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PRINCÍPIOS NORTEADORES, GARANTIDORES E LIMITADORES DO DIREITO PENAL

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Princípios norteadores, Garantidores e Limitadores do D. Penal
Aulas 2 e 3.
Princípio da dignidade da pessoa humana:
 Trata-se do mais importante dos princípios penais e constitui um dos fundamentos da República Federativa do Brasil (CF, art. 1º, III). Proíbe a incriminação de comportamentos socialmente inofensivos, isto é, que não provoquem dano efetivo ou lesão ao corpo social (ex.: incriminar o ato de manifestar publicamente admiração por pessoas queridas). Impede, ademais, que a aplicação das normas penais ocorra de maneira totalmente divorciada da realidade.
Princípio da legalidade: 
Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal (CF, art. 5º, XXXIX, e CP, art. 1º).
Princípio da anterioridade/irretroatividade da lei penal:
A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu (CF, art. 5º, XL, e CP, art. 2º).
Princípio da Subsidiariedade:
O direito penal é um remédio subsidiário, ou seja, deve ser reservado somente para as situações em outras medidas não foram suficientes. 
Princípio da intervenção mínima: 
Somente se deve recorrer à intervenção do direito penal em situações extremas, como a última saída (ultima ratio). A princípio, portanto, deve-se deixar aos demais ramos do direito a disciplina das relações jurídicas. A subtração de um pacote de balas em um supermercado, já punida com a expulsão do cliente do estabelecimento e com a cobrança do valor do produto ou sua devolução, já foi resolvida por outros ramos do direito, de modo que não necessitaria da interferência do direito penal.
Princípio da fragmentariedade:
 Trata-se, na verdade, de uma característica do direito penal, mencionada por alguns autores também sob a forma de princípio, estabelecendo que as normas penais somente se devem ocupar de punir uma pequena parcela, um pequeno fragmento dos atos ilícitos, justamente aquelas condutas que violem de forma mais grave os bens jurídicos mais importantes.
Princípio da Lesividade:
É requisito para a intervenção penal a real lesividade social da conduta.
Princípio da culpabilidade:
Como decorrência do princípio da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III) e da presunção de não culpabilidade (CF, art. 5º, LVII), exsurge esse princípio, segundo o qual: a) não se admite responsabilidade penal objetiva, ou seja, desprovida de dolo ou culpa (v. art. 19 do CP) ou carente de culpabilidade (v. arts. 21 a 28 do CP); b) a pena há de ser dosada segundo o grau de reprovabilidade da conduta do agente.
O princípio da insignificância:
 Determina que nem todo ataque a um bem jurídico será prontamente punido pelo Estado. Esse raciocínio decorre da seguinte observação: deve existir uma efetiva proporcionalidade entre a gravidade da conduta praticada e a drástica intervenção estatal. Dito de uma forma mais direta, não é proporcional a intervenção estatal em decorrência de uma pessoa ter furtado uma barra de chocolate. A insignificância de determinada conduta é avaliada levando-se em consideração a importância do bem jurídico e o grau de intensidade da lesão do bem jurídico produzida pela conduta.
Princípio da adequação social:
 Determina que o Direito Penal somente poderá criminalizar condutas que tenham uma certa relevância social, caso contrário, não poderão ser consideradas delitos. Importante lembrar que dentro de uma sociedade há condutas toleráveis pela sociedade e por esse motivo não podem ser consideradas criminosas.
O fato deixará de ser típico quando aceito socialmente. Acompanhe esse exemplo extraído da jurisprudência: “Contravenção Penal — ‘jogo do bicho’ — Perda do monopólio do Estado às empresas de comunicações na exploração de jogos e loterias aliada a ausência de reprovabilidade na consciência da absoluta maioria dos cidadãos — Punição afastada pela aplicação do princípio da adequação social — Inaplicabilidade do art. 58 do Dec.-Lei 6.259/44. Convence que a adequação social supera contravenção denunciada. Em vez de punir um fato por ser típico, devemos adequá-lo à realidade vigente, aos costumes sociais, enfim, à consciência coletiva. A lei deveria ser interpretada pro societate, e, ao que tudo indica, a coletividade não se interessa pela punição dos ‘bicheiros’. Ao contrário, já inseriu o jogo do bicho em seu dia a dia” (TARS, RT, 753/699). 
Legalidade:
Formal: É o seguir o procedimento formal para a criação de uma lei daquela natureza. Representa a obediência aos trâmites procedimentais (devido processo legislativo) fazendo da lei aprovada, sancionada e publicada uma lei vigente.
Material: por sua vez, é o amoldar-se o conteúdo da lei aos direitos e às garantias fundamentais, previstos constitucionalmente. A observância às formas e procedimentos impostos não é suficiente, sendo imprescindível que a lei respeite o conteúdo da Constituição Federal, bem como dos tratados internacionais de direitos humanos, observando direitos e garantias do cidadão. Apenas desse modo é possível falar em lei válida.
Máxima taxatividade: 
Este princípio se encontra ligado à técnica redacional legislativa. Não basta existir uma lei que defina uma conduta como crime. A norma incriminadora legal deve ser clara, compreensível, permitindo ao cidadão a real consciência acerca da conduta punível pelo Estado.
O princípio da taxatividade, ou da determinação, não está expresso em nenhuma norma legal. Trata-se de uma construção doutrinária, fundamentada no princípio da legalidade e nas bases do Estado Democrático de Direito.
Ofensividade: 
Não há crime sem lesão efetiva ou ameaça concreta ao bem jurídico tutelado — nullum crimen sine injuria. Daí resulta serem inconstitucionais os crimes de perigo abstrato (ou presumido), nos quais o tipo penal descreve determinada conduta sem exigir ameaça concreta ao bem jurídico tutelado.
Alteridade: 
Proíbe a incriminação de atitude meramente subjetiva, que não ofenda bem jurídico alheio.
Humanidade das penas:
 As normas penais devem sempre dispensar tratamento humanizado aos sujeitos ativos de infrações penais, vedando-se a tortura, o tratamento desumano ou degradante (CF, art. 5º, III), penas de morte, de caráter perpétuo, cruéis, de banimento ou de trabalhos forçados (CF, art. 5º, XLVII).
Pessoalidade da pena: 
A pena não pode passar da pessoa do condenado (art. 5 º, XLV, da CF). 
Individualização da pena: A individualização da pena ocorre em três fases: 
 a) na elaboração legislativa, pois a pena deve ser proporcional ao crime cometido. 
 b) na sentença que deve seguir os critérios legais estabelecidos nos arts. 
33, 59 e 68 do Código Penal. 
 c) na execução das penas, pelo sistema progressivo e outros institutos
como o livramento condicional. 
Proporcionalidade das penas:
 “Quando a criação do tipo penal não se revelar proveitosa para a sociedade, estará ferido o princípio da proporcionalidade, devendo a descrição legal ser expurgada de nosso ordenamento jurídico por vício de inconstitucionalidade. Além disso, a pena, isto é, a resposta punitiva estatal ao crime, deve guardar proporção com o mal infligido ao corpo social” (Edilson M. Bonfim e Fernando Capez, Direito penal: parte geral, p. 130).

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