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Fatores de Produção e Curva de Possibilidades de Produção

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UNIDADE I
Conceitos 
Básicos
Me. Diego Boehlke Vargas
Drª. Marcela Gimenes Bera Oshita
Fatores de Produção e Aplicações da
Curva de Possibilidades de Produção
Você saberia dizer como podemos entender os fenômenos econômicos que se manifestam em
nosso dia a dia? Nesta aula você compreenderá a importância dos fatores de produção,
presentes na economia, entenderá ainda como eles se organizam e como são remunerados em
função da sua escassez.
Diariamente estamos em contato com informações a respeito da situação econômica do país.
Em geral, um dos principais debates diz respeito à capacidade de gerar empregos e renda para
a população. A partir do referencial de estudo da microeconomia, vamos estudar as escolhas
dos agentes econômicos (em especial, as empresas) no processo de produção, e as situações de
uso de mão de obra nas firmas, responsáveis pelos níveis de produção.
Pronto para começar? Bons estudos.
Ao final desta aula, você será capaz de:
identificar os recursos produtivos e suas remunerações.
compreender as regiões da Curva de Possibilidades de Produção;
analisar as trajetórias econômicas entre pleno emprego e capacidade ociosa;
compreender a relação entre investimento e crescimento de capacidade produtiva.
Aula 01
Os fatores de produção do sistema
econômico
O sistema econômico é a forma como a sociedade se organiza para resolver o problema
fundamental da economia: a escassez dos recursos no processo de geração dos bens e
serviços. Mas, você saberia dizer o que sustenta este processo? Nesta aula, estudaremos os
fatores de produção, os recursos originais e responsáveis por compor a base deste sistema.
De acordo com Garcia e Vasconcellos (2014), os fatores de produção são estoques de fatores
produtivos, tais como: recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), capital, terra,
reservas naturais e tecnologia.
Podemos também definir os fatores de produção como os meios pelos quais a sociedade
econômica obtém produtos e serviços para atender suas necessidades materiais. Outro
aspecto que devemos considerar é que a tecnologia é o conhecimento contido nas capacidades
laborais dos trabalhadores e empresários e no capital utilizado pelas empresas. Portanto, os
fatores de produção estão distribuídos em quatro categorias, presentes em todos os processos
de geração de bens e serviços com destinação ao consumo final. A seguir, vamos conhecer cada
uma destas categorias. Vale a pena prosseguir.
Trabalho
Refere-se à capacidade laboral dos agentes econômicos, chamados de trabalhadores, e está
relacionado com a força humana, a habilidade e os conhecimentos técnicos necessários e
aplicados nos processos produtivos. Chamamos a remuneração do trabalho de salário, sendo
esta uma das principais formas de renda gerada na economia.
ATENÇÃO
O conceito de escassez é importante para entendermos como os recursos são
valorados no sistema econômico, pois eles não dependem apenas da disponibilidade,
mas também das demandas de suas utilizações.
Capital
São os recursos disponibilizados pelos agentes capitalistas, como acionistas ou sócios-cotistas,
que investem nas empresas. Em geral, estes recursos são materializados na forma de
infraestrutura física, como os prédios, além de máquinas, equipamentos, recursos financeiros e
softwares aplicados nos processos produtivos. A remuneração do capital é chamada de juros.
Figura 1 - O fator de produção trabalho
Fonte: Sebcz / Dreamstime
Terra (Recursos naturais)
São obtidos por meio das ações de extração na natureza ou da utilização do ambiente natural.
A remuneração dos recursos naturais é chamada de aluguel ou royalties.
Figura 2 - O fator de produção capital
Fonte: Zhu_zhu / Dreamstime
Capacidade empresarial
É um tipo de recurso muito semelhante ao trabalho, pois é algo que está contido nas pessoas
que o desenvolvem. Trata-se da capacidade laboral do agente econômico chamado de
empresário ou empreendedor. Este tipo de recurso está associado à força humana, com a
habilidade e os conhecimentos técnicos necessários para organizar os processos produtivos
internos à organização ou entre organizações (cadeias produtivas) e seus mercados. A
remuneração da capacidade empresarial pode ser do tipo pró-labore, com destinação aos
Figura 3 - O fator de produção recurso natural
Fonte: SvedOliver / Shutterstock
NA PRÁTICA
Um exemplo de extração de recursos naturais é a obtenção dos minérios metálicos e
não metálicos, como o petróleo, que ocorrem nas minas. Já a utilização do ambiente
natural acontece por meio da capacidade germinativa que certos ecossistemas
possuem e que, aplicada a determinadas culturas agrícolas, consegue gerar a
alimentação humana e animal ou ainda para serem direcionados para insumos de
outros processos produtivos.
empreendedores que atuam na gestão dos próprios negócios, ou remuneração executiva, no
caso de executivos de grandes empresas e multinacionais. E o nome dado a ela é lucro.
As remunerações dos fatores de produção
Agora que já conhecemos cada uma das quatro categorias dos fatores de produção, vamos
detalhar, neste tópico, as remunerações destinadas aos detentores destes fatores e como isso
determina a forma de inserção destes no sistema econômico.
Como você já sabe, o fator de produção trabalho tem o salário como forma de remuneração
pela sua contribuição ao sistema econômico. Na realidade econômica encontramos uma
infinidade de níveis salariais, sendo os níveis mais elevados destinados aos trabalhadores com
características (qualificações) mais escassas na economia. Já os níveis mais baixos de
remuneração estão voltados para os detentores do recurso trabalho, cujas qualificações são
encontradas com maior disponibilidade.
SAIBA MAIS
Em geral, nas pequenas empresas o detentor da capacidade empresarial
(empreendedor) é o proprietário do capital (capitalista). Entretanto, nas grandes
corporações é mais comum encontramos empreendedores exercendo a função
executiva, gerindo os negócios e os processos produtivos, sem serem,
necessariamente, os proprietários do capital que as constituiu. É importante observar
que nem sempre o empreendedor é um empresário.
Seguindo a mesma lógica, agora aplicada para o fator de produção capital, cuja remuneração é
o juro, podemos verificar que este recurso é, relativamente, mais escasso quando comparado
ao fator trabalho. Note que a medida em que o desenvolvimento tecnológico avança, a relação
capital/trabalho aumenta e requer maior quantidade de capital por unidade de trabalho. Esta
nova demanda por capital a cada momento o torna mais escasso, elevando assim a sua
remuneração. É importante observar que o aumento do capital está relacionado com a
elevação da sua qualidade (modernização), exigindo, portanto, qualificação dos trabalhadores
para poder utilizá-lo.
Figura 4 - O fator de produção capacidade empresarial
Fonte: Kiselev Andrey Valerevich / Shutterstock
SAIBA MAIS
Apesar da crise econômica que o Brasil enfrenta, o grupo dos trabalhadores mais
qualificados conseguiram elevar suas rendas em 2,4% entre 2015 e 2016. Isso
demostra a importância do impacto da qualificação na renda do trabalhador. Confira
outras informações no texto do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)
“Trabalhadores com melhores salários aumentaram a renda”. Leia o QRCode a seguir!
https://goo.gl/narRmp
Outro aspecto que remunera o capital é o nível de risco a que está submetido. Para
empreendimentos mais arriscados os detentores de capital irão exigir maiores ganhos para
compensar eventuais perdas em caso de insucesso dos negócios. Mas, perceba que o mesmo
não ocorre na mesma intensidade com o fator de produção trabalho, cuja rede de proteção
legal (leis trabalhistas) minimiza os riscos.
A terra ou recursos naturais, cujas remunerações são os aluguéis ou royalties, é diferente em
cada país, pois existem diversas formas de tratar os direitos de propriedade a partir dos
aparatos legais nacionais. Observe que os recursos naturais são finitos e a remuneração deste
fator produtivo tendea se elevar na medida em que a sua exploração aumenta. Entretanto, o
efeito da substituição desses recursos por outros, em função do desenvolvimento tecnológico
pode, por exemplo, diminuir essas remunerações. É o caso do petróleo, se considerarmos a
tendência das energias renováveis.
A capacidade empresarial, assim como o fator de produção trabalho, tem sua inserção no
sistema econômico de forma mais escassa, pois seu desenvolvimento exige uma qualificação
mais elevada e, principalmente, requer um atributo difícil de encontrarmos: a atitude
empreendedora de assumir riscos pessoais e econômicos e organizar e gerenciar uma empresa
e seus negócios. Sua remuneração é o lucro.
ATENÇÃO
Os fatores de produção são os recursos base utilizados no esforço de geração dos
bens e serviços de qualquer sistema econômico. Os detentores dos fatores de
produção são remunerados no sistema econômico pelo grau da escassez dos recursos
que possuem. Quanto mais escasso for o recurso melhor será a remuneração gerada,
proporcionando ao detentor deste recurso maior poder de compra dos bens e
serviços disponibilizados na economia.
Desta forma, podemos concluir que a interação entre os fatores de produção é responsável
por gerar os bens e serviços que atendem às necessidades materiais do ser humano. É
importante destacar ainda que a geração destes produtos só é possível por meio da
participação de cada um dos fatores produtivos, e é a forma como esta participação ocorre que
determina o quanto os detentores destes fatores participam dos resultados gerados nesta
produção dentro do sistema econômico. 
Pleno emprego
Considerando que a escassez dos recursos produtivos é um fator limitador à geração de bens e
serviços que atendem as necessidades humanas, você saberia dizer quais ferramentas
podemos utilizar para compreender esta situação, no âmbito das firmas e indivíduos, na
microeconomia e no estudo das relações de produção? Uma das maneiras de entendermos
NA PRATICA
Pare e pense um pouco sobre o computador que você está utilizando para acessar
esta disciplina. Este equipamento contém um conjunto de componentes formados
por materiais plásticos e ligas metálicas que, originalmente, foram extraídos de minas
e poços de petróleos (recursos naturais). Entretanto, os materiais não conseguiriam
se transformar em computadores sem a participação dos trabalhadores e suas
capacidades laborais (trabalho) que, aplicados às máquinas (capital), produziram os
diversos componentes que formam seu computador. Perceba que nenhum dos
fatores de produção poderia ter gerado sozinho este computador e para organizá-los
foi necessária a capacidade empresarial, responsável por disciplinar os processos,
sequenciar as cadeias produtivas e viabilizar os mercados. Todos esses recursos
receberem rendas (aluguéis, salários lucros) em função das suas participações no
esforço produtivo, e foram estas rendas que possibilitam aos proprietários
participarem do sistema econômico como consumidores e poupadores de recursos.
este limite é por meio da análise da Curva de Possibilidade de Produção (CPP), também
chamada de Curva de Transformação.
De acordo com a Teoria Microeconômica, a geração de novos bens e serviços ocorre por meio
da transformação de recursos em atividade produtiva. Entre estes recursos, chamados de
fatores de produção ou insumos, podemos citar matérias-primas e recursos naturais, mão-de-
obra e trabalho, maquinários especializados, tecnologia, entre outros. É importante destacar
que a possibilidade de produção, analisada pela CPP, leva em consideração a existência destes
recursos.
De acordo com Garcia e Vasconcellos (2014, p. 4, grifo nosso), “a curva de possibilidade de
produção é um conceito teórico com o qual se ilustra como a questão da escassez impõe um
limite à capacidade produtiva de uma sociedade, que terá que fazer escolhas entre alternativas
de produção”. Neste sentido, observe a figura a seguir correspondente a uma Curva de
Possibilidades de Produção.
Figura 5 - Curva de Possibilidade de Produção (CPP) de automóveis e
tratores
Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.
Podemos afirmar que o agente econômico opera na Curva de Possibilidades de Produção,
utilizando todos os recursos produtivos que tem à disposição, para produzir quantidades
determinadas dos dois produtos ao longo da curva. Isso significa que há pleno emprego dos
fatores produtivos, sendo possível aumentar a produção de um produto somente se houver
redução da produção de outro produto.
Vale ainda destacar que o fato deste agente estar produzindo a pleno emprego de seus fatores
indica que a empresa está usando os fatores de produção no limite máximo, garantindo o
maior volume possível de bens finais produzidos. Por isso, grave bem: todos os pontos que
estão sobre a Curva de Possibilidades de Produção garantem o pleno emprego dos fatores de
produção. Mas, como é possível ampliar a capacidade produtiva de um agente e que efeito isso
traz à CPP?
A Curva de Possibilidades de Produção define o limite superior no qual um agente econômico
pode se posicionar considerando o esforço produtivo. Entretanto, esse processo é dinâmico e,
ao longo do tempo, podemos verificar que as capacidades produtivas dos agentes tendem a ser
ampliadas. Tal processo é chamado de investimento, e sua finalidade é ampliar a produção e a
oferta de bens e serviços nos mercados.
NA PRÁTICA
A partir da CPP da Figura 1 perceba que no ponto A uma firma produz vinte
automóveis e nenhum trator. Mas, quando a procura por tratores aumenta, a nova
relação representada pelo ponto B passa a ser de vinte unidades de tratores e
nenhum automóvel.
Os efeitos dos investimentos na CPP provocam o deslocamento para a direita, indicando que
mais produtos estarão nos mercados em decorrência da maior utilização dos novos fatores de
produção disponíveis. Observe na figura a seguir o efeito deste investimento.
Note que, inicialmente, a economia estava com seu limite superior na CPP que passava pelos
pontos A e B. Mas, com os sucessivos investimentos, mais fatores de produção puderam ser
alocados, o que provocou o deslocamento da CPP para um novo nível, que passa pelos pontos
G e I. Nesta nova curva mais automóveis e tratores são disponibilizados aos mercados. Além
disso, o ponto A, por exemplo, que antes era um ponto de pleno emprego dos fatores de
Figura 6 - Efeito do investimento na CPP
Fonte: Elaborada do autor, 2016.
NA PRÁTICA
O investimento em novas máquinas de destilação de aguardente pretende elevar a
produção deste bem. Caso seja registrado um aumento da demanda, e os indivíduos
estejam demandando mais aguardente, uma firma poderá investir em novos bens
destinados à produção e assim garantir o aumento do produto.
produção, agora torna-se um ponto de capacidade ociosa, como observaremos no próximo
tópico. Por sua vez, os pontos G e I tornam-se de pleno emprego.
Cabe afirmar, ainda, que como a ampliação da produção ocorre por meio do aumento do
investimento, seja na forma de maquinários ou na ampliação de área de construções, por
exemplo, está sujeito a uma certa depreciação. Note que, aos poucos, este investimento perde
a capacidade de produzir como em períodos anteriores. A ampliação da CPP à direita,
portanto, pode fazê-la deslocar-se à esquerda novamente, se a depreciação dos bens de capital
for superior aos investimentos realizados pelas empresas.
SAIBA MAIS
A decisão de investir é sempre tomada pelos detentores do capital, que disponibilizam
mais infraestrutura, máquinas e equipamentos no sistema econômico. Para que o
investimento produtivo ocorra é necessário um conjunto de condições favoráveis, que
possam indicar a viabilidade do retorno desse investimento, como: estabilidade dos
preços no mercado, baixo nível de ociosidade na capacidade produtiva e demanda
crescente nos diversos mercados de bens e serviços.
ATENÇÃO
A Curva de Possibilidades de Produção pode ser aplicada em qualquer tipo de bem e
não, necessariamente, àqueles que possuem um certo grau de usocomum dos fatores
de produção, como mão de obra especializada em automóveis e tratores, por exemplo.
A curva pode conter a fabricação de soja e computadores, cujos requisitos de
materiais são diferentes, desde que haja uso dos fatores de produção para a
elaboração de tais bens.
Por fim, é importante perceber que o crescimento é o objetivo de qualquer agente, e para que
ele ocorra é necessário investimento produtivo, que permita ampliar a capacidade produtiva
deslocando, portanto, a Curva de Possibilidades de Produção para longe da sua origem.
Capacidade ociosa
Observando um agente econômico que produz somente dois produtos (automóveis e
tratores), pudemos notar a Curva de Possibilidades de Produção na figura “Curva de
Possibilidade de Produção (CPP) de automóveis e tratores”.  Posteriormente, na figura “Efeito
do investimento na CPP” conferimos algumas aplicações alternativas de produção.
Perceba que no ponto G, situado abaixo e à esquerda da CPP, a produção observada está
inferior ao limite de produção deste agente (desta empresa, por exemplo). Nesta situação, os
fatores de produção não estão sendo utilizados plenamente; a produção deste agente não está
em sua capacidade máxima.
Deste modo, podemos afirmar que há uma capacidade ociosa deste agente, ou seja, existe uma
capacidade de produzir e colocar produtos no mercado que não é atendida. Portanto, é
Figura 7 - Situações de uso de fatores considerando a CPP
Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.
possível ampliar a produção de um dos produtos sem reduzir o outro, além de aumentar a
produção de ambos até o limite definido pela curva de possibilidade de produção.
O grau de capacidade ociosa, como resposta a variações no uso dos fatores de produção e das
condições de mercado, varia em função do tipo de produto que os agentes operam e
produzem. Observe este exemplo: hotéis e pousadas de praia em período de baixa temporada
podem chegar próximo do nível zero do uso de seus fatores de produção, principalmente mão
de obra. Por outro lado, a demanda por cerveja pode registar uma redução no inverno, mas em
níveis inferiores, ao menos potencialmente para a demanda por pousadas de praia no inverno.
Pleno emprego
A partir da análise da figura “Situações de uso de fatores considerando a CPP”, que trata das
possibilidades de produção, podemos observar o ponto H, localizado no ponto de origem (0,0),
ATENÇÃO
A capacidade ociosa de uma firma pode ocorrer de forma cíclica, em função do perfil
dos produtos que ela fabrica e das condições do mercado que ela opera. Por exemplo,
pequenas indústrias de sorvete podem operar em pleno emprego durante o verão no
Brasil e ter capacidade ociosa no inverno, descartando-se a possibilidade destas
empresas exportarem seu produto, por exemplo.
ATENÇÃO
É importante afirmar que, geralmente, as empresas trabalham com alguma margem
de capacidade ociosa para poderem fazer frente a aumentos repentinos de demanda
sem a necessidade de novos investimentos, como uma margem de segurança para
possíveis aumentos da produção.
ele corresponde ao pleno desemprego dos fatores de produção. Desta forma, um agente, neste
ponto, está com capacidade ociosa total.
Impossibilidade técnica
Figura 8 - Desemprego do fator trabalho
Fonte: Everett Collection / Shutterstock
SAIBA MAIS
O desemprego não está relacionado apenas com a falta de oportunidade de trabalho
para as pessoas, ele afeta também o capital ocioso, que não gera renda aos
proprietários. Para saber mais leia o artigo sobre a ociosidade da indústria brasileira
em 2016. 
Leia o QRCode a seguir
https://goo.gl/Hg6gEV
Ainda na análise da figura “Situações de uso de fatores considerando a CPP” podemos notar o
ponto F. Este ponto, considerado apenas um ponto teórico, é chamado de ponto de
Impossibilidade Técnica. A partir das atuais disponibilidades dos fatores de produção, a
fabricação de bens correspondente ao ponto F não será de modo algum alcançada,
configurando-se uma impossibilidade técnica de produção nesse nível.
Preste atenção: sempre que um ponto que se referir a quantidades de bens produzidos estiver
acima e à direita da CPP temos um ponto de impossibilidade técnica. Vale dizer ainda que, se a
empresa conseguir investir e fazer crescer sua oferta de bens, este ponto de impossibilidade
técnica pode ser revertido e tornar-se um ponto de pleno emprego, ou mais, um ponto de
capacidade ociosa, se ele estiver abaixo e à esquerda da nova CPP.
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
aprender que os fatores de produção são os meios utilizados para obtermos produtos e
serviços gerados em um sistema econômico;
compreender que a remuneração de cada fator de produção ocorre em função do grau de
escassez presente no sistema econômico.
compreender o conceito de Curva de Possibilidades de Produção;
entender como ocorrem os processos de pleno emprego e de capacidade ociosa dos
fatores produtivos;
analisar o papel que o investimento cumpre no processo de ampliação da capacidade
produtiva, possibilitando o crescimento dos agentes econômicos. 
Neste tema, você fará uma imersão em algumas das estruturas de mercado presentes no
campo de estudos da microeconomia moderna. Verificará suas diferenças, principalmente
em termos de concentração de mercado e poder de compra. Verá que a organização
econômica será definida com base na relação entre empresas e consumidores.
Ao final desta aula, você será capaz de:
compreender e identificar as diferentes formas das estruturas de mercado.
Concorrência perfeita
Antes de iniciarmos uma discussão a respeito dos modelos na área da microeconomia, é
conveniente realizar um estudo inicial a respeito do conceito de mercado. Trata-se de uma
expressão muito utilizada no nosso cotidiano, não é mesmo? Quantos exemplos você poderia
dar a esse respeito? Temos o mercado de capitais, o mercado de alimentos, o mercado da
esquina. Enfim, várias formas em que o termo mercado tem aplicação.
Na microeconomia, o mercado é um espaço onde se realizam operações de compra e venda de
bens e serviços entre agentes, que podem ser indivíduos, empresas, indústrias, instituições e
outros. Estes agentes são compradores e vendedores desses produtos. É, essencialmente, a
Aula 02
A Organização Econômica Através das
Estruturas de Mercado
relação entre oferta/venda e demanda/compra que determina as condições do mercado,
notoriamente o seu preço de equilíbrio (PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
O mercado, enquanto espaço para trocas de diferentes quantidades de diferentes bens entre
demandantes e compradores, possui características diferenciadas no que diz respeito ao perfil
dos compradores e vendedores. Este perfil é baseado, dentre outras características, no
tamanho dos vendedores e compradores no mercado, ou seja, na sua participação (conhecida
também pela expressão market share). Quanto mais o mercado de um determinado produto é
concentrado na mão de poucos agentes, maior será a sua capacidade de definir preços e
quantidades de compra e venda nesse mercado (PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
Algumas hipóteses são fundamentais para definirmos qual tipo de estrutura de mercado
estaremos evidenciando. Dentre elas, cabe enfatizar:
·             a quantidade de empresas e consumidores que compõem esse mercado;
·         o perfil do produto fabricado – este bem é homogêneo no mercado (ou seja, todos os itens
fabricados são absolutamente semelhantes, o que torna possível a escolha do bem produzido
por qualquer produtor) ou é diferenciado (com características que destaquem um produtor no
mercado, como marca, gosto, aroma, sabor etc)? Da mesma forma, você precisa perceber que,
se os consumidores preferem os bens de um determinado produtor, mesmo que eles sejam
idênticos, não há mais homogeneidade. Ou seja, além de serem perfeitamente iguais, as
preferências de consumo estão também distribuídas de forma homogênea.
·         a existência ou não de barreiras à entrada ou à saída de empresas desse mercado em
função de seus resultados econômicos. Exemplos debarreiras à entrada e à saída são, por
exemplo, leis que dificultam o funcionamento das empresas por excesso de burocracia, além de
eventuais custos, normalmente contábeis, de abertura e fechamento de empresas.
SAIBA MAIS
Adam Smith (1723-1790), um dos pais da economia moderna, definiu como a mão
invisível o mecanismo de coordenação dos mercados em regime de concorrência.
Ainda que não existisse um órgão regulador, a economia funcionava da mesma forma,
com compradores e vendedores determinando oferta, demanda e preço como se uma
mão invisível coordenasse o sistema econômico.
·         o grau de informação que os agentes (consumidores e produtores) dispõem sobre seu
mercado, sobretudo a respeito dos preços praticados nele.
Iniciemos, portanto, nossa análise a partir do modelo de concorrência perfeita. Nesta estrutura
de mercado, assumindo as hipóteses mencionadas, você pode distinguir os seguintes efeitos:
há um grande número de empresas (alguns autores dizem mesmo que as empresas são
atomizadas por serem de pequeno porte) e elas não se organizam em associação, de modo que
nenhuma delas, isoladamente, é capaz de determinar, por conta própria, a oferta de bens no
mercado, muito menos o seu preço de venda (ROSSETTI, 2016). Da mesma forma, há um
grande número de consumidores isolados.
Portanto, sob um modelo de concorrência perfeita, os quatro pontos considerados
anteriormente podem ser tratados da seguinte forma: primeiro, o mercado é dividido em
inúmeras empresas e consumidores; segundo, os bens são homogêneos, ou seja, totalmente
semelhantes, e nenhum produtor se diferencia pelo perfil de seu produto; terceiro, os
produtores e consumidores podem entrar nesse mercado ou deixá-lo quando acharem
conveniente, caso os preços de venda não sejam atrativos para eles; e quarto, os produtores e
consumidores possuem informação plena sobre o mercado, o nível de preços praticado e
demais características deste mercado, tornando transparente a sua escolha (no caso dos
consumidores).
As empresas e os consumidores que se situam em um mercado de concorrência perfeita são
atomizados e não determinam o preço dos bens, pois é o próprio mercado que determina esses
preços (chamamos essas empresas de price-takers, ou seja, “tomadoras de preços”).
ATENÇÃO
Há dificuldade em estabelecer um setor que opere sob condições de concorrência
perfeita atualmente: por mais homogêneos que os bens sejam, haverá algum grau de
diferenciação entre eles – o leite de vaca, por exemplo, é relativamente homogêneo,
porém, há uma diferenciação por marca que define a demanda do consumidor, ao
menos em parte.
Se o preço é dado pelo mercado e a empresa isolada não pode alterá-lo, caso ela decida baixá-
lo por conta própria, venderá toda a sua produção, irá à falência e o preço de mercado não será
alterado (ROSSETTI, 2016). Se quiser aumentá-lo, não venderá um bem sequer – os
compradores têm conhecimento total da dinâmica de preços no mercado.
O objetivo dessas empresas, naturalmente, é obter lucros, formados a partir da equação:
Figura 1 - Concorrência perfeita: feira livre em Hoi An, Vietnã
Fonte: Roman Babakin / Shutterstock
ATENÇÃO
Como a condição de concorrência perfeita nem sempre é visível, o exemplo mais
realista é a estrutura de mercado denominada Concorrência Monopolística ou
Concorrência Imperfeita, na qual as empresas produzem bens não exatamente
homogêneos, mas muito próximos entre si. Não há barreiras de mercado e a
percepção de lucros tende a ser normal. Você pode encontrar exemplos disso em
Pelegrini e Baís (2014). Clique aqui!
https://web.archive.org/web/20180521202125/http://intertemas.toledoprudente.edu.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/4304/4063
Como as empresas são de pequeno porte, não há lucros significativos. As receitas são fruto das
vendas e as despesas se originam no pagamento dos chamados fatores de produção, como
matérias-primas, mão de obra, maquinário etc.
Monopólio
Neste caso, você observará a situação exatamente contrária ao modelo de concorrência
perfeita. Há apenas uma firma que domina inteiramente a oferta, ou seja, sua concentração de
mercado é de 100%. Não há concorrência e o próprio vendedor determina o preço de seus
produtos por ser o único agente vendedor do mercado, independentemente do número de
consumidores, que poderão ser muitos. Definimos uma empresa assim como fazedora de
preços ou price-maker. Há barreiras à entrada de outras firmas que desejem operar nesse setor.
Aos consumidores, enfim, restará apenas as opções de adquirir o produto ou não, pois não há
outras opções (ROSSETTI, 2016).
Há algumas formas para uma empresa garantir seu papel de monopolista em um mercado.
Uma delas é o monopólio puro, em que há setores cujo volume de investimentos é tão alto e as
dimensões de produção tão grandes que torna-se praticamente impossível para outras
empresas operarem nesse mesmo setor oferecendo preços equivalentes ao de monopólio ou
ainda menores. Há ainda as patentes, que impedem a produção de um produto por seus
concorrentes, têm o controle de matérias-primas ou mesmo o monopólio estatal ou
institucional.
Podemos citar, ainda, os casos dos monopólios naturais, que ocorrem quando uma empresa
possui alguma característica em seus bens que a torna mais eficiente que as outras em seu
mercado, agregando, assim, a maior parte dele (como nos sistemas operacionais para
computadores, por exemplo); e os monopólios não-naturais, quando empresas vão comprando
outras até atingirem a maior participação de mercado.
Figura 2 - Observe a fórmula
Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.
Lembre-se de que, no cotidiano, já se considera um monopólio quando uma empresa possui
mais de 50% de um mercado. Neste sentido, no Brasil, há instituições que zelam para que as
empresas não possuam um grau excessivo de controle do mercado, gerando efeitos negativos
em termos de preços e qualidade dos produtos aos clientes, como o Conselho Administrativo
de Defesa Econômica (Cade), que avalia se determinadas fusões serão ou não benéficas para os
consumidores, aprovando-as ou não conforme esta avaliação.
Como o agente monopolista pode fixar seus preços, há a possibilidade de ele obter um lucro
extraordinário, acima do lucro normal. Mas lembre-se de que as empresas possuem o
monopólio de suas marcas, ou seja, somente elas podem explorar a marca que é de sua
propriedade (como a famosa marca que fabrica refrigerantes do tipo cola, por exemplo). Note,
contudo, que isso não indica necessariamente que essa empresa pratica monopólio; veja que
ela está inserida em um mercado de refrigerantes, embora detenha controle absoluto sobre
sua marca (a política de gestão de marcas em uma empresa é conhecida como branding).
NA PRÁTICA
A rigor, é difícil estabelecer um setor cuja concentração de mercado seja de 100% nas
mãos de um único produtor. Porém, determinados produtos podem ser produzidos
por apenas uma firma (caso ela detenha uma patente, como no setor de
medicamentos). Ou, o Estado pode garantir a concessão de um determinado serviço a
uma única empresa (como no caso dos Correios, ainda que hoje empresas privadas
também venham trabalhando no setor, sobretudo para encomendas internacionais).
ATENÇÃO
Na Idade Moderna, entre os séculos XVI e XVIII, os monopólios de comércio eram
concedidos pelos Estados como forma de controlar a compra e a venda de bens. Um
exemplo é o da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, que tinha o monopólio
do comércio holandês com a Ásia desde 1621 (ARRUDA, 2003).
Oligopólio
A estrutura de mercado denominada por oligopólio é visualizada quando poucas empresas
dominam a maior parte do mercado com muitos consumidores; o restante é dividido em
empresas menores, cada uma com uma concentração pequena. As empresas maiores, neste
sentido, são price-takers. Saiba que este é o tipo de mercado mais comum nos dias de hoje.
O oligopólio se caracteriza, além do número pequeno de produtores que assumem boa parte
da produção, também por um processo interdependente de decisões depreço e produção – as
grandes empresas organizam entre si a oferta e o preço da oferta de bens e serviços,
maximizando lucros.
É por exigir conhecimento extremamente especializado, altos aportes de capital na forma de
investimentos e, em vários casos, concessões governamentais, que o setor petroquímico é um
grande exemplo de oligopólio.
Quanto mais coordenada for a ação das grandes empresas, mais próxima sua operação estará
de um cartel. Por exemplo, se uma empresa abaixa seu preço para atrair novos clientes, as
demais empresas seguirão o mesmo processo, preservando seus lucros o quanto possível. Da
mesma forma, há grande dificuldade à operação de novas empresas (ROSSETTI, 2016).
Figura 3 - Setor petroquímico é fortemente oligopolizado
Fonte: 3DSculptor / Shutterstock
Para diferenciarem-se e atraírem novos consumidores sem entrar em uma guerra de preços,
que seria danosa para todos os produtores, essas empresas procuram investir parte de seu
capital em esforços de propaganda e marketing, bem como diferenciar seu produto para
fidelizar sua clientela.
Cartéis
Figura 4 -  Participação das
empresas aéreas por volume de
vendas(2015)
Fonte: ABRACORP, 2016
(adaptada)
NA PRÁTICA
Um setor fortemente oligopolizado é o das empresas aéreas no Brasil. No terceiro
trimestre de 2016, quatro empresas (Gol, Latam, Azul e Avianca) concentraram
98,39% do faturamento do setor de voos domésticos, conforme a tabela a seguir.
Um cartel consiste em um grupo de produtores de um mesmo bem, em regime de oligopólio,
que reúne-se em um acordo, explícito ou não, e que aproveita-se de sua condição de alta
concentração de mercado como objetivo de fixar preços além dos de mercado, obtendo lucros
extraordinários, afetando a concorrência e mesmo restringindo a produção para expandir
artificialmente a demanda pelos bens que produzem.
Um exemplo de formação de cartel ocorreu em uma cidade do interior de São Paulo, no setor
de postos de combustíveis, no ano de 2006. Todos os postos da cidade, com exceção de um ou
dois, fixaram seus preços acima da média do mercado. Mediante denúncia da Câmara de
Vereadores ao órgão fiscalizador do setor, a Agência Nacional do Petróleo, os postos foram
lacrados e multados.
Trata-se, como você pode observar, de uma atitude danosa aos consumidores, principalmente
por restringir a oferta de produtos e aumentar o seu preço, dificultando a competição em seu
mercado. 
Figura 5 - Fixação de preços entre produtores por meio de cartel
Fonte: Lightspring / Shutterstock
Normalmente, os cartéis afetam a eficiência da economia. Sendo assim, eles são fortemente
combatidos pelas entidades governamentais de defesa da concorrência, como o Conselho
Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade), no Brasil, que tem a capacidade de
averiguar se certas operações, como compras de empresas e fusões, são capazes de gerar uma
concentração excessiva que poderá trazer dano ao livre mercado e não beneficiar os
consumidores.
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
verificar que o mercado consiste em um espaço de transações de bens e serviços entre
compradores e vendedores;
perceber que cada estrutura de mercado está relacionada a diversos fatores, entre os
quais cabe destacar o grau de concentração de mercado das empresas, que determina
sua capacidade de fixar os preços que serão adotados dentro daquele mercado;
conhecer diferentes estruturas de mercado, quais sejam, os que operam sob regime de
concorrência perfeita, monopólio, oligopólio e por políticas de formação de cartel.
SAIBA MAIS
Você pode obter maiores informações a respeito das políticas de formação de cartéis
e do combate a tais medidas através de um estudo-síntese da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico, denominado “Cartéis – seus danos e
ações efetivas” (OCDE, 2002). Leia o QRCode a seguir!
http://www.oecd.org/competition/cartels/1935129.pdf
Nesta aula vamos analisar o comportamento dos consumidores durante a escolha de produtos
que atendam suas necessidades. Verificaremos que eles optam por determinadas quantidades
de bens a partir do grau de satisfação que eles oferecem.
Ao final desta aula, você será capaz de:
identificar as propriedades da curva de indiferença;
compreender a teoria da utilidade por meio das noções de utilidade total e utilidade
marginal;
entender o conceito de restrição orçamentária.
Hipóteses 
Quando discutimos a Teoria do Consumidor temos que partir do princípio que o consumidor
possuí preferências em relação ao seu consumo. O consumidor é livre para optar por aquilo
que irá adquirir. Neste sentido três hipóteses são importantes (PINDYCK & RUBINFELD,
2013). Confira a seguir.
·         Integralidade
Aula 03
A Demanda Fundamentada no
Comportamento dos Consumidores
As preferências dos consumidores são completas. Quando o consumidor opta por adquirir
certos bens, em quantidades distintas, eles atenderão sua necessidade e ele é capaz de
ordenar e comparar suas preferências. Neste caso, o consumidor é indiferente às quantidades
de bens consumidos, desde que satisfaçam seu bem-estar.
·         Transitividade
Para obter bem-estar, o consumidor opta pela combinação de bens ou serviços considerados
favoráveis. Suponhamos, se o consumidor prefere um bem A em relação a um bem B, e prefere
o produto B em relação ao bem C, logo, ele prefere o produto A em relação ao produto C.
Torna-se assim consistente a escolha do consumidor.
·         Mais é melhor do que menos (Monotonicidade ou Insaciabilidade)
Como os consumidores sempre estão buscando satisfação naturalmente tenderão a obter a
maior quantidade possível de bens que compõem suas preferências. Sendo assim, não estarão
nunca satisfeitos completamente, são insaciáveis em suas preferências de consumo.
Cestas de mercado
O comportamento do consumidor em relação à escolha de determinados produtos segue uma
ordenação que lhe permite optar por quantidades destes bens, que irão maximizar sua
satisfação e seu bem-estar. Por meio desta ordenação podemos avaliar a demanda dos
consumidores. Acompanhe a seguir.
Imagine que um consumidor tem, entre suas escolhas ideais, diferentes quantidades de
cervejas (C) e antiácidos (A). Estas combinações podem ser denominadas como A (20C, 18A), B
(12C, 45A), C (39C, 21A), D (27C, 38A), E (12C, 19A) e F (11C, 41A). Quando ordenadas em
conjunto, estas combinações de bens, que satisfazem o consumidor, recebem a denominação
de cestas de mercado (PINDYCK & RUBINFELD, 2013).
Curvas de indiferença    
É importante destacar que diversas cestas de mercado podem satisfazer as necessidades do
consumidor. Observe na figura “Curva de indiferença” que cada ponto corresponde a uma
cesta de mercado. Se traçarmos uma linha de tendência em torno destas cestas teremos um
padrão para compará-las e poderemos verificar qual delas é a melhor. Esta linha é denominada
curva de indiferença.
Como não é possível ao consumidor adquirir infinitas quantidades de ambos os bens, ele
deverá abrir mão da quantidade de um bem em prol de uma quantidade maior de outro: mais
cervejas por menos antiácidos, por exemplo.
Mapa de indiferenças
É importante destacar que há infinitas possibilidades de escolha para o consumidor; há várias
cestas de mercado que são indiferentes ao consumidor do ponto de vista de sua satisfação,
permitindo assim que novas curvas sejam formadas. A combinação destas curvas é chamada
de mapa de indiferença (PINDYCK & RUBINFELD, 2013).
Figura 1 - Curva de indiferença
Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.
ATENÇÃO
Para qualquer ponto que esteja na curva, que também corresponde a uma cesta de
mercado, o consumidor estará indiferente em seu processo de escolha. Ele não terá
motivos para optar por cestas que estejam abaixo da curva de indiferença, pois elas
não oferecem satisfação completa.
Percebemos que as distintas (e infinitas) curvas de indiferença expressam o mapa de
indiferença de um consumidor. A figura “Mapa de indiferença” ilustra como o consumidor pode
mudar suas escolhas, buscando a melhorcombinação, optando pelas cestas de mercado que
estão sobre a curva U3 ou além dela (como a cesta d), uma vez que estas cestas irão maximizar
a satisfação do consumidor.
As curvas de indiferença possuem algumas propriedades. Entre elas, o fato de que não se
cruzam: não há duas curvas que correspondam a uma mesma cesta ideal. Da mesma forma,
elas são inclinadas para baixo, motivo pelo qual um consumidor sempre irá optar por consumir
mais unidades de um bem se abrir mão do consumo de outro produto. Em terceiro lugar, as
curvas mais elevadas serão preferíveis ao consumidor com base na hipótese da insaciabilidade.
Por fim, as curvas são convexas em relação ao ponto de origem (0,0), ou seja, o consumidor tem
disposição para trocar o bem que ele possui em maior quantidade para obter aquele que está
mais escasso. (PINDYCK & RUBINFELD, 2013)
Utilidade   
Vamos estudar agora um conceito sobre o comportamento do consumidor em relação à sua
demanda por bens: a utilidade, que consiste na satisfação e no bem-estar dos consumidores
em relação ao consumo dos bens que formam sua preferência.
Figura 2 - Mapa de indiferença
Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.
Na figura “Mapa de indiferença” podemos perceber que, em relação às três curvas de
indiferença, a cesta D, localizada na curva U3, é preferível à cesta E, localizada na curva U1.
Observe que esta cesta D trará maior satisfação ao consumidor. Se atribuirmos valores ao grau
de satisfação de cada escolha poderemos avaliar a utilidade total de cada cesta de mercado.
Utilidade marginal
Conforme estudamos, o consumo de cada bem agrega utilidade ao consumidor. Ou seja, cada
unidade a mais de um produto consumido traz uma certa satisfação ou utilidade adicional.
Assim, chamamos de utilidade marginal o grau de satisfação obtido por meio do consumo de
uma unidade adicional (um consumo na margem) de um bem.
ATENÇÃO
Não há uma unidade de medida da utilidade, como quilos ou metros. O conceito
expressa apenas uma ordem de grandeza em relação à satisfação do consumidor.
Neste sentido, enfatizamos que cada curva de indiferença trará ao consumidor um
certo grau de utilidade.
SAIBA MAIS
O conceito de utilidade é discutido desde o século XIX por autores como William
Jevons. Você pode encontrar referências deste debate acessando a tese de doutorado
de Waldemar Sobral Sampaio (UFRJ).
Leia o QRCode a seguir
http://www.ie.ufrj.br/images/pesquisa/publicacoes/dissertacoes/2008/para_alem_da_utilidade_marginal_uma_leitura_metodologica_alternativa_de_jovens_e_walras.pdf
Perceba que a utilidade marginal é sempre decrescente, considerando que, à medida que se
consome mais de uma determinada mercadoria, estas quantidades irão gerar menos utilidade
e satisfação ao consumidor (PINDYCK & RUBINFELD, 2013).
Vale lembrar que o consumidor sempre adquire um bem que fornecerá maior utilidade
marginal no momento da decisão de compra. Se ele tem mais fome do que vontade de comprar
um televisor de 55 polegadas, por exemplo, ele irá primeiro comer, pois a utilidade marginal da
comida é maior do que a do televisor naquele momento.
Restrição orçamentária
Há uma variável fundamental para o consumidor nos processos de escolha: a restrição
orçamentária. Como vimos, no exemplo mencionado nesta aula, as pessoas desejam a maior
SAIBA MAIS
Quando um consumidor consome mais unidades de um bem, de sua cesta de mercado,
a utilidade marginal diminui, mas a utilidade marginal dos outros bens, não
consumidos naquele instante, aumenta. Se tal situação não acontecesse, com o
tempo, todos os bens teriam utilidade marginal zero.
NA PRÁTICA
Quando um consumidor compra um lanche podemos arbitrar sua utilidade em 6
unidades. Se ele come um segundo lanche não sentirá tanto o sabor, e sua utilidade cai
para 4. Se come um terceiro, na sequência, estará empanturrado, e a utilidade é de
apenas 2. Se, para provar alguma coisa para seus amigos, ele decide comer o quarto
lanche, é fortemente provável que tenha uma congestão e a utilidade marginal deste
lanche será próxima a zero.
quantidade possível de cervejas e antiácidos, porém não dispõem de renda para adquirir a
maior cesta de mercado possível. Mas, por que não consumir infinitamente em cestas de
mercado o mais à direita possível no mapa de indiferenças?
Isto não ocorre porque as pessoas dispõem de uma renda fixa que lhes permite adquirir
alguma quantidade dos dois bens, conforme o preço.
           Supondo que o consumidor dispõe de uma renda W e a gaste, inteiramente, para o
consumo de dois bens, no caso cervejas e antiácidos, podemos verificar que as escolhas de
compra seguem a equação 2:
           Onde Pc representa o preço da cerveja C, e Pa o preço dos antiácidos A. O somatório dos
preços e das quantidades dos produtos equivalerá à renda fixa do consumidor, descrito por W.
Vale ainda dizer que o consumidor não pode consumir mais do que sua renda permite, nem
menos, pela hipótese da insaciabilidade.
(Pc ∗ C) + (Pa ∗ A) = W
NA PRÁTICA
Se um consumidor possui uma renda mensal de R$ 90,00, considerando que a cerveja
custa R$ 3,00 e o antiácido R$ 1,00, confira algumas das possíveis opções de compra
para este consumidor:
Adaptando a equação 2 ao nosso exemplo, a chamada linha de orçamento do consumidor
possui a função:
Desta forma, as curvas de indiferença que se associam à restrição orçamentária devem
maximizar sua satisfação com a cesta de mercado que ele optou em adquirir. Para verificar as
curvas que se adaptam à restrição orçamentária do consumidor observe a figura “Curvas de
indiferença entre bens a partir de uma dada restrição orçamentária” a seguir.
Figura 3 - Cestas de mercado mediante restrição orçamentária
Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.
3 ∗ A + 1 ∗ C = 90
Note que a reta AG descreve as quantidades de dois bens que podem ser adquiridos pelo
consumidor, associados a uma renda fixa mensal de 90 unidades monetárias. Ali estão as
cestas de mercado que satisfazem o consumidor, ou seja, têm um grau ótimo de utilidade dada
uma restrição orçamentária. Cabe lembrar ainda que o grau de inclinação da reta de restrição
orçamentária é dada pela razão entre os preços relativos dos bens (PINDYCK & RUBINFELD,
2013).
Duas hipóteses devem ser assumidas para termos a cesta de mercado maximizadora do
consumidor: a cesta deve estar exatamente sobre a linha de orçamento, tangenciando-a em
um único ponto, pois caso ela esteja abaixo desta reta indicaria que o consumidor está gerando
poupança, o que não se aplica pela hipótese da insaciabilidade e a preferência do consumidor
deve ser máxima, nenhuma outra cesta poderá ter um grau de utilidade maior do que a cesta
que maximiza sua satisfação.
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
verificar que os agentes sempre tenderão a adquirir um certo volume de bens que
maximizam sua satisfação, dada uma renda fixa;
Figura 4 - Curvas de indiferença entre bens a partir de uma dada restrição orçamentária
Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.
aprender que cada escolha de uma cesta de mercado determina uma tendência que é
conhecida como curva de indiferença. A combinação destas curvas fornece o mapa de
indiferença de cada consumidor;
compreender que cada escolha de consumo está associada a um grau de satisfação,
medido pela noção de utilidade total, e que um aumento no consumo de um determinado
bem afeta a utilidade marginal decorrente deste padrão de consumo.
Teoria Elementar da Demanda e o
Processo de Escolha do Consumidores
Discutiremos nesta aula alguns dos principais elementos relacionados à formação das curvas
de demanda no mercado de bens. Definiremos como elas afetam o processo de escolha do
consumidor e a sua satisfação pessoal, expressa através do conceito de Utilidade.
Ao final desta aula, você será capaz de:
entender os fatores formadores da demanda.
Demanda
Quais os critérios que você usa ao efetuar suas compras? Você pensa primeiro nos preços?
Na Teoria do Consumidor, as escolhas ocorrem a partir da relação entre preços, quantidades e
preferênciasdos consumidores. Juntas, estas variáveis determinam os níveis gerais de
produtos e preços dos bens a serem absorvidos pelos consumidores.
Devemos, porém, assumir certas hipóteses que ajudarão a compreender o processo de escolha
do consumidor, dentro do modelo conhecido como concorrência perfeita. São elas, segundo
Aula 04
Varian (2015):
·         a demanda dos bens é determinada dentro de seu respectivo mercado;
·         a demanda é controlada pelos consumidores que absorverão estes bens;
·         não há interferência do Estado;
·         o mercado deve ser competitivo, ou seja, há muitos consumidores e nenhum deles,
individualmente, tem o poder de influenciar os preços dos produtos. Nenhum dos integrantes
do mercado, portanto, é capaz de controlar os preços sozinho;
·         os produtos são homogêneos entre si, isto é, não se diferenciam em função de marca, cor,
sabor, dentre outros fatores.
A dinâmica da demanda está descrita pela seguinte equação:
Através desta equação, você percebe que a quantidade demandada também está diretamente
relacionada ao preço do bem, porém, em uma inclinação descendente: quanto mais o preço de
um bem diminui, mais os consumidores estarão dispostos a comprá-lo (PINDYCK;
RUBINFELD, 2013).
A demanda também está associada à utilidade, ou seja, à satisfação que os consumidores
obtêm adquirindo uma certa quantidade de bens, que formam a chamada cesta de mercado, a
= (P)Qd Qd
SAIBA MAIS
Outras referências a respeito da organização do modelo de concorrência perfeita e
das relações de produção podem ser encontradas no artigo de Jacques Kerstenetzky,
“Organização empresarial em Alfred Marshall”.
Leia o QRCode a seguir.
https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/EADG503/T08/www.scielo.br/pdf/ee/v34n2/v34n2a06.pdf
um determinado nível de preços. Por definição, os consumidores sempre querem consumir a
maior quantidade de bens possível, pois sua demanda é sempre insaciável.
O que limita e determina qual o volume de bens um consumidor poderá adquirir é a sua renda,
também definida como restrição orçamentária.
Observe:
Figura 1 - Curvas de indiferença e restrição orçamentária
Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.
NA PRÁTICA
Um consumidor médio costuma consumir cervejas e antiácidos de maneira
sincronizada. Estes bens formam a sua cesta de mercado. Suas preferências são
incontroláveis: quanto mais cerveja e antiácido ele puder adquirir, melhor será para a
sua utilidade. Ele ficará cada vez mais satisfeito quanto mais puder consumir
quantidades desses dois bens.
O gráfico mostra para você um mapa de indiferença, ou seja, uma combinação de curvas de
indiferença que demonstram as possibilidades de consumo por parte dos agentes econômicos.
As curvas de indiferença são determinadas pela utilidade dos consumidores ao demandar uma
certa combinação de bens, denominada cesta de mercado, como uma que seja formada por
cervejas e antiácidos.
A reta AG que cruza o gráfico configura a renda do consumidor ou a sua restrição
orçamentária. Ele está limitado a consumir bens de acordo com a sua renda, ou seja, qualquer
combinação de bens que esteja abaixo da reta ou sobre ela poderá ser consumida por ele.
Como o consumidor deseja sempre maximizar a sua utilidade, ele consumirá até o limite de sua
renda. Veja que, na figura “Curvas de indiferença e restrição orçamentária”, a curva de
indiferença que resume essa situação é a U2.
A curva de indiferença que tangencia a reta de restrição orçamentária em um ponto (no caso, o
ponto 1, referente à cesta de mercado D) determina as quantidades de bens que serão
efetivamente demandadas pelo consumidor, pois, nesse ponto, sua utilidade, sua satisfação
com a aquisição desses bens está maximizada.
Cabe ainda verificar as situações alternativas: no ponto 2, há renda para a aquisição da cesta,
mas a utilidade da curva U1 não é máxima do ponto de vista do consumidor – há opções
melhores, como a curva U2, na qual o ponto 3 não pode ser alcançado, pois o consumo geraria
a mesma utilidade ao consumidor, mas a sua renda é insuficiente para isso. Já a curva U3, que
contém o ponto 4, resume uma utilidade ainda maior ao consumidor, mas sua renda também
não é compatível com esse consumo.
Deste modo, mudanças na renda do consumidor têm capacidade de deslocar a sua reta de
restrição orçamentária para patamares superiores. Na mesma imagem, veja que a curva U3,
que antes não podia ser “aproveitada”, torna-se um ponto de maximização de utilidade, se a
renda do consumidor for reajustada de modo a abranger a curva U3 (PINDYCK; RUBINFELD,
2013).
Suponha o caso de uma função de demanda dada por
Neste caso, a renda do consumidor é de $ 500. O gráfico de demanda estará dado como se
segue:
   
= 500 − 2pQd
Perceba que, para cada alteração de preços, haverá uma mudança de quantidades demandadas
ao longo da curva. O consumidor pode, com sua renda, demandar até 250 unidades desse bem.
Contudo, se o preço aumentar, haverá uma queda correspondente de consumo. Suponha que o
preço do bem seja de $ 4. Neste caso, ele poderá demandar até 125 unidades deste produto.
Observe que a mudança de preços gera deslocamentos ao longo da curva de demanda. Por
outro lado, note que mudanças na renda formam novas curvas de demanda, de acordo com o
conceito abordado anteriormente de restrição orçamentária.
Curva de demanda
A curva de demanda é descrita pelo gráfico a seguir:
Figura 2 - Curva de demanda dada pela fórmula
Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.
Conforme você verifica na análise da demanda, o comportamento dos agentes reage ao nível
geral de preços, mas também em relação a uma variação dos níveis de renda. Em outras
palavras, caso haja uma diminuição nos preços de um bem, haverá um deslocamento dos
processos de escolha dos consumidores ao longo da curva D1 – eles consumirão mais
unidades.
Porém, se houver alguma mudança que interfira na capacidade de compra desses
consumidores – como, por exemplo, um aumento de salários – haverá um deslocamento da
curva de demanda, criando-se, então, a curva D2, descrita no gráfico “Curvas de demanda por
bens”.
A curva de demanda pode ser descrita matematicamente através da seguinte expressão:
Nela, você observa que as quantidades demandadas de produto são função direta do nível de
preços e da renda disponível do consumidor (Y), conforme o conceito de restrição
orçamentária. Para traçar a curva de demanda, você deve considerar que a renda do
consumidor é fixa.
Por fim, lembre-se de que “quantidades demandadas” não têm o mesmo significado de
“demanda”. Mudanças nos preços impactam quantidades de bens demandadas, não a demanda
em si. Esta só é alterada mediante alterações da renda dos agentes.
Figura 3 - Curvas de demanda por bens
Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.
= D(P, Y)Qd
Curva de demanda do mercado
Agora que você já tomou conhecimento do comportamento do processo de escolha do
consumidor em função de sua demanda individual, compreenderá melhor como estas
demandas se traduzem no comportamento do próprio mercado.
É importante ressaltar, de uma forma sintética, que a demanda do mercado corresponde às
demandas de todos os agentes, ou seja, trata-se de um somatório de suas demandas
(PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
ATENÇÃO
A demanda pode ter o seu perfil alterado em função de medidas que alterem as
preferências do consumidor. Propagandas e trabalhos de marketing, por exemplo,
podem gerar mudanças na demanda, com consumidores demandando maiores
quantidades de bens.
SAIBA MAIS
Como você pode perceber, estamos analisando apenas um tipo de mercado, um tipo
de bem. Na vida real, há uma dependência entre produtos, tornando o cálculo bem
mais complexo – encontrar o balanceamento entre quantidades e preços de todos os
produtos do mercado é o que chamamos de conceito microeconômico de equilíbrio
geral.
No gráfico “Curvas de demanda individuais e de mercado”, você observa, de forma simplificada,
a formação da curva de demanda do mercado. A curva D expressa a demanda de um somatóriode consumidores, representados pelas curvas D1, D2 e D3. Quando se agregam as curvas de
demanda de todos os consumidores em um mercado de bens, esse somatório representará a
curva de demanda do mercado.
A discussão proposta no conceito de curva de demanda de mercado está associada à noção de
um agente representativo: você sabe que os consumidores sempre estarão procurando
satisfazer a sua utilidade, dada certa restrição orçamentária – este processo, por sua vez, é
efetuado por todos os consumidores. Desta forma, pode-se deduzir que todos os
consumidores, sob concorrência perfeita, fazem a mesma escolha. Sendo assim, a demanda de
um consumidor individual está ligada à demanda de todo o mercado.
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
verificar que o comportamento da demanda é de tendência descendente em função de
oscilações do nível geral de preços;
entender que a maximização da utilidade do consumidor determina as quantidades de
bens que virá a demandar;
Figura 4 - Curvas de demanda individuais e de
mercado 
Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.
compreender que a curva de demanda do mercado consiste em um somatório das curvas
de demanda individuais.
A Demanda e a sua Relação com os
Preços dos Bens e Serviços
Nesta aula, traremos conceitos relacionados aos tipos de bem que definem a demanda do
consumidor. Verificaremos que nem sempre todos os bens têm as mesmas propriedades do
ponto de vista da demanda e também da renda.
Ao final desta aula, você será capaz de:
entender a relação entre a quantidade demandada e o preço de outros bens e serviços;
compreender a relação entre a demanda por um bem e a demanda do consumidor.
Bens substitutos, complementares e
independentes
No mercado de bens, os consumidores costumam ordenar sua demanda a partir de uma série
de cestas de mercado dispostas em um modelo denominado curva de indiferença. Através
dela, os consumidores, em geral, estão dispostos a ordenar suas preferências no sentido de
optar, mais ou menos, por trocar o consumo de um bem por outro, mediante mudanças, por
exemplo, no preço de um bem.
Aula 05
Os formatos das curvas de indiferença, porém, não são sempre os mesmos. Há, no mercado,
diversos produtos pelos quais os consumidores estão mais ou menos dispostos a negociar, isto
é, a abrir mão do consumo de um bem em função da alteração de seus preços, preferindo o
consumo de outro. Isso, em termos da sua demanda em relação à formação da sua cesta de
mercado. Pense agora em algum tipo de produto do seu dia a dia do qual você não abre mão de
consumir sem demandar outro produto imediatamente.
O grau de substituição de um produto por outro, que o consumidor está disposto a fazer diante
de uma mudança no nível de preços, permite que definamos se determinados bens são
melhores substitutos uns dos outros.
ATENÇÃO
Um consumidor possui múltiplas curvas de indiferença, sendo cada uma delas
associada a certo grau de utilidade, ou seja, ao grau de bem-estar que ele obtém
consumindo cada um daqueles bens.
NA PRÁTICA
Muito citado nos estudos de Teoria do Consumidor, que investiga o comportamento e
as preferências dos consumidores em torno da aquisição de bens em seus mercados,
determinando, assim, a demanda por esses bens, é o exemplo dos sapatos. Sempre
que um consumidor adquire um calçado para o pé esquerdo, ele também adquire
outro para o pé direito. Mesmo que haja milhares de tipos de calçados para o pé
direito, ele aceitará trocar todos eles por uma única unidade para o pé esquerdo, que
maximiza a sua satisfação.
Neste sentido, dois bens são substitutos perfeitos quando o consumidor é plenamente
indiferente a consumir mais ou menos uma unidade dos produtos que compõem a sua cesta de
mercado. Por exemplo, quando um consumidor é indiferente a consumir refrigerantes do tipo
cola ou do tipo tutti-frutti, ele está disposto, sem grandes problemas, a consumir um copo a
mais de refrigerante do tipo cola, abrindo mão de um copo de refrigerante tutti-frutti.
Você pode analisar as curvas de indiferença entre bens substitutos perfeitos através do gráfico
a seguir.
Figura 1 - Escolhas de consumo 
Fonte: Artmin / shutterstock
Através deste gráfico, você pode analisar o comportamento do consumidor em relação a bens
que lhe são substitutos perfeitos – como no caso dos refrigerantes, que mencionamos há
pouco.
Por outro lado, há bens cuja demanda por um consumidor está fortemente, ou mesmo
totalmente, atrelada ao consumo de outro bem. Trata-se do conceito de bens complementares:
dois produtos serão complementares entre si quando um consumidor estiver menos ou não
disposto a abrir mão de um bem em troca de outro, quando houver mudanças do nível de
preços (PINDYCK; RUBINFELD, 2013). E, ainda, serão complementares perfeitos quando não
houver disposição à troca, a mudanças no consumo, como você pode observar a partir do
próximo gráfico.
Figura 2 - Curvas de indiferença sob bens substitutos perfeitos 
Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.
ATENÇÃO
Não é necessário que a variação de preços seja de uma unidade monetária; basta que
a relação entre a demanda desses bens seja sempre constante ao longo das curvas de
indiferença.
Neste gráfico, você observa o comportamento da demanda de um consumidor em torno de
dois bens que são complementares perfeitos entre si: este consumidor não terá satisfação
alguma em adquirir uma unidade adicional de um bem (sapatos de pé esquerdo, por exemplo)
em troca de outro. Logo, as curvas de indiferença formam um ângulo reto.
Todos os bens que um consumidor possa demandar no momento de formar sua cesta de
mercado podem, portanto, possuir algum grau de substituição entre si. Serão as preferências
do consumidor que determinarão, diante de mudanças em um dado nível de preços, as
quantidades de produtos que ele demandará.
Esta análise, por sua vez, considera que há um grau de dependência entre escolhas de bens em
um mercado. Porém, há produtos que, em função de uma série de variáveis, como preço,
finalidade de uso (como bens de consumo duráveis ou não duráveis) e grau de diferenciação,
por exemplo, possuem perfis de demanda muito diferentes; em outras palavras, a demanda de
um bem em função de mudanças no seu preço não exerce efeito significativo sobre o consumo
do outro bem. Neste caso, estamos falando de bens que são independentes.
Figura 3 - Curva de indiferença sob bens complementares perfeitos 
Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.
O que devemos enfatizar, por fim, é uma “análise central”, qual seja, uma alteração no nível de
preços trará uma mudança nas quantidades demandadas dos bens, pois o chamado equilíbrio
de mercado foi alterado, ou seja, as relações entre preços de um bem e quantidades
demandadas de outro foram modificadas. Em termos de dois bens, A e B, você verifica o
impacto nas quantidades demandadas do bem B perante a mudança de preços do bem A.
Deste modo, perceba que é através da análise das reações dos consumidores perante o
consumo dos bens dada a mudança de preços que você pode avaliar se os bens que ele
demanda são complementares, substitutos ou independentes.
Bens normais e inferiores
NA PRÁTICA
Suponha uma cesta de mercado composta por televisores com tecnologia 4K e pão.
Bem, um televisor com essa tecnologia ainda é um bem de demanda razoavelmente
limitada em função de seu alto custo e tecnologia de geração de conteúdo restrita a
poucos canais. Já o pão é um alimento básico da mesa do brasileiro e sua demanda é
contínua. Veja que, deste modo, a demanda de televisores 4K não é significativamente
influenciada pela demanda por pão, caso o pão tenha seus preços alterados.
SAIBA MAIS
No limite, ou seja, considerando-se todas as alternativas possíveis, todos os bens têm
algum grau de substituição ou complementaridade entre si, ou mesmo são totalmente
independentes, excetuando-se os bens que são indesejáveis à sociedade, pois sua
demanda é fortemente negativa, como, por exemplo, o lixo nuclear.
Até aqui, você verificou que há uma correlação entre o perfil dademanda pelos produtos em
função de suas características para o consumidor que determinará se esses bens serão
substitutos ou complementares a ele.
No entanto, você pode perceber que os diferentes produtos no mercado também estão
sujeitos a uma variável que determina a escolha do consumidor, qual seja, a sua renda
individual, considerando-se constantes todas as outras variáveis.
Assim, na formação da demanda, a renda do consumidor torna-se uma variável importante.
Pode-se, portanto, classificar os diferentes tipos de bens em relação à disposição do
consumidor de consumir mais ou menos quantidades desses bens diante de variações da sua
renda.
Iniciemos nossa classificação com os chamados bens normais. Um bem normal é aquele cuja
demanda varia de maneira proporcional à renda do consumidor. Quando a sua renda aumenta,
o consumo cresce, e vice-versa.
Um bem inferior, por sua vez, é aquele cuja demanda reage de forma menos intensa a variações
na renda do indivíduo. Um exemplo de bem inferior, para alguns consumidores, é o macarrão
instantâneo (lamen): quanto mais a renda do consumidor se elevar, o consumo de macarrão
instantâneo tenderá a não aumentar na mesma proporção, ou mesmo diminuir conforme a sua
preferência de consumo, pois sua cesta de mercado poderá incluir, agora, novas opções, como
massas prontas, macarrão ou lasanha, por exemplo (PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
SAIBA MAIS
Bens inferiores não pressupõem má qualidade, que sejam ruins ou que tenham
alguma característica que os depreciem. Tratam-se apenas de bens que não reagem
de maneira igualmente proporcional ao aumento da renda do consumidor e a
proporção em que se dá essa oscilação na demanda é mensurada a partir do próprio
consumidor e de suas preferências individuais.
Em resumo, como você pôde verificar, a identificação entre os bens normais e inferiores é
obtida através da relação entre a renda do consumidor e a quantidade demandada de um bem.
Na verdade, consumidores de renda mais baixa tenderão a classificar todos (ou ao menos a
maioria) dos bens que consomem como normais, pois alterações pequenas na renda
conduzirão a aumentos proporcionais do consumo desses bens. Mas, se a renda se elevar de
forma mais significativa, alguns desses bens vão deixando de ser normais e passando a ser
inferiores, conforme as preferências desse consumidor.
Figura 4 - Macarrão instantâneo: normal ou inferior a partir de cada consumidor
Fonte: ArtCookStudio / Shutterstock
SAIBA MAIS
O comportamento da demanda dos agentes no mercado de bens em relação à
variação do nível de renda é medido pela curva de Engel, em homenagem a Ernest
Engel (1821-1896).Para saber mais sobre o tema, consulte os dois primeiros tópicos
do artigo, em espanhol, de Rodrigo Arancibia.
Disponível clicando aqui
http://ri.conicet.gov.ar/bitstream/handle/11336/6510/CONICET_Digital_Nro.8720_A.pdf?sequence=2&isAllowed=y
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
estudar o comportamento do consumidor e seu perfil de demanda no mercado de bens
em função do tipo de bens e da sua renda individual;
verificar que a demanda do consumidor entre bens de diversas naturezas é influenciada
pelo grau de substituição destes bens entre si, através do conceito de bens substitutos,
complementares e independentes;
aprender que a renda do consumidor exerce influência sobre a demanda pela quantidade
de bens demandados de forma mais ou menos proporcional, a partir dos conceitos de
bens inferiores e bens normais.
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