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CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 Dentes inclusos (retidos e impactados) Entende-se por inclusão dental um órgão dentário que, mesmo comple- tamente desenvolvido, não fez sua erup- ção na época normal, encontrando-se, portanto, no interior dos maxilares. CLASSIFICAÇÃO o Inclusão óssea (dente comple- tamente envolvido por tecido ós- seo); o Inclusão submucosa (rompeu a cortical óssea, mas não rompeu a mucosa); o Semi-inclusão (quando apenas parte do dente aparece na boca – o restante pode estar envolvido por osso e/ou mucosa). OBS: não determina bem o grau de difi- culdade da cirurgia. FREQUÊNCIA DE INCLUSÃO 1. Terceiro molar inferior e superior; 2. Caninos superiores (é o último que entra no arco, então se não tiver espaço, é ele quem paga o preço); 3. Pré-molares inferiores (são os úl- timos a entrarem no arco inferi- or). A maior causa de inclusão é a discrepância entre o arco ósseo e o arco dental. Se o arco ósseo é menor que o dental, algum dente vai ficar incluso (não vai ter espaço). ETIOLOGIA Causas de origem local: o Discrepância entre o comprimen- to total do arco ósseo alveolar e o comprimento total do arco den- tário; o Dentes muito volumosos; o Obstáculos oferecidos por dentes vizinhos; DENTE FREQUÊNCIA 3º molar inf. 35% Canino sup. 34% 3º molar sup. 9% 2º PM sup. 5% CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 o Obstáculos oferecidos pela den- sidade ou inflamação da fibro- mucosa; o Permanência exagerada de den- tes decíduos; o Perda prematura dos dentes de- cíduos alterando a posição dos permanentes; o Presença de dentes supranume- rários; o Cistos e tumores. Causas de origem geral: o Raquitismo; o Síndromes (disostose cleidocra- nial). Em princípio, as cirurgias para remoção de dentes inclusos são indica- das para pacientes jovens, para prevenir diversas complicações: o Prevenção de doença periodon- tal: dentes irrompidos adjacentes aos dentes impactados estão predispostos à doença periodon- tal; o Prevenção de cárie dentária: a presença do dente impactado pode dificultar a higienização do dente vizinho; o Prevenção de pericoronarite: in- fecção do tecido mole ao redor da coroa de um dente parcial- mente impactado; o Prevenção de reabsorção radicu- lar: o dente incluso pode causar pressão suficiente na raiz de um dente adjacente capaz de causar reabsorção radicular; o Dentes impactados sob prótese dentária: dentes impactados de- vem ser removidos antes que a prótese seja construída, pois o rebordo sofrerá alterações que podem causar desajuste na pró- tese; o Prevenção de cistos e tumores: o folículo dental pode passar por degeneração cística e se trans- formar em um cisto, assim como tumores podem surgir do epitélio contido dentro do folículo; o Prevenção de fratura de mandí- bula; o Prevenção da dor de origem des- conhecida; CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 o Facilitação do tratamento orto- dôntico: a presença de dentes in- clusos pode interferir no trata- mento; o Otimização da saúde periodontal. Classificação dos 3º mo- lares inclusos inferiores (determina o grau de dificuldade da ci- rurgia) ANGULAÇÃO (a referência é o longo eixo do segundo molar inferior) o Mesioangulado: 43%; o Horizontalizado: 3% (perpendicu- lar ao eixo do segundo molar); o Vertical: 38% (em termos de an- gulação é a mais simples, nor- malmente neste caso ele não es- tá impactado); o Distoangulado: 6% (é uma das piores angulações); o Linguoversão; o Vestibuloversão; o Transverso. OBS: pode haver associações – mesio- angulado e vestibulovertido, por exem- plo. Angulação, borda anterior do ramo, plano olcusal, morfologia radicular, tamanho do saco folicular, densidade do osso, contato com segundo molar, relação com o NAI, natureza do tecido de recobrimento. CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 Na radiografia, se você observar a coroa do dente com muitos detalhes provavelmente ele está por lingual (pois o filme está mais próximo da lingual). Se a imagem for mais borrada, com menos detalhes, ele provavelmente está por vestibular (filme mais longe da vestibu- lar, imagem mais distorcida). OBS: técnica de Donovan. RELAÇÃO COM O BORDO ANTERIOR DO RAMO MANDIBULAR (Pell e Gregory) (relaciona a coroa do terceiro molar com o bordo anterior do ramo, o quanto o dente impactado está coberto pelo osso do ramo da mandíbula) o Classe I: coroa totalmente fora do ramo; o Classe II: coroa parcialmente dentro do ramo; o Classe III: coroa completamente dentro do ramo. OBS: ele pode ser mesioangulado e classe I/II/III. RELAÇÃO COM O PLANO OCLUSAL (Pell e Gregory) (relaciona a coroa do terceiro em relação com o plano oclusal do segundo molar – profundidade) o Classe A: no mesmo nível do pla- no oclusal; o Classe B: na altura do terço mé- dio do segundo molar. Entre o plano oclusal e a linha cervical do segundo molar; o Classe C: abaixo da linha cervical do segundo molar. MORFOLOGIA E COMPRIMENTO RADI- CULAR A forma e o comprimento da raiz podem facilitar ou dificultar a cirurgia. CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 O momento ideal para se indicar a exodontia do terceiro molar é quando ele tem entre 1/3 e 2/3 de raiz formada, por volta dos 16/17 anos. Se o dente tem menos de 1/3 de raiz formada, a exodontia se torna mais difícil, pois o dente tende a rodar dentro do alvéolo. Se a raiz está completamente formada, maior é a chance de ter altera- ções em sua morfologia. Raízes fusionadas são mais sim- ples de remover que as amplamente separadas. A curvatura das raízes também tem um papel na dificuldade da extra- ção. As severamente curvadas ou dilace- radas são mais difíceis de remover que as raízes retas ou levemente curvas. ESPAÇO RELATIVO AO LIGAMENTO PE- RIODONTAL Quando não se consegue perce- ber o que é lâmina dura e espaço do li- gamento periodontal, significa que o espaço é muito pequeno, ou seja, tem-se pouco espaço para a luxação, dificultado a cirurgia. Então, quanto mais amplo o espaço do ligamento periodontal, melhor é para luxar. OBS: quando não se vê o espaço do LP, pode-se pensar em anquilose. Pacientes mais velhos normal- mente tem espaço do ligamento perio- dontal mais estreito. TAMANHO DO FOLÍCULO PERICORONAL (saco folicular) Todo dente incluso tem o folículo dentário e quando observamos um folí- culo medindo mais que 5mm, estima-se que ali tem um cisto dentígero. OBS: quanto maior for o espaço folicular, menos osteotomia é necessária. Pacientes jovens normalmente têm folículos maiores, o que é outro fa- tor que torna a extração menos comple- xa em jovens. DENSIDADE DO OSSO CIRCUNDANTE A densidade do osso tem um papel na determinação da dificuldade da extração. Pacientes com 18 anos ou mais CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 novos têm densidades ósseas favoráveis para a remoção dentária. O osso menos denso é mais ma- leável e se expande e dobra de tal forma que permite que o alvéolo se expanda com a ação da alavanca ou fórceps. Além disso, quanto menos denso for o osso, mais fácil será de cortar com uma broca. CONTATO COM O SEGUNDO MOLAR INFERIOR Quando o terceiro molar está muito próximo do segundo molar, a ci- rurgia fica mais difícil, pois não tem local para encaixar a alavanca/fórceps. Cuida- do para não luxar o segundo molar! OBS: isso é muito observado em dentes distoangulados. RELAÇÃO COM O NERVO ALVEOLAR INFERIOR E LINGUAL Lingual: é um nervo submucoso e nor- malmente está muito próximo da coroa do terceiro molar – cuidado com a inci- são e divulsão do retalho. NAI: se o dente estiver muito próximo do canal mandibular, recorre-se à uma to- mografia. Normalmente o nervoé lingua- lizado em relação ao terceiro molar. NATUREZA DO TECIDO DE RECOBRI- MENTO o Tecido mole; o Óssea parcial; o Óssea completa. OBS: relacionam-se todas essas variá- veis para determinar o grau de dificulda- de da cirurgia. Classificação dos 3º mo- lares inclusos superiores Angulação, plano oclusal, morfologia radicular, tamanho do saco folicular, densidade do osso, contato com se- gundo molar, natureza do tecido de recobrimento, relação com o seio maxi- lar, tuberosidade da maxila. CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 o Vertical: 63%; o Distoangulado: 25%; o Mesioangulado: 12% (no caso dos dentes superiores, os mesio- angulados dificultam mais a ci- rurgia, pois o acesso é mais difí- cil); o Outros (transversa, horizontal) menos de 1%. Normalmente em terceiros mola- res superiores as inclusões são mais simples, porém a visibilidade e acesso são muito ruins, o que torna a cirurgia um pouco mais difícil. RELAÇÃO COM O PLANO OCLUSAL (Pell e Gregory) É classificado da mesma forma que a classificação dos inferiores. o Classe A: no mesmo nível do pla- no oclusal; o Classe B: na altura do terço mé- dio do segundo molar. Entre o plano oclusal e a linha cervical do segundo molar; o Classe C: abaixo da linha cervical do segundo molar. RELAÇÃO COM O SEIO MAXILAR Observar a intimidade do dente com o seio maxilar para evitar a comuni- cação bucosinusal. As tomografias auxi- liam muito nesses casos. Técnica cirúrgica o Terceiros molares inferiores; o Terceiros molares superiores; o Caninos; o Supranumerários; o Outros. Terceiros molares inferi- ores 1. Acesso e retalho adequado; 2. Osteostomia; 3. Odontosecção; 4. Luxação e exodontia; 5. Curetagem; 6. Acertos de tecido mole e duro; 7. Toalete e irrigação; 8. Hemostasia e sutura. CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 1. ACESSO E RETALHO ADEQUADOS Para ganhar acesso à área e vi- sualizar o osso de recobrimento que de- ve ser removido, o cirurgião deve rebater um retalho mucoperiosteal adequado. O rebatimento deve ser de uma dimensão adequada para permitir a colocação e a estabilização dos retratores e instrumen- tos para a remoção de osso. Os princípios de retalho cirúrgico são: o As incisões verticais de alívio de- vem partir da margem gengival até o fundo de vestíbulo e devem ser divergentes (para o retalho ter aporte sanguíneo); o A base do retalho deve ser mais ampla que seu ápice; o A incisão de alívio não deve estar localizada no arco côncavo gen- gival. A incisão deve incluir a pa- pila na parte móvel do retalho; o Para facilitar a sutura deve-se soltar um pouco a parte fixa do retalho. TIPOS DE RETALHO 1. Retalho em envelope: Na maioria das situações, o reta- lho tipo envelope é o preferido, pois é mais rápido para suturar e cicatriza me- lhor. Esse tipo de retalho não inclui in- cisão vertical de alívio e é indicado para molares em classe A/B e I/II de Pell e Gregory. A incisão é feita na face vestibu- lar do primeiro e segundo molar. É intra- sulcular desde a mesial do primeiro mo- lar e, a partir da distal segundo molar, uma incisão linear deve ser feita, deslo- cada para a vestibular. A extensão dessa incisão deve ser de 15mm. OBS: é deslocada para evitar lesão do nervo lingual e para manter a incisão em cima de cortical óssea. CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 Depois de feita as incisões, o re- talho é deslocado com o auxílio de um afastador, tanto do lado vestibular, quan- to do lado lingual. Cuidado com o nervo lingual! As incisões relaxantes causam mais trauma ao tecido, podendo o paci- ente ter mais dor e edema no pós- operatório, então elas devem ser evita- das sempre que possível. OBS: o que causa dor e edema é a mani- pulação de tecido mole. Quanto mais delicada for essa manipulação, melhor será o pós-operatório do paciente. 2. Retalho com relaxante vestibular (em L): Todas as incisões são as mesmas do retalho em envelope, porém é feita também a incisão de alívio divergindo para o fundo de saco no sentido vestibu- lar. Como é feito um alívio, a incisão intrasulcular vai somente até a mesial do segundo molar (não precisa ir até a me- sial do primeiro molar). É indicada para molares em clas- se C e II/III de Pell e Gregory, dentes mais baixos e profundos. OBS: área de visibilidade ampliada. CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 2. OSTEOTOMIA Uma vez que o tecido mole tenha sido elevado e retraído para que o campo cirúrgico possa ser visualizado, o cirur- gião deve fazer um julgamento sobre a quantidade de osso a ser removido. OBS: o ligamento periodontal em dentes inclusos é praticamente inexistente. A saída do dente está relacionada com a remoção de todos os obstáculos mecâ- nicos que o prendem no alvéolo. A osteotomia deve ser feita até a liberação da coroa do dente. O maior diâmetro da coroa está no terço médio, então a osteotomia deve ultrapassar essa área de maior diâmetro, para elimi- nar a retenção convexa da coroa, senão o dente não consegue ser removido. Por oclusal e vestibular desgas- ta-se todo o osso, por distal é feita uma canaleta para liberar essa região de mai- or diâmetro. OBS: brocas tronco-cônicas em baixa ou alta velocidade (a baixa velocidade dimi- nui o aquecimento do tecido ósseo – número 8, 2 ou 702 de peça de mão). A irrigação deve ser contínua e constante. Broca zecrya ou 701 com ponta ativa longa. Osso não deve ser removido da face lingual da mandíbula porque há probabilidade de prejudicar o nervo lin- gual além de ser desnecessário. 3. ODONTOSECÇÃO A direção na qual o dente impac- tado deve ser dividido depende da angu- lação do dente impactado e da curvatura da raiz. o Vertical; o Mésio-angulada; o Horizontal; o Disto-angulada. OBS: brocas com hastes longas são mui- to utilizadas. CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 Durante a odontosecção deve-se ter muito cuidado para não romper a cortical lingual e lesar o nervo. Então, a broca é usada até quase separar o dente, mas, para realmente separar é utilizada a alavanca. A alavanca é encaixada no slot criado pela broca e por meio de aplica- ção de uma força o dente é separado. 4. LUXAÇÃO A luxação deve ser feita com ala- vanca. Deverá ser encontrado um ponto de apoio para que ela seja utilizada. Podem ser criadas canaletas no dente para criar um ponto de apoio para a alavanca. OBS: tomar cuidado para não luxar o dente vizinho! Uma diferença importante entre a remoção de um terceiro molar impac- tado e um dente em qualquer outro lugar na boca é que quase nenhuma luxação do dente ocorre com o propósito de ex- pansão da tábua óssea vestibular ou lingual. Em vez disso, osso é removido, e dentes são seccionados para preparar um caminho desimpedido para a remo- ção do dente. o Luxação vertical; o Luxação mésio-angulada; o Luxação horizontal. o Luxação disto-angulada; CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 o Luxação de raízes. 5. CURETAGEM O dente que está totalmente in- cluso tem o folículo dentário, ele deve ser curetado e completamente removido do alvéolo. OBS: esse folículo fica bastante aderido na distal do segundo molar. O alvéolo ser bem curetado para criar uma condição de aderência epitelial na distal do segundo molar. Depois, se- gue com os passos de irrigação, acertos de tecido mole ou duro, caso necessário, e sutura. Terceiros molares supe- riores Os retalhos para os terceiros mo- lares superiores podem ser do tipo enve- lope ou com relaxante vestibular. OBS: o acesso e visibilidade dos tercei- ros molares superiores são mais difíceis. O que facilita é que, normalmente, suas raízes são fusionadas e eleestá em posi- ção vertical. RETALHO EM ENVELOPE Começa a incisão na vestibular do primeiro molar, estendendo para o segundo molar e uma incisão em cima da crista do rebordo (em cima do tuber) em direção à parede posterior da tubere- soridade. A incisão em cima da crista do rebordo é feita mais palatinizada, para expor mais a oclusal do dente. RETALHO COM RELAXANTE VESTIBULAR Na maioria das vezes é feita a in- cisão de alívio, pois o retalho em envelo- pe para terceiros molares superiores normalmente levam à dilaceração do tecido. OBS: evitar fazer a incisão em cima do arco côncavo gengival. Deve-se tentar incluir a papila na parte móvel do reta- lho. CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 Nesse caso, é feita uma incisão intrasulcular a partir da mesial do 2º molar e uma incisão linear em cima da crista do rebordo. A relaxante é feita de maneira divergente. OSTEOTOMIA Para dentes maxilares, a remo- ção de osso é normalmente desnecessá- ria, mas quando é necessária, osso é removido principalmente na face vesti- bular do dente, até a linha cervical para expor a coroa clínica inteira. Normal- mente, a remoção óssea pode ser con- seguida com um descolador periosteal, em vez de uma broca. A tábua óssea na região é delicada. OBS: não é feita osteotomia na distal. ODONTOSECÇÃO Dentes maxilares impactados são raramente seccionados, porque o osso de recobrimento é geralmente fino e relativamente elástico. LUXAÇÃO E EXODONTIA A luxação é feita sempre com a alavanca reta ou alavanca de Pott, muito usada por conta da angulação da sua ponta ativa. Enquanto a pressão é aplicada para deslocar o dente posteriormente, o cirurgião deve ter o dedo na tuberosida- de da maxila para que a fratura não ocor- ra. Caninos inclusos ACESSOS CIRÚRGICOS O canino pode estar posicionado por vestibular ou palatina, em relação às raízes dos incisivos. Isso dita qual a loca- lização do acesso cirúrgico. CANINO VESTIBULARIZADO Há diversos tipos de acessos para esse tipo inclusão de canino, mas, sempre que puder evitar a incisão intra- sulcular é melhor, pois evita defeitos estéticos. o Retalho horizontal: incisão linear e divulsionamento do tecido, em casos de caninos mais altos; CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 o Retalho em trapézio: incisão in- trasulcular e duas incisões de alívio divergentes. CANINO PALATINIZADO o Retalho palatino: Se a inclusão for unilateral a in- cisão deve ir da mesial do primeiro molar até o primeiro pré-molar. Se for bilateral a incisão é deverá ser de molar a molar. Aproveitamento dos den- tes retidos MODALIDADES 1. Exposição cirúrgica direta; 2. Retalho total palatino (exposição indireta); 3. Reposição apical do retalho; 4. Osteotomia individual; 5. Dentes associados a lesões císti- cas; 6. Transplante dental. EXPOSIÇÃO CIRÚRGICA DIRETA (tracionamento cirúrgico ortodôntico) o Indicada em posicionamento pa- latino; o Pode ser procedimento em si, ou associar com colagem de brá- quete imediato ou em segundo tempo; o Remoção de tecido mole sobre o dente, para expor sua coroa. É mais comum de ser realizada em casos de caninos inclusos palatiniza- dos. OBS: em dentes vestibularizados isso não é feito, pois você irá remover parte de tecido mole e na região vestibular isso não é indicado. TÉCNICA 1. Anestesia; 2. Exérese do tecido mole: remove- se uma parte de tecido mole para expor a coroa do dente; CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 3. Osteotomia, caso necessário, se o dente estiver intraósseo; 4. Cimento cirúrgico: sutura, gotei- ra – hemostasia e conforto ao paciente; 5. Cicatrização por segunda inten- ção; 6. Colagem de bráquete na hora ou em segundo momento (depende do caso). OBS: normalmente é melhor fazer a co- lagem após a cicatrização, pois devido ao sangramento na região é difícil de colocar a resina. Se o dente estiver mui- to profundo, é recomendado fazer a co- lagem no momento da cirurgia, pois o tecido mole pode migrar durante a cica- trização e cobrir novamente o dente. COLAGEM TRANSOPERATÓRIA Indicado para: o Dentes muito profundos; o Dentes vestibulares profundos, quando não é possível a reposi- ção apical do retalho; o Permite direcionar vetor de traci- onamento para o palato, evitando erupção pela mucosa livre. Desvantagem: risco de descolar o brá- quete. TÉCNICAS DE COLAGEM o Laçada: não é mais usada; o Bráquete: preferível botão lingual côncavo; o Adesivo: resinas auto ou fotopo- limerizáveis / CIV modificados por resina. CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 RETALHO TOTAL PALATINO (exposição indireta) TÉCNICA 1. Exposição da área com retalho mucoperióstico amplo; 2. Osteotomia; 3. Exérese de tecido mole; 4. Cimento cirúrgico: sutura, gotei- ra; 5. Cicatrização por segunda inten- ção; 6. Colagem de bráquete na hora ou sem segundo momento. OBS: na exposição indireta uma tampa de tecido é retirada e o dente fica expos- to. Na exposição indireta, um retalho é rebatido, o bráquete é colado e o retalho é colocado de volta em seu lugar – o dente não fica exposto. REPOSIÇÃO APICAL DO RETALHO o Técnica ideal para dentes vesti- bularizados próximos da crista do rebordo; o Preserva gengiva inserida; o Cuidado para não divergir demais as incisões relaxantes; o Tracionar após 30 dias. São feitas duas incisões verticais de alívio pouco divergentes entre si e outra horizontal na crista do rebordo. O descolamento na região da co- roa do dente incluso é mucoperiósteo (retalho total) e a partir da região cervi- cal do dente o retalho é dividido (deixa o periósteo). CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 Se houver osso, será necessário fazer osteotomia. A sutura será feita acima da região cervical da coroa. À me- dida que o dente vai sendo tracionado vem junto osso e mucosa. OSTEOTOMIA INDIVIDUAL INDICAÇÃO o Dentes anquilosados que não responderam à luxação forçada; o Dentes superiores anteriores respondem melhor. TÉCNICA o Duas incisões verticais pouco di- vergentes; o Evitar deslocar periósteo da área a ser mobilizada; o Osteotomia vestibular com Zekrya ou serra; o Osteotomia palatina com osteó- tomo fino pela vestibular (não ir com a broca até o lado palatino, para evitar de cortar tecido mole daquele lado); o Deslocamento do bloco para o plano oclusal. OBS: remove o dente com o bloco ósseo e leva para a posição correta. TRANSPLANTES DENTAIS (transplante, reimplante e implante) Técnica cirúrgica muito utilizada com a tentativa de substituir dentes que foram perdidos. O índice de sucesso era relativamente alto, porém, hoje em dia, com os implantes mais acessíveis, essa técnica ficou um pouco em desuso. 1. Transplantes autólogos ou autó- geno: do próprio paciente; 2. Transplantes homógenos ou ho- mólogos: de outras pessoas da mesma espécie; CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 3. Transplante heterógeno ou hete- rólogo: dentes doados de espé- cies diferentes; É o processo de inserção de um dente natural, com vitalidade pulpar ou não, no alvéolo de um dente recém ex- traído ou criado para tal fim. Os transplantes mais frequentes são: o Terceiro molar retido para o alvé- olo do primeiro molar; o Canino retido para a posição cor- reta no arco dental; o Germe dental x dente erúido: o prognóstico do transplante do germe é melhor. VITALIDADE PULPAR APÓS O TRANS- PLANTE Dentes com ápice fechado: polpa dental desconectada do tecido ósseo ao final de 4 dias algum tipo de revasculari- zação da polpa deveria acontecer, porém a dificuldade é muito grande hialini- zação da polpa necrose pulpar em quatro semanas. Dentes com ápice aberto: polpa se re- vasculariza vitalidade pulpar após quatrosemanas. Ao final de quatro semanas tes- tes de vitalidade pulpar devem ser reali- zados em ambos os casos, para a deci- são de tratar o dente endodonticamente ou não. FATORES QUE INFLUENCIAM A CICATRI- ZAÇÃO PULPAR E PERIODONTAL APÓS TRANSPLANTES AUTÓGENOS 1. Preservação do folículo dentário durante o transplante: para ter um vedamento entre o dente e o tecido ósseo do alvéolo, para evi- tar penetração de resíduos ali- mentares e bactérias – sutura do folículo na margem gengival do alvéolo (difícil); 2. Ligamento periodontal radicular: deve ser preservado, pois elas irão ajudar no processo de repa- ração; 3. Parede alveolar: devem ser cria- das e preparadas de tal forma que o germe se encaixe sem compressão e também sem ficar CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 completamente solto. Devem ser preparadas sem trauma e sem aquecimento de brocas; 4. Estado pulpar: o ideal é que o ápice seja aberto (germe dental), pois a probabilidade da polpa se revascularizar é maior; 5. Meios e tempo de armazenagem; 6. Posicionamento: posicionar de forma correta, de modo que os contatos oclusais sejam suaves; 7. Contenção e estímulos funcio- nais: através de splintagem; 8. Antibióticos: para manter o am- biente livre de infecção. PLANEJAMENTO o Distorções radiográficas; o Diâmetros mésio-distais; o Desenvolvimento radicular: ápice aberto favorece a revasculariza- ção – o ideal é com 1/3 a 2/3 de raiz formada; o Complexidade da extração do enxerto. TRANSPLANTES AUTÓGENOS DE 3º MOLARES o Todo molar pode ser transplanta- do; o Maior frequência para o primeiro molar. INDICAÇÕES o Cárie extensa; o Lesões periapicais; o Fraturas radiculares; o Dentes retidos; o Agenesias. TÉCNICA o Exodontia e preparo da área re- ceptora: seccionamento ou rea- natomização do septo interradi- cular e remoção do tecido de granulação; o Retalho com alívio vestibular; o Osteotomia; o Exodontia com apoio coronário; o Eliminação da parte coronária do folículo dentário; o Preservação da papila dental e da porção radicular do folículo; CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 o Introdução do dente no alvéolo preparado; o Contenção: resina ou sutura. OBS: ao transplantar o dente, deixá-lo em infraoclusão, pois como a raiz ainda é incompleta, ela ainda continuará sua formação e ao longo do processo de re- paração ele irá entrar em oclusão. AVALIAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA o Ausência de mobilidade; o Ausência de infecção; o Ausência de dor espontânea; o Cor do germe transplantado: po- de significar degeneração da polpa; o Oclusão com antagonista; o Sensibilidade; o Gengiva marginal e papilas; o Período de evolução; o Desenvolvimento radicular; o Neoformação óssea; o Tamanho da câmara pulpar; o Alterações periodontais; o Alterações pulpares e periapi- cais. ACOMPANHAMENTO PÓS-OPERATÓRIO o Fixação por 3 a 4 semanas; o Cicatrização do LP em 3 a 6 me- ses: lâmina dura ao RX; o Cicatrização pulpar em 6 meses; o Reabsorção radicular: inflamató- ria (4 a 8 semanas) ou por substi- tuição – anquilose (6 meses a 1 ano). TRATAMENTO ENDODÔNTICO o Revascularização improvável; o Sinais de necrose pulpar: radio- lucidez periapical e reabsorção radicular inflamatória; o Técnica: » Pulpectomia e preenchi- mento com hidróxido de cálcio; » Repetir hidróxido de cál- cio após 4 semanas; » Controle radiográfico: 6 meses e 1 ano; » Obturar após 1 ano com guta percha. Alterações radiográficas CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 Anatomia aplicada à anestesia local RAMOS ALVEOLARES SUPERIORES POSTERIORES É um ramo do nervo maxilar. Na altura da fossa pterigopalatina, ele pene- tra na parede posterior da tuberosidade e passa a ser intraósseo. Ele é responsável pela sensibili- dade dos dentes superiores posteriores, osso adjacente, ligamento periodontal e gengiva que recobre esses dentes por vestibular. OBS: em alguns casos ele não inerva a raiz MV do primeiro molar superior. A agulha deve ser introduzida com o paciente com a boca semi-aberta, na região mais posterior do fundo do vestíbulo bucal. NERVO INFRAORBITAL RAMOS 1. Alveolar superior médio: respon- sável pela inervação da raiz MV do primeiro molar superior e dos dois pré-molares, osso adjacen- te, ligamento periodontal e gen- giva que recobre esses dentes; 2. Alveolar superior anterior: res- ponsável pela inervação de cani- nos e incisivos, osso adjacente, ligamento periodontal e gengiva que recobre esses dentes; 3. Terminais: labial superior, nasal lateral e palpebral inferior. O nervo infraorbital é anestesiado quando você precisa fazer alguma inter- venção maior na região anterior da maxi- la, utilizando uma agulha longa, no fundo de saco do vestíbulo, seguindo o longo eixo do segundo pré-molar. CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 OBS: não introduzir a agulha exatamente no ângulo do fundo de saco do vestíbulo, introduzir um pouco para a vestibular. Quando faz a anestesia do infra- orbital, há também a insensibilização da pálpebra inferior e asa do nariz. Normalmente, a técnica utilizada é a técnica terminal paraperióstica para insensibilizar os nervos NASM e NASA. NERVO PTERIGOPALATINO Existem dois ramos importantes desse nervo, o nervo nasopalatino e o nervo palatino maior. NERVO PALATINO MAIOR Emerge no palato duro, na região mais posterior, cerca de 10mm acima da margem gengival e entre 2º e 3º mola- res. É responsável pela inervação de te- cido duro e mole de todo o palato até o canino. É possível bloquear esse nervo em qualquer ponto dele, para evitar mai- ores desconfortos para o paciente, pois é um nervo submucoso. OBS: tomar cuidado para não abusar de vasoconstritor no palato, pois pode cau- sar necrose. Injetar anestésico até ob- servar isquemia. NERVO NASOPALATINO Ele emerge no palato na região do forame incisivo (papila incisiva) e é responsável pela inervação de tecido duro e mole da região do palato de cani- no a canino. Como é um nervo submucoso, também é possível anestesiá-lo em qualquer ponto. CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 OBS: é possível anestesiar em cima da papila incisiva, porém por ser uma região muito dolorosa, é mais indicado aneste- siar na região que você vai trabalhar, a não ser que seja uma intervenção maior. NERVO BUCAL É responsável pela inervação da gengiva vestibular na região de molares inferiores. Para a anestesia do nervo bucal toma-se como referência o fundo de saco do vestíbulo, distalmente ao dente que se quer trabalhar. A agulha deve ser colocada paralela ao corpo da mandíbu- la. É possível insensibilizá-lo em qualquer ponto, por ser um nervo sub- mucoso. NERVO ALVEOLAR INFERIOR É um nervo intraósseo que, na altura do forame mentual, dá os ramos mentual e incisivos. OBS: a agulha fica entre o nervo pteri- góideo medial e o ramo mandibular. A punção da agulha deve ser en- tre o dedo e a rafe pterigomandibular, na altura da metade da unha. Usa-se o se- gundo pré-molar superior do lado oposto como referência para angular a agulha, assim ela fica bem próxima do forame mandibular. Ao apoiar a agulha no pré- molar tem-se mais estabilidade para inserir a agulha. É responsável pela sensibilidade dos dentes inferiores até a linha média, osso alveolar adjacente, gengiva vestibu- lar de pré-molares a incisivos, ligamento periodontal, pele do mento e lábio inferi- or. CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 Ao anestesiar o NAI, o nervo mentual e o nervo incisivo também são anestesiados, pois são ramos dele. OBS: nervo mentual – inervação de teci- do mole. Nervo incisivo – inervação de tecido duro. NERVO LINGUAL Para anestesiar o nervo lingual, as regras são as mesmas doNAI, porém, como ele é mais anterior e lingualizado, deve-se inserir menos a agulha (10 mm) e injetar um terço do tubete. É possível anestesiar o nervo lin- gual usando a técnica submucosa. É responsável pela inervação da gengiva lingual e os dois terços anterio- res da língua e assoalho da boca. Radiologia aplicada à ci- rurgia As radiografias devem possibili- tar uma total visualização do dente não irrompido, as relações anatômicas que mantêm com as estruturas adjacentes e a existência de lesões patológicas vincu- ladas ao dente ou não. Imagem bidimensional x imagem tridi- mensional A radiografia não te dá noção de profundidade e tridimensionalidade – imagens sobrepostas. RADIOGRAFIAS CONVENCIONAIS o Periapical; o Oclusal; o Panorâmica. PERIAPICAL As periapicais são indicadas para: 1. Avaliação da localização e posi- ção do dente no arco; 2. Avaliação da relação com os den- tes e estruturas anatômicas cir- CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 cunjacentes (seio maxilar, canal mandibular e forame mentual); OCLUSAL As oclusais são indicadas para: 1. Complementação das radio- grafias periapicais; 2. Pesquisa e localização de corpos estranhos, raízes resi- duais e supranumerários. PANORÂMICA As panorâmicas são indicadas para: 1. Avaliação dos dentes e estrutu- ras adjacentes; 2. Complementação das radiografi- as periapicais; 3. Avaliação da localização e posi- ção no arco de dentes inclusos. TÉCNICAS RADIOGRÁFICAS ESPECIAIS TÉCNICA DE CLARK o Princípio físico de Paralaxe; o São feitas duas a três radiografi- as: ortorradial, mesiorradial e dis- torradial. O objeto que está mais próximo se desloca para o lado oposto do obser- vador. O objeto que está mais distante se desloca para o mesmo lado. OBS: se a imagem vai para o mesmo lado da radiografia, ela está por lingual (mais distante do feixe). Exemplo – foi feita uma radiografia mesiorradial e o dente foi para mesial (dente está por lingual). Deslocamento contrário: vestibular. Deslocamento igual: lingual/palatino. Se não desloca: transaoveolar. OBS: quanto menos o dente se desloca, seja para o sentido contrário ou para o mesmo sentido, mais transalveolar ele está. A técnica de Clark é indicada pa- ra: 1. Dissociação das raízes ou canais de um dente; 2. Localização vestíbulo-palatino (lingual) de dentes inclusos, su- pranumerários e copos estranhos nas maxilas; CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 TÉCNICA DE MILLER-WINTER (técnica da dupla incidência) Verificação vestíbulo-lingual de dentes inclusos, processos patológicos e copos estranhos localizados no interior do osso da mandíbula. OBS: é usada apenas para pré-molares e molares inferiores. o É feita uma radiografia periapical convencional da região e tam- bém uma radiografia oclusal com filme periapical, para localizar se o dente está por vestibular ou lingual. TÉCNICA DE DONOVAN É indicada para a região de ter- ceiros molares inferiores, para suprir a limitação da técnica de Miller-Winter. O filme é colocado sobre o ramo ascendente da mandíbula, abrangendo a área do trígono retromolar, para a visua- lização da área mais posterior da mandí- bula. TÉNICA DE PARMA É usado para melhorar a visuali- zação dos terceiros molares inferiores no sentido M-D deve-se inclinar o filme para a melhor visualização da raiz do 3º molar. TÉNCINA TÊMPORO-TUBEROSIDADE DE MATALDI Para melhor visualizar os tercei- ros molares superiores inclusos, quando houver dificuldade para posicionar o filme e o cilindro localizador na técnica periapical convencional. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA o Tempo de realização do exame: 20 a 40 segundos; o Tempo de exposição à radiação: 3 a 6 segundos; o Imagens de alta acurácia; o Radiação de 1/6 da liberada pela TC tradicional. CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 INDICAÇÕES CLÍNICAS o Fratura; o Localização de dentes inclusos; o Implante; o Anomalias crânio-faciais de de- senvolvimento; o Lesões patológicas; o ATM; o Odontologia legal. Cirurgias pré-protéticas Após a perda dos dentes ocorrem alterações ósseas na maxila e na mandí- bula. Devido ao osso alveolar não rece- ber o estímulo local na área do dente e do ligamento periodontal, ele começa a ser reabsorvido. Fatores sistêmicos gerais e fato- res locais são responsáveis pela variação na quantidade e no padrão de reabsorção óssea alveolar, sendo a mandíbula a mais afetada. O objetivo da cirurgia pré- protética é criar estruturas de suporte adequadas para a instalação subsequen- te de aparelhos protéticos. 1. Cirurgias de tecido mole; 2. Cirurgias de tecido ósseo; 3. Cirurgias reconstrutivas (enxer- tos ósseos, regeneração óssea guiada). ANORMALIDADES ÓSSEAS Irregularidades do osso alveolar encontradas no momento da extração dentária ou após um período de cicatri- zação inicial requerem recontorno antes da confecção da prótese final. 1. Alveoloplastia simples associada à exodontia de múltiplos dentes; 2. Redução de tuberosidade; 3. Tórus palatino; 4. Tórus mandibular. ALVEOLOPLASTIA SIMPLES A forma mais simples de alveolo- plastia consiste na compressão das pa- redes laterais do alvéolo dentário após extração dentária simples. Em muitos casos de extração de um único dente, a compressão digital do sítio de extração contorna adequadamente o osso subja- cente, fazendo com que não haja irregu- laridades grosseiras no contorno ósseo na área após a extração. Quando há mui- CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 tas irregularidades, um recontorno mais extenso geralmente é necessário. OBS: usam-se instrumentos manuais ou rotatórios para nivelar o tecido ósseo. A alveoloplastia pode ser feita no ato da extração ou num segundo tempo cirúrgico, após o processo de cicatriza- ção. As áreas ósseas que necessitam de recontorno devem ser expostas usan- do-se um retalho tipo envelope. TÉCNICA 1. Retalho mucoperiósteo tipo en- velope; 2. Incisão mucoperiosteal ao longo da crista do rebordo; 3. Se necessário, incisões verticais de alívio; 4. Exposição adequada da área de irregularidade óssea a ser aces- sada; 5. O recontorno pode ser realizado com uma pinça-goiva, uma lima para osso ou uma broca para os- so em uma peça de mão; 6. O retalho deve ser reaproximado com pressão digital, e o rebordo, palpado para assegurar que to- das as irregularidades tenham sido removidas; 7. Margens reaproximadas com su- tura contínua ou interrompidas. OBS: rebordo em lâmina de faca na mandíbula – anestesia; incisão na crista do rebordo, com extensão de 1 cm para cada lado além da área que necessita de recontorno ósseo; descolamento muco- periósteo mínimo; recontorno com lima para osso ou pinça goiva; irrigação; sutu- ra. ALVEOLOPLASTIA INTRASEPTAL Uma alternativa para a remoção de irregularidades do rebordo alveolar por meio da técnica de alveoloplastia CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 simples é o uso de uma alveoloplastia intrasseptal, ou técnica de Dean, que envolve a remoção de osso intrasseptal e o reposicionamento do osso cortical ves- tibular, em vez da remoção de áreas ex- cessivas ou irregulares da cortical vesti- bular. TÉCNICA 1. Exodontia de todos os dentes; 2. Utilizando instrumento rotatório (broca 703, 704, maxicut cirúrgi- ca): remover todos os septos in- terdentais; 3. Fazer pressão digital suficiente para fraturar a tábua cortical ves- tibular do rebordo alveolar, a fim de aproximá-la da tábua palatina – fratura “em galho verde” – manobra de Chompret (compri- me a cortical); 4. Sutura; Vantagens – não há redução significativa da altura do rebordo; inserção do periós- teo mantida (reduz reabsorção); inserção muscular não é mexida. Desvantagem – diminuição da espessura do rebordo. Se a espessurado rebordo ficar muito fina, compromete a instala- ção de implantes. Usar essa técnica apenas em áreas onde não haverá colo- cação de implante. OBS: não é possível fazer essa técnica na mandíbula, pois a cortical é muito densa. Normalmente trabalha-se com desgaste do osso e não a reposição. CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 RECONTORNO DA TUBEROSIDADE MA- XILAR Pode ser necessário o recontorno da área da tuberosidade maxilar para remover irregularidades ósseas do re- bordo ou criar um espaço interarcos adequado que permita a confecção apropriada de aparelhos protéticos nas áreas posteriores. TÉCNICA 1. Incisão no rebordo estendendo para a porção superior da tube- rosidade; 2. Retalho mucoperiósteo; 3. Pinça goiva ou instrumentos ro- tatórios para redesenhar o re- bordo; 4. Remover excesso de tecido mo- le – readaptação do retalho; 5. Sutura. OBS: aguardar 4 semanas para realizar moldagem para prótese. INTERCORRÊNCIAS o Se houver perfuração do seio maxilar sem perfuração da mem- brana sinusal: não requer trata- mento; o Perfuração da membrana sinusal: amoxicilina e descongestionante nasal (pseudoefedrina) por 7 a 10 dias. Evitar assoar o nariz e suc- ção por canudo entre 10 e 14 di- as. TÓRUS PALATINO É uma exostose de caráter idio- pático. É um osso muito duro e denso, na qual a broca tem dificuldade de cortar. O tórus frequentemente interfere no dese- nho adequado e no funcionamento da prótese. CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 TÉCNICA 1. Incisão linear na linha palatina mediana em toda a extensão da lesão; 2. Duas incisões perpendiculares, uma no fim e uma no início do tó- rus; 3. Divulsão do tecido que recobre o tórus; 4. Broca tronco-cônica em baixa ve- locidade (701, 702): faz um corte no centro, seguindo onde foi a incisão linear e vários cortes transversais; 5. Com um cinzel retira-se os blo- quinhos de osso; 6. Com uma maxicut alisa-se a su- perfície. TÓRUS MANDIBULAR Os tórus mandibulares são pro- tuberâncias ósseas na face lingual da mandíbula que geralmente ocorrem na área de pré-molares. É necessária a re- moção para a adaptação de uma prótese. É removido através de uma inci- são intrasulcular ao redor da área da exostose, rebatimento do retalho para expor a área e regularizado com broca. TÉCNICA 1. Anestesia do NAI e NL bilateral- mente; 2. Incisão na crista do rebordo es- tendendo de 1 a 1,5 cm de cada lado além da extremidade de tó- rus; CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 3. Se a remoção for feita simulta- neamente – deixar uma faixa de tecido ceratinizado entre as inci- sões – evita hematoma e man- tém o fundo de saco em posição; 4. Cuidado ao divulsionar o retalho, pois a mucosa é extremamente fina; 5. Remoção com broca e alisamen- to; 6. Readaptação do tecido; 7. Sutura. ANORMALIDADES DE TECIDO MOLE As anormalidades do tecido mole nas áreas de suporte de próteses e nas áreas adjacentes incluem tecido exces- sivamente fibroso ou hipermóvel, lesões inflamatórias, como a hiperplasia fibrosa inflamatória do vestíbulo e a hiperplasia papilar inflamatória do palato, e as in- serções anormais de músculos e freios. Imediatamente após a remoção dos dentes, as inserções de músculos e freios inicialmente não representam um problema, mas podem eventualmente interferir na confecção adequada da pró- tese quando ocorre a reabsorção óssea. FRENECTOMIA LABIAL A confecção de prótese pode ser complicada quando é necessário aco- modar uma inserção de freio. A movi- mentação do tecido mole adjacente ao freio pode criar desconforto e ulceração e interferir no selamento periférico e no deslocamento da prótese. OBS: evitar infiltração anestésica exces- siva diretamente na área do freio, pois isso pode camuflar a anatomia. TÉCNICA DE DUPLA PINÇAGEM 1. Uma pinça na parte que está co- nectada ao lábio e a outra na par- te que está conectada ao rebor- do; 2. Remover o tecido que está pin- çado conectado ao lábio, corren- do o bisturi pela pinça; 3. Na parte que está conectada ao rebordo, incisar dos dois lados da pinça (incisões em formato de V); 4. Sutura linear para fechar os bor- dos da ferida. CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 OBS: é importante curetar bem a parte óssea para remover todas as inserções do freio. FRENECTOMIA LINGUAL Após a perda dos dentes, esse freio interfere na estabilidade da prótese, pois, toda vez que se move a língua, a inserção do freio é tensionada, e a próte- se, deslocada. A técnica para a frenectomia lin- gual é muito parecida com a técnica da frenectomia labial. Usa-se uma pinça para apreender o freio e o bisturi corre pela pinça. A sutura é feita para fechar os bordos da ferida. HIPERPLASIAS o Hiperplasia por câmara de suc- ção; o Hiperplasia fibrosa inflamatória por trauma de próteses mal adaptadas. A hiperplasia por câmara de suc- ção pode ser retirada de modo não cirúr- gico preenchendo a câmara com re- sina acrílica a pressão faz com que o tecido se aplaine. Também pode ser removida atra- vés de raspagem com instrumentos rota- tórios, de forma cruenta ponta trim- mer. As hiperplasias inflamatórias podem ter base séssil ou pediculada. O desenho da incisão e o tipo de sutura vão depender do tipo da lesão. A hiperplasia pode estar localiza- da em fundo de vestíbulo bucal, assoa- lho bucal, mucosa do palato e sobre a crista óssea alveolar depende do lugar do trauma. REDUÇÃO DA TUBEROSIDADE (TECIDO MOLE) Proporcionar o espaço interarcos ade- quado para a confecção de uma prótese apropriada na região posterior e uma base firme de mucosa de espessura con- sistente sobre o rebordo alveolar, que será a área de suporte da prótese. TÉCNICA 1. Incisão em cima da crista do re- bordo alveolar (linear ou em cu- nha); CIRURGIA II – PUC MINAS 2019 MICHELE CARVALHO 99654-2337 2. Com um bisturi, retiram-se fatias internas de tecido conjuntivo; 3. Incisão de alívio vertical; 4. Descolamento do retalho; 5. Reposicionamento apical do re- talho, para manter uma faixa de tecido ceratinizado. TECIDO HIPERMÓVEL SEM SUPORTE Tecido com hipermobilidade ex- cessiva sem inflamação sobre o rebordo alveolar geralmente é resultado de reab- sorção do osso subjacente, próteses mal-adaptadas ou de ambas. A técnica é a mesma da redução de tecido mole da tuberosidade.