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2ª Aula - Direito Penal - Princípios norteadores, garantidores e limitadores do Direito Penal

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DIREITO PENAL – TEORIA DO CRIME
Princípios de Direito Penal
CONCEITO DE PRINCÍPIO E IMPORTÂNCIA: Etimologicamente, princípio tem vários significados, entre os quais o de momento em que algo tem origem; causa primária, elemento predominante na constituição de um corpo orgânico; preceito, regra ou lei; fonte ou causa de uma ação.
No sentido jurídico, não se poderia fugir de tais noções, de modo que o conceito de princípio indica uma ordenação, que se irradia e imanta os sistemas de normas, servindo de base para a interpretação, integração, conhecimento e aplicação do direito positivo.
Há princípios expressamente previstos em lei, enquanto outros estão implícitos no sistema normativo. Existem, ainda, os que estão enumerados na Constituição Federal, denominados de princípios constitucionais (explícitos e implícitos, servindo de orientação para a produção legislativa ordinária, atuando como garantias diretas e imediatas aos cidadãos, bem como funcionando como critérios de interpretação e integração do texto constitucional.
Princípios são valores fundamentais que inspiram a criação e a aplicação do Direito Penal. Orientam a atuação do legislador (na criação do Direito Penal) e do operador do direito (na sua aplicação prática). Visam limitar o poder punitivo do Estado, dando contornos de razoabilidade a sua atuação. Ademais, os princípios são uma das espécies de normas, juntamente com as regras.
 
Alguns princípios estão previstos expressamente no nosso direito positivo, a exemplo do princípio da reserva legal, do princípio da individualização da pena. De outra banda, há princípios que estão implícitos no ordenamento jurídico, como, por exemplo, o princípio da insignificância.
Princípios Constitucionais e Infraconstitucionais
Os princípios constitucionais possuem a função de orientar, organizar e estruturar o ordenamento jurídico, especialmente quanto a aplicação do direito e interpretação da norma jurídica. 
Neste sentido, os princípios constitucionais e as garantias individuais devem atuar como balizas para a correta interpretação e o justo emprego das normas penais, não se podendo cogitar de uma aplicação meramente robotizada dos tipos incriminadores. 
Diversos são os princípios de Direito Penal que estão assegurados na Constituição Federal, vejamos: 
a)Princípio da Dignidade da pessoa humana: Trata-se do mais importante dos princípios penais e constitui um dos fundamentos da República Federativa do Brasil (CF, art. 1º, III). Proíbe a incriminação de comportamentos socialmente inofensivos, isto é, que não provoquem dano efetivo ou lesão ao corpo social (ex: incriminar o ato de manifestar publicamente admiração por pessoas queridas). Impede, ademais, que a aplicação das normas penais ocorra de maneira totalmente divorciada da realidade. 
b) Princípio da legalidade ou reserva legal: Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal (CF, art. 5º, XXXIX e CP, art. 1º). Trata-se do fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras, ou seja, os tipos penais, mormente os incriminadores, somente podem ser criados através de lei em sentido estrito, emanada do Poder Legislativo, respeitado o procedimento previsto na Constituição Federal.
c) Princípio da retroatividade da lei penal benéfica: A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu (CF, art. 5º, XL e CP art. 2º, parágrafo único).É natural que, havendo anterioridade obrigatória para a lei penal incriminadora, não se pode permitir a retroatividade de leis, especificamente as prejudiciais ao acusado. Logo, quando novas leis entram em vigor, devem envolver somente fatos concretizados sob a sua égide. Abre-se exceção à vedação à irretroatividade quando se trata de lei penal benéfica. Esta pode voltar no tempo para favorecer o agente, ainda que o fato tenha sido decidido por sentença condenatória com trânsito em julgado.
d) Princípio da vedação do BIS IN IDEM: “Ne bis in idem”. Ninguém pode ser condenado pelo mesmo fato mais de uma vez; além disso, uma única e determinada circunstância fática não pode ser utilizada mais de uma vez, seja para agravar, seja para beneficiar o agente. 
Não se admite, em hipótese alguma, dupla punição pelo mesmo fato. Extrapola a razoabilidade punir o agente duas vezes pela prática de um único fato. Pode ser extraído do art. 8º, 4 do Pacto de São José da Costa Rica, incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro pelo Dec. 678/1992, segundo o qual o acusado absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser submetido a novo processo de julgamento.
 
e) Princípio da insignificância ou da bagatela: É um princípio que não possui previsão legal, mas é pacificamente admitido pela jurisprudência do STF e STJ.
Apenas na década de 70, pelos estudos de Claus Roxin, é que o princípio da insignificância ganhou relevância. Para o autor, a finalidade do Direito Penal consiste na proteção subsidiária de bens jurídicos. Logo, comportamentos que produzam lesões insignificantes aos objetos jurídicos tutelados pela norma penal devem ser considerados penalmente irrelevantes. A aplicação do princípio produz fatos penalmente atípicos. 
É uma das grandes manifestações do funcionalismo penal. Traduz a ideia de que não haverá crime quando a conduta pelo agente for insignificante. Ou seja, sua conduta não ofende, nem ao menos coloca em perigo o bem jurídico protegido pelo Direito Penal, pois é uma conduta ínfima, insignificante. 
Destina-se a efetuar uma interpretação restritiva da lei penal, diminuindo o seu alcance, eis que a lei penal é muito abrangente.
Na atualidade, a aceitação deste princípio é praticamente unânime. A divergência consiste, no mais das vezes, em definir, no caso concreto, se a lesão ao bem jurídico foi diminuta e, portanto, penalmente relevante ou insignificante, logo atípica. Ninguém dirá que a subtração de uma folha de papel ou de um dente de alho deve ser considerada como crime de furto. 
O Supremo Tribunal Federal, vem adotando critérios que nos parecem ajustados para a verificação, em cada caso, sobre a possibilidade de aplicar o princípio. São eles: (i) a mínima ofensividade da conduta do agente, (ii) nenhuma periculosidade social da ação, (iii) o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e (iv) a inexpressividade da lesão jurídica provocada (HC 84.412/SP).
f) Princípio da alteridade ou da transcendentalidade: Foi criado por Claus Roxin. Significa que não há crime na conduta que prejudica somente quem o praticou. O crime deve ultrapassar a conduta de quem o pratica. Este princípio proíbe a incriminação de atitude meramente subjetiva, que não ofenda bem jurídico alheio. A ação o omissão puramente pecaminosa ou imoral não apresenta a necessária lesividade que legitima a intervenção do direito penal. Não se pune a autolesão, salvo quando se projeta a prejudicar terceiros, como no art. 171, §2º, V do CP (autolesão para fraudar seguro); uso pretérito de droga (o porte é punido porque, enquanto ao agente detém a droga, coloca em risco a incolumidade pública).
g) Princípio da ofensividade ou lesividade: Não há crime quando a conduta não é capaz de provocar lesão ou, pelo menos, perigo de lesão ao bem jurídico protegido pela lei penal.
O fundamento do direito penal é a ofensividade a bem jurídico. Assim, não há infração penal se a conduta não produzir efetiva, concreta e relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. 
h) Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos ou princípio do fato: A função do Direito Penal é proteger bem jurídico. Desta forma, o Direito Penal não deve se ocupar de questões éticas, morais, religiosas, políticas, filosóficas. 
Bem jurídico é o valor ou interesse relevante para a manutenção e o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade. Ressalta-se que nem todo bem jurídico será um bem jurídico penal, apenas os mais relevantes, indispensáveis serão tutelados pelo Direito Penal. A escolha dos bens jurídicos que merecem ser protegidos pelo Direito Penal é feita pela CF.
i)Princípio da intervenção mínima: Também chamadode princípio da necessidade do direito penal. Sua origem remonta ao ano de 1.789, na França, com a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, segundo a qual a lei só deve prever as penas estritamente necessárias.
 
O Direito Penal só é legítimo quando for indispensável para a proteção de determinado bem jurídico. Isto é, não é possível resolver com os demais ramos do direito. É com base nesse princípio que se fala em direito penal mínimo.
Somente se deve recorrer a intervenção do Direito Penal em situações extremas, como a última saída (ultima ratio). A princípio, portanto, deve-se deixar aos demais ramos do direito a disciplina das relações jurídicas. A subtração de um pacote de balas em um supermercado, já punida com a expulsão do cliente do estabelecimento e com a cobrança do valor do produto ou sua devolução, já foi resolvida, por outros ramos do direito, de modo que não necessita da interferência do direito penal. 
j) Princípio da fragmentariedade: Trata-se na verdade de uma característica do Direito Penal, mencionada por alguns autores também sob a forma de princípios, estabelecendo que as normas penais somente se devem ocupar de punir uma pequena parcela, um pequeno fragmento dos atos ilícitos, justamente aquelas condutas que violem de forma mais grave os bens jurídicos mais importantes. Fragmentariedade significa que nem todas as lesões a bens jurídicos protegidos devem ser tuteladas e punidas pelo direito penal que, por sua vez, constitui somente parcela do ordenamento jurídico. 
Fragmento é apenas a parte de um todo, razão pela qual o direito penal deve ser visto, no campo dos atos ilícitos, como fragmentário, ou seja, deve ocupar-se das condutas mais graves, verdadeiramente lesivas à vida em sociedade, passíveis de causar distúrbios de monta à segurança pública e à liberdade individual. 
Outras questões devem ser resolvidas pelos demais ramos do direito, através de indenizações civis ou punições administrativas.
K) Princípio da adequação social: O fato deixará de ser típico quando aceito socialmente. Por este princípio entende-se que em vez de punir um fato por ser típico, devemos adequá-lo à realidade vigente, aos costumes sociais, enfim, à consciência coletiva. A lei deveria ser interpretada pro societate, e ao que tudo indica, a coletividade não se interessa pela punição como por exemplo dos “bicheiros” na hipótese da contravenção penal do jogo do bicho. 
Tal princípio não tem merecido acolhida da maioria da Jurisprudência, uma vez que sua aceitação implicaria a conclusão de que os costumes teriam força para revogar a lei penal, o que é inadmissível em face do art. 22, da CF e art. 2º, §1º da LINDB. 
l) Princípio da humanidade: As normas penais devem sempre dispensar tratamento humanizado aos sujeitos ativos de infrações penais, vedando-se a tortura, o tratamento desumano ou degradante (CF, art. 5º, III), penas de morte, de caráter perpétuo, cruéis, de banimento ou de trabalhos forçados (CF, art. 5º, XLVII). Significa que o direito penal deve pautar-se pela benevolência, garantindo o bem--estar da coletividade, incluindo-se o dos condenados. Estes não devem ser excluídos da sociedade, somente porque infringiram a norma penal, tratados como se não fossem seres humanos, mas animais ou coisas.
Por isso, estipula a Constituição que não haverá penas: a) de morte (exceção feita à época de guerra declarada, conforme previsão dos casos feita no Código Penal Militar); b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis (art. 5.º, XLVII), bem como que deverá ser assegurado o respeito à integridade física e moral do preso (art. 5.º, XLIX).
m) Princípio da proporcionalidade: Significa que as penas devem ser harmônicas à gravidade da infração penal cometida, não tendo cabimento o exagero, nem tampouco a extrema liberalidade na cominação das penas nos tipos penais incriminadores. 
Não teria sentido punir um furto simples com elevada pena privativa de liberdade, como também não seria admissível punir um homicídio qualificado com pena de multa.
A Constituição, ao estabelecer as modalidades de penas que a lei ordinária deve adotar, consagra implicitamente a proporcionalidade, corolário natural da aplicação da justiça, que é dar a cada um o que é seu, por merecimento. 
Quando a criação do tipo penal não se revelar proveitosa para a sociedade, estará ferido o princípio da proporcionalidade, devendo a descrição legal ser expurgada de nosso ordenamento jurídico por vício de inconstitucionalidade. Além disso, a pena, isto é, a resposta punitiva estatal ao crime, deve guardar proporção com o mal infligido ao corpo social. 
O legislador brasileiro, por falta de adoção de uma política criminal definida, comete vários deslizes no cenário da proporcionalidade, ao cominar penas muito brandas ou excessivamente severas a determinados casos.
n) Princípio da autorresponsabilidade ou das ações a próprio risco: Aquele que, de modo livre e consciente, e sendo inteiramente responsável por seus atos, realiza comportamentos perigosos e produz resultados lesivos a si mesmo arcará totalmente com seu comportamento, não se admitindo nenhum tipo de imputação a pessoas que o tenham eventualmente motivado a praticar tais condutas perigosas (ex: o agente que incentiva desafeto a praticar “esportes radicais” não responde pelos acidentes sofridos pela vítima, que optou por fazê-lo livremente).
o) Princípio da confiança: Uma pessoa não pode ser punida quando, agindo corretamente e na confiança de que o outro também assim se comportará, dá causa a um resultado não desejado (ex: O Médico que confia em sua equipe não pode ser responsabilizado pela utilização de uma substância em dose equivocada, se para isso não concorreu; o motorista que conduz seu automóvel cuidadosamente confia que os pedestres se manterão na calçada e somente atravessarão a rua quando não houver movimento de veículos, motivo pelo qual não comete crime se atropela um transeunte que se precipita repentinamente para a via trafegável). 
O princípio da confiança surgiu na Espanha, voltado aos crimes de trânsito. Entendia-se que aquele que respeita as regras de trânsito, possui o direito de confiar que os demais também irão respeitar as regras de trânsito. Atualmente, no Brasil, possui aplicação para os crimes em geral. Desta forma, aquele que respeita as regras para a vida em sociedade pode confiar que os demais também irão agir da mesma maneira.
p) Princípio do estado de inocência ou presunção de não culpabilidade: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória” (CF, art. 5º, LVII). O princípio da presunção de inocência desdobra-se em três aspectos: a) No momento da instrução processual, como presunção legal relativa de não culpabilidade, invertendo-se o ônus da prova; b) No momento da avaliação da prova, valorando-a em favor do acusado quando houver dúvida; c) No curso do processo penal, como paradigma de tratamento do imputado, especialmente no que concerne á análise da necessidade da prisão processual. Convém lembrar a Súmula nº 9 do Superior Tribunal de Justiça, segundo a qual a prisão processual não viola o princípio do estado de inocência. 
q) Princípio da culpabilidade: Significa que ninguém será penalmente punido, se não houver agido com dolo ou culpa, dando mostras de que a responsabilização não será objetiva, mas subjetiva (nullum crimen sine culpa). Trata-se de conquista do direito penal moderno, voltado à ideia de que a liberdade é a regra, sendo exceção a prisão ou a restrição de direitos. 
Além disso, o próprio Código Penal estabelece que somente há crime quando estiver presente o dolo ou a culpa (art. 18). Note-se, ainda, a redação do parágrafo único desse artigo: “Salvo os casos expressos em lei, ninguém será punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente”. 
Assim, a regra adotada é buscar, para fundamentar e legitimar a punição, na esfera penal, o dolo do agente. Não o encontrando, deve-se procurar a culpa, desde que expressamenteprevista, como alternativa, no tipo penal incriminador. A pena há de ser dosada segundo o grau de reprovabilidade da conduta do agente. 
Situação-problema: Leia o trecho da notícia disponível em: https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2021/06/07/stj-encerra-acao-contrahomem-que-furtou-r-4-em-frango-em-mg-e-critica-envio-de-caso-ao-tribunal.ghtml. "Furto de frango de R$ 4 em Minas vai parar no STJ, que encerra ação: - Absurdo, diz ministro" O acusado do crime vivia em condição de miséria e cometeu o delito para consumo próprio, mas Ministério Público decidiu levar denúncia adiante. A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o trancamento de uma ação penal aberta pela Justiça de Minas Gerais contra um homem acusado de furtar dois steaks de frango, avaliados em R$ 2 cada, de um supermercado. O caso ocorreu em 2017, em Araxá, no Alto Paranaíba. O colegiado aplicou o princípio da insignificância ou da bagatela, tendo em vista o baixo valor dos produtos e outras peculiaridades do caso. Resta a percepção de que o Ministério Público de Minas Gerais e o seu Judiciário se houveram com excessivo rigor e se afastaram da jurisprudência remansosa dos tribunais superiores para levar adiante um processo criminal de tão notória inexpressividade jurídico-penal -, afirmou o relator do recurso em habeas corpus, solicitado pela defesa do acusado, ministro Rogerio Schietti Cruz. O magistrado destacou que o preço total da mercadoria furtada equivalia, na época, a 0,42% do salário mínimo. Além disso, considerou que a vítima do delito foi uma empresa. O suspeito, sem antecedentes criminais, foi preso em flagrante pela Polícia Militar, mas o delegado de plantão não ratificou a prisão, considerando a condição de miséria em que ele vivia. O policial também levou em conta o baixo valor dos produtos e indícios de que o furto teria sido cometido para consumo próprio. 
A partir do estudo dos textos do Módulo 3, Tema A Ciência Penal, disponibilizado no Conteúdo Digital da disciplina, e do aprendizado em aula, identifique os pressupostos fixados pela jurisprudência para aplicação casuística do princípio da insignificância ou da bagatela, bem como as consequências jurídico-penais para o homem acusado do furto dos steaks de frango, ante o reconhecimento da aplicação do referido princípio ao caso narrado ao ser julgado pela Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Considere, ainda, os seus estudos acerca dos princípios da intervenção mínima e da lesividade.
Bibliografia: 
Manual de direito penal, NUCCI, Guilherme de Souza – 16. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2020
Manual de Direito Penal, CUNHA, Rogério Sanches, vol. único. 2018, Ed. JusPODIVM.
Código Penal para Concursos, CUNHA, Rogério Sanches, 2018, 
Ed. JusPODIVM.
Curso de Direito Penal, ISHIDA, Válter Kenji, Parte Geral e Parte Especial, São Paulo: Atlas, 2009
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