uma 
aproximação crítica e problematizadora da Bíblia. Sem um contato com os aspectos mais 
característicos e fundamentais da cultura grega, o texto bíblico, pontualmente o Novo 
Testamento, não se torna compreensível. 
 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
 Como leitura de referência, com o intuito de aprofundar a temática sobre a 
cosmovisão da cultura grega, destacamos o fragmento de texto abaixo, extraído da obra 
Filosofia, de Joaquim Severino. Leia o texto com atenção, frisando os pontos principais. 
 
EXEGESE: CULTURA HEBRAICA E GREGA 
UNIDADE 11 - DIMENSÕES DA COSMOVISÃO GREGA 
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A cosmovisão grega 
Do outro lado do Mediterrâneo, na Grécia, surgia de um pequeno agrupamento 
humano uma outra importante cultura e que também elaborara todo um sistema teórico 
de interpretação do real e

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