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SUTURAS E NÓS CIRÚRGICOS INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE SAÚDE – ISCISA EXTENSÃO DE QUELIMANE Júlio A. Artur INTRODUÇÃO Dada à importância cirúrgica no âmbito das Técnicas básicas de Cirurgia, é crucial conhecer o processo de cicatrização das feridas e os tipos de sutura disponíveis para a sua correcção. A escolha do tipo de sutura depende do tecido e da sua localização anatómica. A aproximação dos bordos de uma ferida pode ser feito por meio de uma sutura natural ou sintética, mono ou multifilamento. Três propriedades do material de sutura interferem com o seu manuseamento: memória, elasticidade e tensão dos nós. A força de tensão, reacção tecidual e capacidade para ser absorvido são outras características importantes de um material de sutura. SÍNTESE CIRÚRGICA A síntese cirúrgica é uma operação fundamental que consiste na aproximação das bordas de tecidos seccionados ou ressecados. Tem como objectivo manter a continuidade tecidual e facilitar as fases iniciais do processo de cicatrização. É um processo obrigatório na maioria dos procedimentos cirúrgicos Entende-se por síntese o conjunto de manobras manuais e instrumentais, destinadas a unir os tecidos separados, restituindo sua continuidade anatômica e funcional. SUTURA Sutura pode ser definida como o acto de aproximar estruturas (tecidos histológicos), mediante a utilização de instrumental cirúrgico. Sutura ou pontos cirúrgicos são ligações em pele, mucosa, musculo, vasos sanguíneos e órgãos com objectivos de manter os unidos ou fechado dependendo do local suturado. Todas as suturas promovem em maior ou menor grau três efeitos básicos: síntese, recobrimento e efeito hemostático. SUTURA Para se garantir a eficácia do processo, deve-se utilizar materiais que resistam às tensões e trações que serão exercidas sobre a ferida nas fases iniciais da cicatrização. A síntese cirúrgica, juntamente com o processo de cicatrização, constitui o meio pelo qual a continuidade do tecido é restaurada, sendo que a missão da primeira não deve terminar antes que a segunda já esteja em pleno curso. OBJECTIVOS DE SUTURAS OU SÍNTESE CIRÚRGICA Tem como função a aposição das bordas do ferimento, facilitando a cicatrização e o processo de restauração. Para tanto é necessário o uso de materiais como os fios de sutura, sua agulhas etc. NORMAS PARA UMA BOA SUTURA Antissepsia e assepsia correctas União de tecidos de mesma natureza, de acordo com os diferentes planos Hemostasia adequada Abolição/redução dos espaços mortos Bordas da ferida limpos e sem anfractuosidades Ausência de corpos estranhos ou de tecidos desvitalizados Emprego de suturas e fios adequados, realizados com técnica apropriada. PRINCÍPIOS A SEREM OBSERVADOS NA ESCOLHA DE UM MATERIAL DE SUTURA Devem ser tão ou mais fortes do que os tecidos normais através dos quais são colocados. A pele e a fáscia são os tecidos mais fortes, sendo que o estómago, intestino e bexiga urinária são os mais fracos. As suturas não são necessárias após a ferida ter cicatrizado Suturas monofilamentares suportam mais contaminação do que as suturas multifilamentares Suturas sintéticas são superiores as suturas naturais NORMAS PARA EXECUÇÃO DE SUTURAS Observar distância regular e segura de entrada e saída da agulha em relação às bordas da ferida Distribuir os pontos com espaçamento uniforme Evitar a confecção sobre a linha de cicatrização Nos términos de sutura, cortar o fio a uma distância segura dos nos Escolher correctamente os fios, calibres e o tipo de sutura de acordo com os tecidos ou órgãos a serem suturados. Na confecção dos nós, traccionar os terminais apenas o suficiente para a adequada aproximação das bordas da ferida evitando isquemia e deiscência. NORMAS PARA EXECUÇÃO DE SUTURAS Após o fechamento de uma ferida as bordas tornam-se enfraquecidas pela colagenólise e o suporte das suturas esta enfraquecido. As suturas colocadas a uma distância de mais de 0.5 cm das margens da ferida, aparentemente não são afectadas pela colagenólise. A inflamação também contribui para diminuir a tensão, é aconselhável colocar as suturas mais de 0.5 cm afastadas das bordas em feridas muito traumatizadas. A tensão máxima junto aos tecidos e também obtida quando as suturas são colocadas de 0.5 cm uma das outras. Quando colocadas mais próximas de 0.5 cm causam retardamento da cicatrização devido à reacção tecidual e comprometimento da circulação sanguínea nas bordas da ferida. Uma boa regra seguir é colocar o numero de sutura suficiente para dar uma boa captação das bordas. TIPOS DE SUTURAS As suturas podem ser classificadas segundo a permanência, função ou junção das bordas, técnica, planos, visibilidade, , quanto a inclusão das camadas. Segundo a permanência podem ser Temporárias as que retiram apos algum tempo Definitivas são as que permanecem na intimidade dos tecidos. SEGUNDO A FUNÇÃO OU JUNÇÃO DAS BORDAS PODEM SER Coaptantes: ocorre a aproximação das bordas da ferida, sem deixar desníveis entre as mesmas, com o objectivo de manter a integridade anatômica e funcional do tecido. De sustentação: empregada para aproximação dos bordos da ferida que tendem a separar se de elasticidade da ferida. Inversante ou invaginante: ocorre a justaposição das bordas, que ficam reviradas para fora. E indicada para oclusão de vísceras ocas. Eversante ou evaginante: ocorre a justaposição das bordas pela face externa com o objectivo de isolar a parte interna da sutura. E indicada para suturas vasculares ou de tensão. Sobreposição: ocorre a sobreposição de uma borda sobre a outra com o objectivo de aumentar a superfície de contacto, gerando uma cicatriz mais resistente. E utilizada em eviscerações, enventrações e redução do anel herniano umbilical. De hemóstase: utilizada para promover a hemostasia em vasos em forma de clamp vascular. QUANTO À INCLUSÃO DAS CAMADAS Contaminante: quando a sutura inclui todas as camadas do órgão, desde a serosa ate a mucosa, entrando na luz do órgão suturado. Não contaminante: quando não há comunicação com a luz do órgão, incluindo as camadas: sero-serosa, sero- muscular e sero-submucosa 5. Segundo os planos podem ser Plano por plano – quando se respeitam os planos anatómicos. Em massa – quando a sutura e feita sem o respeito dos planos anatómicos 6. Segundo a visibilidade a) Estéticas b) Ocultas SEGUNDO A CONTINUIDADE PONTOS SEPARADOS OU INTERROMPIDOS Pontos Separados ou interrompidos é quando o fio é passado, amarrado e cortado individualmente. A sutura interrompida pode ser: a) Simples: É uma sutura coaptante, contaminante ou não, dependendo do numero de camadas inclusas. É a mais usada nas unidades de emergência, muito fácil, pode ser usada em qualquer lugar, e recomendada a lateralização de nós evitando deixar sobre a linha de cicatriz. A distância entre a borda e a entrada ou saída do fio deve ser a mesma. Deve incluir a derme e epiderme de forma homogênea entre os lados. PONTO SIMPLES No ponto simples, a derme deve ser transposta pela agulha em sua totalidade. A agulha penetra a pele à 90º e, na outra derme em sua totalidade, sai através da pele. A distância entre a entrada da agulha e a incisão em uma borda e a saída na outra deve ser a mesma. Indicada principalmente para pele, redução dos espaços mortos, fechamento da cavidade abdominal e vísceras ocas. EM “U” VERTICAL OU DE DONATTI: É uma sutura eversante ou evaginante, emboraatravesse todas as camadas da estrutura envolvida, não é indicada para a sutura de órgãos ocos, dessa forma não pode ser classificada como contaminante ou não, indicada principalmente para pele. EM “U” HORIZONTAL OU GILLIES: É uma sutura eversante ou evaginante, contaminante, quando aplicada em vísceras, indicada principalmente para pele, entero-anastomose, término-terminal. A sutura em U horizontal, ou ponto de Gillies, a agulha penetra a pele de forma intradérmica na fase inicial, em uma das bordas. SUTURA EM “X” OU DE SULTAN: É uma sutura coaptante, atravessa as camadas das estruturas envolvidas. Não e indicada para órgãos ocos, dessa forma não pode ser classificada como sutura contaminante ou não, indicada principalmente para o fechamento da cavidade abdominal. SUTURA EM JAQUETÃO: É uma sutura em sobreposição, atravessa todas as amadas de estruturas envolvidas, no entanto, não e indicada para órgãos ocos, dessa forma não pode ser classificada como contaminante ou não. Indicada para redução de hérnias abdominais SUTURA DE LEMBERT INTERROMPIDA É uma sutura invaginante, não contaminante, podendo incluir as camadas sero-musculares ou sero-submucosa. Indicada para sutura de órgãos ocos, principalmente a sutura de segunda camada (útero, estómago). SUTURA DE MAYO: Sobreposição; atravessa todas as camadas das estruturas envolvidas, no entanto, não é indicada para órgãos ocos, dessa forma não pode ser classificada como sutura contaminante ou não; indicada principalmente para redução de hérnias SUTURA DE HALSTED: É invaginante, não contaminante, podendo, podendo incluir as camadas sero-musculares ou sero-submucosa. E semelhante à Lembert, porém, é dupla. Suas indicações são as mesmas que a anterior. SUTURA DE GELY: Evaginante ou eversante, porém, se não for devidamente apertada poderá apresentar aspecto de coaptação. Não pode ser classificada como contaminante ou não mesmo envolvendo todas as camadas das estruturas, não é indicada para órgãos ocos. SUTURA DE GAMBEE: Sutura coaptante, contaminante, pois atravessa todas as camadas das estruturas envolvidas e é indicada para órgãos ocos como o intestino. SUTURA DE CRUSHING: Coaptante, contaminante, sua confecção e semelhante à simples separada, incluindo todas as camadas da estrutura envolvida, porém e atada com mais força, esgaçando as camadas serosas, musculares e mucosas, permanecendo a sutura ao nível da submucosa, é indicada principalmente para sutura do intestino. SUTURA DE SWIFT É uma sutura coaptante, contaminante, sua confecção e semelhante à simples separada, incluindo todas as camadas da estrutura envolvida, porem, se inicia a sutura internamente ao mesmo, ficando os nos voltados para o lúmen, é uma sutura basicamente utilizada para o esôfago, porem, tem sido gradativamente substituída por outras opções SUTURA DE RELAXAMENTO: É uma sutura coaptante, embora inclua todas as camadas da estrutura, não pode ser considerada contaminante, uma vez que não é indicada para órgãos ocos; sua indicação é principalmente para auxiliar no fechamento da cavidade abdominal. Quando destinada para esse fim, permanecerá sob tensão, para que haja relaxamento na linha de sutura principal. SUTURA CAPTONADA: É uma eversante o evaginante, pode ser contaminante ou não, dependendo das estruturas envolvidas. É o tipo de sutura aplicada a diversos modelos de confecção, principalmente aos duplos como Wolf ou Donatti, pois se acrescenta um protector para evitar o esgarçamento do órgão, por excesso de tensão do fio de sutura sobre o mesmo. Indicada para sutura sob tensão a redução de prolapso vaginal. SUTURA EM “8” E uma sutura coaptante; atravessa todas as camadas das estruturas envolvidas, porem, não e considerada contaminante, pois não e indicada para sutura de órgãos ocos; sua confecção simula a figura de um número oito (8) numa visão lateral. Indicada para fechamento provisório da camada abdominal onde inclui todas as camadas do abdómen. PONTO DE SMEAD-JONES OU SUTURA “LONGE-PERTO, PERTO-LONGE”. Sutura coaptante, embora atravessem todas as camadas da estrutura envolvida, não pode ser considerada contaminante, pois não e indicada para órgãos ocos. Indicada principalmente para estruturas sob tensão, como muco- periósteo e pele. Início da sutura não difere do ponto simples; após isso, antes do nó, o fio retorna à borda inicial em plano superficial e à frente do anterior. SUTURAS CONTÍNUAS Possuem um nó inicial, o fio não e cortado, estendendo-se do ponto de origem após várias passagens pelos tecidos, onde o fio e cortado após o nó final. SUTURA SIMPLES CONTINUA OU DE KURCHNER Coaptante, contaminante ou não, dependendo da estrutura envolvida, indicada para alguns casos de fechamento de cavidade abdominal, aproximação de fáscia muscular, desde que não esteja sob tensão ou ainda em entero-anastomoses SUTURA FESTONADA, REVERDIN OU ANCORADA DE FORD. Coaptante, embora inclua todas as camadas da estrutura envolvida, não pode ser considerada contaminante, pois não é indicada para estruturas ocas, possui um padrão semelhante ao simples contínuo, indicada para alguns casos de fechamento da cavidade abdominal, aproximação da fáscia muscular e pode ser sutura hemostática. SUTURA EM “U” CONTÍNUO OU DE COLCHOEIRO Eversante ou evaginante, atravessa todas as camadas da estrutura envolvida, porem, não é considerada contaminante. Indicada para síntese de uma das camadas musculares. SUTURA DE LEMBERT CONTÍNUA Invaginante ou inversante, não contaminante, inclui as camadas sero-muscular e sero-submucosa. Indicada para fechamento de órgãos ocos, principalmente como a segunda camada (útero, estômago). SUTURA INTRADÉRMICA Coaptante, não pode ser classificada como contaminante ou não. Indicada para sutura da pele. SUTURA ZIGUE-ZAGUE Coaptante, não avaliada quanto à contaminação, devido a sua aplicação. Indicada para redução de espaço morto subcutâneo. SUTURA DE CUSHING OU D’APPOLITO Invaginante ou inversante, não contaminante, pois possui apenas camada sero-serosa, sero-muscular ou sero-submucosa. Indicada principalmente para suturas de segunda camada em órgãos ocos SUTURA DE CONNELL Invaginante ou inversante, contaminante, pois atravessa todas as camadas de estrutura envolvida. Indicada para órgãos ocos, como primeira camada da sutura. A confecção e semelhante à Cushing. SUTURA EM BOLSA DE TABACO OU BOLSA DE FUMO Invaginante ou inversante, contaminante, pois atravessa todas as camadas da estrutura envolvida. Pode ser realizada em duas linhas, onde a primeira é contaminante e a segunda não contaminante. É indicada principalmente para obliteração do fluxo alimentar a nível intestinal, na opção de uma nova via de transito do bolo alimentar. SUTURA DE SCHMIEDEN OU DE BELL Coaptante, contaminante. Indicada como primeira camada para sutura de órgãos ocos como útero e estômago. PONTO CHINÊS É usada para fixar drenos e tubo intracavitários FIOS DE SUTURA OU CIRÚRGICOS É uma porção de material sintético ou derivado de fibras vegetais ou estruturas orgânicas, flexível, de secção circular e com diâmetro muito reduzido em relação ao seu comprimento. MATERIAL DO FIO Os fios de sutura são classificados considerando sua degradação pelo organismo (absorvíveis ou inabsorvíveis), sua origem (orgânicos, sintéticos, mistos ou minerais) e à quantidade de seus filamentos (multifilamentadosou monofilamentados). CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DE MANUSEIO E REAÇÃO TECIDUAL Configuração física: refere-se a composição dos fios quanto aos seus filamentos. Pode ser: Monofilamentar: único filamento; Multifilamentar: possui várias fibras trançadas ou intercaladas, compondo um único fio. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS Capilaridade: refere-se a capacidade de captar e absorver líquidos ao longo do fio. Os fios multifilamentares apresentam maior superfície e maior capilaridade. Portanto podem apresentar maior aderência microbiana em relação aos monofilamentares. Diâmetro: é determinado em milímetros e expresso em tamanhos com zeros. Quanto menor o diâmetro maior o número de zeros CARACTERÍSTICAS FÍSICAS Força de tensão: é a quantidade de peso necessário para ruptura do fio cirúrgico. A força tênsil varia de acordo com a composição do fio cirúrgico. Força do nó: é a força necessária para realizar um certo tipo de nó, desliza parcialmente ou completamente. Os fios multifilamentares apresentam maior coeficiente de atrito do que os monofilamentares, permitindo assim uma fixação mais segura do nó, enquanto os monofilamentares apresentam deslize do nó, mas a fixação é menos segura, necessitando reforçar com nós duplos CARACTERÍSTICAS FÍSICAS Elasticidade: é a capacidade inerente do fio de recuperar a forma e o comprimento original depois de um estiramento. A elasticidade contribui para diminuir a possibilidade de romper as bordas de uma incisão cirúrgica e favorecer uma estenose em cirurgia vascular. Manuseio: relacionado com a rigidez, ou seja, quão facilmente ele pode ser dobrado quanto com o coeficiente de fricção, ou seja, quão facilmente o fio desliza através do tecido e dá o nó. Um fio cirúrgico com alto coeficiente de fricção, desliza com facilidade através dos tecidos. É mais fácil de dar o nó. Certos fios são encapados para diminuir o coeficiente de fricção, mas não devem ser muito baixo, porque os nós podem se desfazer facilmente. CLASSIFICAÇÃO DOS FIOS CIRÚRGICOS Fios absorvíveis: são fagocitados, degradados e assimilados pelos tecidos em que são implantados. Os de origem animal são fagocitados por meio de atividade enzimática, durante o processo de cicatrização. Os de origem sintética são hidrolisados quando da reação de molécula de água dos líquidos corporais, que são degradados e assimilados pelos tecidos em cicatrização. São divididos em dois grupos: sintéticos e biológicos. FIOS CIRÚRGICOS BIOLÓGICOS São conhecidos como CATEGUTE ( origem animal intestino do gato), actualmente obtido da submucosa de ovinos ou serosa de bovinos. Conforme o tempo de absorção podem ser simples ou cromados. Os simples apresentam absorção mais rápida em torno de 8 dias e os cromados mais lenta, 20 dias. São indicados em tecidos com cicatrização mais demorada (intestino, útero...). FIOS ABSORVÍVEIS SINTÉTICOS Ácido poliglicólico: fio multifilamentar com grande maleabilidade e tem sido usado em larga escala em substituição aos absorvíveis de ação lenta e os inabsorvíveis. Material sintético . De fácil manuseio, forte, flexível, usado nas anastomoses gastrointestinais, cirurgias gerais, urológicas e ginecológicas (VICRIY). POLÍMEROS SINTÉTICOS MONOFILAMENTARES MAIS RECENTES Fios compostos por polímeros poliglecaprone e polidoxanona. São monofilamentares, maleáveis e mantém a resistência de tensão por um período mais prolongado. Indicados em idosos, pacientes oncológicos e apoio prolongado da ferida. NÓS CIRÚRGICOS Os nós cirúrgicos têm extrema importância durante o ato cirúrgico para hemostasia e síntese. Eles podem ser feitos manualmente, com o auxílio de um porta-agulhas ou serem usados ambos, com o primeiro semi-nó realizado com o porta-agulhas e o segundo com as mãos. O nó bem-executado exige atenção aos seguintes itens: a. Não deve ser cruzado, sob risco de rompimento; b. O primeiro nó não deve estar frouxo; c. Deve-se empregar forças iguais em ambos os braços do fio, sem deslocar o nó; d. Os dedos indicadores acompanham o laço do nó, dirigindo-o e fixando- o no local apropriado e com tensão apropriada; e. Na execução do segundo nó, evita-se a tracção do primeiro já executado, pois qualquer tracção mais intensa removerá o primeiro nó; NÓS CIRÚRGICOS A quantidade de pontos necessária para uma sutura adequada depende do local anatómico e sua função e do calibre e tipo de fio empregado. O essencial é que se estabeleça os três objectivos básicos da sutura (aproximação, recobrimento e hemostasia) quanto for necessário. O mesmo deve estabelecer o tempo de retirada dos pontos (quando necessário). Quanto antes à retirada do fio de sutura, desde que observado o tempo para cicatrização do tecido, melhor o resultado estético e menor a reacção tecidual. PARTES COMPONENTES DE UM NÓ CIRÚRGICO •Deslizamento do fio •Numero de semi-nós •Estabilidade •Com a finalidade de promover a necessária segurança do nó ESTRUTURA BÁSICA DO NÓ •Primeiro semi-nó- contenção •Segundo semi-nó- fixação •Terceiro semi-nó- segurança PRINCÍPIOS GERIAS: 1.Deve ser firme 2.Menor volume possível 3. A fricção entre extremidades do fio deve ser evitada 4.Após o 1seminoénecessário manter tracção numa das extremidades do fio para evitar perda da lacada 5.Semi-nós mais que necessários o adicionam volume ao no, não aumentando a resistência. 6.Devem se empregar forcas iguais em ambos os braços do fio, sem deslocar o no 7.Os dedos indicadores acompanham o laco do no, dirigindo o e fixando-o no local apropriado e com forca adequada 8.Na execução do 2º no, evita–se a tracção do primeiro já executado, pois, obviamente, qualquer tracção mais intensa removera o primeiro no, principalmente se ocorrer na laqueação de um vaso sanguíneo 9.O numero de nos variara de acordo com os tipos de fios empregados e com os tipos de tecidos, os fios finos e monofilamentares, exigem a exigem a execução de mais de três nos. LEIS DOS NÓS (LEIS DE LIVINGSTON) 1ª Lei - Movimentos iguais de mãos opostas executam um nó perfeito. 2ª Lei - A ponta do fio que muda de lado após a execução do primeiro semi-nó deve voltar ao lado inicial para realizar o outro semi-nó. TIPOS 1.1 - Nó quadrado O nó normalmente é laçado com o porta-agulha, sempre paralelo ao ferimento e os movimentos no sentido perpendicular a ferida cirúrgica, usado para ligadura vascular. Exercendo uma tensão uniforme nas extremidades da sutura, assegurando que o no acabe como um quadrado e não como duas meias-voltas (resultantes de uma tensão desigual nas duas extremidades durante a laçada). 1.2 - NÓ COMUM O seu uso não é muito recomendado, uma vez que escorrega e não prende, especialmente se a pressão nas extremidades for desigual. Outros nós que tendem a escorregar são aqueles que apertam conforme a segunda laçada é pressionada, assim como os nós que finalizam em uma sutura contínua onde dois fios são laçados em um. Para uma boa segurança recomendam-se quatro laçadas para fios sintéticos, todas quadradas (nó quadrado duplo), ou cinco laçadas, duas deslizantes e três quadradas. 1. 3 - NÓ DE CIRURGIÃO É basicamente igual ao quadrado, excepto que a primeira sutura consiste em duas laçadas, podendo também ser reforçado pôr nós adicionais. É usado quando a primeira laçada do nó quadrado não puder ser fixa em posição devido à tensão excessiva da borda do ferimento, usado na maioria dos procedimentos e suturas. a) Técnica do nó com as duas mãosb) Técnica do nó com uma mão c) Nós com Porta-agulhas A maioria dos nós é realizada com o porta- agulhas. O seu uso é recomendado devido a sua adaptabilidade e são económicos quando comparados com os nós feitos com as duas mãos. Pode-se usar pedaços curtos de material e mesmo assim obter uma sutura firme. TEMPOS I. É feito um laço com a parte longa do fio, na ponta do instrumento, posicionando ao lado da incisão II. A extremidade curta é presa pelo porta-agulhas e puxado por dentro do laço fixando o nó de modo seguro - ver o sentido do nó TEMPOS III. A tracção deve ser aplicada no mesmo plano do nó, sem apertar demais IV. Dar outra meia volta com a parte longa do fio ao redor do instrumento, mas em direcção oposta. TEMPOS V. Prende-se a parte curta do fio fazendo-o passar através do laço Nota: o nó de cirurgião é feito da mesma maneira, excepto que se deve dar duas voltas ao redor do porta-agulhas, na primeira parte. 1 2 3 4 12 11 10 9 7 6 5 8 13 14 15 Passos para a confecção de nos com Instrumental NÓS MANUAIS Princípios básicos para nós manuais •O fio deve ter de 30 a 40 cm de comprimento e ter duas extremidades de tamanhos iguais; •Alguns nós são atados com uma mão enquanto a outra mão mantém o fio traccionado; •Um nó de sutura consiste em nó de cirurgião (nó duplo), que e feito ao amarrar dois nós simples (no plano) PASSOS PARA CONFECÇÃO DE NÓS MANUAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1.BARROS Mónica et al; Princípios básicos em Cirurgia: Fios de Sutura; Acta Med Port. 20111; 24 (S4); São Paulo – Brasil; 2011; pp. 1051 – 1056. 2.GALERA, Profª. Drª. Paula Diniz Apostila De Técnica Cirúrgica; Universidade De Brasília – UnB; Brasília Agosto/ 2005. 3.https://www.google.co.mz/search?ei=oNHrXNnKFcqH1fAPuYGX0Ak&q=classifica%C3%A7%C3%A3o+ de+suturas+continuas&oq=classifica%C3%A7%C3%A3o+de+suturas+cont&gs_l=psyab.1.0.33i22i29i30l 4.7036.11907..15179...0.0..0.1633.51335-1j2j1j1......0....1..gws-wiz.......0i71j0i22i30.3biqwQxT8hU; consultado em 27/05/2019. 4.https://www.google.co.mz/search?ei=sdHrXOm1L5LgxgPYnaDoBQ&q=classifica%C3%A7%C3%A3o+d e+suturas+interrompidas&oq=classifica%C3%A7%C3%A3o+de+suturas+int&gs_l=psyab.1.2.33i22i29i3 0l10.3548.7766..10833...0.0..1.1348.6930.3-1j1j2j4j1......0....1..gws- wiz.......0i71j35i39j0i22i30.o7CCh_J0Pec; consultado em 27/05/2019. 5.MOTA, Marina Félix da et al; Noções Básicas em Cirurgia; GERAL, Liga de Cirurgia– UPE 3ª Edição; 2013.1. 6.PRISCO R. Acta Urológica: Instrumental Laparoscópico; Lisboa; Outubro de 2002; pp. 11 – 20. 7.SIMÃO, Manuel Rodrigues; Técnicas Cirúrgicas básicas: Feridas Agudas; Direcção Nacional de Cirurgia; Numero 2; Ministério da Saúde; Maputo; Dezembro de 2000; pp. 10 -14. 8.VAZ, Fernando; Manual de Cirurgia para Hospitais Rurais; Volume 1; Centro de Documentação do Instituto Superior de Ciências de Saúde; 3ª ed.; 2016 pp. 125 – 141.
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