Buscar

Hermeneutica Biblica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
SEMINÁRIO VALE DA BÊNÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HERMENÊUTICA BÍBLICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARAÇARIGUAMA 
2009 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“UM TEXTO NÃO PODE SIGNIFICAR O QUE NUNCA SIGNIFICOU” 
G. Fee (Entendes o que Lês P. 26) 
 
 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
 
POR QUE PRECISAMOS INTERPRETAR A BÍBLIA
1
? 
 
Introdução 
 
Nem todos se apercebem do fato de que toda leitura de um texto envolve um 
processo de interpretação do mesmo. Não existe compreensão de um texto sem que haja 
interpretação, mesmo que esta leitura seja do jornal e o processo de interpretação 
aconteça inconscientemente. Sendo um texto, a Bíblia não foge a esta regra. Cada vez 
que a abrimos e lemos, buscando entender a mensagem de Deus para nós, engajamo-nos 
num processo de interpretação. Como Palavra de Deus, a Bíblia deve ser lida como 
nenhum outro livro. Mas, tendo sido escrita por homens, ela deve ser interpretada como 
qualquer outro livro. Além disto, a Bíblia está distante de nós em diversos aspectos, 
como veremos adiante, o que faz com que nossa leitura dela exija um esforço consciente 
de interpretação. 
Há muitas pessoas que ficam desanimadas com as controvérsias e as polêmicas 
que existem nos meios intelectuais onde se estuda a Bíblia. Elas consideram 
desnecessário o estudo mais sério da Bíblia. Alguns até pensam que estudos acadêmicos 
da Bíblia são uma barreira à espiritualidade e ao crescimento da Igreja. Podemos 
entender a atitude de pessoas assim, pois realmente existe muito academicismo e 
intelectualismo árido e infrutífero em muitos círculos evangélicos. Por outro lado, 
rejeitar o estudo da Bíblia não vai resolver o problema, pois continuamos diante de um 
texto antigo, distanciado de nós, escrito em outras línguas e que precisa ser interpretado 
para poder ser entendido. Alguns dizem: "Vamos deixar de lado estas questões e 
simplesmente ler a Bíblia como ela é". Infelizmente, uma leitura assim não é possível. 
Não existe leitura e entendimento de um texto sem que haja interpretação, mesmo que 
esta interpretação se processe de forma inconsciente. O objetivo desta aula é levantar 
alguns aspectos da natureza da Bíblia que tornam indispensável um esforço consciente 
para interpretá-la. 
 
 
 
1
 Disponível: Artigo Augustus Nicodemos Lopes http://www.monergismo.com/textos/hermeneuticas: Acesso 10 de outubro de 09 
http://www.monergismo.com/textos/hermeneuticas
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
 
A BÍBLIA COMO LIVRO HUMANO 
 
O fato de que a Bíblia não caiu pronta do céu, mas que foi escrita por diferentes 
pessoas em diferentes épocas, línguas e lugares, alerta-nos para o que alguns estudiosos 
têm chamado de distanciamento. O fenômeno do distanciamento aparece em diversas 
áreas: 
 
• Distanciamento temporal -- A Bíblia está séculos distante de nós. Seu último 
livro foi escrito pelo final do século I da Era Cristã, o que nos separa temporalmente em 
cerca de dois milênios. A distância temporal, num mundo em constantes mudanças, faz 
com que a maneira de encarar o mundo, os aspectos culturais e lingüísticos dos 
escritores da Bíblia se percam no passado distante. Portanto, como qualquer documento 
antigo, a Bíblia precisa ser lida levando-se isto em conta. Os princípios de interpretação 
da Bíblia procuram condições de transpor este abismo temporal. 
 
• Distanciamento contextual -- Os livros da Bíblia foram escritos para atender 
a determinadas situações, que já se perderam no passado distante. É verdade que ao 
serem incluídos no cânon bíblico, eles passaram a ser relevantes para a Igreja universal. 
Por outro lado, recuperar o contexto em que estes livros foram escritos é essencial para 
entendermos melhor a sua mensagem. As cartas de Paulo foram escritas visando atender 
às necessidades de igrejas locais. Não posso entender corretamente o ensinamento do 
apóstolo sobre o uso do véu pelas mulheres (1 Coríntios 11) se não estiver consciente do 
problema que estava acontecendo na Igreja relacionado com a participação das 
mulheres no culto. Igualmente, 1 João toma outra relevância quando fico consciente de 
que João estava escrevendo contra a influência de uma forma incipiente de gnosticismo 
nas igrejas da Ásia Menor. Ou ainda, que o livro de Habacuque foi escrito num contexto 
de iminente invasão por potências estrangeiras. A mensagem do evangelho de Marcos 
fica mais clara quando descobrimos que Marcos escreveu provavelmente para ajudar os 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
crentes romanos a enfrentar as provações que sofriam por causa de Cristo. E o livro de 
Jonas -- especialmente a atitude de Jonas contra os Ninivitas – ganha maior clareza 
quando descubro que havia uma antipatia natural dos judeus contra os Ninivitas por 
causa dos seus grandes pecados. Os princípios de interpretação da Bíblia procuram 
transpor as dificuldades criadas pela distância contextual. 
 
• Distanciamento cultural -- O mundo em que os escritores da Bíblia viveram 
já não existe. Está no passado distante, com suas características, costumes, tradições e 
crenças. Muito embora a inspiração das Escrituras garanta que sua mensagem seja 
relevante para todas as épocas, devemos lembrar que esta mensagem foi registrada 
numa determinada cultura, da qual traços foram preservados na Bíblia. Os princípios de 
interpretação da Bíblia devem levar em conta o jeito de escrever daquela época, a 
maneira de expressar conceitos e ilustrar as verdades, para poder transpor a distância 
cultural. 
 
• Distanciamento lingüístico -- As línguas em que a Bíblia foi escrita também 
já não existem. Não se fala mais o hebraico, o grego e o aramaico bíblicos nos dias de 
hoje, mesmo nos países onde a Bíblia foi escrita. Como cada língua tem seu jeito 
próprio de comunicar conceitos (apesar de uma estrutura comum a todas), princípios de 
interpretação da Bíblia devem levar em conta estas peculiaridades. O conhecimento do 
paralelismo hebraico certamente nos ajuda a entender os Salmos melhor, bem como os 
profetas. 
 
• Distanciamento Autorial -- Devemos ainda reconhecer que teríamos uma 
compreensão mais exata da mensagem de alguns textos bíblicos reconhecidamente 
obscuros se os seus autores estivessem vivos. Poderíamos perguntar a eles acerca destas 
passagens complicadas que escreveram e que continuam até hoje dividindo os melhores 
intérpretes quanto ao seu significado. Por exemplo, Pedro poderia nos esclarecer o que 
ele quis dizer com "Cristo foi e pregou aos espíritos em prisão". Ou ainda, Paulo 
poderia nos dizer o que ele quis dizer com "o que farão os que se batizam pelos 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
mortos?". Mateus poderia finalmente tirar a dúvida sobre o sentido da frase de Jesus 
"não terminarão de percorrer as cidades de Israel até que venha o Filho do Homem". 
A razão é que a intenção deles sobrevive no que escreveram. Mas certamente a 
ausência do autor faz com que a interpretação de textos obscuros seja necessária. 
Princípios de interpretação devem levar em conta o distanciamento autorial, e buscar 
meios de recuperar a intenção deles nos próprios textos que escreveram. O 
distanciamento, portanto, exige de nós a tarefa de interpretar. Interpretar é exatamente 
tentar transpor o distanciamento em suas várias formas, como mencionadas acima, e 
chegar ao sentido exato do texto. De forma geral, o ponto central da mensagem da 
Bíblia é tão claro que pode ser entendido por todos, mesmo os que não estão 
conscientes do distanciamento. A prova disto é que a Igreja vem se mantendo viva eativa através dos séculos, sendo composta em sua quase absoluta maioria de pessoas 
que não têm treinamento teológico, histórico e lingüístico que permitiriam uma leitura 
mais informada das Escrituras. Por outro lado, uma maior exatidão e clareza acerca de 
todos os aspectos da mensagem bíblica não poderá ser alcançada sem interpretação 
consciente. Seria importante perguntar até que ponto o lado humano das Escrituras 
possibilitaram a entrada de erros na mesma. Esta é uma questão bastante controversa e 
certamente não poderemos abordá-la de forma exaustiva aqui. 
 
 
A BÍBLIA COMO LIVRO DIVINO 
Por outro lado, o fato de que a Bíblia foi inspirada por Deus, sendo assim a Sua 
Palavra, deve ser levado em conta por aqueles que desejam interpretá-la corretamente. 
A divindade e a humanidade das Escrituras devem ser mantidas em equilíbrio. Quando 
enfatizamos uma em detrimento da outra, acabamos por cair em algum dos erros 
hermenêuticos que caracterizam a história da interpretação cristã das escrituras. Este foi 
o grande problema do método histórico-crítico de interpretação, que surgiu com o 
Iluminismo, adotando os pressupostos racionalistas quanto às Escrituras, contrários à 
sua origem divina. Ao tratar a Bíblia exatamente como qualquer outro livro de religião, 
deixando de levar em conta sua inspiração e divina autoridade, os estudiosos e 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
professores cristãos influenciados pelo racionalismo acabaram por desenvolver um 
método de interpretação que não aceitava o conceito de revelação, inspiração e 
providência de Deus. Como resultado, a Bíblia passou a ser vista, não como Palavra de 
Deus em sua inteireza, mas como o registro da fé de comunidades religiosas, primeiro a 
judaica e depois a cristã. Continha erros crassos, e seus livros individuais eram trabalhos 
compostos de retalhos de fontes contraditórias e refletiam mais o pensamento dos que a 
escreveram do que as realidades históricas e espirituais que pretendiam transmitir. Mas, 
uma atitude oposta é igualmente perigosa. Muitos movimentos e grupos religiosos 
esquecem o fenômeno do distanciamento e encaram a Bíblia como se fosse um livro 
caído do céu, e cuja interpretação depende somente de oração, jejum e plenitude do 
Espírito Santo. Evidentemente, sendo a Palavra de Deus, precisamos de comunhão com 
Deus e da iluminação do Espírito para o conhecimento salvador das Escrituras. Porém, a 
utilização consciente de princípios de interpretação compatíveis com a natureza da 
Bíblia fará com que este conhecimento nos chegue de forma mais exata e completa. 
Precisamos ter cuidado, porém, para não cairmos no erro de pensar que somente aqueles 
que têm treinamento profissional em princípios de interpretação poderão chegar ao 
conhecimento da mensagem das Escrituras. Muitos dos princípios de interpretação 
bíblicos, praticados diariamente por todos os leitores da Bíblia, são simples, lógicos e 
evidentes, como por exemplo, a interpretação de uma palavra à luz do seu contexto. Isto 
fazemos diariamente, na leitura do jornal, de notícias pela Internet e lendo um email. 
Num certo sentido, ler a Bíblia envolve as mesmas regras que ler estas coisas. A 
natureza divina da Bíblia, por sua vez, provoca outro tipo de distanciamento, que 
expressa-se nestas áreas: 
 
• Distanciamento natural -- a distância entre Deus e nós é imensa. Ele é o 
Senhor, criador de todas as coisas, do céu e da terra. Somos suas criaturas, limitadas, 
finitas. Nossa condição de seres humanos impõe limites à nossa capacidade de entender 
e compreender as coisas de Deus. Não impede a possibilidade deste conhecimento, com 
certeza, mas o limita. O fato de sermos seres humanos tentando entender a mensagem 
enviada pelo Deus criador em si só representa um distanciamento. A distância entre a 
criatura e o Criador, tão freqüentemente mencionada nas Escrituras, tem seus efeitos 
também na nossa hermenêutica. Princípios de interpretação não podem ignorar isto e 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
pensar que bastam ferramentas hermenêuticas corretas para que possamos entender a 
Deus. O distanciamento provocado pela nossa humanidade deve procurar ser transposto 
por princípios de interpretação que reconheçam a necessidade da iluminação do 
Espírito. 
 
• Distanciamento espiritual -- o fato de que somos pecadores impõe ainda mais 
limites à nossa capacidade de interpretação da Bíblia. Somos seres afetados pelo pecado 
tentando entender os desígnios do Deus puro e santo. A Queda é um conceito espiritual, 
mas com certeza não pode ser deixado de lado em qualquer sistema interpretativo das 
Escrituras. Transpor o abismo epistemológico causado pela Queda é certamente o ponto 
de partida. A regeneração e a conversão são a resposta de Deus a esta condição. 
 
• Distanciamento moral -- é a distância que existe entre seres pecadores e 
egoístas e a pura e santa Palavra que pretendem esclarecer. A corrupção de nossos 
corações acaba por introduzir na interpretação das Escrituras motivações incompatível 
com o Autor das mesmas. Infelizmente a história da Igreja mostra como diferentes 
grupos manipulam as Escrituras para defender, provar e dar autoridade a seus pontos de 
vista. Certamente existem pessoas sinceras, embora equivocadas. Mas não podemos 
negar que o distanciamento moral acaba nos levando a torcer o sentido das Escrituras, 
procurando usá-la para nossos fins nem sempre louváveis. No parágrafo seguinte 
mencionamos alguns exemplos. A Bíblia tem sido usada como prova das mais 
conflitantes teorias e idéias, o que mostra que ler e entender imparcialmente a sua 
mensagem não é tão fácil e costumeiro assim. A Bíblia foi usada pelos protestantes de 
países colonizadores para justificar a escravidão, usando textos do Antigo e Novo 
Testamentos que falam da escravidão sem, contudo aboli-la (Ex. 21.2-6). Os seus 
opositores usaram também a Bíblia para defender as idéias abolicionistas, usando a 
parábola do bom samaritano e "amarás o teu próximo como a ti mesmo". 
A Bíblia também foi usada para provar que os judeus deveriam ser perseguidos, 
que a guerra santa contra os muçulmanos era a vontade de Deus, que os protestantes 
brancos são uma raça superior, para executar as bruxas, para impedir o casamento dos 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
padres, para defender a masturbação, para justificar o aborto e a eutanásia, para regular 
o tamanho das saias e do cabelo das mulheres cristãs, para prover aceitação e 
fortalecimento dos homossexuais, para proibir ingerência de qualquer tipo de bebida 
alcoólica, para proibir transfusão de sangue, para proibir o serviço militar, para defender 
a poligamia nos dias de hoje, para defender o suicídio religioso em massa, etc. O 
catálogo é imenso. 
 
Tudo isto mostra que não é tão fácil "simplesmente ler a Bíblia e fazer o que ela 
diz". Nunca desanimemos da possibilidade (muito real!) de entendermos com clareza o 
ensinamento das Escrituras, mas reconheçamos humildemente que nunca poderemos ter 
uma compreensão unânime de todas as suas passagens complicadas. Sabendo que a 
Bíblia vem de Deus, temos ânimo para buscá-lo em oração, suplicando a Sua graça e 
Sua iluminação em nossa tarefa como intérpretes. 
 
Muitos estudiosos modernos, cansados do método histórico-crítico, têm proposto 
novos métodos de interpretação que levem em conta o caráter divino das Escrituras. 
Defendem princípios de interpretação que estejam atentos não somente aos aspectos 
humanos da Bíblia como literatura religiosa, mas especialmente às implicações da sua 
divina origem e natureza, bem como da nossa dupla condição de humanos e pecadores. 
Conclusão 
Conforme vimos acima, a dupla natureza da Bíblia provoca um distanciamento 
temporal e espiritual que precisa ser transposto, para que possamos chegar à sua 
mensagem. Pela Sua misericórdia, Deus tem guiado e abençoado a Igrejaatravés dos 
séculos, mesmo quando ela esqueceu-se de levar em conta estes aspectos. Porém, isto 
não nos isenta de buscarmos compreender de forma mais exata e completa a revelação 
que Deus fez de si mesmo. E nisto, o uso consciente de princípios de interpretação 
compatíveis com a natureza das Escrituras é de inestimável valor. 
 
 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
 
1. Introdução á Hermenêutica 
De muitas maneiras os homens se diferem entre si e esse fato, naturalmente, faz 
com que eles distanciem mentalmente uns dos outros na capacidade intelectual, no 
gosto estético, na qualidade moral e etc. Alguns foram instruídos em conhecimentos 
intelectuais e outros não tiveram estas oportunidades e isto provoca divergências de 
interpretação. Apesar destas divergências entre os homens, Deus tem um plano para os 
mesmos e este está revelado na Bíblia Sagrada. Este plano de Deus traça um mesmo 
caminho para reunir uma grande família em Cristo Jesus, com a unificação dos povos 
sem distinção de cor, raça, sexo, nacionalidades, condições sociais e econômicas. (Gl 
3.28; Cl 3.11). Diante deste quadro a aplicação da hermenêutica será imprescindível a 
unificação do conhecimento do Plano da Salvação para com todos os homens da terra. 
1.1 Origem 
A palavra HERMENÊUTICA é derivada do termo grego HERMENEUTIKE e o 
primeiro homem a empregá-la como termo técnico foi o filósofo Platão. 
1.2 Definição 
É a ciência e arte de interpretar, é ciência porque postula princípios seguros e 
imutáveis; é arte porque estabelece regras práticas. 
A hermenêutica bíblica ou sagrada é o estudo metódico dos princípios e regras de 
interpretação das Sagradas Escrituras. 
Ela se distingue da critica textual em que esta procura determinar quais as 
palavras exatas do texto original, ao passo que aquela procura descobrir qual o sentido 
dessas palavras no citado texto. 
Em outros termos, a critica tem em vista a pergunta: Que é, e o que está escrito? E 
a hermenêutica ocupa-se de outra coisa: O que queria dizer o autor? 
A hermenêutica é a ciência que estabelece os princípios, leis e métodos de 
interpretação. Em sua abrangência trata da teoria da interpretação de sinais, símbolos de 
uma cultura e leis. 
Assim, a Hermenêutica é tanto ciência como arte. Na qualidade 
de Ciência, enuncia princípios, investiga as leis do pensamento e 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
da linguagem e classifica seus fatos e resultados. Como arte, 
ensina como esses princípios devem ser aplicados e comprova a 
validade deles, mostrando o valor prático que têm na elucidação 
das passagens, mais difíceis. Portanto a arte da hermenêutica 
desenvolve e constitui um método exegético válido (TERRY 
Apud. Zuck (1994 p.21) 
1.3 Divisão 
A divisão da hermenêutica é reconhecida como geral e específica. A geral é 
aquela que se aplica à interpretação de qualquer obra escrita. A específica é aquela que 
se aplica a determinados tipos de produção literais tais como: Leis, histórias, profecias, 
poesias, etc e que será tratada neste estudo por estar dentro do campo de aplicação a 
literatura sacra – A BÍBLIA como inspirada Palavra de Deus. (II Tm 3.16) 
2. A NECESSIDADE DA HERMENÊUTICA 
O pecado obscureceu o entendimento do homem e exerce influência perniciosa 
em sua mente e torna necessário o esforço especial para evitar erros. (II Pd 3.16 e De 
7.10). A aplicação e a conservação do caráter teológico da hermenêutica estão 
vinculadas ao recolhimento do princípio da inspiração divina da Bíblia Sagrada. 
 3. DISPOSIÇÕES NECESSÁRIAS PARA O ESTUDO DAS ESCRITURAS 
Assim como para apreciar devidamente a poesia se necessita possuir um sentido 
especial para o belo e poético, e para o estudo da filosofia é necessário um espírito 
filosófico, assim é da maior importância uma disposição especial para o estudo 
proveitoso da Sagrada Escritura. 
3.1. Necessita-se de um espírito respeitoso. 
Um filho que não respeita que caso fará dos conselhos, avisos e palavras de seu 
pai? A Bíblia é a revelação do Onipotente. "O homem para quem olharei é este: o aflito 
e abatido de espírito, e que treme da minha palavra." (Is 66.2) 
3.2. Necessita-se de um espírito dócil. 
Isto significa ausência de obstinação e teimosia diante da revelação divina. É 
preciso receber a Palavra de Deus com mansidão. (Tg 1.21) 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
3.3. Necessita-se de um espírito amante da verdade. 
Um coração desejoso de conhecer a verdade (Jo 3.19-21) 
3.4. Necessita-se de um espírito paciente. 
Como o garimpeiro que cava e revolve a terra, buscando com diligência o metal 
precioso, da mesma maneira o estudioso das Escrituras deve pacientemente, buscar as 
revelações que Deus propôs e que em algumas partes são bastantes profundas e de 
difícil interpretação. 
 3.5. Necessita-se de um espírito prudente. 
Iniciando a leitura pelo mais simples e prosseguir para o mais difícil. "Se, 
porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus... e ser-lhe-á concedida." 
(Tg 1.5) 
4 IMPORTÂNCIA DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA (VALOR DA 
HERMENÊUTICA) 
 Aproxima-nos do texto e do seu sentido e significados corretos 
 Fortalece a nossa convicção na pessoa de Deus- Deus revelou a eternidade 
 Enaltece a Soberania de Deus que preservou a escrita até hoje 
 Coloca-nos na linha da história da igreja 
 Traz equilíbrio entre o conteúdo (revelação) e comportamento (ética, exigência) 
 Confirmação da credibilidade da revelação. Homens falaram à tantos e tão 
distante de nós 
 Auxilia-nos para determinar o permanente e o temporário 
 Base “cientifica” a vida devocional. 
 Válida a encarnação do Filho de Deus. O texto inserido na história e cultura de 
um povo. “teologia da terra” 
 Evita o desvio (sensus plenior) 
 Descobre-se a unidade da revelação 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
 
5. RELAÇÃO COM AS OUTRAS MATÉRIAS 
De acordo com Virkler (1987:10) a Hermenêutica não se encontra isolada do 
outros campos de estudo Bíblico. 
DEFINIÇÕES DE HERMENÊUTICA E DE TERMOS CORRELATOS
2
 
HERMENÊUTICA 
Ciência (princípios) e arte (tarefa) de apurar o sentido do texto Bíblico. 
EXEGESE 
Verificação do sentido do texto Bíblico dentro de seus contextos históricos e literários. 
EXPOSIÇÃO 
Transmissão do significado do texto e de sua aplicabilidade ao ouvinte moderno. 
HOMILÉTICA 
Ciência (princípios) e arte (tarefa) de transmitir o significado e a importância do texto 
Bíblico sob forma de pregação 
PEDAGOGIA 
Ciência (princípios) e arte de transmitir o significado e a aplicação do texto Bíblico sob 
forma de ensino. 
 
6. A HISTÓRIA DA INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA 
Por que uma visão panorâmica da História? 
No transcurso dos séculos, desde que Deus revelou as Escrituras, tem havido 
diversos métodos de estudar a palavra de Deus. Os intérpretes mais ortodoxos Têm 
encarecido a importância de uma interpretação literal, pretendendo com isso interpretar 
a palavra de Deus da maneira como se interpreta a comunicação humana normal. Outros 
têm empregado um método alegórico, e ainda outros têm examinado letras e palavras 
tomadas individualmente como possuindo significado secreto que precisa ser decifrado. 
 
2
 Zuck. Roy B. A interpretação Bíblica. São Paulo: Ed. Vida Nova, 1994 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
Uma visão geral histórica dessas capacitar-nos-á a vencer a tentação de crer que 
nosso sistema de interpretação é o único que já existe. 
6.1. EXEGESE JUDAICA ANTIGA 
Um estudo da história da interpretação Bíblica começa, em geral com a obra de 
Esdras. Visto que, durante o período do exilo, os israelitas provavelmente tenham 
perdido sua compreensão do hebraico, a maioria dos estudos Bíblicos supõe que Esdras 
e seus ajudantes traduziam o texto hebraico e o liam em voz alta em aramaico, 
acrescentandoexplicações e arte da interpretação Bíblica. Os escribas que vieram a 
seguir tiveram grande cuidado em copiar as escrituras, crendo que cada letra do texto 
era a palavra de Deus inspirada. Uma grande vantagem é que os textos foram 
cuidadosamente preservados através dos séculos. Uma grande desvantagem foi que os 
rabinos logo começaram a interpretar a Escritura por outros métodos. 
Os rabinos pressupunham que sendo Deus o autor da Escritura, (1) o intérprete 
poderá esperar numerosos significados em determinado texto, (2) cada detalhe 
incidental do texto possuía significado. 
No tempo de Cristo, a exegese judaica podia classificar-se em quaro tipos 
principais: Literal, Midráshica, pesher e alegórica. O método literal de interpretação 
referido como peshat, servia de base para outros tipos de interpretações. 
A interpretação midráshicca incluía uma variedade de dispositivos 
hermenêuticos que se haviam desenvolvido de maneira considerável no tempo de Cristo 
e continuaram a desenvolver-se ainda por diversos séculos. O rabino Hillel, é 
considerado como o elaborador das normas básicas da exegese rabínica que acentuava a 
comparação de idéias, palavras ou frases encontradas em mais de um texto, a relação de 
princípios gerais com situações particulares, e a importância do contexto na 
interpretação. 
Contudo, teve continuidade a tendência no sentido de uma exposição mais 
fantasiosa em vez da conservadora. Isto resultou numa exegese que (1) dava significado 
a textos, frases e palavras sem levar em conta o contexto no qual se tencionava fossem 
aplicados, (2) combinava textos que continham palavras ou frases semelhantes, sem 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
considerar se tais textos referiam-se á mesma idéia, e (3) tomava aspectos incidentais de 
gramática e lhes dava significação interpretativa. 
A interpretação Pesher – Existia particularmente entre a comunidade de 
Qumram. A comunidade acreditava que tudo quanto os antigos profetas escreveram 
tinha significado profético velado que devia ser iminentemente cumprido por intermédio 
da comunidade do pacto. É uma interpretação apocalíptica. Muitas vezes a interpretação 
pesher era denotada pela frase “este é aquela”, indicando que “este presente fenômeno é 
o cumprimento daquela antiga profecia”. 
A exegese alegórica baseava-se na idéia que o verdadeiro sentido jaz sob o 
significado literal da Escritura. Historicamente alegorismo foi desenvolvido pelos 
gregos para reduzir a tensão entre a sua tradição de mito religioso e sua herança 
filosófica. Desta feita, Filão acreditava que o significado literal da Escritura 
representava um nível imaturo de compreensão; o significado alegórico era para os 
maduros. Devia usar a interpretação alegórica nos seguintes casos: (1) se o significado 
literal diz algo indigno de Deus, (2) se a declaração parece ser contraditória a outra 
declaração da Escritura, (3) se o registro alega tratar-se de uma alegoria, (4) se as 
expressões são duplas ou se há emprego de palavras supérfluas, (5) se há repetição de 
algo já conhecido, (6) se uma expressão é variada, (7) se empregam sinônimos, (8) se 
for possível um jogo de palavras, (9) se houver algo normal em número ou tempo 
verbal, ou (10) se há presença de símbolos. 
Como se poder ver, os critérios (3) e (10) são indicações válidas de que o autor 
tencionava que seu escrito fosse entendido como alegoria. Contudo, o alegorizar de 
Filão e seus contemporâneos foram muitos, além disto, amiúde atingindo proporções 
fantásticas. Citamos apenas um exemplo: 
“A Viagem de Abraão para a palestina é realmente a história de um filósofo 
estóico que deixa a caldeia (entendimento sensual) e se detém em Harã, que quer dizer 
buracos, e significa o vazio de conhecer as coisas pelos buracos, isto é, os sentidos. Ao 
tornar-se Abraão, ele se torna um filósofo verdadeiramente esclarecido. Casar-se com 
Sara é casar-se com a sabedoria abstrata” 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
Resumindo: Durante o primeiro século da era cristã os intérpretes judaicos 
concordaram em que a Escritura representa as palavras de Deus, e que essas palavras 
estão cheias de significados para crentes. Empregou-se a interpretação literal nas áreas 
de interesses judiciais e práticos. Em sua maioria, os interpretes empregaram práticas 
midráshicas, especialmente as regras desenvolvidas por Hillel, e a maior parte deles 
usou suavemente a exegese alegórica. 
Os fariseus continuaram a desenvolver a exegese midráshica a fim de vincular 
sua tradição oral mais intimamente com a Escritura. 
A comunidade de qumran, crendo que eles próprios eram o remanescente fiel e 
beneficiário dos mistérios proféticos, continuou a usar os métodos midráshico e pesher 
para interpretar a Escritura. E Filão e os que desejavam conciliar a Escritura Judaica 
com a Filosofia grega continuaram a desenvolver métodos exegéticos alegóricos. 
6.2 O USO QUE JESUS FAZ DO ANTIGO TESTAMENTO 
Jesus sempre Foi uniforme no tratar as narrativas históricas como registros fiéis 
do fato. As alusões a Abel, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, e Davi, por exemplo, parecem 
todas intencionais e foram entendidas como referências a pessoas de carne e osso e a 
eventos históricos. 
Outro elemento importância é que quando Jesus fazia aplicação do registro 
histórico, ele o extraía do significado normal do texto, contrário ao sentido alegórico. 
Jesus denunciou o modo como os dirigentes religiosos haviam desenvolvido 
métodos casuísticos que punham á parte a própria palavra de Deus que eles alegavam 
estar interpretando, e no lugar dela colocavam suas próprias tradições (Marcos 7.6-13; 
Mat 15.1-9). 
Os escribas e fariseus, por mais que quisessem acusar a Cristo do erro, nunca o 
acusaram de usar qualquer Escritura de modo antinatural ou ilegítimo. 
 
 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
6.3 A INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA NO PERÍODO PÓS-
APOSTÓLICO 
Após a morte dos apóstolos, inicia-se a chamada era pós-apostólica, que vai do 
século II até IV, época dos grandes concílios ecumênicos na Igreja. No período pós-
apostólico, a igreja de Cristo era liderada por pastores e bispos que vieram a exercer 
considerável influência sobre a cristandade daquela época. São os chamados “pais a 
Igreja”. É uma época de intensos debates teológicos sobre questões doutrinárias vitais 
para a sobrevivência da Igreja. Os pais da Igreja procuravam entender qual a verdade de 
Deus examinando as Escrituras. Debates vigorosos acontecem quanto ao sentido exato 
das palavras dos apóstolos e profetas. Uma as questões hermenêuticas centrais era como 
a igreja cristã poderia interpretar as profecias, instituições, personagens e eventos do 
Antigo Testamento de forma a refletir a Cristo. 
Duas linhas nítidas e diferentes de interpretação surgem nessa época. A primeira, 
mais alegórica, está relacionada com a cidade de Alexandria. A outra, que surge depois 
em Antioquia em reação á primeira, é mais voltada para o sentido literal do texto 
Bíblico. Os problemas que enfrentaram de certa forma anteciparam as questões de 
interpretação que a Igreja iria encarar através da sua história, até o dia de hoje. 
 
6.3.1 A ESCOLA DE ALEXANDRIA (EGITO) 
6.3.1.1 Raízes históricas 
O sistema interpretativo que veio a associar-se com a cidade de Alexandria tem 
suas raízes históricas nas idéias de dois importantes filósofos gregos. 
O primeiro é Heráclito (Éfeso, 540?- 475?). Ele estabeleceu o conceito de 
huponóia, ou sentido mais profundo, como uma nova abordagem ás obras de Homero. 
Nessas obras, os deuses gregos são descritos cometendo traição, imoralidades, vigança, 
mentindo e praticando outros vícios. Para fugir das implicações obvias de se interpretar 
literalmente o que Homero escreveu acerca dos deuses, Heráclito sugeriu que o 
verdadeiro sentido estava além das palavras (Huponóia). Os escritos de Homero não 
eram para serentendidos literalmente, como estavam escritos, mas como apontando 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
para conceitos mais profundos, além da letra. Assim ele salvou os deuses da acusação 
de “imorais”... 
O segundo é Platão (Atenas, 427-347). Ele formou o conceito de que o mundo 
em que vivemos é apenas uma representação do que existe no mundo perfeito das 
realidades imateriais, o “mundo das idéias”. Uma cadeira, por exemplo, é apenas o 
reflexo da cadeira perfeita que existe nesse mundo ideal. Conceitos e verdade 
espirituais, próprios do “mundo das ideais”, são representados por alegoria. 
O conceito de que a verdade se encontra alegoricamente oculta além da letra e 
da realidade visível, como haviam ensinado Heráclito e Platão, influenciou mais tarde 
um Judeu de Alexandria, chamado Filo (também chamado de Filo Judeu, viveu entre 20 
AC e 50 DC). Filo tinha uma formação judaica e era leal ás instituições e costumes de 
seu povo. Era um estudioso das Escrituras do Antigo Testamento traduzidas para o 
grego (A Septuaginta). Tinha também uma formação filosófica, especialmente no 
platonismo. 
Moisés e Platão eram os dois heróis de Filo. Ele dedicou sua vida a reconciliar o 
ensino de Moisés nas Escrituras com as idéias de Platão. O método que ele empregou 
para isso foi alegorese. Esse termo vem da palavra grega “alegoria”, que significa dizer 
uma coisa em termos de outra. Filo escreveu diversas obras e comentários sobre a lei de 
Moisés interpretando as Escrituras alegoricamente, em termos das idéias, virtudes e 
moralidade do platonismo. 
Eis alguns exemplos da interpretação de Filo em seus comentários sobre 
Gênesis: 
A criação do jardim do Éden (Gn 2.8-14)- O rio Gion (2.13) significa “coragem” 
e circunda a terra de Cuxe, que significa “humilhação”, o sentido alegórico é que a 
coragem dá demonstrações de bravura diante da cobardia. Já o rio tigre (2.14) significa 
temperança, pois como um tigre, resiste resolutamente ao desejo. Eufrates (2.14) não se 
refere ao rio. O sentido alegórico é justiça. O rio pisom (2.11) significa “mudança na 
boca” e Havilá “tagarelar”, que Filo interpreta como significando insensatez. A 
interpretação alegórica da passagem é que a insensatez é destruída pela mudança na 
boca, que é o falar com prudência. 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
A criação e queda do homem (G 2-3)- Filo considera fábula a narrativa da 
criação da mulher da costela de Adão, após o mesmo haver adormecido. Ele rejeita a 
interpretação literal da passagem. O sentido verdadeiro é que Deus tomou o poder dos 
sentidos externos (Eva) e o conduziu á mente (Adão). Esse poder é sempre ameaçado 
pelo prazer (a serpente). A promessa messiânica, “ este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás 
o calcanhar” (3.15) é interpretada como Deus dizendo ao prazer (serpente) que a mente 
(o homem) vai vigiá-la e que em troca , prazer (serpente) vai atacar a mente (homem) 
oferecendo os prazeres mais básicos (morder o calcanhar)! 
6.3.1.2 Surgimento da Escola Catequética de Alexandria 
Quando o Evangelho alcançou Alexandria, muitos se tornaram cristãos. Uma 
forte comunidade floresceu rapidamente naquela cidade. Um dos líderes foi Barnabé 
que ficou conhecido por ter escrito carta de Barnabé, onde interpreta alegoricamente o 
Antigo Testamento seguindo os métodos de Filo. O exemplo mais famoso da carta PE a 
interpretação que ele faz de Gênesis 14.14 (onde se mencionam os 318 homens de 
Abraão) para provar que Abraão sabia não somente o nome de Cristo, mas até que ele 
haveria de morrer na Cruz. 
Barnabé 9.6- portanto, filhos do amor, aprendam abundantemente a respeito de 
Abraão. Ele, que primeiro estabeleceu a circuncisão, olhava em espírito para Jesus 
quando circuncidou a sua casa. Pois a Escritura diz “Abraão circuncidou 318 homens da 
sua casa” (ouvindo Abraão que seu sobrinho estava preso, Fez sair trezentos e dezoito 
homens dos mais capazes, nascidos em sua casa, e os perseguiu até Dã, Gn 14.14). Que 
conhecimento lhe foi dado naquela ocasião? Compreendam: Ele (Deus) disse primeiro 
18 e depois do intervalo, 300. No 18, o numero 10 equivale a “I” (no alfabeto grego) e 8 
a “H”. Aqui tu tens JESUS (IHSOYS). 300 equivale a “T” e aqui tens a cruz. Então, Ele 
(Deus) revelou Jesus nas duas letras e a cruz na ultima. Barnabé entendia que “318” 
dizia outra coisa que não um numero fixo. Para ele, era uma referencia proposital que 
Deus havia feito a Abraão acerca de Jesus, e que só poderia ter sido decifrada 
“espiritualmente”, interpretando-se a passagem alegoricamente. 
Outro líder foi Pantenus. Inicialmente um filósofo estóico, Pantenus converteu-
se e fundou uma escola crista catequética em Alexandria no século II. O sistema 
utilizado na escola para interpretar a Bíblia era alegórico. 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
6.3.1.3 Principais representantes da escola de Alexandria 
 
Um dos convertidos de Pantenus foi Clemente de Alexandria (150-215 AD), de 
quem alguns escritos foram preservados. Clemente substituiu Pantenus na direção da 
escola em 180 AD. Ele foi um dos primeiros a lidar seriamente com questões de 
interpretação bíblica. Usava a interpretação alegórica característica da escola para 
descobrir o sentido oculto das passagens bíblicas e para harmonizar os dois 
Testamentos. Para ele, a alegoria revelava a verdade ao verdadeiro discípulo mas a 
escondia dos outros.Ele insistia especialmente que o objetivo de Deus em revelar-se 
alegoricamente era ocultar a verdade dos incrédulos em geral e descortiná-la apenas 
para os espirituais.Clemente interpretava a parábola do filho prodigo alegoricamente, 
atribuindo a cada detalhe da parábola ( por exemplo, o anel, o manto, as sandálias, etc.) 
um significado espiritual. 
 
Origines (185-253 AD) e a mais importante figura nesse período. Era um 
estudioso muito respeitoso, muito capaz e provavelmente o mais erudito de sua época. 
Sua abordagem da escritura pode se resumir em alguns pontos essenciais: 
 
 
 A melhor maneira de se entender a Bíblia e através da perspectiva platônica. 
Nesse sentido, Origines e um verdadeiro discípulo de Filo de Alexandria. A 
Bíblia contém segredos que somente a mente espiritual pode compreender. O sentido 
literal e valioso, mas algumas o espiritual e para os maduros na fé. Se Deus e o autor da 
Bíblia, ela deve ter um sentido mais profundo. A interpretação literal e própria dos 
judeus e não dos cristãos. A esses foi revelado o sentido mais profundo das Escrituras, 
que havia sido ocultado dos judeus incrédulos. 
 Há três níveis de sentido nas Escrituras correspondentes as três dimensões da 
personalidade humana: 
 
 1) Carne – a interpretação literal e obvia corresponde a carne ou ao corpo 
humano, que e visível e evidente a todos que o vêem. Esse tipo de interpretação e para 
os indoutos. 
 2) Alma – aquelas que já fizeram algum progresso na vida cristã começam a 
discernir sentidos mais alem do obvio. 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
 3) Espírito – a interpretação alegórica, própria dos que são espirituais. 
 
 
Alguns exemplos de sua interpretação das Escrituras: 
 
 Rebeca vem tirar água do poço e encontra os servos de Abraão (Gn 24.15-17) 
– significa que diariamente devemos vir aos poços da Escritura para ali nos 
encontrarmos com Cristo. 
 Farao mandando matar os meninos e preservando as meninas hebréias (Ex 
1.15-16) – os meninos significam paixões carnais. 
 As seis talhas de pedra, que os judeus usavam para as purificações (Jô 2.6), 
significam os sentidos moral e literal das Escrituras e as vezes, o espiritual. 
 O sentido verdadeiro ( alegórico) da passagem sobre o divorcio (Mt 19.9) e a 
separação da alma do seu anjo da guarda. 
 
 Conclusão 
 
Origines influenciou muitos pais da Igreja como Dionísio o Grande, Eusébio de 
Cesárea, Didimo, o Cego, eCego, Cirilo de Alexandria, que seguiram sua interpretação 
alegórica. Embora Originess tivesse um alto apreço pelas Escrituras (que ele como 
Palavra de Deus inspirada) e reconhecesse a presença de Cristo nas Escrituras do 
Antigo Testamento, defendeu, sistematizou e promoveu um sistema de interpretação 
que ao fim diminuía o caráter histórico de algumas passagens e que não dispunha de 
controles adequados contra o subjetivismo. Entretanto, a reação viria alguns séculos 
depois, em Antioquia. 
 
 Implicações práticas 
 
Podemos nos perguntar em que conhecer a historia das interpretações de 
Alexandria nos afeta hoje. No mínimo, nos faz entender que o tipo de interpretação que 
prevalece na igreja evangélica brasileira de hoje segue o mesmo caminho de 
Alexandria, mesmo sem ter a sofistificaçao e a erudição de um Origines, por exemplo. E 
somente atravez de uma interpretação altamente “espiritualizante” das Escrituras que 
muitos mestres, pastores e lideres evangélicos conseguem convencer seus rebanhos de 
que estão ensinando a verdade da Palavra de Deus. Em termos práticos, Alexandria nos 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
ensina a ter cautela com a idéia de que a verdade da Bíblia só pode alcançada por 
“espirituais” que tenham acesso privilegiado a um conhecimento que esta alem do 
sentido simples, claro e evidente das Escrituras. 
 
6.4 A ESCOLA DE ANTIOQUIA 
6.4.1 INTRODUÇÃO 
Como vimos anteriormente, a interpretação dos pais da Igreja seguia duas linhas 
distintas. A primeira, maus alegórica, relacionada com a cidade de Alexandria. A outra, 
que surgiu depois em Antioquia em reação á primeira, mais voltada para o sentido 
literal do texto Bíblico. 
6.4.1.1 A escola de Antioquia (Síria )– surgimento 
A escola de Alexandria foi fundada por Luciano de Samosata (240-312 AD), 
Teólogo cristão que deu origem a uma tradição de estudos bíblicos que ficou conhecida 
pela erudição e conhecimento das línguas originais. Atribui-se a Luciano (embora sem 
evidências concretas) uma recensão e uniformização dos textos gregos da sua época, 
dando origem ao texto Bizantino ou sírio, que foi o texto grego do Novo Testamento 
adotado pela igreja até meados do século passado. Luciano era um cristão de profundas 
convicções. Morreu martirizado por torturas e fome, por se negar a comer carnes 
sacrificadas aos deuses romanos. 
Luciano fundou em Antioquia da Síria uma escola de estudos Bíblicos em 
oposição consciente ao método alegórico ligado a Alexandria, particularmente ao 
método de Orígenes. Essa escola tornou-se famosa por sua abordagem literal das 
Escrituras. Foi formada no início do século IV, embora já no século Ii houvesse em 
Antioquia estudioso como Teófolo, com uma interpretação mais sóbria das Escrituras. 
 
6.4.1.2 Principais representantes 
O sistema de interpretação adotada por Antioquia teve muitos ilustres defensores 
entre os pais da Igreja. Alguns dos mais conhecidos e importantes foram: 
 Deodoro de Tarso 
 Teodoro de Mopsuéstia 
 João Crisóstomo 
Os grandes Antioquianos não forma contemporâneos de Orígenes mas dos 
Alexandrinos posteriores como Atanásio e Dídimo. De muitas formas, o próprio Cirilo 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
de Alexandria demonstrou perceptividade para com a exegese literal, o que o coloca 
talvez entre duas escolas. 
 
6.4.1.3 Princípios de Interpretação 
 
Podemos resumir os princípios de interpretação desenvolvidos e utilizados pela 
escola de Antioquia e por seus representantes da seguinte forma: 
1. Sensibilidade e atenção ao sentido literal do texto. Era uma abordagem que 
poderia ser chamada de “Gramático-Histórica”. Esse termo só apareceu após 
a reforma, mas os princípios que caracterizavam esse tipo de interpretação já 
estavam presentes em Antioquia: procurar alcançar o sentido do texto através 
da busca da intenção do seu autor (daí estudar-se o sentido óbvio das 
palavras considerando o contexto histórico em que foi escrito. 
2. Desenvolvimento do conceito de Theoria. Esse termo designava o estado 
mental dos profetas em que recebiam as visões, em oposição á alegoria. Era 
uma intuição ou visão pela qual o profeta podia ver o futuro através das 
circunstâncias presentes. Depois da visão, era possível para ele descrever em 
seus escritos tanto o significado contemporâneo dos eventos bem como seu 
cumprimento futuro. A theoria era o principio usado pelos antioquianos para 
se descobrir um sentido mais literal nas palavras dos profetas do Antigo 
Testamento, permanecendo0se fiel ao seu sentido literal. Entretanto, embora 
reconhecessem que havia um sentido mais profundo e completo nas palavras 
dos profetas, estavam bem distantes da alegorese alexandrina. 
3. Não negavam o caráter metafórico de algumas passagens: reconheciam que 
havia tipologias, como a que Paulo fez em Gálatas 4.21-31. Entretanto, 
afirmavam a historicidade da narrativa vétero-testamentária e procuravam 
em seguida descobrir o sentido Teológico da mesma. 
4. Buscavam determinar a intenção do autor, pela atenção cuidadosa ao sentido 
histórico das palavras em seu contexto original. 
5. Os antiquianos eram contra descobertas arbitrárias de Cristo no Antigo 
Testamento, como as feitas pela alegorese alexandrina. Concordavam que 
Cristo esta presente nas Escrituras do Antigo Testamento, mas reagiam 
contra a idéia de que cada palavra, evento, número, personagem ou 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
instituição das mesmas poderia ser interpretada de forma alegórica de modo 
a sempre encontrar-se a Cristo nelas. 
 
6.4.1.4 Exemplos de Interpretação 
 Teólofo de Antioquia, um dos precursores da escola de Antioquia, numa 
obra intitulado “ A Autólico”, enfatiza que o Antigo Testamento é um 
livro histórico contendo a história autêntica dos atos de Deus para co 
Israel. Ele esforça-se para traçar uma cronologia Bíblia, da criação até 
seus dias. A mensagem do Antigo Testamento é que o Deus de quem ele 
dá testemunho é o criador dos céus e da terra. Isso é possível porque os 
autores humanos forma inspirados por Deus e podiam portanto escrever 
sobre coisas que aconteceram antes e depois de sua época. Lembramos 
que muitos intérpretes alexandrinos tendiam a rejeitar a importância da 
historicidade do relato da criação (Gn 1 e 2), valorizando o sentido 
profundo ou espiritual do mesmo. 
 Deodoro de Tarso, que viveu 200 anos após Teófilo, deixou-nos um 
comentário dos Salmos onde a interpretação Cristológica moderada de 
Antioquia reflete-se claramente. Ali vemos em ação o princípio 
Antioquiano de não atribuir a um texto do Antigo Testamento uma 
interpretação Cristológica que não possa ser provada e demonstrada 
pelo Novo Testamento (grifo meu). Comentando o salmo 22, Deodoro 
nega que o mesmo seja messiânico, pois a descrição literal dos 
sofrimentos do autor do salmo não combina com os sofrimentos de 
Cristo. O salmo 24 também não é messiânico, mas refere-se aos judeus 
que voltaram do cativeiro. 
 Teodoro de Mopsuétia é provavelmente o intérprete que seguiu mais 
rigidamente os princípios de interpretação da escola de Antioquia quanto 
á abordagem Cristológica do Antigo Testamento. Para ele, uma 
passagem no Antigo Testamento só pode ser considerada messiânica se 
for usada como tal no Novo Testamento. Meras alusões não são 
suficientes. Assim passagens como o sacrifício de Isaque, que nunca são 
referidas no Novo Testamento como se referindo a Cristo, não são 
consideradas messiânicas. 
 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
6.4.1.5 Influência e fracasso 
Podemos perceber vários aspectos positivos na obra dos antioquianos. A 
escola de Antioquia adotou uma leitura das Escrituras que pode ser chamada 
de Gramático-histórica (esse termo, na verdade, só surgiu após a reforma, 
mas os seus princípios estavam presentes em Antioquia, em grande medida), 
pois buscava descobririntenção do autor humano (que seria idêntica á do 
autor divino) como meio de determinar-se o sentido de uma passagem 
Bíblica. Os antioquianos procuravam fazer justiça ao caráter da escritura. 
 
 
RESUMO: 
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________ 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
 
7. PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO 
Introdução: O cristianismo é peculiarmente religião de um só livro. Elimine a Bíblia, e 
você terá destruído o meio pelo qual Deus decidiu apresentar Sua relevação ao homem 
através de sucessivas eras. “Segue-se, pois, que o conhecimento da Bíblia é requisito 
indispensável para o crescimento da vida cristã”. (Frank E. Gaebelein) 
Uma vez que a Hermenêutica Bíblica é a ciência que procura descobrir qual é o 
verdadeiro significado de um texto bíblico, torna-se necessário fornecer alguns 
princípios por meio dos quais a interpretação de um texto deve ser feita. Abaixo, cito 
resumidamente 4 princípios de interpretação com os seus respectivos subitens (24, ao 
todo): 
 
 
7.1 PRINCÍPIOS GERAIS DE INTERPRETAÇÃO 
 
 
1. Trabalhe partindo da pressuposição de que a Bíblia tem autoridade; 
 
A primeira lei da interpretação diz que a Bíblia é o supremo tribunal de recursos. 
Textos Mt 7.29; João 7.17 
 
2. A Bíblia é seu intérprete; a Escritura explica melhor a Escritura; 
 
Textos: Gn 3.1-5; Gn 2.16-17; 2.17; 3.4; Is 7.14; Mt 1.23; Gl 5.3. Deixe a Escritura 
explicar a Escritura. A Bíblia se interpretará a si mesma, se for estudada 
apropriadamente. 
 
3. A fé salvadora e o Espírito Santo são-nos necessários para compreendermos e 
interpretarmos bem as Escrituras; 
 
Textos: Mt 13.9; 2 Cor 4.4; ICor 2.14; 2.12; João 16.13 
 
4. Interprete a experiência pessoal à luz da Bíblia, e não a Escritura à luz da 
experiência pessoal; 
 
 
Textos: Atos 2.7,8; 8.17; 9.17-19; 19.6; I Cor 14; 12.14. A experiência pessoal é parte 
da vida Cristã, mas você deve ter o cuidado de mantê-la em seu lugar o próprio. 
Permite que a palavra de Deus interprete e molde as suas experiências, em vez de você 
interpretar a Escritura a partir das suas experiências. 
 
5. Os exemplos bíblicos só têm autoridade quando amparados por uma ordem; 
 
Textos: Mc 1.35; 1Ts 5.17; Col 3.16. A Bíblia estabelece limites sobre o que não se 
pode fazer, não sobre o que se pode. Todas as coisas são lícitas, a menos que 
especificamente proibidas. 
 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
 
6. O propósito primário da Bíblia é mudar nossas vidas, não aumentar o nosso 
conhecimento; 
 
Textos: I Co 10.6; Salmos 91.11-12; Mat 4.1-11. Satanás conhece a Bíblia, poderia 
passar em um exame de Teologia, porém reprovada na aplicação da mesma. 
Chamamos atenção na aplicação da passagem, pois deve estar em conformidade com o 
ensino geral das Escrituras. 
 
7. Cada cristão tem o direito e a responsabilidade de investigar e interpretar 
pessoalmente a Palavra de Deus; 
 
Textos: João 5.39; João 8.31; 2 Tm 2.15 
 
8. A história da igreja é importante, mas não decisiva na interpretação da 
Escritura; 
 
 
Textos: João 1.1,14. Devemos à história da Igreja o fato em que essa doutrina foi 
resolvida. A igreja não determina o que a Bíblia ensina; a Bíblia determina o que a 
igreja ensina. Aprenda da História e reconheça a sua importante contribuição, 
lembrando-se no entanto de que a Bíblia é o árbitro final em todas as questões 
pertencentes á fé e á prática. 
 
9. As promessas de Deus na Bíblia toda estão disponíveis ao Espírito Santo a favor 
dos crentes de todas as gerações. 
 
Textos: Is 30.21; Ex 14.14; 2 Pe 1.3,4. Vale considerar dois tipos de promessas que se 
acham na Bíblia. 1. Promessas gerais (I João 1.9); 2. Promessas específicas Is 60.11; 
At 13.47; 42.6,7. 
 
ANOTAÇÕES:_________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________ 
 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
 
7.2 PRINCÍPIOS GRAMATICAIS DE INTERPRETAÇÃO 
 
Os princípios gramaticais tratam das palavras do texto propriamente ditas. Como você 
deverá entender as palavras e frases das passagens em estudo? Que regras devem ser 
lembradas no trato do texto? Estes princípios respondem a essas questões. 
 
 
1. A Escritura tem somente um sentido, e deve ser tomada literalmente (exceto se o 
contexto indicar o contrário); 
 
Textos: 2 Reis 2.23,24. (...) A sua reação imediata talvez seja que jamais Deus poderia 
permitir que ocorresse um incidente dessa espécie. 
 
 
2. Interprete as palavras no sentido que tinham no tempo do autor; 
 
Determine o correto sentido das palavras da bíblia não e particularmente difícil hoje 
em dia. Muitas excelentes traduções está há disposição, e quando o sentido de uma 
palavra não ficar claro com elas, um bom dicionário bíblico será proveitoso. 
Textos: Mateus 25.1-13; João 2.14; João 2.19-21; Romanos 7.18 
Quando estudar uma passagem, nunca pule palavras que não compreende. 
Quando você estudar uma palavra particular, devera determinar quatro coisas: 
1.O uso que o autor fez dela; 
2. Sua relação com o seu contexto imediato; 
3. Seu uso corrente na época em que foi escrita; 
4. Seu sentido etimológico. 
 
3. Interprete a palavra em relação à sua sentença eao seu contexto; 
 
Textos: Gálatas 1.23; Romanos 14.23; 1 Timóteo 5.11,12; Atos 17.24-26; Efésios 1.7; 
Hebreus 9.6,7; 1 Coríntios 7.1 
Os manuscritos antigos dos quais fazemos nossas traduções da bíblia, não tem sinais de 
pontuação. Não há pontos, vírgula, parágrafos, versículos e capítulos. Estes foram 
introduzidos depois pelos tradutores, para clareza e facilidade do estudo. 
 
4. Interprete a passagem em harmonia com o seu contexto; 
Textos: 1 João 3.6-10; João 1.2. Você precisa encontrar o propósito global do livro a 
fim de determinar o sentido de palavras ou passagens particulares no livro. Estas 
quatro perguntas o ajudarão: 
1. Como a passagem se relaciona com o material circunvizinho? 
2. Como se relaciona com restante do livro? 
3. Como se relaciona com o livro com o todo? 
4. Como se relaciona com a cultura e o quadro de fundo em que foi escrita? 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
 
 
5. Quando um objeto inanimado é usado para descrever um ser vivo, a proposição 
pode ser considerada figurada; 
 
Textos: João 6.35; Salmo 92.12; Salmo 51.7; Mateus 26.26-28; 1 Coríntios 11.23-26. 
Quando se atribuem vida e ação a objetos inanimados, a proposição pode ser 
considerada figurada. 
 
6. Quando uma expressão não caracteriza a coisa descrita, a proposição pode ser 
considerada figurada; 
 
Textos: Fl 3.2,3; Lc 13.32; João 1.36; Is 53.7; Ap 5.5. Para Deus falar conosco, precisa 
usar figuras e imagens humanas a fim de comunicar a verdade divina (HENRICHSEN 
1980 P.49) 
Em conclusão, observe duas coisas importantes: 
1. Uma palavra não pode significar mais de que uma coisa de cada vez. Não pode 
ter sentido figurado e literal ao mesmo tempo. Quando dá um sentido figurado, 
cancela-se o sentido literal e vice-versa. 
2. Sempre que possível, a passagem deve ser interpretada literalmente. Só se o 
sentido literal da palavra não se enquadrar é que deverá ser interpretada 
figuradamente. É sempre preferível o sentido literal da palavra, a menos que o 
contexto o impossibilite. 
 
7. As principais partes e figuras de uma parábola representam certas realidades. 
Considere somente essas principais partes e figuras quando estiver tirando 
conclusões; 
 
Textos: Lc 8.4-15. Divisão da passagem: 1. Parábola propriamente dita (VV 4-9); 2, 
Interpretação dada por Jesus (VV 10-15). 
O propósito da parábola é ilustrar os diferentes tipos de respostas que a palavra recebe 
quando é proclamada. Vide o sermão do professor Lima
3
: 
 
Introdução: A parábola mostra quatro Corações: O Messias objetivava classificar o 
coração pela receptividade, desprendimento e disposição para aprender. 
 
Tema: OBTENDO ÁGUA NO TEMPO DA SEQUIDÃO 
1. Primeiro solo: Ouvinte com a mente fechada 
As sementes que foram lançadas não penetraram nele, e, portanto, não 
encontram as condições mínimas para germinar. Representam as pessoas que têm o seu 
próprio caminho, as que não estão dispostas para as novas experiências. Elas se 
fecham no seu mundo. Elas são vulneráveis no que refere as coisas de Deus. Nenhuma 
pregação encontra espaço para penetrar e transformar - levar essas pessoas a serem o 
 
3
 Sermão pregado na Igreja Evangélica de Araçariguama –Setembro 2009 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
que deveriam ser. São alienados, faltos o comprometimento e a coragem de dizer que 
precisam de Deus. Infelizmente a boa semente lançada não pode germinar. 
 
2. O segundo solo: Ouvinte com a mente Emocional 
Era um solo melhor do que o que estava á beira do caminho. As sementes nele 
lançadas encontraram condições mínimas para germinar. Elas logo nasceram, visto 
que a terra era boa. Porém, logo veio o calor do sol e elas não suportaram, já que suas 
raízes eram superficiais. As raízes dão sustentabilidade ás plantas, suprem-nas com 
nutrientes e água. Mostra a superficialidade da vida Cristã. Se não preocuparmos em 
cultivar raízes internas, não espere encontrar águas profundas nos dias de aridez. Se 
uma planta não alongar as suas raízes, ela não pode esperar os nutrientes de 
qualidade. As plantas que suportam a angústia do sol e os períodos de sequidão não 
são as mais belas, mas as que têm raízes mais profundas. Elas atingem o lençol. A 
Bíblia traz um relato interessante: O discurso de Jesus após a multiplicação de pães, 
não agradou a muitos quando o Mestre disse que deveriam comer a sua carne e beber o 
seu sangue- querendo dizer que a suas palavras eram um verdadeiro alimento para 
nutrir os solos do espírito e da alma humana. Pedro entendeu a lição e disse: Para 
onde iremos se só tu que tens a palavra da vida eterna. 
 
3. Segundo solo: Ouvinte com a mente inconstante 
 
 O solo era adequado. Não era compactado, não havia pedras no seu interior. 
As sementes encontraram um excelente clima para crescer. Lançaram raízes profundas, 
conseguiram águas submersas, suportaram o calor do sol. Os problemas exteriores não 
conseguiram destruí-las. Nesse crescimento, sutilmente cresceram espinhos. No início 
os espinhos eram insignificantes, mas a medida que vai passando o tempo, a história 
vem se mudando. São os espinhos que agora comanda e sufoca o coração. Os espinhos 
começaram a competir com as plantas pelos nutrientes, oxigênio, água e raios solares. 
Como eram mais adaptados, deram um grande salto. Cresceram rapidamente e 
começaram a sufocar as plantas. As plantas clamavam pelos nutrientes e pelos raios 
solares para fazer a fotossíntese, mas os espinhos controlavam seu desejo de viver. As 
plantas não frutificaram, não sobreviveram. Os espinhos são a preocupação 
existencial, os cuidados do mundo, as ambições a fascinação pelas riquezas. Eu não 
disse que não devemos nos preocupar, mas o mal é deixar que essas preocupações nos 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
controlem, roubando a nossa tranqüilidade. Eu disse que houve a competição entre 
espinho e as plantas: No nosso coração a arrogância compete com o perdão, à 
intolerância com a compreensão, a necessidade de poder compete com o 
desprendimento, o ódio com a maior. Eu diria ainda se o sucesso espiritual, 
profissional, intelectual se não forem bem administrados, vão competindo com a 
simplicidade da vida. 
 
4. Terceiro Solo: Ouvinte com a mente firme e compreensiva 
Finalmente chegamos ao último coração representado da semente que caiu em 
boa tarde. Este coração removeu as pedras, suportou as dificuldades da vida, laçou 
raízes profundas nos tempos de aridez, assim criou um clima favorável para frutificar 
com abundância. Jesus disse são todos aqueles que compreenderam a sua palavra, 
refletiram sobre e permitiram que ela habitasse no seu ser. Comportou-se como sedento 
e ansioso pela água. Não era movido apenas pelo entusiasmo das boas novas, mas pela 
disposição desesperada para aprender 
 
 
 
8. Interprete as palavras dos profetas no seu sentido comum, literal e histórico, a 
não ser que o contexto ou a maneira como se cumpriram indiquem claramente que 
têm sentido simbólico. O cumprimento delas pode ser por etapas, cada 
cumprimento sendo uma garantia daquilo que há de seguir-se. 
 
Textos: Malequias 4.5,6; Mateus 11.13,14; 17.10-13; Joel 2.28-32; Atos 2.15-21. 
 A profecia deve ser interpretada literalmente, a menos que o contexto ou alguma 
referência posterior na Escritura indique outra coisa. O texto abaixo não pode ser 
tomado literalmente. Malequias 4.5,6 (“ Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes 
que venha o grande e terrível dia do SENHOR; E ele converterá o coração dos pais 
aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com 
maldição)”. 
Diz Malequias que Deus enviará “o profeta Elias”. Quando apareceu João Batista 
como o precursor de Jesus Cristo, gerou-se muita confusão, o que mostra que o povo 
daquele tempo esperava que a profecia fossecumprir-se literalmente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
7.3 PRINCÍPIOS HISTÓRICOS DE INTERPRETAÇÃO 
 
Os princípios históricos tratam do cenário histórico do texto. Para quem e por quem foi 
escrito o livro? Por que foi escrito e que papel desempenhou o cenário histórico na 
formação da mensagem do livro? São desse tipo as perguntas que você procura 
responder quando considera o aspecto histórico do seu estudo. 
 
 
1. Desde que a Escritura originou-se num contexto histórico, só pode ser 
compreendida à luz da história bíblica; 
 
Textos: Atos 15 
 
 
2. Embora a revelação de Deus nas Escrituras seja progressiva, tanto o Velho como 
o Novo Testamento são partes essenciais desta revelação e formam uma unidade; 
 
Textos: João 14.6; Hb 10.4. A revelação que Deus faz de si é progressiva, à medida que 
você vai lendo a Bíblia, mas o seu caráter é imutável. O grandioso plano divino de 
redenção é o mesmo em ambos os testamentos. Ao estudar a Bíblia, você pode 
considerá-los duas partes do mesmo livro, não dois livros separados. 
 
 
3. Os fatos ou acontecimentos históricos se tornam símbolos de verdades 
espirituais, somente se as Escrituras assim o designarem; 
 
Textos: 1 Coríntios 10.1-4; Números 20.11; Gálatas 4.22-24. 
 
Estudo de caso: O livro de Filemom- sem nenhuma razão aparente, muitos alegorizam 
esse livro, identificando Filemom com Deus, Onésimo com a Humanidade e Paulo com 
Cristo. Cristo (Paulo) intercede junto ao Pai (Filemom) em favor do fugitivo que se 
converteu (Onésimo). Paulo não estabelece esta analogia, nem aqui, nem em nenhuma 
outra passagem. Tampouco você deve fazê-lo. 
Esta espécie de alegorização é diferente de fazer aplicação. Por exemplo, podemos 
dizer que Paulo pediu a Filemom em favor de Onésimo é o que Cristo nos pede. Da 
mesma maneira devemos perdoar os que nos tenham lesado. Nossa aplicação é 
extraída do acontecimento ou fato histórico, sem alterar o sentido visado no referido 
fato. 
 
 
 
 
 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
 
 
 
 
 
 
7.4 PRINCÍPIOS TEOLÓGICOS DE INTERPRETAÇÃO 
 
Teologia é o discurso acerca de Deus e de sua relação com o mundo. O livro-fonte 
deste estudo é a Bíblia. A Teologia procura tirar conclusões sobre vários tópicos, 
amplas e importantes na Bíblia. A que se semelha Deus? Qual é a natureza do homem? 
Qual é a doutrina da salvação realmente válida? São estes tipos de assuntos de que 
trata a teologia. Os princípios teológicos são aquelas regras que tratam da formulação 
da doutrina. 
 
 
1. Você precisa compreender gramaticalmente a Bíblia, antes de compreendê-la 
teologicamente; 
 
Textos: Romanos 5.15-21; Hebreus 10.26 
Com base em Romanos podemos tirar algumas conclusões: A imputação não afeta o 
seu caráter moral, mas sim, a sua posição legal. Quando você considerado justo graças 
à obra de Cristo, o seu caráter moral não foi alterado; você não se tornou moralmente 
justo e perfeito, só legalmente justo e perfeito à vista de Deus. 
Após a leitura do texto de Hebreus 10.26, deve estar a pensar, o crente pode perder a 
salvação. Definitivamente está passagem não serve como base. Ouviu o que eu disse: 
Não é intenção do autor falar sobre esse assunto. Porém, o escritor expõe o fato do 
sacrifício de Jesus. Esta sua afirmação diz que, uma vez que esses judeus 
compreenderam a razão da morte de Jesus e deliberadamente a ignoraram, se 
retornassem aos seus sacrifícios, não haveria nenhum sacrifício futuro provido por 
Deus. Você terá de compreender o que uma passagem diz, antes de extrair dela 
quaisquer conclusões doutrinárias. 
 
2. Uma doutrina não pode ser considerada bíblica, a não ser que resuma e inclua 
tudo o que a Escritura diz sobre ela; 
 
Textos: Romanos 3.28; 6.1-6; Gálatas 5.18. 
 
Ao ler tais declarações, pode concluir que a graça de Deus o livra de qualquer 
obrigação de viver uma vida disciplinada, santa? 
 
3. Quando parecer que duas doutrinas ensinadas na Bíblia são contraditórias, 
aceite ambas como Escrituristicas, crendo confiantemente que elas se explicarão 
dentro de uma unidade mais elevada; 
 
Existem nas escrituras certo número de aparentes contradições ou paradoxos. 
“aparentes” porque na realidade não o são. Parecem contraditoras porque a mente 
finita do homem não pode compreender a mente infinita de Deus. 
Eis alguns dos conhecidos paradoxos para a mente humana: 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
1. A Trindade. Não servimos a três deuses, mas sim, a um só Deus; contudo, cada 
pessoa da divindade é plena e completamente Deus, e não apenas um terço 
Deus. 
2. A dual natureza de Cristo. Jesus Cristo é Deus completo e homem completo. 
Não é meio Deus e meio homem; todavia, Ele não é duas pessoas, mas somente 
uma. 
3. A origem e existência do mal. Em termos lógicos, a mente humana deduz que de 
duas coisas, uma deve ser verdadeira. Ou Deus criou o mal, ou este lhe é 
coeterno. A Bíblia nos induz a crer que nenhuma destas é verdadeira. É um 
mistério. 
4. A soberana eleição de Deus e a responsabilidade do homem. Vide: (Efésios 1:4) 
- Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que 
fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; (II Pedro 3:9) - O 
Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é 
longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos 
venham a arrepender-se. (Romanos 10:13) - Porque todo aquele que invocar o 
nome do SENHOR será salvo. 
De todas as dificuldades, nenhuma causa tanta controvérsia emocional como à 
última. 
Quando a Bíblia deixa duas doutrinas “conflitantes” sem as conciliar, você 
deve ter o mesmo. Viver em tensão não é agradável, mas você deve ter cuidado 
para não perder o equilíbrio Bíblico ao procurar aliviar a tensão. Não arranque 
partes da Escritura na tentativa de forçar acordo entre as duas doutrinas 
“conflitantes” 
 
 
4. Um ensinamento simplesmente implícito na Escritura pode ser considerado 
bíblico quando uma comparação de passagens correlatas o apóia. 
 
 
Texto: Êxodo 3.5 
A comunidade religiosa judaica do tempo de Jesus estava dividida em vários grupos: 
Herodianos, essênios, zelotes, saduceus, e fariseus. Estes dois últimos grupos divergem 
sobre certos pontos doutrinários, notadamente a ressurreição dos mortos. Os fariseus 
criam nisso; os saduceus o negava. 
Certa ocasião Jesus se viu numa discussão com os saduceus sobre esta questão da vida 
além desta. Será que o Antigo Testamento a ensina de fato? Resposta de Jesus: “ 
quanto à ressurreição dos mortos, não tendes lido no livro de Moisés, no trecho 
referente à sarça, como Deus falou: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o 
Deus de Jacó? Ora ele não é Deus de mortos, e, sim, de vivos. Esse raciocínio é 
dedutivo, e pode ser delineado da seguinte forma: 
 Primeira premissa- Deus é Deus de vivos 
 Segunda premissa – Deus é o Deus de Abaão, Isaque e Jacó. 
 Conclusão – Abraão, Isaque e Jacó estão entre os que vivem. 
A doutrina da ressurreição é implícita no Antigo Testamento, arrazoou Cristo. O 
Antigo Testamento não afirma expressamente que há uma ressurreição dos mortos, mas 
quando você compara passagens correlatas sobre o assunto, deduz que é verdade. 
 
 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
Anotações: 
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
____________________________________________________________________8. APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS AOS DIFERENTES TIPOS DE TEXTOS 
Linguagem figurada não quer dizer linguagem sem sentido, nem linguagem 
ininteligível. Muito ao contrário, as figuras dão maior realce ao pensamento, tornando a 
linguagem enfática; e o sentido de tal linguagem, se bem que menos claro que na literal, 
é perfeitamente acessível e certo. 
Devemos sempre ler a Bíblia deixando-a significar o que quer dizer. Sua 
linguagem figurada é geralmente indicada pelo contexto; seus símbolos e tipos são 
explicados por outras passagens, quando não o são no próprio texto ou no contexto 
imediato. Fora disso, sua linguagem deve ser entendida literalmente, a não ser que o 
sentido requeira interpretação figurada. 
Agora vamos fazer um estudo das figuras de linguagem, procurando nos 
ocuparmos daquilo que interessa mais diretamente ao texto bíblico e a sua exegese. 
 
 
 
 
 
 
Parábolas 
É uma narrativa de acontecimento real ou imaginário em que tanto as pessoas 
como as coisas e as ações correspondem a verdades de ordem espiritual e moral. 
Exemplo: O Semeador (Mt 13.3-8); Ovelha perdida, dracma perdida e filho pródigo 
(Lc. 15), etc. 
 
 
Metáforas 
 
 É a figura em que se afirma que alguma coisa é o que ela representa ou 
simboliza, ou com que se compara. 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
 Ela só se distingue do símile por lhe faltar o elemento de comparação que há 
neste. Quando Isaías, por exemplo, falando do Messias, diz: “Foi subindo como 
renovo”, emprega um símile, uma comparação, em que não há figura. Quando, porém, o 
Senhor diz por Zacarias: “Eis que aqui farei vir o meu servo, o Renovo”, temos uma 
verdadeira metáfora. 
 
Provérbios 
 
Walter C. Kaiser descreveu provérbios como ditos “concisos, breves, com um 
pouco de estimulante, e uma pitadinha de sal também”. Muitos consideram os 
provérbios como bonitos slogans – bons motos pata se pendurar na parede. Poucos 
reconhecem a excelente beleza e sabedoria que, muitas vezes, esses ditos contém. 
Um dos maiores problemas da religião é a falta de integração prática entre 
nossas crenças teológicas e nosso viver diário. Os provérbios podem proporcionar um 
importante antídoto, pois demonstram a verdadeira religião em termos específicos 
práticos e significativos. 
O foco geral do livro de provérbios é o aspecto moral da lei- regulamentos éticos 
para a vida diária redigidos em termos universalmente permanentes. Os focos 
específicos incluem sabedoria, moralidade, castidade, controle da língua, associações 
com outras pessoas, indolência e justiça. 
 
Muitos dos provérbios se relacionam com a sabedoria, um 
conceito que proporciona o contexto para todos eles. Sabedoria, 
na escritura, não é sinônimo de conhecimento. Ela começa com 
o temor do senhor. “O temor do Senhor não é o medo normal, 
ou mesmo aquele tipo mais profundo conhecido como 
reverência numerosa”, mas é basicamente uma postura, uma 
atitude do coração que reconhece nosso relacionamento legítimo 
com o Deus Criador. A vida de sabedoria e prudência procede 
desta postura de Deus. Dentro deste contexto, os provérbios já 
não permanecem como motos piedosos para serem pendurados 
na parede, mas se tornam meios intensamente práticos, 
significativos, de inspirar um andar íntimo com o Senhor 
(VIRKLER 1987 P.125 
 
 
Alegorias 
É uma figura retórica que geralmente consta de várias metáforas unidas, 
representando cada uma delas realidades correspondentes. 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
Exemplo: "Eu Sou o Pão Vivo que desceu do céu, se alguém dele comer, viverá 
eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo, é a minha carne... Quem comer a 
minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna", etc. Esta alegoria tem sua 
interpretação nesta mesma passagem das Escrituras. (Jo 6.51-65) 
 
Profecias 
 
Segundo Virkler (1987:146-147), a interpretação de profecia é um assunto 
sumamente completo, não tanto em virtude da discordância concernentes aos princípios 
interpretativos corretos, mas por causa das diferenças de opinião sobre como aplicar 
esses princípios. No Antigo Testamento, assim como no Novo Testamento, “profeta é 
um porta-voz de Deus que declara a vontade de Deus ao povo”. Acordo com Autor, a 
profecia refere-se a três coisas: (1) predizer eventos futuros (Ap 1.3; 22.7, 10; João 
11.51); (2) revelar fatos ocultos quanto ao presente (Lc 1.67-79; At 13.6-12 e (3) 
ministrar instrução, consolo e exortação em linguagem poderosamente arrebatada (At 
15.32; I Co 14.3, 4, 31). 
Símile: também afirma que alguma coisa é o que ela representa ou simboliza, 
sendo que apresenta um elemento comparador. (Is.53.2). 
Metonímia: o emprego do nome de uma coisa pelo de outra com que tem certa 
relação (Gn.25.26; Lc.16.29; Gn.41.13; Jó.32.7) 
 
Sinédoque: a substituição de uma ideia por outra que lhe é associada (Mt.3.5; 
6.11; Gn.3.19; 19.20). 
 Hipérbole É a afirmação em que as palavras vão além da realidade literal das 
coisas (Dt.1.28). 
 Ironia: É a expressão dum pensamento em palavras que, literalmente 
entendidas, exprimem sentido oposto (Gn.3.22;Jz.10.14; Jó.12.2; Mt.27.40). 
 Prosopopeia: É a personificação de coisas ou de seres irracionais (Sl.35.10; 
Jó.12.7; Gn.4.4). 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
 Antropomorfismo: É a linguagem que atribui a Deus ações e faculdades 
humanas, e até órgãos e membros do corpo humano (Gn.8.12; Sl.74.11). 
 Enigma: É a enunciação duma idéia em linguagem difícil de entender. 
(Jz.14.14) 
Tipos: É uma classe de metáforas que não consiste meramente em palavras, mas 
em fatos, pessoas ou objetos que designam fatos semelhantes, pessoas, ou objetos no 
porvir (Hb.9.8,9; Jo.3.14; Mt.12.40). 
Símbolos: É uma espécie de tipo pelo qual se representa alguma coisa ou algum 
fato, por meio doutra coisa ou fato conhecido, para servir de semelhança ou 
representação. É diferente do tipo por não prefigurar a coisa que representa. Ele 
simplesmente representa o objeto (Ap.5.5; I Pe.5.8; Js.2.18). Os símbolos podem ser 
apresentados na forma de objetos (sangue, ouro, etc.); nomes (Abraão, Israel, Jacó, 
etc); números (seis, sete, oito, etc.) e cores (púrpura, escarlate, etc.). 
 Poesia: é a mensagem de Deus revelada através do lirismo da poesia judaica. 
Está presente desde Génesis até o Apocalipse. A poesia hebraica não possui rima. 
Composta por paralelismo: sinonímico – o segundo verso repete com sinônimos 
(Sl.20.2,3; Pv.23.24,25); antitético – o segundo verso é uma antítese ao primeiro. 
(Sl.1.6; 71.7; Pv.12.1,2) e sintético – o Segundo verso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA 
PROF. ALFREDO LIMA 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
HENRICHSEN. Walter A. Princípios de Interpretação da Bíblia. São Paulo: 
Mundo Cristão, 1980 
SCHOLS. Vilson. Princípios de Interpretação Bíblica. RS: Ulbra, 2006 
SILVA, Moisés e KAISER, Walter. Introdução à Hermenêutica Bíblica. São Paulo: 
Cultura Cristã, 2002. 
ZUCK, Roy B. A interpretação bíblica. São Paulo: Edições Vida Nova 2002. 
DORDON D. FEE, DOLGLAS STUART. Entendes o que lês.Ed. Nova Vida. 
2º edição. 2005. 
HENRICHSEN, WALTER A. Métodos de Estudo Bíblicos. Ed. Mundo Cristão. 
4º edição. 1989

Continue navegando