Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO Deslocamento, sem esforço, do conteúdo gástrico para o esôfago provocando sintomas desagradáveis ou complicações Pode estar associada com o Esôfago de Barrett – maior chance de desenvolver o adenocarcinoma do esôfago DOENÇA MULTIFATORIAL • Aumento da idade, sexo feminino, gestação, obesidade, hérnia hiatal (formas mais graves) e fatores genéticos ETIOPATOGENIA E FISIOPATOLOGIA As lesões decorrem dos agentes agressores do conteúdo gástrico O refluxo pode ser fisiológico (rápido e com melhora) ou patológico levando a um declínio dos fatores de proteção do esôfago • Mecanismos fisiológicos de defesa do esôfago barreira antirrefluxo, depuração intraluminal e resistência do epitélio BARREIRA ANTIRREFLUXO Relaxamento transitório do esfíncter esofágico inferior – diminuição da pressão e hérnia hiatal Distensão gástrica pós-prandial – aumento da pressão e bolsa acida (20 min após ingestão de alimentos) DEPURAÇÃO INTRALUMINAL Combate da acidez esofágica • Peristalse – alterações primarias (distúrbios motores) e secundárias • Transporte de saliva – queda do fluxo à noite; D. Sjogren (autoimune) que tem como sintoma redução da produção de saliva RESISTÊNCIA DO EPITÉLIO Muco, junções intercelulares, fluxo sanguíneo e conteúdo gástrico Gravidade de acometimento da doença é variável 1. Frequência, volume e extensão do refluxato e aberturas transitórias do esfíncter inferior esofágico 2. Redução na capacidade de depuração fisiológica 3. Agressividade do material refluído – ácido, álcalis, pepsina e hiperosmolaridade 4. Redução na resistência tecidual ao conteúdo refluído 5. Natureza do refluxato – liquido ou gasoso FORMAS DE MANIFESTAÇÃO Não erosiva (DRGE-NE) mais frequente, diagnosticado com base na história clínica, sintomatologia presente e ausência de erosões ao exame Erosiva (DRGE-E) exibe sintomatologia típica e erosões, definidas como solução de continuidade de mucosa Classificação de Los Angeles Esôfago de barret metaplasia intestinal, diagnostico suspeitado por endoscopia e confirmado pelo exame histológico, semelhante ao DRGE-NE, com refluxo ácido intenso (refluxo crônico), frequência aumentada no hemisfério ocidental, necessário acompanhamento e risco de malignização associado a distensão do esôfago metaplasico (3 cm maior chance) Recidivas Após suspensão do tratamento da fase aguda, visto em 80 a 90% dos pacientes dentro de seis meses do termino do tratamento Tratamento de manutenção DIAGNOSTICO SINTOMAS TÍPICOS 1. Pirose – sensação de queimação que costuma aparecer 30-60 min pós refeição 2. Regurgitação – percepção do refluxo na hipofaringe ou na boca Quando aparecem juntos as chances de DRGE é próxima de 90%, principalmente quando 2 ou + vezes por semana por 4-8 semanas Ausência desses sintomas não descarta o diagnostico SINTOMAS ATÍPICOS 1. Dor torácica não cardíaca 2. Globus faríngeos 3. Asma 4. Tosse crônica 5. Fibrose pulmonar idiopática 6. Apneia do sono 7. Pneumonias de repetição 8. Otite media 9. Sinusite crônica 10. Rouquidão 11. Pigarro 12. Desgaste no esmalte dentário Pacientes com laringite crônica, tosse crônica, asma, apneia ou distúrbios do sono devem ser investigados, pois DRGE pode causar ou exacerbar tais sintomas O DRGE equivale a 50% dos casos de DNTC O mecanismo causal de sintomas respiratórios pelo refluxo pode ser direto – aspiração – ou indireto – mediado por mecanismos neurais Obesidade deve ser considerada fator de risco aumenta pressão intra-abdominal propiciando a evolução do refluxo TESTE DIAGNOSTICO TERAPÊUTICO Administração de IBP em dose plena por 4 semanas para pacientes < 45 anos e sintomas típicos Indicado com suspeita a endoscopia digestiva alta EXAME ENDOSCÓPICO E BIOPSIA DE ESÔFAGO Avaliação de presença ou não de erosões esofágicas, paciente pode apresentar ou não alterações ausência ou alterações inespecíficas (edema e eritema) indicam DRGE-NE Biopsia tem indicação limitada = esôfago de Barret, ulceras e estenose, avaliação de adenocarcinoma RAIO X CONTRASTADO DE ESÔFAGO (ESOFAGOGRAMA OU SERIOGRAFIA) Indicação restrita (valor) – consegue avaliar a morfologia do órgão e auxilia na investigação de pacientes com disfagia e odinofagia CINTILOGRAFIA Avalia o refluxo do conteúdo gástrico após ingestão de contraste (caro e pouco disponível), diagnostico em crianças e para investigar manifestações atípicas respiratórias MANOMETRIA CONVENCIONAL E ESOFÁGICA DE ALTA RESOLUÇÃO Procedimento que mede a força e função dos músculos do esôfago, diagnostico e avaliação de distúrbios na motilidade esofágica / alterações ao nível do esfíncter inferior/superior do esôfago PHMETRIA ESOFÁGICA DE 24 HORAS Monitoramento ambulatorial do DRGE, pode ser realizado via cateter transnasal ou com capsula telemétrica sem fio Pode detectar episódios de refluxo medindo as diminuições do Ph esofágico Cateteres de impedância e ph medem a direção do fluxo (anterógrado ou retrogrado) e avaliam a mudança da resistência elétrica de acordo com a composição química do material, assim como o ph esofágico (mede refluxos ácidos e não ácidos) • Principal limitação: incapacidade de determinar o volume ácido do refluxato RECOMENDAÇÕES Para documentar a exposição acida em individuo com endoscopia negativa, quando considerado para intervenção endoscópica ou cirúrgica, avaliação de pacientes com sintomas típicos e endoscopia negativa que são resistentes ao tratamento com IBP Auxilia quando: 1. Adequação do tratamento com IBP para controle ácido gástrico em pacientes com complicações 2. Avaliação de pacientes com sintomas atípicos, resistentes ao tratamento e com endoscopia negativa PHMETRIA SEM FIO – CAPSULA DE BRAVO Dispensa o uso de sondas, fios ou cabos – melhor diagnostico com períodos prolongados de phmetria (dados de ph esofágico por até 96h) Os pacientes podem manter dieta e atividades regulares, alto custo IMPEDÂNCIA ESOFÁGICA Detecta fluxo de líquidos e gás ao longo do esôfago por meio de cateter intraluminar, capta a resistência elétrica gerada pela passagem do bolo e obtém-se medidas de altas resolução do transporte do bolo e da motilidade gastrointestinal Capaz de diferenciar o transito esofágico de sólidos e líquidos e o sentido, mas não caracteriza o refluxo de natureza acida 2/3 dos casos costumam ser ácidos e 1/3 costumam ser fracamente ácidos, alcalino é raro RECOMENDAÇÕES Em paciente com regurgitação, pirose e endoscopia negativa em terapia adequada com IBP Pacientes com queixas primarias de dor torácica ou sintomas refratários ao tratamento TRATAMENTO Controle sintomatológico, cicatrização de lesões e prevenção de complicações – clinico ou cirúrgico O tratamento endoscópico ainda está em estudo quanto a efetividade CLINICO Efetivo na maioria dos casos, medidas comportamentais e medicamentosas Correção do comportamento e MEV A inibição da secreção acida gástrica é benéfica e resolutiva na melhora dos sintomas e pode permitir a cicatrização da esofagite MEDICAMENTOS: • Alcalinos (antiácidos) e sucralfatos – controle imediato dos sintomas • Alginato – combinado com os alcalinos previne refluxo originário na bolsa acida • Bloqueadores dos receptores H2 de histamina – cicatrização de esofagite corrosiva leve • Procineticos – eficazes no alivio da pirose comparados a placebos, somente quando associados a IBP • Inibidores de bomba de prótons – mais recomendados para tratamento IBPs devem ser considerados medicação de escolha (4- 8 semanas em casos agudos) Dosagem plena com DRGE inicial que pode ser dobrada quando complicações CIRURGICO Extremamente controverso, mas consensos sugerem correção cirúrgica quando:• Esofagites recidivantes após tratamentos bem conduzidos de no mínimo 6 meses • Complicações (extra esofágicas inclusas) • Perspectiva de usar IBPs por muitos anos • Hérnias de grande volume em pacientes com risco de volvo ou perfuração • Baixa idade Quando sintomas afetam a qualidade de vida também pode ter indicação Desenhado para diminuir a exposição esofágica ao ácido gástrico por meio de um mecanismo antirrefluxo sobre o esfíncter esofágico HÉRNIA HIATAL Hiato – espaço de inserção do esôfago no diafragma Naturalmente as estruturas se modificam durante a deglutição esse processo repetitivo faz com que a região seja alvo de desgastes e degenerações Essa estrutura tem papel na inibição do refluxo também A hérnia de hiato são elementos da cavidade abdominal que através do hiato esofágico atravessam para o diafragma Deslizante A junção é deslizada para cima em posição intratorácica; 95% dos casos, aumentando com o envelhecimento; grande maioria é assintomático mas pode associar-se ao DRGE, quando muito grandes podem ser chamadas de Ulceras de Cameron e estão possivelmente associadas a sangramento; diagnostico por deslizamento da junção (2- 3 cm pequenas, 3-5 cm medias e + 5 cm grandes) Tratamento cirúrgico não é indicado em pacientes assintomáticos; tratar como DRGE somente Não se indica a cirurgia profilática – risco de desenvolver sintomas agudos é menor que 2% em pacientes após os 65 anos Cirurgia indicada em pacientes sintomáticos; com vólvulo gástrico e/ou sangramentos, obstruções ou disfunções respiratórias oriundas da hérnia Mais de 50% dos pacientes com DRGE possuem Paraesofagica Outra porção do estomago passa para cima Tipo II, III e IV Em especial o fundo gástrico invade a cavidade torácica por meio do hiato • Tipo II – defeito localizado na membrana feno esofágica, onde o fundo gástrico serve como ponto principal da hérnia • Tipo III – elementos das hérnias I e II e caracterizado pela junção GE e pela hérnia de hiato através do hiato; fundo acima da junção • Tipo IV – grande defeito na membrana feno esofágica, presença de outros órgãos que não o estomago no saco de hérnia Os sintomas mais comuns são dor epigástrica ou subesternal; plenitude pós-prandial, náuseas e vômitos Complicações devido a problemas mecânicos causados pela hérnia 1. Vólvulo gástrio – pode causar disfagia, estomago gira em torno da própria linha media 2. Dor pós-prandial relacionada a sangramentos e ulcerações DIAGNOSTICO Suspeita em paciente com DRGE, exames de imagem podem confirmar (raio x contrastado, endoscopia e manometria de alta resolução) QUESTÕES 1. Qual o exame de maior acurácia para o diagnóstico de DRGE? Ph impedanciometria Não demonstra o tipo de refluxo, mas é o de maior acurácia 2. Porque evitar uso prolongado de IBP? Paciente começa a ter menor absorção de vitaminas principalmente B12 e D, fica mais sujeito a osteoporose
Compartilhar